Relatório II - Org. Exp. I

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE TECNOLOGIA

HEITOR FAUSTO DE SOUZA CLEMENTE

2° RELATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL I


EXTRAÇÃO ÁCIDO-BASE, RECRISTALIZAÇÃO, PONTO DE FUSÃO E
IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS

RIO DE JANEIRO
2024
1. Introdução
A extração ácido-base é uma técnica de separação e purificação de compostos
orgânicos baseada nas diferentes propriedades de compostos ácidos e compostos
básicos ou neutros. Neste método, compostos ácidos ou básicos e neutros em uma
solução orgânica são convertidos em suas formas iônicas solúveis em água através da
adição de uma base ou ácido forte, permitindo a solubilização desses íons em uma fase
aquosa. Após a separação das camadas, os compostos podem ser regenerados em suas
formas neutras e extraídos novamente para a fase orgânica. Essa técnica é amplamente
utilizada para isolar e purificar compostos ácidos, básicos e neutros presentes em
misturas, sendo um processo eficaz e seletivo na química orgânica experimental.

Figura 1: Extração Ácido-Base (PAVIA, 2012)

Já a recristalização, assim como a extração ácido-base, é uma técnica de purificação


amplamente utilizada na química orgânica, especialmente para sólidos. Enquanto a
extração ácido-base separa compostos com diferentes propriedades de acidez em fases
diferentes, a recristalização é empregada para refinar um sólido impuro obtido dessas
ou de outras separações. O processo consiste em dissolver o material impuro em um
solvente quente, seguido por um resfriamento lento da solução, o que diminui a
solubilidade do composto e promove a formação de cristais mais puros. Essa técnica
permite que as moléculas desejadas se organizem de forma seletiva, deixando a
maioria das impurezas no solvente. Ao final, o sólido cristalizado é separado do
solvente e das impurezas por filtração, garantindo um material purificado.
............................................

O ponto de fusão é uma propriedade física da matéria que pode ser utilizada na
química orgânica para identificar compostos e avaliar sua pureza. Para determinar esse
1
ponto, uma pequena quantidade do sólido é aquecida lentamente em um aparelho
adequado, e duas temperaturas são anotadas: a primeira, quando ocorre a fusão inicial
do sólido, e a segunda, quando todo o material se transforma em líquido. O “intervalo
de fusão” (tempo levado para fundir o composto por completo) obtido pode funcionar
como um indicativo importante da pureza de um composto, uma vez que materiais
puros tendem a apresentar pontos de fusão mais altos e “intervalos de fusão” menores.
Impurezas no composto geralmente resultam em um ponto de fusão mais baixo e em
um intervalo maior. Portanto, a análise do ponto de fusão complementa outras técnicas
de purificação, como a recristalização, auxiliando na confirmação da pureza de um
material.

Por fim, para identificar os compostos obtidos através da extração ácido-base, é


necessária a realização de diferentes testes que, juntos, podem trazer informações úteis
para a identificação de um composto. Além do ponto de fusão e da solubilidade,
também devem ser analisados os espectros dos compostos, tanto através da
espectroscopia no infravermelho e a espectrometria de massas. Essas duas últimas
técnicas são essenciais para identificar com maior precisão um composto orgânico,
uma vez que revelam características específicas de cada composto.

2. Objetivos
2.1. Extração Ácido-Base
Utilizar a técnica de extração para separar e purificar diferentes compostos orgânicos
em uma solução. ..............................................................................................................

2.2. Recristalização
...........................................................................................................
Fazer uso da recristalização para purificar os sólidos obtidos na extração ácido-base,
buscando livrá-los de impurezas.
......................................................................................

2.3. Ponto de Fusão


...........................................................................................................
Determinar o ponto de fusão dos compostos das etapas anteriores e avaliar sua pureza.

2.4. Identificação de Substâncias


............................=........................................................
Identificar os compostos desconhecidos com que se tem trabalhado desde a extração
ácido-base.

