TCC - Marcus Vinicius Fontana
TCC - Marcus Vinicius Fontana
TCC - Marcus Vinicius Fontana
Caxias do Sul
2022
MARCUS VINÍCIUS FONTANA
Caxias do Sul
2022
MARCUS VINÍCIUS FONTANA
BANCA EXAMINADORA
The modified atmosphere process consists in a method that provides the increase of
the food shelf life and also its commercial durability. To know the behavior in relation to the
resistance of the polymeric component used in a project of a vacuum sealing machine for food,
will be exposed throughout this work the study of numerical analysis in a given geometry of
polymethylmethacrylate (PMMA) and polycarbonate (PC) by the finite element method (FEM)
with the aid of SolidWorks software. In the progress of this study it was used relevant
information obtained through data collection in the field, to know in a real way the vacuum
curve generated when in process, with pre-defined pressures of 100 mbar to 950 mbar, so it was
possible to know the time that each pressure takes to be reached, after obtaining this data, it was
identified the force exerted at each instant. To perform the analysis, using the SolidWorks
software, the data found was included in order to generate the application curve for the
knowledge of the tensions. It was sought to perform in an integral and real way the boundary
conditions of the cover element, being its fixation form, the application of pressure on its
surface and the generation of the mesh type, so that the results in its scope are real. For purposes
of project improvement, which seek application security and possible cost reduction, the FEM
analysis was performed in different thicknesses, starting from 25 mm to 15 mm in PMMA, and
indicated a possible substitute material, being it the polycarbonate with a thickness of 12 mm.
With the results obtained in the analysis, it was possible to identify what are the efforts
generated when the product is subjected to the vacuum process, thus, knowing the stresses,
strains and displacements that are applied through the vacuum curve designed, thus, meeting
its operating requirements, and also being able to identify the safety coefficients for each
application. Through this analysis it became feasible to identify which products and their
respective thicknesses can be used in this application model, where all the proposed
configurations of materials are efficient for the proper use.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 21
1.1 QUESTÃO DE PESQUISA ............................................................................................ 22
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 23
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 23
1.2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................... 23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 24
2.1 PROJETO DE MÁQUINAS............................................................................................ 24
2.2 SISTEMAS DE VÁCUO ................................................................................................. 25
2.2.1 Medidas de pressão ..................................................................................................... 26
2.2.2 Básico funcionamento embaladora a vácuo .............................................................. 27
2.2.3 Bombas de vácuo ......................................................................................................... 28
2.2.3.1 Bombas de palhetas rotativas ..................................................................................... 28
2.2.3.2 Bombas tipo roots....................................................................................................... 29
2.2.3.3 Bombas moleculares ................................................................................................... 30
2.3 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ................................................................................ 30
2.3.1 Materiais de engenharia ............................................................................................. 31
2.3.2 Propriedades mecânicas dos materiais ...................................................................... 32
2.3.3 Tipos de falhas ............................................................................................................. 32
2.3.3.1 Deformação elástica e plástica ................................................................................... 33
2.3.3.2 Limite de resistência à tração ..................................................................................... 35
2.4 COEFICIENTE DE SEGURANÇA ................................................................................ 36
2.4.1 Escolha do coeficiente de segurança .......................................................................... 37
2.5 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS ......................................................................... 38
2.5.1 Fases do método de elementos finitos ........................................................................ 38
2.5.1.1 Etapa de pré-processamento ....................................................................................... 39
2.5.1.1.1 Geometria e tipos de elementos ............................................................................... 39
2.5.1.1.2 Geração de malha.................................................................................................... 40
2.5.1.1.3 Condições de contorno ............................................................................................ 41
2.5.1.2 Etapa de processamento ............................................................................................. 42
2.5.1.3 Etapa de pós-processamento....................................................................................... 42
2.6 POLÍMEROS ................................................................................................................... 43
2.6.1 Polimetilmetacrilato (PMMA) ................................................................................... 44
