Tema 7
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Propósito
O estudo da anatomia floral e do fruto, da fisiologia da floração e da frutificação, assim como a identificação
dos sinais de estresse em plantas, na preparação do profissional para o trabalho em campo na produção de
vegetais e na compreensão dos processos no desenvolvimento das plantas.
Objetivos
• Descrever a anatomia básica e a fisiologia da floração e fotoperiodismo.
• Descrever a anatomia básica e a fisiologia do desenvolvimento do fruto.
• Reconhecer o estresse em plantas.
Introdução
Neste conteúdo, vamos estudar as características anatômicas de flores e frutos, parâmetros usados nos
estudos taxonômicos e de sistemática vegetal. A fisiologia da floração e da frutificação vem sendo estudada,
especialmente pela área agronômica, uma vez que tem importância direta na produção agrícola de frutíferas e
flores para o mercado consumidor. Conhecer e dominar os processos relacionados ao desenvolvimento e à
maturação dos frutos, bem como aqueles que levam à floração, pode tornar a produção mais eficiente em
qualidade e quantidade.
As plantas passam por diferentes tipos de estresse e, ao longo do processo evolutivo, foram desenvolvendo
mecanismos de resposta para sobreviver.
1. Floração e fotoperiodismo
Introdução
O corpo da planta pode ser dividido em: o corpo da planta pode ser dividido em órgãos vegetativos - raiz,
caule e folha- e em órgãos reprodutivos - flor, fruto e semente.
A flor é um órgão presente nas angiospermas que possui estruturas onde os gametas masculinos e femininos
da planta são produzidos, armazenados e, no momento certo, se encontram.
Os verticilos protetores estão representados pelo perianto, composto de cálice e corola, e os verticilos
reprodutores são representados por gineceu e androceu.
Partes da flor.
Androceu
É a estrutura masculina da flor, onde podemos encontrar os estames, responsáveis por produzir,
armazenar e liberar o pólen nas anteras.
Estames
São folhas férteis masculinas que apresentam uma haste conhecida como filete, que possui, em sua
extremidade, a antera, que, por sua vez, possui os sacos polínicos.
Gineceu
É a estrutura feminina da flor, onde ocorre a produção de óvulos e estão presentes os carpelos.
Carpelo
São as folhas férteis femininas que compõem o ovário, estigma e estilete. Os carpelos formam uma
estrutura em forma de vaso, conhecida como pistilo.
Ovário
Estilete
Flores que apresentam em sua estrutura tanto Flores que possuem apenas estames ou
estames quanto carpelos. carpelos.
Flores que apresentam em sua estrutura apenas Flores que possuem apenas carpelos.
estames.
Atenção
Devido à falta de mobilidade da planta, as flores garantem a atração de agentes polinizadores. Dentre as
características das flores que possuem a função de atrair os polinizadores, podemos citar a coloração
forte das pétalas, assim como a oferta de néctar.
A anatomia floral pode ser estudada a partir do botão floral, que, mesmo jovem, já apresenta todas as
estruturas florais que vimos anteriormente completamente formadas ou em diferentes fases de
desenvolvimento. Os estudos anatômicos em flores têm avançado no conhecimento sobre a ontogenia dos
verticilos e, principalmente, sobre a formação de grãos de pólen, óvulos e embriões mais do que a descrição
histológica.
No gineceu, o número de feixes vasculares indica o número de carpelos que compõem o pistilo.
Em corte transversal de botão floral, é possível observar epiderme e mesofilo dos carpelos, número e arranjo
das anteras e formação de grãos de pólen, como mostra a figura a seguir, além do arranjo das sépalas e das
pétalas.
Fase juvenil
A planta não possui habilidade para se reproduzir, logo, para florescer.
As mudanças nas plantas, de uma fase para a outra, ocorrem centralizadas no meristema apical caulinar. As
plantas possuem três tipos de meristemas caulinares: vegetativo, floral e de inflorescência. Tanto o meristema
caulinar floral quanto o de inflorescência são formados quando a planta é induzida à floração, e eles são
morfologicamente diferentes do meristema vegetativo.