3. Material e Métodos
3.1. Extração Ácido-Base
Material:
- Amostra 5;
- Funil de separação; .......................................................................................................
- Béquer;
- Vidro de relógio;
2
- Bomba à vácuo;
- Kitassato;
- Funil de Buchner;
- Papel de filtro;

Método:
A solução orgânica da amostra 5 contendo os compostos a serem separados foi
colocada em um funil de separação. Essa solução continha uma mistura de um
composto ácido (como um ácido carboxílico), um composto básico (como uma amina)
ou, possivelmente, um composto neutro, todos dissolvidos em um solvente orgânico
(como éter dietílico ou diclorometano).

Foi adicionada uma solução aquosa de base forte (por exemplo, NaOH (aq) 10%) ao
funil de separação. O funil foi fechado e agitado suavemente, liberando a pressão
periodicamente ao abrir a válvula. O ácido presente na solução orgânica reagiu com a
base, formando seu sal correspondente, que é solúvel na fase aquosa.

Figura 2: Ácido Benzoico + Hidróxido De Sódio = Benzoato De Sódio + Água (CHEMICALAID, 2024)

As fases se separaram em repouso. A fase aquosa (contendo o sal do ácido) se


acumulou na parte inferior, enquanto a fase orgânica (contendo o composto básico e o
neutro) ficou na parte
superior......................................................................................................

Figura 3: Funil de separação com as fases aquosa e orgânica.

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Então, a válvula do funil foi aberta e a fase aquosa foi cuidadosamente drenada para
um béquer ou outro recipiente separado. Esta solução aquosa continha o sal do
composto ácido. O processo foi repetido mais algumas vezes, retornando a fase
orgânica ao funil de separação e acidificando com uma solução de ácido forte (HCl (aq)
10%) para maior eficiência do processo. As fases aquosa e orgânica foram separadas
novamente.

Figura 4: Anilina + Ácido Clorídrico = Cloreto De Anilínio (CHEMICALAID, 2024)

Para regenerar o ácido, a fase aquosa foi transferida para um béquer e foi, então,
acidificada lentamente com uma solução de ácido forte (HCl (aq) 10%), até que o pH se
tornasse bem ácido. Isso fez com que o ácido precipitasse como sua forma neutra. O
composto ácido passou pelo processo de filtração à vácuo para a obtenção de sua
forma sólida, que foi devidamente armazenada logo depois para posteriores
experimentos.

Figura 5: Benzoato De Sódio + Ácido Clorídrico = Ácido Benzoico + Cloreto De Sódio (CHEMICALAID, 2024)

A fase orgânica restante, após a remoção do composto ácido, continha o composto


neutro. Esta fase orgânica foi simplesmente evaporada para isolar o composto neutro,
já que ele permaneceu na solução orgânica durante todo o processo de extração. Em
seguida, um agente secante (como sulfato de sódio anidro - Na 2SO4) foi adicionado à
fase orgânica para remover traços de água. O agente secante foi filtrado para obter
uma fase orgânica livre de água. O sólido obtido foi guardado apropriadamente para
posteriores experimentos.

Figura 6: Cloreto De Anilínio + Hidróxido De Sódio = Anilina + Cloreto De Sódio + Água (CHEMICALAID, 2024)

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3.2. Recristalização
Material:
- Placa aquecedora;
- Erlenmeyer;
- Béquer;
- Papel de filtro;
- Funil de líquidos;
- Bomba à vácuo;
- Kitassato;
- Funil de Buchner;

Método:
Para realizar a recristalização dos sólidos obtidos na extração ácido-base, foi
necessário escolher cuidadosamente um solvente adequado para o processo. O
composto a ser recristalizado precisava ser insolúvel em temperaturas ambientes (à
frio) e solúvel em temperaturas elevadas (à quente) no solvente utilizado. Isso garante
que o sólido “impuro” se dissolvesse completamente no solvente aquecido, mas, ao
resfriar, apenas o sólido “puro” cristalize, deixando as impurezas dissolvidas na
solução.

Primeiramente, o sólido ácido foi transferido para um erlenmeyer, onde adicionou-se


uma pequena quantidade do solvente escolhido, que foi a água. O erlenmeyer foi
aquecido em uma placa de aquecimento, permitindo que o sólido se dissolvesse
completamente. Uma vez que o composto estava totalmente dissolvido, a solução foi
filtrada ainda quente para remover quaisquer partículas insolúveis ou impurezas
maiores. Após a filtragem, a solução foi deixada em repouso para esfriar em um
recipiente com gelo. À medida que a solução resfriava, foi possível perceber a
formação de um precipitado cristalizado, evidenciando a insolubilidade do composto
ácido em água fria.

