História 1ª Série 2ª Semestre 2024
História 1ª Série 2ª Semestre 2024
História 1ª Série 2ª Semestre 2024
DA ROMA ANTIGA AO
RENASCIMENTO CULTURAL E
ARTISTICO
HISTÓRIA
1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
C. E. E. DO RIO DE JANEIRO
PROFESSORA-ELIANE ALVES
2ª SEMESTRE 2024
FORTUNA/2023
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Roma Antiga
A civilização romana surgiu a partir de uma pequena cidade latina que se desenvolveu na Península Itálica, no século
VIII a.C. Roma foi uma das grandes civilizações da Antiguidade e possuiu um território de grandes dimensões que se estendia da
Mesopotâmia à Europa Ocidental e da Bretanha até o norte da África.
Alguns fatores contribuíram para a ocupação da região:
- os aspectos físicos (Roma está localizada na Península Itálica)
- o solo fértil (facilitava a produção de alimentos)
- ausência de bons portos (isolando relativamente à região)
Da pequena aldeia na região do Lácio, Roma tornou-se uma gigantesca civilização que se expandiu por meio de guerras.
As marcas da presença romana, nos locais que eles conquistaram, resistiram por um longo prazo e muitas existem até os dias
atuais.
A sociedade romana era bem dividida entre patrícios e plebeus e, ao longo da história, as desigualdades sociais levaram
essas classes a entrarem em choque por diversas vezes. Uma das grandes demonstrações dos embates entre plebeus e patrícios
pode ser encontradas nas reformas propostas pelos irmãos Graco.
A decadência romana foi iniciada a partir do século III d.C. e teve relação direta com o enfraquecimento da economia
romana. Primeiramente, o poderio de Roma sobre suas províncias enfraqueceu, e a economia romana esfacelou-se,
principalmente pela crise do sistema de escravos, que sustentava a produção romana.
Além disso, o controle romano sobre suas fronteiras começou a declinar, e os povos germânicos e outros bárbaros
do limes começaram a penetrar no território romano. Muitos foram agregados ao exército romano e, em troca, recebiam terras no
território. As invasões germânicas foram o evento que selou o fim do Império Romano na Europa Ocidental.
Em 476 d.C., o imperador Rômulo Augusto foi deposto pelos hérulos, e os territórios do Império Romano do Ocidente
foram ocupados por diferentes povos germânicos. A Idade Média estabeleceu-se dessa fusão entre a cultura latina com a cultura
germânica.
Fundação de Roma
A fundação de Roma está envolta em lendas. Segundo a narrativa do poeta Virgílio, em sua obra Eneida, os romanos
descendem de Enéias, herói troiano, que fugiu para a Itália após a destruição de Troia pelos gregos, por volta de 1400 a.C.
Reza a lenda que os gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de Enéias, foram jogados no rio Tibre, por ordem de Amúlio,
usurpador do trono.
Detalhe da pintura de Rubens que retrata Rômulo e Remo amamentados por uma loba
Amamentados por uma loba e depois criados por um camponês, os irmãos voltam para destronar Amúlio.
Os irmãos receberam a missão de fundar Roma, em 753 a.C. Rômulo, após desentendimentos, assassinou Remo e se
transformou no primeiro rei de Roma.
Na realidade, Roma formou-se da fusão de sete pequenas aldeias de pastores latinos e sabinos situadas às margens do
rio Tibre. Depois de conquistada pelos etruscos chegou a ser uma verdadeira cidade-Estado.
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MONARQUIA
A forma de governo adotada em Roma até o século VI a.C. foi a Monarquia. Os romanos acreditavam que o rei tinha
origem divina.
Esse período foi marcado pela invasão de outros povos (etruscos) que durante cerca de 100 anos, dominaram a cidade,
impondo-lhe seus reis. Em 509 a.C., os romanos derrubaram o rei etrusco (Tarquínio - o Soberbo), e fundaram uma República.
No lugar do rei, elegeram dois magistrados para governar.
República Romana
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A República Romana foi um período da história da civilização romana que durou 500 anos, de 509 a.C. a 27 a.C. quando
foi governada por senadores e magistrados.
Durante este tempo, Roma organizou suas instituições e realizou importantes conquistas militares que lhe garantiram o
domínio do Mar Mediterrâneo.
A República Romana tem sua origem no ano de 509 a.C, quando o último rei etrusco é deposto e o Senado assume as
funções de governo.
Instituições da República Romana
Senado – ocupava-se da política internacional e da supervisão das magistraturas e era convocado pelos cônsules,
pretores ou pelo tribuno da plebe. Chegou a ter 300 membros e cargo era vitalício. Os senadores eram patrícios que haviam
desempenhado alguma magistratura ou tinham feito algo relevante para a República.
Magistratura – para ser magistrado era preciso ser cidadão romano e dispor de uma renda de acordo com o cargo
desempenhado. Os magistrados tinham lugares privilegiados em cerimônias públicas e espetáculos, bem como o uso de cores
diferenciadas de acordo com seu cargo.
Cônsul – exercia o comando militar. No caso de guerra ou do impedimento de um dos cônsules eram substituídos por
um ditador. Este tinha um ano de mandato e poder absoluto sobre os cidadãos romanos.
Pretor – tinha a função de administrar a Justiça.
Edil - responsável por fiscalizar o comércio e conduzir a cidade.
Censor – se encarregava de contar a população, fiscalizar os candidatos a edil e vigiar a conduta moral do povo romano.
Questor – cobrava impostos e custodiava o patrimônio romano.
TRIBUNOS DA PLEBE
Os tribunos da plebe foram uma instituição política que representava os plebeus na República Romana.
O Tribuno da Plebe, também conhecido historicamente como Tribuno do Povo, foi uma magistratura instituída durante a
República Romana. Eram os representantes dos plebeus, eleitos pelo Conselho da Plebe para um mandato de um ano. Eles
representavam os cidadãos romanos de todas as classes (exceto os patrícios).
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populares em Roma. Com o risco de uma grande revolta dos plebeus, o Senado Romano enviou a um ex-cônsul romano, Agripa
Lanato, a missão de negociar com os plebeus uma saída para a crise. O Tribuno da Plebe surgiu neste contexto.
O primeiro Tribuno da Plebe foi instituído em 493 a.C.
Tibério Graco e Caio Graco: os irmãos foram os mais famosos tribunos da plebe e morreram defendendo a causa dos
plebeus romanos.
EXPANSÃO MILITAR
A decadência política, social e econômica, fez com que a plebe entrasse em conflito com os patrícios, essa luta durou
cerca de 200 anos. Uma vez que o conflito interno entre patrícios e plebeus foi se tranquilizando, os romanos passaram a
conquistar outras regiões da Península Itálica até dominá-la totalmente.
Em seguida, invadiram a Grécia, de onde trouxeram os deuses, a filosofia e vários costumes. Partiram, então, para a
guerra no outro lado do Mediterrâneo contra cidade de Cartago, num conflito que durou cerca de 120 anos e acabou com a vitória
romana. Apesar disso, os romanos conseguiram conquistar quase toda a Península Itálica e logo em seguida partiram para o
Mediterrâneo.
GUERRAS PÚNICAS
Guerras Púnicas é o nome dado a três guerras travadas entre Cartago – cidade localizada no norte da África e Roma,
entre os anos 264 a.C e 146 a.C..
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Cartago detinha o monopólio comercial marítimo, enquanto Roma almejava o expansionismo. Ambas lutaram pelo domínio
da região do Mar Mediterrâneo.
Púnico era o nome dado ao cartaginense pelos romanos, por isso, as guerras recebem esse nome.
CAUSAS
O Mar Mediterrâneo era dominado pelos grandes navegadores fenícios, povo que tinha o comércio marítimo como
principal atividade econômica. Após a conquista da Fenícia o seu povo fugiu e fundou Cartago que, então dominava o Mar
Mediterrâneo e territórios próximos à Península Itálica.
Roma, que dominava a Península Itálica, almejava agora o Mar Mediterrâneo e o controle do seu comércio.
Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.)
Inicialmente, Roma e Cartago mantinham boas relações comerciais e eram aliadas no propósito de apaziguar as relações
na ilha de Sicília, que se mantinham instáveis.
A Sicília, pertencente à Siracusa, era um ponto estratégico para o desenvolvimento do comércio marítimo e era, assim,
dominada por Cartago.
A Primeira Guerra Púnica tem início quando Roma, vislumbrando a possibilidade de conquistar a ilha e expandir seu
território, expulsa os cartagineses que lá viviam.
Ao fim desta guerra, os cartagineses foram vencidos pelos romando e perderam o domínio das ilhas Sicília, Córsega e
Sardenha. Além disso, tiveram de pagar indenizações à Roma.
Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.)
Na Segunda Guerra Púnica, Cartago é bem sucedida nas mãos do comando do general cartaginês Aníbal Barca, que
inicia a guerra a partir da invasão à Sagunto, cidade aliada à Roma.
Aníbal, o general que ficou conhecido por utilizar elefantes em seus ataques vence alguns conflitos e quase consegue
invadir Roma, através da sua conhecida estratégia de atravessar os Alpes.
Porém, os romanos, mais uma vez, vencem os cartagineses e, em consequência foram obrigados a pagar mais
indenizações à Roma, a fornecer alimentos para suas tropas, a libertar prisioneiros e a entregar navios de guerra.
Terceira Guerra Púnica (149-146 a.C.) – “DelengaCarthago”
O prejuízo dos cartaginenses em decorrência das duas primeiras guerras, leva Cartago a dar início ao desenvolvimento da
agricultura.
O fato de não se deixar vencer pela perda da hegemonia do comércio, principalmente, somado à iniciativa de buscar outras
condições que propiciassem o desenvolvimento econômico da cidade, leva à ira de Roma que, com receio de novos conflitos,
pensa não haver outra alternativa a não ser a destruição de Cartago. A frase “DelengaCarthago”, dita pelo senador romano Catão,
o Velho, significa “Cartago deve ser destruída”.
Consequências – “mare nostrum”
O domínio do Mediterrâneo e do seu comércio passa para Roma, que chama o mar Mediterrâneo de mare nostrum –
nosso mar.
Na sequência dessa conquista, tem início o Império Romano.
Em seguida, ocuparam a Península Ibérica (conquista que levou mais de 200 anos), Gália e o Mediterrâneo Oriental.
Os territórios ocupados foram transformados em províncias. Essas províncias pagavam impostos ao governo de Roma (em
sinal de submissão).
As conquistas transformaram exército romano em um grupo imbatível.
A comunidade militar era formada por:
- Cidadãos de Roma, dos territórios, das colônias e das tribos latinas que também tinham cidadania romana
- Comunidades cujos membros não possuíam cidadania romana completa (não podiam votar nem ser votados)
- Aliados autônomos (faziam tratados de aliança com Roma)
Além do exército, as estradas construídas por toda a península itálica também contribuíram para explicar as conquistas
romanas.
Os romanos desenvolveram armas e aperfeiçoaram também a técnica de montar acampamentos e construir fortificações.
A disciplina militar era severa e a punição consistia em espancamentos e decapitações. Os soldados vencedores recebiam
prêmios e honrarias e o general era homenageado, enquanto que os perdedores eram decapitados nas prisões.
As sucessivas conquistas provocaram, em Roma, grandes transformações sociais, econômicas e políticas.
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No plano social, o desemprego aumentou por causa do aproveitamento dos prisioneiros de guerra como escravos. A mão-
de-obra escrava provocou a concentração das terras nas mãos da aristocracia (provocando a ruína dos pequenos proprietários de
terras que foram forçados a migrar para as cidades).
Na economia, surgiu uma nova camada de comerciantes e militares (homens novos ou cavaleiros) que enriqueceram com
as novas atividades surgidas com as conquistas (cobrança de impostos, fornecimento de alimentos para o exército, construção de
pontes e estradas, etc).
Além disso, sociedade romana também sofreu forte influência da cultura grega e helenística:
- A alimentação ganhou requintes orientais
- A roupa ganhou enfeites
- Homens e mulheres começaram a usar cosméticos
- Influência da religião grega
- Escravos vindos do oriente introduziram suas crenças e práticas religiosas
- Influência grega na arte e na arquitetura
- Escravos gregos eram chamados de pedagogos, pois ensinavam para as famílias ricas a língua e a literatura grega
Essas influências geraram graves consequências sobre a moral: multiplicou-se a desunião entre casais e as famílias ricas
evitavam ter muitos filhos.
Tais transformações foram exploradas pelos grupos que lutavam pelo poder e esse fato desencadeou uma série de lutas
políticas. A sociedade romana dividiu-se em dois partidos: o partido popular (formado pelos homens novos e desempregados) e o
partido aristocrático (formado pelos grandes proprietários rurais). Essas lutas caracterizaram a fase de decadência da República
Romana.
Fim da República Romana
Na República romana, a escravidão era à base de toda produção e o número de escravos ultrapassava os de homens
livres. A violência contra os escravos causou dezenas de revoltas.
Uma das principais revoltas escravos foi liderada por Espártaco entre 73 a 71 a.C. À frente das forças rebeldes, Espártaco
ameaçou o poder de Roma.
Com a expansão territorial romana, a República ficou mais difícil de governar devido à inclusão de novos povos e do
tamanho.
Igualmente, a fragmentação do poder não ajudava na tomada de decisões rápidas e a prática da corrupção se havia
generalizado entre os magistrados.
Assim, os romanos buscam novas fórmulas que permitissem a centralização do poder, mas sempre auxiliado (e vigiado)
pelo Senado. Primeiro, através do Triunvirato e depois através da figura de um só Imperador. Começaria, então, a época do
Império Romano.
Para equilibrar as forças políticas, em 60 a.C., o Senado indicou três líderes políticos ao consulado, Pompeu, Crasso e
Júlio César, que formaram o primeiro Triunvirato.
Após a morte de Júlio César, foi instituído o segundo Triunvirato constituído por Marco Antônio, Otávio Augusto e Lépido.
As disputas de poder eram frequentes. Otávio recebeu do senado o título de Prínceps (primeiro cidadão) foi a primeira fase
do império disfarçado de República.
IMPÉRIO
Dois nomes sobressaíram durante o Império Romano: Julio César e Augusto.
Após vários conflitos, Julio César tornou-se ditador (com o apoio do Senado) e apoiado pelo exército e pela plebe urbana,
começou a acumular títulos concedidos pelo Senado. Tornou-se Pontífice Máximo e passou a ser: Ditador Perpétuo (podia
reformar a Constituição), Censor vitalício (podia escolher senadores) e Cônsul Vitalício, além de comandar o exército em Roma e
nas províncias.
Tantos poderes lhe davam vários privilégios: sua estátua foi colocada nos templos e ele passou a ser venerado como um
deus (Júpiter Julius).
Com tanto poder nas mãos, começou a realizar várias reformas e conquistou enorme apoio popular.
- Acabou com as guerras civis
- Construiu obras publicas
- Reorganizou as finanças
- Obrigou proprietários a empregar homens livres
- Promoveu a fundação de colônias
- Reformou o calendário dando seu nome ao sétimo mês
- Introduziu o ano bissexto
- Estendeu cidadania romana aos habitantes das províncias
- Nomeava os governadores e os fiscalizava para evitar que espoliassem as províncias
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Durante toda a Idade Média, Roma manteve parte da sua antiga importância, mesmo com a população reduzida. Era
apenas uma modesta cidade quando foi eleita capital da Itália em 1870.
A civilização romana deixou para a cultura ocidental uma herança riquíssima.
- A legislação adotada hoje em vários países do mundo tem como inspiração o Direito criado pelos romanos
- Várias línguas (inclusive o português) derivaram do latim falado pelos romanos
- Arquitetura
- Literatura
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AUGE
Um dos principais imperadores bizantinos foi Justiniano (527-565), pois em seu governo, o Império Bizantino atingiu o máximo
esplendor.
Filho de camponeses, Justiniano chegou ao trono em 527. Sua esposa, Teodora, também vinha de origem humilde
e exerceu decisiva influência sobre a administração do Império.
Justiniano foi também o responsável pela reconquista de territórios que antes haviam pertencido ao Império
Romano do Ocidente, incluindo Roma, o sul da Espanha e o norte da África. Estas regiões haviam sido ocupadas pelos povos
germânicos.
