1379-Texto Do Artigo-5437-1-10-20140819

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ARTIGO ORIGINAL

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA ENTRE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES


E ANTI-HIPERTENSIVOS EM PACIENTES HIPERTENSOS INTERNADOS EM UM
HOSPITAL PÚBLICO: UMA ABORDAGEM EM FARMACOVIGILÂNCIA

Edilson Dantas da Silva Júniora


Ivana Maria Fechine Setteb
Lindomar de Farias Belémb
Gustavo José da Silva Pereiraa
Jahamunna Abrantes Andrade Barbosaa

Resumo
Uma das questões de relevância para a Farmacovigilância é a detecção/identificação
de interações medicamentosas. Muitas das reações adversas a medicamentos (RAMs) são causadas
por interações medicamentosas. Há numerosos estudos que têm como enfoque as RAMs dos
antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) sobre a pressão arterial e a diminuição da eficácia dos
medicamentos anti-hipertensivos. Assim, o estudo teve por objetivo identificar as possíveis
interações entre AINEs e anti-hipertensivos, detectar as principais RAMs ocasionadas por tais
medicamentos e o possível impacto na pressão arterial. Trata-se de um estudo descritivo e
exploratório realizado mediante uma abordagem transversal e qualiquantitativa em pacientes
hipertensos internados na clínica geral de um hospital público. Dos 47 participantes, mais da
metade eram homens; houve grande porcentagem de idosos. A interação mais freqüente foi
entre a dipirona e o captopril. Constatou-se que metade dos pacientes apresentaram a média dos
níveis pressóricos acima de 139/89 mmHg; a outra metade relatou possíveis RAMs relacionadas
com a elevação dos níveis pressóricos. É possível, por meio da Farmacovigilância, detectar tais
interações e promover discussões na equipe de saúde com intuito de melhorar a farmacoterapia
dos pacientes assistidos em qualquer hospital público do país.

Palavras-chave: AINEs. Anti-hipertensivos. Interação medicamentosa.

a
Graduandos(as) do Curso de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba.
b
Prof(as). Titulares do Departamento de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba.
Endereço para correspondência: Edilson D. da S. Junior. Rua Neuza Borborema, 348. Santo Antônio. Campina Grande,
PB. CEP: 58103-313. E-mail: silvajunior9@hotmail.com

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Revista Baiana DRUG INTERACTION BETWEEN NON-STEROIDAL ANTI-INFLAMMATORY AND
de Saúde Pública ANTIHYPERTENSIVES DRUGS IN PATIENTS WITH HYPERTENSION IN A PUBLIC
HOSPITAL: A PHARMACOVIGILANCE APPROACH

Abstract
One of the aims of pharmacovigilance is to detect and identify drug interactions.
Many adverse reactions are caused by this interaction. There are several studies that have focused
on non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAID) adverse reaction on blood pressure and the
decreasing effectiveness of antihypertensive drugs. Therefore, the aim of this study was to identify
the possible drug interaction between NSAID and antihypertensive drugs and to detect the main
adverse reaction caused by such interaction with possible impacts to blood pressure. This study
can be classified as a quali-quantitative descriptive cross-sectional exploratory design with
hypertensive inpatients in the primary care clinic of a public hospital. From the 47 participants,
more than half were men and there was an expressive percentage of the elderly. The most
frequent drug interaction was that of dipirone and captopril. It was observed that 55.33% of the
patients had an average of blood pressure above 139/89 mmHg; 53.2% of patients related possible
adverse reaction possibly correlated with the elevation of blood pressure. It is possible through
pharmacovigilance to detect such drug interactions and, thus, promote discussions between the
health team with the objective of improving inpatients pharmacotherapy in other public hospitals
integrated in the country’s health network.

Key words: NSAID. Antihypertensive drugs. Drug interaction.