Basicamente, o que distingue a fase juvenil da fase adulta vegetativa é que, na fase adulta vegetativa, podem
ser formadas estruturas reprodutivas, como as flores, nas angiospermas.
Atenção
Durante a transição da fase vegetativa para a reprodutiva, conhecida como floração, várias alterações
importantes ocorrem, como mudanças no padrão da morfogênese e diferenciação celular, levando à
produção de órgãos florais, como sépalas, pétalas, estames e carpelos.
A fase juvenil da planta pode durar poucos dias nas plantas herbáceas e até mais de 30 anos em espécies
arbóreas. Quando a planta atinge a fase adulta, ela permanece relativamente estável até o florescimento;
estabilidade que permanece na propagação vegetativa. A transição de uma fase para outra depende de
fatores ambientais e de sinais associados ao desenvolvimento da planta.
Didaticamente, podemos dividir a floração em três fases: indução, evocação e desenvolvimento floral.
Indução floral
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Fotoperiodismo
O fotoperíodo é a duração do dia (período de luz) em relação à noite (período de escuro) durante as 24 horas
do dia. O fotoperiodismo é a reação da planta a esse tempo, é a capacidade do organismo perceber o
comprimento do dia.
Os ritmos circadianos e o fotoperiodismo têm a propriedade comum de responder a ciclos de luz e escuro.
Na linha do Equador, os comprimentos do dia e da noite são iguais e constantes durante o ano, e, à medida
que há deslocamento em direção aos polos, os dias se tornam mais curtos no inverno e mais longos no verão.
As plantas possuem a capacidade de perceber essas mudanças sazonais no comprimento do dia e são
influenciadas por elas, incluindo a iniciação do florescimento.
As plantas podem ser classificadas por suas respostas fotoperiódicas. Várias espécies em florescimento
tendem a se enquadrar em uma das três categorias:
Plantas de dias curtos (PDC) Plantas de dias longos (PDL)
Ex.: morangueiro, milho, soja, crisântemos e Ex.: espinafre, aveia, hibisco, tabaco.
prímulas.
As plantas de dia curto florescem quando são submetidas a fotoperíodos abaixo do seu fotoperíodo crítico;
uma vez expostas a fotoperíodos maiores que o seu crítico, elas crescem, mas não florescem.
As plantas de dia longo, por sua vez, florescem quando são submetidas a fotoperíodos acima de seu valor
crítico; quando exposta a valores menores que o seu fotoperíodo crítico, ela cresce, mas não floresce, como
mostra a imagem a seguir.
PDC e PDL crescendo e florescendo em resposta ao fotoperíodo.
O comprimento crítico do dia varia bastante entre as espécies de planta e uma classificação fotoperiódica
mais exata só pode ser feita quando o florescimento é examinado para uma gama de comprimentos do dia.
A resposta da planta a floração está ligada à ação do fitocromo, pigmento proteico que é sensível à variação
luminosa, logo, do comprimento do dia, o que desencadeia uma resposta fisiológica da planta para a floração.
Este fotorreceptor absorve luz mais fortemente nas regiões do vermelho, vermelho distante, além de azul.
Atenção
A emissão de flashes de luz branca ou vermelha durante o período noturno nas plantas de dias curtos
inibe a floração, enquanto não inibe nas plantas de dias longos. A emissão de flashes de luz vermelha
distante do período noturno de plantas de dias curtos promove a floração.
O estímulo do fotoperíodo, em PDC e PDL, é percebido pelas folhas, que, em resposta ao fotoperíodo,
transmitem um sinal que regula a transição para a floração no ápice do caule. Os processos regulados pelo
fotoperíodo, que ocorrem nas folhas, são conhecidos como indução fotoperiódica.
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Fisiologia da floração
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Fotoperiodismo
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Verificando o aprendizado
Questão 1
As flores possuem função reprodutiva nas angiospermas, que possuem diferentes verticilos florais. Baseado
neste contexto, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta.
I. A corola é o conjunto de sépalas da planta; e o gineceu é o sistema reprodutivo masculino das plantas.
II. O cálice é o conjunto de sépalas e o androceu, o sistema reprodutor masculino das plantas.
IIIl. O perianto é formado pelo conjunto do cálice e da corola; e o gineceu é o sistema reprodutivo feminino da
planta.
