Antimicrobianos - Prof. Walter Tavares

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ANTIMICROBIANOS

Joeseph Klarer, Gerhard Domagk e Fritz Mietzch foram os descobridores da ação antibacteriana da
sulfamidocrisoidina (Prontosil rubrum), em 1932. As suas descobertas foram amplamente utilizadas, inclusive
no início da II Guerra Mundial, e Domagk venceu o prêmio Nobel da medicina em 1939 pela descoberta das
sulfas.
A segunda grande etapa do estudo dos antimicrobianos (vou usar ATM para antimicrobianos e ATB para
antibióticos), foi a descoberta dos ATBs, pelo microbiologista Alexander Fleming, que estava estudando
Straphilococcus em placas.
o Ele deixou uma dessas placas descobertas e foi aproveitar o fim de semana, então ele voltou depois e
viu que algumas colônias bacterianas tinham desaparecido.
o Ele percebeu que um fungo (Penicillium notatum) havia se difundido no meio de cultura e combatido
as bactérias.
o Depois disso, Fleming passou a semear o Penicillium junto com outros germes e verificou que o mesmo
fenômeno acontecia. Mas, com bacilos gram-negativos, ele verificou que o fenômeno não acontecia.
Frases de Fleming em seu trabalho original:
o A penicilina, no que diz respeito a micróbios sensíveis, parece ter algumas vantagens sobre os anti-
sépticos químicos. É um agente inibidor mais potente que o ácido carbólico (ácido fênico) e pode ser
aplicada a uma superfície infectada pois é não-irritante e não tóxica.
o Experiências em relação ao seu valor no tratamento de infecções piogênicas estão em andamento.
o É possível seu uso no tratamento de infecções bacterianas.
O Fleming também ganhou o Nobel da medicina em 1945, junto com o Chain e o Florey, que foram os
pesquisadores que tornaram a penicilina na prática clínica.
O uso dos ATBs promoveu uma grande mudança no prognóstico das doenças infecciosas, como podemos ver
no quadro abaixo.
Hoje em dia, é muito raro haver óbitos por essas doenças, a menos que os pacientes sejam
imunocomprometidos.

CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS

Podem ser classificados pelo espectro, classe química e pela ação.

Espectro:

Amplo espectro agem contra gram positivos E gram negativos. Ex.: tetracicliias
Pequeno espectro agem contra gram positivos OU gram negativos
Classe química (mais importante, auxilia muito na compressão):

Aminoglicosídeos
o Podem ser sistêmicos ou tópicos
o Sistêmicos estreptominicina, gentamicina, amicacina
o Tópicos neomicina (pomada ou oral), tobramicina (colírio) e soframicina (pastilha)
Macrolídeos
o Naturais: eritromicina e espiramicina
o Semissintéticos: roxitromicina, claritromicina, azitromicina
Glicopeptídeos
o Exemplos vancomicina e teicoplanina
Lincosamidas
Anfenicois
Tetraciclinas
Rifamicinas
Poliênicos
Sulfamidas
Quinolonas
Oxazolidinonas
Azois antifúngicos
Penicilinas
Cefalosporinas Possuem núcleo chamado anel beta-lactâmico. Esse anel que dá a atividade antimicrobiana dessas 4
Barbapenemas classes. As bactérias aprenderam a se defender dessas drogas produzindo a enzima beta-lactamase, a
Monobactâmicos qual quebra o anel (resistência bacteriana aos ATBs)

Ação:

Bactericida mata a bactéria


Bacteriostático inibe o crescimento da bactéria sem matar

Nas bactérias, o cromossoma fica solto no citoplasma. Já a parede celular bacteriana, é complexa, pois dá a
forma da bactéria e mantém a bactéria viva em meio líquido, funcionando como uma barreira osmótica. O meio
interno bacteriano é hiperosmolar, então se não tivesse a parede, a água iria entrar e a bactéria ia morrer.
A parede celular tanto das gram positivas quanto das gram negativas, possui peptídeoglicanos, os quais dão a
resistência osmótica das bactérias.
Quando uma bactéria está se dividindo, precisa haver formação da parede celular da célula-filha. Nesse
momento da divisão celular que ocorre a ação dos ATB beta-lactâmicos (penicilina, cefalosporinas,
barbapenemas e monobactâmicos). Ou seja, inibem a síntese da parede celular das bactérias, matando-as por
conta da lise dessa parede, então são
bactericidas! Esses ATBs possuem uma
atividade rápida. Por fora da membrana celular,
existem estruturas chamadas de proteínas
ligadoras de penicilina, onde é o local de ação
dos ATBs beta-lactâmicos.
Muitos ATBs usam canais que existem na parede
celular para chegar ao interior da bactéria, que
são chamados de porinas, as quais existem
sobretudo em bacilos gram-negativos e facilitam a passagem de substâncias de fora para dentro da parede.
Voltando aos peptídeoglicanos na parede celular: eles são formados por lâminas de ácido murâmico e
glucosamina, principalmente. Essas duas fileiras de substâncias são ligadas por pontes peptídicas, a qual dá
a rigidez osmótica dos peptídeosglicanos. A classe de ATBs de glicopeptídeos enganam as bactérias, como
a vancomicina e a teicoplanina, que entram no lugar das pontes peptídicas, fazendo a parede celular perder
a rigidez osmótica
celular adequada. Então são bactericidas!

