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Resumo: Este artigo originário da pesquisa que analisou a forma como vêm sendo
desenvolvida a formação de leitores por meio dos gêneros textuais visando o desenvolvimento
de leitores críticos. Foram interlocutores da pesquisa estudantes do 7º ano dos Anos Finais do
Ensino Fundamental e a professora dessa turma. Mediante as informações obtidas no decorrer
da pesquisa, foi possível tecermos uma discussão sistematizada em três eixos teóricos:
gêneros textuais, o texto escrito e a importância da prática pedagógica e a contribuição da
leitura no desenvolvimento da criticidade. Os resultados apontaram que é possível
desenvolver práticas educacionais capazes de contribuir para a formação de leitores, capazes
de ter uma visão reflexiva da realidade à sua volta, ao tempo que pode contribuir para práticas
educativas comprometidas com a formação do leitor crítico.
Resumen: Este trabajo se origina en la investigación que examinó cómo la formación está
siendo desarrollado por los lectores de los géneros de texto dirigidos al desarrollo de lectores
críticos. Los interlocutores eran los estudiantes de investigación del año 7 últimos años de la
escuela primaria y el profesor de esta clase. A través de la información obtenida durante la
investigación, fue posible que puede tejer una discusión sistemática de los tres temas: géneros
textuales, el texto escrito y la importancia de la práctica docente y la contribución de la lectura
en el desarrollo de la criticidad. Los resultados mostraron que es posible desarrollar prácticas
educativas que contribuyen a la formación de lectores, capaces de tener una visión reflexiva
de la realidad que les rodea, si bien pueden contribuir a las prácticas educativas
comprometidas con la formación del lector crítico.
Introdução
Este trabalho intitulado como a formação de leitores por meio dos gêneros textuais foi
desenvolvido no intuito de buscarmos entender como as estratégias de leitura vêm sendo
trabalhadas dentro do contexto escolar. Nesse sentido, buscamos analisar a importância da
diversidade de manifestações de textos no desenvolvimento da aprendizagem do educando,
uma vez que, estamos inseridos cada vez mais no mundo letrado por várias modalidades
textuais.
Consequentemente, este artigo objetiva contribuir para o reconhecimento dos gêneros
textuais na perspectiva da formação de um leitor consciente da sua função social, favorecendo
seu desempenho dentro do processo de aprendizagem. Acreditamos na importância dessa
temática e sobre as manifestações da aprendizagem mediante a leitura crítica, pois, é de suma
importância trabalhar com os gêneros textuais, devido à possibilidade de por meio deles,
refletir acerca da realidade e a construção de valores.
Compreendemos que mesmo diante de meios de comunicação tão rápidos, muitos
estudantes e professores ainda enfrentam dificuldades em compreender os gêneros textuais. A
dificuldade encontrada pelos educandos em relação aos textos já são considerados “um velho
problema” brasileiro, mas é preciso trazê-la ao debate com novas perspectivas e novos
direcionamentos, já que acreditamos que a diversidade textual pode ser um grande passo na
construção da aprendizagem, assim como, na luta para formação de leitores, buscando dessa
forma métodos, estratégias que consigam viabilizar na prática este problema tão antigo.
Assim, a grande relevância deste artigo se acentua na finalidade de analisar a realidade
de uma sala 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de Bom Jesus da
Lapa. E mediante a contribuição ímpar de teóricos que discorrem sobre o referido tema, de
observações minuciosas e de procedimentos precisos, objetivamos saber como vem sendo
acionadas estratégias textuais e se as mesmas propiciam para a construção da aprendizagem,
bem como, a formação de leitores críticos, e se contribuem para construção própria de novos
conhecimentos.
Todavia, faz-se necessário enfatizar que, optar pelos métodos e instrumentos para a
coleta de informações é um passo de grande acuidade que merece muito cuidado. No presente
trabalho destacamos a abordagem qualitativa, na qual é admissível descobrir uma enorme
variedade de instrumentos de coleta onde foi feito o seu uso. Na realização dos procedimentos
metodológicos foram realizadas algumas técnicas, com o intuito de percorrer caminhos que
deram suporte para uma análise minuciosa da postura pedagógica da professora pesquisada,
mediante o trabalho com os gêneros textuais.
Foram aplicados para a coleta de informações para o alcance dos objetivos: a
observação participante, a entrevista semiestruturada e a análise documental, passos que
deram suportes necessários para o trabalho de investigação. A coleta de informações via
análise documental, observação participante e entrevistas semiestruturadas foram registradas e
organizadas de acordo com os aspectos específicos do processo da atuação docente, para os
quais se elencou as categorias: gêneros textuais, aprendizagem e leitura.
Vale ressaltar que, trazer este tema aos desafios da pesquisa é uma forma de
comprometer enquanto estudante crítico e esclarecido quanto aos problemas da sociedade.
Deste modo, discorrer sobre este tema é entender que a vida se refaz a cada uma nova leitura e
releitura das coisas que acontecem em nosso cotidiano, sendo pertinente reconhecer e a dar
novos olhares aos gêneros textuais.
