A Obsessão Instalação e Cura

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01 - OBSESSÃO: CONCEITOS

1 - “Impertinência, perseguição, preocupação com determinada idéia, que domina doentiamente o


espírito, e resultante ou não de sentimentos recalcados; idéia fixa; mania”.

(dicionário Aurélio)

2 - ”Domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão
pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar”.

(O Livro dos Médiuns - cap.23/ 237)

3 - ”É a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres
muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a
perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.”

(O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap.28/item 81)

4 - “(...) a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar obsidiada ou


subjugada, ao ponto de a sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada”.

(O Livro dos Espíritos - Questão 474)

5 - “Domínio que os maus Espíritos assumem sobre certas pessoas, com o objetivo de escravizá-
las e submeter à vontade deles, pelo prazer que experimentam em fazer o, mal. Quando um
Espírito, bom ou mau, quer atuar sobre um indivíduo, envolve-o por assim dizer, no seu perispírito,
como se fora um manto”.

(Obras Póstumas — cap.7 item 56)

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02 - A OBSESSÃO NAS OBRAS DE ALLAN KARDEC

As experiências práticas de Allan Kardec com o que, mais tarde, ele caracterizaria como
obsessão certamente ocorreu desde os contatos preliminares com os Espíritos. Examinando-se
sua agenda íntima, contendo dados cronológicos significativos para a compreensão da fase pré-
natal do Espiritismo, depreende-se que o futuro Codificador e sua equipe de médiuns e
colaboradores seriam alvos de mentes atormentadas, administradoras do mal e que se
arregimentariam para criar obstáculos, embora inutilmente, ao surgimento da novel Doutrina.

Desde a fase que Kardec chamou de sua iniciação ele começou os seus estudos sérios do
Espiritismo, nas reuniões na casa da Sra. Roger e do Sr. Baudin, presenciando o fenômeno das
mesas que giravam, saltavam e corriam, assistindo, ainda, ensaios de escrita mediúnica.
Enquanto muitos viam naquelas aparentes utilidades, um passatempo, ele via "qualquer coisa de
sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar afundo"
(Obras Póstumas).

E destaca o Codificador:
"Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi,
naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro
da humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida. Era, em suma, toda uma
revolução nas idéias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspecção e
não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir.

Um dos primeiros resultados que colhi das minhas observações foi que os Espíritos, nada
mais sendo do que as almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria, nem a ciência
integral (...). Reconhecida desde o princípio, esta verdade me preservou do grave escolho de crer
na infalibilidade dos Espíritos e me impediu de formular teorias prematuras, tendo por base o que
fora dito por um ou alguns deles.
(Obras Póstumas)

Que significa este depoimento senão toda uma visão profilática profunda contra as
obsessões, sobretudo na sua modalidade de fascinação? E a atitude preventiva de Kardec, que
mais tarde ele consolidaria ensinando, no Livro dos Médiuns, as técnicas desobsessiva, se
patenteia nesta sua afirmação: Conduzi-me, pois, com os Espíritos, como houvera feito com os
homens. Para mini, eles foram do menor ao maior, meios de me informar e não reveladores
predestinados.
(Obras Póstumas)

Antes mesmo de lançar o Livro dos Espíritos, Kardec terá oportunidade de receber
informações sobre a influência obsessora dos Espíritos. Em 12 de maio de 1856, por exemplo,
numa sessão pessoal na casa do Sr. Baudin, num dos colóquios que mantém com as Entidades
orientadoras, ele fala ao Espírito da Verdade sobre um homem, identificado no diálogo como M...
Kardec destaca que M... Disporia de um médium através do quais espíritos teriam feito
revelações, inclusive sobre acontecimentos futuros. O Espírito da Verdade confirma o fato, porém
destaca que teriam sido espíritos levianos que haviam transmitido às informações e que não
sabiam mais do que M... e lhe exploravam a exaltação.

Em 10 de junho do mesmo ano, em casa do Sr. Roustan, desta vez mantendo contato
mediúnico com o Espírito de Hahnemann, que evoca, Kardec indaga se poderia utilizar a ajuda de
um médium identificado como B..., a fim de acelerar o acabamento de O Livro dos Espíritos. A
proposta, contudo, é rejeitada, porquanto B... era um médium escrevente muito maleável, mas
assistido por um Espírito muito orgulhoso e arrogante e que lisonjeava o amor-próprio do médium,
que julgava ter na sua faculdade um meio de enriquecer.
(Obras Póstumas)

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São as experiências primordiais de Kardec, no campo sutil das influências dos Espíritos, e
que ele, magistralmente e inspirado pelos Codificadores Desencarnados, desenvolveria nas obras
básicas, como veremos, a seguir.

02.01-A OBSESSÃO EM "O LIVRO DOS ESPÍRITOS"

Ao abordar, no capítulo IX da primeira parte a questão da Intervenção dos Espíritos no


Mundo Corporal, Kardec indaga aos Coordenadores da Codificação, a partir da questão 459,
sobre a Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos.

Todo o capítulo, onde são explorados nada menos que doze sub-temas, envolvendo o
núcleo básico dos estudos, iniciando-se com Faculdade, que têm os Espíritos, de penetrar os
nossos pensamentos, a partir da pergunta 456, até Bênçãos e maldições, na questão 557,
representam 102 indagações profundas acerca da intervenção dos Espíritos desencarnados no
mundo dos seres encarnados.

Podem ser destacadas outras abordagens importantes que Kardec realiza nesse capítulo
de O Livro dos Espíritos, as quais mantêm estreitas conexões com o tema Obsessão:

a) Possessos e Convulsionários;
b) Afeição que os Espíritos votam a certas pessoas;
c) Anjos guardiães ou anjos de guarda. Espíritos protetores, familiares ou simpáticos;
d) Influências dos Espíritos nos acontecimentos da vida;
e) Pactos, poder oculto, talismãs, feiticeiros.

Certamente, todo esse material informativo, esclarecedor e preventivo, obtido dos Espíritos
Superiores, contido no livro que contém a fundamentação filosófica da Doutrina Espírita, lançado
em Paris em 18.04.1857, se constituiriam na massa crítica que possibilitaria ao Codificador
configurar os comentários futuros que desenvolveria e que seriam exarados, em 1861, no Livro
dos Médiuns, no capítulo XXXIII, específico que trata da Obsessão, e, em 1864, no capítulo XXVIII
de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 81, ao tratar da prece pelos obsedados, tendo
tratado do assunto, também, na Revista Espírita. Deve ser destacado o parágrafo VII da primeira
parte do livro Obras Póstumas considerado por Herculano Pires "o testamento doutrinário" de
Allan Kardec, quando o mestre reforça os seus estudos sobre a obsessão e a possessão.

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02.02-A OBSESSÃO EM "O LIVRO DOS MÉDIUNS"

Podemos dizer de uma forma globalizada, que O Livro dos Médiuns trata, genericamente,
da "influência oculta dos Espíritos" oferecendo os meios para que médiuns e doutrinadores
laborem, com eficiência e eficácia, nessa área do "Espiritismo Experimental".

Entretanto, tal como começou O Livro dos Espíritos, de forma interrogativa, ao indagar aos
Espíritos Codificadores: Que é Deus? E no Livro dos Médiuns, igualmente, Kardec inicia
indagando: - Há Espíritos? E nos conduz, dialeticamente, a profundas argumentações sobre a
questão, destacando, no capítulo I dessa famosa obra, que o Espírito pode comunicar-se com o
homem, pode com ele trocar idéias, pode influenciar, portanto, a vida dos chamados "vivos".

No conhecido capítulo 23 ele expressa o grau mais intenso e comprometedor dessas


relações inter-existenciais, entre os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo: a obsessão.

Nesse capítulo, composto de pouco mais de 17 páginas, o Codificador define, classifica e


demonstra os meios de combater a obsessão, e tem sido o núcleo de referência sobre tudo o que
se escreveu acerca da temática depois de janeiro de 1861, quando Kardec lançou O Livro dos
Médiuns, em Paris.

As conexões entre a chamada "Coleção André Luiz", as "obras de Manoel Philomeno de


Miranda", nas abordagens acerca da obsessão, e esse capítulo 23 do Livro dos Médiuns são
evidentes em várias passagens. Os Espíritos escritores foram buscar na substância doutrinária do
Mestre de Lyon o suporte para redigirem centenas de páginas sobre o maior flagelo que tem
atingido a humanidade, influenciando a sua história, o seu passado, o seu presente e,
infelizmente, o seu futuro.

São obras como as de Manoel Philomeno de Miranda que poderão contribuir poderosa e
eficazmente para mudar os cenários pessimistas desse amanhã, porque elas representam os
meios eficientes de combater esse terrível mal, que é a obsessão.

02.03-A OBSESSÃO EM "O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO"

Encontraremos comentários elucidativos de Allan Kardec, sobre a obsessão e suas


variáveis, assim como orientações sobre as técnicas desobsessivas eficientes, nas seguintes
passagens de O Evangelho Segundo o Espiritismo:

Capítulo X - item 6 - Reconciliar-se com os adversários

"(...) O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e,
assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais
caras afeições. Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que
apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão. O obsidiados e o possesso
são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior,
e à qual o que a sofre deu lugar pelo seu proceder. Deus o permite, para puni-los do mal que a
seu turno praticaram, ou, se tal não ocorreu, por haverem faltado com a indulgência e a caridade,
não perdoando. Importa, conseguintemente, do ponto de vista da tranqüilidade futura, que cada
um repare quanto antes, os agravos que haja causado ao seu próximo, perdoem aos seus
inimigos, antes que a morte lhe chegue, esteja apagado qualquer motivo de dissensão, toda
causa fundada de ulterior animosidade."

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Capítulo XII - item 6 - Os inimigos desencarnados

"Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os


desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e
subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as
quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso, as deve receber com
resignação e como consequência da natureza inferior do globo terrestre."

Capítulo XXVIII - item 9 - Prece para os médiuns

Prova a experiência que, da parte dos que não aproveitam os conselhos que recebem dos
bons Espíritos, as comunicações, depois de terem revelado certo brilho durante algum tempo,
degeneram pouco a pouco e acabam caindo no erro, na verborragia, ou no ridículo, sinal
incontestável do afastamento dos bons Espíritos.

Conseguir a assistência destes, afastar os Espíritos levianos e mentirosos, tal deve ser a
meta para onde convirjam os esforços constantes de todos os médiuns sérios. Sem isso, a
mediunidade se torna uma faculdade estéril, capaz mesmo de redundar em prejuízo daquele que
a possua, pois pode degenerar em perigosa obsessão.

Capítulo XXVIII - item 81 - Prece pelos obsidiados

"A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo.
Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais
exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Oblitera todas as
faculdades mediúnicas; traduz-se, na mediunidade escrevente, pela obstinação de um Espírito em
se manifestar, com exclusão de todos os outros.

Os Espíritos maus pululam em torno da Terra, em virtude da inferioridade moral de seus


habitantes. A ação malfazeja que eles desenvolvem faz parte dos flagelos com que a Humanidade
se vê a braços neste mundo. A obsessão como as enfermidades e todas as tribulações da vida,
deve ser considerada prova ou expiação e como tal aceita.

Do mesmo modo que as doenças resultam das imperfeições físicas, que tornam o corpo
acessível às influências perniciosa exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma
imperfeição moral, que dá acesso a um Espírito mau. As causas físicas se opõem forças físicas; a
uma causa moral, tem-se de opor uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se
o corpo; para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o
obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do
obsessor, sem recorrer a terceiros. O auxílio destes se faz indispensável, quando a obsessão
degenera em subjugação e em possessão, porque aí não raro o paciente perde a vontade e o
livre-arbítrio.

Quase sempre, a obsessão exprime a vingança que um Espírito tira e que com frequência
se radica nas relações que o obsidiado manteve com ele em precedente existência.

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de
um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que
importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro fluido mau.
Mediante ação idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, cumpre se elimine o
fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo.
Esta a ação mecânica, mas que não basta; necessário, sobretudo, é que se atue sobre o ser
inteligente, ao qual importa se possa falar com autoridade, que só existe onde há superioridade
moral. Quanto maior for esta. tanto maior será igualmente a autoridade.

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E não é tudo: para garantir-se a libertação, cumpre induzir o Espírito perverso a renunciar
aos seus maus desígnios; fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por
meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particulares, objetivando a sua
educação moral. Pode-se então lograr a dupla satisfação de libertar um encarnado e de converter
um Espírito imperfeito.

A tarefa se apresenta mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação,


presta o concurso da sua vontade e da sua prece. O mesmo não se dá, quando, seduzido pelo
Espírito embusteiro, ele se ilude no tocante às qualidades daquele que o domina e se compraz no
erro em que este último o lança, visto que, então, longe de secundar, repele toda assistência. É o
caso da fascinação, infinitamente mais rebelde do que a mais violenta subjugação.

Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso auxiliar de quem haja de atuar
sobre o Espírito obsessor.

02.04 – A OBSESSÃO EM “O CÉU E O INFERNO”

1ª parte - capítulo IX -itens 20, 21 - Os demônios segundo o Espiritismo.

20 - Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que
a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a
Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material,
constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os espaços, Deus criou-os
perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Não lhes deu,
contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e
realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem,
quer encarnado, quer no plano espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se puros espíritos ou anjos
segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até ao anjo, há
uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.

Do expresso resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e


intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.

Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes
inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o
mal. A estes se podem denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos
atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta
do gênero humano, corno seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal
eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.

21 - Segundo a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus


por sua desobediência: são anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo
dela decaído. Segundo o Espiritismo os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de
regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se. Os que por apatia,
negligência, obstinação ou má-vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores,
sofrem as consequências dessa atitude, e o hábito do mal lhe dificulta a regeneração. Chega-lhes,
porém, um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas consequências; eles comparam
a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando
então melhorarem-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo
constrangimento. "Submetidos à lei geral do progresso, em virtude da sua aptidão para o mesmo,
não progridem, ainda assim, contra a vontade." Deus fornece-lhes constantemente os meios,
porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria
mérito, e Deus quer que todos tenham o mérito de nossas obras. Ninguém é colocado em primeiro
lugar por privilégio; mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custa do esforço próprio. (...)

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1ª parte – cap. X -Intervenção dos demônios nas modernas manifestações

1 - Os modernos fenômenos do Espiritismo têm atraído a atenção sobre fatos análogos de


todos os tempos, e nunca a História foi tão compulsada neste sentido como ultimamente. Pela
semelhança dos efeitos, inferiu-se a unidade da causa. Como sempre acontece relativamente a
fatos extraordinários que o senso comum desconhece, o vulgo viu nos fenômenos espíritas uma
causa sobrenatural, e a superstição completou o erro ajuntando-lhes absurdas crendices. Provém
daí uma multidão de lendas que, pela maior parte, são um amálgama de poucas verdades e
muitas mentiras.

2 - As doutrinas sobre o demônio, prevalecendo por tanto tempo, haviam de tal maneira
exagerado o seu poder, que fizeram, por assim dizer, esquecer Deus; por toda parte surgia o dedo
de Satanás, bastando para tanto que o fato observado ultrapassasse os limites do poder humano.
Até as coisas melhores, as descobertas mais úteis, sobretudo as que podiam abalar a ignorância
e alargar o círculo das idéias foram tidas muita vez por obras diabólicas. Os fenômenos espíritas
de nossos dias, mais generalizados e mais bem observados à luz da razão e com o auxílio da
Ciência, confirmaram, é certo, a intervenção de inteligências ocultas, porém agindo dentro de leis
naturais e revelando por sua ação urna nova força e leis até então desconhecidas, (grifamos)

A questão reduz-se, portanto, a saber, de que ordem são essas inteligências. Enquanto se
não possuía do mundo espiritual noções mais que incertas e sistemáticas, a verdade podia ser
desviada; mas hoje, que observações rigorosas e estudos experimentais esclareceram a
natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como o seu modo de ação e papel no Universo
hoje, dizemos, a questão se resolve por fatos. Sabemos, agora, que essas inteligências ocultas
são as almas dos que viveram na Terra. Sabemos também que as diversas categorias de bons e
maus Espíritos não são seres de espécies diferentes, porém que apenas representam graus
diversos de adiantamento. Segundo a posição que ocupam em virtude do desenvolvimento
intelectual e moral, os seres que se manifestam apresentam os mais fundos contrastes, sem que
por isso possamos supor não tenham saído todos da grande família humana, do mesmo modo
que o selvagem, o bárbaro e o homem civilizado.

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02.05 - A OBSESSÃO EM "A GÊNESE"

Capítulo XIV itens 45 a 49 - Obsessões e possessões

"Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de


seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a
humanidade se vê a, braços neste mundo. A obsessão que é, um dos efeitos de semelhante ação,
como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como
provação ou expiação e aceita com esse caráter.

Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo.
Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem
perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades
mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e psicográfica
traduzem-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com exclusão de qualquer
outro.

Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem
frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em prece-
dente existência.

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um
fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que
importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau.
Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir
um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.

Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser
inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a
quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.

Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o
Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o
arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente
ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral.
Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito
imperfeito.

Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele
identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a
proceder contra a sua vontade.

Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante, se substitui, por assim


dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja
abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão,
conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não
pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do
perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção.

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Capítulo XV - item 35 - Possessos

Parece que, ao tempo de Jesus, eram em grande número, na Judéia, os obsidiados e os


possessos, donde a oportunidade que Ele teve de curar a muitos. Sem dúvida, os Espíritos maus
haviam invadido aquele país e causado uma epidemia de possessões. Sem apresentarem caráter
epidêmico, as obsessões individuais são muitíssimo frequentes e se apresentam sob os mais
variados aspectos que, entretanto, por um conhecimento amplo do Espiritismo, facilmente se
descobrem. Podem, não raro, trazer consequências danosas à saúde, seja agravando afecções
orgânicas já existentes, seja ocasionando-as. Um dia, virão a ser, incontestavelmente, arroladas
entre as causas patológicas que requerem, pela sua natureza especial, especiais meios de
tratamento. Revelando a causa do mal, o Espiritismo rasga nova senda à arte de curar e fornece à
Ciência meio de alcançar êxito onde até hoje quase sempre vê malogrados seus esforços, pela
razão de não atender à primordial causa do mal.

02.06 – A Obsessão em O Que é o Espiritismo

Cap. I - loucura, suicídio e obsessão

Não confundamos a loucura patológica com a obsessão; esta não provém de lesão alguma
cerebral, mas da subjugação que Espíritos malévolos exercem sobre certos indivíduos, e que,
muitas vezes, têm as aparências da loucura propriamente dita. Esta afecção, muito frequente, é
independente de qualquer crença no Espiritismo e existiu em todos os tempos. Neste caso, a
medicação comum é impotente e mesmo prejudicial.

Fazendo conhecer esta nova causa de perturbação orgânica, o Espiritismo nos oferece, ao
mesmo tempo, o único meio de vencê-la, agindo não sobre o enfermo, mas sobre o Espírito
obsessor. O Espiritismo é o remédio e não a causa do mal.

Capítulo II - itens 70, 71, 76 e 78 - Escolhos da Mediunidade.

70 - "Um dos maiores escolhos da mediunidade é a obsessão, isto é, o domínio que certos
Espíritos podem exercer sobre os médiuns, impondo-lhes sob nomes apócrifos e impedindo que
se comunique com outros Espíritos. É também um obstáculo que se depara a todo observador
novato e inexperiente que, não conhecendo os caracteres desse fenômeno, pode ser iludido pelas
aparências, como aquele que, desconhecendo a medicina, pode enganar-se sobre a causa e
natureza de qualquer mal”.

71- A fascinação obsesssional é muito mais grave, porque nela o médium é


completamente iludido. O Espírito que o domina apodera-se de sua confiança, a ponto de
impedi-lo de julgar as comunicações que recebe, fazendo-lhe achar sublimes os maiores
absurdos. O caráter distintivo deste gênero de obsessão é provocar no médium uma excessiva
suscetibilidade e levá-lo a não acreditar bom, justo e verdadeiro senão o que ele escreve; a repelir
e, mesmo, considerar mau todo conselho e toda observação crítica, preferindo romper com os
amigos a convencer-se de que está sendo enganado; a encher-se de inveja contra os outros
médiuns cujas comunicações sejam julgadas melhores que as suas; a querer impor-se nas
reuniões espíritas, das quais se afasta quando não pode dominá-las.

76 - "Um fato importante a considerar-se é que a obsessão, qualquer que seja a sua
natureza, é independente da mediunidade, e que ela se encontra, de todos os graus, (...) em
grande número de pessoas que nunca ouviram falar de Espiritismo."

78 - Como a obsessão nunca pode ser produto de um bom Espírito, torna-se um ponto
essencial o saber reconhecer-se a natureza dos que se apresentam.

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O médium não esclarecido pode ser enganado pelas aparências, mas o prevenido percebe
o menor sinal suspeito, e o Espírito, vendo que nada pode fazer, retira-se.

O conhecimento prévio dos meios de distinguir os bons dos maus Espíritos é, pois,
indispensável ao médium que se não quer expor a cair num laço. Ele o é também ao simples
observador, que pode, por esse meio, apreciar o justo valor do que vê e ouve.

02.07-A OBSESSÃO EM "OBRAS PÓSTUMAS"

Primeira parte - Da obsessão e da possessão - itens 56, 57 e 59.

56 - (...) Quando um Espírito, bom ou mau, quer atuar sobre um indivíduo, envolve-o, por
assim dizer, no seu perispírito, como se fora um manto. (...) Se o Espírito é bom, sua atuação é
suave, benfazeja, não impele o indivíduo se não à prática de atos bons; se é mau, força-o a ações
más. (...) Tal a origem da obsessão, da fascinação e da subjugação que se produzem em graus
muito diversos de integridade.

57- Pois, que os Espíritos existiram em todos os tempos, também desde todos os tempos
representaram o mesmo papel, porque esse papel é da natureza e a prova está no grande
número que sempre houve de pessoas obsidiadas, ou possessas, se o preferirem, antes que se
falasse de Espíritos, ou que, nos dias atuais, se ouvisse falar de Espiritismo, nem de médiuns. É,
pois, espontânea a ação dos Espíritos, bons ou maus.

59 - A experiência comprova a ineficácia do exorcismo, nos casos de possessão, e


provado está que quase sempre aumenta o mal, em vez de atenuá-lo. A razão se encontra em
que a influência está toda no ascendente moral exercido sobre os maus Espíritos e não num ato
exterior, na virtude das palavras e dos gestos. (...) Ora, aqui, quem realmente manda é o homem
de coração mais puro, porque é a ele que os bons Espíritos de preferência atendem.

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02.08 - A OBSESSÃO NA "REVISTA ESPÍRITA"

Desde o seu lançamento, em 01.01.1858, a REVISTA ESPÍRITA, que Kardec publicou


durante onze anos e quatro meses, apresentou vários artigos sobre obsessão, podendo ser
destacados:

Assuntos Ano Meses Paginas


Obsessão - diversa 1859 Novembro 314
1860 Abril 105
Obsessão - diversa Maio 160
Agosto 237
1862 Junho 164
Obsessão - diversa Dezembro 359, 362 e 364
1863 Janeiro 1–8
Fevereiro 33 – 37
Obsessão - diversa Março 88
Abril 99
Maio 131 – 139
Obsessão - diversa 1864 Janeiro 14 – 15
Junho 176
Obsessão - diversa 1865 Janeiro 13
Obsessão - diversa 1866 Fevereiro 41
Novembro 349
Obsessão - diversa 1867 Junho 192
Obsessão coletiva 1865 Fevereiro 54

Obsessão de encarnado sobre desencarnado e vice - versa 1867 Junho 192


Obsessão epidêmica 1862 Abril 107 a 109
Dezembro 355
1860 Fevereiro 53
Obsessão e exorcismo Maio 138 – 161
1863 Maio 137
1865 Maio 136
Obsessão e fascinação 1858 Outubro 277
1862 Dezembro 359 - 364
Obsessão e possessão 1863 Dezembro 377
1865 Janeiro 4 a 19
Obsessão e prece 1863 Maio 138
Obsessão simulada 1869 Janeiro 31
Obsidiados 1858 Outubro 275

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03 - A obsessão nas Obras de Manoel Philomeno de Miranda Esclarecimentos

(...) quando vi que aquilo constituía um todo e ganhava as proporções de uma doutrina,
tive a idéia de publicar os ensinos recebidos, para instrução de toda a gente.
(Allan Kardec - Obras Póstumas)

1- Os livros de Manoel Philomeno de Miranda, psicografados pelo médium Divaldo Pereira


Franco, são caracterizados e lidos como romances. Relatos profundos compõem os enredos e as
respectivas tramas que envolvem os personagens, baseadas em casos verídicos, embora
mantendo no anonimato os verdadeiros protagonistas, participando encarnados e desencarnados
desse fantástico "litígio entre dois mundos", um visível, outro invisível.

Todo o desenvolvimento das histórias apresenta seres que se deixaram envolver e


dominar pelos sentimentos das emoções em desequilíbrio, provocando o exacerbar das paixões,
culminando em ódios, rancores e ressentimentos que conduziram ao flagelo da obsessão.

2 - Entretanto, observamos que em todos os sete volumes de estilo romanceado o


meticuloso estudioso da mediunidade atormentada e das psicopatologias obsessivas, oferece
páginas profundas de teor didático, uma introdução técnico-instrucional para uma melhor
compreensão da narrativa central. Sem esse intróito, acreditamos que a substância doutrinária da
obra, que, verdadeiramente, representa a essência da mensagem global, se confundiria com as
descrições sempre entremeadas de lances emocionantes, nas aventuras, repletas de peripécias,
da alma humana, muitas vezes dominada por fantasias e paixões que se diluem na "rápida
aventura da vida física".

3 - Verificando, então, o rico acervo doutrinário contido nessas "introduções", resolvemos


compilá-lo e organizá-lo numa sequência modulada, de tal forma que pudesse ser útil aos núcleos
espíritas, aos médiuns, doutrinadores e estudiosos desse sempre momentoso e às vezes
polêmico assunto que é a obsessão, e o seu antídoto, a desobsessão.

Somente do livro Trilhas da Libertação, último livro da "série Manoel Miranda", é que
extraímos um capítulo não integrante do critério utilizado, ou seja, das introduções. Selecionamos
uru texto de elevado valor prático a respeito dos Serviços de desobsessão, que no agrupamento
organização dos trabalhos, se constitui em valioso material de apoio às tarefas mediúnicas.

4 - Além dos comentários introdutórios aos livros de teor romanceado, também


selecionamos textos do livro Temas da Vida e da Morte, e de outras obras onde o venerável
amigo de José Petitinga tem registradas várias mensagens avulsas psicografadas por Divaldo
Franco, abordando a temática em questão. No todo, foram utilizados 13 (treze) livros do acervo de
obras psicografadas pelo admirado médium e tribuno baiano.

5 - As transcrições foram feitas na íntegra. Não foram reproduzidas as partes finais de


alguns capítulos. Pequeníssimas atualizações ortográficas e adaptações foram feitas, a exemplo
de inclusão, no corpo do texto, de referências colocadas no rodapé nas obras originais e
atribuição de título em alguns deles, mas sem quaisquer prejuízos para a compreensão e
fidelidade das orientações transmitidas por Manoel P. de Miranda.

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6 - Trinta e cinco textos foram selecionados e classificados em quatro grandes grupos
temáticos:

GRUPO I - DEFINIÇÕES, CLASSIFICAÇÕES E ANÁLISES


São onze textos onde Manoel P. de Miranda define, classifica e analisa a obsessão.

GRUPO II - TÉCNICAS OBSESSIVAS E ANÁLISE DOS ENVOLVIDOS


Em quinze textos Manoel P. de Miranda demonstra as técnicas obsessivas e faz meticulosa
análise do perfil dos envolvidos nos processos obsessivos.

GRUPO III - ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS


Quatro textos apresentando a forma como os trabalhos de desobsessão devem ser organizados.

GRUPO IV - PRÁTICA DESOBSESSIVA


Em cinco textos selecionados Philomeno de Miranda oferece amplas orientações acerca da
prática desobsessiva, culminando com comovente prece a Jesus.

7 - Os grifos pertencem, aos originais transcritos e, na abertura de cada um deles, citamos


a Editora, o número da edição e o número da página.

8 - Todas as redações extraídas das obras originais, organizadas e agrupadas, dispensam


quaisquer comentários adicionais. O estudo acurado e programado de forma sequencial
possibilitará aos que militam no campo da mediunidade socorrista, excelente material de
adestramento contínuo e permanente, assegurando procedimentos seguros que, certamente,
conduzirão a resultados sempre positivos e de elevada qualidade.

Importante, também, será a leitura, na íntegra, das narrativas que estruturam cada
romance. Elas representam a exemplificação dos ensinamentos teóricos exarados por Philomeno
de Miranda no limiar de cada livro.

Nos relacionamentos negativos comprometedores de alguns personagens e positivos


facilitadores de outros, encontraremos, sempre, as explicações seguras, à luz dos postulados
espíritas, demonstrando, dentre outros, a existência de Deus, a reencarnação, a lei de causa e
efeito, a comunicabilidade dos Espíritos, o perispírito e a lei dos fluidos...

Entretanto, em todos os relatos se destaca a figura permanente, soberana e indispensável


de Jesus, "o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e
modelo" e "o da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra", tal como
confirmaram os Espíritos Superiores e como Allan Kardec complementou, na questão 625 de O
Livro dos Espíritos.

Por isso, no epílogo de cada aventura, nos depararemos com a vitória do Amor, "cobrindo
a multidão de pecados".

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03.01 - Manoel Philomeno de Miranda Dados Biográficos

Mais conhecido como Philomeno de Miranda, foi, por muitos anos, destacado colaborador
do Movimento Espírita da Bahia, culminando com a sua eleição para a Presidência da União
Espírita Baiana, em substituição a José Pititinga, quando este retornou ao Plano Espiritual, em 25
de março de 1939, em Salvador.

Manoel Philomeno Baptista de Miranda nasceu no dia 14 de novembro de 1876 em


Jangada, Município do Conde no Estado da Bahia. Foram seus pais Manoel Baptista de Miranda e
D. Umbelina Maria da Conceição.

Diplomou-se pela Escola Municipal da Bahia, hoje Faculdade de Ciências Econômicas da


Universidade Federal da Bahia, colando grau na turma de 1910, como Bacharel em Comércio e
Fazenda. Exerceu sua profissão com muita probidade, sendo um exemplo de operosidade no
campo profissional. Ajudava sempre aqueles que o procuravam, pudessem ou não retribuir os
seus serviços. Foi tão grande em sua conduta, como na modéstia.

Debilitado por uma enfermidade pertinaz, em 1914, e tendo recorrido a diversos médicos,
sem qualquer resultado positivo, foi curado pelo médium Saturnino Favila, na cidade de
Alagoinhas, com passes e água fluidificada, complementando a cura com alguns remédios da
Flora Medicinal. Nessa época, indo a Salvador, conheceu José Petitinga, que o convidou a
frequentar a União Espírita Baiana.

A partir daí Philomeno de Miranda interessou-se pelo estudo e prática do Espiritismo,


tornando-se um dos mais firmes adeptos de seus ensinamentos. Fiel discípulo de Petitinga foi
autêntico diplomata no trato com o Movimento Espírita da Bahia, com capacidade para resolver
todos os assuntos pertinentes às Casas Espíritas. A serviço da Causa visitava periodicamente as
Sociedades Espíritas, da Capital e do Interior, procurando soluções para qualquer dificuldade.
Delicado, educado, porém decidido na luta, não dava trégua aos ataques descabidos, arremetidos
por religiosos e cientistas que tentavam destruir o trabalho dos espíritas.

Mesmo modesto, não pôde impedir que suas atividades sobressaíssem nas diversas
frentes de trabalho que empreendeu em favor da Doutrina. Na literatura escreveu "Resenha do
Espiritismo na Bahia" e "Enxertos que justificam o Espiritismo", que publicou omitindo o próprio
nome. Em resposta ao Padre Humberto Rohden, publicou um opúsculo intitulado: "Por que sou
Espírita".

Dedicou-se com muito carinho às reuniões mediúnicas, de desenvolvimento e


desobsessão. Achava imprescindível que as Instituições espíritas se preparassem
convenientemente para o intercâmbio espiritual, sendo de bom alvitre que os trabalhadores das
atividades desobsessivas se resguardassem ao máximo, na oração, na vigilância e no trabalho
superior. Salientava a importância do trabalho da caridade, para se precaverem de sofrer ataques
das Entidades que se sentem frustradas nos planos nefastos de perseguições. É o caso de muitas
Casas Espíritas, que a título de falta de preparo, se omitem dos trabalhos mediúnicos.

Do Plano Espiritual Philomeno de Miranda vem dando ênfase a esse trabalho, através dos
livros psicografados por Divaldo Pereira Franco, como: Nos Bastidores da Obsessão, Grilhões
Partidos, Nas Fronteiras da Loucura e mais recentemente Loucura e Obsessão, editado pela Fe-
deração Espírita Brasileira. Seus livros são repositórios de ensinamentos e sabedoria, ensejando
aprendizados de como proceder nas reuniões mediúnicas e de desobsessão.

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Philomeno de Miranda foi amigo de Leopoldo Machado, patrocinando grandes
conferências desse inesquecível trabalhador, que deixou um marco de luz em sua passagem pela
Terra.

Exerceu na União Espírita Baiana, hoje Federação Espírita do Estado da Bahia, os cargos
de 2° secretário, de 1921 a 1922, e de 1° secretário, de 1922 a 1939, juntamente com José
Petitinga e uma plêiade de grandes trabalhadores. Em 1939, substituiu Petitinga. Eleja vinha no
serviço ativo daquela Federativa por mais de vinte e quatro anos consecutivos, trabalhando na
administração, no socorro espiritual como grande doutrinador, nos serviços da caridade, zelando
sempre pelo bom nome da Doutrina, com todo o desvelo de que era possuído.

