Lahr_Guilherme_tcc
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São Carlos
2019
GUILHERME CAPELATTO LAHR
São Carlos
2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr. Luís Carlos Passarini pela orientação neste trabalho
e ao longo de três anos nos projetos desenvolvidos dentro da equipe
extracurricular EESCuderia Mileage, sempre me ensinando e motivando meu
desenvolvimento pessoal.
Às empresas Ephoxal, Texiglass, Redelease, MSC, UPR, CRC
Composites e seus proprietários por embarcarem comigo neste desafio e
fornecer recursos e conhecimentos essenciais para a realização do projeto.
Aos meus amigos e amigas da equipe EESCuderia Mileage por todo o
aprendizado que me proporcionaram, companheirismo nos desafios enfrentados
e momentos divertidos que pudemos compartilhar.
Agradeço a minha família, Djalma Lahr Filho, Maria Cristina Capelatto
Lahr e Pedro Capelatto Lahr por sempre me apoiarem durante a graduação, me
orientar nos momentos difíceis e nas decisões importantes.
A minha namorada Bruna de Castro Zambuzi que sempre esteve comigo
em todos os momentos, ajudando a construir meu caráter.
Aos membros da banca por se disponibilizarem a avaliar o presente
trabalho.
Ao Professor Marcelo Leite Ribeiro e ao aluno Pedro Wolf por fornecerem
o workshop que incentivou a construção da carenagem por infusão a vácuo e
por compartilharem os conhecimentos sobre construção de moldes.
Aos professores e funcionários do Departamento de Engenharia de
Materiais e Manufatura e da Universidade de São Paulo e a todos aqueles que,
direta ou indiretamente, contribuíram com minha graduação.
RESUMO
1.1 A Competição
Cada maratona possui seu próprio regulamento, com uma lista de regras
e exigências muito bem detalhadas para satisfazer um elevado nível de
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segurança e criar uma condição mínima afim de equalizar o nível dos automóveis
participantes. O carro deve comportar um(a) motorista com mínimo de 50kg de
massa e atingir uma média mínima de velocidade de 25km/h, estipulada pelas
organizações dos eventos.
Os principais eventos da categoria “Eficiência Energética” que acontecem
no Brasil são a Shell Eco Marathon Brasil (SEM) e a Maratona Universitária de
Eficiência Energética (MUEE). Nesta última, a EESCuderia Mileage é dona do
recorde na categoria carros elétricos, conquistado em 2013, fazendo uma marca
de 533km/kWh.
1.2 A Equipe
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Powertrain: responsável por aumentar a eficiência dos motores
elétrico e a combustão desenvolvendo e programando controladores, telemetria
e injeção eletrônica. É o “coração do carro”.
Esterço e Frenagem: responsável por projetar e manufaturar
sistema de direção que gere o mínimo de atrito possível entre os pneus e o
asfalto, que tenha um sistema de freio que responda com a exigência de
segurança de cada competição.
Estruturas: responsável pelo projeto do chassis do automóvel e
toda peça que sofra solicitação mecânica, sempre com foco em melhorar a
eficiência energética do carro.
Aerodinâmica: responsável pelo projeto da carenagem não
estrutural visando reduzir a resistência do ar sobre o veículo.
Materiais Compósitos: responsável por desenvolver soluções para
substituir os materiais metálicos presentes nos projetos estruturais e não
estruturais do carro, com finalidade de reduzir peso, gerar reforços e criar peças
com geometrias características. Nesta seção se desenvolveu o processo de
manufatura da carenagem apresentada neste trabalho.
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As principais motivações foram a possibilidade de colocar em prática os
conceitos aprendidos e aprofundar os conhecimentos adquiridos na disciplina
SMM0308 - Materiais Compósitos e estabelecer parcerias com empresas
especializadas, a fim de consolidar o aprendizado nos assuntos envolvidos e que
se fez necessário nas diversas etapas de processos. Graças às parcerias, que
cederam recursos (materiais, treinamentos e espaços físicos), foi possível
viabilizar os trabalhos.
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2 Revisão bibliográfica
2.2 Reforços
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Apesar de suportar as solicitações mecânicas no material composto, as
fibras exibem fragilidade e baixa tenacidade à fratura (TARPANI, 2015). Os
reforços mais comuns são as fibras de vidro, carbono e aramida (MARINUCCI,
2011).