Mapa do Império Bizantino sob o reinado do Imperador Justianiano. Em laranja escuro, o Império Bizantino e na
parte clara, os território conquistados por Justiniano
No poder, Justiniano procurou organizar as leis do Império. Encarregou uma comissão de juristas de elaborar o
“Digesto”, uma espécie de manual de Direito destinado aos estudantes, que foi publicado em 533.
Nesse mesmo ano foram publicadas as "Institutas", com os princípios fundamentais do Direito Romano e no ano
seguinte concluiu o Código de Justiniano.
As três obras de Justiniano eram uma compilação das leis romanas desde a República até o Império Romano.
Posteriormente, foram reunidas numa única obra o Codex Justinianus, depois chamado de Corpus Juris Civilis (Corpo de Direito
Civil).
O florescimento do Império Bizantino se deu com o imperador Justiniano I a partir de 527 d.C.. Foi em seu governo
que ocorreu a restauração da grandeza romana: ele conseguiu recuperar grandes extensões de territórios perdidos por Roma
como a península da Itália, o sul da península Ibérica e o norte da África.
Foi também sob Justiniano I que o Império Bizantino deixou legados vivos até hoje. Físicos, como a Basílica de
Santa Sofia, em Constantinopla (atual Istambul); e imateriais: foi o imperador quem reformou e recodificou o Direito Romano,
código de leis que ajudou a fundamentar muitos estados modernos.
REVOLTA DE NIKA
O chamado Império Romano do Oriente foi fundado, como sabemos, no século IV d.C. pelo imperador Constantino. A
transferência do centro do poder romano para Bizâncio (que passou a ser conhecido como Constantinopla) objetivava afastar o
império da pressão exercida pelas invasões bárbaras, que assolavam, à época, o lado ocidental da Europa. Com o
estabelecimento em Constantinopla, o império romano absorveu muitos elementos do cristianismo ortodoxo e também muitas
características tradicionais do Império Romano. Entre essas últimas, estava a forma de lidar com as massas que habitavam a
cidade.
Se, em Roma, os espetáculos realizados no Coliseu entretinham as camadas populares da cidade, em Constantinopla, a
população concentrava-se nas corridas de cavalos realizadas no Hipódromo da cidade. Assim como no Coliseu, a violência e a
brutalidade extremas também se alastravam no Hipódromo, mas com repercussões sociais mais complicadas de se lidar do que
em Roma. Na época do imperador Justiniano, houve, em decorrência das rivalidades existentes em torno das corridas de cavalos,
um surto de violência que culminou em uma revolta política, conhecida como Revolta de Nika.
A Revolta de Nika aconteceu no ano de 532 d.C. Apesar de Justiniano ter sido um dos imperadores que mais conseguiram
tornar o Império Bizantino poderoso e sofisticado, com conquistas de território e embelezamento de Constantinopla, sua forma de
administração austera não lhe garantiu popularidade. As insatisfações sociais das camadas populares do império refletiam-se nas
corridas de cavalos do Hipódromo. Duas facções principais disputavam a atenção do imperador: a verde e a azul. Essas disputas
chegavam ao ponto de seus membros assassinarem uns aos outros.
Justiniano, para barrar o excesso de violências entre as facções, decidiu punir os líderes de ambas, condenando-os à
morte. Esse gesto gerou a revolta geral. Em certa ocasião em que o imperador estava no hipódromo e preparava-se para assistir
a mais uma disputa, os membros das duas facções uniram-se e realizaram um motim que se transformou em um levante social e
político. Diz-se que, enquanto conseguiam bloquear as atividades do imperador, a massa gritava “Nika! Nika!”, que significa, em
grego, “Vitória”.
Esse levante culminou em uma onda de depredação e atos violentos que demorou três dias. Uma das vandalizações foi
perpetrada contra a Igreja de Santa Sofia, como relata o historiador Procópio de Cesarea:
“Alguns homens da ralé, toda a escória da cidade, ergueram-se numa dada altura contra o
imperador Justiniano em Bizâncio, quando provocaram o levantamento conhecido por Insurreição de Nika.
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[…] E a fim de mostrarem que não era só contra o imperador que tinham pegado em armas, mas também
contra o próprio Deus, miseráveis e ímpios com eram, tiveram a ousadia de incendiar a igreja dos cristãos,
a que o povo de Bizâncio chama Sofia, epíteto que muito apropriadamente inventaram para Deus e pelo
qual nomeiam o Seu templo; e Deus permitiu-lhes a realização desta impiedade, sabendo em que objeto de
beleza esta relíquia estava destinada a transformar-se. Assim, toda a Igreja por essa altura era um monte
de ruínas calcinadas.”
Os revoltosos tentaram empossar o senador Hipácio, um dos inimigos políticos de Justiniano, como imperador. Enquanto
isso, Justiniano, orientado por sua esposa, Thedora, procurou um meio de, a um só tempo, ganhar tempo com as hordas violentas
e preparar um contragolpe para o motim. O imperador procurou incitar nas facções o ódio recíproco que lhes era característico.
Ao mesmo tempo, seus principais generais, Belisário e Mundus, organizaram as tropas imperiais para invadir o Hipódromo e
sufocar a revolta. Especula-se que mais de 30 mil pessoas foram assassinadas pelas tropas do imperador. Entre os mortos,
estavam políticos, comerciantes e outras pessoas de destaque na cidade. Hipácio, que tentara usurpar o trono, foi um dos
assassinados.
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Para os bizantinos, as imagens, denominadas ícones, deviam ser bidimensionais e esta disputa acabou levando-os
a um movimento de destruição conhecido como Iconoclastia. Assim, muitas obras de arte se perderam enquanto não se chegou
um acordo sobre a relação da veneração das imagens.
Os questionamentos dos dogmas cristãos pregados por Roma deram origem a algumas heresias - correntes
doutrinárias discordantes da interpretação cristã tradicional.
As diferenças culturais entre Oriente e Ocidente e as disputas pelo poder entre o Papa e o Imperador, culminaram
na divisão da Igreja, em 1054, criando uma cristandade ocidental, chefiada pelo Papa; e uma oriental, chefiada por um colegiado
de bispos e o imperador. Esse fato recebeu o nome de Cisma do Oriente.
A partir de então, a Igreja Oriental passou a ser conhecida como Igreja Católica Ortodoxa e foi responsável por
cristianizar lugares como a Rússia, Bulgária, a Península do Balcãs, entre outros.
Significado de Ortodoxo - A palavra ortodoxo vem do grego, da junção de “orthos” que significa “reto” e “doxa” que
significa “fé”. Por isso, o cristianismo ortodoxo acredita que eles sejam os únicos depositários da verdadeira fé.
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O Cristianismo ortodoxo venera uma cruz com um desenho diferente daquela que costumamos ver nas igrejas
latinas.
A cruz ortodoxa tem oito braços e Jesus aparece com os dois pés feridos por cravos. Na extremidade superior,
temos o lugar onde se escreveram o nome de Jesus em vários idiomas. Na inferior, podemos ver uma caveira que nos remete ao
"Calvário", monte onde Cristo foi crucificado.
CRISTIANISMO X ISLAMISMO
Com a capital situada exatamente entre a Europa e a Ásia, o Império Bizantino foi palco do embate entre o Cristianismo e o
Islamismo. As primeiras invasões de tropas muçulmanas começaram em 634, 12 anos depois da fundação da religião pelo profeta
Mohammed. Ao final do século 7, o Império Bizantino já havia perdido a Síria, Jerusalém, o Egito e o norte da África para as
tropas islâmicas
Foi no Império Bizantino que também se originaram as Cruzadas, série de guerras entre cristãos e muçulmanos
ocorridas entre 1095 e 1291. A primeira delas foi resultado de uma convocação do imperador bizantino Aleixo I aos reinos da
Europa Ocidental para conter o avanço dos turcos seljúcidas, que haviam conquistado territórios na Ásia Central e rumavam em
direção à Constantinopla. Franceses, italianos e alemães atenderam ao chamado e ajudaram a expulsar os turcos,
reconquistando territórios para o Império Bizantino.
QUEDA
Após o auge do governo Justiniano, no século VI, o Império Bizantino não expandiu mais seu território. Seguiram-se
anos de prosperidade, onde os bizantinos desenvolveram um dos maiores impérios da Idade Medieval.
Por outro lado, com a conversão dos árabes ao islamismo, no séc. VII, vários monarcas muçulmanos passam a
atacar as fronteiras do Império Bizantino e ocupá-lo.
Durante a Baixa Idade Média (séculos X a XV), além das pressões dos povos e impérios nas suas fronteiras
orientais e perdas de territórios, o Império Bizantino foi alvo da retomada expansionista ocidental. A Quarta Cruzada foi
particularmente nociva à Constantinopla. Ao invés dos cruzados atacarem Jerusalém, preferiram guerrear contra um império
cristão e ainda instalaram ali o Patriarcado Latino.
O fim do Império Bizantino aconteceu em 1453, com a derrubada de Constantinopla pelos turco-otomanos. Marcou
também o encerramento da Idade Média e o início da Era Moderna.
O sucesso das campanhas contra os turcos gerou atrito entre o Império Bizantino e a Europa Ocidental. As
animosidades chegaram a tal ponto que os cruzados decidirem mudar o foco da Quarta Cruzada, que ocorreu entre 1199 e 1204
d.C.. Em vez de tentar retomar Jerusalém, as tropas decidiram conquistar e saquear Constantinopla, obrigando os bizantinos a se
exilarem em Nicéia, importante cidade reconquistada dos turcos.
A retomada da capital só ocorreu em 1261. E isso teve um custo econômico enorme. Também permitiu que os
turcos voltassem a conquistar influência na região. A partir do Século 14, o Império Bizantino murchava ao mesmo tempo que o
Império Otomano crescia e ganhava força. O final da história aconteceu em 29 de maio de 1453, quando, após um cerco de 53
dias, o sultão Mohammed II, o Conquistador, invadiu Constantinopla e eliminou Constantino XI, o último imperador bizantino.
Com a expansão dos turcos-otomanos no século XIV, tomando os Bálcãs e a Ásia Menor, o império acabou
reduzido à cidade de Constantinopla.
O predomínio econômico das cidades italianas ampliou o enfraquecimento Bizantino, que chegou ao fim em 1453,
quando o sultão Maomé II destruiu as muralhas de Constantinopla com poderosos canhões.
Os turcos transformaram-na em sua capital, passando a chamá-la de Istambul, como é conhecida hoje.
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DINASTIA MEROVÍNGIA
Com a desintegração do Império Romano, surgem inúmeros reinos bárbaros, os quais, por sua vez, irão também
sofrer com as contínuas invasões bárbaras e muçulmanas. Assim, a Europa fragilizada não consegue se reunificar, uma vez que
não haviam de reis cristãos e a maioria dos povos eram pagãos ou convertidos às heresias cristãs, como o arianismo.
Este quadro muda no século V, quando Clóvis I (481-511) unifica as tribos francas e funda o Estado dos Francos,
tornando-se o primeiro rei cristão dos francos a fundar uma dinastia, a saber, a Merovíngia.
Foi sob o comando Clóvis I (466 - 511), que os francos passaram a viver mais um momento de expansão. Clóvis,
que era filho de Childerico, ascendeu ao trono em 481, quando tinha 15 anos, e consolidou a dinastia merovíngia, que perdurou
por 200 anos.
Os francos eram pagãos, quando a maioria das tribos bárbaras da época já seguia os preceitos do cristianismo. Foi
o rei Clóvis I o responsável pela conversão dos francos ao cristianismo. Segundo historiadores, o batismo do rei ocorreu após o
casamento com a princesa Clotilde Borgonha (457 - 545) e após a vitória contra os alemães, em 496, atribuída à vontade divina.
A estratégia de Clóvis I era, contudo, facilitar a aceitação dos galeses e romanos após a conquista do Império
Romano do Oriente. Sob o reino de Clóvis, muitos aspectos dos francos influenciaram na região, como a língua, as crenças
religiosas e a legislatura, que se tornaram uma mudança das culturas germânicas e romanas.
Os francos mantiveram a indústria e a manufatura dos romanos e dos germânicos, bem como a arte e a arquitetura.
Após a morte de Clóvis, o reino foi dividido entre seus quatro filhos. O mais velho, Teodorico I, controlou a margem oeste do Mar
do Norte até a região dos Alpes.
Com sua morte em 511, seu reino foi dividido entre seus quatro filhos, até que, em 628, Dagoberto consolida-se
como único rei, dando início as gerações de “reis indolentes”, os quais ficavam cada vez mais distantes e desinteressados das
funções administrativas do reino. É neste contexto que ganham destaque os “Mordomos do Paço” (ou do Palácio), responsáveis
pelo controle do Estado e do exército.
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Assim, Carlos Martel (715-741), um prestigiado vassalo e mordomo do paço, derrota os visigodos em 711; e os
árabes na Batalha de Poitiers, em 732; consagrando-se como um grande líder.
Com sua morte, seu filho Pepino, o Breve, assume seu posto e, em 751, com as bênçãos do Papa Zacarias,
desfere um golpe de Estado, usurpando o trono dos Francos e depondo Childerico III, para depois reunificar e expandindo as
fronteiras do seu reino.
Pepino morre em 768 e o seu reino é dividido entre seus dois filhos: Carlomano e Carlos Magno; os irmãos serão
rivais no poder até a morte de Carlomano, em 771.
A partir daí, Carlos se consolida no poder e empreende seu projeto de expansionismo militar para reconquistar os
antigos territórios do Império Romano do Ocidente, incluindo as regiões da Germânia, do norte da Itália e da Espanha.
IMPÉRIO CAROLÍNGIO
A dinastia carolíngia foi iniciada por Pepino, o Breve, que se tornou rei dos francos em 754, sucedido por seu filho,
Carlos Magno, em 768. Sob o domínio de Carlos Magno, os francos ocuparam a maior parte da Europa Ocidental.
O Império Carolíngio (800-888) tem seu nome derivado de Carolus (do latim, Carlos) e designa o Reino Franco que
ocupou a região da Europa central (coincidindo com o antigo Império Romano do Ocidente, um território de aproximadamente
1.112.000 km² e cerca de 20 milhões de pessoas).
A formação deste império está na gênese dos processos de constituição da sociedade feudal, bem como foi
responsável pela expansão do Cristianismo pela Europa.
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O RENASCIMENTO CAROLÍNGIO
O Renascimento Carolíngio foi o momento de alta atividade cultural na Idade Média, fundamental para o
pensamento humanista do início da Idade Moderna. O principal esforço veio com o reinado de Carlos Magno (768-814). A
expansão territorial do Império Carolíngio não começou com Magno, mas foi a partir dele que o domínio alcançou grande parte da
Europa. Dessa forma, consolidou o poder dos francos, porém, não sem buscar as referências da Antiguidade.
A queda de Roma significou o fim das estruturas burocráticas que auxiliavam na administração imperial. Os
romanos possuíam um sistema jurídico e político aprimorados durante séculos. Para a população comum pouco mudou, pois a
desigualdade e as classes continuavam como sempre. Contudo, na questão política, as transformações foram sensíveis. Os
reinos germânicos precisaram se adaptar para ganhar legitimidade perante o povo que passou a ser governado por eles. A
aliança com a Igreja foi uma estratégia bem-sucedida, mas isso não significou a homogeneização do catolicismo. A crença variava
de acordo com o lugar, pois absorvia as suas particularidades e se transformava junto dos fiéis.
Carlos Magno queria a unificação do seu Império, o que seria feito por meio da fé. A necessidade de educar a
todos, inclusive os funcionários e clero, fez com que dedicasse muitos recursos para o desenvolvimento cultural dos reinos. Se a
base era o catolicismo, a referência era o Império Romano. O rei carolíngio se considerava sucessor dos antepassados romanos
e queria que o latim fosse praticado como na Antiguidade. É bom destacar que esse ponto de vista era claramente idealizado,
porque a língua no passado imperial não era a mesma em todas as províncias. Primeiro, a uniformização da língua falada não
existe em nenhum lugar, pois uma das características da linguagem é a transformação. Dialetos e maneirismos são adicionados
organicamente ao longo do tempo, o que impede a unificação. Esta só é possível ao ser institucionalizada, quando o estado
estabelece uma língua oficial que é utilizada em níveis burocráticos, na sistematização política. Magno queria que o seu reinado
tivesse uma língua conhecida por todos, pois era um dos caminhos para unificá-lo e diferenciá-lo dos outros territórios europeus.
