Solange Rosset Familias

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competências teóricas,

O
terapeuta de
familia e de casal: técnicas e pessoais
Artes Editora
Copyright© 2021
Éproibida a duplicaçãooureproduçãodeste volume, no todo ou em parte,
sob quaisquerformas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecánicO, gravação,
outros), sem permissáo expressa
na Webe da
fotocópia, distribuição Editora.
cOORDENAÇÃO EDITORIAL
KarolOliveira
DIREÇÃO DE ARTE
Tiago Rabello
REVIS
Silvia P. Barbosa

CAPA
Karol Oliveira
IMAGEM DE CAPA

Marcos Paulo Prado/Unsplash


PROJETO GRÁFICO EDIAGRAMAÇÃO
Conrado Esteves

R&29 Rosset, Solange Maria, 1953-.


Oterapeuta de família e de casal: competências teóricas,
técnicas e pessoais / Solange Maria Rosset. - Belo Horizonte:
Artes, 2021.
160 p.; 23 cm.
ISBN:978-65-86140-57-6
1. Terapia sistênica(Terapia familiar). 2.Psicoterapia. I. Título.
CDU1599.018
Catalogação: Aline M.Sima CRB-6/2645

IMPRESSONO BRASIL
Printed in Brazil

(31)2511-2040 9 (31)99403-2227

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9 Rua Rio Pomba 455, Carlos Prates --Cep: 30720-290 1Belo Horizonte- MG
Of artesaeditora
com um resultado previsível, apoiam-se mais no
está emfazer a
tarefa, e não na preparação. concreto, asua forca
especial
19. Um olhar

Os principios e pressupostos relacionais


organizam o trabalho clínico, mas sem sistêmicos orcaso,ientame
esquecer que cada
situação merece um olhar particular. Cada situação ecada cada
universo único, e dessa forma deve ser avaliado e
pesoa éum
Apesar dessa particularidade de cada situação, ter um encaminhado.
ter um arsenal de instrumentos,
auxilia o
terapeuta arnão se parametro,
momentos em que o Sistema traz questões muito peculiares, perder nos
mantendo
a criatividade e a espontaneidade.

A.Famílias funcionais

Para que uma família se mantenha Viva e em


precisa contar com objetivOS em comum, que Ihe apontem o norte funcionamento,
contribuindo ativamente para seu equilíbrio ecoesão. Existem alguns
indicativos de funcionalidade familiar. Eles não são lineares, nem servem
para todos e em todos os momentos, mas ajudam ospais que querem ter
uma ação eficiente na formação de filhos úteis e saudáveis. São refexÒes
e treinos sobre os aspectos descritos a seguir:

a. Continência A família tem a capacidade de dar apoio a0s seus


membrosnas horas de alegria,de dificuldades, de frustrações,
de perdas, de erros. Muitas vezes ésó estar junto, sem interferir,
nem explicar, nem perguntar os "porquês".
b. Pertencimento - Os membros da família têm certeza de que
fazem parte de uma família: ela é única, tem caracteristicas pro
prlas, aspeCtos positivos e negativos específicos, mas éasua tami
momento; é o que dá
lia;é para deonde se pode voltar a qualquer um dos
definição muitas das suas características pessoais. Eéfamilat.
reforçadores da identidade pessoal aj partir da identidade
c. Crescimento elibertação -O movimento familiar qualificae
estimula adiferenciaçãoeaindependência de seus mem
122
"TERAPEUTA DE FAMÍLIA EDE CASAL
possbilitando experiências individuais
in que abrem espaço
Vs aprendizagens e novos
m0viMentos, para
individuais. Sabendo que podem facilitando as mudancas
forma pessoal e exercitando a
liberdadediferenciar-se,
crescendo
de ir e vir e de ser.
da sua
d. Tarefas do ciclo vital- As famílias
çöes pertinentes a cada ciclo de desempenham
tarefas e fun-
desenvolvimento
diferentes e necessárias quando
quais são familiar; as
se tem criança
adolescentes ou adultos, por exemplo. Essa pequena,
com tarefas, direitos e compreensão
deveres auxilia os membros de fases
da família a
fazerem escolhas e se
inerentes as fases e ao responsabilizarem
crescimnento.
como acontecimentos
e.
Circularidade e comunicação As famílias não têm
situações tabus, não retêm as assuntos ou
sentimentos; nelas, tarefas, informações sobre fatos, desejos ou
entre as pessoas de acordofunções, direitos e deveres circulam
com o momento e a
Mas não existe um
controle e uma necessidade.
se abram, essa exigência que os membros
abertura é natural e respeitada.
i. Regras e normas - Nas
famílias, existem regras de
to, Huxos e rotinas, e esses
mecanismos são
funcionamen
na medida da explícitos, negoCiados
possibilidade, flexíveis
mento, à fase em que a família estáe às para adaptarem ao m0
se
da competência real dos seus necessidades. Dependendo
membros, as regras sero definidas
g.
hierarquicamente, negociadas, aceitas ou discutidas.
Subsistemas claramente definidos e fronteiras claras e perme
áveis Todos da família sabem
quem faz
cada grupo familiar, quem pode fazer parteparte
e participa de
e
dependendo das tarefas e funções de cada um.mudar de grupo,
A participação
nos subsistemas depende também da idade,
de cada membro da família.
competència e desejo
h. Hierarquia As famílias explicitam e
desenvolvem as questões hie
rárquicas, sem rigidez, mas de acordo com funções e necessidades.
B. Famílias com
crianças pequenas
As familias com crianças bem pequenas precisam ser
alguns cuidados especiais: olhadas com