Figura 7: Processo de aquecimento do solvente para o composto ácido.


5
O mesmo procedimento foi realizado para o composto neutro, utilizando o solvente
adequado, que nesse caso foi o etanol. O sólido foi então dissolvido no solvente
quente, filtrado para remover impurezas, e a solução foi resfriada para promover a
formação de cristais.

Figura 8: Processo de aquecimento do solvente para o composto neutro.

Após o resfriamento completo, os cristais formados foram separados da “solução-


mãe” (solução original) através de um processo de filtração a vácuo, lavados com uma
pequena quantidade de solvente frio (para remover resíduos de impurezas) e, por fim,
deixados em repouso para secar.
.......................................................................................

3.3. Ponto de Fusão


...........................................................................................................
Material:
- Mel-Temp (aparelho de ponto de fusão);
........................................................................
- Capilares;
- Termômetro;

Método:
Para determinar o ponto de fusão dos compostos ácidos e neutros obtidos nas etapas
anteriores, foi utilizado um aparelho Mel-Temp. O procedimento iniciou-se com a
preparação das amostras, que foram introduzidas em capilares de vidro.

Uma pequena quantidade de cada sólido (ácido e neutro) foi coletada e inserida na
extremidade aberta de um capilar. Em seguida, o capilar foi agitado suavemente em
uma superfície dura para compactar o sólido na extremidade fechada, formando uma
coluna uniforme de no máximo 2 mm.
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Após a preparação das amostras, os capilares contendo os sólidos foram inseridos no
compartimento do Mel-Temp. O aparelho estava ajustado para aquecer lentamente, a
fim de garantir uma observação precisa do ponto de fusão.

Figura 9: Capilar com o sólido ácido no Mel-Temp.

Durante o aquecimento, observou-se as amostras através da lente de aumento do


aparelho. Duas temperaturas, no mínimo, foram ser registradas: a primeira, quando os
primeiros sinais de fusão apareceram (o surgimento da primeira gota de líquido entre
os cristais), e a segunda, quando toda a amostra se transformou em líquido por
completo.

Para cada amostra, foi anotado o intervalo de fusão, que corresponde à diferença entre
as duas temperaturas observadas. Esse intervalo, então, foi utilizado para avaliar a
pureza dos compostos, uma vez que um intervalo estreito indica maior pureza,
enquanto um intervalo mais largo pode sugerir a presença de impurezas.

Essa técnica foi aplicada tanto ao composto ácido quanto ao neutro, permitindo
verificar o ponto de fusão desses compostos e a pureza dos sólidos obtidos nas etapas
de extração ácido-base e recristalização. Assim, sua identificação se tornou muito mais
simples.

3.4. Identificação de Substâncias


.............................................................................,........
Material:
- Espectro de Infravermelho;
- Espectro de Massas;

Método:
Para concluir a identificação dos compostos desconhecidos da amostra 5, obtidos nas
etapas anteriores de extração ácido-base e recristalização, foram realizados testes de
espectroscopia de infravermelho e espectrometria de massas em cada um dos
compostos, ácido e neutro.
7
O espectro de infravermelho foi analisado com foco nas frequências de absorção
características dos grupos funcionais presentes em cada composto. As bandas de
absorção forneceram informações sobre a presença de ligações C=O (carbonilas), O-H
(hidroxilas), entre outras, o que permitiu a identificação preliminar de possíveis grupos
funcionais.

Figura 10: Espectros de Infravermelho e de Massas do composto Ácido.

O espectro de massas foi analisado para determinar a massa molecular dos compostos,
observando o pico molecular (M+) e os padrões de fragmentação. Essa análise
permitiu confirmar a massa molecular aproximada dos compostos, que foi comparada
com a listagem de substâncias sólidas (Apêndice A) e fornecendo mais precisão na
identificação do composto.

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Figura 11: Espectros de Infravermelho e de Massas do composto Neutro.