INTRODUÇÃO
Uma das questões de relevância para a Farmacovigilância é a detecção/identificação
de interações medicamentosas, consideradas importantes fatores de risco para o surgimento de
reações adversas ⎯ resposta nociva e não-intencional a um medicamento, que ocorre nas doses
normalmente usadas no homem para profilaxia, diagnóstico, terapia da doença ou modificação de
funções fisiológicas ⎯ ou até mesmo um tipo de RAM.1
A hipertensão arterial é uma doença crônica, degenerativa e não-transmissível,
caracterizada pela elevação dos níveis pressóricos para valores persistentemente acima de
139/89 mmHg.2
Para o tratamento medicamentoso da hipertensão arterial utiliza-se um arsenal de
fármacos genericamente denominados anti-hipertensivos (diuréticos [furosemida, espironolactona,
hidroclorotiazida etc.], inibidores da enzima conversora de angiotensina [captopril, enalapril,
lisinopril etc.], beta-bloqueadores [propranolol, atenolol etc.]) que visam, sobretudo, reduzir os

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índices de morbimortalidade relacionadas à hipertensão com a redução dos níveis pressóricos para
valores abaixo de 140/90 mmHg.2
Os antiinflamatórios não-esteróides (AINEs), incluindo os antipiréticos e analgésicos,
estão entre as drogas mais prescritas no Brasil. Dada a alta prevalência da hipertensão arterial
(cerca de 20% da população adulta mundial), é muito freqüente o uso concomitante de AINEs e
anti-hipertensivos no mesmo paciente, assim como o surgimento de interações medicamentosas
clinicamente significativas entre tais classes de fármacos.3,4
Há numerosos estudos que têm como enfoque o efeito dos AINEs sobre a pressão
arterial, gerando a diminuição da eficácia dos medicamentos anti-hipertensivos. Os AINEs não-
seletivos ⎯ agem sobre a COX1 e COX2 ⎯ que principalmente se envolvem em interações
potenciais com os anti-hipertensivos são o ibuprofeno, o naproxeno, o piroxicam, a indometacina,
o diclofenaco e o ácido acetilsalicílico. Outros, entretanto, inclusive analgésicos e antipiréticos,
como a dipirona e o paracetamol, também podem interferir na ação dos anti-hipertensivos.5 Além
disso, os coxibs (p.ex. etoricoxibe e celecoxibe), AINEs seletivos a COX2 afetam a pressão arterial
de forma semelhante aos não-seletivos.3
O principal mecanismo que envolve a elevação da pressão arterial pelos AINEs é a
inibição da enzima COX. Tal inibição gera a redução sistêmica e renal da síntese de prostaglandinas
(PGs).6,7 No rim, a inibição da COX gera a diminuição das taxas de PGI2 e PGE 2. Tais
prostaglandinas agem mantendo a homeostasia renal por regulação da reabsorção de sódio e água,
mediando o tônus vascular e a liberação de renina.8,9
O uso de AINEs é limitado e motivo de precaução por desenvolverem hipertensão,
edema, doença cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral em uma proporção significativa de
pacientes.10,11,12 O efeito dos AINEs na instabilidade da pressão arterial é clinicamente relevante
tanto em pacientes em tratamento anti-hipertensivo como naqueles sem tratamento.13
Todos os AINEs podem antagonizar a terapia anti-hipertensiva, seja parcial ou
totalmente. Dessa forma, podem aumentar a morbidade relacionada à hipertensão arterial. O
efeito na pressão arterial pode variar de nenhum até crises hipertensivas. Quando dados de vários
estudos foram combinados, constatou-se que a média de aumento da pressão arterial foi de 10
mmHg e a duração foi de curta a longa. Interações significativas ocorreram em cerca de 1% de 2
mil indivíduos por ano. O risco é maior em idosos, afrodescendentes e naqueles com hipertensão
arterial com renina baixa.3,6,14
Recomenda-se que pacientes com hipertensão arterial controlada com anti-
hipertensivos sejam submetidos a monitoramento cuidadoso da pressão arterial e da função renal
após o início da terapia com AINEs e que se avalie os benefícios do tratamento em relação aos