Alguns outros ATM agem na membrana citoplasmática da


bactéria, como anfotericina B, nistatina, azois antifúngicos
(muito usados em infecções nas mucosas), polimixinas e
daptomicina. Ao se ligarem na membrana citoplasmática, essas
substâncias provocam a desorganização funcional, fazendo com
que a bactéria perca a sua capacidade de ser seletiva. Com isso,
ocorre a perda de substâncias, como íons, que são fundamentais
à sobrevida da célula. Assim, ocorre a morte da bactéria.
Essas drogas que agem na membrana geralmente têm uma
toxicidade maior, pois pode ocorrer essa reação também com as
células do paciente. Por exemplo, a tirotricina não é usada na
clínica pois pode causar hemólise, só funciona em laboratório!
A síntese proteica das bactérias é estruturada no cromossoma, um molde, que é transportado ao ribossomo em
forma de RNAm. O ribossomo recebe o molde da proteína a ser sintetizada e usa os aminoácidos absorvidos pela
bactéria do ambiente para fazer a proteína de acordo com o código genético. A classe de ATBs das tetraciclinas
pode bloquear a síntese proteica impedindo a chegada de aminoácidos, a matéria-prima da síntese proteica. Os
ATBs macrolídeos (como a azitromicina), ligam-se ao ribossomo, impedindo-o de se deslocar até o molde de RNAm.
O clorafenicol age no momento que os aminoácidos estão sendo ligados, inibindo essa ligação. Por fim, existem os
ATBS capazes de inibir a formação dos ácidos nucleicos através da inibição da enzima RN-polimerase pela rifamicina.
Os ATBs que inibem a síntese proteica (tetraciclina, glicosamina, clorafenicol) são bacteriostáticos, inibem a
formação da proteína, resultando no não crescimento e não reprodução da bactéria, sem causar sua morte
imediata.
As aminoglicosidas agem na síntese proteica de uma maneira diferente: elas ligam ao ribossomo e alteram a
conformação dele, alterando também sua função, originando proteínas anômalas. Assim, a bactéria acaba
morrendo por sua membrana ficar toda prejudicada. Ou seja, essas ATBs são bactericidas!

O último local que os ATMs podem é no cromossoma, que é constituído por 1 molécula de DNA muito longa, que
fica apertada em espirais dentro da bactéria (superespiralamento de cromossoma). Esse estado de
superespiralamento é possibilitado pela enzima topoisomerase. As quinolonas (quimioterápicos), como a
ofloxacina, inibem a topoisomerase, fazendo com que o cromossoma espiralado fique solto, ele é rompido e sai do
citoplasma, causando morte da bactéria. Portanto, quinolonas são bactericidas!
o As quinolonas inibem tipoisomerases II (ADN-GIRASE) e IV (BACTERICIDAS).
RESUMO

O ideal é sempre usar os antibióticos bactericidas, mas às vezes os bacteriostáticos podem ser importantes.
Exemplo: os macrolídeos e tetraciclinas são substâncias que têm penetração dentro das nossas células, o que é
importante para tratar bactérias intracelulares (como clamídia), pois elas não vão ser atingidas pelos ATBs
bactericidas, já que estes agem somente no meio extracelular.
Pode-se eventualmente usar um macrolídeo para tratar uma infecção em que a penicilina é bem indicada, como
com uma criança que tem amigdalite purulenta, na qual a bactéria causadora é sensível a ambos ATBs supracitados.
É preferencial usar a penicilina, mas supõe-se que a criança é alérgica à penicilina. Então se usa o macrolídeo, que
age de maneira similar à penicilina.

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