2.6.1.1 Propriedades do PMMA ............................................................................................. 44
2.6.2 Policarbonato (PC) ...................................................................................................... 45
2.6.2.1 Propriedades do PC .................................................................................................... 45
2.6.3 Relação tensão x deformação dos polímeros............................................................. 47
3 METODOLIGIA .............................................................................................................. 49
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................... 49
3.2 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ............................................................ 49
3.3 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS .......................................................................................... 50
3.3.1 Projeto via SolidWorks ................................................................................................ 51
3.3.2 Dimensão de área útil da cuba ................................................................................... 51
3.3.3 Coleta dos dados .......................................................................................................... 53
3.3.4 Criação da curva de vácuo: pressão x tempo ........................................................... 54
3.3.5 Determinação das condições de contorno – geometria fixa ..................................... 55
3.3.5.1 Aplicação da pressão .................................................................................................. 57
3.3.5.2 Aplicação da curva de vácuo ...................................................................................... 57
3.3.5.3 Geração da malha ....................................................................................................... 58
3.3.6 Caracterização de espessuras do material ................................................................ 60
3.3.7 Propriedades mecânicas dos materiais utilizados .................................................... 61
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................... 62
4.1 COLETA DE DADOS EM CAMPO .............................................................................. 62
4.2 CURVA DE VÁCUO REAL........................................................................................... 63
4.3 TENSÕES ........................................................................................................................ 64
4.3.1 Tensão de von Mises para espessura de 25 mm – PMMA ....................................... 65
4.3.2 Deslocamento espessura de 25 mm ............................................................................ 66
4.3.3 Fator de segurança espessura de 25 mm ................................................................... 67
4.3.4 Tensão de von Mises para espessura de 15 mm – PMMA ....................................... 68
4.3.5 Deslocamento espessura de 15 mm ............................................................................ 69
4.3.6 Fator de segurança espessura de 15 mm ................................................................... 70
4.3.7 Tensão de von Mises para espessura de 12 mm - PC ............................................... 70
4.3.8 Deslocamento espessura de 12 mm ............................................................................ 71
4.3.9 Fator de segurança espessura de 12 mm ................................................................... 72
4.3.10 Resumo das análises .................................................................................................... 73
5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 76
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 78
ANEXO A – PROPRIEDADES TÍPICAS DO ACRÍLICO CAST 45 ............................ 80
ANEXO B – PROPRIEDADES TÍPICAS DO POLICARBONATO ............................... 81
APÊNDICE A – DETALHAMENTO DO ELEMENTO DE ESTUDO ........................... 82
21
1 INTRODUÇÃO
(MEF) para que o desenvolvimento dos produtos tenham uma melhor confiança ao invés de
desenvolver o produto por tentativas e erros. A idéia principal do MEF consiste em dividir um
determinado corpo em elementos finitos, conectados por pontos (nós), onde é chamada de
malha de elementos finitos, e a geração de malha é o processo conhecido para essa construção
(FILHO, 2013; FISH; BELYTSCHKO, 2009).
Os materiais sintéticos também conhecidos como polímeros tem sido utilizado com
grande frequência em determinados projetos com propósitos estruturais relevantes, porém suas
propriedades mecânicas variam significativamente em algumas aplicações. Entretanto muitas
vezes não se tem todas as condições necessárias da aplicação dos polímeros, sendo assim é
preciso procedimentos preliminares para garantir a melhor escolha possível de cada material
polimérico. Tipicamente as propriedades mecânicas relacionadas aos polímeros podem ser
especificadas da mesma forma que são utilizadas para os metais. Nos últimos anos os polímeros
têm se destacado devido suas determinadas liberdades de design, algo predominante nos
projetos atuais, também levando em consideração seu baixo peso quando comparado com
outros materiais, como cerâmicas e metais (ALMEIDA; SOUZA, 2015; CALLISTER JR;
RETHWISCH, 2021).
Baseado no material exposto até o momento, este estudo visa o conhecimento e a
análise dos esforços gerados no material PMMA quando solicitado no processo de vácuo, para
proporcionar maior segurança e certeza técnica dos esforços realizados no momento transitório
de processo, e também oportunizar através dos resultados que serão obtidos e analisados,
ganhos no custo de fabricação da câmara de vácuo tornando um melhor credenciamento na
comercialização do projeto da máquina.
1.2 OBJETIVOS
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
apresentação dos planos a fim de atender à necessidade e dependendo da tarefa é possível que
algumas fases sejam repetidas ao longo do projeto.