Questão 2
Num experimento realizado com plantas de dia curto de período crítico de 9 horas, as plantas A e B foram
submetidas ao fotoperíodo de 16 horas de noite e 8 horas de dia. As plantas B tiveram o período da noite
interrompido pela emissão de pulsos de luz branca. Baseado neste contexto, julgue os itens a seguir e
assinale a alternativa correta.
I. A planta A não florescerá, pois as plantas de dia curto precisam de longo período de luz.
II. A planta B florescerá, pois o período de noite continua sendo maior que o período de dia.
III. A planta A florescerá e a planta B não, pois a interrupção do período de escuro é percebida como dia longo.
Introdução
O fruto é uma estrutura que está presente apenas nas
angiospermas e possui função principal ligada à proteção
das sementes e à dispersão das espécies.
O fruto pode ser dividido em duas partes principais, o pericarpo e a semente. Entenda a diferença:
Pericarpo
Semente
Pode ser dividido em três camadas: epicarpo,
mesocarpo e endocarpo. O epicarpo é a É o óvulo maduro e fecundado, ou seja,
estrutura mais externa do fruto, formada pelo contém o embrião. A semente é
tecido epidérmico externo, chamado, formada pelo embrião, pelo suprimento
popularmente, de casca, que possui função de nutricional e seu revestimento protetor.
revestimento do fruto. O mesocarpo é a Elas representam papel importantíssimo
estrutura intermediária entre o epicarpo e o para a sobrevivência das plantas, pois
endocarpo, possui composição histológica protegem o embrião e garantem a
bastante variada e representa, geralmente, a dispersão da espécie pelo ambiente. Elas
parte mais desenvolvida e nutritiva do fruto. O podem ficar dormentes por um longo
endocarpo é a estrutura mais interna do fruto, período e, com seu suprimento,
sendo formado pelo tecido epidérmico proporcionam ao embrião nutrientes
interno ou tecido parenquimático ou necessários para sua sobrevivência,
esclerenquimático, que representa a camada inclusive em condições adversas.
que recobre a semente.
Vejamos a seguir um exemplo.
Morfologia do fruto.
O estudo da anatomia do fruto deve ser feito no início do desenvolvimento, antes que o fruto alcance a
maturidade. O desenvolvimento do fruto, a partir do ovário, envolve atividade meristemática. As
características histológicas de cada componente do pericarpo deverão surgir ao longo do desenvolvimento do
fruto. Assim, um fruto carnoso, como o pêssego, desenvolverá um epicarpo epidérmico fino e bastante piloso,
enquanto o endocarpo será formado por células de paredes espessas e fortemente esclerificadas.
A semente protege e pode nutrir o embrião, quando possui reservas nutritivas. Além disso, é fundamental na
dispersão e sobrevivência das espécies. É constituída pelo tegumento, ou casca, e a amêndoa. Vamos
entender na imagem a seguir:
O embrião perfeito é formado por uma radícula (raiz rudimentar), gêmula ou plúmula (primórdios foliares),
cotilédones (primeiras folhas das plantas com flores) e caulículo (região caulinar). Veja na imagem a seguir.
Semente e embrião.
Os feixes vasculares tornam-se funcionais, e podem desenvolver tecidos vasculares na testa. Sementes de
muitas orquídeas são avasculares. No decorrer do processo, são formados tecidos mecânicos no tegumento.
O tegumento das sementes é um tecido com várias camadas de células. Nas sementes de Fabaceae, a
camada externa do tegumento tem característica mecânica, formada por células alongadas.
O óvulo sofre modificação, gerando sementes e o ovário sofre hipertrofia, causando mudanças no seu
tamanho, cor, sabor, e se torna o fruto, como mostra a figura a seguir.
Modificação do óvulo e ovário gerando o fruto.
Os frutos representam a etapa final da reprodução e são órgãos importantes na disseminação das
angiospermas, pois promovem a dispersão das sementes.
Como podemos observar, a formação do fruto está mais relacionada ao desenvolvimento do ovário do que
com a fecundação em si.
