O Povo Brasileiro
O Povo Brasileiro
O Povo Brasileiro
1 – A OBRA
O povo brasileiro é uma obra de Darcy Ribeiro, lançada em 1995, que relata a história da
formação étnica e cultural do povo brasileiro (em especial os indígenas).
O livro possui 5 partes (O novo mundo, Gestação Étnica Processo Sociocultural, Os Brasis na
história e O Destino Nacional), com 17 capítulos compondo-as um total de 480 páginas. Sua
editora é a Companhia das letras.
No prefácio da primeira edição, de 1995, Darcy afirma que escrever o livro foi seu maior
desafio. O autor diz ter demorado 30 anos para escreve-o. Segundo o autor, o livro unifica
uma teoria de base empírica de classes sociais no brasil e na américa latina, uma tipologia
das formas de exercício do poder e de militância política.
2 – RESENHA
Índios Tupi se instalaram por toda a costa Atlântica e Amazônica nos últimos tempos,
surgindo assim a ilha Brasil. Não eram considerados nação, apenas um aglomerado de povo
de mesmo dialeto.
O europeu foi introduzido no mundo indígena sendo caracterizado como bruto e doente. Ele
escravizou os índios, tomaram suas terras e mercantilizaram as relações de produção e
unificaram a língua e costumes, fazendo surgir o povo brasileiro.
Havia 1 milhão de índios espalhados pela costa, divididos em varias tribos, que praticavam a
agricultura, domesticavam plantas, mandioca, milho, feijão, tabaco, etc. Passando por meses
de escassez e abundancia.
Para poderem sobreviver com mais segurança em relação a alimentos, residiam em sítios
privilegiados, no qual existia caça e pesca abundante.
Tamoios foi uma aliança feita entre os franceses que estavam na baía com os índios, para
assim combaterem os portugueses. Foram derrotados pelas tropas indígenas jesuítas apos
várias vitórias.
As tribos viviam em constante guerra contra as outras tribos, devido à disputas dos sítios
privilegiados. Mas era também uma forma de interação das tribos, pois caso ganhassem a
guerra, capturavam os derrotados para a antropofagia.
A civilização estava se tornando mais urbanizada, uma vez que contava com a presença de
invasores. A Corte e o Conselho Ultramarino era onde tudo se decidia e ordenava, junto a
igreja católica e o santo ofício. A igreja tinha o papel de julgar e condenar os ousados.
Havia um complexo de poderio português, que foi fundado perante as novas tecnologias, o
qual se encontrava novas velas de barco, bússola, canhões de guerra, ferro, etc. Com isso era
possível descobrir novas terras e fazer um mundo Eurocentrista. Isso podia se resumir a um
processo civilizatório expansionista que deu nascimento a Portugal e Espanha (Novo
mundo). Assim, nasceram também as correntes religiosas católica e protestante.
A bula inter coletera fazia jus a lei atual brasileira, dizendo que os indígenas não são
escravos, da o direito do latifundiário.
A chegada dos europeus aos olhos dos índios foi algo espantoso pois não sabiam se eles eram
do bem ou do mal. Eram feios e fedidos, diziam os índios, mas os receberam coo qualquer
outro. Porém, os índios foram colocados como mercadorias, tirados seus costumes, cativeiro
e então preferiam à morte, assim vendo o lado mal dos europeus.
Um dos efeitos dos europeus sobre os indígenas foi o de escolherem fazer parte da guerra
junto aos europeus do que voltar a sua rotina tribal.
Os índios acreditavam que tudo foi dado por Deus, desde seus olhos para ver as magníficas
cores do mundo, narizes para sentirem os diversos cheiros, até os peixes, aves, plantações.
Eram inocentes e simples, diferente dos europeus, que tinham pecados, angústias,
sofrimentos, produtos como vela, bombas, doenças.
Os Europeus possuíam trabalhos, eram obrigados a fazer coisas que não gostavam, visavam o
lucro, já os índios faziam potes, teciam panos por gosto e por quererem mostrar sua arte aos
outros. Porém, os Europeus viam os índios como vadios que viviam vidas inúteis, por fazer
coisas que lhes dão prazer.
Após a chegada dos europeus, os índios passaram a adquirir mais doenças, cáries,
tuberculose e sarampo, dando origem a uma guerra biológica, deixando vários índios mortos.
Eles defendem com todas as suas forças o seu modo de viver, porém ainda sim eram
vencidos por inimigos tecnologicamente mais avançados e mais bem armados.
Deveria existir um protetor dos índios, aprovado pelo governador, para defendê-los e
castigá-los.