Para que isso ocorresse, a ideia era educar. O Império Carolíngio começa a patrocinar a formação de escolas e de
intelectuais focados no ensino e aprendizagem, inclusive, se incluiu no processo. Como exemplo e por vontade própria, contratou
os principais eruditos europeus para ensiná-lo latim, escrita e conhecimentos gerais. Boa parte dos nobres e clero eram
analfabetos, e queria corrigir essa situação. A ideia principal era instituírem ensinamento correto das escrituras sagradas para
todos, por isso o ponto de partida para a unificação formal do Império veio por meio do catolicismo.
Com isso, houve o desenvolvimento literário que atingiu, de início, o clero. Nos monteiros, os monges passaram a
se dedicar à produção dos manuscritos, que exigia muito tempo e habilidades. A partir de cópia dos livros clássicos, preservaram
os principais conteúdos criados na Antiguidade. Junto disso, surgiram as iluminuras, decorações introduzidas nos manuscritos
medievais que foram ganhando mais espaço ao longo do tempo e demonstravam o ponto de vista estético do período. A
padronização do ato de copiar, do trabalho manual, foi uma das premissas de Carlos Magno pois auxiliaria na disseminação do
conteúdo e das ideias dessas obras, facilitando a compreensão que antes era mais difícil pelas diferenças gritantes entre elas.
Com as obras antigas sendo copiadas e preenchendo as bibliotecas eclesiásticas, aumentam as atividades
intelectuais que culminou no surgimento das Universidades. Os primeiros cursos eram de Teologia, e conforme as ciências foram
se desenvolvendo, novas carreiras se tornaram foram agregadas.
Tudo isso foi possível devido ao crescimento econômico da Dinastia Carolíngia. A ideia de Renascimento, contudo,
pode ser debatida, porque dá a entender que o período anterior não tinha qualquer manifestação artística, o que é incorreto. Além
dos motivos explanados anteriormente, a ambição de normalizar o latim ajudaria no processo de ordenação do sistema
burocrático.
Foi por essa iniciativa de escolarização, aprendizagem e produção massiva de manuscritos, que o Renascimento
moderno foi possível, já que a cópia dos clássicos manteve essas obras para a posteridade. Os métodos desenvolvidos nesse
momento foram vastamente aplicados, dando espaço para o surgimento de duas línguas: o latim formal, ensinado nas escolas,
Universidades e utilizado com mais frequência pela Igreja; e o latim comum, que era falado pelo povo, e foi o embrião das línguas
conhecidas hoje como latinas: o italiano, francês, português, espanhol, entre outros dialetos falados na Europa.
A Idade Média foi muito rica culturalmente, com o desenvolvimento de características que foram essenciais para a
identidade dos povos europeus e, também, para as mudanças políticas que ocorrerão após o século XIII.
A principal característica política administrativa do Império Carolíngio foi a distribuições de terras entre os oficiais e
soldados mais leais à realeza, mediante um juramento de fidelidade ao Imperador. Consequentemente, isso criou uma intensa
regionalização do poder, ao possibilitar o estabelecimento de uma influente nobreza regional.
Esta elevação era adquirida pelos títulos de nobreza, como o de Condes, Guardiões dos Condados e Marqueses,
defensores das Marcas, regiões fronteiriças do Império. Estes dotes chegavam centenas de condados e marcas, donde a
administração do vasto território era realizada pela administração itinerante da corte do imperador. Ela se deslocava pelo território,
bem, como pelos missi dominici (do latim, enviados do senhor), responsáveis por fiscalizar as atividades da nobreza.
Outra característica notável foi o fortalecimento dos laços de servidão responsáveis pela transformação de homens
livres em servos ligados a terra em que viviam. Este sistema possibilitou um grande desenvolvimento rural e agrícola, tornando
essas atividades à base da economia, com várias feiras e mercados nos centros urbanos europeus.
Além disso, este soberano estimulou o desenvolvimento das artes e instituiu um conjunto de leis escritas
denominadas “Leis Capitulares”. Após sua morte em 814, estes laços de fidelidade passaram a seu filho e sucessor, Luís I, o
Piedoso, o qual, por sua vez, falece em 840, deixando três herdeiros que irão disputar a Coroa. Ora, Lotário, o primogênito, irá
confrontar-se com seus irmãos Luís, o Germânico, e Carlos, o Calvo.
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Como resultado desta disputa, surge o Tratado de Verdun, em 843, oficializando a divisão do Império Carolíngio.
Como a morte de Lotário, seus irmãos anexam seus territórios e fazem surgir a Frância Oriental, futura Alemanha, e a Frância
Ocidental, que se tornará o Reino da França.
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Mundo medieval
A Idade Média é um período compreendido entre os séculos V e XV, entre a Queda do Império Romano (476) e a
Queda de Constantinopla (1453). Muitas transformações contribuíram para a construção do mundo moderno.
A palavra-chave para o entendimento da Idade Média é feudalismo. Um conjunto de laços pessoais entre nobres
através da concessão de feudos. O feudalismo surgiu da necessidade dos nobres em estabelecer laços de fidelidade mútuos
devido à ruralização e à descentralização política provocada pelas invasões ocorridas a partir de fins do século IX.
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RURALIZAÇÃO
Após a desgregação do Império Romano, a Europa Ocidental ruralizou-se, e esse é um dado comprovado pelos
historiadores. Isso foi uma consequência direta da devastação causada pela crise romana e pelas invasões germânicas. Os povos
invasores tinham como grande alvo as cidades romanas, pela quantidade de bens que poderiam ser saqueados.
Além disso, com a crise econômica romana e a devastação causada pelos germânicos, a produção agrícola do
império caiu drasticamente e o comércio enfraqueceu-se. Com a produção e o comércio em queda, as grandes cidades ficaram
desabastecidas. Num cenário de morte e fome, as cidades logo se tornaram locais de proliferação de doenças.
Esse cenário forçou milhares de pessoas a buscarem refúgio no campo, longe das cidades. Elas passaram a
abrigar-se em pequenas vilas ou ao redor de grandes propriedades de terra para obter alguma proteção em comida. Os donos
das grandes propriedades converteram-se em chefes militares, para garantir a segurança de seus bens, e passaram a explorar
aqueles que procuravam trabalho em suas terras. Desenvolveu-se nesse processo a servidão medieval.
REDUÇÃO POPULACIONAL
A Alta Idade Média ficou marcada pela redução populacional. Os fatores diretos dessa redução foram as guerras, a
fome e as doenças que foram trazidas durante as invasões germânicas. Hilário Franco Júnior aponta que, no ano 200, a
população na Europa Ocidental era de 24,1 milhões de pessoas, enquanto que, no ano 600, era de 16,3 milhões. Só a partir do
século VIII a população europeia começou a recuperar-se.
TRABALHO E SOCIEDADE
Durante a Alta Idade Média, a Europa ruralizou-se e presenciou a formação dos feudos.
Como mencionado, durante a Alta Idade Média, consolidou-se a servidão. O camponês ficava preso à terra em que
ele estava durante toda a sua vida. Essa terra não pertencia a ele, mas a um nobre que lhe fornecia o direito de instalar-se nela e
tirar a sua subsistência do cultivo. O camponês deveria pagar vários tributos pelo direito de cultivar a terra e por utilizar as
instalações do seu senhor.
Esse processo de consolidação do trabalho servil aliado à ruralização e ao progressivo isolamento dessas
propriedades fez com que o feudalismo fosse estruturado. No entanto, a formatação clássica do feudalismo só entrou em vigor a
partir do século XI, portanto, na Baixa Idade Média.
O trabalho dos camponeses era marcado pela baixa produtividade, pois era manual e as técnicas de produção eram
arcaicas. Isso afetava diretamente a vida do camponês, uma vez que grande parte da sua pequena produção era revertida em
imposto para os donos das terras. Esse quadro reforçava a penúria dos trabalhadores na Alta Idade Média.
Só para termos uma ideia dessa baixa produtividade, vale considerar uma estatística trazida pelo historiador Robert
Darnton. Ele aponta que, na França, durante a Idade Moderna (séculos XV ao XVIII), cada semente fornecia cinco grãos de trigo,
um retorno muito baixo. Podemos considerar que na Alta Idade Média (séculos antes da Idade Moderna) a produtividade era igual
ou até mesmo menor que isso. Para fins de comparação, Darnton aponta que, no século XX, cada semente fornecia até trinta
grãos, uma diferença abissal.
A sociedade medieval era dividida em ordens ou estamentos, camadas sociais definidas conforme o papel
desempenhado por seus membros. O bispo Adalberón traduziu a visão da Igreja sobre a sociedade medieval em um poema onde
dizia que o clero era os que oravam; a nobreza, os que guerreavam; os servos, os que trabalhavam.
Essa sociedade divididia-se em classes e com pouca mobilidade social. No topo da pirâmide estava o clero,
formado por representantes da Igreja Católica, também detentor de poder político e econômico; logo abaixo vinha a nobreza, a
elite detentora do poder político, militar e econômico; e na base estavam os camponeses e servos, grupo mais explorado que
tirava seu sustento por meio de seu trabalho e era obrigado a pagar pesados impostos aos outros dois grupos e os únicos que
trabalhavam e sustentavam as classes de cima.
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ECONOMIA
A agricultura tornou-se a principal atividade econômica, da qual quase toda a riqueza no período era produzida, por
meio do trabalho dos camponeses. Os servos trabalhavam na terra para o seu próprio sustento, de sua família e do seu senhor.
Havia uma dinâmica ao lidar-se com a terra aproveitando-a ao máximo sem desgastá-la. Enquanto uma parte da
terra era utilizada para o cultivo, uma outra porção dela ficava em repouso. Logo após a colheita, a terra trabalhada ficava em
repouso e a outra era utilizada. Esse era o sistema de rotação, que evitava o desgaste do solo.
A produção artesanal era baixa, e isso era fruto da redução populacional, pois não havia mão de obra qualificada
para a atividade, além de haver pouca matéria-prima disponível e poucos consumidores.
O artesanato começou a ganhar força, a partir do século VIII, à medida que a população europeia crescia. No caso
do comércio, é importante esclarecer que o comércio mediterrâneo, por influência dos bizantinos, continuou existindo. No entanto,
na Europa Ocidental, essa atividade enfraqueceu-se por conta da organização econômica baseada em um relativo isolamento.
Não era frequente que existissem excedentes que fossem comercializados, mas quando eles existiam eram
comercializados com feudos vizinhos ou eram levados para pequenas feiras que se desenvolviam.
A pouca presença dessa atividade na Europa Central, durante a Alta Idade Média, contribuiu para que circulação da
moeda começasse a diminuir. Isso porque o comércio que ainda existia nesse período baseava-se na troca de mercadorias.
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POLÍTICA
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Politicamente, a influência da cultura germânica foi muito presente, a começar pela forma como essa população
organizava-se. Tratava-se de reinos, liderados por um rei que, geralmente, era o chefe militar.
Essa estrutura de poder era típica dos povos germânicos, e o historiador Jacques Le Goff afirma que ela era
detestada pelos romanos. Le Goff também sugere que as leis que surgiram na Europa após o fim do Império Romano eram
baseadas em códigos da tradição germânica.
Na Alta Idade Média, estabeleceu-se uma aliança entre o poder secular e o poder eclesiástico. A Igreja Católica
consolidou-se como instituição religiosa, e, aos poucos, seu poder econômico permitiu-lhe interferir no poder secular. Assim,
muitos dos reinos germânicos que surgiram — o caso mais simbólico é o dos francos — procuraram respaldo e legitimidade para
seu poder na Igreja Católica.
Por fim, vale destacar que, na Alta Idade Média, estabeleceu-se uma relação de poder que foi uma das grandes
marcas da Idade Média: a vassalagem. Isso aconteceu porque, na Alta Idade Média, o rei era uma figura frágil e que só garantia
sua posição de poder com o apoio de outros nobres/chefes militares.
Para isso surgiu essa relação de fidelidade entre rei e nobre, na qual o rei (suserano) demandava a fidelidade de
seu nobre (vassalo). Em troca, o suserano fornecia uma terra e os direitos e privilégios de exploração a seu vassalo, que, por sua
vez, devia auxiliá-lo na governança e fornecer suas tropas quando necessário.
CULTURA
A cultura da Alta Idade Média estava concentrada nos mosteiros. A produção da Antiguidade Clássica foi guardada,
e os monges copistas tinham a missão de copiar os textos antigos para que não se perdessem com o tempo. O acesso às
bibliotecas dos mosteiros era restrito e o trabalho era manual.
Feudalismo
O QUE É FEUDALISMO?
O feudalismo foi à forma de organização social e econômica instituída na Europa Ocidental entre os séculos V a XV,
durante a Idade Média. Baseava-se em grandes propriedades de terra, chamadas de feudos, que pertenciam aos senhores
feudais, e a mão de obra era servil.
De acordo com Jacques Le Goff, um dos principais estudiosos da Idade Média, o feudalismo é “um sistema de
organização econômica, social e política baseado nos vínculos de homem a homem, no qual uma classe de guerreiros
especializados — os senhores —, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de vínculos de dependência, domina uma
massa campesina que explora a terra e lhes fornece com que viver”.
O feudalismo foi um modelo social e econômico que vigorou dos séculos V ao XV, na Europa Ocidental, e que
marcou profundamente a Idade Média. Esse modelo era baseado na terra e, por meio dela, constituíam-se a atividade econômica
e a estrutura social.
Os feudos eram grandes propriedades de terra onde se baseavam as relações sociais e econômicas durante a
Idade Média.
ORIGEM DO FEUDALISMO
A origem do feudalismo está na crise que provocou a queda do Império Romano do Ocidente. No século III, por
conta da crise econômica provocada pela falta de escravizados e das invasões germânicas.
Os germanos eram povos que estavam fora dos limites do grande império atravessaram as suas fronteiras e
adentraram no território, alcançando Roma. A capital do império foi saqueada pelos bárbaros. Essa ação violenta e a
desestruturação do Império Romano fizeram com que os moradores das cidades e migraram para o campo com o objetivo de
encontrar proteção e trabalho. Dessa forma, surgiam os colonatos, nos quais aqueles que encontravam abrigos no campo
trabalhavam para o seu senhor.
O surgimento dos reinos germânicos, no século V, contribuiu para aprofundar o processo de ruralização europeia.
Além desse movimento de saída das cidades para o campo, o enfraquecimento do poder político contribuiu para o surgimento do
feudalismo.
Nessa transição entre a queda do Império Romano, ocorrida no século IV d.C., e o início da Idade Média, observa-
se a ruralização da Europa, ou seja, as cidades perderam suas forças para o campo promovendo o fortalecimento dos nobres.
A nobreza era formada pelos senhores feudais, por cavaleiros que garantiam a segurança dos feudos e por outros
donos de terras.
Nessa classe social se desenvolveu a fidelidade entre suseranos e vassalos. Os suseranos eram aqueles que
concediam terras e outros favores aos vassalos, e estes, em troca, deveriam retribuir o favor quando solicitados. Essa fidelidade
era uma característica dos povos bárbaros e que foi incorporada nas relações sociais feudais. Fazia-se uma cerimônia, a
“Homenagens”, que por norma aconteciam em igrejas para tornar público o acordo firmado, estabelecendo-se o sistema de
vassalagem.
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Este sistema se estabelecia por um ato espontâneo que firmava um compromisso de fidelidade de um cavaleiro
(vassalo) para outro nobre (suserano) durante uma cerimônia, a homenagem era dividida em dois atos. No juramento, o vassalo
prometia auxílio militar quando requisitado, conselhos e ajuda financeira quando necessário. Em contrapartida, na investidura, o
suserano cedia um feudo que podia ser uma porção de terra, pensão ou rendimento agrícola.