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O desenvolvimento do fruto envolve uma série de eventos, como o crescimento, maturação, amadurecimento
e senescência. Entenda como funciona cada etapa:
Crescimento
Durante o crescimento, ocorre um aumento de atributos físicos do fruto. Vários hormônios estão
envolvidos na formação dos frutos, entre eles, a auxina, produzida pelo ovário, além das giberelinas e
o etileno, que contribuem para a regulação do desenvolvimento do fruto.
Maturação
Amadurecimento
O tamanho final do fruto é relacionado com a genética vegetal, podendo, também, ser influenciado
por fatores ambientais. Após essa fase, várias modificações ocorrem levando ao amadurecimento
(termo utilizado para vários frutos carnosos). Mudanças como o amolecimento, ligado a quebra
enzimática da parede celular, hidrólise de algumas macromoléculas, quantidade alta de carboidratos e
queda nos teores de ácidos orgânicos; além da degradação da clorofila, acúmulo de pigmentos e, em
algumas situações, produção de compostos voláteis responsáveis pelo cheiro caraterístico de cada
fruto, ocorrem durante o amadurecimento.
Senescência
Após o amadurecimento, ocorre uma série processos que levam à morte dos tecidos do fruto, o que
caracteriza a senescência.
Atenção
É importante frisar que, nos frutos secos, o desenvolvimento final é diferente, uma vez que, quando a
maturação é atingida, podemos observar o espessamento das paredes celulares e a desidratação dos
tecidos. Tanto nos frutos carnosos como nos secos, o processo final do desenvolvimento é um tipo de
senescência, muito importante para dispersão de sementes.
Durante a senescência, ocorre uma série de processos que leva à morte dos tecidos.
Podemos observar mudanças na taxa de respiração dos frutos durante o amadurecimento. Quando novos, os
frutos possuem uma taxa alta devido ao rápido crescimento. Depois, essa taxa cai e se mantém constante
durante a maturação e o amadurecimento.
Exemplo
Podemos observar tal comportamento na uva, morango e abacaxi, frutos que amadurecem nas árvores.
Se colhermos esses frutos antes do amadurecimento, sua taxa respiratória cai gradualmente.
Comportamento diferente ocorre em frutos como banana e abacate, por exemplo, que possuem um aumento
na taxa respiratória provocado pelo aumento na produção de etileno antes do amadurecimento, o que é
denominado como climatério. Neles, quando ocorre a colheita, haverá uma aceleração do amadurecimento.
O etileno é o hormônio vegetal relacionado à aceleração do amadurecimento dos frutos comestíveis, mas nem
todos os frutos respondem ao hormônio etileno. Apenas os que respondem ao etileno (amadurecendo) exibem
o climatério e são frutos chamados climatéricos.
Os frutos possuem várias características e fatores que são utilizados para sua classificação. De modo geral,
os frutos podem ser classificados como simples, agregado e múltiplo, ou infrutescência.
Frutos simples
Se desenvolvem de um só ovário em uma única flor, e temos como
exemplo as bagas e as drupas.
Fruto agregado
Se origina do desenvolvimento do receptáculo de uma única flor que
contém vários carpelos e, portanto, vários ovários. Um exemplo de fruto
agregado é o morango.
Frutos múltiplos
Também conhecidos como infrutescência, são originados de uma
inflorescência, a partir de vários ovários de flores diversas que, quando
fecundadas, acabam se fundindo, formando uma estrutura única.
Exemplos comuns: abacaxi e amora.
Os frutos simples também podem ser classificados quanto à consistência do mesocarpo, como carnosos ou
secos. Veja a diferença entre eles.
Em relação à deiscência, os frutos simples podem ser classificados em deiscentes ou indeiscentes. Entenda a
diferença entre eles.
Indeiscentes
Existem também os pseudofrutos, conhecidos, popularmente, por frutas, por se assemelharem a elas, mas
que, em termos botânicos, não são frutos, uma vez que não são originários do desenvolvimento do ovário,
mas da flor. Podemos citar como exemplo a parte carnosa e comestível do caju, formada após
desenvolvimento do pedúnculo floral.
O fruto do caju é a castanha, que também é consumida, muito confundida de forma errônea como caroço,
como mostra a imagem.