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Revista Baiana riscos. Cabe ao farmacêutico dispensador orientar o prescritor e o paciente quanto a esta interação
de Saúde Pública
em potencial. Em caso de perceber qualquer dano ao paciente, deve-se interromper a terapia do
antiinflamatório, mudar o agente anti-hipertensivo ou alterar a dose deste último.3,5,6,8,15
A pesquisa procurou identificar as possíveis interações entre AINEs e anti-
hipertensivos, bem como detectar as principais reações adversas ocasionadas por tais interações e
o possível impacto que possam causar na pressão arterial, visando contribuir para a Saúde Pública
por meio da Farmacovigilância.

METODOLOGIA
A pesquisa do tipo descritiva e exploratória foi realizada mediante uma abordagem
transversal e qualiquantitativa em pacientes hipertensos internados na clínica geral (clínica médica e
cirúrgica) do Hospital da Fundação Assistencial da Paraíba (FAP). Para tornar-se apto a participar da
pesquisa, o paciente deveria ser hipertenso e estar em uso simultâneo de pelo menos um
antiinflamatório não-esteróide e um agente anti-hipertensivo, incluindo diuréticos. Não houve
discriminação quanto ao gênero, raça, idade, classe social ou antecedente patológico. Foram
excluídos da pesquisa aqueles pacientes em estado tão grave que impossibilitasse a coleta dos
dados ⎯ como os entubados sob ventilação mecânica e/ou com perda da consciência. Quando
necessário, recorreu-se aos familiares para a obtenção de alguns dados.
A amostra foi constituída por 47 pacientes, os quais se inserem nos requisitos acima,
internados na clínica geral no período de agosto de 2006 a julho de 2007.
Como instrumento de coleta de dados foi utilizado o formulário farmacoterapêutico
padrão, o qual foi preenchido com dados extraídos dos prontuários médicos e da entrevista direta
com os pacientes que compuseram a amostra. Para esta finalidade, utilizou-se um conjunto de
métodos e técnicas de Farmacovigilância Hospitalar conhecido como busca-ativa.
Os dados coletados foram analisados com o objetivo de quantificar a prevalência dos
dados colhidos e, por meio de uma abordagem qualitativa, confrontar os resultados obtidos com os
dados da literatura. Os dados aqui apresentados foram extraídos dos resultados finais da pesquisa
de Iniciação Científica do Programa Institucional de Iniciação Científica da Universidade Estadual da
Paraíba (PROINCI/UEPB) cota 2006/2007 intitulada Problemas Relacionados ao uso Concomitante
de Antiinflamatórios Não-esteróides e Anti-hipertensivos na Clínica Geral.
Os pacientes participantes foram informados antecipadamente sobre os objetivos da
pesquisa. A estes foi garantido total anonimato e o direito de desistir ou não participar da pesquisa.
Os pacientes que concordaram em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, conforme as diretrizes regulamentadoras emanadas da Resolução nº 196/96 do

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Conselho Nacional de Saúde (Ministério da Saúde).16 A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), conforme o protocolo nº 0190.0.133.000-06.

RESULTADOS
Dos 47 pacientes participantes da pesquisa e que estavam em uso concomitante de
AINEs e anti-hipertensivos, 59,6% pertencem ao gênero masculino. A média de idade foi de
aproximadamente 68,7 anos. Observou-se que grande parte dos pacientes participantes estavam
internados na clínica médica. A duração da concomitância foi em média de três dias (Tabela 1).