Para Gama e Degasperi (2002) vácuo é um assunto no qual tem fascinado inúmeros
filósofos e cientistas desde o tempo de Aristóteles. A tecnologia de vácuo pode ser utilizada em
diversas etapas de transformação de produtos, importante ressaltar que a remoção de todas as
moléculas que se encontram em um determinado recipiente é quase impossível de realizar. A
maioria das aplicações de vácuo estão ligadas à retirada de ar de uma câmara na qual procura-
se aplicações junto a processos industriais ou científicos.
De acordo com Degasperi (2002) e Paiva (2010) o sistema de vácuo é composto
por três elementos basicamente definidos, tendo em vista que a tarefa principal do sistema de
vácuo é garantir pressões baixas no interior de um recipiente (câmara definida). A Figura 2
ilustra as principais partes na qual apresenta a maioria dos sistemas de vácuo, onde são
compostos por: câmara de vácuo previamente definida, bomba de vácuo e linha de
bombeamento (tubulação) bem localizadas e discretamente definidas.
26
Pressão é definida como uma força normal exercida por uma unidade de área, é
somente tratado de pressão quando lidamos com um gás ou líquido. A pressão é definida por
meio da força por unidade de área, no qual tem como unidade newtons por metro quadrado
(N/m2), onde denomina-se como Pascal (Pa). Sendo assim: 1 Pa = 1 N/m2. O cálculo de força
em função de uma pressão é bastante conhecido, todavia, como a força que a atmosfera exerce
sobre um determinado objeto com uma diferença de pressão, onde pode ser calculado através
da Equação 1 (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).
27
𝐹
𝑃= Equação 1
𝐴
Bombas do tipo roots são formadas por dois rotores com formato de oito que giram
em direções opostas dentro de um mesmo estator se movendo sem existir contato entre si, com
movimentos sincronizado por um conjunto de engrenagens movimentados por um motor. Neste
modelo de bomba não é incluído óleo de vedação, sendo assim, permite velocidades elevadas
aos rotores. A Figura 4 ilustra a forma de funcionamento de uma bomba tipo roots
(MOUTINHO et al, 1980; GAMA, 2002).
De acordo com Moutinho et al, (1980) e Gama (2002) as bombas moleculares têm
por finalidade a transferência de momento linear, ou arraste molecular, no qual um rotor gira
em alta velocidade promovendo o arrasto das moléculas em um espaço reduzido entre o rotor e
o estator. Através da Figura 5 é apresentado um esquema da bomba de arraste no qual possui
um estágio de bombeamento molecular, desta forma o rotor arrasta as moléculas de P1 para P2,
onde existe uma pequena folga entre o rotor e o estator, assim impedindo que as moléculas do
volume P2 passem para P1.
componentes não devem ultrapassar a resistência do material utilizado, com isso, a resistência
dos materiais é o nível de tensão onde provoca uma falha por fratura ou deformação
(DOWLING, 2018; PINHEIRO; CRIVELARO, 2021).
Uma falha por deformação indica determinadas mudanças nas dimensões físicas ou
em sua forma ao ponto de inviabilizar suas características iniciais de funcionamento. Os tipos
comuns de falhas de material podem ser classificados como deformação ou uma fratura, onde
existem inúmeras causas diferentes, é relevante identificar aquelas que podem ser esperadas em
um determinado projeto afim de que com métodos apropriados de análise sejam possíveis de
prever alguns de seus comportamentos. Conforme Figura 7 é possível identificar alguns tipos
de falhas por deformações e fraturas que acontecem nos materiais (DOWLING, 2018).
𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎
𝐹𝑆 = Equação 2
𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙
𝐹𝑆 = Equação 3
𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙
37
Conforme visto na Figura 11 é possível perceber que para materiais bem conhecidos
e confiáveis, utilizados em condições controladas é indicado a utilização de ns= 1,25 a 2. Para
materiais médios, operados em ambientes comuns com tensões determinadas ns= 2 a 3. Já para
materias utilizados em ambientes e sujeitos a tensões incertas ns= 3 a 4.
38
Para que o método de elementos finitos seja considerado completo e eficiente, três
etapas precisam ser agrupas para resolução de problemas e assim desempenhar a análise de
forma correta. São divididas em pré-processamento, processamento e pós-processamento. É
possível identificar essas fases conforme Figura 12 (MELCONIAN, 2014).
outros elementos todas as forças nodais estabelecem concepções e igualam a carga real aplicada
aquele nó (JUVINALL; MARSHEK, 2019).