A integração das informações dos espectros, em conjunto com dados de ponto de


fusão e solubilidade, permitiu a identificação dos compostos com maior exatidão. Com
base nos dados espectroscópicos, foi possível confirmar as suspeitas sobre as
identidades dos compostos.

4. Resultados
4.1. Extração Ácido-Base ................................................................................................
O processo de extração ácido-base foi bem-sucedido, resultando na separação de dois
compostos sólidos distintos: um correspondente ao composto ácido e outro ao
composto neutro, ambos provenientes da amostra 5.

Inicialmente, o composto ácido presente na mistura foi convertido em seu sal ao ser
tratado com uma solução de NaOH (aq) 10%, tornando-se solúvel em água. Após a
separação da fase aquosa, o ácido foi regenerado com a adição de HCl (aq) 10%,
levando à formação de um precipitado sólido, que foi filtrado e isolado.

Figura 12: Sólido extraído da fase aquosa.

O composto neutro, por sua vez, permaneceu dissolvido na fase orgânica durante o
procedimento de extração. Após a remoção das impurezas, a fase orgânica foi tratada
9
com o agente secante (Na2SO4) para eliminar traços de água e, posteriormente, o
solvente foi evaporado, resultando na obtenção de um segundo sólido.

Ao final do experimento, os dois compostos foram isolados e devidamente separados,


confirmando a eficiência da técnica de extração ácido-base para a purificação de
misturas contendo compostos com diferentes propriedades ácidas ou básicas.

4.2. Recristalização
...........................................................................................................
Para a escolha dos solventes utilizados nessa técnica, foram realizados testes de
solubilidade à quente e à frio entre os compostos e água ou etanol, resultando nas
seguintes tabelas, que possibilitaram a escolha do solvente ideal (insolúvel à frio e
solúvel à quente.
...............................................................................................................

Tabelas 1 e 2: Resultados dos testes de solubilidade dos compostos ácido e neutro.


Ácido Solvente Frio Solvente Quente Neutro Solvente Frio Solvente Quente
Água Insolúvel Solúvel Água Insolúvel Insolúvel
Etanol Solúvel Solúvel Etanol Insolúvel Solúvel

O processo de recristalização também foi bem sucedido para ambos os compostos


(ácido e neutro), obtendo-se porções mais puras dos sólidos que foram separados no
processo anterior de extração ácido-base. A formação de cristais sólidos indicou que a
recristalização ocorreu de maneira eficiente, com a maioria das impurezas
permanecendo dissolvidas na “solução mãe”. ...
................................................................

Figura 13: Sólido neutro após o processo de recristalização.

A recristalização demonstrou ser eficaz na purificação dos compostos isolados na


etapa anterior de extração, resultando em sólidos de pureza considerável, facilitando
nos processos posteriores para possibilitar sua identificação.

4.3. Ponto de
Fusão............................................................................................................
Os pontos de fusão dos compostos ácido e neutro foram aproximados com o uso do

10
aparelho Mel-Temp, e os valores obtidos demonstraram a eficácia do processo de
recristalização na purificação dos sólidos.

Para o composto ácido, o ponto de fusão médio foi observado entre 153,75 ºC e
155,75 ºC, indicando uma pureza considerável, visto que o intervalo de fusão foi
relativamente estreito. Já para o composto neutro, o ponto de fusão foi registrado entre
145 ºC e 148 ºC, o que também sugere uma boa purificação. Os resultados
experimentais podem ser observados na tabela a seguir.

Tabelas 3 e 4: Resultados experimentais dos pontos de fusão dos compostos ácido e neutro, em °C (±0,1 °C)
Ácido Ti (°C) Tf (°C) T Média (°C) Neutro Ti (°C) Tf (°C) T Média (°C)
Teste 1 155 156 155.5 Teste 1 125 130 127.5
Teste 2 153 154 153.5 Teste 2 134 135 134.5
Teste 3 155 157 156 Teste 3 132 133 132.5

Os intervalos de fusão obtidos são consistentes com os resultados esperados para


compostos orgânicos relativamente puros (intervalos pequenos, com menos de 5 °C de
diferença), reforçando que o processo de recristalização realizado anteriormente foi
bem-sucedido em remover as impurezas dos compostos.