Manoel Philomeno Baptista de Miranda sofreu sérios problemas cardíacos, agravados em


virtude da idade, os quais nunca o impediram de cumprir as suas obrigações com a Casa e com a
Causa; escondia até mesmo o seu verdadeiro estado físico, para não preocupar os amigos.
Retornou ao Plano Espiritual no dia 14 de julho de 1942 exemplificando corajosamente o seu labor
em favor do Espiritismo.
António de Souza Lucena (**)

O livro mais recente de Manoel Philomeno de Miranda é Trilhas da Libertação, psicografado por
Divaldo Franco, lançado pela FEB em 1997. (**) Publicado em Reformador de Nov/ 90

16
Quadro I – Definições, Classificações e Analises.

Nº Assunto Obra de referencia Paginas


01 Flagelo social Nos bastidores da obsessão 7 a13
02 Fenômenos obsessivos Temas da vida e da morte 153 a 156
03 Considerando a obsessão Sementes de vida eterna 104 a 108
04 Obsessão e pesquisa Nos bastidores da obsessão 15 a 20
05 psíquicas Nos bastidores da obsessão 21 a 34
06 Examinando a obsessão Nas fronteiras da loucura 09 a 10
07 Analise da obsessão simples Nas fronteiras da loucura 14 a 15
08 Obsessão por fascinação Nas fronteiras da loucura 15 a 17
09 Obsessão por subjugação Nos bastidores da Obsessão 34 a 36
10 Obsessões especiais Antologia espiritual 119 a 122
11 Obsessões intermitentes Tramas do destino 11 a 21
Obsessão e tramas do
destino

Quadro II – Técnicas Obsessivas e Analise dos Envolvidos

12 Recepção da ideia perturbadora Nas fronteiras da loucura 10 a 11


13 Intercambio mental Nas fronteiras da loucura 11 a 12
14 Reflexos da interferência Nas fronteiras da loucura 12 a 13
15 Indução obsessiva Semente de vida eterna 109 a 111
16 Perante obsessores Nos bastidores da obsessão 36 a 39
17 Perante obsidiados Nos bastidores da obsessão 39 a 41
18 O obsessor Grilhões partidos 17 a 20
19 O obsidiado Grilhões partidos 20 a 23
20 O grupo familiar Grilhões partidos 23 a 24
21 Comportamento por obsessão Roteiro de libertação 115 a 117
22 Obsessão e conduta Painéis da obsessão 8a9
23 Suicídio e obsessão Painéis da obsessão 9 a 13
24 Loucura e obsessão Loucura e obsessão 11 a 15
25 Alienação por obsessão Sementeira da fraternidade 31 a 42
26 Sanidade e desequilíbrio mental Nas fronteiras da loucura 1a4

Quadro III – Organização dos Trabalhos

27 A equipe de trabalho Grilhões partidos 13 a 17


28 Reuniões sérias Nos bastidores da obsessão 44 a 47
29 Serviço de desobsessão Trilhas da libertação 73 a 79
30 Na desobsessão Depoimentos vivos 191 a 193

Quadro IV – Pratica Desobsessiva

31 Terapia desobsessiva Nas fronteiras da loucura 17 a 18


32 Terapia de desobsessão Analogia espiritual 123 a 125
33 Mediunidade socorrista Nos bastidores da obsessão 41 a 44
34 Alienação obsessiva e a missão Grilhões partidos 7 a 10
do espiritismo
35 Em oração Nos bastidores da obsessão 47 a 49

Obs.: os números das paginas podem variar conforme a edição da obra.

17
01

OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: OBSESSÃO: FLAGÍCIO SOCIAL

"Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de


seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é pane integrante dos flagelos com que a
Humanidade se vê a braços neste mundo.
“A obsessão, que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as
atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse
caráter.
(A Gênese, de Allan Kardec, cap. XIV)

A obsessão, mesmo nos dias de hoje, constitui tormentoso flagicio social. Está presente
em toda parte, convidando o homem a sérios estudos.

As grandes conquistas contemporâneas não conseguiram ainda erradicá-la. Ignorada


propositadamente pela chamada Ciência Oficial, prossegue colhendo nas suas malhas,
diariamente, verdadeiras legiões de incautos que se deixam arrastar a resvaladouros sombrios e
truanescos, nos quais padecem irremissivelmente, até à desencarnação lamentável, continuando,
não raro, mesmo após o traspasse... isto, porque a morte continua triunfando, ignorada, qual
ponto de interrogação cruel para muitas mentes e incontáveis corações.

As Disciplinas e Doutrinas decorrentes da Psicologia Experimental, nos seus diversos


setores, preferem continuar teimosamente arregimentando teorias que não respondem aos
resultados da observação demorada e das constatações de laboratório, como se a Imortalidade
somente merecesse acirrado combate e não investigação imparcial, capaz de ensejar ao homem
esperanças e consolações, quando tudo lhe parece conspirar contra a paz e a felicidade.

Desde as honestíssimas pesquisas do Barão Von de Guldenstubbé, em 1855, e as do


Prof. Roberto Hare, insuspeito lente de Química, na Universidade da Pensilvânia, em 1856, que
concluíram pela realidade do espírito preexistente ao berço e sobrevivente após o túmulo, que os
cientistas conscientes das suas responsabilidades se têm entregue ao afã da verificação da
Imortalidade. E todos aqueles que se dedicaram à observação e ao estudo, à experimentação e
ao fenômeno, são concordes na comprovação da continuidade da vida depois da morte...

Nos EE.UU. se tornaram famosas as experiências psiquiátricas realizadas pelo Dr. Carlos
Wickland, que, utilizando-se da argumentação espírita, conseguia desobsidiar inúmeros pacientes
que lhe chegavam, atormentados, ao consultório. Simultaneamente, em seus trabalhos
especializados, utilizava-se de uma médium clarividente, sua própria esposa, que o ajudava na
técnica da desobsessão.

Diante de Alcina incorporada pelo espírito de Galeno, em plena sessão da Salpetrière,


respondeu Charcot, aos interessados no fenômeno e que o inquiriram, que lhes não convinha se
adiantassem à própria época em que viviam... Sugeriu que se não buscassem raciocínios que
aclarassem os resultados das investigações, devendo contentar-se somente com aquela
"observação experimental", a que todos haviam presenciado. Tal atitude anti-científica tem sido
mantida por respeitáveis investigadores, por temerem a realidade da vida imperecível.

18
Com Allan Kardec, no entanto, tiveram início os eloquentes testemunhos da imortalidade,
da comunicabilidade dos Espíritos, da reencarnação e das obsessões, cabendo ao insigne mestre
Lionês a honrosa tarefa de apresentar conveniente terapêutica para ser aplicada nos obsidiados
como também nos obsessores. A partir da publicação de O Livro dos Médiuns, em janeiro de
1861, em Paris, todo um conjunto de regras, com um notável esquema das faculdades
mediúnicas, foi apresentado, a par de seguro estudo do Espírito, nas suas diversas facetas,
culminando com o exame das manifestações espíritas, organização de Sociedades e palestras
dos Espíritos Elevados, que traçaram rotas de segurança para os que ingressarem na
investigação racional dos fenômenos medi anímicos. A bússola para o sadio exercício da
mediunidade foi apresentada com rigoroso equilíbrio através da Obra magistral.

No entanto, diante dos lancinantes problemas da obsessão na atualidade, tem-se a


impressão de que nada até o momento haja sido feito a fim de ser modificado esse estado de
coisas.

De Kardec aos nossos dias, todavia, quantas edificantes realizações e preciosos estudos
em torno dos médiuns, da mediunidade, das obsessões e das desobsessões têm sido
apresentados! Este capítulo dos problemas psíquicos "a obsessão" tem merecido dos cristãos
novos o mais acendrado interesse. Apesar disso, avassaladoramente vem-se mantendo em
caráter epidêmico, qual morbo virulento que se alastra por toda a Terra, hoje mais do que em
qualquer época...

"Sinal dos tempos", a que se referem os Escritos Evangélicos, prenuncia essa dor
generalizada, a Era do Espírito Imortal. Milhões de criaturas, no entanto, dormem o sono da
indiferença, entregues aos anestésicos do prazer e ao ópio da ilusão.

Por todos os lugares se manifestam os Espíritos advertindo, esclarecendo, despertando...

No entanto, o carro desatrelado da juventude corre na direção de abismos insondáveis. Os


homens alcançam a maturidade, vencidos pelos desgastes da quadra juvenil, e a velhice em
desassossego padece ao abandono. Os altos índices da criminalidade de todos os matizes e as
calamidades sociais espalhadas na Terra são, todavia, alguns dos fatores predisponentes e
preponderantes para as obsessões... Os crimes ocultos, os desastres da emoção, os abusos de
toda ordem de uma vida ressurgem depois, noutra vida, em caráter coercitivo, obsessivo. É o que
hoje ocorre como consequência do passado.

A Doutrina Espírita, porém, possui os antídotos, as terapias especiais para tão calamitoso
mal. Repetindo Jesus, distende lições e roteiros para os que se abeberam das suas fontes vitais.

19
02

OBRA: TEMAS DA VIDA E DA MORTE

TEMÁTICA: FENÔMENOS OBSESSIVOS

As obsessões de ordem espiritual, na qual se expressam, em pugna lamentável, homens e


Espíritos, têm curso, normalmente, demorado.

Obedecendo, a gêneses que procedem de reencarnações anteriores, traduzem-se por


ódios furibundos; amores apaixonados, em situações frustrantes; cobiças exacerbadas; desforços
bem programados numa esteira de incidentes que se sucedem sob chuvas de fé e azorragues de
loucura.

Em todos os casos, o encarnado possui os condicionamentos que propiciam o nefando


intercâmbio que, muitas vezes, não se interrompe com a morte física.

Porque a divina justiça se encontra insculpida na consciência da criatura, o delinquente ou


réprobo proporciona os recursos predisponentes ou preponderantes para o conúbio devastador.

Preferências iguais assinalam o perseguidor e o perseguido, porque do mesmo nível de


evolução moral. Temperamentos fortes, em face das aquisições negativas a que se dedicaram,
identidade de interesses mesquinhos, decorrentes da viciação a que se entregaram, facultam
ligações de igualdade fluídica, entrelaçando os litigantes no mesmo halo de comunhão,
ampliando-se a interdependência na razão direta em que o hospedeiro se entrega ao albergado
psíquico, interdependência que sempre, quando não cuidada, termina na osmose parasitária
aniquiladora.

Desde que conhecidos e afins psiquicamente, o enfermo encarnado recusa a ajuda que
lhe é oferecida, assimilando, prazerosamente, as induções que lhe chegam por via telepática e
que incorpora aos hábitos aos quais se submete.

Quando a perturbação é causada por antagonista que ignora as técnicas de vampirismo -


no caso das obsessões simples - fazem-se mais fáceis as psicoterapias libertadoras. Todavia, à
medida que evolui o processo desagregador da personalidade, o algoz se adestra em
mecanismos de controle da vontade da sua vítima, muitas vezes sob a orientação de impenitentes
perseguidores outros, que se comprazem em produzir aflições nos homens.

São, então, armadas ciladas contínuas, e inumeráveis tentações se apresentam


disfarçadas, arrojando os incautos em compromissos mais graves, de lesa consciência, graças
aos quais perde os contatos com os possíveis recursos de auxílio que são propiciados pela
Providência.

Obscurece-se a razão, que se turba, fixando-se nas faixas da vinculação nefasta, não
deixando claros mentais para as intuições lenificadoras, nem campo para as recapitulações
positivas que dulcificam o sentimento, favorecendo a captação das idéias benéficas.

As obsessões enxameiam por toda parte e os homens terminam por conviver, infelizes,
com essas psicopatologias para as quais, fugindo à sua realidade, procuram as causas nos
traumas, nos complexos, nos conflitos, nas pressões sociais, familiares e econômicas, como
mecanismo de fuga aos exames de profundidade da gênese real de tão devastadora enfermidade.

Não negando a preponderância de todos esses fatores que desencadeiam problemas de


comportamento psicológico, afirmamos que ele antes de constituírem causa dos distúrbios são,
em si mesmo efeito de atitudes transatas, que o Espírito imprime na organização fisiopsíquica ao
reencarnar-se, porquanto é sempre colocado no grupo familiar com o qual se encontra enredado,
por impositivo de ressarcimento de dívidas, para o equilíbrio evolutivo.

20
Enquanto o homem não for estudado na sua realidade profunda ser espiritual que é,
preexistente ao corpo e a ele sobrevivente, muito difícil serão os êxitos da ciência médica, na área
da saúde mental. As doenças psíquicas, entre as quais se destacam, pela alta incidência, as
obsessões, continuarão ainda a perseguir o homem.

Todo o comportamento que se exacerba ou se deprime, exaltando paixões e comandando


desregramentos, fomentando ódios e distonias, guardam, na sua raiz, graves incidências
obsessivas que merecem cuidados especiais.

É indispensável que a compreensão das finalidades da vida comande o pensamento do


homem, oferecendo-lhe as seguras diretrizes para precatar-se contra essa epidemia voluptuosa,
ao mesmo tempo armando os cultores das ciências da alma com os valiosos instrumentos para a
terapia de profundidade, na qual ambos os enfermos obsessor e obsidiado sejam amparados,
apaziguando-se e produzindo no bem, em favor de si mesmos e da comunidade em geral.

Não desejamos transferir para os Espíritos turbados ou maus as ocorrências desditosas na


Terra, isentando os homens da responsabilidade que lhes cabe.

Afirmamos que partilham os desencarnados, mais do que se pensa, dos sucessos e


acontecimentos humanos negativos, por assimilação e vinculação, nos quais se comprazem os
encarnados, que lhes oferecem os meios e a sintonia para que tenham lugar esses fatos
reprováveis.

E certo que, no sentido inverso, o intercâmbio com as Entidades evoluídas também se faz
amiúde, num programa de amor e socorro ao ser humano, como expressão do divino auxílio.

Como, todavia, as manifestações mais primárias predominam nas atividades terrestres a


incidência obsessiva torna-se mais volumosa, até que a criatura se descubra como é, filha de
Deus e resolva-se a atender ao chamado paterno, avançando na Sua direção pelas vias do amor.

21
03

OBRA: SEMENTES DE VIDA ETERNA

TEMÁTICA: CONSIDERANDO A OBSESSÃO

Com etiologia mui complexa, a alienação por obsessão continua sendo um dos mais
terríveis flagelos para a Humanidade.

Não significando a morte o fim da vida, antes o início de nova expressão de


comportamento em que o ser eterno retorna ao Mundo Espiritual donde veio, a desencarnação li-
berta a consciência que jazia agrilhoada aos liames carnais, ora desarticulando, ora ampliando as
percepções que melhor se fixaram nos painéis da mente, fazendo que o ser, agora livre do corpo
físico, se revincule ou não aos sítios, pessoas ou aspirações que sustentou durante a vilegiatura
carnal.

O amor, por constituir alta aspiração do Espírito, mantém-no em comunhão com os


objetivos superiores que lhe representam sustento e estímulo na marcha em direção ao
progresso. Assim também, o ódio e todo o seu séquito de paixões decorrentes do egoísmo e do
orgulho reatam os que romperam os grilhões da carne àqueles que foram motivo direto ou não
das suas aflições e angústias, especialmente se permitiram guardar as idéias e reações negativas
equivalentes.

Sutilmente, a princípio, em delicado processo de hipnose, a idéia obsidente penetra a


mente do futuro hóspede que, desguardado das reservas morais necessárias à manutenção de
superior padrão vibratório, começa a dar guarida ao pensamento infeliz, incorporando-o às
próprias concepções e traumas que vêm do passado, através de cujo comportamento cede lugar
à manifestação ingrata e dominadora da alienação obsessiva.

Vezes outras, através do processo da agressividade violenta, com que a indução


obsessiva desorganiza os registros mentais da alma encarnada, produzem-se o doloroso e
lamentável domínio que se transforma em subjugação de longo curso.

Noutras oportunidades, inspirando sentimentos nefastos, latentes ou não no paciente


desavisado, os desencarnados em desdita nele instalam o seu baixo teor vibratório, logran do
produzir variadas distonias psíquicas e emocionais, que o atormentam e o desgovernam, face à
inditosa dependência em que passa a exaurir-se, a expensas da vontade escravizante do
hóspede que o encarcera e aflige...

Pululam por toda parte os vinculados gravemente às Entidades perturbadoras do Mundo


Espiritual inferior.

Obsidiados, desse modo, sim, somos quase todos nós, em longo trânsito pelas faixas das
fixações tormentosas do passado donde vimos para as sintonias superiores que buscamos.

Muito maior, portanto, do que se supõe, é o número dos que padecem de obsessões, na
Terra.

Lamentavelmente, esse grande flagelo espiritual que se abate sobre os homens e não
apenas sobre eles, já que existem problemas obsessivos em várias expressões, como os de um
encarnado sobre outro, de um desencarnado sobre outro, de um encarnado sobre um
desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele, não tem merecido dos cientistas nem dos
religiosos do passado como do presente o cuidado, o estudo, o tratamento que merece.

22
Antes, vinculados aos preconceitos injustificáveis, ditos cientistas e religiosos se
entregavam à indiferença, quando não à perseguição sistemática aos portadores de obsessões,
acreditando que, ao destruírem as vítimas de tão grave enfermidade, ou não lhe oferecendo
qualquer importância, aniquilavam a ignorada causa do problema...

Ainda hoje, todavia, a atitude mais ou menos geral é idêntica, variando, apenas, na forma
de encarar a questão.

Mesmo as modernas Ciências que se dizem preocupadas em conhecer profundamente a


psique humana, colocam, a priori os problemas obsessivos à margem, situando-os em ridículas
posições mui simplistas, já que os seus pesquisadores se encontram atados aos mecanismos
atávicos herdados dos fisiologistas e psicólogos do século passado, que se diziam livres de
qualquer vinculação com a alma...

Repontam, é verdade, aqui e ali, esforços individuais, tentando apresentar respostas claras
e objetivas às tormentosas interrogações da afligente quão severa problemática, logrando admitir
a possibilidade de interferência da mente desencarnada sobre o de ambulante do escafandro
orgânico.

Terapêutica, porém, salutar, para a magna questão, é a Doutrina Espírita. Não apenas
como caráter profilático, sobretudo, como terapêutica eficiente, por assentar as suas lições e
postulados nos sublimes ensinamentos de Jesus Cristo, com toda a justiça cognominada "o
Senhor dos Espíritos", graças à sua ascendência demonstrada várias vezes ante as Entidades
ignorantes, perturbadoras e obsessoras.

Allan Kardec, o ínclito Codificador do Espiritismo, coube a tarefa de aprofundar sondas e


bisturis no organismo e na etiologia das alienações por obsessão, projetando luz meridiana sobre
a intrincada enfermidade da alma. Kardec não somente estudou a problemática obsessiva, como
também ofereceu medidas profiláticas e terapêutica salutar, firmado na informação dos Espíritos
Superiores, na vivência com os obsidiados, bem como na observação profunda e meticulosa com
que elaborou verdadeiros tratados de Higiene Mental, que são as Obras do Pentateuco Espírita,
esse incomparável monólito de luz, que inaugurou era nova para a Ciência, para a Filosofia,
tornando-se o Espiritismo a Religião do homem integral, da criatura ansiosa por religação com o
seu Criador.

Diante de qualquer expressão em que se apresentem as alienações por obsessão ou em


que se manifestem suas sequelas, mergulhemos a mente e o coração no organismo da Doutrina
Espírita, e, procurando auxiliar o paciente encarnado a desfazer-se do jugo constrangedor, não
olvidemos o paciente desencarnado, igualmente infeliz, momentaneamente transformado em
perseguidor ignorante, embora se dizendo consciente, mas, sofrendo, de alguma forma,
pungentes dores morais.

Concitemos o encarnado à reformulação de idéias e hábitos, à oração e ao serviço,


porquanto, através do exercício da caridade, conseguirá sensibilizar o temporário algoz, que o
libertará ou granjeará títulos de enobrecimento, armando-se de amor e equilíbrio para prosseguir
em paz, jornada a fora.

... E, em qualquer circunstância, procuremos em Jesus, Mestre e Guia de todos nós, o


amparo e a proteção, entregando-nos a Ele através da prece e da ação edificante, porque
somente por meio do amor o homem será salvo, já que o amor é a alma da caridade.

Obsessões e obsidiados são as grandes chagas morais dos tumultuados dias da


atualidade. Todavia, a Doutrina Espírita, trazendo de volta a mensagem do Senhor, em espírito e
verdade, é o portal de luz por onde todos transitaremos no rumo da felicidade real que nos
aguarda, quando desejemos alcançá-la.

23
04

OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: OBSESSÃO E PESQUISAS PSÍQUICAS

Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo
físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da
Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal
explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo. As relações dos
Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos
sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus
nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles.

(O Livro dos Espíritos - Kardec – Introdução - 28)

Os modernos pesquisadores da mente encarnada, fascinados pelas experiências de


Laboratório, surpreendem, paulatinamente, as realidades do Mundo extra físico. Ligados, porém,
aos velhos preconceitos científicos, denominam a faculdade através da qual veiculam tais fatos
pelo nome genérico de "psi". O "psi" é uma designação que dá elasticidade quase infinita aos
recursos plásticos da mente, tais como conhecimento do passado (telepatia), ou acontecimentos
que tiveram lugar anteriormente e se encontram gravados nas mentes de outras pessoas;
conhecimento de ocorrências no mundo exterior (clarividência), sem o contato com impressões
sensoriais; e percepção do futuro (presciência).

Em princípio, os recursos valiosos da mente, nas experiências de transposição dos


sentidos, fenômenos de profetismo e lucidez, demonstrações de insensibilidade táctil nas
alucinações, polarizações e despolarizações psíquicas, realizadas em epilépticos e histéricos
hipnotizados, ensejavam conclusões apressadas que pareciam confirmar as características do
"psi".

Comprovou-se mui facilmente, através da sugestão hipnológica, que se pode impressionar


um percipiente a fim de que o mesmo assuma personificações parasitárias momentaneamente,
representando vultos da História ou simples pessoas da plebe...

Considerando-se, todavia, em outras experiências, os fenômenos intelectuais, como nos


casos de xenoglossia e glossolalia, especialmente entre crianças de tenra idade, ou naqueles de
ordem física, tais como a pneumatografia, o metafonismo, a telecinesia, a teleplasmia e os diver-
sos fenômenos dentro da metergia, constata-se não haver elasticidade que se ofereça à mente
encarnada que os possa elucidar, senão através da aceitação tácita de uma forca externa
inteligente, com vontade própria, que atua no sensitivo, a este conferindo tais possibilidades.

Estudiosos do assunto, no passado, tais como William James, acreditaram que todos
vivemos mergulhados num, "corrente de consciência cósmica", enquanto Henrique Bérgson
supunha que "a mente possui um conhecimento de tudo, em qualquer lugar, sem limitação de
tempo ou de espaço", dando ao cérebro a função de velador de tal conhecimento.

Enquanto tais fenômenos se demoram sem explicação definitiva, a sobrevivência do


Espírito após a morte do corpo não encontra aceitação pelas Academias; distúrbios mentais de
vária ordem aprisionam multidões em cárceres estreitos e sombrios, povoados pelos fantasmas
da loucura, reduzindo o homem à condição primitiva do passado...

Muito embora os desvarios da razão estejam presentes nos fastos de todos os tempos,
jamais, como na atualidade, o homem se sentiu tão perturbado.

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Tratadistas estudiosos dos problemas psicosociológicos do presente atribuem grande
parte dos distúrbios mentais à "tensão" das horas em que se vive, elevando, cada dia, o número
dos desarranjados psiquicamente e aturdidos da emoção.

Naturalmente que, além desses, afirmam os de procedência fisiológica, da


hereditariedade, de vírus e germens, as sequelas da epilepsia, da tuberculose, das febres
reumáticas, da sífilis, os traumatismos e choques que se encarregam de contribuir larga e
amplamente para a loucura. Fatores outros predisponentes a que também se referem não podem
ser relegados aplano secundário. Todavia, além desses, que dão origem a psicoses e neuroses
lamentáveis, outros há que somente podem ser explicados pela Doutrina Espírita, no Capítulo das
Obsessões estudadas carinhosamente por Allan Kardec.

Fazendo-se ligeiro levantamento através da História e os acontecimentos têm sido


registrados em todas as épocas do pensamento, mesmo nas mais recuadas surpreendemos, ao
lado dos alienados de qualquer procedência, magos e sacerdotes manipulando exorcismos e
orações com que pretendiam afastar os Espíritos atormentadores, que se comprazem em
vampirizar ou exaltar suas vítimas em infeliz comércio entre os dois planos da vida: o corporal e o
espiritual.

Os livros sagrados de todos os povos, desde a mais remota antiguidade oriental, em se


referindo às leis morais, reportam-se à vida extraterrena, às consolações e às penalidades
impostas aos Espíritos tal como se a informação tivesse sido haurida na mesma fonte, tendo
como única procedência a inspiração dos desencarnados estudando, igualmente, as aflições e
perturbações de origem espiritual, que remontam às vidas pregressas...

Considerados inicialmente como anjos maus ou demônios, ao tempo de Jesus, foram por
Ele classificados de "espíritos imundos", com os quais se defrontou, reiteradas vezes, durante a
jornada vivida na Terra.

Todos os grandes pensadores, artistas, escritores, filósofos do passado, "pais de


religiões", "doutores da Igreja", são unânimes em atestar as realidades da vida além da carne,
pelos testemunhos inconfundíveis da imortalidade.

Aos Espíritas dos ditos mortos se referem Anaxágoras, Plutarco, Sócrates, Heródoto,
Aristóteles, Cícero, Horácio, Plínio, Ovídio, Lucano, Flávio José, Virgílio, Dionísio de Halicarnasso,
Valério Máximo... que, em seus relatos, apresentam farta documentação comprobatória do
intercâmbio espiritual, citando outras não menos célebres personagens do seu tempo.

Ricos são os comentários sobre as aparições, as casas "assombradas", os "avisos" e as


consultas nos santuários de todas as grandes Civilizações.

Mais tarde Lactancio, Orígenes, Ambrósio, Basílio e Arnóbio dão farto e eloquente
testemunho das comunicações com os desencarnados.

A Escola Neo-platônica de Alexandria, através dos seus mais expressivos vultos, pregando
a multiplicidade das existências (reencarnação), afirma, por intermédio de Plotino, Porfírio,
Jâmblico, Próclus, a continuidade da vida concedida ao princípio espiritual.

A Idade Média foi farta em provas sobre os desencarnados. "Anjos" e "espíritos imundos"
subitamente invadiram a Europa, e os "inspirados" e "endemoninhados", os "adivinhos" e
"feiticeiros" foram levados à pira crematória, sem que conseguissem extingui-los.

Das primeiras lutas entre o Empirismo e o Racionalismo intelectual à Era Atômica, filósofos
e cientistas não ficaram indiferentes aos Espíritos... No Século XIX, porém, fadado pelas suas
conquistas a servir de base ao futuro, no que diz respeito ao conhecimento, a sobrevivência
mereceu por parte de psicólogos e psiquistas o mais acirrado debate, inaugurando-se a época das
investigações controladas cientificamente.

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Foi nesse período que Allan Kardec, convidado à liça da cultura e da informação,
empunhando o bisturi da investigação, clareou com uma Filosofia Científica o Espiritismo, calcada
em fatos devidamente comprovados, os escaninhos do obscurantismo, oferecendo uma
terapêutica segura para as alienações torturantes, repetindo as experiências de Jesus Cristo junto
aos endemoninhados e enfermos de toda ordem.

Classificou como obsessão a grande maioria dos distúrbios psíquicos e elaborou


processos de recuperação do obsidiado, estudando as causas anteriores das aflições à luz das
reencarnações, através de linguagem condizente com a razão, e demonstrável
experimentalmente.

A Codificação Kardequiana, como um monumento granítico para os séculos porvindouros,


certamente não resolveu o "problema do homem", pois que este ao próprio homem é pertinente,
oferecendo, todavia, as bases e direções seguras para que tenha uma vida feliz, ética e
socialmente harmoniosa na família e na comunidade onde foi chamado a viver.

Psiquistas de nomeada, advertidos pelos resultados observados na Europa e na América,


em torno do fascinante assunto - comunicabilidade dos Espíritos -, empenharam-se, então, em
laboriosas experiências, criando, alguns, por mais compatível com as suas investiduras
acadêmicas, sucedâneos para a alma, que introduziram na genética da Biologia, negando àquela
o direito à legitimidade. O Prof. Gustavo Geley, por exemplo, criou à designação de “dínamo
psiquismo”, Pauley, a de "consciência profunda", Hans Driesch a de "enteléquias" e teorias
metapsiquistas vieram a lume, em ferrenho antagonismo à imortalidade, esgrimindo as armas do
sofisma e da negação, sem conseguirem, no entanto, resultado positivo.

O célebre Prof. Charles Richet, estimulado pelas experiências eminentemente científicas


de "Sir" William Crookes, elaborou a Metapsíquica e, ao despedir-se da sua Cátedra de Filosofia,
na Universidade de Paris, deixou ao futuro a satisfação de confirmar, de negar ou desdobrar as
suas conclusões.

Com o advento da moderna Parapsicologia, novos sucedâneos têm sido criados para o
espírito imortal e, enquanto os pesquisadores se demoram no problema da designação nominativa
que inspira debates e celeumas, a Doutrina Espírita, lecionando amor e fraternidade, estudo e
conhecimento da vida sob a inspiração dos Imortais, distende braços e liberta das malhas
vigorosas da obsessão aqueles que, por imprevidência ou provação, se deixaram arrastar aos
escuros precipícios da anarquia mental, perturbados ou subjugados por forças ultrizes da
Erraticidade, prescrevendo as mesmas diretrizes morais insertas no Evangelho de Jesus - Cristo.
vivido em espírito e verdade.

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05

OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: EXAMINANDO A OBSESSÃO

"Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são subjugados; precisariam de
uni tratamento moral, enquanto que com os tratamentos corporais os tornam verdadeiros loucos.
Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e curarão mais
doentes do que com as duchas”.
(O Livro dos Médiuns- Allan Kardec-24)

Nota: Ao tempo da publicação de O Livro dos Médiuns - 1861 as duchas eram tidas como
dos mais eficientes tratamentos para as enfermidades mentais. Daí a referência feita por Allan
Kardec.

Com muito acerto asseverou o Codificador que "o conhecimento do Espiritismo, longe de
facilitar o predomínio dos maus Espíritos, há de ter como resultado, em tempo mais ou menos
próximo e quando se achar propagado, destruir esse predomínio, o da obsessão, dando a cada
um os meios de se por em guarda contra as sugestões deles". E o iluminado mestre, não poucas
vezes, embora profundo conhecedor do Magnetismo, convocado a atender obsidiados de variado
jaez, utilizou-se dos eficientes métodos da Doutrina Espírita para libertá-los com segurança,
através da moralização do Espírito perturbador e do sensitivo perturbado.

"Obsessão - segundo Allan Kardec - é o domínio que alguns Espíritos logram adquirir
sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.
Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos
maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem
fazer suas presas. Se chegam a dominar algum se identifica com o Espírito deste e o conduzem
como se fora verdadeira criança." Ainda é o egrégio intérprete dos Espíritos da Luz que comenta:
"As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança
que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas do tempo de outra existência. Muitas
vezes, também, não há mais do que desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer
que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em atormentá-los, em vexá-los, e a
impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que
colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se"...

E prossegue: "Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesma denota de
bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber".
(O Livro dos Médiuns - 24).

Obsidiados, sempre os houve em todas as épocas da Humanidade.

Repontando, vigoroso, o fenômeno mediúnico em todos os povos e em todos os tempos,


oferecendo roteiros iluminativos para muitas Civilizações, foi, também, veículo de pungentes
dramas de vultos que se celebrizaram na História.

Nabucodonosor II, o Grande, rei da Caldéia, perturbado por Espíritos vingadores,


experimentou tormentos inomináveis, obsidiado, descendo à misérrima condição de animal...

Tibério, de mente dirigida por Espíritos impiedosos, atingiu alto índice de crueldade, pela
desconfiança exacerbada, insuflada pelos adversários desencarnados...

Domício Nero, tristemente celebrizado, após uma existência de loucuras, avassalado por
cruéis inimigos do Além-Túmulo, não poucas vezes em desdobramentos espirituais reencontrou a
mãe Agripina e a esposa Otávia, que foram assassinadas por sua ordem, pressagiando-lhe o
termo doloroso...

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É, no entanto, na epopéia sublime do Evangelho, que desfilam ao lado de Jesus, em larga
escala, os atormentados por Espíritos infelizes, que encontram Ele o Médico Divino que lhes lucila
o íntimo e os liberta do sofrimento.

Os discípulos do Rabi Galileu, vezes sem conto, aplicaram o passe curativo nos inúmeros
obsidiados que os buscavam, prosseguindo o ministério apostólico entre os atormentados da
Terra e os perturbados do Mundo Espiritual, como fizera o Mestre.

E depois deles os registos históricos apresentam loucos de nomenclatura variada, às


voltas com Entidades atormentadoras, sofrendo na fogueira e no exílio, no ‘poço das serpentes e
nos Manicômios sombrios, o resultado da convivência psíquica com os que atravessaram o portal
da Imortalidade e se demoram nas viciações e nos sentimentos em que se compraziam...

Asseverou Allan Kardec: "Não foram os médiuns, nem os espíritas que criaram os
Espíritos; ao contrário, foram os Espíritos que fizeram haja espíritas e médiuns. Não sendo os
Espíritos mais do que as almas dos homens, é claro que há Espíritos desde quando há homens;
por conseguinte, desde todos os tempos eles exerceram influência salutar ou perniciosa sobre a
Humanidade. A faculdade mediúnica não lhes é mais que um meio de se manifestarem. Em falta
dessa faculdade, fazem-no por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas."

"Os meios de se combater a obsessão - esclarece o eminente Seareiro variam de acordo


com o caráter que ela reveste." E elucida: "As imperfeições morais do obsidiado constituem,
frequentemente, um obstáculo à sua libertação”.
(O Livro dos Médiuns, 24)

A obsessão, todavia, ainda hoje é um terrível escolho à paz e à serenidade das criaturas.

Com origem nos refolhos do espírito encarnado, obsessões há em escala infinita e,


consequentemente merecendo destaque aquela denominação causa cármica.

Jornaleiro da Eternidade, o espírito conduz os germens cármicos que facultam o convívio


com os desafetos do pretérito, ensejando a comunhão nefasta.