II1. COMPETÊNCIAS TÉCNICAS 123


toda afamília.
Fazer sessões com Muitos terapeutas evitam
sessões com bebês ou crianças muito fazer
novas, mas, pelo menos
sessão deve ser
umaou outra realizada, pois éuma
nifica de enxergar o padrão de forma
funcionamento família em
damag
situações reais.
Por menor que a Crlança seja, éimportante fazer a
sistêmica básica (de que asituação e o problema sãoredef
da inição
toda; a aprendizageméde todos e não só do membro que
frente
família
está
apresentando sintomas) na dela, dos pais e de todos
membros da família. Mesmo que a crilança não entenda
inte-
lectualmente, ela sente a situaçao, e apossivel mudanca de foco
. De um modo geral, quando uma cr1ança faz sintoma, o sistema
narental estácom dificuldades ou distunçöes, então, na maio
ria das vezes a melhor indicação é de supervisão de pais, para
recuperação das tarefas efunções parentais. Mas, é muito rico,
fazer sessões com as crianças, mesmo as bem pequenas, e/ou
com a família toda, para enxergar e colher dados para tratar na
supervisão de pais.
" No caso de crianças pequenas muito mal atendida pelos pais,
com risco de maus tratos ou descuidos, existe a possibilidade
de encaminhá-la para um atendimento. Nesse caso, em que a
criança vai ser cuidada, éimportante que oterapeuta se dedique
aensinar e supervisionar os pais no desempenho das suas funções
e não assuma as funções parentais por eles. Uma boa indicaçào
éencaminhar a criança para atendimento em grupo terapêutico
diversas.
Com outras crianças com dificuldades semelhantes ou

C. Famílias com adolescentes


Compreendemos a adolescência como a fase de vida em que a
terapia
pessoa pode escolher e construir oadulto que ela deseja ser, e a
como uma possibilidade de auxiliar nessa escolhae nessa preparação.
Na maioria das vezes, os filhos, escoltados pelastteoriaspsicológicas,
dificuldades
pela culpa dos pais, pelo álibi do "conflito de gerações", têm
em aceitar esse objetivo da terapia e se escudanm nos erros dos pa e
esses erros
sofrimentos que vivem ou Viveram. Na maioria das vezes
124 TERAPEUTA DE FAMÍLIA EDE CASAL
sofrimentossão comuns, rotineiros nos
embates de pais e filhos, mas
algumas vezes oS mau tratos e sofrimentos são intensos e
Uma das preocupações,é fortalecer pais e devastadores.
Akfculdades reais, mas semn estancarem o processofilhos para lidarem com
ou ficarem presos
nos jogos de culpas, desculpas, punições e
Para lidar com essas retaliações.
questões, sem
emocões da família, temos uma forma detomar partidos ou se perder nas
fixa, segue trabalho que sem ser rígida e
aprox1madamente os seguintes passos:
a. Recebimento da famíliae trabalho com a vinculação, levan
tamento e circulação dos sintomas e situações,
definições de objetivos. redefinições,
Após o pedido de atendimento, é
tonema com a
realizado o primeiro tele
pessoa que fez o contato, clareando o que
esta
acontecendo, quem quer o atendimento, quais são as pessoas
envolvidas e quais são os membros da família. E marcada a
primeira sessão com todos os membros da família nuclear.
Na primeira sesso, são colhidos os dados de
identificação e das
relaçöes entre todos os participantes, os dados referentes àqueixa,
ao levantamento de todas as tentativas feitas para resolver a
questão e
a0 posicionamento de cada membro sobre o que estáacontecendo.
Também são levantados os outros sintomase queixas que existem
na família com relacão a todos os familiares, além do filho que
desencadeou a vinda da família.
Nessa altura do atendimento, v-o sendo feitas as redefiniçöes
com relação às leituras lineares que a família traz da situação e
as premissas simplificadoras, É um momento muito importante,
pois dele depende a possibilidade de criar novas alternativas,
novas leituras que possibilitem o trabalho terapêutico. E im
prescindível que as redefinições sejam realizadas com clareza
e firmeza, mas com respeito e compaixão pelas dificuldadese
dores da família.
A partir dessas redefinicôes. vai se trabalhar com o foco na de
família
finição de quais são as aprendizagens e mudanças que a
membro indi-
como um todo, cada um dos subsistemas e cada realizar.
vidual precisam, enxergamcComo necessárias e querem
TECNICAS 125
L. COMPETÊNCIAS
fase, o olhar do terapeuta será
Durante toda essa
para os conteúdos relatados, e muito mais para muito menosde
o padrão
funcionamento da família.