Com isso, os estudos dos gêneros textuais, tal como vemos no atual contexto escolar,
necessita ir além da mera decodificação de signos gráficos, onde são perpetuados mediante
aos fragmentos de livros didáticos. Esta realidade pode ser questionada ao poder político que
muitas vezes desconhecem os problemas enfrentados em muitas escolas públicas. Aqui pode
ser entendida como uma temática que contribui enfaticamente para a inserção de discentes
leitores, e com uma educação que vise o pleno exercício da cidadania.
Assim sendo, acreditamos que esta proposta possa ser uma contribuição de tecer uma
discussão acerca do papel fundamental dos gêneros textuais que circulam no espaço
educativo, uma vez que os mesmos possibilitam olhares de maior reflexão e criticidade
mediante a construção da aprendizagem, assim como, na qualificação enquanto educando
leitor, prima também à melhoria e a participação destes na sociedade e o seu direito a
cidadania.
Nas últimas décadas, tem sido levada em consideração a necessidade de trabalhar com
mais veemência a diversidade textual, em especial, nas aulas de Língua Portuguesa,
acrescenta-se a de que esses devem pertencer a gêneros diferentes, provenientes das múltiplas
esferas sociais mediante as modalidades escrita e oral da língua. Com isso, a finalidade é
aproximar o máximo possível o que se produz na escola daquilo que circula fora dela,
eliminando de vez práticas artificiais de escrita, as redações que meramente realizadas nas
aulas, desvinculadas da vida pessoal do educando.
Nesse contexto, cabe ressaltar que, trabalhar com gêneros textuais implica,
obrigatoriamente, trabalhar as condições nas quais os textos são produzidos, por onde
circulam, com quais intenções, quais seus interlocutores privilegiados. Assim, é possível levar
para a sala de aula diferentes gêneros nas aulas de Língua Portuguesa, tais como, receitas de
bolo, regras de jogos, textos informativos, publicitários e outros.
Com isso, encarar o texto como processo de construção da aprendizagem e não apenas,
como uma mera atividade, torna-se possível verificar se determinadas marcas formais
caracterizadoras do gênero abordado estão ou não presentes nos textos produzidos pelos
estudantes. Não devemos desconsiderar que, os gêneros são ocorrências sociais flexíveis e
surgem das necessidades e atividades socioculturais com grande influência das inovações
tecnológicas. Neste sentido, os grandes suportes tecnológicos da comunicação, tais como,
rádio, televisão, jornal, internet, revista, por terem uma presença marcante e centralidade nas
atividades comunicativas, vão propiciando e abrigando gêneros novos bastante característicos
desse novo modelo de demanda social.
Com isso, ao questionarmos a nossa interlocutora, a professora Regina, como ela
desenvolve o trabalho com gêneros textuais ela declarou que:
Este ato foi confirmado mediante a realização de uma atividade coletiva, desenvolvida
por Regina quando registramos o seguinte fato:
Dessa forma, de acordo com Bakhtin (2003), os gêneros surgem ancorados em outros
gêneros, podendo ser por transmutação ou por assimilação de um por outro, mediante a
forma, a função, o suporte ou o ambiente em que os textos aparecem. Assim, o gênero
privilegia a natureza funcional e interativa da língua, já o tipo textual se preocupa com o
aspecto formal e estrutural.
Todo gênero textual refere-se às diferentes formas de expressão de um texto. Assim,
para a Linguística, os gêneros textuais abarcam todos os textos produzidos por usuários de
uma língua. Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada
texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos
composicionais.
Com isso, os gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza,
literários ou não literários. Nesse contexto, modalidades discursivas constituem as estruturas e
as funções sociais utilizadas como formas de organizar a linguagem. Sendo isso, as
características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da
textualidade, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação
e outros aspectos pertinentes ao gênero em questão.
Consequentemente, o ato de ler é um exercício de indagação, de reflexão crítica, de
entendimento, de captação de símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo, de informações
necessárias de serem trabalhados nas áreas de linguagem, pois, este é um exercício de
intercâmbio, uma vez que possibilita relações intelectuais e potencializam outras, permitindo-
nos a formação dos nossos próprios conceitos, explicações e entendimentos sobre realidades,
elementos e/ou fenômenos com os quais defrontamo-nos constantemente.
É preciso acrescentar que, atividades com linguagem constituem um importante fator de
eficácia no processo de comunicação dos discentes, uma vez que, a linguagem é o conjunto de
códigos de emissão de mensagem, sendo importante destacarmos que, o significado da
palavra não está nela, mas nos indivíduos que as utilizam.
Em casa não tem como praticar a leitura, pois o tempo é curto tenho que
ajudar os meus pais. Mas de vez em quando leio alguma coisa à noite,
mesmo que meus pais reclamam, pois irei estragar as minhas vistas.