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matriz. Este passo se repete até que a espessura desejada seja atingida. Não
recomenda-se aplicar mais que três camadas consecutivas devido à alta
liberação de calor durante a cura exotérmica da resina, podendo provocar
empenamento da peça, queima do gel coat e degradação. A cura pode se dar a
temperatura ambiente ou em estufa, conforme orientação do fabricante
(COOPMACO, 2014).
Figura 3: Curvas tensão-deformação para alguns compósitos poliméricos (Fonte: TITA, 2011)
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3 Materiais, Métodos e Resultados
3.1 Design
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Posteriormente, em trabalho integrado com a seção de Materiais
Compósitos, notou-se que devido à geometria com bordas negativas não seria
possível fazer o desmolde da peça final, exigindo-se novas modificações, dessa
vez com foco na manufatura da carenagem.
Chegou-se a forma final que atendia tanto aos requisitos de manufatura
quanto aerodinâmicos e estéticos do projeto.
3.2 Molde
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Wolf (2016) conta que para o processo de infusão a vácuo pode-se
trabalhar com molde de PRFV de basicamente três tipos (informação verbal)*:
Molde macho: acabamento interno;
Molde fêmea: acabamento externo;
Molde bipartido: acabamento interno e externo, porém com maior
complexidade e custo de produção se comparado aos outros dois tipos;
Portanto, selecionou-se o molde fêmea, pois nele os requisitos
aerodinâmicos são melhor atendidos quando se produz uma superfície lisa com
menor interação física com o ar. A manufatura do molde foi dividida em duas
etapas: o pré-molde e a laminação manual do molde.
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fresadora CNC a partir do desenho em CAD e depositou-se uma fina camada de
resina epóxi na superfície do EPS. Segundo Alexandrin (2017) esta camada tem
o objetivo de proteger o EPS de solventes presentes na resina poliéster
(informação verbal)* (que utilizou-se na laminação do molde, que será visto a
frente).
Figura 8: Pré-molde finalizado com 25mm de comprimento a mais em sua base (Fonte: Autor, 2017)
*
Informação fornecida por Reginaldo Wagner Alexandrin em São Carlos, em 2017.
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3.2.2 Laminação manual do Molde
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Seguindo-se as orientações concluiu-se a deposição de fibras e resinas
sobre o PM. Após aguardar 24 horas para cura total do laminado efetuou-se o
desmolde rompendo-se o EPS do PM.
Figura 10: face interna do molde com demonstração do gel coat e abas
laterais para fixação do tacky tape (Fonte: Autor 2017)
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3.3 Infusão a Vácuo
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Figura 11: a) Resin trap preso ao pé da bancada. b) Mangueira transparente reforçada.
c) Bomba de vácuo. d) Vacuômetro e estranguladores. (Fonte: Autor 2017)
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Camatta (2017) explica que porque a carenagem não é uma peça de
estrutura primária e nem de alta precisão dimensional, pois as pequenas
distorções não causarão impacto sobre a aerodinâmica do carro, o Procedimento
do Projeto para Estruturas em Compósito Reforçado com Fibras e a Teoria
Clássica de Laminados apresentados por Tita (2011) podem ser flexibilizados
(informação verbal)*.
Continuando a explicação, a infusão a vácuo é um processo que não
aceita correções em caso de erros graves. Para montar o sistema de infusão no
interior do molde da carenagem e evitar erros de processo o autor desenvolveu
testes iniciais para entender o comportamento dos materiais utilizados,
principalmente a permeabilidade dos reforços, a fluidez da resina de baixa
viscosidade e a rigidez dos Corpos de Prova (CPs) produzidos. Permite-se assim
estimar o tempo de infusão completa na peça final. Isto será explicado mais à
frente.
Montou-se um sistema de bancada (RIBEIRO; WOLF, 2016) para
produção de três CPs. A chapa de vidro serviu de base, ou molde, para a
montagem. Fez-se a limpeza e selagem da face superior e depositou-se 5
camadas de desmoldante, com intervalos de 10 minutos entre uma camada e
outra para cura completa do filme polimérico, como sugere a ficha técnica da
Redelease. É importante proteger com fita adesiva o contorno da chapa onde o
tacky tape será fixado, evitando que ele se descole devido ao desmoldante.