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Questão 1
Os frutos são estruturas exclusivas das angiospermas, que revestem e protegem as sementes. Baseado no
exposto, assinale a alternativa a seguir que cita corretamente a parte da flor que, ao amadurecer, gera os
frutos.
Sépala
Óvulo
Ovário
Pétala
Receptáculo floral
Os frutos apresentam diversas características que são usadas para sua classificação. Assinale a alternativa a
seguir que cita corretamente a classificação dos frutos que são formados por vários ovários separados de
uma única flor.
Fruto simples
Fruto baga
Fruto drupa
Fruto agregado
Fruto múltiplo
Introdução
O ambiente no qual as plantas estão inseridas apresenta variáveis extremamente dinâmicas, qualquer
modificação em uma dessas variáveis pode representar um fator de estresse para o vegetal.
Estresse pode ser definido como qualquer condição, biótica ou abiótica, que impeça o vegetal de
atingir o seu pleno potencial genético.
A fim de mitigar os possíveis fatores que levam ao estresse, o vegetal tende a monitorar o ambiente ao qual
está inserido com o objetivo de reunir informações e, assim, montar um sistema de proteção em relação à
intensidade dos estímulos ambientais que possam vir a ser estressantes.
Com o intuito de responder a fatores estressantes, o vegetal promove ajustes de caráter molecular,
bioquímico, fisiológico e morfológico, para, assim, conseguir se adaptar às condições impostas, visando
melhorar a tolerância da planta ao estresse e à manutenção da sua produtividade.
A origem do estresse
Uma vez que o vegetal esteja submetido a uma condição de estresse, dependendo de como ocorre a
interação entre o vegetal e o fator ambiental, podemos separar os fatores de estresse em dois grupos,
bióticos e abióticos.
A forma como um fator, seja biótico ou abiótico, vai se relacionar com o vegetal, considerando a intensidade e
a quantidade, é o que definirá se ele será ou não um estresse para o vegetal. Vamos considerar uma situação
hipotética no exemplo a seguir.
Exemplo
Um vegetal foi submetido a um severo estresse térmico durante curto espaço de tempo e outra situação
na qual o estresse térmico foi moderado, no entanto, por longo intervalo de tempo.
Nos dois casos, as respostas do vegetal ao estresse ao qual foi submetido podem ser irreversíveis, justamente
porque a relação intensidade x quantidade deverá ser analisada de forma especifica para cada espécie e até
mesmo entre os órgãos de uma mesma espécie.
Segundo Schulze et al. (2002), o termo estresse é usado para descrever desvios do tipo fisiológico
normal, ou seja, reações à quantidades ou intensidades de fatores ambientais abaixo do ideal ou
prejudiciais.
Assim, podemos entender que quando um fator ambiental, seja biótico ou abiótico, retira a planta de sua
condição ótima, seja por excesso ou deficiência, esse fator será considerado estressante.
Outro conceito importante a ser discutido é o da reversibilidade da condição. Veja o exemplo a seguir para
entender melhor esta condição.
Exemplo
Imagine uma mola sendo puxada em suas extremidades em direções opostas. No primeiro momento,
quando a mola ainda está em repouso, podemos dizer que ela está em condições normais, e assim que
ela é inicialmente distendida, podemos dizer que ela entra em estado de deformação elástica
reversível. Ao findar a força que está sendo aplicada nas extremidades, a mola volta ao estado de
repouso. No entanto, mais força em direção oposta é aplicada nas extremidades da nossa mola
imaginária. Nesse momento, ela entra em estado de deformação elástica irreversível, no qual, mesmo
que a força aplicada nas suas extremidades venha a findar, ela não mais voltará ao estado de repouso e
permanecerá distendida. Por fim, ao continuar aplicando a força que puxa as extremidades da mola em
direções opostas, ela acaba por entrar em estado de estresse excessivo do sistema, no qual a mola se
rompe.
Podemos transpor o exemplo da mola para um vegetal submetido a uma condição de estresse. Dependendo
da intensidade e do tempo pelos quais for submetido ao estresse, ele vai variar entre os estados de condição
reversível, irreversível e estresse excessivo do sistema, levando o vegetal ao colapso.
