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Testamento Vital e A Possibilidade de Seu Reconhecimento

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE TRABALHO DE CURSO
ARTIGO CIENTÍFICO

TESTAMENTO VITAL E A POSSIBILIDADE DE SEU RECONHECIMENTO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

ORIENTANDA - CAROLINA DE QUEIROZ SILVA


ORIENTADORA- PROFª. MS. GOIACY CAMPOS DOS SANTOS DUNCK

GOIÂNIA-GO
2021
CAROLINA DE QUEIROZ SILVA

TESTAMENTO VITAL E A POSSIBILIDADE DE SEU RECONHECIMENTO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Artigo Científico apresentado à disciplina


Trabalho de Curso II, da Escola de Direito e
Relações Internacionais, Curso de Direito, da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
(PUCGOIÁS).
Profª Orientadora: Ms. Goiacy Campos dos
Santos Dunck

GOIÂNIA-GO
2021
CAROLINA DE QUEIROZ SILVA

TESTAMENTO VITAL E A POSSIBILIDADE DE SEU RECONHECIMENTO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Data da Defesa:12 de Junho de 2021

BANCA EXAMINADORA

Orientadora: Profª. Ms. Goiacy Campos dos Santos Dunck Nota

Examinador (a) Convidado (a): Prof. (a): Godameyr Alves Pereira de Calvares Nota
SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................. 05

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 05

1 O DIREITO À MORTE E OS PRINCÍPIOS DA BIOTÉTICA ................................ 07


1.1 PRÍNCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ....................................... 07
1.2 DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE.......................................................... 09
1.3 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE ...................................................09
1.4 DIREITO E AUTONOMIA PARA VIVER: EUTOTANÁSIA, ORTOTANÁSIA,
DISTANÁSIA, SUICÍDIO ASSISTIDO. ....................................................................11

2 O TESTAMENTO VITAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. ....... 14


2.1 BREVE HISTÓRICO DAS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE .......... 14
2.2 CONCEITO ....................................................................................................... 16
2.3 REQUISITOS .................................................................................................... 19
2.4 DO CONSENTIMENTO INFORMADO. ............................................................. 20
2.5 DA NECESSIDADE DO TESTAMENTO VITAL ................................................ 20

3 O TESTAMENTO VITAL E A POSSIBILIDADE DE SEU RECONHECIMENTO


NOORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO...................................................... 21
3.1 RESOLUÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE MEDICINA ............................. 21
3.2 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL DO TESTAMENTO VITAL ............. 24

CONCLUSÃO ........................................................................................................ 26
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 27
5

TESTAMENTO VITAL E A POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Carolina de Queiroz Silva 1

RESUMO

O artigo pretende explanar sobre o testamento vital e sua relevância para o


ordenamento jurídico brasileiro como forma de predominar o princípio da dignidade da
pessoa humana e autonomia privada, evitando-se assim, intervenções prejudiciais
que não trazem benefícios aos pacientes em situações de terminalidade da vida. Para
tanto, utilizou-se o método dedutivo-indutivo e bibliográfico baseado em doutrinas,
artigos científicos, e jurisprudências.

Palavras- Chave: Autonomia da Vontade. Quadro terminal. Morte digna.

INTRODUÇÃO

A vida é considerada o maior bem jurídico tutelado mais relevante e é


preservada pelo art. 5º, caput da CF. O direito à vida deve se dar junto ao fundamento
da dignidade da pessoa humana, haja vista que não se pode tratar de vida sem que
ela seja digna.
A cada ano que se passa a medicina vem avançando e buscando
incessantemente a prolongação da vida, evitando se a morte, mesmo que essa vida
não seja de qualidade ou que não haja perspectiva de melhora do seu quadro
clínico. É neste contexto que surge a necessidade de se tratar sobre o Testamento
Vital.
Dessa forma, a presente pesquisa tem por objeto discutir acerca do instituto
do testamento vital no ordenamento jurídico brasileiro e as dificuldades para seu
reconhecimento.
O testamento vital é uma declaração unilateral de vontade em que a pessoa
manifesta o desejo de ser submetida a determinado tratamento, na hipótese de se
encontrar doente, em estado incurável ou terminal, ou apenas declara que não deseja
ser submetida a nenhum procedimento que evite a sua morte.

1
Acadêmica do 10º período de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás- GO
6

No Brasil, o testamento vital carece de legislação e é analisado com base nos


princípios da dignidade da pessoa humana, autonomia da vontade privada e por meio da
Resolução do Conselho Nacional de Medicina nº 1.995/2012.
Tal abordagem justifica-se com base nos inquestionáveis avanços daMedicina
nas últimas décadas, o que influenciou o aumento progressivo daexpectativa de vida
e a maneira como ser humano encara o processo do fim da vida. Na medida em que
avança na possibilidade de salvar mais vidas, cria inevitavelmente dilemas éticos
complexos que permitem maiores dificuldades para um conceito mais ajustado do fim
da existência humana.
Além disso, o aumento da eficácia e a segurança das novas modalidades
terapêuticas motivam também questionamentos quanto aos aspectos econômicos,
éticos e legais resultantes do emprego exagerado de tais medidas e das possíveis
indicações inadequadas de sua aplicação.
O cenário da morte e a situação de paciente terminal são as condições que
ensejam maiores conflitos neste contexto, levando em conta os princípios, às vezes
antagônicos, da preservação da vida e do alívio do sofrimento.
As dúvidas que nos levaram a pesquisar sobre o tema fora as seguintes: O
direito à vida é um direito absoluto? Quais seriam as vantagens trazidas para a
sociedade na implementação do testamento vital no ordenamento jurídico brasileiro?
Para tanto, poder-se ia supor, respectivamente, o seguinte: a) O Colendo
STF já decidiu que os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto. Não há,
no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter
absoluto. Portanto, há que se considerar que há hipóteses legais em que é admitida a
flexibilização do direito á vida. É nesse contexto que se tem o direito a morte, pois, o
conceito de vida deve ser entendido como viver bem, e não a qualquer custo; b) O
paciente deve ter autonomia para escolher se deseja ou não optar por tratamentos que
prolonguem a sua vida, mesmo que estes lhe causem dor e não consiga reverter seu
quadro clínico. Muitas vezes a vontade do paciente não é respeitada até mesmo por
conta da família que discorda da escolha e o médico se vê obrigado a intervir, por tanto,
a inclusão do testamento vital no ordenamento jurídico brasileiro protegeria não somente
os pacientes como também os médicos de casos como este.
7