Camatta (2017) passa as diretrizes do teste de infusão com sequência de
empilhamento das camadas, dimensões e posicionamento dos espirodutos
(informação pessoal)†.
1 - Camadas de tecidos de fibra de carbono (200mm x 600mm);
2 - Uma camada do Peelply pouco maior que os tecidos de carbono
(220mm x 620mm);
3 - Uma camada do Media Flow (200mm x 550mm, 50mm menor na saída
de vácuo);
4 - Dois espirodutos ligados a mangueira transparente reforçada (para
entrada de resina e saída de vácuo). É importante destacar que os espirodutos
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devem estar sobre a fibra de carbono para que a bolsa de vácuo não vede as
entradas espiraladas quando a bomba for ligada;
5 - Bolsa de vácuo (com dimensões 20% maior que todo o sistema);
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A mangueira de entrada do sistema foi conectada ao balde de resina e a
mangueira de saída conectada ao resin trap e bomba de vácuo, como
representado no esquema a seguir. O vacuômetro foi conectado entre o resin
trap e a bomba, mantendo a pressão de vácuo em 550 mmHg.
Figura 14: Resina permeando os tecidos e marcações de seu trajeto (Fonte: Autor, 2017)
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A infusão ocorreu a temperatura de 26°C (considerada ideal para
viscosidade e tempo de cura da resina, com base no manual da EpHoxal). Após
24 horas de cura a temperatura ambiente desmoldou-se os CPs.
Repetiu-se todo o teste para produção de um terceiro CP. Os resultados
dos teores de reforço apresentam-se na Tabela 1:
Devido à alta flexibilidade dos CPs, não foi possível realizar testes de
flexão em três pontos. Como as competições de maratonas energéticas não
adotam uma norma de ensaio mecânico para avaliação da rigidez/deformação
das carenagens dos protótipos veiculares seguiu-se as orientações do
regulamento da MUEE.
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Com finalidade de simular a inspeção técnica dentro da oficina da
EESCuderia Mileage criou-se um ensaio onde os CPs teriam que suportar uma
massa pontual de 5kg, em vão livre de 300mm com suas extremidades fixas,
sem se romper. A superfície plana e paralela ao solo mais extensa da carenagem
possui 30mm, motivando a medida do vão livre.
Os CPs 1 e 2 foram aprovados no teste e o CP 3 apresentou deformação
elástica acima do esperado, porém não se rompeu.
Utilizando-se a Teoria Clássica de Laminados seria possível obter uma
estimativa do comportamento mecânico dos laminados antes dos CPs serem
produzidos, podendo-se assim focar a execução dos testes nas configurações
de laminados mais adequados às necessidades do projeto, eliminando-se assim
a necessidade do laminado com 4 camadas de tecido.
Também era esperado um empenamento no CP3 que, pela ausência de
simetria no empilhamento dos tecidos de reforço, tende a se torcer devido à
dilatações e contrações térmicas do processo de cura da resina. Porém o
empenamento não ocorreu.
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esqueleto, para melhorar a estrutura e evitar empenamentos causados pela
ausência de simetria do posicionamento dos tecidos. Essas estruturas são
utilizadas de costume em projetos de cascos navais (informação verbal)*, como
representado na Figura 15:
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Figura 17: Posicionamento do feltro de poliéster
(Fonte: Autor, 2017)
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Figura 18: Peça final após desmoldagem (Fonte: CRC Composites/Newsletter)
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4. Resultados
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O acabamento da peça seguiu a mesma qualidade do acabamento do
molde, que por sua vez refletiu a superfície do PM. O brilho desejado não foi
atingido. Para isso pode-se revestir o PM com outro material que proporcione
melhor acabamento, em substituição da massa acrílica, ou utilizar uma lixa de
granulometria mais fina, em substituição a lixa 200, para polir o revestimento.
Figura 21: Equipe EESCuderia Mileage com o protótipo Venturo na Shell Eco Marathon Brasil, no
Rio de Janeiro em 2017. (Fonte: Site da Shell Eco Marathon, 2017)
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5. Conclusão
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protótipo da EESCuderia Mileage e ser produzido por infusão a vácuo, seguindo-
se os passos apresentados nesta monografia.
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6. Referências
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