Todavia, não apenas o ódio, obsidiados existem em infinita variedade, sendo a


etiopatogenia de tais desequilíbrios, genericamente denominados distúrbios mentais, mais amplas
do que a clássica apresentada, como se poderia pensar é o fator causal das Obsessões e nem
somente na Terra se manifestam os tormentos obsessivos... Além da sepultura, nas regiões
pungentes e aflitivas de reajustamentos imperiosos e despertamentos inadiáveis das
consciências, defrontam-se muitos verdugos e vítimas, começando ou dando prosseguimento aos
nefandos banquetes de subjugação psíquica, em luta intérmina de extermínio impossível...

Obsessores há milenarmente vinculados ao crime, em estruturas de desespero invulgar,


em que se demoram voluntariamente, envergando indumentárias de perseguidores de outros
obsessores menos poderosos mentalmente que perseguindo, são também escravos daqueles que
se nutrem às suas expensas, imanados por forças vigorosas e cruéis...

Na Terra, igualmente, é muito grande o número de encarnados que se convertem, por


irresponsabilidade e invigilância em obsessores de outros encarnados, estabelecendo um
consórcio de difícil erradicação e prolongada duração, quase sempre em forma de vampirismo
inconsciente e pertinaz. São criaturas atormentadas, feridas nos seus anseios, invariavelmente
inferiores que, fixando aqueles que elegem gratuitamente como desafetos, os perseguem em
corpo astral, através dos processos de desdobramento inconsciente, prendendo, muitas vezes,
nas malhas bem urdidas da sua rede de idiossincrasias, esses desassisados morais, que, então,
se transformam em vítimas portadoras de enfermidades complicadas e dc origem clínica
ignorada...

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Outros ainda, afervorados a esta ou àquela iniqüidade, fixam-se, mentalmente, a
desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e
retendo-os às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante...

Alem dessas formas diversificadas de obsessão, outras há inconscientes ou não, entre as


quais, aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos invólucros
carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso de perturbação e
egocentrismo... ou entre encarnados que mantêm conúbio mental infeliz e demorado...

Obsessores, obsidiados!

A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso,


exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir
apressadamente.

Os tratamentos da obsessão, por conseguinte, são complexos, impondo alta dose de


renúncia e abnegação àqueles que se oferecem e se dedicam a tal mister.

Uma força existe capaz de produzir resultados junto aos perseguidores encarnados ou
desencarnados, conscientes ou inconscientes: a que se deriva da conduta moral. A princípio, o
obsessor dela não se apercebe: no entanto, com o decorrer do tempo, os testemunhos de
elevação moral que enseja, confirmando a nobreza da fé, que professa como servidor do Cristo,
colimam por convencer o algoz da elevação de princípios de que se revestem os atos do seu
doutrinador, terminando por deixar livre, muitas vezes, aquele a quem afligia. Além da
exemplificação cristã, a oração consegue lenir as úlceras morais dos assistidos, conduzindo
benesses de harmonia que apaziguam o desequilibrado, reacendendo nele a sede e a
necessidade da paz.

Nem sempre, porém, os resultados são imediatos. Para a maioria dos Espíritos, o tempo,
conforme se conta na Terra, tem pouca significação. Demoram-se, obstinados, com tenacidade
incomparável nos propósitos a que se entregam, anos a fio, sem que algo de positivo se consiga
fazer, prosseguindo a tarefa insana, em muitos casos, até mesmo depois da morte... Isto porque
do paciente depende a maioria dos resultados nos tratamentos da obsessão. Iniciado o programa
de recuperação, deve este esforçar-se de imediato para a modificação radical do comportamento,
exercitando-se na prática das virtudes cristãs, e, principalmente, moralizando-se. A moralização
do enfermo deve ter caráter prioritário, considerando-se que, através de uma renovação íntima
bem encetada, ele demonstra para o seu desafeto a eficiência das diretrizes que lhe oferecem
como normativa de felicidade.

Merece considerar, neste particular, que o desgaste orgânico e psíquico do médium


enfermo, mesmo depois do afastamento do Espírito malévolo, ocasiona um refazimento mais
demorado, sendo necessária, às vezes, compreensivelmente, assistência médica prolongada.

Diante dos esforços que se conjugam entre o assistente e o assistido, os Espíritos


Superiores interessados no progresso da Humanidade oferecem, também, valiosos recursos que
constituem elementos salutares e preciosos.

Sem tal amparo, toda incursão que se intente no ministério da desobsessão será
improfícua, senão perigosa, pelos resultados negativos que apresenta.

Um espírito lidador, devidamente preparado para as experiências dc socorro aos


obsidiados, é dínamo potente que gera energia eletromagnética, que, aplicada mediante os
passes, produz distonias e desajustes emocionais no hóspede indesejável, afastando-o de
momento e facultando, assim, ao hospedeiro a libertação mental necessária para assepsiar-se
moralmente, reeducando a vontade, meditando em oração, num verdadeiro programa evangélico
bem disciplinado que segura e lentamente, edifica uma cidadela moral de defesa em volta dele
mesmo.

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Por isso o Mestre, diante de determinados perseguidores desencarnados, afirmou: “contra
esta casta de Espíritos só a oração e o jejum”, e após atendei às aflições de cada atormentado
que o buscava, prescrevia invariável e incisivo: “Não voltes a pecar para que algo pior não te
aconteça”.

Quando você escute nos recessos da mente uma idéia torturante que teima por se fixai’,
interrompendo o curso dos pensamentos; quando constate, imperiosa, atuante força psíquica
interferindo nos processos mentais; quando verifique a vontade sendo dominada por outra
vontade que parece dominar; quando experimente inquietação crescente, na intimidade mental,
sem motivos reais; quando sinta o impacto do desalinho espiritual em franco desenvolvimento,
acautele-se, porque você se encontra em processo imperioso e ultriz da obsessão pertinaz.

Transmissão mental de cérebro a cérebro, a obsessão é síndrome alarmante que denuncia


enfermidade grave de erradicação difícil.

A princípio se manifesta como inspiração sutil, depois intempestivamente, para com o


tempo fazer-se interferência da mente obsessora na mente encarnada, com vigor que alcança o
clímax na possessão lamentável.

Idéia negativa que se fixa campo mental que se enfraquece. dando ensejo a idéias
negativas que virão.

Da mesma forma que as enfermidades orgânicas se manifestam onde há carência o


campo obsessivo se desloca da mente para o departamento somático onde as imperfeições
morais do pretérito deixaram marcas profundas no perispírito.

Tabagismo — O fumo, pelos danos que ocasiona ao organismo, é, por isso mesmo,
perigo para o corpo e para a mente.

Hábito vicioso facilita a interferência de mentes desencarnadas também viciadas, que se


ligam em intercâmbio obsessivo simples a caminho de dolorosas desarmonias...

Alcoolemia - Embora necessária para o organismo sujeito a climas frios, o álcool em


dosagens mínimas acelera a digestão, facilitando a diurese (Alguns médicos falam sobre a
desnecessidade do uso de alcoólicos mesmo nos climas frios). No entanto, pelas consequências
sócio-morais que acarreta, quando se perverte em viciação criminosa, simples em começo e
depois aberrante, é veículo de obsessores cruéis ensejando, a alcoólatras desencarnados,
vampirismo impiedoso, com conseqüentes lesões do aparelho fisio-psíquico.

Sexualidade - Sendo porta de santificação para a vida, altar de preservação da espécie, é,


também, veículo de alucinantes manifestações de mentes atormentadas, em estado de angústia
pertinaz. Através dele, sintonizam consciências desencarnadas em indescritível aflição,
mergulhando. em hospedagem violenta nas mentes encarnadas, para se demorarem em
absorções destruidoras do plasma nervoso, gerando obsessões degradantes...

Estupefacientes — A frente da ação deprimente de certas drogas que atuam nos centros
nervosos desborda-se os registros da subconsciência, e impressões do pretérito ressurgem
misturadas às frustrações do presente, já em depósito, realizando conúbio desequilibrante,
através do qual desencarnado em desespero emocional se locupletam, ligando-se aos
atormentados da Terra, conjugando à sua a loucura deles, em possessão selvagem...

Alienação mental – Sendo todo alienado, conforme o próprio verbete denuncia um


ausente, a alienação mental começa muitas vezes, quando o espírito retoma o corpo pela
reencarnação em forma de limitação punitiva ou de corrigenda, ligado a credores antanho, em
marcha inexorável para o aniquilamento da razão, quando não se afirma nas linhas do equilíbrio
moral...

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Glutonaria, maledicência, ira, ciúme, inveja, soberba, avareza, medo, egoísmo, são
estradas de acesso para mentes desatreladas do carro somático em tormentosa e vigilante busca
na Erraticidade, sedentas de comensais, com os quais, em conexão segura, continuam o
enganoso banquete do prazer fugidio...

Por essa razão, a Doutrina Espírita, em convocando o homem ao amor e ao estudo,


prescreve como norma de conduta o Evangelho vivo e atuante - nobre Tratado de Higiene Mental
através de cujas lições haure o espírito vitalidade e renovação, firmeza e dignidade, ensinando a
oração que enseja comunhão com Deus, prescrevendo “jejum” ao crime e continência em relação
ao erro, num vade-mecum salvador para uma existência sadia na Terra, com as vistas voltadas
para uma vida espiritual perfeita.

O problema da obsessão, sob qualquer aspecto considerado, é também problema do


próprio obsidiado.

Atormentada por evocações fixadas nas telas sensíveis do pretérito, a mente encarnada se
encontra ligada à desencarnada, sofrendo, a princípio, Sutis desequilíbrios que depois se
assenhoreiam da organização cerebral, gerando deplorável estágio de vampirização, no qual
vítima e verdugo se completam em conjugação dolorosa e prolongada.

A etiologia das obsessões é complexa e profunda, pois que se origina nos processos
morais lamentáveis, em que ambos os comparsas da aflição dementante se deixaram consumir
pelas vibrações degenerescentes da criminalidade que passou, invariavelmente, ignorada da
coletividade onde viveram como protagonistas do drama ou da tragicomédia em que se
consumiram.

Reencontrando-se, porém, sob o impositivo da Lei inexorável da Divina Justiça, que


estabelece esteja o verdugo jugulado à vítima, pouco importando o tempo e a indumentária que os
distancia ou caracteriza, tem início o comércio mental, às vezes aos primeiros dias da concepção
fetal, para crescer em comunhão acérrima no dia-a-dia da caminhada carnal, quando não precede
à própria concepção...

Simples, de fascinação e de subjugação, consoante a classificação do Codificador cio


Espiritismo, é sempre de difícil extirpação, porquanto o obsidiado, em si mesmo, é um enfermo do
espírito.

Vivendo a inquietação íntima que, lenta e seguramente, o desarvora, procede de início, na


vida em comum, como se encontrasse equilibrado, para, nos instantes de soledade, deixar-se
arrastar a estados anômalos sob as fortes tenazes do perseguidor desencarnado.

Ouvindo a mensagem em caráter telepático transmitida pela mente livre, começa por
aceder ao apelo que lhe chega transformando-se, por fim, em diálogos nos quais se deixa vencer
pela pertinácia do tenaz vingador.

Justapondo-se sutilmente cérebro a cérebro, mente a mente, vontade dominante sobre


vontade que se deixa dominar, órgão a órgão, através do perispírito pelo qual se identifica com o
encarnado, a cada cessão feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença do hóspede,
que se transforma em parasita insidioso, estabelecendo, depois, e muitas vezes em definitivo
enquanto na luta carnal, a simbiose esdrúxula, em que o poder da fixação da vontade dominadora
consegue extinguir a lucidez do dominado, que se deixa apagar...

Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz em si mesmo os
fatores predisponentes e preponderantes - os débitos morais a resgatar que facultam a alienação.

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Descuidado quase sempre dos valores morais e espirituais - defesas respeitáveis que
constroem na alma um baluarte de difícil transposição, o candidato ao processo obsessivo é
irritável, quando não nostálgico, ensejando pelo caráter impressionável o intercâmbio, que
também pode começar nos instantes de parcial desprendimento pelo sono, quando, então,
encontrando o desafeto ou a sua vítima antanho, sente o espicaçar do remorso ou o remorder da
cólera, abrindo as comportas do pensamento aos comunicados que logo advirão, sem que se
possa prever quando terminará a obsessão, que pode alongar-se até mesmo depois da morte...

Estabelecido o contato mental em que o encarnado registra a interferência do pensamento


invasor, soa o sinal alarmante da obsessão em pleno desenvolvimento...

Nesse particular, o Espiritismo, e somente ele, por tratar do estudo da “natureza dos
Espíritos”, possui os anticorpos e sucedâneos eficazes para operar a libertação do enfermo,
libertação que, no entanto, muito depende do próprio paciente, como em todos os processos
patológicos atendidos pelas diversas terapêuticas médicas.

Sendo o obsidiado um calceta, um devedor, é imprescindível que se disponha ao labor


operoso pelo resgate perante a Consciência Universal, agindo de modo positivo, para atender às
sagradas imposições da harmonia estabelecida pelo Excelso Legislador.

Muito embora o desejo de refazimento moral por parte do paciente espiritual, é imperioso
que a renovação íntima com sincero devotamento ao bem lhe confira os títulos do amor e do
trabalho, de forma a atestar a sua real modificação em relação à conduta passada, ensejando ao
acompanhante desencarnado, igualmente, a própria iluminação.

Nesse sentido, a interferência do auxílio fraterno, por outros corações afervorados à


prática da caridade, é muito valiosa, favorecendo ao desencarnado a oportunidade de adquirir
conhecimentos através da psicofonia atormentada, na qual pode haurir força e alento novo para
aprender, meditar, perdoar, esquecer...

No entanto, tal empreendimento, nos moldes em que se fazem necessários, não é fácil.

Somente poucos Núcleos, dentre os que se dedicam a tal mister o da desobsessã, se


encontram aparelhados, tendo-se em vista a tarefa que lhes cabe nos seus quadros complexos...

Na desobsessão, a cirurgia espiritual se faz necessária, senão imprescindível, muitas


vezes, para que os resultados a colimar sejam conseguidos. Além desses, trabalhos especiais
requisitam abnegação e sacrifício dos cooperadores encarnados, com natural doação em larga
escala de esforço moral valioso, para a manipulação das condições mínimas psicoterápicas, no
recinto do socorro, em favor dos desvairados a atender...

Nesse particular, a prece, igualmente, conforme preconiza Allan Kardec, “é o mais


poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor”.

Por isso, em qualquer operação socorrista a que você seja chamado, observe a disposição
moral do seu próprio espírito e ore, alçando-se a Jesus, a Ele pedindo torná-lo alvo dos Espíritos
Puros, por meio dos quais, e somente assim, você poderá oferecer algo em favor de uns e outros:
obsessores e obsidiados.

Examine, desse modo, e sonde o mundo íntimo constantemente para que se não
surpreenda de um momento para outro com a mente em desalinho, atendendo aos apelos dos
desencarnados que o seguem desde ontem, perturbados e infelizes, procurando, enlouquecidos,
“com as próprias mãos fazer justiça”, transformados em verdugos da sua serenidade.

Opere no bem com esforço e perseverança para que o seu exemplo e a sua luta, solvam
sarando a dívida enfermidade que o assinala, libertando-o da áspera prova antes de você
caminhar, aflito, pela senda dolorosa e purificadora.

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Em qualquer circunstância, ao exercício nobre da mediunidade com Jesus, tanto quanto ao
sublime labor desenvolvido pelas sessões sérias de desobsessão, compete o indeclinável
ministério de socorro aos padecentes da obsessão, no sentido de modificarem as expressões de
dor e angústia que vigem na Terra sofrida dos nossos dias.

Atendendo à classificação apresentada por Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”,


capítulo 23, examinemos a patologia das obsessões nos seus três aspectos, a saber: simples, por
fascinação e por subjugação.

OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: ANÁLISE DAS OBSESSÕES SIMPLES

O fundamento da vida é o Espírito, em torno de cuja realidade tudo gira e se manifesta.

O temperamento de toda criatura, ao lado das injunções que compõem o quadro da sua
existência, é uma decorrência natural do somatório dos valores que transitam pelas várias
reencarnações, a transferirem-se de uma para outra etapa carnal.

Programado pelo fatalismo da evolução para o progresso que o conduzirá à perfeição


relativa, o Espírito cresce sob a claridade do amor, normalmente estimulado pelo aguilhão do
sofrimento, que ele se propicia, em razão da rebeldia como da insatisfação que lhe são as
relevantes excrescências do egoísmo.

Trazendo em gérmen a divina presença donde se origina, adquire através das


experiências que lhe apraz viver, os recursos para progredir, estacionar ou retardar o
desenvolvimento das funções que lhe são inerentes e de que se não poderá eximir por mais que
lhe agrade, caso derrape na alucinação comburente da desdita em que se fixe...

Quando não funcionem os estímulos para o progresso e deseje postergá-lo, imposições da


própria Lei jungem-no ao processo de crescimento, mediante as expiações lenificadoras que o
depuram, cooperando para a eliminação das sedimentadas mazelas que o martirizam...

A aquisição da paz, por isso mesmo, é uma resultante de lutas e esforços que o
disciplinam, condicionando-lhe os hábitos salutares, através dos quais se harmoniza com a vida.

Nesse processo, como em outro qualquer, a mente é o espelho a refletir os estados


íntimos, as conquistas logradas e as por conseguir.

Dínamo gerador de recursos psicofísicos, ao comando do Espírito que lhe utiliza da


cerebração, nas paisagens mentais facilmente se expressa os estados múltiplos da
personalidade, encadeando sucessos ou fracassos, que se exteriorizam em formas depressivas,
ansiosas, traumáticas, neurastênicas e outras, dando gênese a enfermidades psíquicas de
variada e complexa nomenclatura.

Em face desses estados mórbidos - originados nas existências passadas por desrespeito
aos Soberanos Códigos da Vida abrem-se largas brechas que facultam e estimulam as
parasitoses espirituais, que degeneram em síndromes obsessivas, não raro prolongando-se até se
converterem em subjugações de curso irreversível.

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7

OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: ANÁLISE DAS OBSESSÕES FASCINAÇÃO

Estabelecidos os liames da comunicação, o processo continua no sentido de se firmarem


os plugs do canal obsessivo no recipiendário, que a partir daí comparte as suas com as idéias que
lhe são insufladas.

À medida que o campo mental da vítima cede área, esta assimila não apenas a indução
telepática, mas também as atitudes e formas de ser do seu hóspede.

Nesse interregno, a pessoa perde a noção do ridículo e das medidas habituais que
caracterizam o discernimento, acatando sugestões que incorporam, aceitando inspirações como
diretrizes que a todos se apresentam como disparates e que a ela são perfeitamente lógicas.

Porque conhecem as imperfeições morais, o caráter e a conduta daqueles aos quais


perturbam, os Espíritos inspiram e impõem as idéias absurdas com que objetivam isolar o
paciente dos recursos e pessoas que os podem auxiliar.

Insuflam-lhes o orgulho de missões especiais, camuflado em humildade e passividade


errôneas, que os tornam falsamente místicos, ou revoltam-nos quando se sentem desmascarados
pela razão e perspicácia das pessoas lúcidas e conhecedoras de tais infelizes técnicas, crendo
que são reformadores e apóstolos encarregados de mudarem as estruturas da vida ao talante da
irresponsabilidade e presunção.

Enquanto se barafustam no pandemônio da fascinação de que se tornam fácil presa,


desconectam-se as últimas defesas e arreiam as comportas dos diques da lógica, dando
oportunidade à incidência mais complexa da turbação mental.

Bem se pode depreender das dificuldades que o problema sugere e impõe, por se não
poder contar com o auxílio do obsesso.

Em toda obsessão, como em qualquer sofrimento, estão em pauta os recursos débito


crédito do indivíduo. Certamente que, a disposição de que este se revista muito contribuirá, e
decisivamente, para os resultados do tentame, liberativo ou afugente, conforme o empenho que
coloque.

A dor resulta do desrespeito à ordem estabelecida, quanto o ódio é fruto do egoísmo, do


personalismo magoado.

Ninguém que esteja programado para o sofrimento, a desídia, o mal.

Desarmando-se dos recursos defensivos, tomba o homem na agressão que o sitia ou


enfrenta.

Os esforços que empreende, a par das ações que executa, constituem-lhe couraça contra
o mal, conquistas para alçá-lo às faixas vibratórias próprias que o defendem e liberam.

A fascinação, por isso mesmo, decorre da indolência moral e mental do paciente e do


exacerbar dos seus valores negativos, que são espicaçados habilmente pelo seu antagonista
espiritual.

Em consequência, os tentames para a libertação se apresentam mais complexos, exigindo


abnegação, esforço, assistência contínua.

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8

OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: OBSESSÃO POR SUBJUGAÇÃO

Em cada caso de alienação obsessiva encontram-se razões propelentes que caracterizam,


especificamente, o processo. Em razão disso, apesar de a gênese serem as faltas morais do
enfermo e o agente, a Entidade desencarnada, os móveis predisponentes e preponderantes
variam de acordo com cada pessoa.

A terapêutica, embora seja genericamente a mesma, seus resultados variam segundo os


pacientes, suas fichas cármicas e os esforços que empreendem para destrinçarem a trama em
que se envolvem.

No painel das obsessões, à medida que se agrava o quadro da interferência, a vontade do


hospedeiro perde os contatos de comando pessoal, na razão direta em que o invasor assume a
governança.

E mais grave quando se trata de Espírito mais lúcido, técnica e intelectualmente, que se
assenhoreia dos centros cerebrais com a imposição de uma deliberação bem concentrada nos
móveis que persegue, manipulando com habilidade os dispositivos mentais e físicos do alienado.

Assim, a subjugação pode ser física, psíquica e simultaneamente físio-psíquica.

A primeira, não implica na perda da lucidez intelectual, porquanto a ação dá-se


diretamente sobre os centros motores, obrigando o indivíduo, não obstante se negue à
obediência, a ceder à violência que o oprime. Neste caso, podem irromper enfermidades
orgânicas, por se criarem condições celulares próprias para a contaminação por vírus e bactérias,
ou mesmo sob a vigorosa e contínua ação fluídica dilacerarem-se os tecidos fisiológicos ou
perturbar-se o anabolismo como o catabolismo, incidindo em distúrbio no metabolismo geral, com
singulares prejuízos físicos...

No segundo caso, o paciente vai dominado mentalmente, tombando em estado de


passividade, não raro sob tortura emocional, chegando a perder por completo a lucidez, o que não
afeta o Espírito encarnado propriamente dito, que experimenta a injunção penosa pela qual purga
a irresponsabilidade e os delitos passados. Perde temporária ou definitivamente durante a sua
atual reencarnação a área da consciência, não se podendo livremente expressar.

Um contínuo aturdimento o torna. A visão, a audição como os demais sentidos confundem


a realidade objetiva ao império das vibrações e faixas que registra desordenadamente na esfera
física e na espiritual.

O Espírito encarnado movimenta-se num labirinto que o atemoriza, algemado a um


adversário que lhe é impenitente, maltratando-o, aterrando-o com ameaças cruéis, em parasitose
firme na desconsertada casa mental.

Por fim, assenhoreia-se, simultaneamente, dos centros do comando motor e domina


fisicamente a vítima, que lhe fica inerte, subjugada, cometendo atrocidades sem nome.

Nos processos obsessivos, não deixemos de repeti-lo, estão incursas na Lei as pessoas
que constituem o grupo familiar e o social do paciente, aí situado por necessidade evolutiva e de
resgate para todos.

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Não se podem evadir à responsabilidade os que foram cúmplices ou co-autores dos
delitos, quando os infratores mais comprometidos são alcançados pela irrefragável justiça.
Reunido ou religados pelo parentesco sangüíneo ou através de conjunturas da afetividade, da
afinidade, formam os grupos onde são alcançados pelos recursos reeducativos, no tentame do
progresso.

A cruz da obsessão é peso que tomba sempre sobre os ombros das consciências
comprometidas.

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NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: OBSESSÕES ESPECIAIS

Ninguém se equivoque! Obsessores há desencarnados, exercendo maléfica influenciação


sobre os homens, e encarnados, de mente vigorosa, exercendo pressão deprimente sobre os
deambulantes da Erraticidade.

O comércio existente entre os Espíritos e as criaturas da Terra, em regime de perseguição,


é paralelo ao vigente entre os homens e os que perderam a indumentária física.

Obsessões especiais, identificamos que, são também produzidas por encarnados sobre
encarnados.

O pensamento é sempre o dínamo vigoroso que emite ondas e que registra vibrações, em
intercâmbio ininterrupto nas diversas faixas que circulam a Terra.

Mentes viciadas e em tormento, não poucas vezes escravas da mono idéia obsessiva,
sincronizam com outras mentes desprevenidas e ociosas, gerando pressão devastadora.

Aguilhões freqüentes perturbam o comportamento de muitas criaturas que se sentem


vinculadas ou dirigidas por fortes constrições nos painéis mentais, inquietantes e afugentes...
Muitos processos graves de alienação mental têm início quando os seres constrangidos por essa
força possuidora, ao invés de a repelirem, acalentam-lhe os miasmas pertinazes que terminam por
assenhorear-se do campo em que se espalham.

Em casos dessa natureza, o agente opressor influencia de tal forma o paciente perturbado
que não é raro originar-se o grave problema do vampirismo espiritual por processo de absorção
do plasma mental. Quando em parcial desprendimento pelo sono, o espírito parasita busca a sua
vítima, irresponsável ou coagida, prosseguindo no nefando consórcio nessas horas que são
reservadas para edificação espiritual e renovação da paisagem orgânica. Produzida a sintonia
deletéria mui dificilmente aqueles que alojam os pensamentos infelizes conseguem libertar-se.

Nos diversos problemas obsessivos, há que examiná-los para selecionar os que procedem
do continente da alma encarnada e os que se vinculam aos quadros aflitivos do mundo espiritual.

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O ódio tanto quanto o amor desvairado constituem elementos matrizes dessas obsessões
especiais. O ódio, pela fixação demorada acerca da vindita, cria um condicionamento psíquico que
emite ondas em direção segura, envolvendo o se almejado que. se não se encontra devidamente
amparado nos princípios superiores da vida, capazes de destruírem as ondas invasoras, termina
por se deixar algemar. E o amor tresloucado que se impõe quanto à posse física do objeto
requestado, conduz o espírito que está atormentado à visitação, a princípio da alma nos períodos
do sono reparador, até criar a intercomunicação que degenera em aflitivo quadro de desgaste
orgânico e psíquico, não somente do vampirizado, corno também mediante a alucinação do
vampirizador.

Em qualquer hipótese, no entanto, as diretivas clarificantes da mensagem de Jesus são


rotas e veículos de luz libertadora para ensejar a uns e outros, obsidiados e obsessores, os meios
de superação.

Nesse sentido, a exortação de Allan Kardec em torno do trabalho é de uma eficácia


incomum, porque o trabalho edificante é mecanismo de oração transcendental e a mente que
trabalha situa-se na defensiva. A solidariedade é como uma usina que produz a força positiva do
amor, e, como o amor é a causa motriz do Universo, aquele que se afervora à mecânica da
solidariedade sintoniza com os Instrutores da ordem, que dirigem o Orbe. E a tolerância, que é a
manifestação desse mesmo amor em forma de piedade edificante, transforma-se em couraça de
luz, vigorosa e maleável, capaz de destruir os petardos do ódio ultriz ou os projéteis do desejo
desordenado, porquanto, na tolerância fraternal, se anulam as vibrações negativas desta ou
daquela procedência.

Assim sendo, a tríade recomendada pelo Egrégio Codificador reflete a ação, a oração e a
vigilância preconizadas por Jesus - processos edificantes de saúde espiritual e ponte que alça o
viandante sofredor da Terra ao planalto redentor das Esferas Espirituais, livre de toda a constrição
e angústia.

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OBRA: ANTOLOGIA ESPIRITUAL

TEMÁTICA: OBSESSÕES INTERMITENTES

Na gênese das enfermidades físicas e psíquicas, temos como fator preponderante a lei de
causa e efeito. Particularmente, nas patologias de largo porte são inevitáveis as ocorrências dessa
lei que remontam às experiências malogradas em reencarnações transatas.

O homem e a mulher reencarnam-se sob os condicionamentos e conseqüências dos


próprios atos, que se tornam responsáveis pelo patrimônio de que se fazem portadores.

A incidência dos distúrbios no comportamento, como nas expressões psíquicas, resulta da


interferência dos equívocos graves que o ser se permitiu, gerando os profundos desajustes e
desarmonias dos equipamentos nervosos e cerebrais.

Da mesma forma, as energias dissolventes que fazem parte da realidade espiritual,


mediante o perispírito, facultam receptividade às vidas microbianas degenerativas, que permitem
a instalação de doenças graves, ou assinalam fortemente o corpo, produzindo deformações que
se expressam como anomalias
da mais variada catalogação.

Os indivíduos são, por conseguinte, o suceder do seu pretérito, assinalando a vilegiatura


carnal com as conquistas positivas ou perniciosas de cada reencarnação.

Nesse contexto, surgem as interferências de natureza espiritual perturbadora que, por


vários motivos sob os quais se ocultam, produzem lamentáveis processos obsessivos, que
estiolam milhões de vidas, aturdem os sentimentos desarticulam a razão, levando a estados de
alucinação e suicídio aqueles que lhes experimentam as injunções.

Os processos obsessivos respondem por cobranças morais, nas quais os litigantes


desencarnados, fixados na própria inferioridade, dão campo aos sentimentos mórbidos ensejando
oportunidade aos processos degenerativos de interferência psíquica ou física, colocando plugs
vibratórios nas tornadas dos hospedeiros humanos, que lhes são as culpas fixadas no ádito do
ser.

As obsessões são enfermidades graves e quase desconhecidas, mesmo por aqueles que
se dedicam ao seu estudo e terapia.

Variando em caráter, tipo e profundidade, conforme as razões que as estabelecem, exigem


cuidados muito especiais e pacientes, de todos quantos se dedicam à sua erradicação.
Tarefa complexa essa, exige perseverança e humildade, especialmente de quem lhes sofre a inter
ocorrência.

A recuperação não libera, porém, as vítimas. de responsabilidades em relação aos seus


algozes e ao seu próximo. antes, pelo contrário, amplia-lhes a compreensão em torno da vida e do
comportamento, que devem alterar-se para melhor, assim gerando novos fatores de saúde, que
irão agir nas fontes celulares, produzindo futuros resultados ou harmonizando os implementos
neuronais, os sistemas nervosos, respiratório, circulatório e tornando-se equilíbrio que produz
harmonia.

Dentre as várias manifestações obsessivas, uma passa quase despercebida, sendo, por
isso mesmo, de alta gravidade pela razão de raramente chamar a atenção, graças às suas
sutilezas e características especiais.

Referimo-nos às obsessões intermitentes.

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Elas são freqüentemente variantes, isto é apresentam-se voluptuosas e destruidoras em
determinados períodos para desaparecerem quase completamente em outros.

Suas vítimas experimentam injunções cruéis, vivendo sob verdadeiras espadas de


Dâmocles, prestes a terem ceifadas a paz, a saúde, a vida...

Aqueles que sofrem as ações dos espíritos perversos e no caso em tela, muito lúcidos e
cruéis passam períodos de otimismo e realizações edificantes para subitamente, derraparem em
paixões sórdidas, depressões sem causa aparente
ou exaltação de violência...

Durante a incidência da perturbação, esses seres chegam às raias da loucura, perdendo o


discernimento e a lucidez permitindo-se comportamentos esdrúxulos, atitudes surpreendentes em
estados desequilibrados da alma.

Isto, porque, os seus adversários espirituais, que os conhecem identificam os seus defeitos
e sabem quais as suas imperfeições, graças aos quais têm preferências estranhas permitindo-se
licenças morais que se tornam campo propício à penetração e assimilação pelo paciente da
energia obsessiva.

Esse fenômeno perturbador ocorre, como é natural, porque o enfermo cultiva os hábitos
viciosos que procedem de outras existências, ou que são adquiridos mais recentemente a cujo
exercício de prazer se entregam inerrnes. Têm a mente
enriquecida de extravagâncias e comportamentos defeituosos não se esforçando por liberar-se
em definitivo dos ins tinto primários nem das paixões selvagens.

As pessoas que sofrem obsessões intermitentes marcham sobre sombras que necessitam
ser desbastadas com a luz da conduta nobre, da ação edificante e da prece inspirativa...

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OBRA: TRAMAS DO DESTINO.

TEMÁTICA: OBSESSÃO E TRAMAS DO DESTINO

Muito fácil, senão de todo improvável ao estudioso da problemática humana, compreender


do ponto de vista da unicidade das existências as tramas do destino.

Examinada apenas uma vida, mesmo com o melhor apuro psicológico, não se dispõe de
dados para explicar a justiça divina, em se considerando a pluralidade dos sucessos felizes e
desgraçados que gravitam em torno dos homens, e que os distingue na vasta gama policromada
das suas conquistas e quedas.

De um só golpe, é inexequível tentar abarcar o campo de ação e as ocorrências num todo


fixo e completo, no qual o homem seja uma peça impulsionada por um determinismo cego ou
alguém cujo livre-arbítrio disponha de uma clarividência muito especial para tudo realizar numa só
vida, acertando e sublimando-se, equivocando-se e reabilitando-se.

As conceituações da predestinação pela graça, das concessões pelo ingresso no paraíso e


das punições infernais encontram-se ultrapassadas, mesmo no seio de algumas das religiões que
as prescreviam.

Por outro lado, negando-se o Autor Divino da Criação, e a vida sendo relegada ao caos,
isto não basta para explicar os porquês inteligentes que a todos assomam e dominam, diante das
incontáveis aquisições do espírito humano, aturdido em face das inquestionáveis provas da
sobrevivência do ser, da comunicabilidade do princípio intelectual depois do túmulo...

As modernas doutrinas da Parapsicologia, da Psicobiofísica e outras ciências


experimentais equivalentes tentam colocar no lugar do Espírito, com que não se defrontam nos
seus laboratórios, sucedâneos materialistas e energeticistas, sem o êxito que seria de esperar-se,
porquanto esses mesmos agentes se esboroam, quando colocados diante de novos fatos que
espocam, incessantes.

A temerária reação contra o Espírito, entidade inteligente que preexiste ao corpo e lhe
sucede após a morte, vivendo com ou sem a aparelhagem somática, lentamente vai sendo
vencida, embora a cautelosa posição assumida pelos pesquisadores científicos e estudiosos da
atualidade.

Mantendo intransigente atitude contrária à Religião, de que a Ciência foi vítima


milenarmente, transitam os modernos parapsicólogos e psicobiofísicos, com algumas exceções,
adotando intolerantes posições de anátema contra a fé, numa reação injustificável.