Os senhores feudais, os donos dos feudos, tornaram-se poderosos por conta da valorização as terras. Enquanto os
imperadores concentravam poderes nos tempos de domínio romano, no feudalismo, o poder foi descentralizado nas mãos desses
senhores donos das terras.
Os servos trabalhavam nos feudos que procuravam para proteção. Ficavam sob as ordens do Senhor Feudal que
herdava e transmitia seu feudo hereditariamente. Suas terras eram divididas da seguinte forma: manso senhorial, as terras
reservadas ao cultivo do senhor; manso servil, lotes de terras destinados à produção dos servos; manso comunal, terras de uso
comum.
No Senhorio (feudo), os servos, em troca de moradia e proteção, trabalhavam para os senhores feudais e para a
sobrevivência deles mesmos e de suas famílias. A eles cabiam inúmeras exigências, cobranças sobre os usos dos utensílios
pertencentes ao senhor feudal, a entrega de parte da produção, o dízimo para a Igreja. As principais eram: corveia, o trabalho no
manso senhorial durante três dias da semana; talha, uma parte da produção do servo era entregue ao senhor feudal; banalidades,
pagamento pelo uso de equipamentos do senhor – celeiros, moinhos, fornos.
O rei, a Igreja e os grandes nobres detinham os maiores domínios, mas, com o tempo, as terras reais e dos demais
nobres foram se dividindo graças à vassalagem, o que aumentou o poder da Igreja, que não dividia suas terras.
A Igreja Católica se fortaleceu nesse período ao fazer alianças com os reis bárbaros que instalaram seus domínios
na Europa. Dessa forma, os povos pertencentes a esses reinos foram convertidos ao cristianismo, e o papa se tornou poderoso
não somente nos assuntos celestiais, mas também políticos. Iniciava-se a tradição, que se estendeu até o século XIX, dos papas
coroarem os novos reis, uma cerimônia que marcava a aproximação da Igreja com o poder político.
O clero se tornou uma classe social poderosa e atuante na formação da mentalidade medieval. A crença se
baseava na força divina contra o maligno e na negação do fiel sobre os prazeres mundanos em busca da salvação da sua alma. A
cultura clássica ficou guardada nos mosteiros para ser preservada das invasões, e os monges copistas tiveram papel importante
na reprodução desses escritos.
SOCIEDADE
A sociedade na Baixa Idade Média continuava estamental, ou seja, era dividida em classes sociais muito bem
definidas e que tinham pouquíssimas chances de mobilidade social, uma vez que o valor dos nobres era atribuído pelo sangue,
por sua descendência, e esse era o fator da origem e manutenção de toda sua riqueza.
A Baixa Idade Média, porém, presenciou alguma modificação nessa organização social. O crescimento das cidades
esteve por trás dessas mudanças devido ao surgimento de novos ofícios por toda a Europa Ocidental.
ECONOMIA
Baixa Idade Média ficou marcada pelo crescimento das cidades.
A Europa ainda era majoritariamente rural e dependente da agricultura. A agricultura europeia passou por melhorias
a partir do século XI, quando os europeus começaram a utilizar animais de tração e a charrua para o arado do solo. Além disso,
eles iniciaram um sistema de rotatividade trienal, que garantia a fertilidade do solo. Esses fatores melhoraram a produtividade
dessa atividade econômica na época.
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Do século X ao século XIII, a Europa também sofreu um aumento na temperatura média. Isso possibilitou melhores
colheitas, mas também a ampliação das terras cultivadas. O aumento da produtividade permitiu os feudos a terem um pequeno
excedente agrícola, que passou a ser comercializado.
Esse renascimento do comércio, que se deu primeiramente a partir desse excedente, expandiu o leque de
mercadorias disponíveis, obtendo-se mercadorias de luxo oriundas do Oriente. A princípio itinerante, o comércio consolidou-se e
as feiras temporárias tornaram-se fixas nos arredores das cidades, conhecidos como burgos, locais em que se encontravam os
burgueses.
Isso reforçou o crescimento das cidades, um processo que já estava em curso. As cidades em crescimento
possibilitaram o aumento dos ofícios e novas formas de sobrevivência. A economia agora se diversificava, e os trabalhadores
poderiam sobreviver do comércio e do artesanato, se assim preferissem.
POLÍTICA
Na política, a Europa também sofreu grandes mudanças. No final do século XIII, a relação entre feudalismo e
vassalagem perdeu sua força, e a Europa presenciou um processo de fortalecimento da posição do rei e o surgimento de um
aparato burocrático que deu origem ao Estado Nacional.
Esse fortalecimento aconteceu em alguns locais da Europa Ocidental, e os casos mais simbólicos deram-se na
Inglaterra e, principalmente, na França. No caso francês, os reis da Dinastia Capetíngia (ou dinastia dos Capetos) firmaram-se no
poder a partir do século X e, pouco a pouco, combateram os privilégios da nobreza, tomando-lhes as terras. Após o processo de
unificação jurídica com a aplicação de uma lei sobre todo o reino, houve a transformação do poder do rei em lei, de fato.
O caso inglês foi um pouco diferente, porque, após um processo inicial de consolidação da figura real a partir da
chegada dos normandos na região no século XI, uma crise política no século XIII estabeleceu mecanismos que deram origem ao
Parlamento, que, por sua vez, começou a agir como moderador do poder do rei.
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eclodiram em toda a Europa. Com o excesso de trabalho e desejosos por sair dos feudos e mudar de vida nas cidades, os servos
de revoltaram contra os seus senhores, encerrando um período de mais de um milênio de obrigações e apego a terra.
Em regiões da Bélgica, França e Inglaterra observamos os camponeses envolvidos em grandes revoltas que
ficaram conhecidas pelo nome de “jacqueries”. O termo, proveniente da expressão “Jacques bon homme”, era negativamente
dirigida para todos aqueles que não tinham qualquer tipo de propriedade ou não ocupavam uma posição privilegiada.
Essas revoltas aconteciam pelo excesso de impostos que os pobres tinham que pagar, pela falta de empregos nas
cidades e pelos altos preços de itens básicos à sobrevivência, como alimentos. Revoltas aconteceram em cidades de todos os
portes e também se espalharam para o campo.
A crise do século XIV abalou as estruturas medievais, dando origem a novas realidades políticas, econômicas e
sociais. A redução populacional de todo esse processo foi drástica, e, no final, a centralização do poder real estava consolidada, a
economia começou a basear-se no comércio e a sociedade diversificou-se.
Os reis começaram a ganhar força política ao liderarem as tropas militares que abafaram as revoltas servis e
atuaram na linha de frente das guerras entre os primeiros reinos europeus, como a Guerra dos Cem Anos, um conflito envolvendo
a França e a Inglaterra. De chefes militares, os reis ganhavam poderes políticos e começavam a se tornar monarcas absolutistas,
característica dos reinos modernos.
Além disso, as disputas por terras e poder entre os membros da nobreza suscitaram guerras. A maior guerra do
século XIV foi a Guerra dos Cem Anos, travada durante 1337 e 1453, entre França e Inglaterra. Esses combates destruíram
colheitas, empobreceram pessoas e espalharam mortes e doenças pela Europa. Eles ainda contribuíram para o enfraquecimento
da nobreza, exaurida pelos gastos neles.
Tanta instabilidade demonstrou que os antigos hábitos e instituições que definiam a ordem feudal não mais se
manteriam incólumes. Por tal razão, observamos que essas últimas décadas do período medieval foram marcadas por guerras, a
centralização do poder político e a reorganização das atividades econômicas. Adentrando o século XV, vemos uma Europa
articulando transformações que definiram boa parte da compreensão do mundo moderno.
AS CRUZADAS MEDIEVAIS
O QUE FORAM AS CRUZADAS?
As Cruzadas foram guerras incentivadas pela Igreja Católica, que aconteceram na Europa Ocidental. Tinham como
alvo principal retomar a Palestina e Jerusalém, tirando as cidades do domínio muçulmano. Foram nove Cruzadas oficiais, que
aconteceram entre os séculos XI e XIII, período da Idade Média, na Europa. Além das nove aconteceram incontáveis outras que
foram feitas por vontade do povo, sem lideranças de reis ou da Igreja, por isso não estão entre as oficiais.
PRINCIPAIS CAUSAS
A cidade de Jerusalém estava sob o controle dos muçulmanos desde o ano 636, quando o califa Omar ibn al-
Khattab havia conquistado a cidade dos bizantinos. No século XI, os países cristãos da Europa sofriam com a expansão dos
reinos muçulmanos, tanto na Península Ibérica (região onde se localizam hoje Portugal e Espanha) quanto nas terras do Império
Bizantino, onde os turcos eram a ameaça. Nesse contexto, começa a surgir na Igreja o interesse em reaver o controle da
chamada Terra Santa.
Além disso, o controle dos turcos sobre a Palestina representava também uma maneira de repressão sobre os
peregrinos cristãos. A peregrinação era algo muito comum naquele momento, pois era vista como uma maneira de perdão aos
pecados, entretanto, a viagem para a Palestina (onde o Santo Sepulcro era o lugar mais visitado) era muito cara, uma vez que os
peregrinos estavam sujeitos a todo tipo de ameaça, como naufrágios e saques, além de serem obrigados a pagar pedágios,
dependendo da região em que estivessem.
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Naquele contexto, uma série de fatores ajudam a explicar a convocação das Cruzadas. No caso da Igreja,
especula-se que o papa Urbano II desejava canalizar a atenção dos cristãos para combater o “infiel” como uma maneira de
reduzir os conflitos e disputas internas entre os próprios cristãos. Além disso, o auxílio aos bizantinos, que sofriam com os
ataques dos turcos, poderia contribuir para a unificação da Igreja, separada em 1054 entre Igreja Católica Apostólica Romana e
Igreja Católica Apostólica Ortodoxa. Outros fatores eram ainda a possibilidade de as Cruzadas motivarem as pessoas por meio da
promessa de salvação e remissão dos pecados e também pela chance de obter terras e riquezas a partir dos saques.
- Após o domínio da região, os turcos passaram a impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da
captura e do assassinato de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé.
- A elevada população de algumas cidades europeias também é apontada, por muitos historiadores, como uma das
causas das Cruzadas. Neste contexto, as expedições era uma forma de aliviar a pressão demográfica sobre estas cidades, pois
estimularia a migração de grande quantidade de pessoas.
- Havia também motivações econômicas entre muitos participantes das Cruzadas. O principal objetivo desses
cruzados era a obtenção de riquezas através dos saques de cidades localizadas no Oriente.
OBJETIVOS:
- Reconquistar a “Terra Santa” (Jerusalém) que estava em posse dos turcos. Esse pode ser considerado o principal
objetivo das Cruzadas.
- Expandir o cristianismo em direção ao Oriente.
- Expulsar os muçulmanos da Península Ibérica.
- Os nobres que participaram das Cruzadas tinham a intenção de conquistar novas terras.
- Combate às heresias de movimentos cristãos não integrantes da Igreja Católica. Nesse caso, podemos citar a
Cruzada Albigense (1209-1244).
- Reunificar o Catolicismo, aumentando assim o poder da Igreja.
- Diminuir a pressão demográfica (aumento populacional) em algumas regiões da Europa.
- A participação de reis europeus em algumas Cruzadas mostrou também que havia na nobreza a vontade de
aumento de reputação, através de um ato considerado de coragem e fé.
- Havia também nas cruzadas um importante objetivo comercial, principalmente por parte de Veneza, interessada
na retomada do comércio no Mediterrâneo. Nesse sentido, a burguesia veneziana financiou a Quarta Cruzada (também conhecida
como Cruzada Comercial) e foi favorecida com a conquista de Constantinopla.
- Não podemos deixar de lado também o objetivo, de alguns cruzados, de praticar o saque, de cidades
conquistadas, para obtenção de objetos de valor.
- Quarta Cruzada (1202-1204): principal objetivo foi a retomada do comércio com o Oriente.
PRINCIPAIS CRUZADAS
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C Descrição
ruzada
A primeira Cruzada foi proclamada pelo papa Urbano II. O primeiro alvo era reconquistar
Primeira Jerusalém. A localidade já havia sido dos cristãos, mas foi tomada pelos muçulmanos em 1076. Nessa
Cruzada um dos homens de frente da guerra não avançou na busca por Jerusalém. Ajudado por uma minoria,
Balduíno conquistou a cidade de Edessa, sendo esta a primeira conquista da primeira Cruzada. A partir dos
conflitos seguintes, culminou-se a conquista de Antioquia e mais tarde de Jerusalém.
Em 1187 os muçulmanos, liderados por Saladino, conseguiram invadir Jerusalém e retomaram a região. Os
cristãos não conseguiram mais combater e Saladino permitiu o acesso dos cristãos à cidade para suas
peregrinações, mesmo que o território fosse muçulmano.
Essa é a Cruzada dos Reis. Foi convocada pelo papa Gregório VII, que por sua vez chamou
Terceira três reis para liderar a batalha: Frederico I Barba-Ruiva, Felipe Augusto e Ricardo I.
Dos três reis, Ricardo I teve grandes feitos. Esse Rei conseguiu conquistar três regiões próximas a Jerusalém:
Chipre, Acre e Jafa.
Depois que Jerusalém foi conquistada por Saladino, os cristãos nunca mais tiveram êxito na retomada das
terras. Por isso Ricardo I teve a estratégia de ofertar prisioneiros muçulmanos em troca de Jerusalém. Foram
2700 homens que ele jurou matar, caso Saladino não trocasse os seus homens pela cidade.
Ricardo I, que era conhecido como Coração de Leão, se tornou conhecido depois de cumprir sua promessa de
matar os muçulmanos, uma vez que Saladino não lhe entregou Jerusalém.
A terceira Cruzada culminou na desistência dos cristãos em insistir na retomada da cidade santa. Eles
tentaram algumas vezes posteriormente, mas as Cruzadas, após Ricardo I não tinham mais esse objetivo
como o maior.
A quarta fase de guerras teve alvos diferentes. Essa Cruzada foi mais rápida que as outras. Foi
Quarta feita pelos comerciantes. O objetivo era expandir as terras para aumentar também o comércio.
Juntaram-se homens de Veneza e Gênova, hoje cidades da Itália, e decidiram invadir a cidade de
Constantinopla, que tinham grande sucesso no comércio.
Veneza e Gênova tomaram Constantinopla, abriram os portos do Mar Mediterrâneo e deram um novo fluxo de
mercado ao comércio da região.
CURIOSIDADES:
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- A expressão "Cruzada" não era conhecida nem mesmo foi usada durante o período dos conflitos. Na Europa,
eram usados termos como, por exemplo, "Guerra Santa" e Peregrinação para fazerem referência ao movimento de tentativa de
tomar a "terra santa" dos muçulmanos.
- Para incentivar a participação dos cristãos, a Igreja prometia aos fiéis à salvação e o perdão de todos os pecados
para aqueles que participassem das Cruzadas.
Primeira Cruzada (cruzados cercam Jerusalém em 1099) - iluminura medieval.
Ao longo de 116 anos, França e Inglaterra se envolveram em um conflito que marcou a passagem do mundo
medieval para o moderno. Na chamada Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), as tropas francesas e inglesas se colocaram em
combate devido a disputas de ordem econômica e política. Esse conflito, mesmo trazendo enormes desgastes para os envolvidos,
é de vital importância para a compreensão do processo de formação das monarquias francesa e britânica.
A morte do rei Carlos IV, em 1328, inaugurou um período de instabilidade política no interior da França. Eduardo III,
rei da Inglaterra, ambicionava controlar o reino francês. Para isso, alegava que o fato de ser sobrinho, por parte de mãe, de Carlos
IV lhe concederia autoridade para assumir a França. Em contrapartida, ressuscitando uma antiga lei da dinastia merovíngea, a Lei
Sálica, os nobres franceses proibiram a ascensão de um descendente de linhagem matriarcal ao trono.
No lugar de Eduardo III, foi Filipe de Valois, primo de Carlos IV, que instalou uma nova dinastia na França. Insatisfeito com a
frustração de seu golpe político, Eduardo III preparou-se para guerrear contra os franceses. No lado francês, uma antiga disputa
econômica motivava essa monarquia a participar de uma guerra contra os ingleses. Nesse caso, a França pretendia dominar a
região de Flandres, notadamente reconhecida por suas atividades mercantis e manufatureiras.
