Relatório II - Org. Exp. I
Relatório II - Org. Exp. I
Relatório II - Org. Exp. I
CENTRO DE TECNOLOGIA
RIO DE JANEIRO
2024
1. Introdução
A extração ácido-base é uma técnica de separação e purificação de compostos
orgânicos baseada nas diferentes propriedades de compostos ácidos e compostos
básicos ou neutros. Neste método, compostos ácidos ou básicos e neutros em uma
solução orgânica são convertidos em suas formas iônicas solúveis em água através da
adição de uma base ou ácido forte, permitindo a solubilização desses íons em uma fase
aquosa. Após a separação das camadas, os compostos podem ser regenerados em suas
formas neutras e extraídos novamente para a fase orgânica. Essa técnica é amplamente
utilizada para isolar e purificar compostos ácidos, básicos e neutros presentes em
misturas, sendo um processo eficaz e seletivo na química orgânica experimental.
O ponto de fusão é uma propriedade física da matéria que pode ser utilizada na
química orgânica para identificar compostos e avaliar sua pureza. Para determinar esse
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ponto, uma pequena quantidade do sólido é aquecida lentamente em um aparelho
adequado, e duas temperaturas são anotadas: a primeira, quando ocorre a fusão inicial
do sólido, e a segunda, quando todo o material se transforma em líquido. O “intervalo
de fusão” (tempo levado para fundir o composto por completo) obtido pode funcionar
como um indicativo importante da pureza de um composto, uma vez que materiais
puros tendem a apresentar pontos de fusão mais altos e “intervalos de fusão” menores.
Impurezas no composto geralmente resultam em um ponto de fusão mais baixo e em
um intervalo maior. Portanto, a análise do ponto de fusão complementa outras técnicas
de purificação, como a recristalização, auxiliando na confirmação da pureza de um
material.
2. Objetivos
2.1. Extração Ácido-Base
Utilizar a técnica de extração para separar e purificar diferentes compostos orgânicos
em uma solução. ..............................................................................................................
2.2. Recristalização
...........................................................................................................
Fazer uso da recristalização para purificar os sólidos obtidos na extração ácido-base,
buscando livrá-los de impurezas.
......................................................................................
3. Material e Métodos
3.1. Extração Ácido-Base
Material:
- Amostra 5;
- Funil de separação; .......................................................................................................
- Béquer;
- Vidro de relógio;
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- Bomba à vácuo;
- Kitassato;
- Funil de Buchner;
- Papel de filtro;
Método:
A solução orgânica da amostra 5 contendo os compostos a serem separados foi
colocada em um funil de separação. Essa solução continha uma mistura de um
composto ácido (como um ácido carboxílico), um composto básico (como uma amina)
ou, possivelmente, um composto neutro, todos dissolvidos em um solvente orgânico
(como éter dietílico ou diclorometano).
Foi adicionada uma solução aquosa de base forte (por exemplo, NaOH (aq) 10%) ao
funil de separação. O funil foi fechado e agitado suavemente, liberando a pressão
periodicamente ao abrir a válvula. O ácido presente na solução orgânica reagiu com a
base, formando seu sal correspondente, que é solúvel na fase aquosa.
Figura 2: Ácido Benzoico + Hidróxido De Sódio = Benzoato De Sódio + Água (CHEMICALAID, 2024)
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Então, a válvula do funil foi aberta e a fase aquosa foi cuidadosamente drenada para
um béquer ou outro recipiente separado. Esta solução aquosa continha o sal do
composto ácido. O processo foi repetido mais algumas vezes, retornando a fase
orgânica ao funil de separação e acidificando com uma solução de ácido forte (HCl (aq)
10%) para maior eficiência do processo. As fases aquosa e orgânica foram separadas
novamente.
Para regenerar o ácido, a fase aquosa foi transferida para um béquer e foi, então,
acidificada lentamente com uma solução de ácido forte (HCl (aq) 10%), até que o pH se
tornasse bem ácido. Isso fez com que o ácido precipitasse como sua forma neutra. O
composto ácido passou pelo processo de filtração à vácuo para a obtenção de sua
forma sólida, que foi devidamente armazenada logo depois para posteriores
experimentos.