Utilizou-se para a elaboração da pesquisa a metodologia eclética e de


complementaridade, mediante a observância da dogmática jurídica, materializada na
pesquisa bibliográfica, em virtude da natureza predominante das normas jurídicas, do
método dedutivo-bibliográfico, resoluções do Conselho de Medicina-CFM, bem como,
o Código de Ética, e jurisprudência.
Ter-se á por objetivo principal analisar a necessidade do instituto do
testamento vital no ordenamento jurídico brasileiro, como forma de garantir ao
indivíduo o poder de determinar sobre sua própria existência.
Como desdobramento deste, alia-se a pretensão de primeiramente, analisar
os princípios que regula o direito sucessório e a bioética, conceituar o testamento vital,
discutir o contexto histórico, diferenciar a Ortotanásia, Distanásia, SuicídioAssistido,
Eutanásia.
Para melhor compreensão do tema, o presente trabalho foi dividido em três
seções. A primeira seção cuida dos princípios da bioética, como dignidade da pessoa
humana, princípio da autonomia da vontade, e os institutos da eutanásia, ortotanásia,
distanásia e o suicídio assistido diferenciando-os.
Já na segunda seção foi abordado o testamento vital no ordenamento jurídico
brasileiro, analisando o conceito, evolução histórica, requisitos. Por fim, a última seção
versa sobre o testamento vital e a possibilidade do reconhecimento com base no
posicionamento dos tribunais.

1 O DIREITO À MORTE E OS PRINCÍPIOS DA BIOTÉTICA

1.1 PRÍNCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

O direito de morrer não é uma cultura do brasileiro, mas, em vista disso, toda
pessoa humana tem o direito de morrer com dignidade.
A palavra “ dignidade” vem do latim dignitas, que designava a posição social
ocupada pelo indivíduo na sociedade da Antiguidade Clássica, admitindo-se na
ocasião existirem pessoas mais ou menos dignas. Foi, no entanto, com o grande
filósofo católico Tomás de Aquino, na Idade Média, que o termo dignidade passou a
estar intrinsecamente associado com a qualidade de ser humano (Sarlet, 2010, p. 32).
8

Por ser um valor supremo, a dignidade da pessoa humana constitui não só


um dos pilares da República Federativa do Brasil, mas também se revela como o limite
mais essencial do Estado Democrático de Direito. No que tange ao princípio ao
princípio da dignidade da pessoa humana preleciona o artigo 1º, inciso III, da
Constituição Federal:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

Segundo Lippmann (2013, p. 23):

A dignidade da pessoa humana está prevista na Constituição Federal do


Brasil, constituindo-se em fundamento da República Federativa do Brasil.
Está estabelecida logo no artigo 1º, em seu inciso III. A dignidade da pessoa
humana é o sol do universo de valores, em que os demais gravitam ao seu
redor. Constitui valor dos valores. A dignidade da pessoa humana é a célula
mãe de todos os demais valores, assegurando o direito à vida, e não o dever
à vida a qualquer custo e condição, mesmo porque, nas sendas do quanto
preconizado pela Constituição Federal, é direito fundamental da pessoa não
submetida a tratamento desumano ou degradante (art.5º, III), como é possível
ocorrer em um sem número de circunstâncias de enfermidade incurável e
dolorosa, em que a pessoa é submetida a um tratamento fútil e
desnecessário, sob o empenho cruel de bandeira erguida em defesa ao
direito à vida, fazendo recrudescer a vulneração teratológica àsua dignidade,
além de tolher o exercício de uma liberdade individual legalmente garantida.

A dignidade humana está prevista na Constituição Federal de 1988 e esse é


um direito garantindo até mesmo na hora da morte. Algumas pessoas ao receber o
diagnóstico de uma doença terminal prefere morrer antes que as dores e sequelas
se manifestem, todavia, a eutanásia, por exemplo, não é permitido no Brasil mesmo
assim, ainda que o paciente não possa antecipar o próprio fim é possível diminuir o
sofrimento e assegurar o que está descrito na Lei Maior.
Em linhas gerais, o autor Faiad (2020, p. 27) determina que a morte digna
diz respeito a um processo de morrer compatível com a natureza humana, em um
ambiente cercado pelos seus entes queridos, sem dor e de forma tranquila, o que
contrasta com a institucionalização da morte em voga nos dias atuais, na qual se
verifica um verdadeiro cerceamento da autonomia e da dignidade do paciente portador
de uma doença terminal .
9

Gagliano (2019, p. 66) define:

Princípio solar em nosso ordenamento, a sua definição é missão das mais


árduas, muito embora arrisquemo-nos a dizer que a noção jurídica de
dignidade traduz um valor fundamental de respeito à existência humana,
segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas,
indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade

Em suma, a dignidade da pessoa humana trata-se do princípio constitucional


mais importante, pois, assegura o direito de viver plenamente, sem quaisquer
intervenções estatais ou particulares.

1.2 DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os direitos humanos são, em princípio, os mesmos da personalidade, isto é,


direito à vida, à liberdade, à honra. Todavia, existe tanto um enfoque constitucional
quanto um enfoque privatístico dos direitos da personalidade.
Sá (2005, p. 15) assim, leciona:

Os direitos humanos são, em princípio, os mesmos da personalidade; mas


deve-se entender que quando se fala dos direitos humanos, referimo-nos aos
direitos essenciais do indivíduo em relação ao direito público, quando
desejamos protegê-los contra as arbitrariedades do Estado. Quando
examinamos os direitos da personalidade, sem dúvida nos encontramos
diante dos mesmos direitos, porém sob o ângulo do direito privado, ou seja,
relações entre particulares, devendo-se, pois, defende-los frente aos
atentados perpretados por outras pessoas.