Os comerciantes de Flandres, ameaçados pela cobiça da monarquia francesa, resolveram apoiar os exércitos da Inglaterra que
obtinham lucros expressivos com a exportação de lã para os comerciantes daquela região. O apoio financeiro de Flandres
possibilitou enorme vantagem militar contra a França. Na guerra, a Inglaterra também esperava recuperar territórios da Europa
Continental perdidos para a França durante o reinado de João Sem Terra.
Na primeira fase do conflito, a vantagem inglesa traduziu-se em esmagadoras vitórias sobre os franceses. Em 26 de agosto de
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1346, ocorreu a Batalha de Creci, que ficou conhecida como uma das maiores batalhas acontecidas em toda Idade Média. A
vitória dos ingleses no confronto foi seguida por uma sucessão de vitórias militares. No ano de 1356, a Inglaterra cercou a cidade
de Calais, onde capturou João, o Bom, rei da França naquele período.
As derrotas francesas concederam à Inglaterra a assinatura do tratado de paz de Btretigny. Nesse acordo a Inglaterra passou a
controlar quase um terço dos territórios da França. No governo de Carlos V, a França reconquistou os territórios perdidos para os
ingleses. No entanto, no governo de Carlos VI uma guerra civil exportou a França às tropas inglesas, que se aliaram aos nobres
da casa de Borguignons. Vencendo a França na Batalha de Azincourt (1415), a Inglaterra conquistou a coroa francesa com a
assinatura do Tratado de Troyes.
Nesse momento, o rei deposto Carlos VII conheceu uma jovem francesa chamada Joana d’Arc, que se dizia predestinada a
libertar a França do domínio britânico. Com um pequeno exército de 5000 homens, conseguiu recuperar a região de Orleans para
a coroa francesa. Inspirados pela vitória da camponesa de apenas dezesseis anos, os franceses empreenderam novas conquistas
ao rei Carlos VII. Os triunfos militares de Joana d’Arc se interromperam quando, vítima de uma traição, foi entregue às
autoridades britânicas.
Condenada à fogueira por feitiçaria, Joana teve sua sentença cumprida na cidade de Rouen, em 1431. Joana d’Arc foi
transformada em mártir dos combatentes franceses, que a partir de então conseguiram sucessivas vitórias à monarquia francesa.
Na batalha de Calais, em 1453, a Guerra dos Cem Anos teve o seu fim. Como consequência, a guerra serviu para definirem-se os
poderes monárquicos que viriam a se instituir na França e, tempos depois, na Inglaterra.
Peste negra
CAUSAS
Inicialmente, os principais agentes transmissores da doença eram os ratos e as pulgas, que se proliferavam com
facilidade tanto nas cidades quanto nos vilarejos menores em razão das condições precárias de higiene. Posteriormente, na fase
mais crítica da pandemia, a contaminação ocorria por via aérea. Por meio de espirros ou tosse, o bacilo acabava sendo
transmitido pelo ar.
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CONSEQUÊNCIAS
A situação agravou-se de tal forma que a quantidade de mortos excedia a quantidade de pessoas aptas a enterrá-
los. A cultura medieval foi profundamente afetada pela atmosfera catastrófica provocada pela peste. Várias pinturas da época
expunham imagens da chamada “dança macabra” ou a “dança da morte”, em que pessoas de várias ordens sociais eram
representadas juntas, dançando com esqueletos que simbolizavam o potencial destrutivo da morte.
Na literatura também figuraram vários relatos da peste e do impacto que ela produziu. Um dos mais famosos é do
autor italiano Giovanni Boccaccio e de seu famoso livro Decameron, no qual podemos ler o seguinte relato:
“A Peste, em Florença, não teve o mesmo comportamento que no Oriente. Neste, quando o sangue saía pelo nariz,
fosse de quem fosse, era sinal evidente de morte inevitável. Em Florença, apareciam no começo, tanto em homens como nas
mulheres, ou na virilha ou na axila, algumas inchações. Algumas destas cresciam como maçãs; outras, como um ovo; cresciam
umas mais, outras menos, chamava-as o populacho de bubões. Dessas duas referidas partes do corpo logo o tal tumor mortal
passava a repontar e a surgir por toda parte.”
Como a ciência biológica ainda não havia se desenvolvido na época da peste negra, as causas da doença eram
atribuídas a origens sobrenaturais e, principalmente, a “bodes expiatórios”, como povos estrangeiros, em especial os judeus,
gerando, assim, além da catástrofe natural, uma grande tensão social.
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surgiram, contribuindo para o fortalecimento do poder real e acarretando no desaparecimento gradual da servidão e no declínio do
mundo feudal.
O processo de centralização política nas mãos do rei foi o símbolo da formação dos Estados Modernos na Europa,
os exemplos mais clássicos desse processo foram Espanha, Portugal e França. As mudanças na forma de governar tornaram
mais claras as diferenças entre o mundo moderno e o mundo feudal. Entre os principais aspectos que caracterizaram as
Monarquias Nacionais estão: A burocracia administrativa, que ganhou um corpo de funcionários que tinham a função de
desempenhar tarefas de administração pública; A força militar, que gerou a necessidade de criação de um exército nacional para
conter possíveis invasões ou confrontos com outros países e também para estabelecer ordem pública na sociedade; Leis e
justiças unificadas, que foram responsáveis pela formação de leis que possuíam caráter da manutenção da ordem, além de
melhor proteger os direitos e deveres dos cidadãos; Sistema burocrático, que marcou o surgimento das tarifas e tributos cobrados
pelo rei para sustentar as despesas públicas.
O desenvolvimento da navegação marítima marcou a busca por expansão territorial dos Estados Nacionais
Modernos. Os reis almejavam conquistar riquezas no além-mar, obtendo novos mercados e expandindo o comércio. A busca por
metais preciosos e o interesse na propagação da fé cristã também impulsionaram a descoberta de novos territórios. O Estado
Nacional Moderno Português retratou claramente isso na colonização da América Portuguesa no século XVI. O objetivo dos
portugueses foi concretizado na prática colonizadora que ocasionou a ampliação de suas fronteiras, a obtenção de novos
comércios, o descobrimento de locais com metais preciosos e a disseminação do catolicismo, resumindo perfeitamente as
ambições que os Estados Nacionais Modernos possuíam.
Em suma, a união dos interesses políticos dos Reis e os interesses econômicos da burguesia, foram essenciais
para formação das Monarquias ou Estados Nacionais. Assim, foram se extinguindo o domínio dos senhores feudais do período
medieval, dando início a Era Moderna.
Absolutismo
O Estado Absolutista foi o sistema político e administrativo dos países europeus nos séculos XVI ao XVIII, que
surgiu no processo de formação do Estado Moderno ao mesmo tempo em que a burguesia se fortalecia.
Durante a Idade Média, os nobres detinham mais poder que o rei. O soberano era apenas mais um entre os nobres
e deveria buscar o equilíbrio entre a nobreza e seu próprio espaço.
Durante a transição do feudalismo para o capitalismo houve a ascensão econômica da burguesia e do
Mercantilismo. Era preciso outro regime político na Europa centro-ocidental que garantisse a paz e o cumprimento das leis. Por
isso, surge a necessidade de um governo que centralizasse a administração estatal.
Desta maneira, o rei era a figura ideal para concentrar o poder político e das armas, e garantir o funcionamento dos
negócios.
A fim de controlar as revoltas camponesas, parte da nobreza apoia que o rei seja mais poderoso. Igualmente, o
monarca recebe auxílio da burguesia, pois a centralização significava a padronização das políticas fiscais e monetárias.
O clero também admira este movimento, pois era uma forma da Igreja continuar a não pagar impostos e seguir
cobrando várias taxas.
CARACTERISSTICAS
O Estado absolutista se caracteriza por centralizar o poder e fazer valer a mesma lei em todo território do reino.
Desta maneira, o rei administrava apenas com a ajuda de alguns ministros. Em alguns países, existiam
assembleias, mas estas só se reuniam quando convocadas pelo soberano.
Nesse tipo de governo, o rei está totalmente identificado com o Estado, ou seja, não há diferença entre a pessoa
real e o Estado que governa e centralizava todos os poderes do Estado em suas mãos, sem prestar contas à sociedade.
Não há nenhuma Constituição ou lei escrita que limite o poder real e tampouco existe um parlamento regular que
contrabalance o poder do monarca.
O Absolutismo estabeleceu uma burocracia civil capaz de auxiliar o Estado. Isto significava que somente o governo
central estabeleceria padrões monetários e fiscais iguais para todos. Assim, antigas medidas como "varas" e "onça" vão sendo
abandonados e substituídos por "metros" e "quilos".
Igualmente, somente o rei poderia cunhar moedas e garantir seu valor. A conservação e a segurança das estradas
também seriam atribuições reais, uma medida que agradou os burgueses.
Da mesma forma, apenas um idioma foi escolhido para se tornar a língua falada em todo reino. Um exemplo foi o
francês, em detrimento das línguas regionais. Vemos este fenômeno ocorrer na Espanha e até no Brasil, com a proibição de se
usar a “língua geral”.
Para concentrar o poder em suas mãos, o rei precisou acabar com os exércitos particulares, proibir a cunhagem de
diferentes moedas e centralizar a administração do reino. Nesta época, começam a surgir os grandes exércitos nacionais e a
proibição de forças armadas particulares.
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO
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Os teóricos absolutistas escreveram sobre o novo regime político que estava nascendo. Destacamos os mais
importantes:
Nicolau Maquiavel (1469-1527):
O florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527) resumiu na sua obra "O Príncipe" a separação da moral e da política.
Segundo Maquiavel, o líder de uma nação deveria usar de todos os meios para se manter no poder e governar. Por
isso, descreve que monarca pode lançar meios como a violência a fim de assegurar sua permanência no trono.
Defensor do Estado e dos soberanos fortes, os quais deveriam lançar mãos de todos os meios para garantir o
sucesso e a continuidade no poder. Maquiavel se afasta da justificativa religiosa e descreve a política como algo racional e sem
interferência espiritual.
Inglaterra
A Inglaterra passou um longo período de disputas internas devido às guerras religiosas, primeiro entre católicos e
protestantes e, mais tarde, entre as várias correntes protestantes. Este fato foi decisivo para que o monarca concentrasse mais
poder, em detrimento da nobreza.
O grande exemplo de monarquia absolutista inglesa é o reinado de Henrique VIII (1509-1547) e o de sua filha, a
rainha Elizabeth I (1558-1603) quando uma nova religião foi estabelecida e o Parlamento foi enfraquecido.
A fim de limitar o poder do soberano, o país entra em guerra e somente com a Revolução Gloriosa estabelece as
bases da monarquia constitucional.
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Espanha
Considera-se que a Espanha teve dois períodos de monarquia absoluta.
Primeiro, durante o reinado dos reis católicos, Isabel e Fernando, no final do século XIV, até o reinado de Carlos IV,
que durou de 1788 a 1808. Isabel de Castela e Fernando de Aragão governaram sem nenhuma constituição. De todas as formas,
Isabel e Fernando, deviam estar sempre atentos aos pedidos da nobreza tanto de Castela como de Aragão, de onde procediam
respectivamente.
O segundo período é o reinado de Fernando VII, de 1815 -1833, que aboliu a Constituição de 1812, restabeleceu a
Inquisição e retirou alguns direitos da nobreza.
Portugal
O absolutismo em Portugal começou ao mesmo tempo que se iniciavam as Grandes Navegações. A prosperidade
trazida com os novos produtos e os metais preciosos do Brasil foram fundamentais para enriquecer o rei.
O reinado de Dom João V (1706-1750) é considerado o auge do estado absolutista português, pois este monarca
centralizou na coroa todas as decisões importantes como a justiça, o exército e a economia.
O absolutismo em Portugal duraria até a Revolução Liberal do Porto, em 1820, quando o rei Dom João VI (1816-
1826) foi obrigado aceitar uma Constituição.
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A África Antiga é o período da história que se estende do final do Neolítico, em torno do 8º milênio antes da Era
Cristã, até o início do século VII da nossa era. Nesse período grandes civilizações viveram na região, centradas, sobretudo, na
região mais ao norte e oriental do continente.
Na porção subsaariana, neste período, as sociedades passavam do estágio da caça e da coleta para uma
economia centrada na agricultura. A população aumentava e disso resultou uma vida mais estável em aldeias e comunidades.
Alguns estados começavam a surgir, como o Reino de Gana, a partir do século VII. No entanto, durante a antiguidade, na África
Subsaariana, não foram constituídos grandes reinos.
Em geral, quando se estuda a antiguidade, sobretudo a África Antiga, os estudos se concentram em um único povo
africano, os egípcios. No entanto, ao passo que se desenvolvia a civilização egípcia, núbios, axumitas e cartagineses também
faziam a sua história e constituíam reinos, impérios e civilizações.
A Civilização Egípcia, que se desenvolveu ao longo do delta do Rio Nilo, durou quase três milênios, a partir da
unificação política por Menés. O Egito não foi apenas uma dádiva do Nilo, mas uma criação do ser humano e de estratégias de
dominar o meio ambiente, a aridez do solo e as dificuldades impostas.
Foi o primeiro estado africano a fazer uso da escrita, construiu um complexo sistema de irrigação, de administração
pública, contábil e política, por meio dos faraós, como forma de gerir a disponibilidade de recursos, organizar os trabalhos e
minimizar a vulnerabilidade às cheias e secas do Rio Nilo. Para sobreviver e se desenvolver naquela região, foi preciso organizar-
se.
Localizada ao sul do Egito e no norte do Sudão, região estratégica e elo entre a África Central (subsaariana) e o
Mediterrâneo (norte da África e oriente próximo), a Civilização Núbia surgiu por volta de 4.000 a.C, em meio ao Deserto do Saara
e, assim como o Egito, é uma ‘‘dádiva do Nilo’’, bem como do trabalho de construção de diques e canais de irrigação destes
povos para evitar inundações durante as cheias e garantir boas colheitas.
Por volta de 2.000 a.C, houve a unificação das comunidades núbias sob o poder de um rei; surgiu então o Reino de
Kush (Cuxe), um dos primeiros reinos negros africanos.
O ouro de Kush enriqueceu o Egito e, ao se expandir, os kushitas passaram a ser uma ameaça ao vizinho do Norte.
Por isso, os egípcios ocuparam Kush, por volta de 1.500 a.C. Este foi o período da egipcianização da Núbia: adotou-se a religião,
o culto às divindades egípcias, os costumes funerários, a construção de pirâmides. Em Napata e Méroe, cidades kushitas, foram
erguidas numerosas pirâmides. Os meroítas construíram mais pirâmides do que os faraós egípcios; até o presente já foram
contabilizadas mais de 230 pirâmides nos arredores de Méroe, 100 a mais do que no Egito. Por isso, os núbios são conhecidos
como ‘‘Faraós Negros’’.
Na parte oriental do continente, região do ‘‘Chifre da África’’, para o Império de Axum, que deu origem ao Império
Etíope (Etiópia e Eritreia). O Império Axumita foi considerado um dos quatro grandes impérios do final da Antiguidade (séculos I-
VI d.C.), ao lado de Roma, Pérsia e China.
No século X a.C., de acordo com a mitologia etíope contida no livro Kebra Negast, acredita-se que nesta região
viveu a Rainha de Sabá (Makeda). Acredita-se também que a família imperial da Etiópia, bem como os imperadores de Axum, têm
sua origem a partir de Menelik I, filho da Rainha de Sabá e do rei Salomão. Esta dinastia governou o país durante
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aproximadamente três mil anos, terminando apenas em 1974, com o Imperador Haile Selassie, o que demonstra a origem milenar
da Etiópia.
A partir do século I da Era Cristão, teve início a expansão de Axum pelo norte da Etiópia, parte da Pérsia, sul da
península arábica (Iêmen) e, no século IV, a conquista de Meroé, capitão do Reino de Kush (Sudão). Deste modo, construiu-se
um império, que abarcava ricas terras cultiváveis do norte da Etiópia, do Sudão e da Arábia meridional.