4.4. Identificação de Substâncias


A identidade dos compostos ácido e neutro, extraídos da amostra 5, até então
desconhecidos, foi descoberta a partir da análise dos dados de ponto de fusão,
solubilidade, infravermelho e espectrometria de massas.

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Para o composto ácido, o espectro de massa revelou seu íon molecular (M +) em 138
m/z, o que indica que sua massa molecular é de 138 u. Além disso, o espectro
infravermelho revelou uma banda larga entre 3200 e 3400 cm -1, indicando uma ligação
O-H (hidroxila) que é típica em ácidos carboxílicos, uma banda intensa por volta de
1700 cm-1, que indica uma ligação C=O (carbonila) também presente em um ácido
carboxílico, e algumas bandas características de C=C por volta de 1640 cm -1, que
indicam a presença de um anel aromático na molécula.

Figura 14: Identificação do composto Ácido a partir dos espectros.

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Nos espectros do composto neutro, o de massa revelou que o seu íon molecular (M +)
estava em 212 m/z, indicando sua massa molecular de 212u. Analisando o
infravermelho, é possível observar uma banda intensa por volta de 3450 cm -1, que
indica a presença de uma ligação O-H que não pertence a um ácido carboxílico, uma
banda intensa por volta de 1700 cm-1, que indica uma ligação C=O presente em
cetonas, e algumas bandas características de C=C por volta de 1640 cm -1, que indicam
a presença de um anel aromático na molécula.

Figura 15: Identificação do composto Neutro a partir dos espectros.


Portanto, foi possível identificar com sucesso ambos os compostos desconhecidos da amostra
5. O composto ácido foi identificado como o Ácido Salicíclico e o composto neutro foi
identificado como a Benzoína.

Tabela 5: Dados integrados que permitiram a identificação dos compostos da amostra 5.

Substância Estrutura Química PF (°C) Solubilidade Solubilidade Infravermelho Espectrometria


em Água em Etanol (cm-1) de Massas (M+)

Ácido Pouco 1700 (C=O),


Salicílico 158-160 solúvel Solúvel 3200-3400 (O- 138
H)

Bemzoína 137-138 Insolúvel Solúvel 1700 (C=O), 212


3450 (O-H)

5. Discussão
5.1. Extração Ácido-Base
Os resultados do experimento de extração ácido-base demonstraram que essa técnica é
eficiente para separar compostos orgânicos com diferentes propriedades. O composto
ácido foi separado facilmente ao reagir com NaOH, formando um sal solúvel em água,

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e depois recuperado como sólido ao acidificar a solução com HCl. Já o composto
neutro permaneceu na fase orgânica, sendo isolado após a evaporação do solvente.

Essa técnica é baseada na diferença de solubilidade dos compostos em soluções ácidas


e básicas, o que permite sua separação. A fase aquosa atrai os compostos ionizados
(ácidos ou bases), enquanto a fase orgânica retém compostos neutros. Apesar de
possíveis pequenas perdas de material em ambas as fases, o procedimento foi eficaz e
comprovou a utilidade da extração ácido-base para separação de misturas,
possibilitando separar os compostos da amostra 5 com sucesso.

5.2. Recristalização
...........................................................................................................
O processo de recristalização demonstrou ser eficaz na purificação dos compostos
ácido e neutro isolados anteriormente pela extração ácido-base. A escolha correta dos
solventes, com base nos testes de solubilidade à quente e à frio, foi fundamental para
garantir que os cristais se formassem de maneira controlada, permitindo que as
impurezas permanecessem dissolvidas na “solução-mãe”.

A eficiência do método foi confirmada pela formação de precipitados sólidos,


indicando a conclusão do processo, podendo-se assumir que as impurezas ficaram, em
sua maioria, dissolvidas. A recristalização complementou o processo de separação
iniciado na extração ácido-base, resultando em sólidos de pureza considerável,
facilitando sua identificação em etapas posteriores.

5.3. Ponto de Fusão


Os resultados obtidos na determinação dos pontos de fusão indicam que ambos os
compostos (ácido e neutro) apresentaram uma pureza considerável após o processo de
recristalização. Os intervalos de fusão foram relativamente estreitos (variação menor
que 5 °C), o que é característico de substâncias puras, uma vez que impurezas tendem
a aumentar o intervalo e diminuir o ponto de fusão. Isso confirma que a recristalização
foi eficiente em remover as impurezas presentes nos compostos obtidos após a
extração ácido-base.