Por direitos da personalidade entendem-se as faculdades jurídicas cujo objeto


é os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim de sua projeção
essencial no mundo exterior.
Portanto, é o mínimo necessário para o ser humano desenvolver-se
dignamente. Diz-se que são absolutos, extrapatrimoniais, intransmissíveis,
imprescritíveis, indisponíveis, vitalícios e necessários, personalíssimos, que só se
extingue com a morte.
10

1.3 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

Entende-se por princípio da autonomia da vontade como o princípio do


respeito às pessoas, que elas se autogovernem, ou seja, sejam autônomas, quer na
sua escolha, quer nos seus atos.
O princípio da autonomia nas relações de saúde diz respeito à liberdade de
escolha do doente, garantindo que este seja capaz de decidir e conduzir a própria vida
corporal e mental por meio de escolhas livres e conscientes. Por intermédio desse
princípio, os doentes teriam o direito de fazer as escolhas terapêuticas que melhor
lhes aprouvessem, no sentido de serem adequadas aos seus valores pessoais bem
como em relação aos custos e benefícios da intervenção sugerida (Diniz, 2017, p. 14).
À luz da autonomia de vontade, as decisões terapêuticas passaram a ser
tomadas, via de regra, em decisão compartilhada entre médico e paciente, de modo
que a relação deixou de ser unilateral, tratada antes entre um sujeito (médico) e um
objeto do cuidado (paciente), mudança essa que se justifica em face da expressa
previsão constante da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, a qual
estabeleceu o seguinte em seu art. 5º, in verbis:

A autonomia das pessoas no que respeita à tomada de decisões, desde que


assumam a respectiva responsabilidade e respeitem a autonomia dos outros,
deve ser respeitada. No caso das pessoas incapazes de exercer a sua
autonomia, devem ser tomadas medidas especiais para proteger os seus
direitos e interesses. (Unesco, 2005).

Extrai-se que o princípio da autonomia da vontade é um princípio da bioética,


requer que o médico respeite a vontade do paciente ou do seu representante, assim
como seus valores morais e crenças.
Por sua vez, reconhece o domínio do paciente sobre a própria vida e o respeito
à sua intimidade, limitando a influência de outros indivíduos no mundo da pessoa que
esteja em tratamento.

Para Dadalto (2020, p. 38):

A origem etimológica da palavra autonomia é latina, auto- para si; nomos-


norma. Trata-se da norma que o próprio indivíduo estabelece para si,
estando, portanto, desde os primórdios, atrelada à subjetividade individual,
mas também à fluidez dos aspectos sociais, culturais e religiosos que nos
moldam.
11

Portanto, este princípio é facilmente identificado quando o indivíduo expressa


antecipadamente a sua vontade através do instrumento denominado de testamento
vital, optando por recusar ou aceitar determinada intervenção ou tratamento
escolhendo, pois, determinado efeito ou resultado pretendido, manifesta, em verdade,
em sua forma mais pura, a sua autonomia privada.

1.4 DIREITO E AUTONOMIA PARA VIVER: EUTANÁSIA, ORTOTANÁSIA,


DISTANÁSIA, SUICÍDIO ASSISTIDO

No que concerne ao direito e autonomia para viver, dispõe o artigo 15 do


Código Civil in verbis:

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

A palavra ‘’ eutanásia ‘’ tem origem nos termos gregos (eu= boa e thanatos=
morte), o que significa ‘’ boa morte’’ ou ‘’morte piedosa’’.
Segundo Faiad (2020, p. 4):

A eutanásia é prática de largo conhecimento da sociedade, pois remotas a


priscas eras como sendo o ato de ceifar a vida de pessoa acometida por uma
doença incurável, na qual a dor e o sofrimento são tais que levam o autor da
conduta em questão a abreviar a vida do doente por razões de piedade e de
compaixão.

Atualmente, o exercício da eutanásia tem seu conceito alargado para envolver


não somente os doentes ditos terminais, mas, também aqueles que passam por
situações de saúde menos complexas, tais como a eutanásia de recém- nascidos com
malformações congênitas ou de pacientes em estado neurovegetativo persistente.
De tal modo, a eutanásia consiste em acabar com o sofrimento de uma pessoa
doente, cujo prognostico é fatal ou que está em estado de coma irreversível, sem
chances de sobreviver, apressando a sua morte ou dando-lhe meios de consegui-lo.
Visa induzir a morte precoce de uma maneira suave e sem dor, com a finalidade de
acabar com o sofrimento do paciente através de sua própria morte.
12

Ortotanásia etimologicamente significa ‘’ morte correta’’, um procedimento


destinado a evitar com que o paciente padeça de um sofrimento corporal e psicológico,
mediante o não emprego de técnicas terapêuticas, consideradas inúteis para o
prolongamento de vida.
Assim, Lôbo (2019, p. 185) destaca:

Ortotánasia é o direito de viver e morrer em seu tempo adequado e normal,


sem sofrimento, quando não há mais condições de a pessoa manter-se viva,
segundo os dados atuais de ciência, sem utilização de métodos
extraordinários e desproporcionais. A ortotanásia é o que se compreende na
expressão “morte digna”, entendida como morte rápida, fulminante, sem dor,
sem angústia, o que incluiria a própria eutanásia e o suicídio assistido.

Na lição da renomada jurista Maria Helena Diniz (2017, p. 517), trata-se de


uma atitude de complacência e respeito do médico ao processo natural da morte em
pacientes incuráveis e terminais, não mais se obstaculizando à morte a todo e
qualquer custo.
Logo, neste caso, permite-se que a vida do paciente cesse naturalmente,
admitem-se cuidados paliativos, a fim de garantir ao paciente um maior conforto
possível em seu tempo restante de vida. Em síntese, não ocorre à ação de interromper
a vida do paciente, mas sim a omissão em forçar sua manutenção.
Distanásia é o nome dado à prática de se prologar a vida, mediante o uso de
aparelhos ou fármacos, muitas vezes em prejuízo do conforto do paciente. A
manutenção de vida passa a ser prioridade em relação à qualidade de vida. A
longevidade é vista como o único fim.
Para Faiad (2020, p. 7):

A distanásia constitui prática médica caracterizada pelo emprego de medidas


fúteis e desproporcionais para prolongar a vida exclusivamente em termos
quantitativos, uma vez que não são direcionadas para a cura do paciente e
tampouco para a melhoria da qualidade de vida.

