OComerciodaAjuda
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Teve a colaboração de vários moradores, quer através de pequenos artigos, quer sob
a forma de cartas à redação, bem como a colaboração de alguns autores
especializados. Por exemplo, logo no 1º número se anuncia que o jornal terá uma
coluna médica da responsabilidade de médicos, com residência ou consultório na
Ajuda, com conselhos úteis para a população em geral. Os artigos médicos versam
sobre saúde pública (doenças infetocontagiosas, o vício do tabaco, por exemplo), bem
como sobre conselhos à população, nomeadamente em questões de saúde infantil.
De igual forma vão surgindo alguns textos literários, poemas e prosas, de autores
portugueses. Também se publicam contos estrangeiros traduzidos, à semelhança do
que se fazia em outras publicações da época.
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Disponível na Hemeroteca Digital, em:
http://hemerotecadigital.cm‐lisboa.pt/Periodicos/ocomerciodaajuda/ocomerciodaajuda.htm
O Comércio da Ajuda não é caso único à época. Temos conhecimento ainda dos
seguintes títulos seus contemporâneos: a Voz de Alcântara, os Ecos da Graça, os
Ecos dos Anjos, os Ecos de Campo de Ourique e os Ecos de Belém, único que se
publicou até aos anos 80. Todos se apresentam como defensores das suas freguesias
e dos seus fregueses, apoiando-se no comércio local, divulgando as atividades
sociais, culturais, desportivas dos seus bairros, expondo as condições de vida e as
necessidades sentidas pelas populações, reivindicando as alterações necessárias. É
através da consulta destes periódicos que podemos entrever a vida destas freguesias
nos anos 30, anos em que predominantemente se publicam estes periódicos.
“(…) pairava no espírito dos reclamantes o desejo de ver a freguesia da Ajuda sair do
ostracismo a que foi votada, progredindo e elevando-se, pelo menos, até ao nível das
restantes freguesias de Lisboa. Esse desejo está latente em todos os peitos. Todos
estão – afirmamo-lo dispostos a trabalhar para esse fim. Mas… que parta dos outros a
iniciativa e o exemplo. Daí, a necessidade dum agente de ligação – este jornal –
repositório de todos os bons alvitres e opiniões tendentes a um eficaz aproveitamento
de todos os esforços.”
Por outro lado, a crise económica que grassava no Mundo levava também a uma
estagnação do próprio comércio local, preferindo os moradores abastecer-se noutros
locais da cidade, muito por culpa da publicidade desses estabelecimentos comerciais,
no entender da redação.
Concluindo que “Do progresso da freguesia melhores dias poderão vir para o comércio
local. Da melhoria do comércio muito pode beneficiar a freguesia.”
Promove campanhas pela abertura do Jardim Botânico da Ajuda, que obtém grande
êxito, uma vez que o jardim passa a abrir ao público em Outubro de 1934; pela
abertura do Palácio da Ajuda; pela alteração do percurso da linha de elétricos; pela
criação de uma clínica médica gratuita no Hospital Militar de Belém e por um mercado
na freguesia.
A par destes temas mais prementes, O Comércio da Ajuda, como jornal local,
acompanha a vida da freguesia, publicando pequenos artigos sobre acontecimentos
ocorridos na freguesia, mantendo uma coluna (Vidas de Trabalho) sobre
comerciantes, divulgando as atividades desportivas e sociais, noticiando mortes,
casamentos.