O Brasil passa a ser depopulado devido as novas armas trazidas pelos Europeus, como
também as doenças que os mesmos trouxeram. Os índios foram exterminados por doenças
como a varíola, que matou aproximadamente 40 mil deles. Assim, as primeiras populações
indígenas encontradas foram extintas em algumas décadas. No seu lugar foram instalados
novos povos: escravos africanos de engenho, mamelucos e brancos pobres, e por fim, índios
escravos.
Os colonos de São Paulo não podiam comprar escravos negros, então utilizavam-se dos
índios como guias, remadores, caçadores, etc.
O fracasso relacionado aos jesuítas provém da oposição dos portugueses e das efemeridades
brancas que geravam a morte. Assim, os jesuítas viram que não podiam salvar vidas, e pior,
eram a causa das mortes também. Eles concentravam os índios nas reduções, cujo eram
vitimados pelas pragas contaminadas, tudo sem intenções. Eles também tinham o papel de
defender os índios e tomar grandes riscos por eles.
Os índios passaram de pessoas boas à canibais e assim começaram a ver os europeus como
inimigos e, então uns passaram a julgar os outros.
O Brasil foi regido primeiro como uma feitoria escravocrata, tropicalista, habitada pelos
índios nativos e negros. Após isso, os mestiços passaram a ser proletariados dos europeus
que acabaram de chegar. Não foi levado em conta os desejos dos próprios índios. Assim, o
Brasil alcança um início de vida urbana civilizada.
Assim surgiram as grandes empresas a partir das navegações marítimas. Houveram países
que passaram a se aliar e virar independentes também.
No Brasil, a obra colonial de Portugal foi também radical. Seu produto verdadeiro não foram
os ouros buscados e achados, nem as mercadorias produzidas e exportadas. Nem mesmo o
que tantas riquezas permitiram erguer no Velho Mundo. Seu produto real foi um povo nação,
conhecido pela mestiçagem, que se multiplicava.
Ninguém é branco para ser humano, e isso não faz os nativos mais ricos ou mais pobres, ou
seja, mais humanos. Todos se instalaram, e quase todos foram assimilados e abrasileirados.
Em contraste com as etnias tribais que sobreviveram algum tempo a seu lado, a sociedade
colonial precária, era e atuava como um rebento. Era já uma sociedade bipartida em uma
condição rural e outra urbana, estratificada em classes, servida por uma cultura erudita e
letrada, e integrada na economia de âmbito internacional que a navegação possibilitaria.
A função do cunhadismo na sua nova inserção civilizatória foi fazer surgir a numerosa
camada de gente mestiça que efetivamente ocupou o Brasil. Baseado no cunhadismo, foram
estabelecidos criadouros mestiços.
Primeiramente, junto aos índios foram adotados certos costumes como o de furar a boca, a
orelha, participar de rituais, aprendendo a língua e cultura (várias mulheres e filhos por
exemplo), trabalhando na área agrícola, trocando mercadorias, etc.
A coroa portuguesa, preservando seus interesses, executou o regime das donatarias, elevando
a economia colonial em outro nível.
O sistema de donatarias foi implantado mais vigorosamente por Martim Afonso, trazendo as
primeiras cabeças de gado e as primeiras mudas de cana. Eram várias dificuldades surgidas
enquanto a sociedade ia crescendo, e a maior delas foi a hostilidade indígena.
O primeiro governador chega ao Brasil em 1549, trazendo civis, militares, soldados, artesãos
e muitos outros jesuítas também.
Em 1550, chegaram à Bahia vários que se descreviam como “moços perdidos, ladrões e
maus, que aqui chamam patifes”.
Muitos índios foram incorporados na sociedade colonial para serem usados até a morte
sendo bestas de carga. Assim, os índios passaram a ter apenas a função de burro de carga e
as mulheres trabalhando na agricultura e com as crianças.
Os atos administrativos que regiam a escravidão indígena proibiam o cativeiro, mas o índio
podia ser escravizado pois fora aprisionado ou capturado. O domínio português se expandiu
e tudo graças aos brasilíndios ou mamelucos que são gerados por pais brancos e mães índias.
Provido do cunhadismo, foi criado um gênero humano novo não conhecido ainda e nem visto
como índio ou europeu, eram os argentinos, paraguaios e uruguaios.
A vida do índio cativo não podia ser mais dura como cargueiro ou remador, que eram seus
principais trabalhos. Os negros do Brasil foram trazidos principalmente da costa ocidental
africana.
Devido à auto identificação própria e nova que iam assumindo e, também, ao acesso à
múltiplas inovações socioculturais e tecnológicas, as comunidades neobrasileiras deram dois
passos evolutivos. Primeiro, abrangendo maior número de membros do que as aldeias
indígenas, liberando parcelas crescentes deles das tarefas de subsistência para o exercício
das funções especializadas. Segundo, incorporando todos eles numa só identidade étnica,
estruturada como um sistema socioeconômico integrado na economia mundial.