Asseveram que ainda não têm provas concludentes, definitivas, da sobrevivência do


Espírito ao túmulo, nem documentação alguma que consiga provar a existência da alma.

Toda vez que um fato novo faz soçobrar a teoria negativista anterior, apressam-se por
elaborar outra que atenda com relativa eficiência ao propósito a que se aferram, na mesma
inquietação e insegurança que caracterizavam os metapsiquistas de ontem e os psiquistas do
passado.

A imortalidade, no entanto, triunfa sobre os seus negadores.

Os homens interexistentes, os homens psi multiplicam-se e os fenômenos de que são


objeto impõem urgente reconsideração nas idéias e opiniões preconceituosas.

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As enfermidades da mente sucedem-se, avassaladoras. na razão direta era que os
métodos psiquiátricos, psicanalíticos e psicológicos se aprimoram, incapazes de deter a grande
avalancha dos distônicos, dos esquizóides, dos neuróticos, dos psicóticos...

Saturado de tecnicismo, o homem cético arroja-se na busca das emoções fortes e


ressuscitam cultos demoníacos missas negras, sabats, ansioso pelo sobrenatural, pelo
fantástico...

As orgias de sangue, sexo e droga fazem-no recuar às origens do primitivismo, revelando


a falência das conquistas extrínsecas e o malogro da ética dissociada das aspirações legítimas,
tornada passadista...

Fantasmas reais e imaginários prenunciam hecatombes gerais, desde que as parciais se


sucedem por toda parte...

As soluções superficiais e apressadas não resolvem as questões complexas de


profundidade, atenuando na superfície os efeitos, sem remover nas causas as legítimas raízes em
que se fixam os males contínuos.

O homem hodierno se encontra aturdido.

Adicionando-se a essas inquietantes injunções, surgem parasitoses espirituais, que os


acadêmicos insistem em ignorar, teimando desconsiderá-las.

Não obstante, nas células espíritas onde vibram as harmonias de Consolador prometido
por Jesus, reaparece a terapêutica do Evangelho, através de técnicas especiais com que se
libertam perseguidos e perseguidores, facultando-se-lhes a saúde íntima, a paz...

Nas suas nobres tarefas de desobsessão defrontam-se os dois mundos em litígio: o


espiritual e o físico, de cujos painéis se pode apreender, nas causas reais, a lógica dos efeitos que
engendram e produzem as tramas dos destinos.

Mediante o conhecimento da reencarnação, da pluralidade das existências planetárias,


formarem-se o quadro esclarecedor, para se entenderem as ocorrências que escapam
aparentemente misteriosas, muitas vezes inexplicáveis...

O homem não experimenta urna só e única vida terrestre.

A Terra é seu berço e sua escola, onde evolute, demandando mais altas aquisições
espirituais.

Suas experiências exitosas ou malsucedidas produzem a engrenagem em que se


movimentará no futuro.

A cada ação corresponde uma reação equivalente.

Não sendo a morte mais do que uma transferência de posição vibratória, a vida mantém
sua interação e harmonia nas diversas situações no corpo físico e fora dele, sem qualquer solução
de continuidade ou defasagem perturbante.

Muitos dos problemas graves, no contingente da saúde física e mental que a Medicina
depara a cada momento, têm suas raízes no pretérito espiritual do paciente.

Seus erros e suas aquisições fazem-se os agentes da sua paz ou da sua perturbação.

Reencarnando cada qual com a soma das próprias experiências, diferentes são as
situações pessoais, conforme se observa no mundo.

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Vinculados aos desafetos de que se desejaram livrar, mas de que não se liberaram,
padecem-lhes as injunções e influências maléficas.

Auto-obsessões, obsessões, subjugações são capítulos que merecem da Patologia


Médica, estudo simultâneo à base dos postulados do Espiritismo.

A reencarnação é a chave para a explicação dos seus enigmas.

Ao lado das terapêuticas valiosas, ora aplicadas nos obsessos de vário porte, impõem-se
os recursos valiosos e salutares da fluidoterapia e das expressivas contribuições doutrinárias da
Terceira Revelação, que traz de volta os insuperáveis métodos evangélicos de que se fez
expoente máximo Jesus, o Divino Médico de todos nós.

O amor e a prece, o perdão e a caridade, a tolerância e a confiança, a fé e a esperança


não são apenas virtudes vinculadas às religiões passadas, porém, insubstituíveis valores de
higiene mental, de psicoterapia, de laborterapia, que se fazem de urgência para neutralizar as
ondas crescentes do ódio e da revolta, da vingança e da mágoa, da intolerância e da suspeita, da
descrença e da desesperança, que irrompem e se instalam no homem, tudo avassalando
intempestivamente.

A Doutrina Espírita dispõe de valiosos tesouros para a aquisição da felicidade na Terra e


depois da desencarnação.

Conhecê-la e praticar-lhe os ensinos representa uma oportunidade ditosa para aqueles


que aspiram a melhores dias, anelam por paz e laboram pelo bem.

Mergulham, diariamente, na roupagem carnal, com objetivos relevantes, Espíritos felizes


que se olvidam dos gozos que podem fruir, objetivando, através do amor, alçarem às Regiões da
Ventura antigos companheiros que, por teimosia, equívoco ou rebeldia contumazes, naufragaram
nas experiências da evolução, detendo-se em lamentáveis estados de perturbação.

Enxameiam por toda parte províncias de sombra e agonia, cujas paisagens ermas e
doentias mais envenenam os que ali se detêm, graças à exteriorização miasmática dos seus
pensamentos em desalinho e das suas personalidades enfermas...

Aglutinados em magotes compactos ou formando comunidades inditosas, constituem


esses locais verdadeiras “cidades de dor”, onde expungem, esses desventurados seres, os
gravames que os ferreteiam, sicários uns dos outros, conforme as habilidades e as
permissividades que cultivaram pela astúcia ou pela perversidade, enquanto transitaram pelo
domicílio corporal...

Hebetados uns e enfurecidos outros, constituem estranha e inditosa mole que se


movimenta sem direção, padecendo indescritíveis horrores ou produzindo deploráveis dores em si
mesmos como no próximo, a quem se vinculam ou imantam consoante afinidades existentes que
os fixa, reciprocamente, em vigorosas sintonias obsidentes.

O conceito teológico sobre o Inferno, extraindo-se dele o caráter de eternidade que não
possui, empalidece, tendo-se em vista esses múltiplos submundos que se multiplicam
terrificantes, quer na Terra, em locais específicos, quer em torno do Orbe, experimentando as
mesmas conjunturas da gravitação a que se prende o Planeta...

Nessas lôbregas sociedades espirituais raramente vigem a piedade e a esperança, graças


aos inconcebíveis conciliábulos da desdita que subjuga os ali recolhidos, cujos chefes
draconianos se arrogam direitos de justiçar, perseguindo não apenas os que lhes facultam o
assédio após a desencarnação, como os homens que lhes experimentam a influência por natural
processo de vinculação morai e psíquica, em torpe comércio obsessivo de grave porte.

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Sucede que a vida humana, assinalada pelo desequilíbrio na superfície do mundo, reflete
só palidamente as realidades que promanam das Esferas Espirituais Inferiores, por serem nestas
que surgem os fatores reais, modeladores daqueles insucessos... Dessa forma, em tais labirintos
de pesadelos e horror, programam-se incontáveis desgraças, individuais ou coletivas, que
estrugem violentas entre os deambulantes das formas físicas...

Nada obstante, o vigilante amor de Nosso Pai compadecido procede periodicamente a


expurgos lenificadores, emigrações em grupo, encaminhando legiões desses desditosos,
coletivamente, à experiência reencarnacionista, com vistas à melhoria deles e à diminuição da
psicosfera que os envenena e degenera, perturbando de certo modo, a economia moral da
Terra...

Freqüentemente, em nome desse amor, caravanas de abnegados enfermeiros espirituais e


missionários da caridade condensam suas energias sutis e vão até esses dédalos de alucinação e
crime, usando a misericórdia e a solidariedade com que sensibilizam os mais feridos e agoniados,
ajudando-os a se renovarem interiormente, propiciando-lhes a modificação vibratória com que se
deslocam mentalmente dos martírios que os supliciam e, sob a cariciosa vitalização da prece
como da afetividade em despertamento, permitem-se recolhê-los e encaminhá-los a ninhos de
repouso e campos de refazimento, onde se armam de forças para os cometimentos futuros...

Abençoados por verdadeiros indultos divinos que lhes facultam o pagamento das pesadas
dívidas em clima menos denso de angústia, nos círculos do sofrimento corporal e moral, são
recambiados, logo que possível, à carne, esse bendito escafandro para a atmosfera terrestre,
nossa escola de redenção.

Ante o claro lucilar das estrelas em cada noite, sob o pálio da prece luarizante, tais
Mensageiros da bondade e da renúncia descem às furnas ou deambulam nos rumos dos
hospitais-purgatórios coletivos, a recolherem os arrependidos os sensibilizados que foram
atingidos pela magnanimidade do Cordeiro Celeste e de sua Augusta Mãe, a Excelsa Mãe de toda
a Humanidade, sublime intercessora de todos nós.

Guardando, porém, com a retaguarda donde procedem, os vínculos de dor e aspirando as


forças psíquicas com que se sustentaram longamente, trazem para os círculos carnais os sinais
dos erros, os estigmas de que necessitam liberar-se bem como as fixações da demência em que
se escondem dos sicários ou as matrizes para oportunas realizações em consórcio obsessivo com
que se erguerão da desgraça e poderão alçar à felicidade os antigos asseclas, que lhes foram
vítimas, ora travestidos em algozes impenitentes...

Na tecelagem dos destinos humanos, os fios que atam as malhas das redes dos
compromissos procedem sempre das vidas transatas.

Nenhum acaso existe regendo ocorrências, nenhuma força fortuita aparece acolhendo a
esmo.

Os atos geram efeitos que rumam na direção de opções ao alcance das circunstâncias
para a eclosão das Leis Divinas dentro do equilíbrio cármico, através das “causas e efeito”.

Em toda obsessão, simples ou subjugadora, corno quer que se apresente, a trama dos
destinos se situa no passado espiritual dos litigantes em forma de fatores causais.

Forrar-se de amor e conhecimento, a fim de ajudar com proficiência, tal deve ser a atitude
de quem se candidata a esse ministério de terapia providencial.

43
12

OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: RECEPÇÃO DA IDÉIA PERTURBADORA

Vivendo num permanente intercâmbio, consciente ou inconsciente, os Espíritos tanto


encarnados quanto desencarnados participamos das vivências no corpo e fora dele.

Não apenas por processos de desforço pessoal, em que os desafetos se buscam para
produzirem-se males e cobranças injustificáveis, como por fatores de variada motivação,
assimilam-se idéias e pensamentos pela simples sintonia da onda própria em que se situam as
mentes.

Assaltada por vibrações negativas, a mente ociosa ou indisciplinada, viciada ou rebelde,


logo registra a interferência e, porque se não ajusta a um programa educativo da vontade, recebe
o impulso da idéia, permitindo-se aceitar a sugestão perturbadora, que agasalha e vitaliza sob a
natural acomodação dos complexos e recalques, dos comportamentos pessimistas ou exaltados
que são peculiares a cada qual.

Aceita a indução, forma-se uma tomada para a ligação com a sombra, em regime de
intercâmbio psíquico.

13

OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: INTERCAMBIO MENTAL

Fixada a idéia infeliz, os porões do inconsciente desbordam as impressões angustiosas


que dormem armazenadas, confundindo-se, na consciência, com as informações atuais, ao tempo
em que se encontra em desordem pela influência da parasitose externa que se vai assenhoreando
do campo exposto, sem defesas.

Por natural processo seletivo, e tendo em contas as tendências, as preferências


emocionais e intelectuais do paciente, a injunção produz melhor aceitação das recordações
perniciosas, que servem de veículo e acesso ao pensamento do invasor.

A polivalência mental, em casos desta natureza, tende ao que produz os quadros da


fascinação torturante e, por fim, da subjugação de difícil reversibilidade.

A obsessão simples é parasitose comum em quase todas as criaturas, em se


considerando o natural intercurso psíquico vigente em todas as partes do Universo.

Tendo-se em vista a infinita variedade das posições vibratórias em que se demoram os


homens, estes sofrem, quanto influem em tais faixas, sintonizando, por processo normal, com os
outros comensais aí situados.

Se são portadores de aspirações nobilitantes, onde se fixem, haurem maior impulso para o
crescimento.

melhoria deles e à diminuição da psicosfera que os envenena e degenera, perturbando de certo


modo, a economia moral da Terra...

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Frequentemente, em nome desse amor, caravanas de abnegados enfermeiros espirituais e
missionários da caridade condensam suas energias sutis e vão até esses dédalos de alucinação e
crime, usando a misericórdia e a solidariedade com que sensibilizam os mais feridos e agoniados,
ajudando-os a se renovarem interiormente, propiciando-lhes a modificação vibratória com que se
deslocam mentalmente dos martírios que os supliciam e, sob a cariciosa vitalização da prece
como da afetividade em redespertamento, permitem-se recolhê-los e encaminhá-los a ninhos de
repouso e campos de refazimento, onde se armam de forças para os cometimentos futuros...

Abençoados por verdadeiros indultos divinos que lhes incultam o pagamento das pesadas
dívidas em clima menos denso de angústia, nos círculos do sofrimento corporal e moral, são
recambiados, logo que possível, à carne, esse bendito escafandro para a atmosfera terrestre,
nossa escola de redenção.

Ante o claro lucilar das estrelas em cada noite, sob o pálio da prece luarizante, tais
Mensageiros da bondade e da renuncia descem às furnas ou deambulam nos rumos dos
hospitais-purgatórios coletivos, a recolherem os arrependidos os sensibilizados que foram
atingidos pela magnanimidade do Cordeiro Celeste e de sua Augusta Mãe, a Excelsa Mãe de toda
a Humanidade, sublime intercessora de todos nós.

Guardando, porém, com a retaguarda donde procedem. os vínculos de dor e aspirando as


forças psíquicas com que se sustentaram longamente, trazem para os círculos carnais os sinais
dos erros, os estigmas de que necessitam liberar-se bem como as fixações da demência em que
se escondem dos sicários ou as matrizes para oportunas realizações em consórcio obsessivo com
que se erguerão da desgraça e poderão alçar à felicidade os antigos asseclas, que lhes foram
vítimas, ora travestidos em algozes impenitentes...

Na tecelagem dos destinos humanos, os fios que atam as malhas das redes dos
compromissos procedem sempre das vidas transatas.

Nenhum acaso existe regendo ocorrências, nenhuma força fortuita aparece acolhendo a
esmo.

Os atos geram efeitos que rumam na direção de opções ao alcance das circunstâncias
para a eclosão das Leis Divinas. dentro do equilíbrio cármico, através das “causas e efeitos”.

Em toda obsessão, simples ou subjugadora, como quer que se apresente, a trama dos
destinos se situa no passado espiritual dos litigantes em forma de fatores causais.

Forrar-se de amor e conhecimento, a fim de ajudar com proficiência, tal deve ser a atitude
de quem se candidata a esse ministério de terapia providencial.

Permanecendo na construção do bem, dificilmente assimilam as induções perversas ou


criminosas procedentes dos estagiários das regiões inferiores.

Não ficam, no entanto, indenes à agressão temporária ou permanente de que se liberam


em face dos objetivos morais que perseguem, graças aos quais vibram em mais elevada escala
psíquica.

Se interessados, porém, nas colocações da vulgaridade e do prazer, da impiedade ou da


preguiça, do vício ou da desordem recebem maior influxo de ondas mentais equivalentes,
resvalando para os despenhadeiros da emoção aturdida, do desequilíbrio...

Tais pacientes conduzem ao leito, antes do repouso físico, as apreensões angustiantes, as


ambições desenfreadas, as paixões perturbadoras, demorando-se em reflexões que as vitalizam,
vivendo-as pela mente, quando não encontram meios de fruí-las fisicamente...

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Ao se desdobrarem sob a ação do sono, encontram-se com os afins encarnados ou não
com os quais se identificam, recebendo mais ampla carga de necessidades falsas, ou dando
campo aos estados anelados que mais os turbam e afligem.
Quando despertam, trazem a mente atribulada, tarda, sob incômodo cansaço físico e
psíquico, encontrando dificuldade para fixar os compromissos e as lições edificantes da vida.

Nessa posição a idéia obsidente, fixada e a viciação estabelecida dá-se o intercâmbio


mental.

Já não se trata do pensamento que busca acolhida, senão da atividade que tenta
intercâmbio, mantendo diálogo, discutindo, analisando as questões em pauta sempre de natureza
prejudicial e que, a uma pessoa sadia, causaria repulsa instintiva, mas que o paciente gosta de
cultivar, do que decorre a predominância do parasita espiritual, que mais se acerca psiquicamente
da casa mental e da vontade do seu consorte.

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OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: REFLEXOS DA INTERFERÊNCIA

Surge como efeito natural, a síndrome da inquietação: as desconfianças, os estados de


insegurança pessoal, as enfermidades de pequena monta, os insucessos em torno do obsidiado
que soma as angústias, dando campo a incertezas, a mais ampla perturbação interior.

Gera uma psicosfera perniciosa à própria volta pela eliminação dos fluidos deletérios de
que é vítima e absorve-a mais condensada, por escusar-se ouvir sadias questões, participar dc
convívios amenos, ler páginas edificantes, auxiliar o próximo, renovar-se pela oração.

Conforme a constituição temperamental, que é um fator de relevante importância, faz-se


apático, se tende à depressão, adentrando-se pela melancolia, em razão da mensagem telepática
deprimente e dos clichês mentais pessimistas que ressumam do arquivo da inconsciência. No
sentido oposto, se é dotado de constituição nervosa excitada, torna-se agressivo, violento, em
desarmonia de atitudes explode por monadas do que logo se arrepende, expondo a aparelhagem
psíquica e os nervos a altas cargas de energias que danificam os sensores e condutores
nervosos, com singulares prejuízos para a organização físio-psíquica.

Nesse período podem-se perceber os estereótipos da obsessão, que facilmente se


revelam pelas atitudes inusitadas, pelo comportamento ambivalente equilíbrio e distonia,
depressão e excitação, alienando a criatura.

Aos hábitos salutares vão-se sucedendo as reações intempestivas, rotuladas como


exóticas, a perda dos conceitos de critério e valor, que dão lugar a estranhas quão paradoxais
formas de conduta.

A linha do equilíbrio psíquico é muito tênue e delicada.

As interferências de qualquer natureza sobre a faixa de movimentação da personalidade,


quase sempre produzem distúrbio, por empurrarem o indivíduo a procedimentos irregulares a
princípio, que depois se fixam em delineamentos neuróticos.

A ação fluídica dos desencarnados, em razão da maleabilidade e da pertinácia destes,


quando ignorantes, invejosos ou perversos, pela sua insistência interfere no mecanismo do
hospedeiro, complicando o quadro com a indução inteligente, em telepatia prejudicial, que facilita
a simbiose com o anfitrião.

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Nessa fase, e antes que o paciente assuma a interferência de que é vítima, a terapia
espírita torna-se de resultado positivo, liberador.

Ideal, no entanto, é a atitude nobre diante da vida, que funciona como psicoterapia
preventiva e que constitui dieta para o otimismo e a paz.

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OBRA: SEMENTES DE VIDA ETERNA

TEMÁTICA: INDUÇÃO OBSESSIVA

O perseguidor empedernido e constante talvez não seja inimigo de outrem, senão vítima
de si mesmo, em face da possibilidade de ser teleconduzido por obsessores que dele se utilizam.

O viciado que desce ao acumpliciamento cada vez mais grave com o erro, possivelmente
não é um pária social, antes será alguém caído em hábil trama urdida por desencarnados
impiedosos que dele se utilizam em hospedagem lamentável.

O esquizóide em hórrida situação de demência, agressivo ou catatônico que passa


estremunhado, no labirinto da torpe alienação, quiçá se haja tornado escravo de mentes
poderosas que se lhe vinculam por impositivo de sintonia com os seus gravames passados em
processo escuso de obsessão dominadora.

O egoísta, o avaro desnaturado, encarcerado na concha da desdita e antipatizado,


possivelmente se envileceu porque não lutou contra a hipnose sutil a princípio e violenta depois,
de que se fez paciente em conúbios infelizes com habitantes da erraticidade inferior, que
facilmente localizam os de vontade fraca que com eles se aliciam em comércio nefando.

O caluniador inveterado, o mentiroso habitual, o déspota pertinaz, o sexólatra


incontrolável, o acusador sistemático, o pessimista constante, o delinquente malsinado são
possivelmente, Espíritos vencidos por outros Espíritos, em demorados tentames de perseguição
psíquica, em que suas vítimas de ontem, em estado de libertação hoje, se desforçam,
humilhando-os, afligindo-os, tornando-os detestáveis, martirizando-os em longos mecanismos de
vampirização, porque não se resolveram abraçar os deveres elevados, as renúncias e sacrifícios,
a oração luarizante, pacificadora...

Sofrem de alienação espiritual, dormindo na consciência anestesiada para o bem, em


marcha para a autodestruição, complicada pelo ônus dos males que engendram, realizam e
estimulam.

Muito grande, em larga faixa, a alienação obsessiva, na Terra. Sendo um mundo de


efeitos, os seus habitantes, quase sempre comprometidos com a Consciência Universal,
reencarnam com as matrizes das dívidas insculpidas na consciência pessoal, sintonizando por
processo natural de débito- crédito, dívida-cobrança com os a quem feriu, desrespeitou,
prejudicou e não se resolveram perdoar, por também serem primitivos, ora volvendo à liça por
desforço e animosidade...

A imensa mole de criaturas humanas transita fortemente vinculada à vasta população


espiritual das zonas mais grosseiras e próximas do Orbe terreno, entre as quais, também, te
encontras.

Ausculta a alma e raciocina com clareza, analisando teus propósitos e realizações numa
anamnese moral e espiritual, a fim de te situares bem na ordem da evolução que buscas.

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Não reajas pela ira ou desesperação, ensejando vinculações com esses irmãos doentes,
que ignoram a enfermidade, e, de certo modo, preferem assim continuar.

À distância ou perto, quando solicitado, auxilia-os com as boas e elevadas palavras do


esclarecimento e do amor, da esperança e da caridade. Fala-lhes do amanhã promissor, do futuro
abençoado que os aguarda.

De tua parte resguarda-te na prece, no trabalho pelo bem geral, na reflexão e na leitura
nobre, porquanto, na Terra, quase todos somos Espíritos em provações, expiações e lutas
ásperas contra as paixões arraigadas sob o perigo de indução obsessiva por parte dos irmãos
inditosos da retaguarda evolutiva.

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OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: PERANTE OBSESSORES

Para que você atinja a plenitude da harmonia íntima, cultive a oração com carinho e o
devotamento com que a mãe atende ao sagrado dever de amamentar o filho.

A prece é uma lâmpada acesa no coração, clareando os escaninhos da alma.

Encarcerado na indumentária carnal, o espírito tem necessidade de comunhão com Deus


através da prece, tanto quanto o corpo necessita de ar puro para prosseguir na jornada.

Muitos cristãos modernos, todavia, descurando do serviço da prece, justificam a


negligência com aparente cansaço, como se a oração não se constituísse igualmente em repouso
e refazimento, oferecendo clima de paz e ensejo de renovação interior.

Mente em vibração frequente com outras mentes em vibração produz, nos centros
pensantes de quem não está afeito ao cultivo das experiências psíquicas de ordem superior,
lamentáveis processos de obsessão que, lentamente, se transformam em soezes enfermidades
que minam o organismo até ao aniquilamento.

A princípio, como mensagem invasora, a influência sobre as telas mentais do incauto é a


idéia negativa não percebida. Só mais tarde, quando as impressões vigorosas se fixam como
panoramas íntimos de difícil eliminação, é que o invigilante procura os benefícios dos
medicamentos de resultados inócuos.

Atribulado com as necessidades imperiosas do “dia-a-dia”, o homem desatento deixa-se


empolgar pela instabilidade emocional, franqueando as resistências fisio-psíquicas às vergastadas
da perturbação espiritual.

Vivemos cercados, na Terra, daqueles que nos precedem na grande jornada da


desencarnação.

Em razão disso, somos o que pensamos, permutando vibrações que se harmonizam com
outras vibrações afins.

Como é natural, graças às injunções do renascimento, o homem é impelido à depressão


ou ao exaltamento, vinculando-se aos pensamentos vulgares compatíveis às circunstâncias do
meio, situação e progresso.

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Assim, faz-se imprescindível o exercício da prece mental e habitual para fortalecer as
fulgurações psíquicas que visitam o cérebro, constituindo a vida normal propícia à propagação do
pensamento excelso.

Enquanto o homem se descuida da preservação do patrimônio divino em si mesmo,


verdugos da paz acercam-se da residência carnal, ameaçando-lhe a felicidade.

Endividado para com eles, faz-se mister ajudá-los com os recursos valiosos da virtude,
palmilhando as sendas honradas, mesmo que urzes e cardos espalhados lhe sangrem os pés.

Todos renascemos para libertar-nos do pretérito culposo em cujos empreendimentos


fracassamos.

E como a dívida se nutre do devedor, enquanto não nos liberamos do compromisso,


ficamos detidos na retaguarda...

É por esse motivo que o Apóstolo dos gentios nos adverte quanto à “nuvem” que nos
acompanha, revelando-nos a continuada companhia dos desafetos desencarnados.

Exercite-se, assim, no ministério da oração, meditando quanto às inadiáveis necessidades


de libertação e progresso.

Cultive a bondade, desdobrando os braços da indulgência de modo a alcançar os que


seguem desatentos e infelizes, espalhando desconforto e disseminando a loucura.

Renove as disposições íntimas e, quando aquinhoado com os ensejos de falar com esses
seres de mente em desalinho, perturbados no Mundo Espiritual, unja-se de amor e compreenda-
os, ajudando quando lhe seja possível com a humildade e a renúncia.

E recorde que o Mestre, antes de visitado pelos verdugos espirituais das Zonas Trevosas,
recolhia-se à oração, recebendo-os com caridade fraternal, como Rei de todos os Espíritos e
Senhor do Mundo.

Você não ficará indene à agressão deles...

Resguarde-se, portanto, e, firmado no ideal sublime com que o Espiritismo honra os seus
dias, alce-se ao amor, trabalhando infatigavelmente pelo bem de todos, com o coração no socorro
e a mente em Jesus Cristo, comungando com as Esferas Mais Altas, onde você sorverá forças
para vencer todas as agressões de que for vítima, e sentirá que, orando e ajudando, a paz
continuará com você.

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17

OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: PERANTE OBSIDIADOS

Sempre que há obsessão convém analisar em profundidade a questão da perfeita sintonia


que mantém o obsidiado com a entidade obsidente.

Todo problema obsessivo procede sempre da necessidade de ambos os espíritos em luta


aflitiva, vítima e algoz, criarem condições de superação das próprias inferioridades para mudar de
clima psíquico, transferindo-se emocionalmente para outras faixas do pensamento.

O obsessor não é somente o instrumento da justiça superior que dele se utiliza, mas
também espírito profundamente enfermo e infeliz, carente da terapêutica do amor e do
esclarecimento para sublimação de si mesmo.

O obsidiado, por sua vez, vinculado rigorosamente à retaguarda, assaltado quase sempre,
pelos fantasmas do remorso inconsciente ou do medo cristalizado, a se manifestarem como
complexo de inferioridade e culpa conduz o fardo das dívidas para necessário reajustamento,
através do abençoado roteiro carnal.

Quando jungido à expiação inadiável, por acentuada rebeldia em muitos avatares, renasce
sob o estigma da emoção torturada, apresentando desde o berço os traços profundos das
ligações com os comensais que se lhe imantam em intercâmbio fluídico de conseqüências
imprevisíveis.

Atendido, porém, desde o ventre materno com medicação salutar, traz no perispírito as
condições próprias à “hospedagem”, na ocasião oportuna, que se encarrega de disciplinar o
verdugo não esquecido pela vida.

Outras vezes, se durante longa jornada física não reparou o carma por meio de ações
edificantes, não raro é surpreendido na ansiedade pela presença incômoda daqueles a quem
prejudicou, experimentando enfermidades complicadas, difíceis de identificadas, ou distúrbios
psíquicos que se alongarão mesmo após o decesso orgânico.

Em qualquer hipótese, no entanto, acenda a luz do conhecimento espiritual na mente que


esteja em turvação, nesse íntimo conturbado.

Nem piedade inoperante.

Nem palavrório sem a tônica do amor.

A terapia espírita, em casos que tais, é a do convite ao enfermo para a responsabilidade,


conclamando-o a uma auto-análise honesta, de modo a que ele possa romper em definitivo com
as imperfeições, reformulando propósitos de saúde moral e mergulhando nos rios claros da
meditação para prosseguir revigorado, senda a fora... Diante de um programa de melhoria íntima
desatam-se os liames da vinculação entre os dois espíritos o encarnado e o desencarnado, e o
perturbador, percebendo tão sincero esforço, se toca, deixando-se permear pelas vibrações
emanadas da sua vítima, agora pensando em nova esfera mental.

Só excepcionalmente não se sensibilizam os sicários da mente melhorada. Nesse caso, a


palavra esclarecedora do evangelizador nos serviços realizados da desobsessão, os círculos de
prece, os agrupamentos da caridade fraternal, sob carinhosa e sábia administração de Instrutores
Abnegados, se encarregam de consolidar ou libertar em definitivo os que antes se batiam nas
linças do duelo psíquico, ou físico quando a constrição obsidente é dirigida à organização
sornática.

50
Quando se observam os sinais externos dessa anomalia, já se encontra instalada a
afecção dolorosa.

Assim considerando, use sempre a Doutrina Espírita como medida profilática, mesmo
porque, se até hoje não foi afetada a sua organização físio-psíquica, isto não isenta de, no futuro
tendo em vista que, aprendendo e refazendo lições como é do programa da reencarnação para
nós todos, o seu “ontem” poder repontar rigoroso, “hoje” ou “amanhã”, chamando-o ao ajuste de
contas com a consciência cósmica que nos dirige.

Perante obsidiados aplique a paciência e a compreensão, a caridade da boa palavra e do


passe, o gesto de simpatia e cordialidade; todavia, a pretexto de bondade não concorde com o
erro a que ele se afervora, nem com a preguiça mental em que se compraz ou mesmo com a
rebeldia constante em que se encarcera. Ajude-o quanto possa; no entanto, insista para que ele
se ajude, contribuindo para com a ascensão do seu próprio espírito auxiliar aquele outro ser que,
ligado a ele por imposição da justiça divina, tem imperiosa necessidade de evoluir também.

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OBRA: GRILHÕES PARTIDOS

TEMÁTICA: O OBSESSOR

O Espírito perseguidor, genericamente denominado obsessor, em verdade é alguém


colhido pela própria aflição. Ex-transeunte do veículo somático experimentou injunções que o
tornaram revel, fazendo que guardasse nos recessos da alma as aflições acumuladas, de que não
se conseguiu liberar sequer após o decesso celular. Sem dúvida, vítima de si mesmo, da própria
incúria e invigilância, transferiu a responsabilidade do seu insucesso a outra pessoa que, por
circunstância qualquer, interferiu decerto negativamente na mecânica dos seus malogros, por ser
mais fácil encontrar razões de desdita em mãos de algozes imaginários, a reconhecer a pesada
canga da responsabilidade que deve repousar sobre os ombros pessoais, como consequência
das atitudes infelizes a que cada um se faz solidário. Perdendo a indumentária fisiológica mas não
o uso da razão embora normalmente deambulando na névoa da inconsciência, com os centros do
discernimento superior anestesiados pelos vapores das dissipações e loucuras a que se entregou
imanta-se por processo de sintonia psíquica ao aparente verdugo, conservando no íntimo as
matrizes da culpa, que constituem verdadeiros “plugs” para a sincronização perfeita entre a mente
de quem se crê dilapidado e a consciência dilapidadora, gerando, então, os pródromos do que
mais tarde se transformará em psicopatia obsessiva, a crescer na direção infamante de
conjugação irreversível...

Ocorrências há, de agressão violenta, pertinaz, dominadora. pela mesma mecânica


psíquica, em que o enfermo tomba inerme sob a dominação mental e física do subjugador.

Pacientemente atendidos, nos abençoados trabalhos de desobsessão, nos quais se lhes


desperta a lucidez perturbada, concitando-os ao avanço no rumo da felicidade que supõem
perdida, faculta-se-lhes entender os desígnios sublimes da Criação, convidando-os a entregarem
os que se lhes fizeram razão de sofrimento à Consciência Universal, de que ninguém se evade, e
tratando de reabilitar-se, eles mesmos, ante as oportunidades ditosas que fluem e refluem através
do tempo, esse grandioso companheiro de todos.

Em outros casos, quando a fixação da idéia venenosa produziu dilacerações nos tecidos
muito Sutis do perispírito, comprometendo o reequilíbrio que se faria necessário para a libertação
voluntária do processo obsessivo, o que ocorre com frequência, os Instrutores Espirituais, durante
o transe psicofônico, operam nos centros correspondentes da Entidade, produzindo estados de
demorada hibernação pela sonoterapia ou utilizando-se de outros processos não menos
eficientes, para ensejarem a recomposição dos centros lesados, após o que despertam para as
cogitações enobrecedoras.

51
Na maioria dos labores de elucidação, podem-se aplicar as técnicas de regressão da
memória no paciente espiritual, fazendo-se que reveja os fatos a que se vincula, mostrando-lhe a
legítima responsabilidade dele mesmo, nos acontecimentos de que se diz molesto, após o que
percebe o erro em que moureja, complicando a atualidade espiritual que deve ser aproveitada
para reparo e ascensão, jamais para repetições de sandices, pretextos de desídia, ensejos de
desgraças...