Figura 5: Benzoato De Sódio + Ácido Clorídrico = Ácido Benzoico + Cloreto De Sódio (CHEMICALAID, 2024)
Figura 6: Cloreto De Anilínio + Hidróxido De Sódio = Anilina + Cloreto De Sódio + Água (CHEMICALAID, 2024)
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3.2. Recristalização
Material:
- Placa aquecedora;
- Erlenmeyer;
- Béquer;
- Papel de filtro;
- Funil de líquidos;
- Bomba à vácuo;
- Kitassato;
- Funil de Buchner;
Método:
Para realizar a recristalização dos sólidos obtidos na extração ácido-base, foi
necessário escolher cuidadosamente um solvente adequado para o processo. O
composto a ser recristalizado precisava ser insolúvel em temperaturas ambientes (à
frio) e solúvel em temperaturas elevadas (à quente) no solvente utilizado. Isso garante
que o sólido “impuro” se dissolvesse completamente no solvente aquecido, mas, ao
resfriar, apenas o sólido “puro” cristalize, deixando as impurezas dissolvidas na
solução.
Método:
Para determinar o ponto de fusão dos compostos ácidos e neutros obtidos nas etapas
anteriores, foi utilizado um aparelho Mel-Temp. O procedimento iniciou-se com a
preparação das amostras, que foram introduzidas em capilares de vidro.
Uma pequena quantidade de cada sólido (ácido e neutro) foi coletada e inserida na
extremidade aberta de um capilar. Em seguida, o capilar foi agitado suavemente em
uma superfície dura para compactar o sólido na extremidade fechada, formando uma
coluna uniforme de no máximo 2 mm.
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Após a preparação das amostras, os capilares contendo os sólidos foram inseridos no
compartimento do Mel-Temp. O aparelho estava ajustado para aquecer lentamente, a
fim de garantir uma observação precisa do ponto de fusão.
Para cada amostra, foi anotado o intervalo de fusão, que corresponde à diferença entre
as duas temperaturas observadas. Esse intervalo, então, foi utilizado para avaliar a
pureza dos compostos, uma vez que um intervalo estreito indica maior pureza,
enquanto um intervalo mais largo pode sugerir a presença de impurezas.
Essa técnica foi aplicada tanto ao composto ácido quanto ao neutro, permitindo
verificar o ponto de fusão desses compostos e a pureza dos sólidos obtidos nas etapas
de extração ácido-base e recristalização. Assim, sua identificação se tornou muito mais
simples.
Método:
Para concluir a identificação dos compostos desconhecidos da amostra 5, obtidos nas
etapas anteriores de extração ácido-base e recristalização, foram realizados testes de
espectroscopia de infravermelho e espectrometria de massas em cada um dos
compostos, ácido e neutro.
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O espectro de infravermelho foi analisado com foco nas frequências de absorção
características dos grupos funcionais presentes em cada composto. As bandas de
absorção forneceram informações sobre a presença de ligações C=O (carbonilas), O-H
(hidroxilas), entre outras, o que permitiu a identificação preliminar de possíveis grupos
funcionais.
O espectro de massas foi analisado para determinar a massa molecular dos compostos,
observando o pico molecular (M+) e os padrões de fragmentação. Essa análise
permitiu confirmar a massa molecular aproximada dos compostos, que foi comparada
com a listagem de substâncias sólidas (Apêndice A) e fornecendo mais precisão na
identificação do composto.
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Figura 11: Espectros de Infravermelho e de Massas do composto Neutro.
4. Resultados
4.1. Extração Ácido-Base ................................................................................................
O processo de extração ácido-base foi bem-sucedido, resultando na separação de dois
compostos sólidos distintos: um correspondente ao composto ácido e outro ao
composto neutro, ambos provenientes da amostra 5.
Inicialmente, o composto ácido presente na mistura foi convertido em seu sal ao ser
tratado com uma solução de NaOH (aq) 10%, tornando-se solúvel em água. Após a
separação da fase aquosa, o ácido foi regenerado com a adição de HCl (aq) 10%,
levando à formação de um precipitado sólido, que foi filtrado e isolado.
O composto neutro, por sua vez, permaneceu dissolvido na fase orgânica durante o
procedimento de extração. Após a remoção das impurezas, a fase orgânica foi tratada
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com o agente secante (Na2SO4) para eliminar traços de água e, posteriormente, o
solvente foi evaporado, resultando na obtenção de um segundo sólido.
4.2. Recristalização
...........................................................................................................
Para a escolha dos solventes utilizados nessa técnica, foram realizados testes de
solubilidade à quente e à frio entre os compostos e água ou etanol, resultando nas
seguintes tabelas, que possibilitaram a escolha do solvente ideal (insolúvel à frio e
solúvel à quente.
...............................................................................................................
4.3. Ponto de
Fusão............................................................................................................
Os pontos de fusão dos compostos ácido e neutro foram aproximados com o uso do
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aparelho Mel-Temp, e os valores obtidos demonstraram a eficácia do processo de
recristalização na purificação dos sólidos.
