RELATORIO ESTAGIO PSICANALISE IMPRIMIR
RELATORIO ESTAGIO PSICANALISE IMPRIMIR
RELATORIO ESTAGIO PSICANALISE IMPRIMIR
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Fernanda Neves de Martins Moraes
ORIENTANDA
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Thatyanna Karla de Britto Poggi Lins
ORIENTADORA
CABEDELO – PB
2024.2
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CABEDELO – PB
2024.2
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SUMÁRIO
1 IDENTIFICAÇÃO ...................................................................................................... 4
2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 5
7. CONCLUSÃO........................................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 24
1 IDENTIFICAÇÃO
2 OBJETIVOS
EQUIPE:
Recepção ampla;
Copa;
Elevador;
Quatro andares;
Sala de apoio;
Piscina.
4. ATIVIDADES PROPOSTAS
Triagem: processo realizado por alunos do 8º, 9º e 10º períodos. Tem como
objetivo acolher e esclarecer a demanda e providenciar encaminhamento interno,
para as diversas modalidades de atendimento oferecidos pela clínica, e externo,
para terapeutas cadastrados (ex-estagiários ou autônomos) ou outras instituições.
Plantão de Escuta: objetiva oferecer uma escuta especializada às chamadas das
pessoas que procuram a clínica, ou que sejam encaminhadas por instituições e
outros profissionais, no sentido de acolher e encaminhar gradualmente as suas
necessidades.
Atendimento Psicoterápico: realizado pelo (a) estagiário (a) que já se encontra
liberado (a) pela orientadora. O atendimento inclui as evoluções de prontuários
devidamente orientados semanalmente.
Estudo individual e em grupo: realizadas de forma sistemática leituras de
textos que fundamentam a prática clínica e embasam cientificamente o estágio,
de forma a contabilizar como carga horária de atividade.
Orientação: encontros semanais, com duração de cinco horas para discussões
da técnica, prática e manejo clínico de casos em andamento, com organização
de material de atendimento, evolução de prontuários e discussões em grupo a
respeito das demandas acolhidas por cada estagiário (a).
Supervisão: realizada pelas supervisoras que estiverem de plantão nos dias em
que cada estagiário (a) estiver em atendimento. Tem como objetivo dar o suporte
ao (a) estagiário (a) presente na clínica, tirando as dúvidas e atendendo as
demandas mais urgentes durante a prática.
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5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conforme relatado por Bock (2018), o esquecido era sempre algo penoso para o
indivíduo e era exatamente por isso que havia sido esquecido, enquanto o penoso não
significava, necessariamente, sempre algo ruim, mas podia se referir a algo bom que se
perdera ou que fora intensamente desejado. Quando Freud abandonou as perguntas no
trabalho terapêutico com os pacientes e os deixou dar livre curso às suas ideias, observou
que, muitas vezes, eles ficavam embaraçados, envergonhados com algumas ideias ou
imagens que lhes ocorriam. A esta força psíquica que se o processo psíquico que visa
encobrir, fazer desaparecer da consciência, opunha a tornar consciente, a revelar um
pensamento, Freud denominou resistência. E chamou de repressão uma ideia ou
representação insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma. Estes conteúdos
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6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Estão previstas para todos (as) os (as) alunos (as) estagiários (as) durante o
decorrer do semestre 2024.2, algumas atividades para o Estágio Supervisionado
Específico. Tais atividades estarão voltadas principalmente para os acolhimentos, as
triagens, os acompanhamentos psicológicos individualizados, os estudos, a orientação, a
supervisão e a observação, tanto na Clínica Integrada de Saúde quanto na Clínica Reviver.
Profª.
08h às
Profª. Aline Thatyanna
12h Profª Élyman
(Plantão) (Plantão)
(Supervisão) Profº. Luis
Profª. Aline
Augusto
(Plantão)
(Supervisão)
Profª. Aline Profº. Luis
(Plantão) Augusto
(Supervisão)
UNIDADE 01
04h Orientação
04h Estágio Presencial na Clínica Integrada de
Saúde
02h Grupo de Estudo
03h Estudo Individual
UNIDADE 02
04h Orientação
04h Estágio Presencial na Clínica Integrada de
Saúde
02h Estágio Presencial na Rede Reviver
02h Grupo de Estudo
01h Estudo Individual
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
TALLAFERRO A. Curso básico de psicanálise. 3. ed- São Paulo: Martins Fontes, 2016.