Os elementos e nós que caracterizam uma região é determinada como uma malha,
geralmente em projetos iniciais utiliza-se a geração de malha automática, com o intuito de obter
resultados mais rápidos, porém os resultados iniciais não são tão precisos, mas desta forma
também é possível identificar se incialmente, mesmo com pouca precisão, o projeto é viável,
não perdendo tempo desnecessário e descobrir que o projeto é inviável. Após o projeto estar
relativamente definido, pode-se gerar melhores condições de malhas para obter-se melhores
análises no projeto final (NORTON, 2013).
Uma malha grosseira, com elementos maiores é desejada quando o objetivo é
minimizar o tempo de processamento de análise. Em regiões onde gradientes de tensões são
pequenos, mesmo com malha grossa é possível obter bons resultados, porém em regiões onde
o gradiente de tensão é alto, no qual consiste em regiões com concentração de tensão, é
necessário variar a densidade da malha, desta forma realizando um refino da malha e assim
decidir se em determinada região é preciso obter-se uma malha mais fina. Na Figura 14 é
possível identificar determinados modelos de malhas e seus refinamentos, malha grosseira,
malha mediana, malha fina e malha muito fina (BUDYNAS; NISBETT, 2016; NORTON,
2013).
Conforme Filho (2009) e Norton (2013) a homogeneidade ou o refino da malha não
parece ser tão óbvia em uma determinada estrutura, pois engenheiros e analistas devem se
basear em conceitos da compreensão de distribuição das tensões carregadas em um componente
para decidir qual a região precisa ter uma malha mais fina e homogênea, sendo assim, quando
identificado os pontos críticos onde o gradiente de tensões é alto, sendo em locais com grandes
concentrações de tensão, obrigatoriamente deve-se aplicar um refinamento na malha e deixá-la
a mais homogenia possível, com isso, a conversão dos resultados tornam-se mais confiáveis e
próximos da real aplicação.
41
A realização desta etapa é onde o software utilizado no MEF busca obter os cálculos
para a solução do problema, validando as informações indicadas no pré-processamento. O
tamanho do problema indicará a quantidade de equações que serão geradas e a quantidade de
malha presente na discretização, sendo que, a quantidade de malha encontrada está ligada
diretamente com a quantidade de equações e assim definindo seu tempo de processamento
(MELCONIAN, 2014).
Nesta fase é apresentado todos os resultados obtidos através dos cálculos definidos
no modelo. São apresentados de forma gráfica, na qual as cores demostram cada tipo de
comportamento da estrutura, como, distribuição dos esforços, deformações, temperaturas e
demais grandezas. A apresentação também pode ser vista por meio de animações, onde é
43
2.6 POLÍMEROS
O conceito da palavra polímeros tem origem do grego, onde poli (muitos) e mero
(unidade de repetição), desta forma um polímero é uma macromolécula composta por milhares
de unidade de repetições denominadas meros e sendo ligada por ligação covalente. Com isso a
matéria-prima para obtenção de um polímero é o monômero, ou seja, uma molécula com uma
unidade de repetição. Levando em consideração o tipo de monômero (estrutura química), do
número médio de meros por cadeia e seu tipo de ligação covalente, os polímeros podem ser
divididos em três grupos, sendo eles, plásticos, borrachas e fibras (CANAVAROLO JR, 2002).
Os polímeros sempre estiveram e fizeram parte do cotidiano humano desde os
tempos remotos, na qual usava-se polímeros (naturais) como, celulose, amido, seda, ceras e
entre outros. De certa forma é difícil imaginar o mundo sem a existência dos polímeros, pois
hoje é uma parte importante no estilo de vida da sociedade, pelo fato de ser encontrado em
aplicações que variam de artigos domésticos, aplicações médicas, instrumentos científicos,
naves especiais e outras infinitas variedades (DOS SANTOS, 2014).
44
outro plástico é comparável com a dureza do vidro, porém o PMMA é um dos tipos de plásticos
mais duros. Sua absorção a água pode chegar a 2% sob umidade relativa de 100% e possui uma
boa resistência às intempéries (chuva, sol, névoa salina, poluição) desde que se tenha uma boa
conservação.