Para o composto ácido, o ponto de fusão médio foi observado entre 153,75 ºC e
155,75 ºC, indicando uma pureza considerável, visto que o intervalo de fusão foi
relativamente estreito. Já para o composto neutro, o ponto de fusão foi registrado entre
145 ºC e 148 ºC, o que também sugere uma boa purificação. Os resultados
experimentais podem ser observados na tabela a seguir.
Tabelas 3 e 4: Resultados experimentais dos pontos de fusão dos compostos ácido e neutro, em °C (±0,1 °C)
Ácido Ti (°C) Tf (°C) T Média (°C) Neutro Ti (°C) Tf (°C) T Média (°C)
Teste 1 155 156 155.5 Teste 1 125 130 127.5
Teste 2 153 154 153.5 Teste 2 134 135 134.5
Teste 3 155 157 156 Teste 3 132 133 132.5
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Para o composto ácido, o espectro de massa revelou seu íon molecular (M +) em 138
m/z, o que indica que sua massa molecular é de 138 u. Além disso, o espectro
infravermelho revelou uma banda larga entre 3200 e 3400 cm -1, indicando uma ligação
O-H (hidroxila) que é típica em ácidos carboxílicos, uma banda intensa por volta de
1700 cm-1, que indica uma ligação C=O (carbonila) também presente em um ácido
carboxílico, e algumas bandas características de C=C por volta de 1640 cm -1, que
indicam a presença de um anel aromático na molécula.
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Nos espectros do composto neutro, o de massa revelou que o seu íon molecular (M +)
estava em 212 m/z, indicando sua massa molecular de 212u. Analisando o
infravermelho, é possível observar uma banda intensa por volta de 3450 cm -1, que
indica a presença de uma ligação O-H que não pertence a um ácido carboxílico, uma
banda intensa por volta de 1700 cm-1, que indica uma ligação C=O presente em
cetonas, e algumas bandas características de C=C por volta de 1640 cm -1, que indicam
a presença de um anel aromático na molécula.
5. Discussão
5.1. Extração Ácido-Base
Os resultados do experimento de extração ácido-base demonstraram que essa técnica é
eficiente para separar compostos orgânicos com diferentes propriedades. O composto
ácido foi separado facilmente ao reagir com NaOH, formando um sal solúvel em água,
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e depois recuperado como sólido ao acidificar a solução com HCl. Já o composto
neutro permaneceu na fase orgânica, sendo isolado após a evaporação do solvente.
5.2. Recristalização
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O processo de recristalização demonstrou ser eficaz na purificação dos compostos
ácido e neutro isolados anteriormente pela extração ácido-base. A escolha correta dos
solventes, com base nos testes de solubilidade à quente e à frio, foi fundamental para
garantir que os cristais se formassem de maneira controlada, permitindo que as
impurezas permanecessem dissolvidas na “solução-mãe”.
A comparação dos valores observados com os esperados para compostos puros sugere
que os sólidos recristalizados estão em uma forma suficientemente pura para serem
analisados em procedimentos posteriores, como a espectroscopia no infravermelho.
Ou seja, a determinação do ponto de fusão foi útil para complementar a avaliação da
pureza dos compostos.
6. Conclusão:
Os experimentos práticos realizados com a amostra 5, desde a extração ácido-base até
a determinação do ponto de fusão e a análise espectroscópica, demonstraram a eficácia
de diferentes técnicas da química orgânica para a separação, purificação,
caracterização e identificação de compostos orgânicos. A extração ácido-base permitiu
a separação inicial de dois compostos orgânicos desconhecidos, um ácido e um neutro,
com base em suas propriedades de solubilidade sob diferentes condições de acidez.
Posteriormente, a recristalização foi fundamental para a purificação desses sólidos,
utilizando solventes cuidadosamente escolhidos para garantir que os compostos
fossem insolúveis a frio e solúveis a quente, facilitando a remoção de impurezas.
A determinação dos pontos de fusão forneceu uma análise prática da pureza dos
compostos recristalizados. Os intervalos de fusão estreitos indicaram uma alta pureza,
evidenciando a eficácia das etapas de separação e purificação anteriores. Essa
propriedade foi essencial não apenas para avaliar a pureza, mas também para fornecer
uma referência comparativa com valores conhecidos, auxiliando na identificação
futura dos compostos.
7. Referências:
Pavia, D. L,; Lampman, G. M.; Kriz, G. S.; Engel, R. G.; Química Orgânica
Experimental – técnicas de escala pequena. 3ª ed., Editora Cengage Learning, 2012.
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The Merck Index Online - chemicals, drugs and biologicals. Disponível em:
<https://merckindex.rsc.org>. Acesso em: 8 out. 2024.
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