Dependendo do quanto afamília enxerga do seu


funcionament
da habilidade do terapeuta e de outras condições do o,
contexto,
essa fase pode durar de uma a quatro sessões.
h Sessões familiares para trabalho com os objetivos de aprendiza.
definidos na primeira fase.
gens familiares comuns,
As sessões dessa etapa serão realizadas com todos os membros
da família, focando as aprendizagens e mudanças que foranm
definidas eque englobam todos os membros ou que dependem
de reorganização e treinos conjuntos.
Éumafase em que o importante éabrir novas possibilidades
de rotinas, tarefas, compreensão das situações e aprendizagens,
mas priorizando as relações familiares, as descobertas afetivas, a
fexibilização eaquisição de novas estratégias para lidar com as
dificuldades eos problemas, aprendendo anegociar as mudanças
de relacionamento que devem acontecer.
Outro elemento importante épossibilitar que afamília deixe de
ver o membro sintomático como o foco, passando a enxergar a
família como um todo que está fazendo sintomas.
c. Trabalho com sessões individuais do adolescente sintomático, e
supervisão de pais.
Oadolescente sintomático seráacompanhado individualmente
com o foco de responsabilizá-lo pela sua vida, auxiliá-lo asair
dos jogos repetitivos de depositações, críticas e desenvolvi
mento de sintomas. Independentemente da sintomatologia,
o trabalho vai se desenvolver para que ele, cada vez mas, te
nha consciênciado seu próprio funcionamento, desenvolva d
aprendizagens necessárias e instrumente-se para as muaauy
que quer ou precisa fazer.
que eles
No dificuldades
atendimento aos pais, foca-se nas
têm nas funções etarefas parentais, desenvolvendo
parceria
nas decisões e compreensões. De um modo geral, os pais
precisam de autonomia, a
acompanhamento para: aceitar a

126
TERAPEUTA DE FAMíLIA EDE CASAL
dade e os limites dos
com
filhos; exercer suas regras sem
culpa, mas clareza e
aspectos, de casal e responsabilidade;
individuais, que
lidar Com OS
surgem e dificultam o
processo do filho,
ANovos
encaminhamentos de acordo com o que
sessões de casal, sessões de família. for surgindo:
Apartir das
necessidades
milia, nas sessões relacionais surgidas nas sessões de fa
de atendimento individuais com os pais, outras modalidades
e
que necessitam de
podem ser desencadeadas, focando as relações
gens, bem como para
trabalho específico ou as novas aprendiza
auxiliar na
terapêutico. Podem ser, entre outras:continuidade do processo
de família extensa, sessões de casal, sessões
outros membros da supervisão
de pais, sessões
família, sessões com
individuais com
sões com subsistemas. díades específicas, ses
No desenrolar das sessões, são utilizados todos os
parecerem úteis para atingir os objetivos de cada recursos que
eles: rituais terapêuticos, tarefas e trabalho, entre
sessão e dos intervalos, prescrições, uso do tempo da
atividades complementares.
Além da compreensão
mica, esta proposta se torna teórica/técnica e clínica relacional sistê
coerente se compreendermos alguns dos
pressupostos que a norteiam:
1. Os adolescentes
funcionais:
Trabalham e/ou estudam
Têm amigos
Têm vida afetiva/sexual
Tem responsabilidades/tarefas em casa
2. Pais funcionais:
Tem responsabilidade e direito a exercer autoridade e limites
3. Foco e tarefa da terapia adolescente:
Apesar de, e com os erros/acertos/limites/exigências dos pais, o
filho deve desenvolver e desempenhar as 4 funções de um adoles
cente, e definir que tipo de adulto quer/vai ser
IM. COMPETÊNCIAs TÉCNICAS 127
4. Foco e tarefa da supervisão dos pais:
Aceitar aautonomia/privacidade/limites dos filhos
Exercer suas regras sem culpa, mas com clareza e
Lidar com seus aspectos pais/casal/individual que
ficultam o processo do filho.
responsabilidade
surgem ou di-