Nos séculos VII e VIII, o reino se enfraqueceu enquanto os árabes muçulmanos emergiam. O império de Axum e,
posteriormente, o império etíope deixou uma diversidade de riquezas para a posteridade, a exemplo da língua ainda falada na
região (ge’ez), a igreja etíope com suas tradições, a história milenar que remonta à Rainha de Sabá e o patrimônio arquitetônico.
Para finalizar o nosso passeio pela antiguidade no continente africano, aportamos no Império Cartaginês, no Mar
Mediterrâneo. A cidade-estado de Cartago localizava-se no norte da África, próximo de onde hoje é a cidade de Túnis, capital da
Tunísia. Foi fundada pelos fenícios no século IX a.C e, com o tempo, passou a exercer controle político sobre boa parte do
Mediterrâneo, controlando as rotas marítimas deste mar por mais de seiscentos anos.
No entanto, a prosperidade de Cartago fez com que a cidade-estado entrasse em choque com outra superpotência,
Roma. As lutas entre cartagineses e romanos ficaram conhecidas como Guerras Púnicas. Ao final da Terceira Guerra
Púnica, Cartago foi incendiada, dizimada e o seu chão foi salgado, para que nada nele crescesse. Era o ano de 146 a.C quando
chegou ao fim o Império e a hegemonia de Cartago na região.
REINO DE AXUM
No território onde hoje fica a Etiópia, no passado existiu um dos reinos africanos mais prósperos e influentes. Era o
Reino de Axum. A população que ali vivia era proveniente do sul da Península Arábica, e já no século VII a. C. tinha domínio
sobre a agricultura e criação de gado.
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Esse contato com outros povos provocou alterações na cultura do reino de Axum. Até o século IV, sua população
era politeísta – assim como a grande maioria dos povos africanos da época. No entanto, a expansão do cristianismo chegou até a
região e vários setores daquela sociedade foram convertidos.
Séculos depois, os muçulmanos é que estavam se expandindo e chegaram até a costa da África. Sabendo do poder
que o Reino de Axum tinha na região, os muçulmanos promoveram uma série de invasões e destruíram o porto de Adúlis. O reino
ficou enfraquecido e não sobreviveu às incursões dos islâmicos.
GANA
Um dos reinos africanos que mais tiveram destaque foi o de Gana. Localizado entre o Sahel e a parte ocidental do
Sudão, Gana começou a surgir no século IV. Um povo chamado soninquê começou a se agrupar para defender-se dos berberes,
populações do deserto que atacavam e saqueavam aldeias.
MALI
Além dos soninqueses, outro povo habitava a região entre o Sahel e o Sudão Ocidental: os mandingas. No século
XIII, quando o reino de Gana já estava desarticulado, vários clãs mandingas se uniram sob a liderança de Sundiata Keita. Ele
expandiu os domínios do seu povo e constituiu o que foi chamado de Império do Mali. Sundiata adotou o título de mansa (rei) e
tornou-se o soberano desse reino africano.
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Muitos mansas, inclusive, faziam peregrinações até Meca, mesmo que mantivessem outras formas de culto. Em
uma dessas viagens, um mansa chamado Musa levou para Mali sábios e arquitetos do Oriente Próximo para construírem
mesquitas e difundirem conhecimento.
Assim, a cidade de Tombuctu foi transformada em um centro de referência em estudos islâmicos e atraiu inúmeros
estrangeiros por seu desenvolvimento intelectual.
A partir do século XV, no entanto, o Mali passou a sofrer uma série de invasões de povos que queriam assumir o
poder. O mais importante deles era o povo songai, que mesmo compondo parte dos domínios de Mali, detinha um importante
centro comercial e certa autonomia.
Liderados pelo seu soberano Soni Ali, conquistaram a cidade de Tombuctu e desarticularam o governo do Mali.
Dessa forma, formaram o Império Songai, que possuía uma elite muçulmana rigorosa. Eles passaram a impor seu poder e religião
nos territórios próximos. Obtiveram sucesso até o século XVI, quando os povos do atual Marrocos atacaram e dominaram a
região.
Mandingas
Nessa altura você já deve estar se questionando sobre o que esses mandigas tem a ver com a mandinga que
conhecemos no Brasil, não é? Pois não é só uma coincidência! Na época em que a população do Mali já seguia o islamismo, eles
utilizavam as bolsas de mandinga.
Eram saquinhos que continham versículos do Corão e eram carregados no pescoço como amuletos que
forneceriam proteção contra armas e doenças. Com o tempo, a prática se difundiu pela África subsaariana e foi aumentando de
tamanho e de ingredientes.
Elementos fetichistas e cristãos passaram a ser guardados como amuletos por diversos povos africanos. Portanto,
foi essa bolsa que se difundiu no Brasil colonial e acabou agregando, aqui, novos significados ligados a macumbas e feitiços.
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IORUBÁS
Diferentemente dos reinos africanos anteriores que eram formados por um povo predominante, os iorubás eram
várias populações do mesmo tronco linguístico. Eram os efãs, ijexás, egbás, entre outros povos que habitavam a atual região da
Nigéria e do Benin.
CONGO
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O último dos reinos africanos que vamos abordar é o do Congo, que ficava localizado na parte equatorial do
continente. Ele era formado por vários povos que possuíam o mesmo tronco linguístico, o banto. Mas, da mesma forma que os
iorubás, isso não quer dizer que existia uma unicidade entre eles.
No início do século XIV, o povo ambundo, do tronco linguístico banto, formou uma cidade que seria chamada de
Mbanza Congo. Quem estava em seu comando era um rei que recebia o nome de manicongo (senhor do Congo). A cidade tomou
grandes proporções, e chegou a abrigar cerca de 100 mil habitantes.
Com o tempo, o reino do Congo se expandiu militarmente e conquistou um território enorme, que hoje corresponde
a países como Congo, Angola e Zaire. A região se dividia em seis províncias e cada uma delas controlava várias aldeias. O poder
das famílias fundadoras das aldeias foi preservado para que não houvesse revoltas que prejudicassem o reino.
Os congos viviam da agropecuária, do comércio e do artesanato. No campo, todo o trabalho em torno de cultivos de
frutas, verduras, legumes e de criação de gado era função das mulheres. Enquanto isso, os homens eram responsáveis por
derrubar a mata em áreas de cultivo, e auxiliar na colheita se fosse necessário.
No artesanato se destacavam os objetos feitos de ferro forjado, cobre, madeira e ráfia. Já o comércio girava em
torno da venda do sal e do ferro extraído de diferentes províncias.
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O CONGO E OS PORTUGUESES
No fim do século XV, uma expedição portuguesa chegou ao Congo em busca de metais preciosos e mão de obra
escravizada. A fim de alcançar esse objetivo, os portugueses se valeram de disputas de poder internas e se aliaram a um dos
herdeiros do manicongo, Nzinga Mbemba. Eles ofereceram armas de fogo aos seus apoiadores para depois poderem cobrar o
favor.
Mbemba conseguiu assumir o trono com a ajuda portuguesa e adotou o nome de Afonso I. Também instituiu o
catolicismo como religião oficial e trocou o nome da capital para São Salvador. Ele chegou a trocar cartas com o rei de Portugal,
D. João III, e até enviou parentes para estudar em Lisboa.
No entanto, Afonso I logo percebeu que as intenções dos portugueses não eram amistosas. No início, eles levavam
para suas colônias apenas prisioneiros de guerra para serem escravizados. Mas, com o tempo, até mesmo nobres do Congo
foram capturados e feitos escravos no Brasil.
Apesar de a população congolesa ter organizado uma revolta no século XVII, foram duramente derrotados.
O tráfico foi tão intenso que o Congo ficou despovoado. Além disso, a chegada de europeus acabou com o equilíbrio de poderes
que existia anteriormente, e conflitos pelo poder fragilizaram ainda mais o reino.
Mercantilismo
O QUE É MERCANTILISMO?
O mercantilismo foi o conjunto de práticas econômicas utilizadas pelas nações absolutistas da Europa durante a
Idade Moderna, que esteve em vigência, na Europa, entre os séculos XV e XVIII, período de transição do feudalismo para o
capitalismo. No mercantilismo, o objetivo era garantir o acúmulo de riquezas por meio da obtenção de metais preciosos e utilizá-
los para reforçar o poder do monarca.
O mercantilismo se baseou fortemente na exploração colonial e no comércio marítimo. As expansões marítimas
promoveram a colonização da América por parte de Portugal e Espanha, onde o mercantilismo foi aplicado.
Essas práticas e ideias estavam baseadas:
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ORIGENS DO MERCANTILISMO
As origens do mercantilismo remontam à transição da Idade Média para a Idade Moderna, entre os séculos XIV e
XV. A Europa vivia a crise do sistema feudal e o surgimento do capitalismo. A burguesia se tornava uma classe social em
ascensão, graças ao fortalecimento do comércio. Os reis ganharam destaque ao exercerem suas lideranças nas guerras, no
combate às revoltas servis e na formação dos Estados nacionais. Burgueses e monarcas absolutistas se uniram para fortalecer
um ao outro, bem como expandir o comércio, que se consolidava como principal atividade econômica da Europa.
Esse período foi marcado pela expansão marítima, liderada por Portugal e Espanha. A busca por novas rotas até as
Índias, em busca de especiarias para serem comercializadas no continente europeu, promoveu o reconhecimento de um novo
continente, a América. Iniciava a colonização dessa nova terra, o que levou para o outro lado do Atlântico as práticas e ideias
mercantilistas. O colonialismo europeu contou com o apoio dos reis e o financiamento da burguesia.
A aliança entre reis e burgueses enfraqueceu a nobreza feudal. Durante a Idade Média, os nobres eram a classe
social dominante e possuidores de grandes quantidades de terra, fonte de riqueza no período feudal. Como a agricultura era a
principal atividade econômica da Europa feudalista, os nobres eram os mais ricos e, consequentemente, os mais poderosos. A
crise do sistema feudal e as ascensões dos monarcas absolutistas e da burguesia colocaram um ponto-final no domínio nobre na
Europa.
TIPOS DE MERCANTILISMO
Mercantilismo comercial
As ideias mercantilistas incentivaram a expansão comercial, fortalecendo o capitalismo nascente. As nações
europeias buscavam produtos que poderiam ser comercializados no mercado europeu e, dessa forma, acumular riquezas.
Portugal e Espanha iniciaram a colonização na América em busca de metais preciosos ou de outros produtos valiosos para o
mercado.
Os espanhóis encontraram ouro nos primeiros anos de colonização e obtiveram grandes lucros. Já Portugal, sem
encontrar metal precioso no litoral brasileiro, primeiramente investiu no comércio do pau-brasil e, logo em seguida, na produção
açucareira, que, de fato, começou a gerar lucro para os portugueses.
Mercantilismo industrial
Esse tipo de mercantilismo se baseava na produção manufatureira. A França adotou esse tipo por meio do ministro
Colbert. Ele incentivou a produção de artigos de luxo, que seriam comercializados no mercado externo. Em busca de matéria-
prima para essa produção, os franceses decidiram invadir a América portuguesa, mas foram expulsos.
Colbertismo: incentivo ao desenvolvimento manufatureiro para atrair riqueza por meio da vinda de moeda
estrangeira. Buscava-se também limitar os gastos internos. Essa característica foi baseada nas ideias do ministro francês Jean-
Baptiste Colbert.
Balança comercial favorável: nas trocas comerciais, uma nação deveria vender mais mercadorias e comprar menos,
ou seja, exportar mais e importar menos. Dessa forma, sua balança comercial estaria positiva.
Protecionismo alfandegário: cobranças de impostos sobre produtos estrangeiros para proteger o mercado interno.
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A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava mais que vendia. No continente europeu, a oferta era
de madeira, pedras, cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas, trigo, peixe, carne.
Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar, ouro, cânfora, sândalo, porcelanas, pedras preciosas,
cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos aromáticos, drogas medicinais e perfumes.
Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em caravanas realizadas por rotas terrestres. O destino
eram as cidades italianas de Gênova e Veneza que serviam como intermediárias para a venda das mercadorias ao restante do
continente.
Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopolizada por Veneza. Por isso, era necessário encontrar um
caminho alternativo, mais rápido, seguro e, principalmente, econômico.
Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso solucionar a crise dos metais na Europa, onde as
minas já davam sinais de esgotamento.
Uma reorganização social e política também impulsionava à busca de mais rotas. Eram as alianças entre reis e
burguesia que formaram as monarquias nacionais.
O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e necessária para o feito ao mar. Afinal, era preciso navios,
armas, navegadores e mantimentos. Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação nos lucros das viagens. Este foi
um modo de fortalecer os Estados nacionais e submeter à sociedade a um governo centralizado.
No campo da tecnologia foi necessário o aperfeiçoamento da cartografia, da astronomia e da engenharia náutica.
Os portugueses tomaram a dianteira deste processo através da chamada da Escola de Sagres. Ainda que não fosse uma
instituição do modo que conhecemos hoje, serviu para reunir navegadores e estudiosos so patrocínio do Infante Dom Henrique
(1394-1460).
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A expansão marítima portuguesa começou através das conquistas na costa da África e se expandiram para os
arquipélagos próximos. Experientes pescadores, eles utilizaram pequenos barcos, o barinel, para explorar o entorno. Mais tarde,
desenvolveriam e construiriam as caravelas e naus a fim de poderem ir mais longe com mais segurança.
A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio, vindos da China. A bússola já era utilizada pelos
muçulmanos no século XII e tem como finalidade apontar para o norte (ou para o sul). Por sua vez, o astrolábio é utilizado para
calcular as distâncias tomando como medida a posição dos corpos celestes.
Com o desenvolvimento dos estudos marítimos (Escola de Sagres), os portugueses se tornaram grandes
comerciantes, prosperando e produzindo novas embarcações e formando grandes navegadores. Portugal se transformou em um
dos mais importantes entrepostos (armazém de depósito de mercadorias - que esperam comprador ou que se vão reembarcar)
comerciais durante as Grandes Navegações Marítimas.
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boa porção do território do Brasil. A Espanha unificou grande parte do seu território com a queda de Granada, em 1492, com a
derrota do último reino árabe. A primeira incursão espanhola ao mar resultou na descoberta da América, pelo navegador italiano
Cristóvão Colombo (1452-1516).
França
Através de uma crítica ao Tratado de Tordesilhas feita pelo rei Francisco I, os franceses se lançaram em busca de
territórios ultramarinos. A França saía da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), das lutas do rei Luís XI (1461-1483) contra os
senhores feudais.
A partir de 1520, os franceses passaram a fazer expedições, chegando ao Rio de Janeiro e Maranhão, de onde
foram expulsos. Na América do Norte, chegaram à região hoje ocupada pelo Canadá e o estado da Louisiana, nos Estados
Unidos.
No Caribe, se estabeleceram no Haiti e na América do Sul, na Guiana.
Inglaterra
Os ingleses, que também estavam envolvidos na Guerra dos Cem Anos, Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e
conflitos com senhores feudais, também queriam buscar uma nova rota para as Índias passando pela América do Norte.
Assim, ocuparam o que hoje seria os Estados Unidos e o Canadá. Igualmente, ocuparam ilhas no Caribe como a
Jamaica e Bahamas. Na América do Sul, se estabeleceram na atual Guiana.
Os métodos empregados pelo país eram bastante agressivos e incluía o estímulo à pirataria contra a Espanha, com
a anuência rainha Elizabeth I (1558-1603).
Os ingleses dominaram o tráfico de escravos para a América Espanhola e também ocuparam várias ilhas no
Pacífico, colonizando as atuais Austrália e Nova Zelândia.
Holanda
A Holanda se lançou na conquista por novos territórios a fim de melhorar o próspero comércio que dominavam.
Conseguiram ocupar vários territórios na América estabelecendo-se no atual Suriname e em ilhas no Caribe, como Curaçao.
Na América do Norte, chegaram a fundar a cidade de Nova Amsterdã, mas foram expulsos pelos ingleses que a
rebatizaram de Nova Iorque.
Igualmente, tentaram arrebatar o nordeste do Brasil durante a União Ibérica, mas foram repelidos pelos espanhóis e
portugueses. No Pacífico, ocuparam o arquipélago da Indonésia e ali permaneceriam por três séculos e meio.