Tabela 1. Caracterização da Amostra

O AINE mais prescrito foi a dipirona, utilizado por 89,4% dos pacientes, com relação
aos anti-hipertensivos, o captopril foi o mais prescrito, sendo utilizado, por 87,3% dos pacientes. A
dipirona foi administrada como único AINE em 66% dos pacientes e em associação com o
diclofenaco em 19,14% dos pacientes. O captopril foi administrado em monoterapia anti-hipertensiva
em 55,3% dos pacientes e em associação com a furosemida em 15% dos pacientes (Tabela 2).

Tabela 2. Freqüência de utilização entre AINEs e anti-hipertensivos

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Revista Baiana Sendo a dipirona e o captopril os fármacos mais prescritos de cada classe, a interação
de Saúde Pública
medicamentosa que apresentam, obviamente, foi a mais freqüente, presente em 76,6% dos
pacientes. Vale ressaltar que em alguns casos foi encontrada mais de uma possível interação entre
AINEs e anti-hipertensivos no mesmo paciente (Tabela 3).

Tabela 3. Freqüência das possíveis interações medicamentosas entre AINEs e anti-hipertensivos

Constatou-se que 21,26% dos pacientes estavam em uso de fármacos, excluindo os


AINEs, que podem antagonizar o efeito dos anti-hipertensivos (Tabela 4).

Tabela 4. Porcentagem de pacientes em uso de fármacos, excluindo AINEs que podem antagonizar o efeito
dos anti-hipertensivos

Os valores pressóricos dos pacientes participantes da presente pesquisa foram


observados e registrados. Para análise, fez-se uma média dos valores pressóricos de cada paciente
a fim de classificá-los quanto a sua pressão arterial segundo as V Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão Arterial.2 Foi observado que 55,33% dos pacientes, mesmo medicados com agentes
anti-hipertensivos estão hipertensos. Constatou-se ainda que 38,32% dos pacientes foram
classificados como apresentando hipertensão em estágio 1 (Tabela 5).
Distribuindo-se os pacientes, na Tabela 6, de acordo com a terapia medicamentosa
encontrada nas prescrições entre um ou mais AINEs em simultaneidade com um ou mais anti-
hipertensivos, pôde-se comparar a associação encontrada com a média dos níveis pressóricos dos
pacientes participantes da pesquisa. A associação entre a dipirona e o captopril foi a mais freqüente

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nos pacientes com a média da pressão arterial em valores superiores a 139/89 mmHg, e esteve
presente em 21,27% dos casos em que a média superou tal valor.

Tabela 5. Classificação da pressão arterial dos pacientes em uso simultâneo de AINEs e anti-hipertensivos

Tabela 6. Distribuição dos pacientes de acordo com a média da pressão arterial (PA) e da concomitância
encontrada entre AINEs e anti-hipertensivos

* Associações encontradas em pequena quantidade. AINEs presentes: dipirona, AAS, diclofenaco; Anti-hipertensivos presentes:
captopril, propranolol, atenolol, furosemida e hidroclorotiazida.

Como não houve um acompanhamento diário da função renal na grande maioria


dos casos, torna-se impossível realizar qualquer análise ou correlação utilizando esta variável.
Da amostra pesquisada, 53,2% dos pacientes relataram queixas possivelmente
relacionadas com reações adversas causadas pela interação medicamentosa entre AINEs e anti-
hipertensivos. As mais relatadas estão expostas na Figura 1.

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Revista Baiana
de Saúde Pública

Figura 1. Percentual das reações adversas causadas pela possível interação entre AINEs e anti-
hipertensivos