Em relação a propriedades químicas apresenta ótima resistência a ácidos minerais
e orgânicos, gorduras, óleos e aos gases comuns utilizados, podendo também ter contato direto
com alimentos. Possui boa resistência dielétrica e baixa condutividade, e suas propriedades
mecânicas são de excelente rigidez e dureza superficial, podendo também ser utilizado em
ambientes com temperaturas de até 85°C. Através da Tabela 2 é possível identificar as
principais propriedades mecânicas do PMMA (ILAC, 2022; NUNES; SANTOS, 2015).
2.6.2.1 Propriedades do PC
sua cadeia é bastante rígida pelo fato de haver anéis aromáticos. Sendo o PC normalmente
amorfo, ele exibe características de solubilidade parecida com a dos polímeros cristalinos. O
PC exibe uma ótima resistência ao stress cracking (resistência à quebra por tensão ambiental)
em diferentes meios, como, umidade a altas temperaturas, vapores de hidrocarbonetos e
soluções de sabões.
O PC também possui uma boa estabilidade oxidativa, pois existe ausência de
átomos de carbono secundários e/ou terciários, assim esta propriedade faz com que seja
adequado em aplicações externas, tais como, faróis, coberturas residenciais, telhados e demais
itens que estão sujeitos a foto-oxidação durante sua utilização (NUNES; SANTOS, 2015).
Para Nunes e Santos (2015) é possível relacionar fatores determinantes que
conferem as principais propriedades do PC, nas quais são:
a) A molécula tem estrutura simétrica;
b) Presença de anéis aromáticos restringem sua flexibilidade;
c) Grupos de carbonatos são polares, porém são separados entre si pelos anéis
aromáticos;
d) Unidade repetitiva é longa.
O policarbonato (PC) traz como uma de suas principais características a alta
resistência ao impacto, podendo ser 250 vezes mais resistente que o vidro, e também de 30 a
40 vezes mais resistente que o PMMA, desta forma, sendo muito utilizado em projetos que
exigem uma grande resistência ao impacto. Com o auxílio da Tabela 3 é possível identificar
algumas de suas propriedades mecânicas de maior relevância (INCOMPLAST, 2022;
MACEDO PLÁSTICOS, 2022; NUNES; SANTOS, 2015).
A relação das propriedades mecânicas dos polímeros pode ser especificada pelos
mesmos parâmetros utilizados nos metais, tais como, módulo de elasticidade, limite de
resistência a tração e limite de escoamento. Simples ensaio de tensão-deformação pode ser feito
para fins de caracterizar esses parâmetros mecânicos, desta forma as características mecânicas
dos polímeros na sua grande maioria são bastante sensíveis à taxa de deformação, à temperatura
e sua natureza química ambiente (CALLISTER JR; RETHWISCH, 2021).
A aplicação de cada polímero está relacionada com a força relativa das ligações
intermoleculares e também a geometria estrutural. Polímeros não cristalinos que possuem
forças intermoleculares fracas serão considerados elastômeros (borrachas), já polímeros com
ligações fortes e de mais cristalinidade podem apresentar-se na forma de fibras, e polímeros
com forças intermoleculares médias ou moderadas poderão ser considerados plásticos. Através
da Figura 17 é possível identificar a o comportamento de cada tipo de polímero (CALLISTER
JR; RETHWISCH, 2021; SANTOS, 2014).
Figura 17 - Comportamento tensão-deformação polímeros frágeis (curva A), plásticos (curva B) e elásticos
(elastoméricos) (curva C)
deformação totalmente elástica, sendo essa elasticidade típica da borracha, onde sofre grandes
deformações recuperáveis sob baixos níveis de tensão (CALLISTER JR; RETHWISCH, 2021).
Para Callister Jr e Rethwisch (2021) usualmente o módulo de elasticidade,
conhecido também como módulo de tração e a ductilidade, levando em consideração termos de
porcentagem de alongamento, são indicados para os polímeros da mesma forma que para os
metais. Em relação ao polímero plástico (curva B), identifica-se que o limite de escoamento é
levado em consideração como o valor máximo da curva, que acontece logo após o fim da região
elástica linear. A tensão no ponto máximo indica o limite de escoamento, já o limite de
resistência à tração representa a tensão onde ocorre a fratura.