Nesse diapasão, segundo posicionamento doutrinário “o prolongamento da


vida somente pode ser justificado se oferecer às pessoas algum benefício, ainda
assim, se esse benefício não ferir a dignidade do viver e do morrer” (Sá, 2005, p. 294)
13

Por conseguinte, a distanásia representa o prolongamento do processo de


morte, prolonga-se a vida do paciente, sem fármacos que contribuam para a
longevidade do paciente, sem levar-se em consideração se este prolongamento está
causando-lhe sofrimento ou não.
O prolongamento indiscriminado da vida humana pela prática da distanásia
é, portanto, tema que carece de profunda reflexão por parte de toda sociedade na
medida em que conduz à seguinte indagação: “é legítimo ao homem prolongar ao
máximo a vida de uma pessoa, sem qualquer qualidade, apenas para manter a
quantidade de vida, mesmo com afronta à dignidade da pessoa humana?” (Lopes,
2018, p. 75).
O suicídio assistido é outro exemplo de conduta médica que tem por objetivo
interferir no processo da morte, acelerando ou provocando-o, por meio do auxílio
prestado por uma pessoa, geralmente um profissional da saúde, a um doente, a fim
de que o mesmo ultime o suicídio.
Em outras palavras, o suicídio assistido é a abreviação da vida da pessoa que
deseja, por meio de auxílio de um terceiro. Ressalta que, quem pratica o ato final que
vai gerar a morte é o paciente, mas, esse paciente está auxiliado por um terceiro.
Para Lippmann (2013, p. 25):

O suicídio assistido é o resultado da própria ação do paciente que, com a


ajuda de terceiros, provoca o resultado morte. O suicídio assistido difere da
eutanásia porque, nesse caso, a ação gera a morte é praticada pelo próprio
paciente.

O termo suicídio assistido não tem nada haver com o fato da pessoa estar
no ambiente assistindo a pessoa morrer, tem haver com um terceiro que auxilia o
paciente a dar fim a própria vida.
Logo, a pessoa que deseja morrer encontra-se na figura de um auxílio de uma
terceira pessoa, e esse auxílio tem haver com uma dose letal de um medicamento.
14

2. O TESTAMENTO VITAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

2.1 BREVE HISTÓRICO DAS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE

Historicamente, o termo testamento vital é usado no direito brasileiro como em


outros países, por exemplo, Estados Unidos, Portugal, Holanda, para designar o
negócio jurídico causa mortis.
O testamento vital surgiu como uma obrigação de aprimorar a compreensão
do princípio da autonomia diante da grande evolução médico-científica, principalmente
no campo da medicina de conservação da vida humana. Os Estados Unidos foram o
primeiro país a renunciar a devida atenção às diretivas antecipadas, em função da
importância que a defesa ao direito à privacidade adquiriu nos países de origem anglo-
saxônica. Quando se questiona os fundamentos desta garantia para a seara dos
tratamentos médicos, finaliza-se pelo inevitável consentimento informado, sob pena
de transgressão ao princípio da autonomia do paciente.
Outro marco importante nos Estados Unidos foi à evolução do tratamento
médico e uso de tecnologia de suporte vital, prolongando a vida do paciente para além
de qualquer benefício.
Desta feita, Prata (2017, p.202) na obra, cuidados paliativos e direitos do
paciente terminal apresenta:
Nos Estados Unidos, as diretivas antecipadas de vontade são amplamente
divulgadas e conhecidas como advance directives, ou, mais comumente,
living wills (testamentos vitais) e nos últimos anos têm ganhado forma e
controle por meio de registros centralizados dos chamados POLST,
formulários que buscam uniformizar a captação da vontade e sua explicitação
para a equipe medica e também de emergência.

O primeiro país a legislar sobre o testamento biológico na América foi Porto


Rico, Na América Latina, destaca-se a Lei n º 18.473, de 2009, que permite que seja
expressa a vontade consciente e livre de opor-se a tratamentos e procedimentos
médicos que apenas visem a prolongar a vida em detrimento de sua qualidade.
Após, o Uruguai também concedeu tratamento legislativo, e a Argentina foi o
terceiro país sul americano a legislar sobre as diretrizes antecipadas de vontade.
No Brasil, não há legislação que regule o testamento vital, havendo apenas
normas deontológicas no âmbito da Medicina. Assim, a Resolução 1.995/2012 do
Conselho Federal de Medicina define as diretivas antecipadas de vontade como o
conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre
15

cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver


incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade.
Na Europa, passaram a admitir a validade das diretrizes antecipadas com a
intenção de ultrapassar as dificuldades práticas que a omissão legislativa permitia,
além de reforçar a autonomia do doente.
No direito Francês o reconhecimento da validade das DAVs, surgiu para
atribuir força em situação de incapacidade, desde que respeitados todos os requisitos
formais exigidos.
Além disso, as diretivas antecipadas de vontade tem respaldo legal no
ordenamento jurídico espanhol, pelo meio do qual uma pessoa maior de idade, capaz
e livre pode manifestar antecipadamente a sua vontade em face dos cuidados de
saúde, como a instituição de um representante que converse com a equipe médica no
sentido de dedicar a conhecer a verdadeira vontade do paciente.
Ainda mais, na Holanda, que assumiu papel essencial na regulamentação do
testamento, sendo o primeiro país europeu a criar uma legislação específica. Uma
questão particular do modelo holandês que merece destaque é a questão do fato do
testamento vital envolver a forma de um cartão pessoal, onde, recomenda-se, deve
ser sempre transportado pelos seus titulares, de modo, a fornecer conhecimento da
sua existência a terceiros na eventual situação de emergência médica.
Na Itália, o Código Médico Italiano, foi aprovado em 1998, tratou-se da
autonomia da vontade no artigo 34, ao reconhecer a inviolabilidade da dignidade,
liberdade, e vontade do paciente. Apesar de ausência de lei que regulamente as
diretivas antecipadas, adquiriu importância na sociedade italiana quando o Comitê
Nacional de Bioética, em 2003, que tratou dos direitos dos pacientes.
Outrossim, na Áustria as diretivas antecipada baseia na lei austríaca. A DAV
segundo entendimento austríaco declarado em 2006 é a declaração de vontade por
meio do qual o paciente recusa um determinado procedimento médico,
consequentemente, as únicas disposições de paciente que emanam de importância
para o ordenamento jurídico austríaco são apenas aquelas que se revelam em
indicação de recusa.
Na Alemanha, a diretiva antecipada de vontade reconhecida através da lei
Alemanha ganhou força em 01 de setembro de 2009 que acresceu os §§ 1901 a
16

