AULA 05 - Curares e Quinas

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CURARE

E QUINAS
Profª Msc. Juliana Correa Barbosa
CURARE
Do uso tradicional à
tubocurarina
Curare - O que é?

• O curare é o extrato aquoso feito principalmente


do cipó de espécies da família Menispermaceae e
espécies da família Loganiaceae.

Chondrodendron tomentosum

Strychnos toxifera
Curare
Existem três tipos de curare, classificados pelos
indígenas de acordo com o recipiente de preparo e
armazenamento.

• Curare de tubo (de bambu): principalmente obtido de


menispermáceas.

• Curare de cabaça (cascas dos frutos de espécies de


Curcubitaceae): cujo extrato é obtido de espécies de
loganiáceas.

• Curare de pote (barro): obtido dos extratos de misturas


de espécies das duas famílias.
Curare
Algumas plantas que foram utilizadas para a preparação do
curare:
• Noz-vômica (Strychnos nux-vomica L.): a parte da planta
utilizada para o preparo são as sementes. Era utilizada no
passado para o tratamento de transtornos gastrointestinais.

• Uva-do-mato (Chondrodendron tomentosum): é um potente


relaxante muscular, utilizado como adjuvante em cirurgias e
no tratamento de crises convulsivas.

• Corticeira (Erythrina velutina): uma espécie da flora


brasileira que apresenta atividade sob o músculo esquelético,
provocando paralisia muscular. A parte da planta utilizada é a
casca.
Curare

• Utilizado durante séculos ao longo


do rio Amazonas.

• Causa morte por paralisia dos


músculos esqueléticos;

• A preparação era confiada aos


curandeiros da tribo.
Extração - Curare
• Obtido do sumo de cipós de várias Strichnaceae,
como a S. toxifera.

• A concentração e cocção deste suco fornece uma


substância resinosa, negra ou vermelho escura que,
quando reduzida a pó, apresenta-se de cor
pardacenta e sabor amargo;

• Seu princípio ativo, a curarina, é uma substância


higroscópica e solúvel.
HISTÓRICO

• Waterton e Brodie, em 1815,


demonstraram que a asfixia dos
animais era a causa da morte
produzida pelo curare.

• Boussingault e Roulin, em 1824,


obtiveram um alcaloide, a curarina.

• Após a descoberta do continente americano,


Walter Raleigh (1595) e outros exploradores e
botânicos interessaram-se pelo curare.
HISTÓRICO
• Em 1844, Schomburg demonstrou
a sua proveniência da Strichnos
toxifera.

• Em 1844, Claude Bernard fez os


primeiros estudos científicos sobre o
curare, demonstrando sua ação
paralisante e asfixiante.

Strychnos toxifera
HISTÓRICO
● Início do uso clínico: 1932, quando West
empregou três frações altamente purificadas
em pacientes com tétano e distúrbios
espásticos.
● Em 1938, Richard C. Gill, em uma expedição
ao Amazonas obteve grande quantidade de
curare.
● Em 1942: o primeiro teste do curare para
promover relaxamento muscular na
anestesia foi descrito por Griffith e Johnson.
● Vantagem significativa de obter-se grau
desejado de relaxamento muscular.

● Comercializado com o nome de Intocostrin.


USO CLÍNICO

• Principal metabólito isolado


do curare é a tubocurarina.

• Alcaloide isoquinolínico.

• Derivado da
Fenilalanina/Tirosina.
USO CLÍNICO

Relaxamento durante a
cirurgia

Sem doses altas de


anestésicos

Consegue relaxamento
comparável
Mecanismo de ação

• Compete com a
acetilcolina pelo
receptor nicotínico.

• Impede a ação da
Ach, bloqueando a
contração muscular.

• Induzindo a paralisia
flácida.
Como agem?
Age sobre todos os músculos esqueléticos.
Atingem primeiro os pequenos músculos dos olhos e da face, depois os
da cabeça e região cervical, passando a agir nas extremidades, chegando
aos músculos intercostais e DIAFRAGMA.

Produz paralisia flácida, de tipo periférico, afetando as terminações


nervosas.

Os reflexos não ficam abolidos.

Como agem? O coração não é diretamente afetado e as funções sensoriais


permanecem intactas.
Em doses letais, variáveis com o peso e a espécie do animal, a
asfixia é devido a paralisia dos músculos respiratórios.
Importância farmacológica dos
bloqueadores neuromusculares
Reversão em altas doses

Em caso de dificuldade respiratória (raro):

1. Adrenalina, respiração artificial ou prostigmina;

2. Neostigmina e a piridostigmina antagonistas da


tubocurarina (revertem efeito neuromuscular);

3. Certos casos exigem intubação, para remover a


excessiva salivação;

4. Obs: neostigmina promove o aumento da concentração


de Ach.
QUINAS
QUINAS

• Planta da família das Rubiáceas. A quina é


uma árvore nativa das áreas montanhosas da
América Central e da América do Sul .