(Estudante/Interlocutor Eder)
Nestes termos, podemos afirmar que uma das maiores funções da escola é a de
proporcionar aos estudantes uma educação consciente, de forma que ela possa desenvolver em
seu cotidiano práticas de leitura a partir dos primeiros anos iniciais, mediante a leitura,
mecanismos de apropriação de conhecimentos que os possibilitem o enxergarem criticamente
o espaço social do qual fazemos parte.
Assim, ao ser perguntada sobre como trabalhar a criticidade na leitura textual, a
professora enfatizou que:
Nesse contexto percebemos que, a professora busca promover uma prática de leitura
que seja capaz de incitar no educando a aquisição de conhecimentos, que favoreçam a
transformação no que se refere à construção da aprendizagem, bem como no âmbito social,
vindo assim, a gerar ponto de um fator de equalização social e que promova conhecimentos,
mas conhecimentos em termos de qualidade.
Concomitantemente, compartilhamos dos PCN de Língua Portuguesa (BRASIL, 1997,
p.30) que nos diz: “Cabe, portanto, a escola viabilizar o acesso do educando ao universo dos
textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los”. Assim, percebemos
que a diversidade textual pode ser um fator contribuinte na luta a favor de significação da
realidade, onde podemos assegurar que a leitura deve ser tomada como prática social. Sobre
esta questão os PCN mais uma vez é decisivo, quando este aborda que:
Uma prática constante de leitura na escola deve admitir várias leituras, pois
outra concepção que deve ser superada é a do mito da interpretação única,
fruto do pressuposto de que o significado está dado no texto. O significado, no
entanto, constrói-se pelo esforço de interpretação do leitor, a partir não só do
que está escrito, mas do conhecimento que traz do texto (BRASIL, 1997,
p.57).
A leitura na atualidade
A leitura é algo que ultrapassa a decodificação, e que ganham novos sentidos quando
estudados sob a ótica de proporcionar novos olhares. Porém, a falta de significação textual
vem contribuindo para a proliferação das práticas mecanizadas do ensino da leitura e a
banalização fez com que seu sentido tenha ganhado outras leituras; mas ainda vemos como
uma atribuição de acepções e grande estabelecimento com o conhecimento de mundo.
Com isso, quando discorremos sobre leitura, muitas pessoas logo pensam apenas no ato
de decodificar a linguagem escrita, todavia, a leitura vai muito mais além desta visão
simplista, uma vez que, a concepção de leitura é bem mais abrangente e segundo Martins
(1994), existem várias concepções de leitura, sendo a mesma sintetizada em duas
caracterizações:
1- Na perspectiva behavorista-skinneriana, a leitura é vista como
decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado
estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta;
2- Na perspectiva cognitivo sociológico é reconhecida como processo de
compreensão abrangente, cuja dinâmica em volve componentes sensoriais,
emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, tanto quanto culturais,
econômicos políticos. (MARTINS, 1994, p.31).
Sobre esta questão, Antunes (2003), traz sua contribuição e nos faz pensar que a leitura
pode ser abarcada como parte da interação verbal escrita, enquanto provoca a participação
cooperativa do leitor na interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidos
pelo autor.
Para entendermos o que é leitura e o seu mundo é necessário estar engajado, informado
sobre os múltiplos gêneros e tipos de textos que circundam nossa vida, compreendendo as
diferentes práticas que as cercam, para aos poucos perceber qual a maneira mais viável para
criar mecanismos de suporte à formação do leitor. Nestes termos, Regina, a nossa
interlocutora abordou que:
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontros e interação. São Paulo: Parábola Editorial,
2003.
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. e HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro,
Interamericana, (1980).
BRASIL, Secretaria de educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua
Portuguesa. Brasília: MEC – SEF, 1997.
BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética. A teoria do romance. São Paulo:
UNESP: 1998.
BAKHTIN, M.. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003
FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. 14 ed. São Paulo: Contexto, 2001.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez,
2009.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. 2 ed.Rio de
Janeiro: Lucerna, 2002.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 2ª Ed. brasileira. São Paulo: Martins
Fontes, 1988.
i
Graduada em Letras com Literatura pela Universidade Norte do Pará – UNOPAR. Professora da Educação
Básica do Município de Serra do Ramalho - Bahia. E-mail: vhannyah@hotmail.com
ii
Pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), com licenciatura em Docência e Gestão em
Processos Educativos, estudante do curso de Pós-Graduação com Especialização em Gestão Pública pela
Universidade do Estado da Bahia (UNEB – EaD), no polo de Bom Jesus da Lapa - Bahia. Email:
jacyarhacosta@hotmail.com
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Graduanda em Pedagogia pela UNEB – Campus XVII – Bom Jesus da Lapa – BA. Professora da Educação
Básica do Município de Bom Jesus da Lapa- Bahia. E-mail: krisbjl@hotmail.com
iv
Doutor em Educação e professor da Universidade Federal da Paraíba – Centro de Ciências Aplicadas e
Educação, Departamento de Educação. E-mail: josevalmiranda@yahoo.com.br