Respondendo ao estresse
Conforme foi possível observar anteriormente, toda condição ambiental, seja abiótica ou biótica, que provocar
um desvio significativo nas condições ótimas para a vida do vegetal, será considerada estresse, ocasionando,
assim, respostas nos níveis funcionais do organismo, que podem, ou não, ser reversíveis.
Atenção
Dessa forma, uma vez que estejam sendo submetidas a condições desfavoráveis, as plantas conseguem
ajustar homeostaticamente seu sistema interno, alterando processos bioquímicos, morfológicos e
fisiológicos, com o intuito de minimizar os efeitos do impacto negativo do estresse para sua
sobrevivência.
O conjunto de eventos que leva a uma resposta por parte do vegetal tem início com o estímulo ambiental, que
pode ser de ordem biótica ou abiótica, e que, ao ser percebido pelos receptores da membrana, é convertido
em linguagem celular que possa ser entendida por meio de uma transdução de sinal.
Este sinal será transmitido até a célula-alvo, que será a responsável por promover alterações na expressão
gênica, resultando, assim, em uma resposta de ordem bioquímica, fisiológica ou morfológica.
1
Primeira fase: alarme
Este é o momento inicial do estresse, quando ocorre o desvio da função ótima, com declínio da
vitalidade e o metabolismo energético sendo afetado.
2
Segunda fase: resistência
Neste momento, uma vez que seja dada continuidade ao fator de estresse, o vegetal inicia
processos de adaptação, reparo e rustificação (processo de adaptação às condições adversas
encontradas).
3
Terceira fase: exaustão
Ao apresentar uma relação de intensidade x duração desfavorável para a planta, neste momento, ela
tem sua capacidade de recuperação superada, de modo que os danos podem ser crônicos e,
inclusive, levar à morte do vegetal.
4
Quarta fase: regeneração
Nesta fase, consideramos que o estresse foi cessado a tempo de ocorrer uma regeneração parcial
ou total das funções fisiológicas, e ainda que o vegetal não seja capaz de voltar ao estado em que se
encontrava antes do estresse, ele pode assumir uma condição fisiológica superior, resultado do
processo de rustificação.
Adaptação
Corresponde às características genéticas de uma população que foram fixadas após diversas
gerações serem submetidas a um determinado fator de estresse. Podemos tomar como exemplo de
adaptação as plantas do tipo CAM, que mantêm seus estômatos fechados durante o dia, visando
evitar a perda de água por transpiração.
Tolerância
Pode ser bem exemplificada quando observamos um vegetal submetido a condições de estresse
hídrico aumentar o acúmulo de íons nas células das raízes com o intuito de reduzir o seu potencial
hídrico e, assim, continuar a absorver água. A tolerância não deixa de ser também uma condição
adaptativa, onde, mesmo com a existência do fator de estresse, ainda que com perdas, o vegetal
consegue continuar a crescer e se reproduzir.
Resistência
É uma condição herdável geneticamente. Neste caso, a planta não é afetada pelo fator de estresse.
Um fator que não pode deixar de ser considerado é o caso das plantas
daninhas, que, em geral, apresentam boa adaptabilidade às condições
adversas do ambiente, podendo se sobressair a plantas recém-inseridas
no sistema.
As plantas que se desenvolvem em ambientes contaminados por metais pesados podem responder à
contaminação, exibindo sintomas da toxidade a qual estão submetidas ou desenvolvendo mecanismos de
tolerância, que evitam os efeitos deletérios dos elementos.
Atenção
Mesmo os metais essenciais para o crescimento do vegetal, quando em grande quantidade, podem ser
tornar tóxicos; quando isso ocorre, um dos primeiros sinais de dano fisiológico à planta é a inativação de
diversas enzimas citoplasmáticas. Outro efeito tóxico observado é o estresse oxidativo, com a formação
de radicais livres.
A fotossíntese de plantas submetidas a esse tipo de estresse também será comprometida, uma vez que tais
elementos tendem a reduzir os níveis de clorofila e carotenoides, pela inativação das enzimas responsáveis
pela biossíntese dos pigmentos, comprometendo, assim, o crescimento e desenvolvimento do vegetal que
esteja submetido a essas condições.