Obsessores, sim, os há, transitoriamente, que se entregam à fascinação da maldade, de


que se fazem cultores, enceguecidos e alucinados pelos tormentosos desesperos a que se
permitiram, detendo-se nos eitos de demorada loucura, na qual a consciência açulada pelos
propósitos infelizes desvia o rumo das cogitações para reter-se, apenas, na angulação defeituosa
do sicário verdugo impiedoso de si mesmo, pois todo o mal sempre termina por infelicitar aquele
que lhe presta culto de subserviência. Tais Entidades oportunamente são colhidas pelas sutis
injunções da Lei Divina governam redutos de sombra e viciação, com sede nas Regiões
Tenebrosas da Erraticidade Inferior, donde se espraiam na direção de muitos antros de sofrimento
e perturbação na Terra, atingindo, também, vezes muitas, as mentes ociosas, os espíritos
calcetas, os renitentes, revoltados, cômodos e inúteis, por cujo comércio dão início a processos
muito graves de obsessão de longo curso, que se estende em conúbio estreito, cada vez mais
coercitivo, inclusive após a morte física dos tecidos orgânicos, quando o comensal terreno
desencarna...

Reunidos em magotes, momentaneamente ferozes, disputam primazia como sói acontecer


entre os homens de instintos primitivos da Terra, nos combates de extermínio, em que os próprios
comparsas se encarregam de auto destruir-se, estimulados por ambições que culminam na
vanglória da ilusão que acabam, estando sempre atormentados pelas lucubrações de domínio
impossível, face à carência de forças para dominarem-se a si mesmos.

Exibindo multiface de horror, com que aparvalham aqueles com os quais se homiziam
moral e espiritualmente, acreditam-se, por vezes, tal a aberração a que se entregam, pequenos
deuses em competição de força para assumirem o lugar de Deus. Trazendo no substrato da
consciência as velhas lendas religiosas do Inferno eterno, das personificações demoníacas e
diabólicas, crêem-se tais deidades irremediavelmente caídas, estertorando, em teimosa
crueldade, por assumir-lhes os lugares...

Expressivo número deles, esses irmãos marginalizados por si mesmos do caminho


redentor que são, todavia, inconscientes instrumentos da Justiça Divina, que ignoram e pensam
desrespeitar obsidiam outros desencarnados que se convertem em obsessores, a seu turno, dos
viajantes terrenos, em processo muito complexo de convivência e exploração físio-psíquica.

Todos, porém, todos eles, nossos irmãos da retaguarda espiritual onde possivelmente já
estivemos também, - são necessitados de compaixão e misericórdia, de intercessão pela prece e
oferenda dos pensamentos salutares de todos os que se encontram nas lídimas colméias
espiritistas de socorro desobsessivo, ofertando-lhes o pábulo da renovação e a rota luminescente
para a nova marcha, como claro sol de discernirnento íntimo para a libertação dos gravames sob
os quais expungem os erros em que incidiram.

52
19

OBRA: GRILHÕESPARTIDOS

TEMÁTICA: O OBSIDIADO

Somente há obsidiados e obsessões porque há endividados espirituais, facultando a


urgência da reparação das dívidas.

Todo o problema, pois, de obsessão, redunda em problema de moralidade, em cuja


realização o Espírito se permitiu enredar, por desrespeito ético, legal, espiritual. Como ninguém se
libera da conjuntura da consciência culpada, já que onde esteja o devedor aí se encontram a
dívida e, logo depois, o cobrador. E da lei!

No fulcro de toda obsessão estão inerentes os impositivos do reajustamento entre devedor


e cobrador. Indubitavelmente o Estatuto Divino dispõe de muitos meios para alcançar os que lhe
estão incursos nos códigos soberanos. Não é, portanto, condição única de que o defraudador seja
sempre defrontado pelo fraudado, que lhe aplicará o necessário corretivo. Se assim fora, inverter-
se-ia a ordem natural, e o círculo repetitivo das injunções de dívida-cobrança-dívida culminaria
pela desagregação do equilíbrio moral entre os Espíritos.

Como todo atentado é sempre dirigido à ordem geral, embora através dos que estão mais
próximos dos agressores, à ordem mesma são convocados os transgressores.

Normalmente, porém graças às condições que facultam ligações recíprocas entre os


envolvidos na trama das dívidas estes retomam ao mesmo sítio, reencontram-se, para que,
através do perdão e do amor, refaçam a estrada interrompida, oferecendo-se reciprocamente
recursos de reparação para a felicidade de ambos. Porque transitam nas emanações primitivas
que lhes parecem mais agradáveis, facultam-se per turbar enredando-se na idéia falsa de
procurar aplicar a própria justiça, em face do que, infalivelmente, caem, necessita dos por sua vez,
da Justiça Divina.

Quando o Espírito é encaminhado à reencarnação traz em forma de “matrizes” vigorosas


no perispírito, o de que necessita para a evolução. Imprimem-se, então, tais fulcros nos tecidos
em formação da estrutura material de que se utilizar para as provações e expiações necessárias.
Se se volta para o bem e adquire títulos de valor moral, desarticula os condicionamentos que lhe
são impostos para o sofrimento e restabelece a harmonia nos centros psicossomáticos, que
passam, então, a gerar novas vibrações aglutinantes de equilíbrio, a se fixarem no corpo físico em
forma de saúde, de paz, de júbilo... Se, todavia, por indiferença ou por prazer, jornadeia na
frivolidade ou se encontra adormecido na indolência, no momento próprio desperta
automaticamente o mecanismo de advertência, desorganizando-lhe a saúde e surgindo, por
sintonia psíquica, em conseqüência do desajustamento molecular no corpo físico, as condições
favoráveis a que os gérmens-vacina que se encontram no organismo proliferem, dando lugar às
enfermidades desta ou daquela natureza. Outras vezes, como os recursos trazidos para a
reencarnação, em forma de energia vitalizadora, não foram renovados, ou, pelo contrário, foram
gastos em exageros, explodem as reservas e, pela queda vibratória, que atira o invigilante noutra
faixa de evolução, a sintonia com Entidades viciadas, perseguidoras e perversas, se faz mais fácil,
dando início aos demorados processos obsessivos. No caso de outras enfermidades mentais, a
distonia que tem início desde os primórdios da reencarnação vai, a pouco e pouco, desgastando
os depósitos de forças específicas e predispondo-o para a crise que dá início à neurose, à psicose
ou às múltiplas formas de desequilíbrio que passa a sofrer, no corredor cruel e estreito da loucura.

Através de experiências realizadas pelo Dr. Ladislaus von Meduna, no Centro


Interacadêmico de Pesquisas Psiquiátricas de Budapeste, foram constatadas diferenças
fundamentais entre os cérebros dos epilépticos e dos esquizofrênicos, verificando-se que a
presença de uma dessas enfermidades constitui impedimento à presença da outra...

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Assim, desde o berço, o espírito imprime no encéfalo as condições cármicas, para o
resgate das dívidas perante a Consciência Cósmica, podendo, sem dúvida, a esforço de
renovação interior já que do interior procedem as condições boas e más da existência física e
mental recompor as paisagens celulares onde se manifestam os impositivos reabilitadores,
exceção feita às problemáticas expiatórias...

Quando a loucura se alastra em alguém, é que o próprio espírito possui os requisitos que
lhe facultam a manifestação. A predisposição a este ou àquele estado é-lhe inerente, e os fatores
externos, que a fazem irromper, tais os traumatismos morais de vária nomenclatura, os
complexos, bem como os recalques já se encontram em gérmen, na constituição fisiológica ou
psicológica do indivíduo, a fim de que o cumprimento do dever, em toda a sua plenitude, se faça
impostergável. Há, sem dúvida, outros e mais complexos fatores causais da loucura, todos,
porém, englobados nas “leis de causa e efeito”.

Daí a excelência dos ensinos cristãos consubstanciados na Doutrina dos Espíritos e


vazados na mais eloquente psicoterapia preventiva, mediante os conceitos otimistas, valiosos,
conclamando à harmonia e à cordialidade, do que decorrem consequentemente, equilíbrio e
renovação naquele que os vive, em cuja experiência realiza o objetivo essencial da reencarnação:
produzir para a felicidade!

No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o


agente da própria cura. E óbvio que, para lográ-la, necessita do concurso do cireneu da caridade
que o ajude sob a cruz do sofrimento, através da diretriz de segurança e esclarecimento que o
desperte para maior e melhor visão das coisas e da vida, em cujo curso se encontra progredindo.
Não se transfere, portanto, para os passistas, doutrinadores e médiuns, a total responsabilidade
dos resultados, nos tratamentos das obsessões. E certo que ocorrem amiúde curas temporárias,
recuperações imediatas sem o concurso do enfermo. Sem dúvida são concessões de acréscimo
da Divindade, O problema, porém, retornará mais tarde, quando o devedor menos o espere, já
que, a esse tempo, deverá estar melhor preparado para fazer o seu reajustamento moral e
espiritual com a Lei Divina.

Esclareça-se, portanto, o portador das obsessões, mesmo aquele que se encontra no


estágio mais grave da subjugação, através de mensagens esclarecedoras ao subconsciente. pela
doutrinação eficaz, conclamando-o ao despertamento. do que dependerá sua renovação. Por
outro lado doutrine-se o invasor, o parasita espiritual; entrementes, e1ucide-s o hospedeiro, o
suporte da invasão, de modo que ele ofereça valores compensadores eleve-se moral e
espiritualmente, a fim de alcançar maior círculo de vibração, com que se erguerá acima e além
das conjunturas, podendo, melhormente, ajudar-se e ajudar aqueles que deixou na estrada do
sofrimento, marchando com eles na condição de irmão reconhecido e generoso, portador das
bênçãos da saúde e da esperança.

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OBRA: GRILHÕES PARTIDOS

TEMÁTICA: O GRUPO FAMILIAR

Vinculados os Espíritos no agrupamento familiar pelas necessidades da evolução em


reajustamentos recíprocos, no problema da obsessão, os que acompanham o paciente estão
fortemente ligados ao fator predisponente, caso não hajam sido os responsáveis pelo insucesso
do passado, agora convocados à cooperação no ajustamento das contas.

Afirma-se que aqueles Espíritos que acompanham os psicopatas sofrem muito mais do
que eles mesmos. Não é verdade. Sofrem, sim, por necessidade evolutiva, já que têm
responsabilidade no insucesso de que ora participam, devendo, por isso, envidar esforços para a
liberação dos sofredores, libertando-se, igualmente.

São comuns os abandonos a que se relegam os alienados, quando os deixam nas Casas
de Saúde, através de endereços falsos fornecidos pelos familiares, que se precatam contra a
futura recuperação do familiar, impedindo, desse modo, o seu retorno ao lar. Não poucos os que
atiram, imediatamente, os seres, mesmo os amados, nos Sanatórios de qualquer aparência,
desejando, assim, libertar-se da carga, que supõem pesadas, incidindo, a seu turno, em
responsabilidades mui graves, de que não poderão fugir agora ou depois.

Sem dúvida, quando alguns pacientes, especialmente nos casos de obsessão, se afastam
do lar, melhoram, porque diminuem os fatores incidentes do grupo endividado com o dos
cobradores desencarnados, o que não impede retornem os desequilíbrios, ao voltarem ao seio da
família, que por sua vez não se renovou, nem se elevou, a fim de liberar-se das viciações que
favorecem a presença da perturbação obsessiva.

Por isso, torna-se imprescindível, nos processos de desobsessão, seja a família do


paciente alertada para as responsabilidades que lhe dizem respeito, de modo a não transferir ao
enfermo toda a culpa ou dele não se desejar libertar, como se a Sabedoria Celeste, ao convocar o
calceta ao refazimento estivesse laborando em erro, produzindo sofrimento naqueles que nada
teriam a ver com a problemática do que padece.

Tudo é muito sábio nos Códigos Superiores da Vida. Ninguém os desrespeitará


impunemente.

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OBRA: ROTEIRO DE LIBERTAÇÃO

TEMÁTICA: COMPORTAMENTOS POR OBSESSÃO

Quando a morte interrompe o ciclo de atividades viciosas, que o homem incorpora à sua
natureza, de forma alguma o problema deixa de atormentá-lo.

A situação espiritual de quantos partem da Terra, dependentes de condicionamentos


prejudiciais, é uma das mais dolorosas. Dificilmente pode-se descrever com fidelidade o tormento
que experimentam, por variar, de indivíduo para indivíduo, o grau de aflição e angústia relativo à
gravidade de comportamento escravizador.

Não se desprendendo das vibrações mais densas do corpo somático, às quais fortemente
se vincula aspirando-as, e reciprocamente, num circuito tóxico, o Espírito sente a impulsão
poderosa do vício que o dominava, não raro, enlouquecendo, nas tentativas de prosseguir com a
situação nefasta...

Tal é o estado em que se debate, que não se dá conta da morte física, embora as
estranhas e penosas sensações que o visitam em contínuo tormento. A esse estado soma a
carência do que antes considerava prazer e agora lhe falta, afligindo-o mais.

Na conjuntura, mesmo desconhecendo as “leis dos fluidos” que facultam as afinidades


espirituais e intercambiam sensações com outros viciados ou iniciantes no comércio da ilusão,
domiciliados na matéria, a princípio, inconscientemente, para depois estreitar os laços e fixações
em demorada e torpe obsessão, em que ambos mais se desgastam e pioram o psiquismo, até
que as Leis divinas façam cessar a coabitação perniciosa.

Casos outros há em que o desencarnado, identificando a conjuntura nova, formula e


executa um programa de vampirização obsessiva em tentames exitosos, enredando os
invigilantes que a eles se associam no plano físico, em largos cursos de alucinação e desgraça.

Muito mais grave do que parece é a obsessão, nos problemas sociais do comportamento
humano.

Alcoolismo, tabagismo, drogas alucinógenas, sexolatria, jogatina, gula recebem grande


suporte espiritual, sendo não poucas vezes, iniciada a viciação de cá para aí, por inspiração que
fomenta a curiosidade e por necessidade que estimula o prosseguimento.

O enfermo, dificilmente, consegue evadir-se, por si mesmo, da dificuldade. De um lado,


pelos nefastos prejuízos orgânicos de que se ressente e, por outro, em razão da incidência mental
do obsessor, que o utiliza como instrumento da loucura de que se vê possuído.

As verdadeiras multidões de dependentes de drogas ou. de outras viciações estertoram,


mesmo sem o saberem, em danosos processos de obsessão lamentável.

A falta de orientação religiosa, as permissividades morais, o desconhecimento proposital


ou não das realidades do Espírito, a falta de tempo e a neurose que avassalam o homem
respondem pela calamitosa ocorrência, que se agrava a cada dia.

O problema deve merecer o interesse e o estudo de cada um e de todos os cidadãos,


porque a todos envolve e ameaça.

Antes, era rara a incidência das drogas, agora, comum e grave.

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Ao invés de se aprofundarem as pesquisas das causas, com as naturais soluções,
buscam-se leis mais tolerantes, comércio livre, certamente que por falência ética, sem dúvida.

O homem, convivendo com os fatores de qualquer porte, prefere aceitá-los a vencê-los,


numa atitude sempre cômoda.

No que concerne ao mecanismo da evolução, essa atitude comporta, o que, porém, não é
idêntico, quando muda a situação para o campo moral.

O Espiritismo, esclarecendo a criatura em torno da vida imortal e das relações que existem
entre os Espíritos e os homens, conscientiza para a terapia preventiva contra a obsessão,
combatendo-lhe, ao menos neste capítulo, algumas das suas causas, que são os vícios.

Mantendo-se hábitos de higiene moral e social, ceifa-se, na raiz, a gênese desse problema
malfazejo.

Outrossim, orientando a conduta humana, propõe uma terapia curadora, sem dúvida,
salutar.

Na base das alienações espirituais, o homem desempenha importante papel, em


decorrência da sua conduta, da sua atividade, do seu mundo interior.

Esforçar-se por alterar os estados mórbidos e as dependências viciosas é tarefa de


urgência, que se pode lograr através do esforço moral pessoal, do esclarecimento pelo estudo, da
oração, da fluidoterapia e da desobsessão de que são encarregadas as nobres Sociedades
Espíritas que se dedicam ao mister da evangelização e da caridade, conforme os ensinos de
Jesus e de Allan Kardec.

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OBRA: PAINEIS DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: OBSESSÃO E CONDUTA

Na raiz de todas as enfermidades que sitiam o homem, encontramos, no desequilíbrio dele


próprio, a sua causa preponderante.

Sendo o Espírito o modelador dos equipamentos que se utilizará na reencarnação,


desdobra as células da vesícula seminal sobre as matrizes vibratórias do perispírito, dando
surgimento aos folhetos blastodérmicos que se encarregam de compor os tubos intestinal e
nervoso, os tecidos cutâneos e todos os elementos constitutivos das organizações física e
psíquica. São bilhões de seres microscópicos, individualiza- dos, trabalhando sob o comando da
mente, que retrata as aquisições anteriores, na condição de conquistas ou dívidas que cumpre
aprimorar ou corrigir. Cada um desses seres que se ajustam perfeitamente aos implementos
vibrat3rios da alma emite e capta irradiações específicas, em forma de oscilações
eletromagnéticas, que compõem o quadro da individualidade humana...

Em razão da conduta mental, as células são estimuladas ou bombardeadas pelos fluxos


dos interesses que lhe apraz, promovendo a saúde ou dando gênese aos desequilíbrios que
decorrem da inarmonia, quando essas unidades em estado de mitose degeneram, oferecendo
campo às bactérias patológicas que se instalam vencendo os fatores imunológicos, desativados
ou enfraquecidos pelas ondas contínuas de mau humor, pessimismo, revolta, ódio, ciúme,
lubricidade e viciações de qualquer natureza que se transformam em poderosos agentes da
perturbação e do sofrimento.

No caso dos fenômenos teratológicos das patogenias congênitas, encontramos o Espírito


infrator encarcerado na organização que desrespeitou impunemente, quando a colocou a serviço
da responsabilidade ou da alucinação, agora recuperando, de imediato, os delitos perpetrados,
mesmo que em curto prazo expiatório.

Problemas de graves mutilações e deficiências, enfermidades irreversíveis surgem como


efeitos da culpa guardada no campo da consciência, em forma de arrependimentos tardios pelas
ações nefastas antes praticadas.

Neste capítulo, o das culpas, origina-se o fator causal para a injunção obsessiva. Daí,
porque, só existem obsidiados. porque há dívidas a resgatar.

A obsessão resulta de um conúbio por afinidade de ambos os parceiros.

O reflexo de uma ação gera outro reflexo equivalente. Toda vez que uma atitude agride,
recebe urna resposta de violência, tanto quanto, se o endividado se apresenta forrado de sadias
intenções para o ressarcimento do débito, encontra benevolência e compreensão para recuperar-
se.

A culpa, consciente ou inconscientemente instalada no domicílio mental, emite ondas que


sintonizam com inteligências doentias, habilitando-se a intercâmbios mórbidos.

No caso específico das obsessões entre encarnados e desencarnados, estes últimos,


identificando a irradiação enfermiça do devedor, porque são também infelizes, iniciam o cerco ao
adversário pretérito, através de imagens, mediante as quais se fazem notados, não necessitando
de palavras para serem percebidos, insinuando-se com insistência até estabelecer o intercâmbio
que passam a comandar...

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De início, é urna vaga idéia que assoma, depois, que se repete com insistência, até
insculpir no receptor o clichê perturbante que dá início ao desajuste grave.

Em razão disso, não existe obsessão apenas causada por um dos litigantes, se não
houver sintonia perfeita do outro.

Quanto maior for a permanência do intercâmbio com o hospedeiro domiciliado no corpo —


e entre encarnados o fenômeno é equivalente — mais profunda se tornará a indução obsessiva,
levando à alucinação total.

E nessa fase, em que a vítima se rende às idéias infelizes que recebe, a elas se
convertendo, que se originam os simultâneos desequilíbrios orgânicos e psíquicos de variada
classificação.

A mente, viciada e aturdida pelas ondas perturbadoras que capta do obsessor, perde o
controle harmônico, automático sobre as células, facultando que as bactérias patológicas
proliferem dominadoras. Tal inarmonia propicia a degenerescência celular em forma de cânceres,
tuberculose, hanseníase e outras doenças de etiopatogenias complexas, que a Ciência vem
estudando.

Só a radical mudança de comportamento do obsidiado resolve, em definitivo, o problema


da obsessão.

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OBRA: PAINÉIS DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: SUICÍDIO E OBSESSÃO

Sem que desejemos encontrar responsáveis diretos pelas desditas que desabam sobre a
criatura humana, justo é considerarmos a alta carga de compromissos infelizes com que arca o
materialismo, na atual conjuntura moral e social do planeta.

Negando os valores éticos, relevantes, da vida, incita ao imediatismo do prazer a qualquer


preço e, conformando o utilitarismo como solução para os problemas gerais, tira do espírito os
estímulos da coragem nobre, facultando o desbordar das paixões violentas, que irrompem
alucinadas, em caudais de revolta e desajuste.

Da vida somente preconizando a utilização da matéria, estabelece a guerra pela conquista


do gozo, de que o egoísmo se faz elemento essencial.

Quando faltam os recursos para os cometimentos que persegue, arroja o homem ao crime,
em razão de assentar os seus valores no jogo das coisas a serem conquistadas, aumentando as
frestas das competições insanas, nas quais a astúcia e a deslealdade assumem preponderância
em forma de comportamento do ser.

Obviamente, existem pessoas que militam nas hostes do materialismo e mantêm uma
filosofia existencial digna, tanto quanto uma estrutura ética respeitável.

Referimo-nos à doutrina, em si mesma que, anulando as esperanças da sobrevivência


abrevia as metas da vida, retirando as resistências morais diante do sofrimento e das incertezas,
dos acontecimentos desastrosos e das insatisfações de vária gênese.

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Desarmado de recursos otimistas e sem esperança, o homem não vê alternativa, senão a
do mergulho da consciência nas águas torvas do suicídio nefasto, quando chamado a
testemunhos morais para os quais está despreparado.

Não apenas isto ocorre, quando o homem estabelece, para o seu comportamento, uma
estrutura materialista trabalhada pelo estudo numa reação psicológica contra os postulados
religiosos que não abordam ou não enfrentam os problemas graves da vida com os argumentos
da razão e da lógica, ainda apelando para a fé destituída de discernimento e de conteúdo
científico...

Incluímos também os que, desestruturados por fatores sociais, culturais, econômicos e


emocionais, embora catalogados como membros de qualquer Igreja, se deixam conduzir por
atitudes negadoras, em franco processo de entrega materialista. Frágeis, emocionalmente, em
presença de qualquer desafio tombam e diante de qualquer infortúnio desfalecem. Não se dão ao
trabalho de reflexionar sobre as finalidades da existência física, vivendo, não raro, em expressões
do primarismo automatista das necessidades primeiras, sem mais altos vôos do pensamento ou
da emoção...

Uma outra larga faixa dos homens se encontra em vinculação com o processo
revolucionário do momento, em que filosofias apressadas e doutrinas ligeiras empolgam os novos
aturdidos fiéis, para logo os abandonarem sem as bases sólidas de sustentação emocional, com
que enfrentariam as inevitáveis vicissitudes que fazem parte do mecanismo da evolução de todos
os aprendizes da escola terrena.

Sem os exercícios da reflexão mais profunda, nem os hábitos salutares da edificação do


bem em si mesmos, sem a constante da prece como intercâmbio de forças parafísicas, derrapam
nas atitudes-surpresa, avançando para o alçapão mentiroso do suicídio. E o fazem de um salto,
quando excitados ou em profunda depressão, ou logram alcançá-lo mediante o largo roteiro da
alienação em quadros neuróticos, psicóticos, esquizofrênicos...

A princípio, o processo, porque instalado nas matrizes da personalidade em decorrência


de vidas passadas que foram malogradas, apresenta predisposições que se concretizam em
patologias dominadoras, abrindo brechas para as invasões psíquicas obsidentes que se
vulgarizam e alastram, dando lugar a uma sociedade ansiosa, angustiada, assinalada por
distonias graves...

Não desconsiderando os fenômenos de compulsão suicida, de psicoses profundas que


afetam as estruturas da personalidade, pululam os intercursos obsessivos em verdadeiras
epidemias que ora grassam, alarmantes...

A princípio, manifestam-se como uma idéia que se insinua; doutras vezes, são um
relâmpago fulgurante na noite escura dos sofrimentos, como solução libertadora.

Posteriormente, fazem-se fixação do pensamento infeliz que se adentra, dominando os


painéis da mente e comandando o comportamentos assomando em configuração de ser o
autocídio a melhor atitude, mais correta solução ante problemas e desafios.

Com o tempo, desaparece a polivalência das conjecturas, surgindo o monoideísmo, em


torno do qual giram as demais aspirações que cedem lugar ao dominador psíquico, agora senhor
da área do raciocínio que se apaga, para dar campo ao gesto tresvariado, enganoso, sem
retorno...

A obsessão é clamorosa enfermidade social que domina


o moderno pensamento, que desborda do império de fatores dissolventes, elaborados pela
mecânica do materialismo disfarçado de idealismos voluptuosos que incendeiam mentes e
anestesiam sentimentos.

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A reflexão e o exame da sobrevivência do Espírito, o posicionamento numa ética cristã, o
estudo da ciência e filosofia espírita, constituem seguras diretrizes para conduzir a mente com
equilíbrio, preservando as emoções com as quais o homem se equipa em segurança para o
prosseguimento na escala da evolução.

Conflitos, que todos trazemos de ontem como das experiências de hoje, fazem parte da
área de crescimento pessoal de cada Espírito, devendo ser libertados através da ação positiva,
diluídos no bem, sublimados pelas atividades do idealismo superior antes que constituam
impedimentos ao avanço, freio no processo de crescimento, amarra constritora ou campo para
fixação de idéias obsessivas, de que personalidades perversas do Mundo Espiritual se utilizam
para o comércio ultriz da loucura e do suicídio lamentável!...

Cada suicida em potencial necessita é certo de apoio fraternal, terapia espiritual,


compreensão moral de quantos o cercam e assistência médica especializada. No entanto, em se
considerando a gravidade do problema que avulta, ao paciente compete a parte mais importante e
decisiva, que é, de início, a mudança de atitude mental perante a vida e, logo, o esforço por
melhorar-se moralmente, metodologia esta com que se elevará acima das vibrações deletérias,
liberando-se da ação dos Espíritos enfermos, perturbados e perturbadores que enxameiam na
psicosfera da Terra de provas e expiações, no seu processo de regeneração.

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OBRA: LOUCURA E OBSESSÃO

TEMA: LOUCURA E OBSESSÃO

No aprofundado estudo da etiopatologia da loucura, não se pode mais descartar as


incidências da obsessão, ou predomínio exercido pelos Espíritos desencarnados sobre os
homens.

Constituindo o mundo pulsante além da vida material, eles se movimentam e agem


conforme a natureza evolutiva que os caracteriza.

Tendo-se em vista o estágio atual de crescimento moral da Terra e daqueles que a


habitam, o intercâmbio entre as mentes que se encontram na mesma faixa de interesse é muito
maior do que um observador menos cuidadoso e menos preparado pode imaginar.

Atraindo-se pelos gostos e aspirações, vinculando-se mediante afetos doentios,


sustentando laços de desequilíbrio decorrentes do ódio assinalados pelas paixões inferiores,
exercem constrição mental e, às vezes, físicas naqueles que lhes concedem as respostas
equivalentes resultando variadíssimas alienações de natureza obsessiva.

Longe de negar a loucura e as causas detectadas pelos nobres pesquisadores do passado


e do presente, o Espiritismo as confirma, nelas reconhecendo mecanismos necessários para o
estabelecimento de matrizes, através dos quais, a degenerescência da personalidade ocorre, nas
múltiplas expressões em que se apresenta.

Assinalamos com base na experiência dos fatos, que nos episódios da loucura, ora
epidêmica, a obsessão merece um capítulo especial, requerendo a consideração dos estudiosos,
que poderão defrontar com extraordinário campo para a investigação profunda da alma, bem
como do comportamento humano.

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De Guilherme Griesinger a Kraepelin, a Breuer, desde Pinel a Freud, de Ladislaus Von
Meduna a Sakel, a Kalinowsky, a Adolf Meyer, passando por toda uma elite de cientistas da
psique, sem nos esquecermos de Charcot e Wundt, largos passos foram dados com segurança
para a compreensão da loucura, suas causas, sua terapêutica, abrindo-se espaços para os
modernos psiquiatras, psicólogos e psicanalistas.

Não obstante, a doença mental permanece como um grande desafio para todos aqueles
que se empenha na compreensão da sua gênese, sintomatologia e conduta...

Allan Kardec, porém, foi o extraordinário psicoterapeuta que melhor aprofundou a sonda
da investigação no desprezado capítulo das obsessões, demonstrando que nem toda expressão
de loucura significa morbidez e descontrole dos órgãos encarregados do equilíbrio psicofísico dos
homens, com vinculações de natureza hereditária, psicossocial, etc.

Demonstrou que o Espírito é o herdeiro de si mesmo, dos seus atos anteriores, que lhe
plasmam o destino futuro, do qual não se logra evadir.

Provando que a morte biológica não aniquila a vida, facultou ao entendimento a


penetração e a solução de verdadeiros enigmas desafiadores, que passavam, genericamente,
como sendo formas de loucura, loucura, certamente, que são, porém, de natureza diversa do
conceito acadêmico conhecido.

Em razão disso, o homem não pode ser examinado parcialmente, como um conjunto de
ossos, nervos e sangue, tampouco na acepção tradicional dualista, de alma e corpo, mas, sob o
aspecto pleno e total de Espírito, perispírito e matéria...

Através do Espírito participa da realidade eterna; pelo perispírito vincula-se ao corpo e,


graças ao corpo, vive no mundo material.

E o perispírito o órgão intermediário pelo qual experimenta a influência dos demais


Espíritos, que pululam em sua volta aguardando o momento próprio para o intercâmbio em que se
comprazem.

Quando estes Espíritos são maus e encontram guarida que as dívidas morais agasalham
na futura vítima, aí nascem as obsessões, a princípio sutis, quase despercebidas, para, logo
depois, se agigantarem, assumindo a gravidade das subjugações lamentáveis, e, às vezes,
irreversíveis...

Quando são bons, exercem a salutar interferência inspirativa junto àqueles que lhes
proporcionam sintonia, elevando-os às cumeadas da esperança, do amor, e facultando- lhes o
progresso bem como a conquista da felicidade.

O conhecimento do Espiritismo propicia os recursos para a educação moral do indivíduo,


ensejando-lhe a terapia preventiva contra as obsessões, assim também, a cura salutar, quando o
processo já se encontra instaurado.

Mesmo nos casos em que reconhecemos a presença da loucura nos seus moldes
clássicos, deparamo-nos sempre com um Espírito, em si mesmo doente, que plasmou um
organismo próprio para redimir-se, corrigindo antigas viciações e crimes que, ocultos ou
conhecidos, lhe pesam na economia moral, exigindo liberação.

Kierkegaard, o filósofo dinamarquês, em uma conceituação audaciosa, afirmou que “louco


é todo aquele que perdeu tudo, menos a razão”, enfocando o direito que desfruta o alienado
mental, de qualquer tipo, a um tratamento digno, tendo sua razão para encontrar-se enfermo.

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Nos comportamentos obsessivos, as técnicas de atendimento ao paciente, além de
exigirem o conhecimento da enfermidade espiritual, impõem ao atendente outros valores
preciosos que noutras áreas da saúde mental não são vitais, embora a importância de que se
revestem. São eles: a conduta moral superior do terapeuta o doutrinador encarregado da
desobsessão, bem como do paciente, quando este não se encontre inconsciente do problema; a
habilidade afetuosa de que se deve revestir, jamais esquecendo o agente desencadeador do
distúrbio, que é, igualmente, enfermo, vítima desditosa, que procura tomar a justiça nas mãos; o
contributo das suas forças mentais, dirigidas a ambos litigantes da pugna infeliz; a aplicação
correta das energias e vibrações defluentes da oração ungida de fé e amor; o preparo emocional
para entender e amar tanto o hóspede estranho e invisível, quanto o hospedeiro impertinente e
desgastante no vaivém das recidivas e desmandos...

A cura das obsessões, conforme ocorre no caso da loucura, é de difícil curso e nem
sempre rápida, estando a depender de múltiplos fatores, especialmente, da renovação, para
melhor, do paciente, que deve envidar esforços máximos para granjear a simpatia daquele que o
persegue, adquirindo mérito através da ação pelo bem desinteressado em favor do próximo, o
que, em última análise, torna-se benefício pessoal.

Vulgarizando-se a loucura como a obsessão, cada vez mais, e ora em caráter


epidemiológico, faz-se necessário, mais genera1iza e urgente, um maior conhecimento da terapia
desobsessjva desde que a psiquiátrica se encontra nas hábeis mãos dos profissionais
sinceramente interessados em estancá-la.

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OBRA: SEMENTEIRA DA FRATERNIDADE


TEMATICA: ALIENAÃO POR OBSESSÃO

Mente em desalinho, pensamento turbilhonado, o espírito encarnado que jaz nas malhas
soezes da obsessão pode ser comparada a aranha imprevidente encarcerada nos fios da própria
teia.
Vencido pela mente pertinaz que a persegue através de vinculações que remontam ao
pretérito espiritual, a casa cerebral, visitada pela interferência do obsessor, se desarranja,
dificultando ao espírito encarnado controlar o centros de que se utiliza na investidura carnal.

A incidência da vontade subjugadora, em hipnose continuada e coercitiva sobre a vontade


que se deixa subjugar, faculta o descontrole do centro de censura psíquica, que vela, nos tecidos
sensíveis do perispírito, lembranças e acontecimentos passados, dando origem a interferência de
fatos transcorridos com os sucessos em curso, gerando desequilíbrio e anarquia mental. Iniciando
o processo de descontrole, o invasor faz que se reavivem os complexos de culpa e as
recordações do crime que ficou impune, surgindo então, as síndromes das psicoses e neuroses,
das alienações e desvarios de toda ordem.

Invariavelmente, os móveis das perseguições do além-túmulo são o ódio, a vingança, o


ciúme e toda uma série de fatores negativos que unem algoz e vítima em vigorosos liames,
começando, muitas vezes, a perseguição espiritual muito antes da concepção fetal, e
continuando, não raro, - quando os processos do ódio são recíprocos, - após o decesso carnal da
vítima que, infortunada, prossegue sofrendo ou, por sua vez, se transforma em algoz do seu
antigo verdugo.

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A obsessão é por isso mesmo, enfermidade espiritual de anamnese muito difícil,
apresentando um quadro clínico deveras complexo, em considerando serem as suas causas
quase sempre ignoradas por quantos interferem nas tarefas de socorro aos obsidiados, exigindo
muito espírito de abnegação e renúncia, sacrifício e amor. Sobretudo nos processos
desobsessivos faz-se imprescindível não somente um “coração puro”, mas também um caráter
ilibado e uma mente esclarecida que hauriu, no Espiritismo, a terapêutica especializada para
tarefas que tais.