1904 no BGB, mais precisamente no círculo da assistência no âmbito do Direito de


Família.
Uma das legislações mais amplas pertinente sobre as diretivas antecipadas
de vontade foi adotada em Portugal pela Lei nº 25/ 2012, que estabelece a DAV em
matéria de cuidados de saúde, sob a forma de testamento vital, regula a nomeação
de procurador de cuidados de saúde e cria o Registro do Testamento Vita.
Lôbo (2016, p. 249) comenta que:

Podem constar do documento as disposições que expressem a vontade clara


e inequívoca do outorgante, tais como a de não ser submetido a tratamento
de suporte artificial das funções vitais; a de não ser submetido a tratamento
fútil, inútil ou desproporcionado, ou a alimentação e hidratação artificiais que
apenas visem retardar o processo natural de morte; a de receber os cuidados
paliativos adequados ao respeito pelo seu direito auma intervenção global
no sofrimento determinado por doença grave ou irreversível, em fase
avançada, incluindo uma terapêutica sintomática apropriada; a de não ser
submetido a tratamentos que se encontrem em fase experimental; a de
autorizar ou recusar a participação em programas de pesquisa científica ou
ensaios clínicos.

Assim, a Lei portuguesa foi eficaz, estabeleceu um prazo de cinco anos para
produzir eficácia do testamento vital, o que reduziu desarrazoadamente, sua utilidade.

2.2 CONCEITO

O chamado testamento vital ou biológico, também conhecido como


declaração de vontade antecipada, ou, em língua inglesa, “living will”, como é
conhecido nos Estados Unidos, foi idealizado pelo advogado americano Luis Kutner,
ativista dos direitos humanos e um dos fundadores da Anistia Internacional, no fim da
década de 1960, e redundou no Patient Self Determination Act (PSDA), de 1991, lei
federal que reconhece o direito à autodeterminação do paciente ao living will e ao
durablepower of attorney for health care (instituição de um procurador para tomar em
nome do paciente inconsciente as decisões relativas aos tratamentos e procedimentos
de saúde).
Caracteriza-se por uma modalidade de testamento, desenvolvida para que
produza efeitos não após a morte do testador, mas enquanto estiver vivo, nos
17

momentos que antecedem à morte ou quando estiver inconsciente em virtude de


doença ou intervenção cirúrgica.
Para Lôbo (2016, p. 246) o testamento é elaborado da seguinte forma:

Mediante ato expresso, público ou particular, a pessoa declara que não


deseja o prolongamento artificial de sua vida, dependente de aparelhos,
remédios ou nutrição forçada, ou que, em situações em que venham a perder
a consciência de modo prolongado, seus negócios sejam geridos por
determinada pessoa e segundo determinadas instruções.

O ato tem natureza de declaração de última vontade, em diferença com o


testamento típico, sua finalidade é a de que os efeitos dessa declaração se deem
quando ainda estiver vivo o declarante. Porém, não constitui óbice legal, uma vez que
há situações previstas em que o testamento pode produzir efeitos antes da morte do
testador, como o reconhecimento de filiação, ou a designação de tutor ou curador.
Contudo, é conceituado como um documento breve, a ser utilizado em
situação oportuna, no qual o paciente informa de modo genérico, seu desejo de ser
submetido ou não a tratamentos fúteis, nesse caso, entendidos com aqueles que
apenas prolongam a vida artificialmente, entretanto, não apresenta melhora no quadro
clínico, assim, suas opções em relação a métodos de reanimação cardiorrespiratória,
manutenção de vida vegetativa por aparelhos apresentam eficácia relativa.
Em conformidade, Pereira (2018, p. 154) define:

Por testamento biológico (também chamado testamento vital, instruções


prévias ou diretivas antecipadas) se entende o documento pelo qual uma
pessoa física, plenamente capaz, manifesta sua vontade de se submeter ou
não a certas técnicas médico-terapêuticas, na hipótese de vir a se encontrar
em estado terminal ou de sofrer lesão traumática cerebral irreversível.
Admite-se ainda que, por meio dele, se designe pessoa para administrar os
bens do declarante, caso se configure futura incapacidade.

Do mesmo modo, Gagliano (2019, p. 339) elucida:

Trata-se de um ato jurídico por meio do qual o paciente manifesta, prévia e


expressamente, o desejo de querer ou não receber determinado tratamento
ou cuidado médico, no momento em que estiver incapacitado de expressar
livremente a sua vontade.
18

Tepedino (2021, p. 230) assevera:

O testamento denominado vital, biológico e, ainda, como diretivas


antecipadas de vida ou de vontade tem por finalidade estabelecer disposições
sobre cuidados, tratamentos e procedimentos de saúde aos qual o agente
deseja se submeter, consistindo numa antecipação de vontade, já que tem
por escopo produzir efeitos quando aquele que dispôs não mais puder
exprimir de forma válida sua vontade.

Diante dos entendimentos transcritos, percebe-se, que o testamento vital


busca ser eficaz em vida, recomendando como você deseja ser tratado do ponto de
vista médico, se estiver em uma situação de doença grave e inconsciente.
O testamento vital não é uma afronta ao direito à vida, previsto na Lei Maior,
pois, o princípio da dignidade da pessoa humana se sobrepõe à mera garantia do
direito à vida, que deve ser entendido como um direito amplo e condicionado à
dignidade da pessoa humana.
Destarte que, o fundamento legal do testamento vital é a autonomia da
vontade, a livre escolha do ser humano e o princípio constitucional de sua dignidade
humana, sendo importante que seus desejos sejam documentados e manifestados
de forma consciente e esclarecida, o que se faz através do testamento vital, que
registra o tratamento que o paciente deseja receber quando sua morte se aproximar.
Nesse contexto, este direito está materializado no artigo 15 do Código Civil,
de que ‘’ ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico, ou intervenção cirúrgica ‘’.
Sendo assim, nos casos de violação, os artigos 22 a 24 do Novo Código de
Ética Médica, estabelece infração ética:

Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante


legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso
de risco iminente de morte.

Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua
dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.
Parágrafo único. O médico deve ter para com seus colegas respeito,
consideração e solidariedade.

Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir


livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua
autoridade para limitá-lo.
19
Dessa forma, o direito de decisão do paciente foi regulamentado pela
Resolução 1.995 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que mostra como deve ser
feito o testamento vital ou as diretrizes antecipadas de vontade.
Desse modo, quem está hospitalizado tem o direito de refletir, aceitando ou
recusando sobre as intervenções médicas que afetem sua integridade corporal,
mesmo que em relação a sua vida.

2.3 REQUISITOS LEGAIS

O testamento vital é considerado um negócio jurídico válido de última vontade,


baseado na autonomia privada do declarante, encaixa-se nos fundamentos gerais do
negócio jurídico.
Assim, são requisitos de validade do negócio jurídico, conforme dispositivo
legal:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

É um negócio jurídico unilateral sujeito a condição suspensiva, isto é, o


advento de causa, mesmo transitória, que impeça o declarante de exprimir sua
vontade livremente. Sua validade é garantida pelo direito brasileiro, pois, para sua
realização, supõe-se a capacidade do agente, a inexistência de forma legal
determinada e a ilicitude do objeto, conforme preleciona o artigo 104 do Código Civil,
além de não ser resultante de defeito do negócio jurídico (artigo 171 do CC).

2.4 DO CONSENTIMENTO INFORMADO

O consentimento informado revela máxima autonomia do paciente. O uso


desse instrumento requer que o paciente seja capaz, esteja devidamente instruído e
que tenha as informações necessárias para conduzir sua direção.
Ao passo que, só pode ser fornecido caso o médico transmita ao paciente o
conhecimento da sua real posição, do tratamento proposto, seus riscos e benefícios,
sua duração e possíveis complicações.
20

Em resumo, cabe mencionar ser conveniente que a autorização ou a recusa


para a intervenção médica seja fornecida por escrito, apesar de possível manifestá- la
apenas oralmente. Levando em conta as considerações uma das formas escritas do
consentimento informado é por meio do testamento vital, cujo se apresentam as
disposições concernentes à opção do paciente ou futuro enfermo no caso de acidente
irreversível, ou doença grave e superveniente.

2.5 DA NECESSIDADE DO TESTAMENTO VITAL

Indubitavelmente, a elaboração do testamento vital é de grade valia, pois, ele


pode orientar a equipe médica sobre como proceder no caso em que o autor se
encontra em estado terminal, não responda aos recursos médico-tecnológicos a ele
aplicados, sinta dor cruciante e não objetive alongar o processo inevitável de morte.
Corroboram tal assertiva o seguinte ensinamento de Fiuza (2007, p. 103):

Em determinado momento, a manutenção da vida artificial constitui óbice à


promoção da dignidade da pessoa, posto ela se encontra em situação
aviltante. A vida converte-se em dever, não mais um direito. Passa a ser
necessário compatibilizá-la com outros princípios, como é o caso da
dignidade.

Nesse contexto, é que o testamento biológico tem eficácia, promove o respeito


ao doente terminal. Apesar de que a maioria dos casos de terminalidade derive de
quadros de evolução lenta, como muitos tipos de câncer existem outros casos que
surgem sem qualquer aviso, como o AVC, acidentes de carro que levam à perda de
consciência, ou, ainda, os assaltos seguidos de agressão que podem ocasionar
graves sequelas. Percebemos a partir de então que não se deve esperar uma doença
grave para que o testamento vital seja feito e produzido efeito.
A necessidade de elaborar um testamento vital é importante, pois, garantirá
uma decisão familiar mais tranquila, e harmônica, em um momento de saúde
debilitada. Uma das grandes angústia e fontes de desavenças familiares entreaqueles
que têm uma pessoa querida em estado terminal é a questão de até que altura se
deve investir na terapia do paciente, e quais são, de fato, suas vontades.
De tal modo, fazer uma declaração por escrito enquanto se está saudável
torna mais pacífica a tomada da decisão familiar, uma vez que, será de
21

conhecimento de todos envolvidos qual é exatamente o desejo daquele que não tem
mais como se expressar.
Além do mais, o testamento vital se faz necessário, pois, permitirá, para
aqueles que desejam delegar as decisões relativas à saúde a uma terceira pessoa
que não pertença à família, como um médico de sua confiança, por exemplo, poupar
os entes familiares de serem responsáveis por tratar desses assuntos delicados com
a equipe médica, em um momento difícil e do qual todos se encontram em um estado
fragilizado emocionalmente.
Portanto, o testamento vital trata-se de um documento simples de ser
elaborado, sem a presença de um advogado, registro em cartório ou qualquer outra
finalidade. Além de que, ele pode ser modificado a qualquer tempo, informando a
equipe médica que não deseja mais, ou descartando.

3 O TESTAMENTO VITAL E A POSSIBILIDADE DE SEU RECONHECIMENTO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

3.1 RESOLUÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE MEDICINA Nº 1.995/2012

Primeiramente, cabe ressaltar que no Brasil não existe legislação específica


que regulamente o Testamento Vital, mas, isso não significa que não seja válido.
A Carta Magna de 1988 assegura os princípios da dignidade da pessoa
humana e da autonomia privada, bem como, a proibição do tratamento desumano.
Isto é, a Lei Maior do Brasil reconhece o direito à vida desde que ela seja
digna, reconhece a autonomia da pessoa, logo, não se pode obrigar que uma pessoa
seja submetida a um tratamento que ele não deseja.
Assim, um dos avanços sobre as diretivas antecipadas de vontade ocorreu
em 2012 com a edição da Resolução do Conselho Nacional de Medicina.
Cabe ressaltar que esta Resolução aprovada é de suma importância, uma vez
que, regulamentou as diretivas antecipadas de vontade sendo dotada de força
normativa, assim, funciona como elemento regularizador da prática médica,
apresentando uma solução ética para os problemas provocados pelos novos recursos
tecnológicos e omisão de regulamentação legal nesta matéria.
22

Desta forma, o Conselho Federal de Medicina, define:

Art. 1º. Definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de desejos,


prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e
tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver
incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade.

Art. 2º. Nas decisões sobre cuidados e tratamentos de pacientes que se


encontram incapazes de comunicar-se, ou de expressar de maneira livre e
independente suas vontades, o médico levará em consideração suas
diretivas antecipadas de vontade.

§ 1º Caso o paciente tenha designado um representante para tal fim, suas


informações serão levadas em consideração pelo médico.