Entretanto as características mecânicas dos polímeros podem ser mais sensíveis a
mudanças próximo à temperatura ambiente. Considerando o comportamento tensão-
deformação do PMMA em diferentes temperaturas, de 4°C e 60°C, um aumento na temperatura
pode reduzir o módulo de elasticidade, redução no limite de resistência à tração e também
melhora a ductilidade (CALLISTER JR; RETHWISCH, 2021).
49
3 METODOLIGIA
Conforme Figura 21 é possível identificar de forma real qual foi a área de aplicação
do vácuo considerado para realizar as análises das tensões geradas mediante a curva de vácuo
aplicada dentro do elemento (Cuba).
A coleta de dados foi feita de forma manual, dentro da empresa em estudo, onde
realizado a montagem do equipamento, que consiste com a capacidade de vácuo de uma bomba
KB0025 do fornecedor Busch vaccum Solutions. Os dados encontrados foram preenchidos na
planilha de análise transitória, criado pelo setor de engenharia da empresa, conforme indicado
na Figura 22, desta forma, foi realizada a cronoanálise contando também com o auxílio de um
operador de linha para incluir as pressões indicadas na máquina de teste. Com a planilha de
análise transitória, serão obtidos os tempos em relação a cada pressão pré-determinada para
início do estudo, variando as pressões de 100 mbar até 950 mbar, os tempos coletados serão
apresentados no Capítulo 4, como forma de resultados preenchidos na planilha, levando em
consideração suas respectivas pressões.
Para que seja realizado o processo de vácuo corretamente dentro da câmara, faz-se
necessário um perfil de vedação, na qual é alojado em um canal usinado na parte inferior da
tampa de PMMA. Conforme Figura 24 é possível identificar o conjunto da câmara de vácuo e
o perfil de vedação em destaque na cor verde.
Para fins da análise do MEF foi considerado como um suporte fixo o canal usinado,
na qual é alojado o perfil de vedação. Essa consideração se deve pelo fato da tampa de PMMA
não ser uma peça rígida quando submetida ao processo de vácuo, visto que, o único apoio
realizado no momento de fechamento da tampa de PMMA é o perfil de vedação com a cuba de
aço inox. A Figura 27 indica a seleção da área utilizada como geometria fixo do elemento.
Após a aplicação da pressão, visto na Figura 29, a curva de vácuo foi elaborada no
software SolidWorks através dos dados que foram coletados com o auxílio da planilha de análise
transitória, conforme pode ser visto na Figura 23. Para que seja possível gerar a curva com os
dados coletados em campo, é necessário informar ao software a exata pressão e o tempo.
Através da Figura 29 é possível visualizar a forma de como foi obtida a curva.
58
Para gerar a malha do elemento tampa, foi considerado como parâmetro uma malha
com base em curvaturas, devido a geometria e design que o produto apresenta. Para geração da
malha foi considerado o próprio elemento 3D modelado. Conforme a análise for executada, e
também seja necessária uma melhor exatidão nos resultados é possível o refinamento desta
malha. Através da Figura 30 pode-se identificar a geração de malha e sua qualidade, na qual foi
considerada como alta nas condições inicialmente determinadas.
59
Após gerar a malha do elemento, onde foi identificado a quantidade total de nós de
99641, e o total de elementos, 59172, conforme Figura 31, desta forma o último passo a ser
realizado para que se obtenha os resultados foi a execução do estudo, com isso, será apresentado
no capítulo 4 as tensões, deslocamentos e os fatores de segurança exigidos em relação a curva
de vácuo indicada conforme realizado na Figura 29.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.3 TENSÕES
As tensões analisadas e que foram relevantes para a análise gerada da curva foram
as tensões de von Mises e deslocamentos do elemento tampa de fechamento quando submetido
as cargas encontradas na curva de vácuo real, conforme mostrado anteriormente na Figura 35.
65
Com a tensão de von Mises, na qual podemos interpretar como uma determinada
energia necessária para que um elemento (peça) sofra uma mudança em seu formato, e também
onde se busca prevenir o escoamento do material utilizado quando submetido a condições de
carregamento, é possível identificar, conforme Figura 36 a tensão máxima encontrada ao longo
do tempo no elemento principal do estudo levando em consideração a sua espessura de 25 mm.
processo de vácuo. Com tudo, é considerado uma tensão satisfatória para aplicação e de modo
geral podendo ser exigido mais deste material.