Flagelo social de conseqüências imprevisíveis e de constituição sutil quão danosa, a


obsessão campeia nos quadros da humanidade moderna engendrando lamentáveis processos de
desajustamento de vária ordem, de cujo resultado a Terra se converte num báratro desesperador.

Insidiosa, persistente, dominadora a obsessão produz estados degenerativos nas sedes do


perispírito que se encarregam de imprimir, nas células dos departamentos da mente quanto do
corpo, os desvios da loucura e de enfermidades outras ainda não estudadas devidamente pela
Patologia, comprometendo seriamente, através do desgaste, o aparelho psíquico e a máquina
somática do deambulante pela neblina carnal. (Nota: O pensamento, atuando no núcleo da célula
através do centro coronário, faz incidir, pelo concurso do centro cerebral que a seu turno envia a
mensagem para os demais centros, as suas energias nos mitocôndrios dos citoplasmas,
portadores de alto poder energético, como de oxidação, dando origem no metabolismo a
construções positivas ou negativas, que, no fígado, graças à função de glândula mista, com o
concurso das enzimas, se transformam, não poucas vezes, em descargas de bílis, provocando
imediata eliminação quando de origem perniciosa. Razão porque, quase sempre, embora a
Ciência Médica moderna não dê qualquer valor, os Benfeitores Espirituais prosseguem sugerindo
o uso de colagogos e coleréticos, como auxiliares naquela função liberativa).

Problema ultriz sempre registrado em todos os tempos, a obsessão marca a sua


passagem na História desde os quadros da beligerância generalizada, em que o homem recém
saído do primitivismo animal se impõe ao semelhante pelo clamor das guerras até aos estados
patológicos do desequilíbrio psíquico, que medraram nas Casas Reais de todos os povos quanto
igualmente nas choças miseráveis de todas as Nações.

Com Jesus, o problema da obsessão recebeu o maior contributo que se conhece, no que
diz respeito à terapêutica moral para a conseqüente liberação dos obsidiados, vencidos pela
fixação das energias deletérias de que sempre se utilizam os Espíritos vingadores e perversos no
conúbio degenerativo...

Merece, todavia, examinar que, por detrás de qualquer sintomatologia obsessiva, há um


condicionamento espiritual no campo moral, que faculta ao Espírito perseguidor a perfeita
identificação com o Espírito perseguido em comércio mental de demorado curso, através da
necessária sintonia vibratória em que o devedor se ajusta ao cobrador sem que dele se afaste, por
faltar ao segundo os recursos nobilitantes do resgate da dívida mediante o contingente do amor.

Marcado pela dívida o obsidiado é alguém atormentado em si mesmo.

Assinalado nos íntimos tecidos do subconsciente pelo crime pretérito, possui os fatores
básicos para a obsessão, em forma de predisposição psíquica e consequente desarmonia
emocional.

O primeiro impacto do pensamento obsessivo debate-se nas amarras da intranquilidade e


facilmente se deixa consumir pela perturbação que o assalta.

Assediado nas tendências inferiores que caracterizam a indisciplina do próprio espírito, o


homem em processo obsessivo deixa-se engolfar pelo fascínio da emoção desregra d que o
arrasta até a queda fatal nos abismos de sombra em
que sucumbe na subjugação violenta.

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Quando isto ocorre, só mui dificilmente se poderá libertar considerando-se mesmo que o
retorno à esfera da consciência tranqüila se fará com as reminiscências dos horrores das batalhas
travadas em espírito com o impenitente perseguidor...

Jesus, o excelente protótipo de Filho de Deus, graças às condições inerentes ao seu


Espírito Célico, pode produzir nas mentes atormentadas dos perseguidores da Erraticidade, como
nos departamentos mentais dos perseguidos da indumentária física, o despertamento dos
primeiros para as responsabilidades maiores da vida espiritual deles mesmos e dos segundos,
facultando-lhes a ensancha da liberação das dívidas pela produção do bem de que podiam dispor
graças a Sua intervenção sublime, poderosa...

Depois dEle, os Seus continuadores mais próximos, in vestido de altos recursos de


Espiritualidade, não poucas vezes intervieram nas paisagens lúgubres das mentes atribuladas
pela constrição obsessiva, produzindo verdadeiros estados de paz e liberando do vampirismo
soez clientes e hóspedes portadores de obsessões e obsessores para que pudessem marchar em
clima de harmonia pelas veredas da redenção...

No entanto, com o desenvolvimento tecnológico e a conseqüente escassez da moralidade


nos dias atuais, avultam-se os quadros da patologia medianímica abrindo as verdadeiras chaves
da sintonia perfeita para os “plugs” da interferência espiritual negativa em cujas malhas se debate
o homem do Século do Conhecimento tão atormentado, no entanto, quanto os ancestrais das
nefandas lutas do pretérito que o túmulo consumiu, e cuja memória lentamente se apaga nos
anais da História.

...E a obsessão se multiplica em quadros que se renovam, em torvelinhos que são


apresentados às pressas dentro dos novos departamentos que a vida cria e a que o homem se
ajusta por imprevidência quanto por leviandade.

Examinemos alguns tópicos:

Obsessão da gula. — Não obstante o conhecimento generalizado a respeito das


possibilidades orgânicas, no trabalho de preservação do corpo pelo processo alimentar,
elaborando os recursos de manutenção das células, muitos homens se atiram famélicos e
atormentados sobre acepipes, caldos, gorduras e repastos, como se a mesa lhes significasse o
único reduto de felicidade e de prazer. Convertendo-se em veículo de vampirizadores
desencarnados, odientos.

Obsessão alcoólica. — Desejando fugir aos tormentos que dizem respeito às paisagens
lôbregas da mente inquieta, o obsidiado é inspirado a buscar os alcoólicos para refugiar- se na
obliteração da consciência em cujos painéis se encontram impressos os cenários terríveis da
alucinação em que se debate, aparvalhando-se, quando vencido pela embriaguez decorrente dos
licores de vária procedência e transformando-se em mais fácil e demorada presa da subjugação.

Obsessão dos alucinógenos. — Barbitúricos, opiáceos de elaboração complexa,


alucinógenos ou depressivos em geral abrem as portas da loucura fácil aos trânsfugas do
caminho da verdade, a que se arrojam buscando as ilusões e a irrealidade para se entregarem
inermes às mãos dos perseguidores desencarnados que os espreitam, logo se desprendem
parcialmente dos liames físicos, de momento afrouxados pelo torpor produzido nos centros do
psicossoma...

Obsessão sexual. — Corrompendo-se as finalidades das fontes geratrizes da vida em


meios indignos, de lascívia e degeneração, o homem transforma o aparelho sexual em pântano de
aberrante expressão de prazer, em que paulatinamente se afunda até a imersão total nas vascas
de irreversível loucura que o domina e consome. Além das Entidades que o perturbam, vincula-se
a outras, ociosas e malsãs, dos vários sítios a que recorre, complicando até além da vida física o
processo obsessivo.

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Obsessão da avareza. — Evocando pela consciência ultrajada crimes praticados na vida
passada, o homem se aferra à posse, e, vencido pelo prazer onzenário de tudo reunir, acumula
numa gaiola dourada todos os bens, deixando-se nela aprisionar mesmo depois do fenômeno da
morte, indefinidamente, perdendo a oportunidade de viver e de marchar na direção da
Imortalidade.

Obsessão na saúde. — Espíritos atribulados em si mesmos engendram psicopatias de


nomenclatura complexa, nas quais desgastam o veículo fisiológico a golpes de rebeldia, de ira,
criando estados de desorganização física e posteriormente psíquica, que se transformam mais
tarde em enfermidades mui graves e ainda não definidas na Patologia Médica, que terminam por
consumi-los, levando-os à desencarnação antecipada, na condição de suicidas indiretos e
inconsequentes. Incluem-se entre esses os hipocondríacos, os psíco-maníacos...

Auto-obsessão. — Nem todos os fenômenos obsessivos, entretanto, procedem da


injunção proposital de um Espírito desencarnado sobre outro vestido pela roupagem fisiológica.
Grande parte dos que se encontram entorpecidos pelos problemas de ordem espiritual, psíquica
ou física, padece um processo de auto-obsessão dos mais lamentáveis, pois que nesse quadro o
Espírito obsessor é o próprio obsidiado em reencarnação compulsória de resgate impositivo, que
não consegue forças para se libertar facilmente das situações enfermiças, a fim de avançar nos
rumos do equilíbrio, da necessária paz.

Espíritos despóticos ou viciados, precitos ou cruéis, ao se emboscarem na organização


das células físicas, condicionam, através das próprias vibrações, enarmonias no metabolismo
desta ou daquela natureza, do que decorrem desequilíbrios vários, gerando estado de
perturbação íntima, engendrando distúrbios e neuroses que os fazem com tempo transformar-se
em algozes ou em vítimas de si mesmos, conduzindo-se à desesperação do túmulo antecipado
pelo suicídio direto ou indireto, vítimas de alucinações momentâneas ou da loucura de grande
porte...

Aí estão os esquizofrênicos, os cleptomaníacos, os neuróticos e psicóticos de múltipla


variedade, refletindo as distonias do próprio espírito nos centros de comando da vontade, da
razão, dos diversos órgãos...

Em todos esses quadros, a mediunidade tem uma função primacial, pois que, graças a ela,
se estreitam às ligações do espírito reencarnado com os demais Espíritos desencarnados que
fixa, mediante hipnose cuidadosa e pertinaz, as idéias obsidentes de que a atual vítima
lentamente se deixa absorver fascinada, permitindo-se dominar e consumir...

Todavia, a excelente terapêutica espírita detém medicamentos valiosos de fácil utilização,


merecendo que se recordem a técnica curadora do Cristo, bem como os métodos
psicossomáticos, psiquiátricos, psicanalíticos da Ciência moderna, simultaneamente.

Em qualquer processo obsessivo, o enfermo será sempre convidado às operações de


reajustamento e reequilíbrio próprio, por dele depender a regularização do débito para com o seu
cobrador espiritual.

Pequenos exercícios de disciplina da vontade, culto da prece, leituras edificantes, algum


trabalho eficiente em favor de outrem, na fase inicial ou em qualquer período da perturbação, são
antídotos que agem poderosamente a benefício dos atribulados do espírito.

No capítulo das obsessões todo auxílio de outrem significa aumento de responsabilidade


para o beneficiado.

A obsessão é escolho que, a cada momento, ceifa alegrias e esperanças.

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O Espiritismo, por ser a Doutrina do “homem integral”, torna-se fácil terapia para a
felicidade e um verdadeiro glossário de bênçãos. E o mais eficiente tratado de que dispõe o
homem para a erradicação total desse fantasma cruel, - a obsessão - já que enseja uma vida ética
em consonância com os preceitos evangélicos, em cuja prática a harmonia interior e o otimismo
constituem fatores de equilíbrio sem limite, a irradiar-se em todas as direções.

Oração. — Pelo processo do otimismo oracional, desgastam-se as construções mentais


negativas, favorecendo a mente com idéias salutares que fomentam paisagens de luz e paz, nas
quais o homem haure renovação e coragem, encontrando entusiasmo e alegria para impregnar-se
de equilíbrio e forças, já que sintoniza com as Esferas Superiores da Vida.

Passe. — O revigoramento orgânico, pelo processo da transmissão fluidoterápica de


natureza espiritual ou magnética, consegue no metabolismo do obsidiado o mesmo resultado que
o organismo físico logra, quando debilitado recebe a dosagem do plasma ou da simples
transfusão de sangue. O passe estimula os leucócitos e as hemácias que passam a trabalhar pela
reorganização da vitalidade e a elaboração na medula óssea de novos contingentes para a
manutenção e substituição paulatina dos implementos celulares do organismo.

Água magnetizada. — Evocando a terapêutica utilizada pelo Cristo nas “Bodas de


Canaã”, e, conhecedores das possibilidades de que a água é indicada para catalisar energias de
vária ordem, a fluidificação ou magnetização da mesma é de relevante resultado, quando
realizada pelo obsidiado, orando, ou por seus companheiros de socorro, pois que dessa forma, ao
ser ingerido, o organismo absorve as quintessências que vão atuar no perispírito à semelhança do
medicamento homeopático, estimulando os núcleos vitais donde procedem os elementos para a
elaboração das células físicas e onde, em verdade, se estabelecem os pródromos da saúde como
da enfermidade que sempre se originam no espírito liberado ou calceta.

Desobsessão. — Mediante a elucidação do Espírito perseguidor nas sublimes Escolas de


Fé com que o Espiritismo Cristão enriquece a Terra através da interferência dos Espíritos
Superiores e da técnica iluminativa dos doutrinadores junto àqueles que sofrem, abrem-se as
comportas do entendimento, facultando-lhes compreender que todo perseguidor é um perseguido
em si mesmo e que toda vítima traz consigo os processos auto-regenerativos impostos pela Lei,
fazendo que eles, seus algozes, os entreguem à Sabedoria Divina que os não deixará impunes na
sucessão intérmina do processo educativo da Terra.

O mesmo processo, o da doutrinação, é de relevância nos casos de auto-obsessão, pois o


Espírito doente, seja encarnado ou desencarnado, é sempre alguém necessitado de
esclarecimento e paz, do que resultará a sua libertação.

Seja, todavia, qual seja o recurso utilizado no socorro ao padecente do flagelo obsessivo,
somente o obsidiado pode oferecer o indispensável requisito para a própria saúde: reforma íntima.

Sem a reforma interior, inócuos, negativos, sem produtividade redundam quase todos os
processos socorristas, pois que nos temperamentos rebeldes e reacionários benefício algum pode
produzir resultado valioso.

É por essa razão que examinando a problemática obsessiva, convém ressaltarmos que
ante obsessores ou diante de obsidiados é indispensável a inalienável, a valiosa colaboração do
próprio obsidiado no que diz respeito à transformação íntima de que se fazem testemunha os seus
perseguidores desencarnados, que resolvem abandoná-los ou não graças ao esforço que
desenvolvam na busca da paz ou mediante o contingente que ofereçam a benefício da
regeneração daqueles a quem são devedores.

67
Cultive, pois, cada um que deseja a harmonia pessoal a persistência relativa da saúde, a
boa palavra, o amor, piedade fraternal, o perdão indiscriminado, a conduta mora elevada; exercite-
se nas tarefas da caridade, pelo pensamento, pela palavra e pela ação, pois como é verdade que
pode mos enganar o próximo no caminho em que nos encontramos inutilmente tentaremos
obliterar a própria consciência e ludibriar aqueles que nos seguem do passado em regime de
comensalidade conosco, na atual conjuntura reencarnatória..

O antídoto salutar, imediato, à obsessão é a vivência cristã e espírita através da


conjugação dos verbos amar, servir perdoar em todos os tempos e modos, em cuja execução c
espírito endividado se libera dos compromissos negativos c ascende na direção do Planalto
redentor da paz.

Tomado “carta viva” do Evangelho, ensina a imorredoura lição da fraternidade, após


libertar-se da causa contingente da dor, pela sublime mensagem do amor de que se faz emissário
em nome do Excelso Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por fim, consideremos a necessidade de estudar o Espiritismo para conhecer as suas


preciosas lições, e, banhando-se de otimismo e vigilância, precatar-se da obsessão, esse terrível
invasor, cooperando para que na Terra se estabeleça o primado do Espírito, que será formosa
antemanhã do Reino de Deus entre as criaturas.

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OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: SANIDADE E DESEQUILÍBRIO MENTAL

É muito diáfana a linha divisória entre a sanidade e o desequilíbrio mental.

Transita-se de um para outro lado com relativa facilidade, sem que haja, inicialmente, uma
mudança expressiva no comportamento da criatura.

Ligeira excitação, alguma ocorrência depressiva uma ansiedade, ou um momento de


mágoa, a escassez de recursos financeiros, o impedimento social, a ausência de um trabalho
digno entre muitos outros fatores, podem levar o homem a transferir-se para a outra faixa da
saúde mental, alienando-se, temporariamente e logo podendo retornar à posição regular, à de
sanidade.

Problemas de ordem emocional e psicológica, mais costumeiramente conduzem a estados


de distonia psíquica não produzindo maiores danos, quando não se deixa que se enraízem ou que
constituam causa de demorado trauma.

Vivendo-se numa sociedade em que as neuroses e as psicoses campeiam desenfreadas,


vitimando um número cada vez maior de homens indefesos, as balizas demarcatórias dos
distúrbios mentais fazem-se mais amplas.

Há, no entanto, além dos fatores que predispõem à loucura e dentre os quais situamos o
carma do Espírito, nos quais se demoram incontáveis criaturas em plena fronteira, a obsessão
espiritual, que as impulsiona a darem o passo adiante, arrojando-as no desfiladeiro da alienação
de largo porte e de difícil recuperação...

São os sexólatras, os violentos, os exagerados, os dependentes de viciações de qualquer


natureza, os pessimistas, os invejosos, os amargurados, os suspeitosos incondicionais, os
ciumentos, os obsidiados, que mais facilmente transpõem os limites da saúde mental...

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Não nos desejamos referir àqueles que são portadores de patogenias mais imperiosas em
razão de enfermidades graves, da hereditariedade, de distúrbios glandulares e orgânicos, de
traumas cranianos e de seqüelas de inúmeras doenças outras...

Queremos deter-nos nas psicopatogêneses espirituais, sejam as de natureza emocional,


pelas aptidões e impulsos que procedem das reencarnações transatas, de que os enfermos não
se liberam, sejam pelo impositivo das obsessões infelizes, produzidas por encarnados ou por
Espíritos que já se despiram da indumentária carnal, permanecendo, no entanto, nos propósitos
inferiores que se aferram...

A obsessão é uma fronteira perigosa para a loucura irreversível.

Sutil e transparente, a princípio, agravam-se, em razão da tendência negativa com que a


agasalha o infrator dos Soberanos Códigos da Vida.

Dando gênese a enfermidades várias, inicialmente imaginárias, que recebe por via
telepática, podem transformar-se em males orgânicos de consequências insuspeitadas, ao talante
do agente perseguidor que induz a vítima que o hospeda, a situações lamentáveis.

Comportamentos que se modificam, assumindo posições e atitudes estranhas, mórbidas,


exprimem constrição de mentes obsessoras sobre aqueles que se lhes submetem, mergulhando
em fosso de sombras e de penoso trânsito...

Há muito mais obsessão, grassando na Terra, do que se imagina e se crê.

Mundo este que é de intercâmbio mental, vivo e pulsante, cada ser sintoniza com outro
equivalente, prevalecendo, por enquanto, os teores mais pesados de vibrações negativas, que
perturbam gravemente a economia psíquica, social e moral dos homens que nele habitam.

Não obstante, a vigilância do amor de Cristo Jesus atua positiva, laborando com eficiência,
a fim de que se modifiquem os dolorosos quadros da atualidade, dando surgimento a uma fase
nova de saúde e paz.

Nesse contexto, o Espiritismo que é o mais eficaz e fácil tratado de higiene mental
desempenha um relevante papel, qual seja o de prevenir o homem dos males que ele gera para si
mesmo e lhe cumpre evitar, como lhe facultando os recursos para superar a problemática
obsessiva, ao mesmo tempo apoiando e enriquecendo os nobres profissionais e missionários da
Psicologia, da Psiquiatria, da Psicanálise...

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03.05 - GRUPO III

ORGANIZAÇA0 DOS TRABALHOS

27 - A EQUIPE DE TRABALHO

28 — REUNIÕES SÉRIAS

29 — SERVIÇOS DE DESOBSESSÃO

30 ─ NA DESOBSESSÃO

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27

OBRA: GRILHOES PARTIDOS

TEMÁTICA: A EQUIPE DE TRABALHO

Toda e qualquer tarefa, especialmente a que se destina ao socorro, exige equipe hábil,
adredemente preparada para o ministério a que se dedica.

O operário siderúrgico, a fim de poder executar o trabalho junto às fornalhas de alta


temperatura, resguarda-se, objetivando a sobrevivência, e a benefício de resultados vantajosos.

O tecelão preserva o aparelho respiratório com máscaras próprias e articula habilidades


que desdobra, de modo a atender aos caprichos de padronagem, cor e confecção com os fios que
lhe são entregues.

O agricultor apreende os cuidados especiais de que necessitam o solo, a semente, a


planta, a floração e o fruto, com o fito de recolher lucros no labor que enceta.

O mestre, o cirurgião, o artista, o engenheiro, o expositor, o escrevente, todos os que


exercem atividades, modestas ou não, se dedicam com carinho e especializam-se, adquirindo
competência e distinção com o que se capacitam às compensações disso decorrentes.

No que tange às tarefas da desobsessão, não menos relevantes são os valores e


qualidades especiais exigíveis, para que logrem êxitos.

Nos primeiros casos, necessita-se de fatores materiais, intelectivos e artísticos, inerentes a


cada indivíduo que se dedica ao mister, seguindo a linha vocacional que lhe é próprio ou
estimulado pelas vantagens imediatas, através das quais espera rendas e estipêndio materiais.

No último caso, deve-se examinar a transcendência do material em uso sutil, impalpável,


incorpóreo a começar desde a organização mediúnica até as expressões de caráter moral das
Entidades comunicantes.

A equipe que se dedica à desobsessão e tal ministério somente é credor de fé, possuidor
de valor, quando realizado em equipe, que a seu turno se submete à orientação das Equipes
Espirituais Superiores deve estribar-se numa série incontroversa de itens, de cuja observância
decorrem os resultados da tarefa a desenvolver.

O “milagre” tão amplamente desejado é interpretação caótica e absurda de fatos


coerentes, cuja mecânica escapa ao observador apressado. Não ocorre, portanto, uma vez que
tudo transcorre sob a determinação de leis de superior contextura e de sábia execução.

Assim, faz-se imprescindível, na desobsessão, quando se pretende laborar em equipe:

a) harmonia de conjunto, que se consegue pelo exercício da cordialidade entre os


diversos membros que se conhecem e se ajudam na esfera do quotidiano;

b) elevação de propósitos, sob cujo programa cada um se entrega, em regime de


abnegação, às finalidades superiores da prática medianímica, do que decorrem os resultados de
natureza espiritual, moral e física dos encarnados e dos desencarnados em socorro;

c) conhecimento doutrinário, que capacita os médiuns e os doutrinadores assistentes e


participantes do grupo a uma perfeita identificação, mediante a qual se podem resolver os
problemas e dificuldades que surgem, a cada instante, no exercício das tarefas desobsessivas;

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d) concentração, por meio de cujo comportamento se dilatam os registros dos
instrumentos mediúnicos, facultando sintonia com os comunicantes, adredemente trazidos aos
recintos próprios para a assistência espiritual;

e) conduta moral sadia, em cujas bases estejam insculpidas as instruções evangélicas,


de forma que as emanações psíquicas, sem miasmas infelizes, possam constituir plasma de
sustentação daqueles que, em intercâmbio, necessitam dos valiosos recursos de vitalização para
o êxito do tentame;

f) equilíbrio interior dos médiuns e doutrinadores, uma vez que, somente aqueles que
se encontram com a saúde equilibrada estão capacitados para o trabalho em equipe. Pessoas
nervosas, versáteis, susceptíveis, bem se depreende, são carentes de auxilio, não se encontrando
habilitadas para mais altas realizações, quais as que exigem recolhimento, paciência, afetividade,
clima de prece, em esfera de lucidez mental. Não raro, em pleno serviço de socorro aos
desencarnados, soam alarmes solicitando atendimento aos membros da esfera física, que se
desequilibram facilmente, deixando-se anestesiar pelos tóxicos do sono fisiológico ou pelas
interferências da hipnose espiritual inferior, quando não derrapam pelos desvios mentais das
conjecturas perniciosas a que se aclimataram e em que se comprazem.

Alegam muitos colaboradores que experimentam dificuldades quando se dispõem à


concentração. No entanto, fixam-se com facilidade surpreendente nos pensamentos depressivos,
lascivos, vulgares, graças a uma natural acomodação a que se condicionam, corno hábito
irreversível e predisposição favorável.

Parece-nos que, em tais casos, a dificuldade em concentrar-se refere às idéias superiores,


aos pensamentos nobres, cujo tempo mental para estes reservados, é constituído de pequenos
períodos, em que não conseguem criar um clima de adaptação e continuidade suficientes para a
elaboração de um estado natural de elevação espiritual;

g) confiança, disposição física e moral, que são decorrentes da certeza de que os


Espíritos, não obstante, invisíveis para alguns, se encontram presentes, atuantes, a eles se
vinculando, mentalmente, em intercâmbio psíquico eficiente, de cujos diálogos conseguem haurir
estímulos e encorajamento para o trabalho em execução. Outrossim, as disposições físicas,
mediante uma máquina orgânica sem sobrepeso de repastos de digestão difícil, relativamente
repousada, pois não é possível manter-se uma equipe de trabalho dessa natureza, utilizando-se
companheiros desgastados, sobrecarregados, em agitação;

h) circunspecção, que não expressa catadura, mas responsabilidade, conscientização de


labor, embora desanuviada, descontraída, cordial;

i) médiuns adestrados, atenciosos, que não se facultem perturbar nem perturbem os


demais membros do conjunto, o que significa adicionar, serem disciplinados, a fim de que a
erupção de esgares pancadas, gritarias não transforme o intercâmbio santificante em algaravia
desconcertante e embaraçosa. Ter em mente que a psicofonia é sempre de ordem psíquica,
mediante a concessão consciente (referimo-nos à lucidez da auto-doação do médium para o
intercâmbio e não à memória, velada ou não, durante o transe) do médium, através do seu
perispírito, pelo qual o agente do além-túmulo consegue comunicar-se o que oferece ao sensitivo
possibilidade de frenar todo e qualquer abuso do paciente que o utiliza, especialmente quando
este é portador de alucinações, desequilíbrios e descontroles de vária ordem, que devem, de logo,
ser corrigidos ou pelo menos diminuídos, aplicando-se a terapêutica de reeducação;

j) lucidez do preposto para os diálogos, cujo campo mental harmonizado deve oferecer
possibilidades de fácil comunicação com os Instrutores Desencarnados, a fim de cooperar
eficazmente com o programa em pauta, evitando discussão infrutífera, controvérsia irrelevante,
debate dispensável ou informação precipitada e maléfica ao atormentado que ignora o transe
grave de que é vítima, em cujas teias dormita semi-hebetado, apesar da ferocidade que
demonstre ou da agressividade de que se revista;

72
l) pontualidade, a fim de que todos os membros possam ler e comentar em esfera de
conversação edificante, com que se desencharcam dos tóxicos físicos e psíquicos que carregam,
em conseqüência das atividades normais; e procurarem todos, como leciona Allan Kardec, ser
cada dia melhor do que no anterior, e de cujo esforço se credenciam a maior campo de sintonia
elevada, com méritos para si próprios e para o trabalho no qual se empenham...

Claro está que não exaramos aqui todas as cláusulas exigíveis a uma tarefa superior
desobsessão, todavia, a sincera e honesta observância destas darão qualidade ao esforço
envidado numa tentativa de cooperação com o Plano Espiritual interessado na libertação do
homem, que ainda se demora atado às rédeas da retaguarda, em lento processo de renovação.

28

OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO

TEMÁTICA: REUNIÕES SÉRIAS

As reuniões espíritas de qualquer natureza devem revestir-se do caráter elevado da


seriedade.

“Não sendo os Espíritos seres outros que não as almas dos homens” que viveram na
Terra, não podem eles isentar-se da comunhão imperiosa, resultante das leis da afinidade. Nesse
particular, convém não esquecer que os Espíritos desencarnados pelo simples fato de estarem
despidos da indumentária carnal, não são melhores nem piores que os homens, mas continuação
destes, plasmados pelo que cultivaram, fizeram e se aprazem.

Elegendo como santuário qualquer lugar onde se vivam as lições incorruptíveis de Jesus, o
Espiritismo ensina que o êxito das sessões se encontra na dependência dos fatores-objetivos que
as produzem, das pessoas que as compõem e do programa estabelecido.

Como requisitos essenciais para uma reunião séria considerem, pois, as intenções, o
ambiente, os membros componentes, os médiuns, os doutrinadores.

As intenções, fundamentadas nos preceitos evangélicos do amor e da caridade, do estudo


e da aprendizagem, são as que realmente atraem os Espíritos Superiores, sem cuja contribuição
valiosa os resultados decaem para a frivolidade, a monotonia e não raro para a obsessão.

Não sendo apenas o de construção material, o ambiente deve ser, elaborado e mantido
por meio da leitura edificante e da oração, debatendo-se os princípios morais capazes de criar
uma atmosfera pacificadora, otimista e refazente.

Os membros componentes devem esforçar-se por manter os requisitos mínimos de


conseguirem instruir-se, elevando-se moral, mental e espiritualmente, através do devotamento
contínuo, incessante, para a fixação da idéia espírita de elevação que lhes deve tornar pauta de
conduta diária.

Os médiuns, semelhantemente aos demais participantes são convidados ao policiamento


interior das emoções, dos pensamentos, das palavras e da conduta, para se tornarem maleáveis
às instruções de que porventura poderão ser instrumento. A faculdade mediúnica não os isenta
das responsabilidades morais imprescindíveis à própria renovação e esclarecimento, pois que,
mais facilmente, os Espíritos Puros se aprazem de utilizar aqueles instrumentos dóceis e
esclarecidos, capazes de lhes facilitarem as tarefas a que se propõem.

73
Os doutrinadores têm igualmente a obrigação de se evangelizar, estudando a Doutrina e
capacitando-se para entender e colaborar-nos diversos misteres do serviço em elaboração.

Na mesma linha de deveres dos médiuns, não se podem descurar do problema psíquico
da sintonia, a fim de estabelecerem contato com os Diretores do Plano Espiritual que
supervisionam os empreendimentos de tal natureza.

As reuniões espíritas são compromissos graves assumidos perante a consciência de cada


um, regulamentados pelo esforço, pontualidade, sacrifício e perseverança dos seus membros.

Somente aqueles que sabem perseverar, sem postergarem o trabalho de edificação


interior, se fazem credores da assistência dos Espíritos interessados na sementeira da esperança
e da felicidade na Terra programa sublime presidido por Jesus, das Altas Esferas.

Nas reuniões sérias, os seus membros não podem compactuar com a negligência aos
deveres estabelecidos em prol da ordem geral e da harmonia, para que as infiltrações dos
Espíritos infelizes não as transformem em celeiros de balbúrdia, em perfeita conexão com a
desordem e o caos.

Invariavelmente, as reuniões sérias de estudo ou socorro mediúnico se convertem em


educandários para desencarnados que são trazidos por seus mentores. São atraídos pela própria
curiosidade ou interessados na sua destruição...

Sendo a sociedade do Mundo Espiritual constituída daqueles que viveram na Terra, cá


como aí, não faltam os ociosos, os de mente viciada, os parasitos, os perseguidores inveterados,
os obsessores cruéis, os infelizes de todo jaez que deambulam solitários ou em magotes, isolados
em si mesmos ou em colônias perniciosas, buscando presas irresponsáveis e inconscientes para
o comércio da vampirização...

Conseguintemente, necessárias se fazem muita vigilância e observação, mesmo porque


grande parte desses visitadores é trazida para que o exemplo dos encarnados lhes constitua lição
viva de despertamento, mudando-lhes a direção mental e interessando-os na solução dos
afugentes problemas que os infelicitam e maceram, mesmo quando disso não se apercebem ou
fingem não os experimentar...

Para que uma sessão espírita possa interessar os Instrutores Espirituais, não pode abstrair
do elevado padrão moral que se devem revestir todos os participantes, pois se o cenho carregado
e sisudo na Terra pode apresentar um homem como sendo de bem, em verdade, só a
exteriorização dos seus fluidos isto é, a vibração do seu próprio espírito, que é resultante dos atos
morais praticados o distingue das diversas criaturas, oferecendo material específico aos
Instrutores Desencarnados para as múltiplas operações a realizarem-se nos abençoados núcleos
espiritistas sérios, que têm em vista o santificante programa da desobsessão espiritual.

74
29

OBRA: TRILHAS DA LIBERTAÇÃO

TEMÁTICA: SERVIÇOS DE DESOBSESSÃO

Acompanhando a renovação que se processava naquele Núcleo de ação espírita, o Dr.


Carneiro explicou-me, espontaneamente:

O Espiritismo é uma Doutrina que sintetiza o conhecimento humano em uma abrangência


admirável. Nem poderia ser diferente, pois que foi revelado pelos Espíritos que se tornaram
pioneiros do saber na Terra, e que, com a visão da vida ampliada no Além, ofereceram tudo
quanto se faz imprescindível à felicidade dos seres. Tem a ver, portanto, com todos os ramos da
cultura em urna expressão holística da realidade, que se faz indispensável para o entendimento
integral do homem e da vida. As doutrinas secretas ressurgem nele desvestidas dos mitos e
rituais, facilitando o intercâmbio entre as inteligências encarnadas e desencarnadas, ampliando o
quadro de informações através das Ciências, na sua faina de tudo explicar e submeter.

Com esse arsenal de instrumentos próprios, o Espiritismo liberta as consciências das


sombras e as conclama às escaladas desafiadoras do progresso.

Por tal razão, a Casa Espírita avança para a condição de Educandário, fornecendo os
contributos para o estudo e a análise das criaturas, libertando-as das crendices e superstições, ao
tempo em que lhes oferece os recursos para a ação com liberdade sem medos, com
responsabilidade sem retentivas, perfeitamente lúcidas a respeito do destino que lhes está
reservado, ele próprio resultado das suas opções e atitudes.

Uma sociedade que se conduza fiel a esses conceitos e determinações torna-se justa,
equânime e os membros que a constituam serão, sem dúvida, felizes.

Tudo marcha na direção da Unidade, pois que dela partem todos os rumos. No afã de
penetrar a sonda da investigação no organismo universal, os cientistas constatam a
interdependência das informações que detectam, umas em relação às outras, tão interpenetradas
estão. A análise de qualquer conteúdo exige uma ampla malha de conhecimentos, a fim de bem
captá-lo.