DISCUSSÃO
Devido à alta freqüência de pacientes idosos (idade igual ou superior a 60 anos) em
uso simultâneo de AINEs e anti-hipertensivos tornou-se necessário um acompanhamento diário,
visto que o risco de malefícios por conta da interação é mais evidente e suficiente para ter
importância clínica.3,6,13,17
A dipirona é um derivado das pirazolonas com a capacidade de inibir funcionalmente
a COX1 e a COX2, sobretudo a produção de prostaglandinas cerebrais,18,19 e também pode
interferir de modo antagônico na ação dos anti-hipertensivos por meio da redução da síntese de
prostaglandinas renais.5,20 Entretanto estudos atuais demonstram que a dipirona, quando
administrada intravenosamente, pode causar diminuição da pressão arterial por mecanismos ainda
não muito claros; acredita-se, porém, que seja por inibição de canais de potássio voltagem
dependentes no músculo liso vascular.21,22
Portanto, sendo a dipirona um fármaco pouco estudado, sua ação na
hemodinâmica ainda é controversa. Entretanto, observando a Tabela 6, pode-se constatar
que a dipirona está relacionada a 40,39% (n=47) dos pacientes hipertensos com a média dos
níveis pressóricos acima de 139/89 mmHg, mesmo sob medicação anti-hipertensiva. Tal
achado permite supor que a dipirona possa estar envolvida em uma possível interação
antagônica com os agentes anti-hipertensivos, levando a falha da terapêutica anti-
hipertensiva.5,20 É pertinente frisar que a suposição anterior envolvendo a dipirona foi realizada
com base nos dados obtidos na pesquisa; devido, sobretudo, à pequena amostra estudada
talvez não possua uma veracidade estatística comprovada.

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Devido às controvérsias em relação à dipirona, pode-se sugerir que o papel do
diclofenaco e do AAS (mesmo encontrados em menor freqüência) na elevação da pressão arterial
seja de maior relevância.
O diclofenaco é considerado o segundo AINE com maior risco de desenvolver
eventos cardiovasculares (p. ex. infarto do miocárdio) em pacientes hipertensos, devido,
principalmente, ao aumento da pressão arterial.13 Já o AAS é relacionado ao aumento dos níveis
pressóricos quando em uso crônico, sobretudo no paciente idoso.23
Além dos AINEs, uma parcela dos pacientes estava em uso de outros fármacos
que podem antagonizar o efeito dos anti-hipertensivos. Tal fato pode ser visto com
preocupação, pois pode haver um “sinergismo” no antagonismo gerado por tais drogas no
efeito dos anti-hipertensivos.
Quando os objetivos da terapêutica anti-hipertensiva não são alcançados,
recomenda-se: (1) substituição da terapia anti-hipertensiva ou (2) aumentar a dose dos anti-
hipertensivos.2 Contudo, para sobrepor o efeito dos AINEs na pressão arterial, seria indicado
apenas o aumento da dose dos anti-hipertensivos.24 É importante frisar que grande parte dos
pacientes com a média das pressões arteriais em nível elevado (55,33% dos pacientes) não tiveram
seu esquema anti-hipertensivo alterado.
Os problemas cardiovasculares mais graves gerados pela interação entre AINEs e
anti-hipertensivos como, por exemplo, infarto, podem ser observados principalmente com o uso
prolongado e simultâneo de ambas as classes de medicamentos em estudo.6 Por ora as reações
adversas encontradas (p. ex. tontura, dor de cabeça, cansaço) não trouxeram riscos à vida dos
pacientes, todavia podem levar a um aumento do tempo de permanência hospitalar ou à perca da
credibilidade do paciente para com o médico.

CONCLUSÕES
Nas condições em que o estudo foi realizado torna-se insensato afirmar com
segurança que a elevação dos níveis pressóricos seja causada unicamente pela interação em
estudo. Todavia, com base nos subsídios fornecidos pela literatura científica, pode-se crer que uma
das etiologias dos valores resistentes dos níveis pressóricos acima de 139/89 mmHg, mesmo com
uma associação racional de três agentes anti-hipertensivos, seja por conta da devida interação. É
possível, por meio da farmacovigilância, detectar tais interações e promover discussões entre a
equipe de saúde com intuito de melhorar a farmacoterapia dos pacientes assistidos em qualquer
hospital público do país.

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Recebido em 24.10.2007 e aprovado em 13.2.2008.

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