O idioma Tupi foi a língua materna de uso corrente desses neobrasileiros até o século XVIII.
De fato, o Tupi se expandiu mais do que o português como a língua da civilização. Cumpre
primeiramente a função de língua de comunicação dos europeus como os Tupinambás de
toda a costa brasileira, logo após o descobrimento. Depois, a de língua materna dos
mamelucos da Bahia, Pernambuco, Maranhão e São Paulo. A substituição da língua geral
pela portuguesa como língua materna dos brasileiros só se completaria no século XVIII.
O Brasil é identificado como o pau-de-tinta. Cartas e lendas antigas do oceano traziam uma
ilha Brasil referida por pescadores que andavam à cata de bacalhau. Mas foi referido à nova
terra, mesmo que o governo português quisesse dar nos mes pios, que não funcionou. Os
mapas mais antigos da costa já registraram como brasileira e quem ali nascia era brasileiro.
O brasileiro começou a surgir e a se identificar assim ao perceberem a estranheza provocada
no lusitano, do que por sua identificação como membro das comunidades socioculturais
novas, e ainda queriam ser superiores aos indígenas.
O brasilíndio como o afro brasileiro existia em uma terra de ninguém de acordo com a etnia,
e a partir dessa carência essencial, para se livras de ninguém ser índio, europeu e negro, em
que eles se veem na força de criar sua própria identidade étnica, a brasileira.
O português, mesmo se identificando com a terra nova, gostava de se sentir parte das
pessoas metropolitanas, sendo sua única superioridade inegável. Seus filhos, também
prefeririam ser português.
Em 1770, os neobrasileiros atingiram 500 mil habitantes, sendo 200 mil representados por
indígenas integrados na colônia com o dobro da área de ocupação. Os negros, 150 mil desses,
concentrados nos engenhos de açúcar e mineração. Uma parte se refugiava nos quilombos,
sendo Palmares o que reunia 30 mil negros, foi destruído. Os brancos seriam 150 mil
restantes.
Conflitos interétnicos existiram desde sempre, opondo as tribos indígenas umas às outras.
Porém não haviam consequências a esses conflitos.
As lutas muitas vezes se davam pelo fato de os brasileiros capturarem índios para usarem
como escravos e os mesmos se rebelavam pois preferiam à morte.
A guerra dos Cabanos, de caráter genocídico, tinha por objetivo eliminar as populações
caboclas, é o exemplo mais claro de enfrentamento interétnico.
Outro motivo da existência dos conflitos é o racial. Vê-se que opondo-se umas às outras
todas as três matrizes da sociedade, cada uma delas armada de preconceitos raciais contra as
outras duas.
Desde quando o primeiro negro chegou no brasil, eles lutam para manter uma igualdade
racial, pois são sempre inferiorizados sob opressões, e assim não se integrando ao resto do
mundo.
O terceiro motivo das guerras são as classes sociais. Os privilegiados e proprietários de bens
de produção, brancos enfrentam os trabalhadores negros.
A primeira cidade a se formar é Lisboa. A segunda foi a Bahia, já no primeiro século, quando
surgiram, também, o Rio de Janeiro e João Pessoa. No segundo século, surgem mais quatro:
São Luís, Cabo Frio, Belém e Olinda. No terceiro século, interioriza-se a vida urbana, com
São Paulo, Mariana e Oeiras.
O crescimento dos centros urbanos dá lugar a uma burocracia civil e eclesiástica da mais alta
hierarquia e à um comércio autônomo e rico.
Pode-se explicar então, a braquiação dos brasileiros, pois os mestiços euro índios são mais
morenos claros. Assim, mostra-se a explicação da discrepância do branco e do negro no seu
desenvolvimento populacional, sendo que os brancos cresciam muito mais que os negros.
Mesmo associando os negros à pobreza, o que os separa dos brancos é a natureza social.
O maior susto que os portugueses tiveram no passado, foi ver a força de trabalho escrava,
reunida com propósitos exclusivamente mercantis para ser desgastada na produção.
Segundo, a ecológica, pela qual os seres vivos, por coexistirem, afetam-se uns aos outros em
sua forma física, em seu desempenho vital.
O primeiro é o Brasil crioulo. O engenho açucareiro foi a primeira forma de grande empresa
agroindustrial exportadora e a matriz do primeiro modo de ser dos brasileiros.
A sociedade brasileira nasce em torno do complexo formado pela economia do açúcar, com
suas ramificações comerciais e financeiras e todos os complementos agrícolas e artesanais
que possibilitavam sua operação.