O homem, em razão do seu largo processo de evolução, das suas vinculações ancestrais
e experiências, não deve ser examinado apenas por um dos seus ângulos, seja físico, psíquico,
emocional, social... Cada faceta da sua realidade traz embutidos outros aspectos e contributos
que respondem pela manifestação e aparência daquela focalizada.

Assim, na área da saúde, são muitos os fatores que respondem, pelo equilíbrio ou
desarmonia do indivíduo, e, no que tange à de ordem espirituais, mais complexos se fazem os
fatores que lhes dão origem ou os desarticulam. Nesse painel, a consciência exerce um papel
preponderante por ser o árbitro da vida, a responsável por todos os acontecimentos, o Deus em
nós das antigas tradições de nossos antepassados.

O homem realmente livre é consciente das suas responsabilidades, não necessitando de


nada externo para os logros elevados a que se propõe. Torna-se condição essencial o
conhecimento real, defluente da meditação e da vivência dos seus estatutos para seguir a marcha
com a elevação indispensável à vitória. Certamente foi esta a idéia de Jesus ao preconizar-nos
buscar a Verdade que nos torna livre.

Começavam a chegar os participantes da sessão mediúnica de desobsessão da Casa, que


se realizava hebdomadariamente.

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Era a primeira atividade deste gênero após os sucessos narrados, e havia expectativa,
certa intranquilidade em alguns cooperadores dos trabalhos.

A sala reservada para o mister recebera cuidados especiais: técnicos do nosso plano
dispuseram aparelhos próprios para o socorro desobsessivo em várias partes do recinto.

O irmão Vicente comandava a programação conforme o fazia sempre. Agora, menos


preocupado que antes, em face da alteração realizada, sentia-se feliz pelas possibilidades que se
delineavam para o futuro, sem os riscos desnecessários dos dias idos.

Conscientes dos deveres, os membros do grupo mediúnico eram recebidos à entrada da


sala pelo presidente da Sociedade, o Sr. Almiro, um cavalheiro tranqüilo, de aproximadamente
setenta anos, que irradiava bondade espontânea e gentileza sem afetação.

Sorrindo com afabilidade, podíamos perceber-lhe o alívio de que era possuído com a
alteração dos programas espirituais que havia sido efetivada.

Às 19h30min, já se encontravam presentes todos os participantes, em recolhimento


silencioso.

A pontualidade era ali requisito indispensável, já que constitui um dos fatores para o êxito
do cometimento.

Tomando lugar à cabeceira da mesa, em torno da qual sentavam-se mais onze


companheiros e, nas cadeiras em frente, mais quatorze pessoas, o diretor começou a ler uma
página de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.

A leitura não se fazia enfadonha, porque ele enunciava as perguntas, e uma senhora, ao
lado, as respostas.

Logo após, quando foram examinadas três ou quatro questões, os membros da mesa
apresentaram comentários complementares, fizeram perguntas adicionais em tom de voz
agradável, sem entonação de discurso ou debate, procurando-se recolher ensinamentos
proveitosos e saudáveis.

Posteriormente se procedeu ao exame de “O Livro dos Médiuns” e de “O Evangelho


Segundo o Espiritismo”, ambos também de Alian Kardec, gerando uma psicosfera de paz e
receptividade.

Percebi que as Entidades convidadas para o intercâmbio da noite, ainda em sofrimento ou


perturbadoras, permaneciam entre as pessoas, isoladas por barreiras vibratórias que, no entanto,
lhes permitiam escutar as leituras e os comentários. As que eram lúcidas e trabalhadoras
movimentavam-se com liberdade, e os obsessores, alguns já vinculados aos médiuns pelos quais
se deveriam comunicar, a contra-gosto escutavam os ensinamentos, recalcitrando e reagindo com
blasfêmias e grosserias. Espíritos familiares dos presentes também permaneciam no recinto, em
atitude digna, reflexionando a respeito da tarefa e das comunicações, e os demais cooperadores,
os que transportam os enfermos desencarnados, igualmente estavam a postos.

Tudo se encontrava em ordem, qual sucede em um tratamento cirúrgico, quando a equipe


aguarda o sinal do chefe para o início da operação.

Às vinte horas, o Sr. Almiro formulou sentida oração a Deus, na qual agradecia as bênçãos
recebidas e suplicou-lhe a proteção para as atividades que se iriam desenvolver.

Ao terminar a prece, uma suave auréola de tom solferino emoldurou-lhe a cabeça,


exteriorizando os sentimentos nobres que o possuíam.

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De imediato, o irmão Vicente, através da psicofonia sonambúlica de Dona Armênia, deu as
instruções iniciais e nos preparamos para acompanhar o desdobramento da reunião.

Observei que cada médium, assim como os demais participantes irradiava claridades que
variavam desde os tons mais escuros e fortes aos diáfanos e laranja. Alguns havia, entre o
público, que não apresentavam qualquer alteração, permanecendo corno um bloco inanimado.

O Dr. Carneiro, que me acompanhava a observação silenciosa, veio em meu socorro,


esclarecendo:

São companheiros que não conseguem arrebentar as algemas dos pensamentos


habituais: pessimistas, ansiosos, distraídos que, não obstante interessados, aproveitam-se da
penumbra para dar curso aos pensamentos trêfegos e viciosos do cotidiano ou ao sono
anestesiante, Enquanto o indivíduo não se esforce por educar a mente, substituindo os temas
agradáveis, mas prejudiciais, por aqueles de elevação e disciplina, sempre que se veja sem
atividade física, emergem-lhe as idéias perniciosas que vitaliza, produzindo-lhe uma cela sombria,
na qual se encarcera. Sempre dirá que se esforça para concentrar-se nas faixas superiores, no
entanto, não consegue. E é natural que tal aconteça, porquanto os rápidos tentames, logo
abandonados, não geram os condicionamentos necessários à criação de um estado natural de
sintonia superior. Acostumados aos clichês mentais mais grosseiros, escapam-lhe as imagens
mais sutis em elaboração.

E os médiuns, indaguei interessado por que tão diferentes colorações? Denotam-lhes os


diferentes estágios de evolução?”
De certo modo, sim respondeu generoso. No caso destes aqui presentes podem observar
que a nossa irmã Armênia é um Espírito mais lúcido, mais experimentado neste tipo de serviço,
além do que, transformou a existência em um verdadeiro ministério do bem. Senhora pobre,
casada com um homem viciado em alcoólicos, conduziu a família com sacrifício e estoicismo,
ajudada pelos Benfeitores desencarnados, que lhe infundiam ânimo e vitalidade. Não abandonou
jamais os deveres espirituais, que abraça há quase trinta anos, mesmo nos dias mais rudes e
doridos, havendo por isso mesmo, granjeado respeito e consideração dos seus Mentores e
Amigos Espirituais.

Outros há, entre nós, com expressiva folha de serviço no culto dos seus deveres humanos
e sociais, nas suas atividades públicas e particulares, o que os tornam homens e mulheres de
bem, aureolados, portanto, pelo merecimento a que fazem jus.

Diversos, todavia, atravessam fases e experiências humanas diferentes, de provas, de


testemunhos para os quais ainda não se encontram com os recursos amealhados, todos,
porém, dignos do nosso carinho, respeito e acatamento. Cada criatura vale o que logra não o que
lhe falta.

Após uma breve pausa, prosseguiu:

Os médiuns são criaturas humanas como outras quais quer que se diferenciam, apenas,
pela aptidão especial que possuem para se comunicar com os Espíritos. Não são santos embora
devam caminhar pela senda da retidão, nem pecadores apesar dos seus deslizes naturais.
Costuma-se exigir-lhe muito, esperando-se que sejam modelos perfeitos do que ensinam os
Mentores por seu intermédio. Certamente, esta seria a condição ideal para todos. Desse modo,
somos pacientes com as suas dificuldades e delitos morais, de responsabilidade deles mesmos,
buscando, entretanto, auxiliá-lo sempre, qual fazemos com todas as demais pessoas.

E da Lei, que os médiuns deverão aceitar para si as instruções de que se fazem


intermediários, antes de as considera para os outros... Como, porém, são frágeis, na sua condição
de humanidade entendemos que todo aprendizado cxi g esforço e tempo, cabendo-nos auxiliá-los
sempre e sem cessar.

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30

OBRA: DEPOIMENTOS VIVOS

TEMÁTICA: NA DESOBSESSÃO

Em considerando as nossas responsabilidades, na tarefa espírita em que nos encontramos


engajados, tentando a liberação de graves compromissos, não vemos como dissociar do servidor
o serviço, do tarefeiro a tarefa, de modo a situar o operário cristão somente em dias e horas
adredemente marcados, a fim de que se desincumba dos misteres que afirma esposar.

Quem se vincula às atividades superiores da vida está sempre em ação operante.

O artista desta ou daquela qualidade não consegue abstrair-se à beleza, em circunstância


alguma.

O médico clínico sempre diagnostica a problemática da saúde, mesmo quando não


consultado diretamente.

O arquiteto não se subtrai à observação do edifício que depara.

O médium, a seu turno, sempre está em contato com os Espíritos...

O espírita, igualmente, não se pode isolar da convicção, vivendo uma existência dúplice,
compatível com a fé e dela cerceado, simultaneamente.

Compromissado com as experiências do socorro mediúnico aos desencarnados, encontra-


se, incessantemente, em serviço, porquanto seus pensamentos produzem vinculações com outros
pensamentos que dimanam das mentes que operam nas densas faixas da vida física, não
obstante fora do corpo.

Exercite a mediunidade, em qualquer das suas expressões, labore no auxílio pelo


esclarecimento verbal ou pela terapia da prece, vigie e vigie-se, a fim de manter padrões
vibratórios favoráveis aos cometimentos espirituais que se integra.

O sucesso do trabalho de desobsessão aos encarnados ou entre desencarnados


reciprocamente, culmina na reunião em que se conjugam os grupos que compõem o ministério.
Todavia, com regular antecedência, já se realizam as atividades que promoverão tais resultados
em clima de êxito ou desacerto.

Difícil operar com cooperadores que se reservam momentos breves para o auxílio
fraternal, após tarefas estafantes reservadas ao egoísmo. Como consequência, são comuns os
estados de sonolência por estafa, de enfado por indisciplina, de insatisfação por incoerência de
comportamento em muitos círculos mediúnicos.

Em tais agrupamentos, sem a competente vigilância dos componentes, as defesas se


desfazem, e irrompem, em hordas contínuas, grupos de vândalos, asseclas e comparsas
espirituais dos que os atraem vigorosamente pelo despautério que se permitem, embora
participando de serviço relevante, sob o concurso lenificador da oração...

Sucede, porém, que não se podem improvisar concentração, equilíbrio, serenidade,


confiança. Só a mente e o corpo auto-disciplinados em regime de continuidade logram a produtiva
e operosa psicosfera de harmonia para cometimentos elevados.

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A leviandade habitual, a irreverência incessante, a comodidade bem nutrida pelo ócio, a
suspeita constante, a mordacidade contumaz dificilmente se desatrelam de quem as cultiva para
cederem lugar a responsabilidade consciente, ao respeito ordenado, ao sacrifício pessoal
freqüente, à confiança irrestrita, à humildade natural, imprescindíveis ao teor mínimo de vibrações
favoráveis à intervenção dos Bons Espíritos.

Não se forjam momentaneamente atitudes morais edificantes.

Não se promovem servidores perniciosos a posições relevantes sem perigos graves na


máquina em que se localiza no grupo humano.

O membro cristão da colméia espírita de atividade desobsessiva está sempre observado,


em constante intercâmbio psíquico, em contínuo labor espiritual.

Muitos companheiros aludem, no plano físico, à ausência de “sinais” por parte dos
Espíritos Superiores, nos seus serviços mediúnicos, e dizem-se descrentes...
Todavia, esquecem-se de ligar definitivamente as tomadas mentais aos centros de comando das
Esferas Elevadas, por estarem em conexão com outros núcleos transmissores, que interferem
amiúde, em quaisquer circunstâncias, controlando-lhes as sedes receptoras, sempre interditadas
a outras mensagens...

Urgente uma revisão conceptual e imediata as providências, antes da erupção dos


processos obsessivos de longo curso, como ocorre com maior freqüência do que se dão conta
os insensatos e levianos.

Consciente das responsabilidades abraçadas, cada participante do grupo de desobsessão


estruture as vigas do comportamento na dinâmica do Evangelho e torne-se obreiro da paz em
nome d’Aquele que é o Modelo de todos, a fim de servir bem e com produtividade.

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03.06 – GRUPO IV

PRATICA DESOBSESSIVA

31 — TERAPIA DESOBSESSIVA

32 — TERAPIA DE DESOBSESSÃO

33 — MEDIUNIDADE SOCORRISTA

34 — ALIENAÇÃO OBSESSIVA E A MISSÃO DO ESPIRITISMO

35 — EM ORAÇÃO

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31

OBRA: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA

TEMÁTICA: TERAPIA DESOBSESSIVA

Conforme o quadro da alienação varia os recursos terapêuticos.

Sabendo-se que o agente é um ser que pensa e age movido por uma razão que lhe
parecei justa qualquer política de ilaqueação da honestidade torna-se improfícua, aumentando a
hostilidade e a tenacidade do perseguidor.

O principal mister deve ser o de concentrar no enfermo desencarnado as atenções,


tratando-o com bondade e respeito. mesmo que se não esteja de acordo com o que faz.

Conquistar para íntima renovação o agente infeliz, porquanto toda ação má procede
sempre de quem não está bem, por mais escamoteie e disfarce os sentimentos e o próprio
estado, é o primeiro definitivo passo.

Evitar-se a discussão inoperante, forrado de humildade real, na qual transpareça o


sentimento amoroso pelo bem estar do outro, que terminará por envolver-se em ondas de
confiança e harmonia, de que se beneficiará, mudando de atitude em relação aos propósitos
mantidos até então.

Simultaneamente, educar-se à luz do Evangelho o paciente, insistindo junto a ele com


afabilidade, pela transformação moral e criando em torno de si condições psíquicas harmônicas,
com que se refará emocionalmente estimulando-se a contribuir com a parte que lhe diz respeito.

Atraí-lo a ações dignificantes e de beneficência, com que granjeará simpatias e vibrações


positivas que o fortalecerão, mudando o seu campo psíquico.

Estimular-lhe o hábito da oração e da leitura edificante, ao mesmo tempo trabalhando-lhe o


caráter, que se deve tornar maleável ao bem e refratário ao vício.

As mentes viciosas encharcam-se de vibrações e parasitas extravagantes, dementadas


pelo desdobrar dos excessos perniciosos.

Ao lado dessa psicoterapia, é necessária a aplicação dos recursos fluídicos, seja através
do passe ou da água magnetizada, da oração intercessória com que se vitalizam os núcleos
geradores de forças, estimulantes da saúde, com o poder de desconectarem os plugs das
respectivas matrizes, de modo a que o endividado se reabilite perante a Consciência Cósmica
pela aplicação dos valores e serviços dignificadores.

Não ocorrem milagres em misteres que tais como noutros de qualquer natureza, O
acontecimento miraculoso, quando parece suceder, é o resultado de uma ação muito bem
programada, cujos efeitos são registrados e cujas causas não são necessariamente, no momento,
conhecidas.

Toda pessoa que deseje contribuir na esfera do socorro desobsessivo, que se não descure
da conduta íntima, nem das suas ligações com o Plano Espiritual Superior, donde fluem os
recursos lenificadores, salutares para os cometimentos do amor.

Recordando Jesus, diante dos obsidiados e dos obsessores busquemos a Sua ajuda e
inspiração na condição elevada que Ele ocupa como “Senhor dos Espíritos”.

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32

OBRA: ANTOLOGIA ESPIRITUAL

TEMÁTICA: TERAPIA DE DESOBSESSÃO

...E Jesus vendo a multidão (tomado de compaixão) abriu a Sua boca e disse:
“Bem-aventurados os que choram...” conforme anotou Mateus, no capítulo cinco, versículo quatro
do seu Evangelho.

As multidões têm-se apresentado sempre dominadas pelas aflições geradoras de lágrimas,


sem saberem os rumos a seguir, naufragando, freqüentemente nas águas encapeladas do
desespero, sem experimentarem consolação.

Não basta encontrar-se alguém aflito para ser amado e socorrido, tornando-se um bem-
aventurado.

A aflição que induz o ser à renovação, ao auto-descobrimento, à valorização da vida,


aprimora-o libertando-o da carga constritora do sofrimento. Conhecê-la para superá-la, é o grande
desafio.

Há aflições de várias gêneses e reações múltiplas, dos aflitos, que lhes impedem a
consolação.

Cada ser é uma experiência particular e cada aflição representa um recurso próprio
utilizado pela Vida para o seu crescimento.

Assim, multiplicam-se cada dia os fenômenos geradores de desgraça.

Entre as muitas aflições que grassam na atualidade e não estão consoladas, destacamos
a epidemia obsessiva, que arrebanha multidões de desenfreadas personagens na tragédia do
cotidiano.

Enfileirando-se entre os enfermos de patologias múltiplas, entregam-se aos descalabros


de toda ordem, sofrendo injunções complexas de amargura e revolta, em decomposição moral,
psíquica e física, sem saberem que roteiro seguir.

Mesmo quando se lhes acena a possibilidade de refazimento a contributo do esforço


pessoal e da transformação íntima, recusam-se, preferindo, às vezes, a continuação do desalinho,
por caprichos infantis e paixões egoístas, à aquisição da saúde.

Saúde representa-lhes responsabilidade, e equilíbrio significa-lhes investimento da vida


que impõe cuidados graves e não querem administrar.

Como efeito, enquanto a insensatez e o despautério preservam o primarismo do ser, o


discernimento e o bem-estar ampliam a área da consciência lúcida, que a muitos se apresenta
como carga de difícil condução, de antemão recusando-se carregá-la.

A desobsessão é técnica espírita especializada para libertar as mentes que se


interdependem, no comércio infeliz da submissão espiritual. Especialmente aplicada nos
fenômenos que caracterizam a dominação de um espírito sobre um ser encarnado, ela se apóia
em dois elementos essenciais: o esclarecimento do vingador que cobra, por ignorância ou
perversidade os delitos do passado e a renovação morai do devedor, a vítima atual que se
transferiu da situação de algoz de ontem para a de dependente pagador de hoje.

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Apesar de outros fatores importantes, tais: a compaixão de ambos os comparsas ou
litigantes; o interesse de ajuda recíproca; o anelo pela felicidade; os requisitos essenciais do
arrependimento do endividado e do perdão do credor, são fundamentais para que ocorra a
recuperação de ambos, por se encontrarem enfermos, mesmo que ignorando a doença mental de
que se faz objeto o verdugo e dos distúrbios que ocorrem no paciente.

Pela sua variedade de síndromes, a obsessão permanece ainda pouco identificada entre
os homens, e, graças à complexidade da psicoterapia desobsessiva, o recurso salvador se
demora desconhecido, sem a conveniente e rápida aplicação.

No processo desobsessivo, o terapeuta, ou doutrinador, é o elemento-chave para o mister,


por exigirem-se-lhe valores morais legítimos, conhecimento da alienação, trato psicológico para
lidar com os elementos envolvidos na pugna, espírito de serviço e abnegação caridosa, que são
hauridos no estudo do Espiritismo aplicado à vivência diária.

À medida que se desenvolvem as conquistas da inteligência e do sentimento, na Terra,


com o correspondente aprofundamento das causas dos males humanos se descobrirá à
procedência deles, e a obsessão sairá das sombras em que se homizia para receber as
clarinadas de luz do Evangelho, e os homens, conscientes das suas responsabilidades perante a
vida, transitarão para o comportamento saudável, no qual o amor, o dever e o respeito a Deus, ao
próximo e a si mesmo, constituirão a psicoterapia preventiva às obsessões, enquanto que, diante
das multidões de enfermos, a técnica da desobsessão constituirá o recurso terapêutico para que
sejam liberados, portanto, consolados, conforme prometeu Jesus.

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OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO - PORTA DE LUZ

TEMÁTICA: MEDIUNIDADE SOCORRISTA

Imagine um Dédalo em sombras, imensurável, hórrido, onde se demoram emanações


mortificas provenientes de células em disjunção; charco miasmático carregado de lodo instável,
tendo por céu nimbos borrascosos sacudidos por descargas elétricas; pântano sombrio que
agasalha batráquios e ofídios, répteis e toda a fauna asquerosa; região varrida por ventos
ululantes, longe da esperança onde uma tênue e célere perspectiva de paz tremeluz...

Considere-se relegado a esse labirinto nefasto, longe de qualquer amparo, a mergulhar a


mente em febre nos abismos do remorso que, fantasma incansável, assume proporções
inimagináveis; sob o estrugir de recordações vigorosas das quais não se consegue furtar,
ressumando erros propositais e casuais com que se distanciou da paz; malgrado necessite de
esperança ou refazimento, silêncio para meditar ou uma aragem fresca para renovação, escute,
inerme, outros companheiros de desdita em imprecações e lamentos, dominados pela própria
sandice; onde a razão se fez sicário impiedoso, sem entranhas, e se encarrega, ela mesma, de
justiçar com azorragues em forma de cilícios que lhe são involuntários; sem equilíbrio para uma
evocação suave, um painel de ternura, amor ou prece...

Avalie o significado de uma porta libertadora, que subitamente se abrisse, convidativa,


banhada que fosse de fraca mas significativa luz, através da qual, transposta a mínima distância
entre você e ela, poderia ouvir consolo, chorar sem desespero, lenindo as próprias angústias, e
repousar; além da qual, doce canto embalante ciciasse uma melopéia conhecida ou uma
berceuse reconfortante; após vencida revisse paisagem esquecida e agradável e, dilatados os
ouvidos, escutasse a pronúncia de um terno nome, em relação a você: irmão, depois do que,
roteiro e medicamento chegassem salvadores, inaugurando experiência feliz, transpassada a
expiação inominável...

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Você bendiria, certamente, mil vezes, esse portal de acesso.

Tal região, não muito longe de nós, entre os desencarnados e os encarnados, são os vales
purgatoriais para os que transpõem o umbral da morte narcotizado pela insânia e pelo crime.

Tal porta fascinante é a mediunidade socorrista de que você se encontra investido na


tessitura física, ao alcance de um pouco de disciplina e abnegação.

Examinando quanto você gostaria de receber auxílio se ali estivesse, pense-nos que lá
estão e não demore mais em discussões inócuas ou em desculpismo injustificável.

Corra ao socorro deles, os nossos companheiros na dor, iludido em si mesmo, e abra-lhes


a porta de luz da oportunidade consoladora.

Mergulhe o pensamento nos exórdios do amor do Cristo e, mesmo sofrendo, atenda a


estes que sofrem mais.

Não lhe perguntarão quem você é, donde vem, como se apresenta, pois não lhes importa:
antes, sim, desejarão saber o que você tem em nome de Jesus para lhes dar. Compreenderão
mais tarde a excelência da sua fé, o valor do seu devotamento, a expressão da sua bondade, a
extensão das suas necessidades e também estenderão braços na direção do seu espírito.

Agora, necessitam de paz e libertação, e Jesus precisa de você para tal mister.

Não lhes atrase o socorro, nem demore sua doação. Possivelmente você já esteve ali
antes, talvez seja necessário estagiar por lá...

Se você conceber que o seu esforço é muito, para os ajudar, mentalize Jesus transferindo-
se dos Cimos da Vida para demorar-se no Vale de Sombras por vários anos e prosseguir até
agora conosco...

O Espiritismo que lhe corrige a mediunidade em nome do Cristo Espiritismo que lhe
consola e esclarece ensina-lhe que felicidade é moeda cujo sonido somente produz festa íntima
quando retorna daquele a quem se oferece e vem na direção do doador.

Doando-se, em silêncio, longe dos que aplaudem faculdades mediúnicas, coloque suas
possibilidades a benefício dos sofredores, nas sessões especializadas, e granjeará um crédito de
bênçãos que lhe ensejará, também, liberdade e iluminação, à semelhança d’Aquele que, Médium
do Pai, se fez o doce irmão de nós todos, milênios a fora.

84
34

OBRA: GRILHÕES PARTIDOS

TEMÁTICA: ALIENAÇÃO OBSESSIVA E À MISSÃO DO ESPIRITISMO

No báratro das perturbações que inquietam o homem moderno a alienação obsessiva


ocupa lugar de relevo.

Estigmatizados por inenarráveis tormentos íntimos, que procedem dos refolhos da alma,
os obsidiados por Espíritos têm padecido lamentável abandono por parte dos respeitáveis
estudiosos das ciências da mente, que, aferrados a vigoroso materialismo, negam, drasticamente,
a interferência dos desencarnados na condição de personalidades intrusas na etiopatogenia de
algumas enfermidades mentais.

Por outro lado, cristãos decididos, clarificados pela fé espírita, no afã de ajudar pelos
múltiplos processos fluidoterápicos e da doutrinação, enquadram os alienados na sua quase
generalidade como obsidiados, sem a indispensável atenção para com as enfermidades de
caráter psiquiátrico.

Não são verdadeiros os postulados extremistas negativos dos primeiros, nem tampouco os
exageros dos segundos.

Indubitavelmente, nas matrizes do processo evolutivo, cada um traz as causas que


produzem as distonias e desarranjos, físicos como psíquicos e simultaneamente.

Sendo a dor um processo de burilamento, o sofrimento decorre do mau uso perpetrado


pelo ser em relação aos recursos múltiplos, concedidos pelos desígnios superiores que regem a
vida em todas as suas manifestações, para a ascensão de cada um.

O homem está, porém, destinado à perfeição.

Todos os atrasos a que se impõe e desvarios a que se permite constituem-lhe


impedimentos ao avanço, tornando- se elos retentivos na retaguarda.

Os códigos divinos estabelecem que somente através do amor se pode haurir paz, colimar
metas felizes.

De essência salutar, o amor é a base da vida, ao mesmo tempo a força que impele o ser
para as realizações de enobrecimento.

Toda vez que as paixões vis o desgovernam, enlouquecem-no, e dele fazem cárcere de
sombra, de aflição demorada.

Por esta razão, ao lado das terapêuticas mais preciosas, o amor junto aos pacientes de
qualquer enfermidade produz resultados insuspeitados.

Da mesma forma, enquanto se teime em perseverar na sistemática da revolta ou nos


escabrosos sítios da ilusão que favorece o ódio, o ciúme, a mentira, a soberba, a concupiscência,
a avareza, a mesquinhez todos asseclas insidiosos que se locupletam na sanha nefasta do
egoísmo, a dor jungirá o faltoso ao carro da aflição reparadora e do ressarcimento impostergável.

Ninguém em regime de exceção na Terra.

Desculpismo nenhum, face aos imperiosos compromissos para com a vida.

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Em cada padecente se encontra um espírito em prova redentora, convidando-nos à
reflexão e à caridade.

Na imensa mole humana dos que sofrem a loucura, conforme os cânones das
classificações psiquiátricas transitam um sem numero de obsidiados que expungem faltas e
crimes cometidos antes e não alcançados pela humana justiça na oportunidade...

São defraudadores dos dons da vida que retornam jungidos àqueles que infelicitaram,
enganaram, abandonaram, mas dos quais não se conseguiram libertar...

Morreram, sim, porém não se aniquilaram. Trocaram de vestes, todavia, permaneceram os


mesmos.

As conjunturas da lei os surpreenderam onde se alojaram e as imposições que criaram


ligaram-nos, vítimas e algozes, credores e devedores em graves processos de reparação
compulsória.

Atados mentalmente aos gravames cometidos construíram as algemas que se aprisionam,


em vinculação com os que supunham ter destruído...

Debatem-se presos nos mesmos elos, lutando em contínuo desgaste de vitalidade com
que enlouquecem, até que as claridades do amor, do perdão — forças sublimes da vida —
consigam partir as cadeias e libertá-los, facultando que se ajudem reciprocamente.

Enquanto o amor não se sobreponha ao ódio e o perdão à ofensa marcharão em renhida


luta, perseguindo e auto afligindo-se sem termo, pelos dédalos de horror em que se brutalizam até
a selvageria mais torpe...

Muito maior do que se pode supor é o número dos obsidiados na Terra. Estão em
soledade, em grupos e em coletividades inteiras...

Estes são dias graves, para o destino do homem e da Humanidade.

Ao Espiritismo compete gigantesca missão: restaurar o Evangelho de Jesus para as


criaturas, clarificar o pensamento filosófico da Humanidade e ajudar a Ciência, concitando-a ao
estudo das causas nos recessos do Espírito, antes que nos seus efeitos.

Consolador cumpre-lhe não somente enxugar lágrimas e os suores, mas erradicar em


definitivo os fulcros do sofrimento onde se encontrem.

Não é de origem divina a dor, portanto, possui caráter transitório com função específica e
de fácil superação, desde que o homem se obstine atingir as finalidades legítimas da existência.

No trato, portanto, com obsidiados e ante as obsessões, armemo-nos com os recursos do


amor, a fim de que consigamos o êxito de ver os grilhões partidos e os espíritos livres para os
cometimentos da felicidade.

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OBRA: NOS BASTIDORES DA OBSESSAO

TEMÁTICA: EM ORAÇÃO

Senhor: ensina-nos a respeitar a força do direito alheio na estrada do nosso dever.


Ante as vicissitudes do caminho, recorda-nos de que no supremo sacrifício da Cruz, entre
o escárnio da multidão e o desprezo da Lei, erigiste um monumento à justiça, na grandeza do
amor.

Ajuda-nos, assim, a esquecer todo o mal, cultivando a árvore generosa do perdão.

Estimula-nos à claridade do bem sem limites, para que o nosso entusiasmo na fé não seja
igual a ligeiro meteoro riscando o céu de nossas esperanças, para apagar-se depois...

Concede-nos a felicidade ímpar de caminhar na trilha do auxílio porque, só aí, através do


socorro aos nossos irmãos, aprendemos a cultivar a própria felicidade.

Tu que nos ensinaste sem palavras no testemunho glorioso da crucificação, ajuda-nos a


desculpar incessantemente, trabalhando dentro de nós mesmos pela transformação do nosso
espírito, na sucessão do tempo, dia-a-dia, noite a noite, a fim de que, lapidado, possamos
apresentá-lo a Ti no termo da nossa jornada.

Ensina-nos a enxergar a Tua Ressurreição sublime, mas permite também que recordemos
o suplício da Tua solidão, a coroa de espinhos, a cruz infamante e o silêncio tumular que a
precederam, como lições incomparáveis para nós, na hora do sofrimento, quando nos chegue.

Favorece-nos com a segurança da ascensão aos Altos Cimos, porém não nos deixes
olvidar que após a jornada silenciosa durante quarenta dias e quarenta noites, entre jejum e
meditação, experimentaste a perturbação do mundo e dos homens, em tentações implacáveis
que, naturalmente, atravessarão também nossos caminhos...

Dá-nos a certeza do Reino dos Céus, todavia não nos deixes esquecer que na Terra, por
enquanto, não há lugar para os que te servem, tanto quanto não o houve para Ti mesmo,
auxiliando-nos, entretanto, a viver no mundo, até à conclusão da nossa tarefa redentora.

Ajudamos Divino Companheiro, a pisar os espinhos sem reclamação, vencendo as


dificuldades sem queixas, porque é vivendo nobremente que fazemos jus a uma desencarnação
honrada como pórtico de uma ressurreição gloriosa.

Senhor Jesus, ensina-nos a perdoar, ajudando-nos a esquecer todo o mal, para sermos
dignos de Ti!

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04 – O CENTRO ESPÍRITA E A DESOBSESSÃO

João Neves, José Ferraz e Nilo Calazans

Membros da Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda

A desobsessão compreende, basicamente, duas grandes atividades:

(A) - Atendimento aos encarnados

(B) - Atendimento aos desencarnados

Essas duas vertentes têm suas interfaces, e estão de certo modo interligadas, sendo o
compromisso fundamental das Casas Espíritas com urna e com outra. Porém, temos que separar
o compromisso específico de cada área, que possuir particularidades próprias, devendo portanto
serem realizadas através de atividades doutrinárias onde participem diretamente os Espíritos
encarnados, e a outra feita pelos seres desencarnados (mentores) com a participação de
encarnados.

(A) — Atendimento aos Encarnados

04.01. — Padrão vibratório do Centro Espírita

A primeira coisa que deve ser enfatizada no tratamento desobsessivo é o padrão vibratório
do Centro Espírita. A desobsessão ocorre fundamentalmente no Centro Espírita, embora ela
possa acontecer em qualquer local onde se encontrem corações interessados em promover a
harmonia e ajudar o seu semelhante.

No entanto, é no Centro Espírita que ela vem recebendo maiores investimentos do Mundo
Espiritual, da administração planetária, para que se organizem fatores liberativos para a criatura
humana.

Por essa e outras razões, o Centro Espírita tem que ser preservado e estruturado de tal
maneira, que haja nas suas atividades um clima fraternal predominante, em que todos estejam
interessados numa proposta evangélica de construção do amor e da solidariedade entre as
criaturas.

Os pensamentos não são coisas abstratas, são de um certo modo, no plano psíquico,
coisas concretas, que impregnam os ambientes onde são projetados.

O pensamento projeta em torno do ambiente onde é emanado energias desagregadoras


ou positivas, de conformidade com os seus teores vibratórios característicos, atraindo a presença
de maus ou Bons Espíritos, criando uma psicosfera de fluidos irritantes, tóxicos, no primeiro caso,
e de harmonia, paz e serenidade, no segundo.

Através da psicosfera criada, obtém-se o padrão vibratório do Centro Espírita. Cada


Instituição tem a sua aura pessoal em razão dos fatores que foram expostos. Isso é a base do
sucesso para o trabalho de desobsessão.

Então, bons pensamentos, sacrifícios, doações feitas com equilíbrio, com amor, prática da
fraternidade, transformam o Centro Espírita em um colo de mãe abençoado e acolhedor. Oferece
bases seguras para a desobsessão. Fora disso, o clima psíquico não permite nem a presença dos
Benfeitores Espirituais, nem as condições imprescindíveis para um trabalho desobsessivo exitoso.

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Allan Kardec examina no capítulo XXI de “O Livro dos Médiuns”, a influência do meio,
dizendo textualmente que os espíritos não vão em locais onde sabem que a sua presença é inútil.
Desses locais se afastam. Daí, se não criarmos elementos de atração, de sintonia, de identidade
como mundo espiritual, o padrão vibratório não oferece campo para a desobsessão.