• Folhas e cascas da raiz, dos ramos e do


tronco eram utilizadas pelos nativos dessas
regiões para preparar infusões destinadas a
curar diversos males, sobretudo estados
febris.

• Quina do Perú, frequentemente conhecida


como a árvore da saúde.
QUININA

• Quinina é um alcaloide quinolínico


isolado a partir da árvore de quina.

• Utilizada na indústria farmacêutica para


o desenvolvimento de fármacos
antimaláricos e no tratamento de
distúrbios digestivos.

• Empregada na indústria de alimentos


como aditivo de amargura.
Histórico
Diversas histórias contam as propriedades das cascas de
quina...

● Tropa de soldados espanhois foi curada de uma febre


após beber a água amarga de um lago nas florestas do
Peru, onde uma árvore de Cinchona havia caído.

● 1631 - Condessa de Chinchón, esposa do vice-rei


espanhol no Peru, teria se curado de febre (malária).

● Os jesuítas tiveram um papel muito importante na


disseminação da espécie na Europa.

● Este evento pode ser estabelecido como o início de uma


história de desenvolvimentos, experimentações e
enganos, envolvendo alguns dos maiores nomes da
ciência dos últimos 470 anos.
Histórico

● Padres jesuítas da missão espanhola levaram o pó


para a Europa para vendê-lo como um
medicamento: “pó dos jesuítas“.

● Até 1820, a casca era usada na forma de extrato


do pó finamente moído e misturado com um líquido
(em geral vinho (enólito) = vinho quinado) e bebida.

● Depois de 1820, a quinina foi isolada pelos


farmacêuticos Pierre Joseph Pelletier e Joseph
Caventou, e o alcaloide purificado passou a ser
utilizado para o tratamento da malária.
● Atualmente, sabe-se que o mal que afligiu
a condessa e o rei, era a malária. Este
nome tem origem na expressão italiana
"mala aria" (ar ruim).

● Malária é causada pelo


protozoário Plasmodium falciparum ou P.
vivax, descritos em 1880 pelo médico
francês Charles Louis Alphonse Laveran;

● E é transmitida pela picada das fêmeas do


mosquito do gênero Anopheles.
Histórico

● Após a descoberta: inúmeros métodos


foram desenvolvidos para extrair o
alcaloide e vendê-lo como
medicamento.

● A extração e exportação para a Europa


era um processo lucrativo.

● Governo peruano proibiu exportação de


Kina.
Histórico

● Ingleses e alemães contrabandearam algumas sementes e


formaram novas plantações: os alemães na ilha de Java,
Indonésia e os ingleses na Índia e no Ceilão (Sri Lanka).

● As sementes contrabandeadas não eram das espécies que


possuíam as maiores porcentagens de quinina (C.
calisaya pelos alemães e de C. pubescens pelos ingleses).
Assim, a extração das árvores continuou.

● Finalmente, os alemães compraram Cinchona ledgeriana.


Em 1918, a maior parte do mercado mundial era suprido
pelos alemães que obtiveram enormes lucros com este
comércio, enquanto o Peru e a Bolívia, não lucraram tanto.
Histórico

● A extração da quinina a partir da casca


de Cinchona não rende tanto quanto a
extração a partir da árvore inteira.

● Assim, a obtenção comercial da quinina


quase levou à extinção das árvores.
Histórico

● A necessidade de obter a quinina


de maneira mais fácil e mais
barata deu um grande impulso
para o desenvolvimento da
ciência e da indústria química.

● Fórmula molecular da quinina:


C20H24N2O2.
Quinina

● O fármaco utilizado para o tratamento da malária é a


quinina, presente na constituição química de algumas
espécies de plantas, como as listadas a seguir:

● Cinchona calisaya (quina amarela): utilizada como


um antimalárico e antiparasitário, também auxilia no
processo digestivo. As partes utilizadas da planta são
as cascas. Nesta droga encontram-se presentes 60%
de quinina.

● Cinchona amazônica: espécie do gênero Cinchona,


chamada popularmente de árvore da quinina. Sua
casca é utilizada para o tratamento da malária.
USO CLÍNICO

• Principal metabólito isolado


do gênero Cinchona é a
quinina.

• Alcaloide quinolínico.

• Derivado do triptofano.
A 3-hidroxiquinina é o principal metabólito
produzido; em pacientes com deficiência
renal pode causar toxicidade.
Mecanismo de ação

• Mecanismo ainda incerto.

• A cloroquina inibe a ação da


hemepolimerase.

• Alteram funções dos lisossomos;


• Inibem as funções fagocitárias;
• Inibem as habilidades de processar
antígenos.
Derivados
• Estudos relacionados à estrutura
química da quinina levaram ao
desenvolvimento de análogos
sintéticos.

• A partir do grupo farmacofórico: o


anel quinolínico.

• Cloroquina, primaquina e
mefloquina.
Náuseas
Efeitos
adversos e Vômitos
necessidade
de novos “Embaçamento” da visão
produtos

Tontura...
Obrigada!

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