Conforme visto na Figura 38, o fator de segurança para tampa de PMMA com
espessura de 25 mm resultou em aproximadamente 350 vezes a aplicação das tensões
encontradas pela análise.
68
Conforme propostos nos demais estudos das diferentes espessuras dos materiais
anteriores, o deslocamento esperado para a espessura de 12 mm do PC também é no centro do
elemento tampa, pois sua geometria de origem foi mantida, porém o tipo de material foi
alterado, e mesmo com a modificação de material o ponto de deslocamento da geometria em
análise deve ser em seu centro. Conforme Figura 43 é possível verificar a posição e valores dos
deslocamentos encontrados.
72
Na etapa inicial, onde partiu-se com o material original projetado, PMMA, com
espessura de 25 mm obteve-se resultados consideravelmente altos e superdimensionados, com
isso, observa-se que o projeto desenvolvido com essa tampa de PMMA resulta em valores altos,
porém muito seguros, junto a isso trazendo grande segurança em seu funcionamento. Seus
pontos de maiores tensões, sendo baixos, resultaram na parte frontal, no início da geometria,
considerada como parte de sua resistência quando submetido ao vácuo.
Na etapa seguinte, na qual é composta pelo mesmo material, PMMA, porém com
espessura reduzida para 15 mm, sendo em sua totalidade uma diminuição de 10 mm na
espessura, encontrou-se valores um pouco acima dos mostrados na análise inicial, porém
também sendo valores considerados satisfatórios e seguros. Nesta etapa verificou-se a troca do
ponto máximo da tensão encontrada, sendo visualizada no canal usinado, no qual foi definido
como geometria fixa do elemento, isso deu-se devido a profundidade do canal ter sido reduzido
no momento da troca de espessura, resultando em uma área mais fina do que a habitual.
Na etapa final, onde foi realizado a troca do tipo de material, suas características
mecânicas e também sua espessura, os valores indicaram maiores pontos de tensões e
deslocamentos mediante ao material original. Mesmo com a troca de material e demais
configurações, os resultados obtidos nesta análise foram surpreendentes, resistindo com
maestria as solicitações. Os pontos de maiores tensões foram encontrados no canal usinado da
tampa, assim como o indicado na segunda análise, com espessura de 15 mm, porém foram de
maior magnitude em a relação aos anteriores.
Com base nos fatores de segurança encontrados em cada singela análise, observou-
se que conforme ouve redução na espessura dos elementos de estudo, a relação dos coeficientes
de segurança diminuíram consideravelmente, com tudo, as tensões encontradas em todas as
75
análises são relativamente baixas, porém como já visto, os coeficientes de segurança são altos
e necessariamente precisam ser altos, pelo fato da criticidade que cada elemento introduz em
seu uso real, levando em consideração também a fadiga de cada elemento, garantindo assim as
condições e estabilidade de uso de cada item. Importante ressaltar que materiais frágeis são
caracterizados por não apresentarem mudanças prévias ou notáveis quando submetidos a
determinados carregamentos, onde não se encontra diferença do limite de escoamento em
relação a resistência de ruptura, com isso ocorrendo a ruptura instantânea do material utilizado.
76
exigências mecânicas solicitadas, porém, para realizar a troca deste material é necessário
cautela, realizando ensaios em protótipos menores, a fim de comprovar os resultados
encontrados neste estudo. Por meio dos valores encontrados nas análises de cada material e suas
respectivas espessuras, não se tornou necessário realizar adequações para as determinadas
solicitações exigidas.
Com o desenvolvimento deste estudo tornou-se possível obter o conhecimento dos
dados e números quando o equipamento está sob as tensões indicadas, assegurando assim uma
confiabilidade no produto e nos itens analisados. Os valores encontrados mediante a análise
pelo MEF, proporciona diversas e grandes possibilidades para novas discussões de projeto, na
qual abrem novos caminhos para definições importantes de materiais devido ao item de estudo
não sofrer grandes pontos de tensões, deformações e deslocamentos excessivos.
REFERÊNCIAS
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Polímeros - Tipos de Aditivos, Propriedades e Aplicações. São Paulo: Editora Saraiva, 2015.
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de Janeiro: Elsevier, 2017.
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ASHBY, Michael F. Seleção de Materiais no Projeto Mecânico. 5ª. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2019.
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