D. Supervisão de pais

Ofoco do trabalho de Supervisão de Pais se encontra no nadr


de funcionamento dos pais e do subsistema
parental. Seja porque eles
estão com dificuldades, ou desempenhando mal
suas tarefas efunções
parentais, ou precisando aprender e treinar outros instrumentos para
melhor desempenhar essa função. Algumas vezes, o padrão de
dos pais é que precisa ser trabalhado, e se eles não têm interacão
disponibilidade
para tal, ou, por exemplo, são separados, a supervisão de pais
realiza a
terapia necessária, a partir dos papéis parentais.
Eimportante que fique bem clara a diferença da
que irátrabalhar todos os papéis do casal incluindo o
Terapia de Casal,
papel de pais, eque
este papel acontece dentro do sistema conjugal.
Já na Supervisão de Pais, o aspecto de casal não éo foco do
e sim o subsistema parental, o trabalho seráde
trabalho
supervisionar o padrão de
funcionamento subsistema parental e suas funções.
do
As funções parentais de criar os filhos,
são:
" nutrir,

conter,
orientar,
dar autonomia, e
responsabilidades (conforme aidade ecompetência do filho).
Em geral, o pedido não é para a
para um "filho Supervisão de Pa1s, mas, s
problema". É
desde o primeiro fundamental, portanto, que pais,
os
contato com noo terapeuta,
balhando as suas dificuldades exercício saibam que estarão tra-
de sua função parental;
portanto, oaprendizado e as dificuldades são deles também enão
somente do filho,
128
TERAPEUTA DE FAMÍLIA EDE CASAL
ASupervisão de Pais pode ser um
pia fmília, neste caso oterapeuta ao
de, desdobramento de uma tera-
perceber necessidade de
a
abalho no padrão de
funcionamento subsistema
nas, para uma superviso em separado dos
do
filhos.
parental
um
chama os
Uma outra possibilidade de
trabalho que poderá
uma Supervisão de Pais
transformar-se surgiréo de
em terapia de casal.
éfundamental que o terapeuta faça um recontrato, Neste caso,
mbalho como casal, mudando o foco do
levantando
que poderào aparecer ao
os riscos, as mudanças e
deixar se trabalhar
parental e passar para o sistema
de
somente aprendizagens
no subsistema
Etarefa da casal.
supervisão de pais, mostrar o
outras formas de lidar com as funcionamento, treinar
Asupervisão de pais dificuldades, supervisionar e cobrar dos pais.
Ou em paralelo comn pode ocorrer só ela sem outra
sessões de família. terapia familiar,
Nas
de família;supervisões os temas
ou trazidos pelos paispodem surgir a partir das sessöes
Seus problemas ou das a partir das suas dificuldades, dos
suas queixas, ou de
enxergou. aspectos que o terapeuta
E. Terapia para
separação ou divórcio
Casais funcionais também podem se
terapia nesse momento, alguns separar. E, no caso de buscarem
cuidados são necessários:
a. Avaliar o real desejo da terapia, para não
Oespaço seja usado para ataques ou
correr orisco de que
fantasias de volta da relação
conjugal.
b, Fazer um contrato bem claro, sobre qual o
foco do trabalhoe
sobre a provável necessidade de haverem sessões individuais, do
subsistema pais, do subsistema filhos, e outros encaminhamentos
que se façam necessários (Ver item II. 6).
C. Ficar atento às fantasias de fazer uma separação/divórcio sem que
os filhos sofram ou sintam emoções fortes. O foco éque todos
Os envolvidos aprendam a lidar com as dores e dificuldades e
possam se reorganizar com anova situaçao.
d. Acompanhar as mudancase novas situações, sem perder de vista
as tarefas e funções
parentais.
IL. COMPETÉNCIAS TÉCNICAS 129

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