André Luiz, no livro “Nos Domínios da Mediunidade”, oferece uma informação muito
importante: o psicoscópio, um aparelho de pequena dimensão utilizado pelos Benfeitores
Espirituais para ter acesso ao mundo psíquico dos encarnados, através das irradiações anímicas
do ser humano.

Os Benfeitores Espirituais dizem que por essa ficha psicoscópica podem determinar a
posição de cada colaborador examinando as suas possibilidades de ação, programando para
eles, no tempo, as suas possibilidades de trabalho na seara do amor e do bem.

A possibilidade do Centro Espírita é definida e analisada pelo mundo espiritual de forma


realista e segura. Portanto, uma regra fundamental em desobsessão é que cada um caminhe de
conformidade com os seus recursos espirituais.

Deveremos entender os Centros Espíritas também como organizações coletivas, em que


estejamos interessados na proposta desobsessiva globalizada. Se a nossa Casa, por enquanto,
deu pequeninos passos, será um pequeno ambulatório no mundo espiritual. Outras, que deram
passos maiores, serão hospitais especializados de cirurgias mais profundas, de tal maneira que
todo esse conjunto forme uma Unidade coletiva.

Precisamos trabalhar essa idéia de Unidade. Muitas vezes um ser encarnado, que
frequenta determinado Centro Espírita, e que está sendo atormentado por outro ser
desencarnado, pode estar sendo atendido ali, e sendo trabalhado o desencarnado em outra
Instituição.

Nós nos lembramos que em nossa Casa (Mansão do Caminho, em Salvador/BH),


enquanto se processava o último Congresso Espírita do Estado da Bahia, em nossas reuniões
mediúnicas aconteciam fatos de desobsessão, atendimentos especializados em benefício de
pessoas que estavam freqüentando toda a atividade daquele evento espírita. Existe, dessa forma,
uma cúpula gerenciadora de todo esse processo desobsessivo na Terra.

04.02. A desobsessão e o Atendimento Fraterno

O Atendimento Fraterno na Casa Espírita é a porta de acesso para que o indivíduo ali
possa ser atendido com a finalidade de diagnosticar, orientar e sugerir as terapias que ele deve
utilizar para o processo da desobsessão.

Esse atendimento deve ser privativo e confidencial. Porém, além disso, devem ser
seguidos determinados passos com muita atenção.

Inicialmente, a maneira de acolher a pessoa, a fim de que ela, espontaneamente, comece


a fazer a sua catarse, falando de forma sintética ou resumida a respeito da sua problemática.

Em seguida, temos o momento em que o atendido vai ser conscientizado. Nessa fase é
necessário, para que a conscientização atinja os objetivos desejáveis, que o atendente seja uma
pessoa tecnicamente preparada para esse tipo de tarefa espiritual, tendo, sobretudo o hábito de
saber ouvir. Em um sentido de maior profundidade, saber ouvir não significa tão somente um
processo neurofisiológico, mas, acima disso, alguém que saiba concentrar a mente para ouvir
atentamente a pessoa que está contando as suas dificuldades.

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Em seguida, o atendente escolhe os pontos do problema mais importantes para a
orientação que se faz necessária, à luz da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus. Isso deve
ser feito com simpatia e empatia. Necessário partilhar com a pessoa de forma empática, fazendo
com que o paciente se sinta envolvido por vibrações de amizade. A empatia é a capacidade que a
pessoa pode adquirir para identificar as emoções de outrem. Para que isso seja possível, torna-se
necessário que o atendente saiba conhecer as suas próprias emoções e controlá-las.

Por isso, a técnica nesse particular é de importância fundamental, a fim de que a


orientação seja dada dentro dos postulados espíritas, e não através de opiniões pessoais. O
atendente fraterno deve se ater a transmitir com cuidado o ensino espírita, evitando a todo custo
postura inadequada. Nunca dizer à pessoa: “você é um obsidiado”, ou, então: “você é médium,
precisa desenvolver imediatamente a mediunidade”. Não se deve, de forma nenhuma, proferir
esse tipo de orientação ou encaminhar a pessoa para tratamentos de curas, pois essa idéia
remove da mente do atendido a sua responsabilidade plena na questão da desobsessão. No
atendimento fraterno a pessoa recebe as diretrizes a seguir, a fim de serem desfeitas as primeiras
investidas do atormentado; atormentador.

Uma Casa Espírita, desprovida de Atendimento Fraterno, está deficitária para o


atendimento individualizado ao público que por ali transita. Necessário refletirmos sobre o que foi
dito para chegarmos às nossas próprias conclusões, sobre o atendimento desobsessivo aos
encarnados.

04.03. – A desobsessão e a terapia pelos passes

A terapia pelos passes consiste na transmissão de bioenergia, que parte do médium,


cedida por ele, e mais a energia que vem dos bons Espíritos.

Destacamos o passe espírita porque existem passes magnéticos, que o doador transmite
do seu próprio psiquismo. Porém, a proposta da Casa Espírita é o passe espírita, mediúnico, mas,
não incorporado. Mediúnico no sentido de que o ser se coloca a serviço dos Benfeitores
Espirituais.

André Luiz estabelece no capítulo XVII do livro “Nos Domínios da Mediunidade”, que o
passista doa de si, porém, com o assessoramento dos Bons Espíritos. Isso ocorre através do
envolvimento. Praticamente o passista toma um passe dos Benfeitores espirituais, recolhe
energias que passam pelos seus centros de força e redireciona essas energias para o
beneficiário.

Não existe, portanto, incorporação, porque o médium passista não é um médium para
transmitir mensagens; é um médium de energias saudáveis, um campo irradiador de forças e não
campo irradiador da palavra, ou da mensagem mediúnica escrita.

Então, a proposta do passe espírita é a do passe sob a influência dos Bons Espíritos, em
que o amor é fundamental, assim como os bons princípios éticos, O passista deve ser uma
pessoa centrada, que se auto descobriu, que se harmonizou consigo mesmo; calmo, sereno; uma
pessoa que goste de gente, das pessoas, que tenha um conhecimento razoável sobre o corpo
humano e sobre a Doutrina Espírita em particular, para se oferecer como um canal.

Vem a proposta seguinte, que é a mediunidade curadora. Quem é passista do ponto de


vista espírita, com o aperfeiçoamento da sua doação, pode se transformar em um médium
curador. O médium curador é aquele que tem capacidade de dar-se integralmente, fazendo com
que as bênçãos dos Bons Espíritos circulem livremente por seu intermédio. Quando temos
poluídos o nosso corpo ea nossa expressão psíquica e vibratória, podemos contaminar os fluidos
dos Bons Espíritos. Quando esse conjunto está limpo, o médium pode transformar-se em médium
curador, que é também proposta da mediunidade espírita.

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O passe deve ser vinculado ao Atendimento Fraterno.

Primeiro a pessoa deve passar por este serviço para ser estimulada, reavaliada e
preparada para o mecanismo do passe. Porque muitas vezes ela precisa conversar um pouco
para desabafar. Muitos dos problemas que estão em sua alma, no atendimento fraterno são
desalojados, criando bases para uma operação segura durante o passe. O passista deve ser
silencioso. Não é o passista que fala, que orienta, é o atendente fraterno.

Os Espíritos, quando aplicam o passe, postam-se silenciosamente, diz André Luiz. Manter
um plantão de passes, silencioso, centrado, harmonizado; e paralelamente o Atendimento
Fraterno, para estimular, para orientar a pessoa na sua renovação interior. Tudo isto vem
significar a existência de equipes adestradas e integradas.

Todo o trabalho de uma Casa Espírita tem que passar por uma integração. O passista
deve saber que ele é um elemento da desobsessão. Um elemento vital, pois toda essa corrente
de tratamento pode ser interrompida num atendimento displicente ou que não atenda aos
dispositivos do mundo espiritual. E toda uma estrutura que vem desde a espiritualidade até o
paciente que vem receber o benefício, o socorro. Isso impõe, também, uma oferta mínima de
passistas.

Se uma Casa Espírita abre uma proposta desobsessiva, tem que acolher as pessoas que
vêm procurá-la para receber o passe. O passe pode ser dado nas reuniões doutrinárias, assim
como os Espíritos podem aplicá-lo independente de médiuns; porém, eles precisam da bioenergia
do médium, do fluido vital, que é a substância que o ser encarnado produz, para determinadas
operações de recomposição vibratória que o paciente precisa.

Então, mesmo sabendo que os Espíritos dão passe, nós teremos que ter uma proposta de
passes. No plano espiritual os Benfeitores determinam os plantões de passe para atender à
clientela do Centro Espírita em horários previamente estabelecidos. Daí a responsabilidade do
trabalho. Não podemos abrir espaço para a desobsessão sem ofertar uma proposta mínima de
plantões diários, com dois passistas revezando-se em atendimentos de até uma hora; não por
mais tempo para não desgastar a pessoa, a fim de atender aqueles que estão no processo
liberativo e precisam de acolhimento e energia para se renovar.

04.04. A desobsessão e as reuniões doutrinárias.

Outra atividade de muita importância para o processo da desobsessão é a reunião


doutrinária. Verificamos isso nas obras de André Luiz, e em “Trilhas da Libertação” , da autoria de
Manoel Philomeno de Miranda que faz a narrativa dos acontecimentos durante uma reunião
doutrinária.
Quando uma pessoa entra no Centro Espírita, que tem uma psicosfera vibratória
adequada, já está protegida dos seus desafetos. Quando ela ali se adentra, os Espíritos
benevolentes começam a fazer um tratamento adequado, segundo as necessidades que
apresenta.
Então, verifica-se que durante a exposição doutrinária há verdadeiros milagres nessa área,
porque o encarnado está fora da sintonia do desencarnado, que o está atormentando, e prestando
atenção ao conteúdo da palestra.
Esta ocorrência permite aos Benfeitores espirituais, a realização de cirurgias perispirituais,
visando, assim, colocar um ponto final naquelas ligações fluídicas, que são o motivo da
implantação da obsessão no que se refere ao encarnado. Ali ele se renova mentalmente,
emocionalmente e, durante todo aquele percurso se processa uma verdadeira psicoterapia de
apoio para o encarnado porque ele recebe uma terapia de ordem psicológica, de salutar eficiência
para a questão desobsessiva.
Quando sair dali, vai depender dele próprio a continuidade dos benefícios, permanecendo
na sintonia do bem, ou, então, voltar a sintonizar com seus desafetos. Os Benfeitores fazem

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inclusive uma triagem das entidades que acompanham os encarnados, e que se situam no seu
campo magnético. Aquelas que estão mais suscetíveis de serem doutrinadas são hospedadas na
Casa Espírita para posterior tratamento, no campo dos desencarnados.
No final da reunião, há também o benefício do passe, que pode ser coletivo ou individual e
que retira os resíduos de fluidos que o indivíduo traz, para que ele saia dali liberto daquelas
injunções obsessivas, que vêm martirizando-o há muito tempo.
Vale recordar a postura dos expositores. Nossas Casas Espíritas devem ter expositores
estudiosos, que preparem com cuidado as suas palestras, buscando escolher temas, que
veiculem uma mensagem positiva e otimista. Nunca transmitir circunstâncias deprimentes para as
pessoas que ali se encontram; para tanto é necessário uma elaboração esquematizada dos
assuntos doutrinários evangélicos focalizados. Preservarem-se da acomodação de que os Bons
Espíritos irão inspirá-los no momento próprio.
O expositor, portanto, tem que manter todos esses cuidados, e mais a conduta moral sadia
para se tornar um ponto de referência para os ouvintes. Os dirigentes de Centro têm a obrigação
de escolher, com cuidado, os palestrantes que irão ocupar a tribuna das Casas que dirigem.
Os expositores devem tornar-se mais próximos uns dos outros, sem reações contrárias à
troca de idéias entre si, evitando espírito de competição. Inclusive, ouvirem-se uns aos outros.
Diante do exposto, as nossas Casas Espíritas podem colocar em pauta a formação da equipe de
expositores dentro do princípio da apresentação de palestras de boa qualidade. Isto é muito
importante para a terapia de apoio, que é a reunião doutrinária, indispensável no processo de
desobsessão.

04.05. A Desobsessão e o tratamento profissional especializado

Vamos tocar num ponto fundamental. Estamos nos referindo às possibilidades, que
ampliam a capacidade do Centro Espírita, de atender e sugerir o tratamento profissional nas suas
variadas especialidades, como psiquiatras, clínicos e outros, uma vez que as problemáticas da
obsessão podem minar, não somente a mente, como também a emoção, através do estresse, da
depressão e de outras doenças psicológicas, assim como o organismo físico, sinalizando
depauperamento orgânico, processo anêmico, perda profunda de vitalidade, etc., requerendo
atendimento especializado na área competente.

Pode-se ir ao psicólogo, em casos de conflitos na personalidade, que dificultam qualquer


terapêutica. São âncoras de ação onde se apóiam os obsessores. E preciso drenar essas áreas
do inconsciente que estão problematizadas e atingidas, para superação dos conflitos. Daí,
também, a área de apoio muito significativa do psicólogo.

Somos um ser trino: espírito, perispírito e corpo. Então, cada departamento da nossa vida
requer um apoio especializado. O atendimento desobsessivo aos encarnados na Casa Espírita
tem sua possibilidade de ação específica, mas há uma necessidade muito grande de adicionar o
tratamento profissional especializado. As terapias se completam. Toda vez que se deixa de fazer
alguma coisa na área psicológica, clínica ou psiquiátrica, está se dificultando a própria
desobsessão.

Se houver necessidade deve-se ir ao médico, senão a desobsessão não se completará.


Aqueles fatores indispensáveis para o soerguimento das forças vitais, não se completariam por
essas razões que foram expostas. Se faz indispensável a procura de tratamento através de
especialista profissional quando há qualquer ameaça à integridade do ser. Uma proposta
permanente de suicídio; algumas tentativas frustradas socorridas a tempo... E necessário
bloquear os movimentos do obsidiado nessa condição emergencial, enquanto as providências
divinas se estabelecem, porque o passo seguinte poderá ser a concretização da ameaça suicida,
e suicídio por falta de assistência médica, por falta de controle prévio indispensável.

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Quando o obsessor exacerba o tormento junto ao desafeto, acelera a excitação, o que
pode causar uma lesão no sistema nervoso. Um bloqueador do sistema nervoso na área médica é
providência essencial. Não devemos sair para aquela proposta do passado, afirmando que tais
problemas não são casos para a área médica. Recorrer ao atendimento médico é uma
providência indispensável. De preferência não indicar profissionais, porém, se for necessário,
indicar, e se a pessoa não tiver uma referência sugerir mais de um, para forçar o mecanismo da
escolha própria. Hanna Wolff, psicoterapeuta alemã, faz uma proposta audaciosa: não procurar
terapeuta materialista. Se a nossa proposta é espiritualista, tenhamos então a coragem moral de
escolher um terapeuta que tenha uma proposta espiritualista, porque ele vai ser inspirado e terá
maior condição de receber assessoria dos Benfeitores espirituais para fazer um atendimento
harmonizado e feliz.

Então, também no atendimento fraterno, se nós tivermos que indicar, teremos que ter os
cuidados iniciais para não incorrermos nesse equívoco; porque o materialismo efetivamente traz
uma interpretação da vida que muitas vezes prejudica,a abordagem dos próprios terapeutas,
criando dificuldades na terapia.

04.06. - A desobsessão e a promoção do ser

Todos estes recursos que foram apresentados e existentes no Centro Espírita, para o
processo de desobsessão, têm em realidade a finalidade de promover o ser inteligente encarnado.

Não é simplesmente a preocupação, que muitas vezes existe exclusiva, de fazer-se com
que o desencarnado abandone espontaneamente o seu intento de perseguir, e de vingar-se, do
encarnado atormentado. Na realidade, a desobsessão tem esse percurso, para que o encarnado
possa, através dessas várias circunstâncias, terem a oportunidade de moralizar-se, de despertar
para a vida verdadeira que é a vida espiritual.

Um grande número de pessoas se adentra no Centro Espírita, completamente


desinformado do que seja a vida espiritual. Estão vivendo o imediatismo da existência corporal;
dizem não ter uma crença religiosa ou hábitos religiosos. A frequência ao Centro Espírita
possibilita o despertamento, não somente da sua consciência, mas também o sentimento de
religiosidade, buscando simultaneamente auto descobrir-se, finalidade para a qual o Espiritismo
está nos convocando nesta presente oportunidade reencarnatória. Para que nós nos
descubramos é imprescindível o autoconhecimento.

Isto é realmente uma atitude imediata de todos aqueles que se dizem espíritas. Saber
identificar as suas emoções, controlando-as. O indivíduo que está no Centro em busca da
desobsessão é na realidade um irmão temporariamente enfermo. Na verdade, ele não é doente,
ele está doente, o que é muito diferente. Por isso não devemos fazer rotulações depreciativas, O
Centro Espírita, para completar essa atitude promocional do ser, tem que abrir as portas para o
estudo básico do Espiritismo, para a ação do bem. Dar oportunidade às pessoas que queiram
trabalhar no bem, porque o bem é bom para quem o pratica. E no instante em que nós estamos
dinamizados por este sentimento, que é o amor em movimento; com a mente voltada para a
causa dos semelhantes, desvinculam-se os laços com as entidades atormentadoras, infelizes, que
se comprazem com o sentimento de vingança.

Desta forma, o Espiritismo está querendo colocar em nossas mãos a cura real, que
somente é possível quando erradicamos as causas. Todas as causas da obsessão se encontram
no Espírito, que é o endividado das Leis Cósmicas. No momento em que surge a renovação, a
auto-iluminação, esse processo vai se diluindo até o total desaparecimento, desde que o devedor
repare o mal perpetrado.

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Daí o convite do Espiritismo, neste momento, para que juntos caminhemos nessa direção,
a fim de logo mais obtermos a cura real. Até hoje nos encontramos em dúvida, sem sabermos o
porquê de passarmos por tantas dificuldades, inclusive a da obsessão. Tudo fica simples de ser
explicado se admitirmos que o nosso ontem, surge no hoje, em uma variedade de formas,
convocando-nos ao reajuste e à reparação. Por isso, o estado interior de cada pessoa é que vai
propiciar realmente essa cura real, dando o ensejo de serem feitos maiores vôos na direção dos
Mundos Felizes.

(B) - Atendimento aos Desencarnados

04.07. — A desobsessão e a reunião mediúnica

A desobsessão é uma técnica espírita, especializada, para libertar as mentes que se


interdependem no comércio infeliz da submissão espiritual. Ela se apóia em dois elementos
essenciais: o esclarecimento do vingador desencarnado e a renovação moral do devedor
encarnado.

Encarnados e desencarnados estão sendo colocados aqui como seres que precisam ser
assistidos, com a mesma eficiência e com a mesma boa vontade.

Vamos tratar agora do esclarecimento dos desencarnados.

O grande trabalho de desobsessão é promovido pelos Bons Espíritos.

Sempre houve, na Terra, obsidiados e obsessores assim como atendimento, socorro e


terapias. Esse trabalho era realizado naturalmente no mundo espiritual pelos Benfeitores, e os
médiuns, quando chamados à cooperação, eram desdobrados durante o sono físico para
realizarem a sua doação mediúnica.

Com o advento do Espiritismo, a convocação dos encarnado para o trabalho se evidenciou


e as reuniões mediúnicas de caráter terapêutico foram colocadas como uma possibilidade de
serem realizadas no plano físico também.

No primeiro momento do Espiritismo havia uma preocupação muito grande com a


demonstração da imortalidade da alma. As reuniões tinham um caráter eminentemente de
pesquisa. Passada essa etapa, a fase atual é de ajuda aos carentes, estando os médiuns voltados
para essa feição terapêutica da mediunidade.

A psicografia cedeu lugar, na preferência do mundo espiritual, para a psicofonia, por ser o
trabalho dos médiuns falantes um processo mediúnico mais adequado para o tratamento
energético dos desencarnados através do choque anímico e o diálogo esclarecedor.

As reuniões mediúnicas são, portanto, reuniões especializadas, em que os médiuns


psicofônicos se colocam em disponibilidade para essa tarefa terapêutica, e os médiuns
esclarecedores, ou doutrinadores, se colocam como instrumentos adequados para conscientizar
os Espíritos.

Uma reunião mediúnica de caráter desobsessivo deve seguir alguns padrões de qualidade.
Qualidade é um conceito moderno, que impõe uma compreensão clara de objetivos. Todas as
pessoas envolvidas no processo mediúnico têm que saber a própria missão dentro do trabalho.
Qualidade tem muito a ver com avaliação. Uma avaliação passo a passo, para que se possam
tomar as medidas corretivas no momento em que o problema surge, e preventivas, para que as
faltas deixem de existir. Qualidade propõe que haja procedimentos.

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Os primeiros padrões de qualidade são inerentes à equipe. Uma equipe de desobsessão,
uma equipe mediúnica, deve ter determinadas qualificações: fraternidade entre os seus membros;
treinamento para o processo de interiorização, do recolhimento, ou seja: saber concentrar-se de
tal modo que possa favorecer a ação espiritual, bloqueando os interesses e pensamentos que não
dizem respeito à reunião, para ali se colocarem de uma maneira centrada.

E necessário que os participantes façam o culto do Evangelho no Lar. Neste particular,


André Luiz estabeleceu que o Evangelho no Lar é uma providência higiênica, terapêutica, porque
estabelece uma base de apoio entre o lar e a própria reunião mediúnica. Considerando o
trabalhador da mediunidade está constantemente sob a vigilância dos espíritos inferiores, que não
querem que a desobsessão ocorra de uma forma equilibrada e positiva, necessário é que seja
evangelizada, sua família de uma forma eficaz, para que haja uma base de apoio importante para
a tarefa desobsessiva.

Outra necessidade fundamental é a seleção da equipe de trabalho mediúnico.

É necessária a seleção dos participantes da equipe que venha a formar a reunião


mediúnica, para que não seja composta por pessoas despreparadas que passam a ocupar os
lugares daqueles que têm compromisso com a mediunidade.

Se existe “colaborador” que não quer assumir compromisso com o trabalho, é provável
tenha faltado a seleção adequada. Se os problemas se avultam, e arrastam-se sem solução, é
possível que a seleção tenha sido relaxada no seu início.

Necessário também, dentro de padrões de qualidade, manter privacidade do trabalho


mediúnico. Não podemos fazer um trabalho de intercâmbio espiritual aberto ao público, porque
estaríamos comprometendo os resultados. Estaríamos trazendo elementos de perturbação mental
e psíquica para o ambiente da reunião, o que se constitui um risco desnecessário, que vai
comprometer os seus objetivos.

Faz-se necessário que tenhamos dias específicos para o intercâmbio espiritual e um


espaço adequado, para que haja harmonização do ambiente. Allan Kardec se preocupou com isto,
no seu Projeto 1868, constante do livro “Obras Póstumas”, quando ele disse que o
Estabelecimento Central, onde seriam feitas as evocações, deveria ter um espaço reservado para
elas, exatamente pela impregnação fluídica, vibratória, do próprio local.

Portanto, fixar dias e horários reservados para as reuniões mediúnicas é medida


facilitadora para o compromisso com o mundo espiritual. Realizá-las nos dias estabelecidos, e não
por qualquer motivação extemporânea, é outra medida importante. Quando começamos a achar
que devemos fazer uma reunião mediúnica aqui, outra ali; uma hoje, outra extra, amanhã, significa
desqualificação do próprio trabalho regular, que fazemos no Centro Espírita.

Essencial, também, a disciplina da pontualidade, para que haja uma compreensão perfeita
do objetivo.

Um detalhe importante é a programação dos atendimentos. Muitas experiências espíritas


respeitáveis pecam, exatamente, por não atentar para isto. André Luiz diz que os mentores
espirituais dispõem de melhores condições para compreender a possibilidade de ação do grupo
que se organizou para o trabalho mediúnico. São eles, portanto, que têm uma competência maior
para dizer quem é que vai ser socorrido num determinado trabalho especifico. Quando os
encarnados colocam uma programação dentro da programação do mundo espiritual, começam a
haver choques de competência. A programação deve ser feita de lá para cá e não daqui para lá.
Podemos colocar o nome, orar por alguém, e isso já é uma pré-evocação, que muitas vezes o
mundo espiritual valoriza. Correspondem a estados de intercessão carinhosa, quando as
encaminhamos com unção, com respeito, com religiosidade, porque a própria pessoa vai ser o
instrumento da cura, do apoio que ela quer dar a alguém. Essa é uma preocupação fundamental:
não interferir de forma ostensiva na programação dos atendimentos, deixando que o mundo

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espiritual programe o trabalho da desobsessão. Tem-se que atender os encarnados com todo o
carinho, mas, na hora de programar quais os Espíritos que vão ser atendidos na reunião
mediúnica, não interferir nessa seara, que é da alçada dos Benfeitores Espirituais. Não raro temos
uma proposta e eles têm outra; queremos atender o nosso caso específico e eles desejam
socorrer aqueles que se acham em condições de merecimento. De outras vezes, eles optam por
promover a desobsessão de nós mesmos, que somos os trabalhadores da Casa Espírita,
enquanto nós estamos com a atenção em outra direção.

No livro Trilhas da Libertação, psicografado por Divaldo Franco, de autoria do benfeitor


Manoel Philomeno de Miranda, encontram-se registros de como os Espíritos socorrem os próprios
médiuns que estão envolvidos na atividade de intercâmbio espiritual. Se tivermos uma proposta
muito rígida de clientelismo absoluto, abafamos a possibilidade dos benfeitores atenderem à
programação previamente elaborada por eles. O trabalho leva essa conotação.

Importante, também, é avançarmos no trabalho da desobsessão lentamente. Não nos


rotulemos como grupo especializado em trabalho desobsessivo antes que tenhamos a
competência para fazê-lo. O ideal é que o próprio grupo vá gradualmente fortalecendo-se. Quando
o trabalhador está pronto o trabalho aparece. Comecemos com uma proposta de desenvolvimento
e educação mediúnica. O grupo vai se adestrando, se estruturando; as pessoas vão adquirindo
competência, amor ao trabalho, dando sinais de devotamento, renúncia, abnegação, tendo a
capacidade de palmilhar o caminho dos espinhos, das dificuldades, superando-os e, então, o
mundo espiritual vai trazendo as propostas de desobsessão para aqueles médiuns que se
credenciam para a tarefa.

Mas, podemos ter uma reunião mediúnica com cinco, seis, oito médiuns. Um estará
atendendo questões simples da vida, atendendo espíritos sofredores; outros estarão num
processo de desenvolvimento ainda primário da mediunidade, e alguns médiuns, especificamente,
por terem maior adestramento, poderão estar executando o trabalho específico da desobsessão.
Deixemos que o grupo se fortaleça no vagar do tempo, para não criarmos propostas artificiais de
desobsessão, para as quais não temos ainda a capacidade de administrar.

Muitos médiuns experimentam dificuldades variadas, exatamente quando saem da


proposta de desenvolvimento natural, lenta e gradual, para serem colocados em reuniões de
desobsessão sem estar preparados. Faz-se necessário que deixemos a natureza encaminhar,
sabiamente, a capacidade, a condição de cada medianeiro, de cada trabalhador, de cada grupo
específico, é o que afirma Hermínio Miranda. Os grupos mediúnicos se fortalecem ao longo do
tempo, repetimos.

A benfeitora Joanna de Angelis assevera que antes de dez anos todos os ensaios
humanos não passam de tentativas, e acrescenta que o mundo espiritual passa a valorizar o
trabalho quando ele se consolida pelo esforço perseverante, depois de dez anos de
experimentação, para que não criemos o artificialismo, através de propostas humanas sem
capacidade para serem sustentadas. Deixemos que o encaminhamento se faça naturalmente, e o
grupo se fortaleça, com as suas próprias energias.

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04.08. – A desobsessão e a equipe mediúnica

Todos os trabalhadores integrados nas atividades doutrinárias e assistenciais do Centro


Espírita, em particular aqueles que formam a equipe mediúnica, estão, sistematicamente,
envolvidos no trabalho de desobsessão, indireta ou diretamente.

O expositor, ao fazer a sua explanação doutrinária evangélica, está alcançando as mentes


desalinhadas das entidades desencarnadas que se encontram presentes nas reuniões
doutrinárias. Durante a distribuição da sopa, do farnel, do agasalho, do medicamento, os
assistidos que ali compare- cem para receber a ajuda material atraem os seus parceiros
desencarnados e ambos recebem, no momento aprazado, o atendimento prodigalizado pelos
benfeitores espirituais.

Qualquer trabalhador da Casa Espírita, durante o seu momento de doação pessoal dentro
do âmbito das necessidades da manutenção material da célula de amor, encontra-se com a mente
em sintonia com os amigos espirituais na construção de uma psicosfera adequada para as tarefas
de desobsessão.

Imprescindível realçar as atividades dos mentores, quando os trabalhadores encarnados


oferecem clima psíquico para a atuação deles, desde o momento em que inspiram os atendentes
fraternos, na ocasião da orientação, que serve como uma doutrinação indireta para as entidades
atormentadoras que acompanham os seus hospedeiros. Concomitantemente, lá estão eles
derramando fluidos saudáveis sobre os passistas para benefício do espírito vingativo,
desimantando-o da sua vítima, durante a terapia pelos passes.

Cabe à responsabilidade dos figurantes indiretos estarem imbuídos do melhor propósito de


servir desinteressadamente, para não dificultarem a programação dos bons Espíritos, criando com
as suas emanações fluídicas sadias um psiquismo favorável na Casa Espírita. Qualquer
acontecimento imprevisto deve ser resolvido com ponderação e tolerância. Perguntar a si próprio:
o que posso fazer para atender a esse irmão em Jesus que está chegando aqui tão atribulado?

Quanto aos componentes da equipe mediúnica diretamente responsáveis pelos trabalhos


desobsessivos devem possuir, como é perfeitamente compreensível, requisitos necessários para
o desempenho eficiente das suas funções.

O médium deve ser detentor de adestramento desde o momento da concentração,


propiciadora do transe mediúnico; a facilidade na comunicação; regularidade no exercício, na
maleabilidade da sua instrumentalidade mediúnica, para atender diversos tipos de espíritos.

O terapeuta-doutrinador deve ser possuidor de raciocínio rápido, estabilidade emocional,


intuição clara, comportamento moral sadio, além de conhecimento técnico de Como atender,
abrangendo as habilidades de intervir na hora certa, rapidez de percepção e colocação adequada
da palavra.

O dirigente deve ser possuidor de todas as qualidades do terapeuta-doutrinador e mais a


autoridade fundamentada no exemplo; liderança natural e devoção à fraternidade, além de
habilidades para orientar a equipe no momento certo e para superar dificuldades.

O assistente-participante, que não é simples espectador e sim auxiliar do trabalho de


intercâmbio espiritual, deve estar motivado para manter uma postura mental compatível com as
necessidades energéticas do momento, utilizando a oração-meditada, atenção para com as
comunicações dos desencarnados e emissão de pensamentos edificantes.

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04.09. - Terapias desobsessiva

Depois da enumeração dos requisitos necessários aos componentes de uma equipe


mediúnica, torna-se perfeitamente viável estabelecermos os parâmetros para que os Mentores
Espirituais acionem as terapias desobsessivas que vão beneficiar, terapeuticamente, os
desencarnados atormentadores e atormentados em si mesmos.

O choque anímico é o princípio fundamental nas terapias desobsessivas, requerendo, por


esta razão, um adestramento cuidadoso do medianeiro no sentido físico, emocional, mental e
espiritual para essa tarefa de profunda gravidade e delicadeza, em decorrência das absorções
fluídicas pelas diversas estruturas perispirituais, quando se trate de portador da faculdade
mediúnica, despreparado ou negligente.

Essa terapêutica acontece no fenômeno da incorporação atormentada, quando ocorre uma


interpenetração entre os perispíritos do médium e do desencarnado, propiciando uma troca
energética de significativa importância para a saúde do ser enfermiço. A energia doentia do
comunicante é absorvida pelo médium, que a elimina enquanto doa energia saudável ao Espírito
enfermo, revigorando-o ou provocando um abalo considerável nas estruturas cristalizadas de sua
mente, rompendo as idéias fixas e odientas que se enraizaram no perispírito do desencarnado.

Simultaneamente, o poder de imantação magnética do perispírito do médium impede que o


Espírito desvairado fuja do diálogo com o terapeuta-doutrinador, que o despertará para uma
realidade nova ao mesmo tempo aliviando-o psiquicamente das dores ultrizes que sente nessa
circunstância.

É através desse diálogo que a palavra oportuna, concisa, dita com amorosidade
evangélica, introduz a contragosto, na mente do ser espiritual em tratamento, as vibrações,
medicamentosas e providenciais, a fim de servirem como ponto de partida para a cicatrização das
suas feridas morais. A delicadeza das expressões, mescladas pela ascendência moral do
doutrinador, envolve e alivia o enfermo desencarnado no paroxismo do sofrimento, funcionando
como estímulo para, juntamente com o fluido animalizado do médium, produzir os efeitos
salutares em prol do restabelecimento da sua saúde.

O terapeuta-doutrinador, em sintonia com o Mentor espiritual dos trabalhos, pode,


intuitivamente, utilizar a oração intercessória feita através da emoção superior, robustecendo a
terapia desobsessiva com efeitos promissores.

O passe reconfortador, aplicado no médium sob a ação perturbadora da Entidade em


desequilíbrio que por ele se comunica, funciona a benefício de ambos, preservando os delicados
equipamentos da instrumentalidade mediúnica, alcançando também o desencarnado em
desespero, diminuindo-lhe as manifestações enfermiças.

Quando for necessário, e houver uma intuição clara, o terapeuta-doutrinador pode utilizar a
indução hipnótica na projeção de quadros mentais proveitosos ao esclarecimento do
desencarnado; propor idéias reeducadoras e calmantes, como também sugerir-lhe a absorção de
medicamentos fluídicos de efeitos terapêuticos para a contenção dos seus impulsos asselvajados.

Sempre debaixo da orientação do Mentor espiritual a sonoterapia e a regressão de


memória poderão ser utilizadas, no primeiro caso, para adormecer o Espírito exaurido nas suas
forças psíquicas depauperadas ou, no segundo caso, para remover traumas, superar o medo de
encontrar-se, compreender os motivos dos acontecimentos atuais, projetarem quadros fluídicos,
configurando as cenas desencadeadoras da odiosidade atual, detalhando a interferência da vítima
e algoz numa panorâmica fidedigna dos fatos acontecidos.

FIM
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