§ 2º O médico deixará de levar em consideração as diretivas antecipadas de


vontade do paciente ou representante que, em sua análise, estiverem em
desacordo com os preceitos ditados pelo Código de Ética Médica.

§ 3º As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro


parecer não médico, inclusive sobre os desejos dos familiares.

§ 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade


que lhes foram diretamente comunicadas pelo paciente.

§ 5º Não sendo conhecidas as diretivas antecipadas de vontade do paciente,


nem havendo representante designado, familiares disponíveis ou falta de
consenso entre estes, o médico recorrerá ao Comitê de Bioética da
instituição, caso exista, ou, na falta deste, à Comissão de Ética Médica do
hospital ou ao Conselho Regional e Federal de Medicina para fundamentar
sua decisão sobre conflitos éticos, quando entender esta medida necessária
e conveniente.

Em suma, a Resolução editada pelo Conselho Federal de Medicina versa o


que deve ser seguido pelos médicos, bem como entender que a vontade do paciente
prevalece acima dos desejos da família.
Com base na afirmação, Tepedino (2019, p.231) destaca:

Segundo a referida Resolução, nas decisões sobre cuidados e tratamentos


de pacientes que se encontram incapazes de comunicar-se, ou de expressar
de maneira livre e independente suas vontades, o médico levará em
consideração suas diretivas antecipadas de vontade, bem como as
orientações que sejam apresentadas por um procurador de saúde
especialmente designado pelo paciente para esse fim, consignado que as
diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro parecer
não médico, inclusive sobre os desejos dos familiares.

Destarte que, o mesmo reconhecimento da eficácia das diretivas antecipadas


de vontade é localizado no Código de Ética Médica, no parágrafo único de seu artigo
41, quando dispõe que nos casos de doença incurável e terminal, deve
23

o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis, sem empreender ações


diagnósticas ou terapêuticas inúteis, ou obstinadas, levando sempre em consideração
a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante
legal, sendo certo que, consoante o caput do aludido dispositivo, é vedado ao médico
abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Da resolução extraem-se as seguintes características: a) É apta qualquer
pessoa com idade igual ou maior a 18 anos, ou que esteja emancipada judicialmente,
em pleno gozo de suas faculdades mentais; b) o documento pode ser particular, de
conteúdo e forma livres, sem necessidade de testemunhas, definindo, com a ajuda de
seu médico, os procedimentos considerados pertinentes e aqueles aos quais não quer
ser submetido em caso de terminação da vida, por doença crônico-degenerativa; c) o
registro do testamento vital ou diretiva antecipada de vontade pode ser feito pelo
médico assistente em sua ficha médica, ou no prontuário do paciente, desde que
expressamente autorizado por ele, não podendo ser cobrado, pois, faz parte do
atendimento; d) o paciente poderá nomear um representante para garantir o
cumprimento de seu desejo; e) o testamento vital é facultativo, podendo ser feito em
qualquer momento da vida e ser modificado ou revogado a qualquer momento.
Em face disso, na falta de regulamentação legal da matéria, podem realizar
testamento vital aqueles que tenham pleno discernimento para tanto, sendo certo que,
para pessoas com deficiência, a curatela apenas afetará os atos de natureza
patrimonial e negocial (Lei 13.146/15, art. 85). Dessa forma, ainda que a pessoa seja
portadora de deficiência, se compreender o ato, não terá nenhum impedimento para
fazê-lo.
Portanto, mais uma vez, o Brasil carece de legislação específica,
recomendando-se que dito documento seja lavrado por escritura pública ou escrito
particular com a presença de duas testemunhas, sem prejuízo do que dispõe o art. 2º,
§ 4º, da Resolução 1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina, que prevê que o
médico registrará, no prontuário do paciente, as diretivas antecipadas de vontade que
lhes forem diretamente comunicadas. Trata-se, assim, de um documento de saúde,
sendo as disposições de natureza patrimonial, como aquelas relativas à
24

administração dos bens da pessoa enquanto incapaz de fazê-lo, entendidas como


recomendações ao juiz na hipótese de decretação de sua curatela.

3.2 O POSICIONAMENTO DO TRIBUNAL ACERCA DO TESTAMENTO VITAL

No que se refere ao testamento vital, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do


Sul julgou a Apelação Civil nº 70054988266, decorrida de uma ação de Alvará Judicial
para suprimento de vontade do Idoso que recusou amputar um membro necrosado.
Assim, a jurisprudência é pacífica:

APELAÇÃO CÍVEL. ASSISTÊNCIA À SAÚDE. BIODIREITO.


ORTOTANÁSIA. TESTAMENTO VITAL. 1. SE O PACIENTE, COM O PÉ
ESQUERDO NECROSADO, SE NEGA À AMPUTAÇÃO, PREFERINDO,
CONFORME LAUDO PSICOLÓGICO, MORRER PARA "ALIVIAR O
SOFRIMENTO"; E, CONFORME LAUDO PSIQUIÁTRICO, SE ENCONTRA
EM PLENO GOZO DAS FACULDADES MENTAIS, O ESTADO NÃO PODE
INVADIR SEU CORPO E REALIZAR A CIRURGIA MUTILATÓRIA CONTRA
A SUA VONTADE, MESMO QUE SEJA PELO MOTIVO NOBRE DE SALVAR
SUA VIDA. 2. O CASO SE INSERE NO DENOMINADO BIODIREITO, NA
DIMENSÃO DA ORTOTANÁSIA, QUE VEM A SER A MORTE NO SEU
DEVIDO TEMPO, SEM PROLONGAR A VIDA POR MEIOS ARTIFICIAIS,
OU ALÉM DO QUE SERIA O PROCESSO NATURAL. 3. O DIREITO À VIDA
GARANTIDA NO ART. 5º, CAPUT, DEVE SER COMBINADO COM O
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA, PREVISTO NO ART. 2º, III,
AMBOS DA CF, ISTO É, VIDA COM DIGNIDADE OU RAZOÁVEL
QUALIDADE. A CONSTITUIÇÃO INSTITUI O DIREITO À VIDA, NÃO O
DEVER À VIDA, RAZÃO PELA QUAL NÃO SE ADMITE QUE O PACIENTE
SEJA OBRIGADO A SE SUBMETER A TRATAMENTO OU CIRURGIA,
MÁXIME QUANDO MUTILATÓRIA. ADEMAIS, NA ESFERA
INFRACONSTITUCIONAL, O FATO DE O ART. 15 DO CC PROIBIR
TRATAMENTO MÉDICO OU INTERVENÇÃO CIRÚRGICA QUANDO HÁ
RISCO DE VIDA, NÃO QUER DIZER QUE, NÃO HAVENDO RISCO, OU
MESMO QUANDO PARA SALVAR A VIDA, A PESSOA PODE SER
CONSTRANGIDA A TAL. 4. NAS CIRCUNSTÂNCIAS, A FIM DE
PRESERVAR O MÉDICO DE EVENTUAL ACUSAÇÃO DE TERCEIROS,
TEM-SE QUE O PACIENTE, PELOQUANTO CONSTA NOS AUTOS, FEZ
O DENOMINADO TESTAMENTO VITAL, QUE FIGURA NA RESOLUÇÃO
Nº 1995/2012, DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. (APELAÇÃO
CÍVEL Nº 70054988266, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO RS, RELATOR: IRINEU MARIANI, JULGADO EM 20/11/2013)
(TJ-RS - AC: 70054988266 RS, RELATOR: IRINEU MARIANI, DATA DE
JULGAMENTO: 20/11/2013, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, DATA DE
PUBLICAÇÃO: DIÁRIO DA JUSTIÇA DO DIA 27/11/2013) (GRIFOU-SE).