ANEXOS E APÊNDICES
30/09
Nesse primeiro dia de estágio externo, eu e minha colega Renata decidimos
fazer, inicialmente, uma observação da movimentação e dinâmica do local, antes de
definir qual seria a atividade que desenvolveríamos na Reviver. Foi percebido que a
recepção da clínica apresentou um fluxo constante de pessoas, parecendo a estrutura de
uma clínica médica convencional. A televisão foi mantida ligada de forma constante na
recepção, o que não contribui para um ambiente de interação entre as pessoas. Durante o
período de observação, foi notório que muitos pais estavam frequentemente envolvidos
com seus celulares. Outro aspecto que chamou a atenção foi a ausência de um parquinho
ou espaço dedicado à diversão infantil. A percepção de que há crianças na clínica se dá
basicamente pelo fato de observarmos os pequenos entrando e saindo das salas com as
terapeutas. O espaço da clínica não oferece condições adequadas para a interação entre
os pais, os profissionais e as crianças. A disposição dos móveis e a falta de áreas
destinadas ao convívio dificultam a criação de um ambiente mais acolhedor.
Em decorrência do que foi observado na clínica, eu e Renata decidimos organizar
uma roda de conversa na área externa da clínica, com chá e biscoitos. O objetivo dessa
roda de conversa foi criar um espaço acolhedor para que os familiares das crianças em
tratamento pudessem compartilhar experiências, dúvidas e anseios, promovendo uma
troca de vivências e, quem sabe, colaborando para a formação de uma rede de apoio entre
eles.
07/10
No primeiro dia da roda de conversa, organizamos um encontro acolhedor com
chá e biscoitos, convidando os participantes a interagirem. Nesse momento inaugural,
realizamos a escuta de duas avós que vieram juntas trazer o neto, diagnosticado com
autismo. Enquanto conversavam, as avós dividiram suas narrativas sobre como
identificaram os primeiros sinais do transtorno e sobre o impacto do diagnóstico na
dinâmica familiar, especialmente para os pais da criança. Foi interessante observar que,
ao se separarem, o teor das conversas mudou. A avó materna começou a compartilhar
suas preocupações em relação à filha, que não pode deixar de trabalhar devido à
insuficiência da renda do marido. Ela expressou o desejo de levar a filha e os netos para
morar com ela no interior do Ceará. Demonstrou também inquietação com a gravidez da
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filha, temendo que o novo bebê também possa ser diagnosticado com autismo. Por outro
lado, ao ficarmos a sós com a avó paterna, ela trouxe uma visão um pouco mais crítica
sobre a mãe da criança. Em sua percepção, a nora estaria excessivamente focada no
trabalho, o que, segundo ela, comprometeria os cuidados com o filho. Nas entrelinhas,
sugeriu que sua casa seria um espaço de referência para o neto, mencionando que ele só
aceita comer a comida preparada por ela.
14/10
Durante a roda de conversa, a figura que mais me marcou foi uma avó que traz
sua neta adolescente, com deficiência intelectual, para as terapias. Ela é avó materna da
jovem e, inicialmente, relatou as dificuldades enfrentadas nos primeiros anos de vida da
neta, destacando o esforço incansável de sua filha em prol do desenvolvimento da menina.
Após a terapeuta chamar a adolescente para a sessão, a avó começou a compartilhar sua
própria história, revelando dores profundas de um passado que ainda parecia afetá-la
intensamente. Ela falou sobre seu filho adotivo, que hoje vive em São Paulo, tem uma
boa família e leva uma vida organizada, mas cuja adolescência foi marcada por muitos
conflitos e turbulências. A grande mágoa dessa mãe estava relacionada à culpa que sentia
por, inicialmente, ter recusado assumir a criação desse menino, que era filho de parentes
distantes.