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Humanismo Renascentista
O humanismo renascentista foi um movimento intelectual e filosófico que se desenvolveu durante o período do
Renascimento entre os séculos XV e XVI, de glorificação do homem e da natureza humana, que surgiu na nas cidades da
Península Itálica. O antropocentrismo, que coloca o homem no centro do mundo, foi o conceito pelo qual se apoiava este o
pensamento filosófico.
Na literatura, o humanismo representa uma fase de transição entre o trovadorismo e o classicismo, ou ainda, a
segunda época medieval.
O homem, a obra mais perfeita do Criador, era capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza. Por isso,
os humanistas buscavam interpretar o cristianismo, utilizando escritos de autores da Antiguidade, como Platão.
A religião não perdeu importância, mas foi questionada e daí surgiram novas correntes cristãs como o
protestantismo.
O estudo dos textos antigos, igualmente, despertou o gosto pela pesquisa histórica e pelo conhecimento das
línguas clássicas como o latim e o grego.
Desta forma, o humanismo se tornou referência para muitos pensadores nos séculos seguintes, como os filósofos
iluministas do século XVII.
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Ao mesmo tempo, com a revalorização dos textos da Antiguidade Clássica, a ciência ganha um novo impulso. As
pesquisas de cientistas como Copérnico, Galileu, Kepler, Newton, etc., vieram confrontar diversos dogmas da Igreja Católica, que
aos poucos, foi perdendo influência, sobretudo com a reforma protestante.
Na Península Itálica várias cidades como Veneza, Gênova, Florença, Roma, dentre outras, se beneficiaram do
comércio com o Oriente. Estas regiões se enriqueceram com o desenvolvimento do comércio no Mar Mediterrâneo dando origem
a uma rica burguesia mercantil. A fim de se afirmarem socialmente, estes comerciantes patrocinavam artistas e escritores, que
inauguraram uma nova forma de fazer arte.
A Igreja e nobreza também foram mecenas de artistas como Michelangelo, Domenico Ghirlandaio, Pietro della
Francesa, entre muitos outros.
CARACTERÍSTICAS DO RENASCIMENTO
1. Humanismo
O movimento humanista surge como mote para a valorização do ser humano e da natureza humana, onde o
antropocentrismo (homem no centro do mundo) foi sua principal característica.
O humanismo foi uma corrente intelectual que se destacou na filosofia e nas artes e que desenvolveu o espírito
crítico do ser humano.
2. Racionalismo
Ao defender a razão humana, essa corrente filosófica foi importante para desenvolver diversos aspectos do
pensamento renascentista em detrimento da fé medieval.
Com ele, o empirismo ou a valorização da experiência, foram essenciais para a mudança de mentalidade no
período do renascimento. Esta corrente afirmava que os fenômenos humanos e da natureza deveriam ser comprovados diante de
experiências racionais.
Note que o racionalismo está intimamente relacionado com a expansão científica, de forma que busca uma
explicação para os fatos, baseada na ciência. Em outras palavras, a razão é o único caminho para se chegar ao conhecimento.
3. Individualismo
Foi uma das principais características do humanismo renascentista, uma vez que trouxe à tona questões
relacionadas com a individualidade do ser humano, bem como de suas emoções.
Dessa forma, o homem é colocado em posição central e passa a ser regido, não somente pela igreja, mas também
por suas emoções e escolhas. Assim, ele torna-se um ser crítico e responsável por suas ações no mundo e a partir daí, é
destacada sua importância como agente de mudanças, dotado, portanto, de inteligência.
Nesse ínterim, e rechaçando os valores medievais calcados na religião, o homem humanista é individualista e está
pronto para fazer suas escolhas no mundo (livre-arbítrio). Torna-se assim, um ser humano crítico.
4. Antropocentrismo
Em detrimento do pensamento teocêntrico medieval, onde Deus estava no centro do mundo, o antropocentrismo
(homem como centro do mundo) surge para valorizar diversos aspectos do ser humano.
A razão torna-se o instrumento pelo qual o ser humano deve pautar suas ações. Ainda que a religião continue a ter
muita importância, a inteligência humana foi exaltada diante das diversas descobertas científicas da época.
Desta maneira, reforçado pelo individualismo, o homem passa a ter uma posição centralizada e isso o impulsiona a
ousar no aprendizado e em descobertas científicas ou de novas terras.
5. Cientificismo
Numa época de efervescência, o conceito do cientificismo foi de suma importância para mudar a mentalidade do
homem e trazer à tona questões sobre o conhecimento do mundo.
6. Universalismo
Foi desenvolvida, sobretudo, na educação renascentista corroborada pelo desenvolvimento do conhecimento
humano em diversas áreas do saber.
O homem renascentista busca ser um "polímata", ou seja, aquele que se especializa em diversas áreas. O maior
exemplo de figura polímata do renascimento foi sem dúvida, Leonardo da Vinci.
Vale ressaltar que no período renascentista, houve uma expansão de escolas, faculdades e universidades, bem
como a inclusão de disciplinas relacionadas às humanidades (línguas, literatura, filosofia, dentre outras.)
7. Antiguidade Clássica
A retomada dos valores clássicos foi essencial para o estudo dos humanistas. Um dos fatos que facilitou muito o
estudo dos clássicos foi à invenção da imprensa, uma vez que a rápida reprodução das obras auxiliou na divulgação do
conhecimento.
Segundo os estudiosos da época, a filosofia e as artes desenvolvidas durante a Grécia e a Roma antiga possuíam
grande valor estético e cultural, em detrimento daquelas da Idade Média.
Renascimento artístico
O Renascimento Artístico representou uma das vertentes do período renascentista com a profusão de diversas
obras.
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Lembre-se que o Renascimento foi um movimento artístico, intelectual e cultural que teve início no século XV na
Itália.
Foi com o declínio do sistema feudal e de diversas caraterísticas associadas ao período medieval, que surgiu a
Renascença, um período de efervescência cultural, artística e científica que se espalhou pela Europa.
RENASCIMENTO COMERCIAL
Todas essas inovações só foram possíveis graças ao crescimento comercial que houve na Idade Média.
Quando as colheitas eram boas e sobravam alimentos estes eram vendidos em feiras itinerantes. Com o incremento
comercial, os vendedores passaram a se fixar em determinados locais que ficou conhecido como burgo. Assim, quem morava no
burgo foi chamado de burguês.
Nas feiras era mais fácil usar moedas do que o sistema de trocas. No entanto, como cada feudo tinha sua própria
moeda ficava difícil saber qual seria o valor correto. Dessa forma, surgiram pessoas especializadas na troca de moeda (câmbio),
outras em fazer empréstimos e garantir pagamentos e que é a origem dos bancos.
O dinheiro, então, passou a ser mais valorizado do que a terra e isso inaugurou uma nova forma de pensar e se
relacionar em sociedade onde tudo seria medido pela quantidade de dinheiro que custava.
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Quatrocento
O segundo período do renascimento foi desenvolvido durante os anos de 1400, daí surge seu nome.
É uma fase de consolidação das artes, com a difusão de diversas obras e artistas, dos quais se destacam Leonardo
da Vinci, Sandro Botticelli, Filippo Brunelleschi e Massacio.
Representa o auge do renascimento artístico e cultural na Itália e por isso, pode ser chamado de Alta Renascença.
Cada vez mais, outros países europeus começam a aderir ao movimento, produzindo obras que aproximem do
renascimento italiano.
Além do aprofundamento dos aspectos que envolvem o humanismo renascentista, a busca da beleza e da perfeição
das formas, inspirados na cultura greco-romana, são uma marca do período.
Ainda que os temas explorados estejam relacionados a religião, muitos artistas dessa fase utilizaram a mitologia e
outros temas pagãos para expressar nas obras.
Os mecenas, ricos (reis, príncipes, condes, duques, bispos, nobres e burgueses) que financiavam as artes, foram
essenciais para o desenvolvimento da arte renascentista desse período.
Cinquecento
O terceiro período do renascimento se desenvolveu durante os anos de 1500, e por isso recebe esse nome.
Nessa fase, os artistas já começam a se distanciar dos temas religiosos e assim, notamos a mescla dos temas
religiosos e profanos nas obras.
Nessa época, o estilo renascentista se consolida em diversas partes do continente europeu: Portugal, Espanha,
França e Alemanha.
Destacam-se os artistas Rafael Sanzio e Michelangelo e na literatura, Erasmo de Roterdã e Nicolau Maquiavel.
Note que, nesse período, o movimento renascentista começa a entrar em decadência e já começam a surgir obras
no estilo maneirista e barroco.
* Willian Shakespeare (1564-1616): considerado um dos maiores dramaturgos de todos os tempos. Abordou em
sua obra os conflitos humanos nas mais diversas dimensões: pessoais, sociais, políticas. Escreveu comédias e tragédias, como
"Romeu e Julieta", "Macbeth", "A Megera Domada", "Otelo" e várias outras.
* Miguel de Cervantes (1547-1616): poeta, romancista e dramaturgo espanhol, autor de Dom Quixote de la
Mancha, uma crítica contundente da cavalaria medieval.
* Luís de Camões (1524-1580): teve destaque na literatura renascentista em Portugal, sendo autor do grande
poema épico "Os Lusíadas".
* Michel de Montaigne (1523-1592): escritor e filósofo francês, autor de Ensaios.
* Nicolau Maquiavel (1469-1527): Escritor, historiador e político italiano, foi um dos grandes nomes da literatura
renascentista. Considerado o “Pai do Pensamento Político Moderno” sua principal obra é O Príncipe, que aborda sobre o tema da
unificação italiana, obra precursora da ciência política onde o autor dá conselhos aos governadores da época.
* Leonardo da Vinci (1452-1519): Matemático, físico, anatomista, inventor, arquiteto, escultor e pintor, ele
foi o esteriótipo do homem renascentista que domina várias ciências. Por isso, é considerado um gênio absoluto.
Nascido no vilarejo de Anchiano, próximo de Florença, Leonardo é uma das figuras mais importantes do
Renascimento, de forma que contribuiu para a produção intelectual e artística da época. Seu trabalho tinha como característica o
realismo, a simetria, o uso impecável de luzes e sombras, resultando na sensação de relevo.
De suas obras destacam-se: A Última Ceia (Santa Ceia) e A Gioconda (ou Mona Lisa).Sem dúvida, Leonardo foi um
dos principais artistas do Renascimento.
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Pietà (1498-1499)
Michelangelo: artista italiano cuja obra foi marcada pelo humanismo. Além de pintor foi um dos maiores escultores
do Renascimento. Entre suas obras destacam-se a Pietá, David, A Criação de Adão e O Juízo Final. Também foi o responsável
por pintar o teto da Capela Sistina. Considerado o “Gigante do Renascimento”, destacou-se com a produção de sua escultura de
diversas obras, entre elas, destacam-se:
David;
Pietà;
Moisés;
Teto da Capela Sistina, com destaque para a pintura A Criação de Adão.
* Donatello di Niccoló (1368-1466) Além da tríade dos principais representantes da Renascença, foi um
importante escultor italiano do período, nascido em Florença. Introduziu novas técnicas artísticas ao utilizar diferentes materiais
para compor suas esculturas, como mármore, bronze e madeira.
Donatello foi um escultor italiano nascido em Florença, teve grande destaque na arte renascentista.
David (1430-1440)
De seus trabalhos destacam-se as esculturas:
David; São Marcos;
Gattamelata; Tabernáculo de São Jorge.
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* Rafael Sanzio (1483-1520): Ao lado de Leonardo da Vinci e Michelangelo, Rafael formou a tríade mais
importante dos grandes mestres da arte italiana da Renascença. Foi um mestre da pintura e famoso por saber transmitir
sentimentos delicados através de suas imagens de Nossa Senhora. Uma de suas obras mais perfeitas é a Madona do Prado.
Pintor italiano nascido na cidade de Urbino, inovou as técnicas de pintura, ao utilizar contrastes de luzes e sombras.
Pintor italiano que, em suas obras, utilizou a técnica do contraste de luz e sombras, sendo reconhecido como um
dos principais nomes do movimento renascentista.
* Masaccio (1401-1428) Pintor italiano considerado o primeiro grande pintor do renascimento artístico.
* Tintoretto (1518-1594) Jacopo Comin, mais conhecido como Tintoretto, foi um pintor italiano da última
fase do renascimento artístico (denominada de alto renascimento).
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* Paolo Veronese (1529-1588) Pintor italiano pertencente à última fase do renascimento, a obra de
Veronese abrange aspectos da escola maneirista.
* Andrea Mantegna (1431-1506) Pintor e gravador italiano, Andrea contribuiu com a técnica do ilusionismo
espacial.
* Fra Angelico (1387-1455) Guido di Pietro Trosini, mais conhecido pelo nome Fra Angelico, foi um pintor
italiano beatificado pela Igreja Católica em 1982.
A anunciação (1437-1446)
Um dos precursores da pintura renascentista, destacou-se com suas obras:
O Juízo Final; A Anunciação;
Adoração dos Reis Magos; A Coroação do Virgem
.
* Donato Bramante (1444-1514) Arquiteto e pintor Bramante foi discípulo de Andrea Mantegna.
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Francesco Petrarca na obra Ciclo dos Famosos Homens e Mulheres (1450), por Andrea di Bartolo di Bargilla.
De suas obras destacam-se:
Cancioneiro e o Triunfo; Remédios para os Trancos e Barrancos.
Meu Livro Secreto; *
Itinerário para a Terra Santa;
Giovanni Boccaccio (1313-1375) Escritor e humanista italiano, Boccaccio foi um estudioso da obra de Dante. Suas
obras de destaque, são:
Decameron (grande obra que inclui cerca de 100 novelas);
Mulheres famosas;
Rima e Visão Amorosa.
RENASCIMENTO CIENTÍFICO
A ideia era trazer à tona questões relacionadas com as descobertas científicas, bem como o desenvolvimento
social, artístico e cultural. Assim, gradualmente, esses artistas promoviam um pensamento mais humano e racionalista, ou seja,
centrado no antropocentrismo (homem como centro do mundo).
No campo científico, denominado de Renascimento Científico, os maiores representantes foram os astrônomos:
Nicolau Copérnico (1473-1543), com a Teoria Heliocêntrica (Sol no centro do Universo), e Galileu Galilei (1564-1642),
considerado o “pai da ciência moderna”.
Vale destacar que esse período de transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcado por diversas
transformações sociais, políticas, econômicas e culturais na Europa.
O declínio da sociedade feudal, o renascimento comercial-urbano, a criação da Imprensa e o surgimento da
burguesia, foram essenciais para consolidar uma nova era que se aproximava: O Humanismo Renascentista.
Chama-se Renascimento Científico o período de desenvolvimento da ciência durante os séculos XV e XVI. Esta
época foi pautada no racionalismo, no humanismo e nos conhecimentos da Antiguidade Clássica que mudaram a mentalidade das
pessoas.
A partir deste saber e descobertas dos estudiosos, esse período possibilitou o avanço de diversos campos do
conhecimento que, mais tarde, inauguraria a Ciência Moderna.
Os renascentistas estavam preocupados em estudar a natureza através da experimentação e da segmentação de
informações.
Vários homens e até mulheres realizaram pesquisas e, entre tantos, podemos citar Leonardo da Vinci. Embora
tenha sido um dos nomes mais importantes do Renascimento Cultural e Artístico, ele também se destaca no Renascimento
Científico, ao lado de Nicolau Copérnico.
PRINCIPAIS REPRESENTANTES
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O Renascimento foi marcado por importantes descobertas científicas, notadamente nos campos da astronomia, da
física, da medicina, da matemática e da geografia. Os principais pensadores que fizeram parte do Renascimento Científico foram:
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Reforma Protestante
ORIGEM DA REFORMA PROTESTANTE
O processo de centralização monárquica que dominava a Europa desde o final da Idade Média, tornou tensa a
relação entre reis e Igreja.
A Igreja - possuidora de grandes extensões de terra - recebia tributos feudais controlados em Roma pelo Papa.
Com o fortalecimento do Estado Nacional Absolutista, essa prática passou a ser questionada pelos monarcas que desejavam
reter estes impostos no reino.