O caso em apreço tratou-se do primeiro acórdão que em face de um caso


concreto analisou o testamento biológico. Todavia, avaliando o caso, o paciente se
quer elaborou um testamento vital, apenas fez uma manifestação de recusa de
25

tratamento.
O paciente estava com o pé necrosado e era indispensável sua amputação.
Porém, este recusou o procedimento recomendado. Logo, o Ministério Público,
interviu, já que se tratava de uma pessoa idosa que não possuía familiares, sendo
assim, o órgão determinou ao Poder Judiciário a realização da amputação do membro,
para evitar que sua morte fosse de imediato. Este pedido foi baseado na incapacidade
do idoso, disseram ainda que o mesmo apresentava um transtorno afetivo.
Em síntese, na primeira instância obteve o pedido negado, e justificado pela
ausência de provas suficientes de que o idoso estava passando por risco de morte.
Além disso, comprovou também que por mais que o idoso apresentasse um transtorno
afetivo este por sua vez possuía capacidade para recusar o tratamento recomendado.
Em seguida, o Ministério Público apelou, e novamente não obteve sucesso, já
que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul entendeu da mesma maneira que o
juiz de primeiro grau, respeitando a autonomia da vontade do paciente que é um
princípio fundamental da pessoa humana e bioética.
Por essa razão, a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
fundamentou sua decisão com base na autonomia e vontade do paciente, entendendo
que se tratava de um testamento vital, e que para sua efetivação dependeria de três
requisitos: a) a decisão do paciente deve ser feita antecipadamente, isto é, antes da
fase crítica; b) o paciente deve estar plenamente consciente; c) deve constar que a
sua manifestação de vontade deve prevalecer sobre a vontade dos parentes e dos
médicos que o assistem.
Ressalta-se que em nenhum momento do processo verificou-se a real
situação dos quadros do paciente. Mas, com as informações descritas, entende-se
que se trata de um caso de recusa de tratamento de amputação, por isso, a sentença
foi prolatada com base nas diretivas antecipadas da vontade.
Por todo o exposto, o testamento vital é possível e foi reconhecido no Brasil
por meio da resolução, entende-se que deve se respeito, pois, à vida é o bem jurídico
mais precioso de toda pessoa humana.
26

CONCLUSÃO

O presente estudo partiu de uma análise do tema tratado no direito de


sucessões, o testamento.
Pretendeu-se, com este trabalho analisar a possibilidade do reconhecimento
do testamento vital e a sua aplicabilidade no ordenamento jurídico brasileiro.
O testamento vital não deve ser confundido com o testamento civil. O
testamento civil diz respeito àquilo que se quer fazer com o seu patrimônio, ou seja,
para quem você deseja deixar, após a morte, os bens que foram adquiridos em vida.
Já o testamento vital, verificamos que visa ser eficaz em vida, indicando como
a pessoa deseja ser tratado do ponto de vista médico se estiver em uma situação de
doença grave e inconsciente.
Diante disso, observamos que o testamento vital é uma espécie de diretiva
antecipada de vontade (DAV) que surgiu na década de 60 nos Estados Unidos da
América. Consiste em um documento elaborado mediante ato expresso público ou
particular, feito por qualquer pessoa maior de idade, capaz, com discernimento onde
deixa por escrito quais cuidados, tratamentos e procedimentos ela quer ou não
receber quando for diagnosticada com uma doença grave, incurável e tiver
impossibilitada de manifestar sua vontade.
Investigamos ao longo da pesquisa que o testamento biológico já se faz
presente em muitos países, como nos Estados Unidos, Portugal, Holanda, Uruguai,
Bélgica, além de outros.
No Brasil, ainda não existe uma legislação específica sobre as Diretivas
Antecipadas da Vontade, mas, através da resolução nº 1995/12, do Conselho Federal
de Medicina, aprovada em agosto de 2012, é que se tornaram possível a
regulamentação e aplicabilidade do testamento vital.
Diante disso, o intento do Conselho Federal de Medicina foi, portanto, fazer
prevalecer o princípio da autonomia de vontade do paciente como premissa para uma
vida digna, não mais se impondo ao profissional médico o dever de salvaguardar a
vida biológica a todo custo.
Concluímos, que uma das maiores certezas que se tem na vida é que um
dia a morte chega para todos, e que, embora, não exista legislação específica sobre
27

o Testamento Vital no Brasil, sua validade deve ser reconhecida com base nos
princípios fundamentais da dignidade da pessoa humana, da autonomia da vontade
e da proibição do tratamento desumano que servem de base para que o paciente
possa manifestar a sua vontade.
Assim, com base nas considerações acerca da pesquisa, a implantação do
testamento vital no ordenamento jurídico brasileiro seria relevante, pois, garantiria de
maneira efetiva ao indivíduo a capacidade de governar sobre sua própria existência
se valendo de seus próprios princípios.

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