Ainda nesta mesma tarde, participou uma mãe que veio do Rio de Janeiro. Ela
relatou que, durante a pandemia, estava trabalhando em home office e é mãe de duas
filhas. A filha mais nova, de 13 anos, desenvolveu compulsão alimentar e está atualmente
em acompanhamento psicológico e nutricional na clínica. A mãe demonstrou um
sentimento profundo de culpa por não ter identificado os sinais da compulsão alimentar
da filha anteriormente, atribuindo isso à intensa carga de trabalho a que estava submetida.
No entanto, explicou que, agora, tem dedicado mais atenção à filha, reduzindo suas horas
de trabalho para estar mais presente. Além disso, decidiu iniciar seu próprio processo
terapêutico, buscando apoio para lidar com suas emoções e desafios.
28/10
Neste dia, recebemos na clínica uma avó que trouxe o neto, diagnosticado com
autismo, para atendimento. Ela nos relatou que, desde o falecimento de sua mãe, sentiu-
se abatida e deprimida. Por essa razão, pediu ao filho, pai das crianças, que permitisse
que seus netos ficassem sob seus cuidados. São duas crianças: o neto de 4 anos, que
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realiza terapia, e a neta mais nova, de 3 anos, que permanece com ela na recepção.
Percebendo que a avó necessitava daquele espaço para ser ouvida, tomei a iniciativa de
brincar com a neta, colhendo flores das árvores e criando pulseiras e colares. Assim,
Renata pôde se concentrar em escutar a avó de maneira mais atenta. Naquele momento
específico, cuidar da neta foi também uma forma de cuidar da avó, proporcionando um
ambiente acolhedor para ambas.
04/11
Devido a questões logísticas e imprevistos, neste dia a nossa colega Isabela
também participou. Como não havíamos planejado previamente, não realizamos a roda
de conversa nos moldes habituais. No entanto, ao nos sentarmos no local de costume,
uma das mães, que já nos conhecia, aproximou-se para conversar. Ela compartilhou seu
desejo de prestar concurso na área de pedagogia, explicando que gostaria de expandir
seus horizontes e sair um pouco do universo exclusivo da maternidade e das preocupações
constantes com o filho. Embora o filho dela não tenha autismo, ele realiza algumas
terapias específicas. Segundo ela, o menino está indo muito bem, conforme informado
pela escola, mas ela ainda o percebe como imaturo em relação aos colegas da mesma
idade. Também conhecemos uma babá que estava no local, ocupada fazendo uma rede de
pesca (jererê) enquanto esperava. Ela nos contou que leva o filho da patroa à clínica, pois
“com ela o menino entra sem chorar”. A babá demonstrou grande afeto e gratidão pelos
patrões, mas revelou estar cansada, mencionando que só continuará no trabalho porque a
patroa está grávida. Ela contou que, desde o nascimento do menino diagnosticado com
autismo, é ela quem dorme com ele todas as noites, descrevendo o amor que sente pelo
menino como o de uma mãe por um filho.
11/11
Esse foi o último dia, e encontrei uma mãe com quem já havia realizado um
curso de assistente terapêutica. Ela veio conversar comigo e demonstrou grande alegria
em me rever, enquanto relatava as dificuldades com sua filha, que ainda não fala, algo
que a angustia profundamente. Apesar de suas palavras revelarem dor contida, seu
discurso também trazia críticas ao que considerava uma postura vitimista de algumas
mães. Isso gerou um certo desconforto com outra mãe presente, que comentou que
costuma entregar o celular à filha pela manhã para ajudá-la a acordar e não perder a hora
da escola. Em resposta, a primeira mãe, em tom mais rígido, insinuou que a criança
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chorava apenas para manipular e afirmou que, se fosse sua filha, deixaria que ela chorasse
até se cansar.
Nessa tarde encontramos a avó e a neta que gostou de brincar de fazer pulseiras
de flores, e dessa vez foi Renata quem mais brincou com a neta. Explicamos que aquela
seria nossa última tarde de atendimento na clínica, e eu presenteei a menina com uma
cartela de adesivos que ela gostou muito.
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