Parte dos camponeses também estava descontente com a Igreja, pois eles também lhe deveriam pagar taxas,
como o dízimo. Em toda Europa, mosteiros e bispados possuíam imensas propriedades e viviam às custas dos trabalhadores da
cidade e dos campos.
A Igreja condenava as práticas capitalistas nascentes, entre elas a "usura" - a cobrança de juros por empréstimos -
considerada pecado; e defendia a comercialização a "justo preço", sem lucro abusivo.
Esta doutrina estava em contra as novas práticas mercantilistas do fim da Idade Média e freava o investimento da
burguesia mercantil e manufatureira.
No entanto, a desmoralização do clero, que apesar de condenar a usura e desconfiar do lucro, veio com a prática
do comércio de bens eclesiásticos.
O clero fazia uso da sua autoridade para obter privilégios e a venda de cargos da Igreja, uma prática chamada de
"simonia". Igualmente, muitos sacerdotes tinham esposas, apesar do celibato obrigatório, numa heresia conhecida como
"nicolaísmo".
O maior escândalo foi a venda indiscriminada de indulgências, isto é, a remissão dos pecados em troca de
pagamento em dinheiro a religiosos.
ANTECEDENTES
A reforma protestante ocorreu em um contexto de grandes transformações sociais, políticas, culturais e econômicas
na Europa. A formatação da Europa nos moldes medievais estava em declínio e novas realidades estavam surgindo. Era uma
Europa que via o comércio desenvolver-se e novos interesses políticos surgindo. Tratou-se de um período de mudanças culturais,
pois a cultura renascentista defendia a ideia do homem no centro de todas as coisas como forma de quebrar a grande influência
religiosa. As artes encontravam novas formas de expressão e o conhecimento científico avançava.
Fatores comuns que desempenharam um papel durante a Reforma e a Contrarreforma incluíram o surgimento da
imprensa, no século XV, foi um fator crucial, pois garantiu maior produção de livros e ampliou a circulação de ideias, do
nacionalismo, da simonia, da nomeação de cardeais-sobrinhos e de outras corrupções da Cúria Romana e outras hierarquias
eclesiásticas, o impacto do humanismo, o novo aprendizado da Renascença versus escolástica e o Cisma Ocidental, que corroeu
a lealdade ao papado e gerou guerras entre príncipes, revoltas entre os camponeses...
No campo religioso, a contestação da Igreja Católica era uma prática que vinha acontecendo desde meados da
Idade Média. Esses movimentos religiosos questionavam a falta de moralidade, o abuso do poder, a avareza, a corrupção e todo
tipo de desvio comum na Igreja Católica na Europa. Alguns historiadores entendem, por exemplo, que os valdenses, surgidos na
França, no século XII, já eram um movimento reformista, especialmente de John Wycliffe na Universidade de Oxford e de Jan Hus
na Universidade Carolina em Praga.
John Wycliff e Jan Hus, dois nomes que questionaram as práticas da Igreja nos séculos XIV e XV, respectivamente.
As críticas realizadas por ambos iam em caminho semelhante às de Lutero: questionavam o acúmulo de poder e os desmandos
de Roma, criticavam os desvios dos ensinamentos contidos na Bíblia, a venda de indulgências etc.
Huss se opôs a algumas das práticas da Igreja Católica Romana e queria devolver à igreja da Boêmia e da Morávia
as práticas anteriores: a liturgia na linguagem do povo (ou seja, o povo tcheco), fazendo com que os leigos recebam a comunhão
em ambas as espécies (pão e vinho—isto é, em latim, communio sub utraque specie), que padres possam casar e eliminando as
indulgências e o conceito de purgatório. Algumas delas, como o uso da língua local como língua litúrgica, foram aprovadas pelo
papa já no século IX.
John Wycliffe questionou o status privilegiado do clero católico que havia reforçado seu poderoso papel na
Inglaterra e o luxo e pompa das paróquias locais e suas cerimônias. Ele foi, portanto, caracterizado como a "estrela da tarde" da
escolástica e como a "estrela da manhã" ou stella matutina da Reforma Inglesa. Em 1374, Catarina de Siena começou a viajar
com seus seguidores por todo o norte e centro da Itália defendendo a reforma do clero e aconselhando as pessoas de que o
arrependimento e a renovação poderiam ser feitos por meio do "amor total a Deus". Ela manteve uma longa correspondência com
o Papa Gregório XI, pedindo-lhe para reformar o clero e a administração dos Estados Pontifícios. As igrejas protestantes mais
antigas, como a Igreja dos Irmãos Morávios, datam suas origens em Jan Hus no início do século XV. Por ser liderada por uma
maioria nobre da Boêmia e reconhecida, por algum tempo, pelos Pactos de Basiléia, a reforma hussita foi a primeira "reforma
magisterial" da Europa porque os magistrados governantes a apoiaram, ao contrário da "Reforma Radical", que o Estado não
apoiou Pré-Reforma de John Wycliffe
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Lutero é o nome mais conhecido da Reforma Protestante, contudo tal movimento teve como base as ideias do
professor e teólogo inglês, John Wycliffe. Ele levantou diversas questões sobre a Igreja, entre elas a necessidade da figura do
Papa, Wycliffe pregava que "Nosso papa é o Cristo".
O teólogo tinha como propostas reformistas:
• A pobreza apostólica;
• A Escritura como única lei da igreja;
• Os eleitos são a igreja, não o Papa e os cardeais;
• Cristo como o cabeça da igreja, não o Papa.
CAUSAS DA REFORMA
1 - Abusos da Igreja Católica
A Igreja Católica vinha, desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxos e bens materiais
estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos integrantes do clero estavam desrespeitando as regras religiosas,
principalmente no que se diz respeito ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais deixavam os
cristãos católicos insatisfeitos.
2 - Necessidades da burguesia
A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, ficou cada vez mais inconformada, pois os clérigos
católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas
condenáveis pelos religiosos.
3 - Venda de Indulgências
Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro em Roma, com a venda das
indulgências (venda do perdão).
4 - Interferências do papa na política
No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois esse interferia muito nos comandos que eram
próprios da realeza.
5 - Pensamento renascentista e a valorização das Ciências e da razão
O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem renascentista começou
a ler mais e formar opiniões cada vez mais críticas. Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a
pensar sobre as coisas do mundo, baseando-se na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão.
6 - Insatisfação dos camponeses
Outro fator importante foi a insatisfação de muitos camponeses, que não saíram da condição de servos, em pleno
século XVI, e viam na Igreja uma instituição que apoiava a condição de miséria em que viviam. Os camponeses e pessoas pobres
também estavam inconformados com o acúmulo de capital do clero, principalmente de terras.
REFORMA DE LUTERO
O monge agostiniano Martinho Lutero não concordava com as práticas da Igreja e por isso teceu críticas por meio
das 95 teses.
Um dos seus maiores questionamentos era sobre a venda de indulgências, prática em que a pessoa ofertava
dinheiro em troca do perdão pelos seus pecados. Sua indignação era reforçada pelo fato de que o papa Leão X havia oferecido
indulgências para todos que contribuíssem financeiramente para a construção da Basílica de São Pedro.
Lutero também criticava a venda de cargos eclesiásticos e a venda de relíquias sagradas, ambas conhecidas como
simonia. Suas críticas davam-se porque a ideia que o movia, teologicamente falando, era a de gratuidade da fé, isso quer dizer
que ele não acreditava que obras, como pagarem pelo perdão concedido pelo papa, garantissem a salvação de uma pessoa, mas
que apenas a fé garantiria a salvação.
A insatisfação com as práticas e o debate teológico a respeito da salvação foram os fatores centrais que levaram o
monge a posicionar-se. O movimento que Lutero iniciou não visava à separação da Igreja, mas sua moralização. Acontece que o
que foi iniciado por Lutero propiciou que mudanças nos âmbitos políticos e econômicos fossem possíveis.
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Politicamente a Igreja ainda representava uma grande força, uma vez que a consolidação do poder dos monarcas
dependia da aprovação papal. Nesse sentido, ter o apoio do papa garantia uma influência muito grande, tanto internamente
quanto externamente. A grande questão é que o século XVI foi um momento em que as demandas e os interesses políticos de
cada reino começaram a tornarem-se mais complexos.
Essa situação tem relação com o processo de formação dos Estados nacionais e de centralização do poder. As
agendas políticas dos Estados formados eram muitos amplas, e, na maioria das vezes, os interesses dos reis desses locais não
se encontravam com os interesses do papa. Nesse sentido, muitos nobres apoiaram a reforma de Lutero porque identificou nela
potencial para o enfraquecimento da Igreja, o que poderia garantir-lhes maior autonomia.
Essa maior autonomia política também significava maior autonomia econômica para esses reinos, uma vez que
garantia o fim de impostos pagos para a Igreja. No contexto alemão, a reforma também foi abraçada porque se encarava com
indignação a grande quantidade de recursos e posses que a Igreja possuía, principalmente porque algumas regiões do Sacro
Império eram bastante pobres.
O início da Reforma é geralmente datado em 31 de outubro de 1517 em Wittenberg, Saxônia, quando Lutero enviou
suas Noventa e Cinco Teses sobre o Poder e a Eficácia das Indulgências ao Arcebispo de Mainz. As teses debatiam e criticavam
a Igreja e o papado, mas concentravam-se na venda de indulgências e políticas doutrinárias sobre o purgatório, o julgamento
particular e a autoridade do papa. O estopim da Reforma Protestante aconteceu em 1517, quando Martinho Lutero se deparou
com o dominicano Tetzel que vendia indulgências em Wittnberg. Em resposta, no dia 31 de outubro, escreveu 95 teses que
criticavam a Igreja Católica e Papa, fixando-os na porta da Catedral de Wittenberg.
A ação de Lutero rapidamente se repercutiu pelos países da Europa e no ano seguinte, 1518, ele foi acusado de
heresia e chamado em Roma. O monge recusou a ordem papal e manteve suas posições, que também expressavam a opinião de
boa parte da população.
Em 1520, Martinho Lutero recebeu uma “Bula Papal”, que ordenava que se retratasse ou seria excomungado. Em
resposta, eles, juntamente com estudantes e professores da Universidade de Wittenberg, queimaram a Bula em praça pública.
A Igreja Católica não aprovou as críticas de Lutero. O papa Leão X, por exemplo, emitiu uma bula exigindo que o
monge se retratasse, mas este queimou a bula papal em uma demonstração de que não se curvaria à pressão de Roma. No ano
seguinte, o papa ainda excomungou Lutero, o que significava que ele estava excluído da Igreja Católica.
No entanto, Lutero foi acolhido por parte da nobreza alemã, que simpatizava com suas ideias e refugiou-se no
castelo de Wartburg. Ali, se dedicou à tradução da Bíblia do latim para o alemão, e a desenvolver os princípios da nova religião.
Seguiram-se guerras religiosas que só foram concluídas em 1555, pela "Paz de Augsburgo". Este acordo
determinava o princípio de que cada governante dentro do Sacro Império poderia escolher sua religião e a de seus súditos.
Lutero ainda teve de posicionar-se contra o poder temporal, uma vez que o imperador do Sacro Império, Carlos V,
convocou a Dieta de Worms, uma espécie de assembleia, para que as ideias de Lutero fossem debatidas. Lutero esteve presente
nesse evento, defendeu seus escritos e ideias e foi considerado um herege. Isso o forçou a esconder-se por um ano no Castelo
de Wartburg como forma de proteger sua vida.
As ideias de Lutero foram fortemente abraçadas por muitos no Sacro Império, e a base de teologia luterana é a
ideia de que “o justo viverá pela fé”. Assim, não são boas obras que garantem a salvação de uma pessoa, mas sim a sua fé.
Quanto às indulgências, ele as questionava nas suas teses dizendo:
Os reformadores e seus oponentes fizeram uso intenso de panfletos baratos, bem como de Bíblias vernáculas,
usando a relativamente nova tecnologia de impressão, de modo que houve um movimento rápido de ideias e documentos.
“Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as
cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?”.
A construção teológica desenvolvida por Martinho Lutero pode ser resumida nos princípios conhecidos como cinco
solas, crenças basilares da teologia protestante:
• Sola fide (somente a fé)
• Sola scriptura (somente a escritura)
• Solus Christus (somente Cristo)
• Sola gratia (somente a graça)
• Soli Deo gloria (glória somente a Deus) • Reação da Igreja
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Na década de 1540, o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento, evento que organizou a contrarreforma, o
movimento de reação da Igreja contra o crescimento do protestantismo. Essa reação criou critérios para uma formação mais
rigorosa dos membros clero e determinou que determinados livros tivessem sua circulação proibida.
“A reação da Igreja Católica conseguiu, em partes, barrar o avanço do protestantismo, mas em locais como
Alemanha, Dinamarca, Suécia, Países Baixos, Suíça, Inglaterra e Suíça, essa vertente religiosa conseguiu conquistar muito
espaço.”
REFORMA ANGLICANA
Ao contrário de outras reformas empreendidas por eclesiásticos e teólogos, a reforma anglicana foi estabelecida
sob os auspícios da monarquia inglesa no século XVI e teve início como mais um episódio no longo debate com a Igreja Católica
sobre sua autoridade em relação ao povo inglês. Na realidade, trata-se mais de um cisma do que uma verdadeira reforma,
configurando-se, portanto, mais como uma disputa política do que religiosa (embora as diferenças políticas tenham permitido,
posteriormente, uma crescente discórdia teológica).
A Igreja Anglicana reconheceu seu soberano como chefe, manteve o papa com o título de bispo de Roma, e teve
seus dogmas e ritos muito pouco modificados em relação aos do catolicismo. Trata-se de uma igreja independente de Roma, sem
comunidades monásticas, mas fiel à sua doutrina.
Henrique VIII Tudor da Inglaterra solicitara, em 1527, a Clemente VIII a dissolução de seu casamento com Catarina
de Aragão, alegando que ela não podia lhe dar um herdeiro. Como seu pedido fosse negado pelo papa, o soberano dirigiu-se ao
arcebispo da Cantuária, obtendo o que desejava. Em 1534, ele promulgou, com apoio do parlamento, o Ato de Supremacia, que o
declarava Chefe Supremo da Igreja e do Clero da Inglaterra na Terra e rompeu as relações diplomáticas com a Igreja Católica
Apostólica Romana.
Ana Bolena: segunda esposa de Henrique VIII e um dos motivos do rompimento do rei inglês com a Igreja Católica.
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Uma vez anulado o casamento com Catarina de Aragão, Henrique VIII casou-se com Ana Bolena, que
posteriormente ela foi acusada de adultério e executada (com ela ele teve uma única filha, Elizabeth Tudor). Ele se casou então
com Jane Seymour, que finalmente lhe deu um herdeiro, Eduardo Tudor, futuro Eduardo VI. Após a morte de Jane Seymour,
Henrique VIII casou-se ainda com a luterana Ana de Cleves (cunhada de Frederico, da Saxônia), com a conservadora Catarina
Howard e, finalmente, com Catarina Parr, casamentos estes que foram resultado de várias articulações políticas.
Entre 1534 e 1539, o parlamento decretou que os impostos religiosos não fossem mais pagos ao papa, e sim ao rei,
e que a Igreja Anglicana podia deliberar sobre as próprias questões internas sem recorrer a Roma, o que fez com que Henrique
VIII fosse excomungado; os mosteiros foram saqueados e destruídos, e seus bens confiscados e vendidos, permitindo que o
Estado retomasse cerca de um terço do reino; cada paróquia passou a ter uma Bíblia em inglês; e as ideias de Lutero foram
fortemente condenadas.
Concílio de Trento
Em 1545 e 1563, realizou-se o Concílio de Trento, com representantes da Igreja Católica de toda a Europa.
Igualmente estavam presentes membros da igreja luterana e da ortodoxa.
Vejamos as principais decisões:
O clero regular deveria estudar nos Seminários, caso quisessem tornar-se padres.
Os párocos foram obrigados a morar em suas paróquias e dar atenção especial à pregação doutrinal.
Proibiu-se a venda de cargos religiosos
Foi criado o “Index”, lista de livros proibidos pela Igreja, incluindo livros científicos de Galileu, Giordano Bruno,
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