• precipitação;
Estresse térmico
Estresse salino
Conforme podemos observar, seja de origem biótica ou abiótica, o estresse em plantas traz como
consequências gerais: a perda de vigor, da capacidade produtiva e, em casos mais severos, pode levar à
morte da planta.
Conhecer os mecanismos de cada tipo de estresse vai propiciar ao responsável pelo manejo vegetal,
melhores estratégias para a manutenção do potencial ótimo de crescimento da cultura.
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Respondendo ao estress
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Questão 1
O estresse ao qual as plantas foram submetidas é do tipo hídrico e, na primeira etapa, foi possível observar o
ponto em que ele é irreversível.
O estresse ao qual as plantas foram submetidas é do tipo causado por agente patógeno e, na segunda etapa,
foi possível observar o ponto em que ele é irreversível.
C
O estresse ao qual as plantas foram submetidas é do tipo hídrico e, na segunda etapa, foi possível observar o
ponto em que ele é irreversível.
O estresse ao qual as plantas foram submetidas é do tipo nutricional, o qual tem por característica ser sempre
reversível
O estresse ao qual as plantas foram submetidas é do tipo térmico, o qual tem por característica ser sempre
irreversível.
Questão 2
Uma planta, ao ser submetida a uma condição de estresse, procura, da forma mais rápida possível, oferecer
uma resposta ao agente estressante, de forma que consiga ajustar, homeostaticamente, seu sistema interno,
alterando processos bioquímicos, morfológicos e fisiológicos, com o intuito de minimizar os efeitos do impacto
negativo do estresse para sua sobrevivência. Considerando seus conhecimentos relativos às quatro fases de
resposta ao estresse, assinale a alternativa correta.
Na fase conhecida como alarme, a planta tem sua capacidade de recuperação superada.
Na fase conhecida como resistência, a planta inicia processos de adaptação, reparo e rustificação.
Na fase conhecida como exaustão, a planta tem o seu declínio de vitalidade com comprometimento do
metabolismo energético.
Na fase conhecida como regeneração, a planta inicia processos de adaptação, reparo e rustificação.
Na fase conhecida como alarme, o estresse foi cessado a tempo de ocorrer uma regeneração parcial ou total
das funções fisiológicas.
A alternativa B está correta.
A fase da resistência é aquela em que, desde que a condição de estresse seja mantida, o vegetal inicia
seus procedimentos de adaptação, reparo e rustificação, visando, assim, a manutenção das condições de
sobrevivência. As outras fases são: de alarme, que é o momento inicial do estresse, quando ocorre o desvio
da função ótima, com declínio da vitalidade e do metabolismo energético; de exaustão, que é quando a
planta tem sua capacidade de recuperação superada, na qual os danos podem ser crônicos e inclusive
levar à morte do vegetal; e a de regeneração, que apresenta por característica a interrupção do estresse a
ponto da planta conseguir uma regeneração parcial ou total das funções fisiológicas.
4. Conclusão
Considerações finais
Como vimos neste conteúdo, os conhecimentos anatômicos e da fisiologia do desenvolvimento das flores e
frutos compreendem conceitos fundamentais para a produção vegetal.
O bom desenvolvimento das flores, com posterior formação dos frutos, é imprescindível para a reprodução da
planta, sendo, dessa forma, fundamental para a perpetuação das diferentes espécies vegetais.
Em relação aos diferentes fatores bióticos e abióticos que atuam nas plantas, sua compreensão também é de
suma importância para evitar cenários de estresse, mantendo a planta saudável e produtiva.
Podcast
Neste podcast, o especialista irá demonstrar a importância dos conhecimentos da anatomia e fisiologia
da flor e do fruto, além dos fatores de estresse em plantas para o melhor manejo da cultura vegetal.
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floração em ambientes controlados.
Referências
CORTEZ, P. A.; SILVA, D. C.; CHAVES, A. L. F. Manual prático de morfologia e anatomia vegetal. Ilhéus, BA:
Editus, 2016.
SCHULZE, E.; BECK, E.; MULLER-HOHENSTEINS, K. Plant Ecology. New York: Springer, 2002.