A comparação dos valores observados com os esperados para compostos puros sugere
que os sólidos recristalizados estão em uma forma suficientemente pura para serem
analisados em procedimentos posteriores, como a espectroscopia no infravermelho.
Ou seja, a determinação do ponto de fusão foi útil para complementar a avaliação da
pureza dos compostos.

5.4. Identificação de Substâncias


A análise dos espectros de infravermelho e de massas foi fundamental para identificar
com precisão os compostos obtidos nas etapas anteriores. O uso da espectroscopia de
infravermelho forneceu informações cruciais sobre os grupos funcionais presentes em
cada composto, permitindo correlacionar as bandas de absorção características com
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possíveis estruturas químicas. A identificação de grupos funcionais, como C=O, O-H e
C=C, auxiliou na definição dos principais componentes estruturais dos compostos
ácido e neutro.

A espectrometria de massas complementou essa análise, fornecendo a massa


molecular exata e padrões de fragmentação específicos para cada composto. Através
do íon molecular (M+), foi possível determinar a massa molecular de cada um. Essa
abordagem integrada de dados espectroscópicos em conjunto com dados de ponto de
fusão e solubilidade anteriores permitiu a confirmação da identidade dos compostos. A
concordância dos resultados de infravermelho e espectroscopia de massas mostrou-se
essencial para a validação e a precisão na identificação dos compostos desconhecidos,
demonstrando a eficácia dessas técnicas combinadas no processo de análise estrutural.

6. Conclusão:
Os experimentos práticos realizados com a amostra 5, desde a extração ácido-base até
a determinação do ponto de fusão e a análise espectroscópica, demonstraram a eficácia
de diferentes técnicas da química orgânica para a separação, purificação,
caracterização e identificação de compostos orgânicos. A extração ácido-base permitiu
a separação inicial de dois compostos orgânicos desconhecidos, um ácido e um neutro,
com base em suas propriedades de solubilidade sob diferentes condições de acidez.
Posteriormente, a recristalização foi fundamental para a purificação desses sólidos,
utilizando solventes cuidadosamente escolhidos para garantir que os compostos
fossem insolúveis a frio e solúveis a quente, facilitando a remoção de impurezas.

A determinação dos pontos de fusão forneceu uma análise prática da pureza dos
compostos recristalizados. Os intervalos de fusão estreitos indicaram uma alta pureza,
evidenciando a eficácia das etapas de separação e purificação anteriores. Essa
propriedade foi essencial não apenas para avaliar a pureza, mas também para fornecer
uma referência comparativa com valores conhecidos, auxiliando na identificação
futura dos compostos.

Por fim, a análise dos espectros de infravermelho e de massas permitiu identificar os


grupos funcionais e massas moleculares dos compostos, completando o processo de
caracterização. Logo, conclui-se que, desde o início dos experimentos com a amostra
5, estávamos trabalhando com o Ácido Salicíclico e a Benzoína.

A combinação dessas técnicas possibilitou uma identificação precisa dos compostos


ácidos e neutros, destacando a importância da integração das diversas técnicas de
separação, purificação e análise para a correta identificação de substâncias orgânicas
na química orgânica experimental.

7. Referências:
Pavia, D. L,; Lampman, G. M.; Kriz, G. S.; Engel, R. G.; Química Orgânica
Experimental – técnicas de escala pequena. 3ª ed., Editora Cengage Learning, 2012.

15
The Merck Index Online - chemicals, drugs and biologicals. Disponível em:
<https://merckindex.rsc.org>. Acesso em: 8 out. 2024.

Elements, chemicals and chemistry. Disponível em:


<https://www.chemicalaid.com>. Acesso em: 8 out. 2024.

- PAVIA, D. L.; LAMPMAN, G. M.; KRIZ, G. S. Introduction to Spectroscopy: A


Guide for Students of Organic Chemistry. 3rd ed. Melbourne: Thomson Learning,
2001

Material distribuído em sala de aula e conhecimentos adquiridos durante as práticas.

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