Mas, é pobre, formada de pastos naturais ralos e secos e de arbustos enfezados que
exprimem em seus troncos e ramos tortuosos, em seu enfolhamento maciço e duro, a
pobreza das terras e a irregularidade de regime de chuvas.
Lá, também se encontra um tipo particular de população com uma subcultura própria, a
sertaneja, marcada por sua especialização ao pastoreio, por sua dispersão espacial e por
traços característicos identificáveis no modo de vida, a organização da família, na
estruturação do poder, na vestimenta típica, etc.
O contraste dessa condição com a vida dos engenhos açucareiros devia fazer a criação de
gado mais atrativa para que os brancos pobres e para os mestiços dos núcleos litorâneos.
Essa pobreza, é que fazia deles um bando de aventureiros sempre disponível para qualquer
tarefa desesperada, sempre mais predispostos ao saqueio que à produção.
Esse modo de vida, rude e obre, era o resultado das regressões sociais do processo
deculturativo. O recrutamento da força de trabalho servil para a cafeicultura se fez, primeiro,
regionalmente com a aquisição dos negros excedentes das zonas de mineração.
O Brasil sulino surge à civilização pela mão dos jesuítas espanhóis, que fazem florescer no
atual território gaúcho de missões à principal expressão de sua república cristã.
O Brasil foi regido primeiramente como uma feitoria escravista, tropical, habitada por índios
nativos e negros importados.
Isso tudo acabaria gerando um sistema econômico acionado por um ritmo acelerado de
produção do que o mercado externo dela exigia, com base numa força de trabalho afundada
no atraso grande, porque nenhuma atenção se dava à produção e reprodução das suas
condições de existência.
Todos esses mulatos e caboclos, envolvidos pela língua portuguesa, pela visão do mundo,
foram plasmando a etnia brasileira e promovendo, simultaneamente, sua integração, na
forma de um Estado Nação.
Falam muito da preguiça brasileira, atribuída tanto ao índio indolente, como ao negro fujão e
até às classes dominantes viciosas.
No caso da África, ela contrasta com o Brasil pois vive ainda sua europeização, seguida de
sua própria liderança libertária.
Atualmente, o Brasil deveria dominar as tecnologias da futura civilização para ser uma
potência econômica de auto sustentação e independer de terceiros para progredir.
4 – CRÍTICA
É possível observar, também como as mulheres eram subordinadas aos homens e isso é
refletido na nossa sociedade atual na qual algumas pessoas ainda possuem esse pensamento
e inferiorizam as mulheres. O mesmo vale para os negros, pois os escravos naquela época
eram negros, vindos da África, então há ainda um grande preconceito racial nos dias atuais,
associado os negros e escravos e pobres, infelizmente.
Um ponto interessante da obra, que chamou minha atenção foi o cunhadismo, no qual foi a
origem de tamanha diversidade que existe das pessoas no Brasil e as diversas mestiçagens
que aqui encontramos. Não é atoa que o Brasil é considerado o país com a maior diversidade
no mundo.
A obra, felizmente conseguiu trazer aspectos que captam o leitor na leitura, fazendo-o querer
entender cada vez mais sobre sua nação brasileira e sentir-se orgulhoso do país em que
reside.
O autor cita os diferentes brasis, nos quais pode-se observar diferentes criações ao Brasil,
uma vez que um provém da agricultura, mostrando as terras e o cultivo, o outro o caipira
mostrando a pobreza, etc. Assim, a ideia de que o Brasil possui tamanha diversificação é
mais comprovada ainda.
É citado também como o Brasil é visto como preguiçoso e por isso possivelmente não teria a
capacidade de evoluir tecnologicamente. Contudo, devo dizer que o Brasil se encontra perto
de se tornar uma potencia econômica pois após tudo o que já passou, com tantas interações
com Portugal e a Europa em geral, é possível ainda que sejamos uma grande potencia e que
não tenhamos mais que depender de outras do tipo Estados Unidos.
Nenhum outro país possuí o que nós, brasileiros possuímos, ou seja, um contexto histórico
meramente diversificado, com tantas lutas, miscigenações, criações e junção de povos
aliados, o surgimento de novas nações a partir de interações com povos externos que
invadiram o território. Nossa história deve ser reconhecida no mundo todo pois é dela que
nós da atualidade saímos e devemos agradecer.
O livro, assim, conseguiu mostrar de maneira clara tamanha importância que o Brasil possui
no resto do mundo e que não tivemos um passado tranquilo e calmo, fomos sempre
aprendendo com os dias que passaram, até chegarmos hoje, no jeitinho brasileiro de ser.