Dermatoses Bolhosas
Dermatoses Bolhosas
Dermatoses Bolhosas
Membrana basal:
Local: separar a epiderme da derme
Funções:
1. Substrato para a ligação das células => liga derme com epiderme
2. Modelo para reparo do tecido => onde ocorre a atividade mitótica
3. Substrato para ativar a diferenciação, morfogênese e a apoptose das camadas epiteliais
4. Barreira permeável para as células e macromoléculas
Como a membrana basal gruda a derme na epiderme:
Queratinócitos basais (da última camada da epiderme) estão ligados a
derme pelos hemidemossomos ligados a lâmina lucida e a lamina densa
através dos filamentos de ancoragem
Abaixo da lâmina densa as proteínas fibrilares estão ancoradas pelas
fibrilas de ancoragem
Dependendo do tipo de doença tem ataque em alguma dessas estruturas =>
estruturas diferentes, clinica diferentes e exames diferentes
Imunofluorescência
Imunofluorescência direta:
Ac marcado com fluoróforo -> revela o Ag específico presente na amostra
Ou seja, o antígeno é detectado diretamente pelo anticorpo primário
Imunofluorescência indireta:
Ocorre em 2 etapas:
1ª etapa: junta-se o Ac específico não marcado ao Ag da amostra, se presente
2ª etapa: junta-se outro Ac agora marcado (anti-IgG humana) ao complexo da etapa 1
Ag-Ac visível à microscopia com UVB
Detectando indiretamente que o paciente tem aquele Ag acometido, ajudando a
identificar em qual parte da membrana está
Mais para algumas doenças, pois é mais complexa, não feita em todas
Pênfigos
a) PÊNFIGO FOLIÁCEO
Auto-imune
Alvo: Desmogleína 1 - glicoproteínas transmembrana dos desmossomos
Anticorpos circulantes: IgG
4-5ª décadas de vida
2 formas:
Não endêmica (Pênfigo de Cazenave) – mais em países desenvolvidos
Endêmico (Fogo selvagem) – a mais prevalente no BR:
Zona rural
Conotação genética
Agente ambiental – mosquitos simulídeos? Possíveis desencadeadores da resposta
imune nas pessoas predispostas
Desmogleinas:
Pele = predomina o tipo 1
Mucosa = predomina o tipo 3
É uma doença exclusivamente cutânea, pois na mucosa ela esta em pouca quantidade
Ac antidesmogleína 1 contra ela = acantólise = lesão cutânea = bolhas superficiais!!!!!!!
Manifestações clinicas:
Bolhas superficiais (flácidas) fácil ruptura áreas erosadas
Ausência de acometimento mucoso
Localização:
Face, pescoço, tronco superior (forma localizada)*
Generalizada – eritrodermia
Ardor ou queimação
Sensibilidade aumentada ao frio
Piora com exposição solar
Alguns pacientes:
Lesões pigmentares de aspecto verrucoso
Distrofias ungueais e queratodermias (aumento da espessura) palmo-plantares
*cuidado: as vezes o paciente pode apresentar apenas as áreas erosadas, já que as
bolhas se rompem facilmente – dificilmente se vê bolhas íntegras
Diagnóstico:
Histopatologia - bolha recente e íntegra
Citologia - células acantolíticas (desprendida)
Imunofluorescência direta e indireta
Anticorpos antiepiteliais IgG nos espaços intercelulares
Biópsia normal - sem células = bolha: células se deprendendo, pois perderam a adesão
Tratamento:
Doença localizada: corticosteroides potentes tópicos (clobetasol, betametasona ou
alobetasol)
Doença extensa: similar ao pênfigo vulgar = corticoide sistêmico e imunossupressores. Se
muitos neutrófilos – dapsona
b) PÊNFIGO VULGAR
Auto-imune
Alvo: Desmogleína 3* e Desmogleína 1 (em menos quantidade e nem todos)
Idade adulta e raro na criança (M>H antes dos 20 anos). Na idade adulta: H=M
2 variedades
Comum – com bolhas
Vegetante – lesões vegetantes (exofíticas = crescem para for a da pele) localizadas
2 formas de apresentação:
Pele e mucosa = atacando 1 e 3
Só mucosa = atacando mais desmogleina tipo 3 = sem lesão na pele, pois a 1 compensa
Manifestacoes clinicas:
Início com lesões em mucosa oral – pode causar disfagia
Erosões muito dolorosas
Lesões vésico-bolhosas superficiais de conteúdo turvo/límpido/hemorrágico rotura
áreas exulceradas
Como a 3 é mais profunda que a 1 = pode pegar casos com bolhas integras
Pode acometer outras mucosas (genital, ocular)
Nikolsky + (fricciona pele normal = rompe)
Comprometimento do estado geral
Vulgar = mucosa e pode ter na pele
Mais profundas, carne viva, com fotossensibilidade (áreas descobertas tem mais lesão que
as cobertas), bolhas ao tocar rompem, pode ter aspecto verrucoso (epiderme tenta se
proliferar)
Diagnóstico:
Histopatologia
Citologia - células acantolíticas
Imunofluorescência direta e indireta
IgG e C3 nos espaços intercelulares da epiderme (aspecto “em malha”)
A = brilhando mais na parte de baixo => afeta mais a desmogleina 3 = pênfigo vulgar só
mucosa
B = brilhando tudo, superficial e mais baixo => afeta desmogleina 1 e 3 = pênfigo vulgar
pele + mucosa / mucosocutâneo
C = brilhando mais na parte superficial => afeta mais a desmogleina 1 = pênfigo foliáceo
Tratamento:
Os corticosteroides sistêmicos são a base. Porém tem muitos EC, não podendo usar muito
tempo ou em todos. É quem barra a doença no inicio
Agentes imunossupressores são utilizados para reduzir os EC dos corticosteroides -
Azatioprina, micofenolato, MTX - metrotrexato, ciclosporina...
