Testamento Vital e A Possibilidade de Seu Reconhecimento
Testamento Vital e A Possibilidade de Seu Reconhecimento
Testamento Vital e A Possibilidade de Seu Reconhecimento
GOIÂNIA-GO
2021
CAROLINA DE QUEIROZ SILVA
GOIÂNIA-GO
2021
CAROLINA DE QUEIROZ SILVA
BANCA EXAMINADORA
Examinador (a) Convidado (a): Prof. (a): Godameyr Alves Pereira de Calvares Nota
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................. 05
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 05
CONCLUSÃO ........................................................................................................ 26
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 27
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RESUMO
INTRODUÇÃO
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Acadêmica do 10º período de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás- GO
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O direito de morrer não é uma cultura do brasileiro, mas, em vista disso, toda
pessoa humana tem o direito de morrer com dignidade.
A palavra “ dignidade” vem do latim dignitas, que designava a posição social
ocupada pelo indivíduo na sociedade da Antiguidade Clássica, admitindo-se na
ocasião existirem pessoas mais ou menos dignas. Foi, no entanto, com o grande
filósofo católico Tomás de Aquino, na Idade Média, que o termo dignidade passou a
estar intrinsecamente associado com a qualidade de ser humano (Sarlet, 2010, p. 32).
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Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
A palavra ‘’ eutanásia ‘’ tem origem nos termos gregos (eu= boa e thanatos=
morte), o que significa ‘’ boa morte’’ ou ‘’morte piedosa’’.
Segundo Faiad (2020, p. 4):
O termo suicídio assistido não tem nada haver com o fato da pessoa estar
no ambiente assistindo a pessoa morrer, tem haver com um terceiro que auxilia o
paciente a dar fim a própria vida.
Logo, a pessoa que deseja morrer encontra-se na figura de um auxílio de uma
terceira pessoa, e esse auxílio tem haver com uma dose letal de um medicamento.
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Assim, a Lei portuguesa foi eficaz, estabeleceu um prazo de cinco anos para
produzir eficácia do testamento vital, o que reduziu desarrazoadamente, sua utilidade.
2.2 CONCEITO
Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua
dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.
Parágrafo único. O médico deve ter para com seus colegas respeito,
consideração e solidariedade.
conhecimento de todos envolvidos qual é exatamente o desejo daquele que não tem
mais como se expressar.
Além do mais, o testamento vital se faz necessário, pois, permitirá, para
aqueles que desejam delegar as decisões relativas à saúde a uma terceira pessoa
que não pertença à família, como um médico de sua confiança, por exemplo, poupar
os entes familiares de serem responsáveis por tratar desses assuntos delicados com
a equipe médica, em um momento difícil e do qual todos se encontram em um estado
fragilizado emocionalmente.
Portanto, o testamento vital trata-se de um documento simples de ser
elaborado, sem a presença de um advogado, registro em cartório ou qualquer outra
finalidade. Além de que, ele pode ser modificado a qualquer tempo, informando a
equipe médica que não deseja mais, ou descartando.
tratamento.
O paciente estava com o pé necrosado e era indispensável sua amputação.
Porém, este recusou o procedimento recomendado. Logo, o Ministério Público,
interviu, já que se tratava de uma pessoa idosa que não possuía familiares, sendo
assim, o órgão determinou ao Poder Judiciário a realização da amputação do membro,
para evitar que sua morte fosse de imediato. Este pedido foi baseado na incapacidade
do idoso, disseram ainda que o mesmo apresentava um transtorno afetivo.
Em síntese, na primeira instância obteve o pedido negado, e justificado pela
ausência de provas suficientes de que o idoso estava passando por risco de morte.
Além disso, comprovou também que por mais que o idoso apresentasse um transtorno
afetivo este por sua vez possuía capacidade para recusar o tratamento recomendado.
Em seguida, o Ministério Público apelou, e novamente não obteve sucesso, já
que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul entendeu da mesma maneira que o
juiz de primeiro grau, respeitando a autonomia da vontade do paciente que é um
princípio fundamental da pessoa humana e bioética.
Por essa razão, a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
fundamentou sua decisão com base na autonomia e vontade do paciente, entendendo
que se tratava de um testamento vital, e que para sua efetivação dependeria de três
requisitos: a) a decisão do paciente deve ser feita antecipadamente, isto é, antes da
fase crítica; b) o paciente deve estar plenamente consciente; c) deve constar que a
sua manifestação de vontade deve prevalecer sobre a vontade dos parentes e dos
médicos que o assistem.
Ressalta-se que em nenhum momento do processo verificou-se a real
situação dos quadros do paciente. Mas, com as informações descritas, entende-se
que se trata de um caso de recusa de tratamento de amputação, por isso, a sentença
foi prolatada com base nas diretivas antecipadas da vontade.
Por todo o exposto, o testamento vital é possível e foi reconhecido no Brasil
por meio da resolução, entende-se que deve se respeito, pois, à vida é o bem jurídico
mais precioso de toda pessoa humana.
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CONCLUSÃO
o Testamento Vital no Brasil, sua validade deve ser reconhecida com base nos
princípios fundamentais da dignidade da pessoa humana, da autonomia da vontade
e da proibição do tratamento desumano que servem de base para que o paciente
possa manifestar a sua vontade.
Assim, com base nas considerações acerca da pesquisa, a implantação do
testamento vital no ordenamento jurídico brasileiro seria relevante, pois, garantiria de
maneira efetiva ao indivíduo a capacidade de governar sobre sua própria existência
se valendo de seus próprios princípios.
REFERÊNCIAS
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Villaça Azevedo. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.
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em: 13 de abril de 2021.
DADALTO, Luciana. Como fazer o testamento vital? Tudo que você precisa saber
para fazer um testamento vital.Disponível em:https://youtu.be/ovU4gANKpsk?t=31
. Acesso em: 13 de abril de 2021.
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do Biodireito. 10.ed. São Paulo, Saraiva, 2017.
FAIAD, Carlos Eduardo Araújo. Ortotanásia: limites da responsabilidade criminal
do médico / Carlos Eduardo Araújo Faiad. – 1.ed. – Barueri [SP] : Manole, 2020.
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FIUZA, Cesár, Maria de Fátima Freire de Sá, Bruno Torquato de Oliveira Naves
(Coord). Direito Civil: Atualizades II. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.
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sucessões / Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho. – 6. ed. – São Paulo :
Saraiva Educação, 2019.
LÔBO, Paulo. Direito civil : sucessões / Paulo Lôbo. – 3. ed. – São Paulo : Saraiva,
2016.
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Saraiva Educação, 2019.
SÁ, Maria de Fátima Freire de. Direito de morrer: Eutanásia, suicídio assistido /
Maria de Fátima Freire de Sá.- 2. Ed. Belo Horinzonte: Del Rey, 2005.
SÁ, Maria de Fátima de Freire de; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira. Bioética,
biodireito e o novo código civil de 2002. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.