Altas doses de imunoglobulina intravenosa (IgIV) e rituximabe (hospital dia: fica para
tomar ele e depois alta) representam novas opç ões de tratamento promissoras
Penfigóide bolhoso
Manifestações clinicas:
Bolhas grandes, fundo claro ou hemorrágico, tensas, não grupadas
Localização: áreas flexurais e abdômen
Não deixam cicatrizes (acima da derme)
Comprometimento mucoso (30%) – oral
Remissões e exacerbações;
Prurido intenso – às vezes precedendo as bolhas (bem difícil de tratar)
Associações: doenças neuropsiquiátricas** (Parkinson, demência, transtornos bipolares,
AVC, esclerose múltipla), malignidades, doenças autoimunes, fármacos (furosemida,
captopril, ATB...)
Tem toda a epiderme sobre a bolha = bolha subepidérmica = grandes e tensas
B = lesão pré-bolhosa com muito prurido que não melhora com nada e depois de um
tempo surgem bolhas
Diagnóstico:
Histopatológico: clivagem subepidérmica
Imunofluorescência direta: da pele perilesional
Depósito linear ao longo da zona da membrana basal de C3 (100%) e IgG (90%)
IF indireta (IgG circulante - soro)
Técnica de Salt Split (localiza depósito Ac-Ag):
Amostra de pele normal, usa o Nacl em alta concentração que faz a separação
dermoepidérmica (simulando uma lesão). Dai pega o soro do paciente e coloca nessa
pele onde criou a lesão e faz a 1ª etapa da IF indireta, só ligando Ac. Faz a 2a etapa, e
daí consegue ve onde está o complex Ag-Ac.
Se não marcar = não tinha os Ac
Tratamento:
Corticosteroides sistêmicos: mais utilizado no início da doença para diminuir a inflamação
Prednisona na dose de 0,5 a 1 mg/kg/dia geralmente controla em 1 a 2 semanas
Esta dose é então diminuída de forma progressiva durante um período de 6 a 9 meses,
ou ocasionalmente por mais tempo = para enganar o sistema imune e não ter recidiva
Se recidivar ou não puder usar muito tempo de corticoide = imunossupressor
Imunossupressores: azatioprina, micofenolato mofetil, doxiciclina, metotrexato,
rituximabe...
Corticoide tópico de alta potência se doença localizada. Mas em geral não é visto
Associado ao corticoide prevenir: dar = Ca, vit D, anti-parasitários
Manifestações clinicas:
Apresentação clássica: doença mecanobolhosa não inflamatória
Bolhas cutâneas e subsequentes erosões, que aparecem em pele não inflamada
Localizadas em superfícies propensas a trauma, especialmente cotovelos, joelhos e o
aspecto dorsal das mãos, pés e pododáctilos. Por isso não são tão inflamadas
Cicatrização atrófica (+ profunda, na derme já), cistos de milia e hiper ou hipopigmentação.
Variante inflamatória similar ao PB = inflamadas, bolhas tensas, ... = não consegue
diferenciar pela clinica
Diagnóstico:
Biópsia: bolha subepidérmica com infiltrado inflamatório mínimo ou rico em neutrófilos
Na mecanobolhosa = quase nada de neutrófilo pois tem pouca inflamação
A variante = bastante neutroflio, pois é parecido com o PB
Microscopia eletrônica: clivagem dermoepidérmica ocorre na zona sublâmina densa;
IFD: depósitos de IgG distribuídos em um padrão contínuo, bem amplo e linear ao longo da
ZMB epitelial. Se for mais a variante = não consegue ver se é na lamina densa ou na derme,
precisa do salt split skin
Salt split skin: imunodepósitos estão em geral localizados no lado dérmico da clivagem.
A = PB – mais acima no teto da bolha
B = no assoalho da bolha os depósitos = EBA – epidermólise bolhosa adquirida
Tratamento:
Difícil e normalmente insatisfatório;
Corticoides em altas doses ou imunossupressores
Responde pouco corticoide ou imunossupressores: altas doses ou opções fortes
Metotrexato, azatioprina, ciclofosfamida ou ciclosporina
Colchicina, dapsona = se muito neutrófilos, pois são drogas antineutrofílicas
Diagnóstico:
Histologia
IF direta
Depósitos de IgA granular, concentrada nas papilas dérmicas ao longo da zona da MB
IF indireta – mas nao precisa, pois na direta já consegue ver os depósitos granulares
Tratamento:
Dapsona – não tem beneficio na doenca intestinal
Dieta livre de gluten
Manifestações clinicas:
Apresentação similar à dermatite herpetiforme/penfigóide bolhoso/ambas;
Dermatose bolhosa crônica da infância
Vésico-bolhas tensas, com fluido claro/hemorrágico, frequentemente agrupadas ou
formado circular (colar de contas)
Predominância nas áreas flexoras, tronco inferior, coxas e virilha;
Aparecimento abrupto
Prurido ausente a intenso
Pode ocorrer remissão após 3-5 anos ou persistir até puberdade.
Diagnóstico:
Biópsia: bolhas subepidérmicas nas quais os neutrófilos estão presentes na derme
IFD: Depósitos de IgA linear ao longo da MB em amostras de biopsia de pele perilesional
Diferença do PB = é IgA e o depósito é linear, mas na mesma região
Tratamento:
O curso natural é caracterizado pela persistência de vários anos com eventual remissão
A maioria responde ao tratamento com dapsona oral: 48-72h
Ocasionalmente, pode ser necessária adição de prednisona oral