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Outubro de 2024

Doi: 10.5281/zenodo.13941944

1 @bomjesuspsicologia
https://zenodo.org/communities/tecis/ @itaperunapiscologia
INTRODUÇÃO

A vida não é definida pelos acontecimentos em si, mas pela forma


como os interpretamos. Epicteto, há séculos, revelou uma verdade atemporal:
não são os fatos que nos perturbam, mas o significado que lhes atribuímos.
O poder de transformação que buscamos reside na maneira como reagimos
às circunstâncias externas. Ao mudar nossa interpretação do presente,
alteramos nosso futuro. A capacidade de intervir no agora nos oferece a
chave para reescrever nossa trajetória; o que nos aprisiona não são os
eventos, mas a leitura que fazemos deles. Ao assumir o controle de nossa
percepção, tornamo-nos autores de nossa própria história, capazes de criar
novos destinos a partir de uma nova visão.

Revisitar nossas interpretações sobre as situações atuais nos permite


modificar nossas respostas emocionais e comportamentais, abrindo novos
caminhos para a vida. Essa intervenção no presente não apenas impacta o
agora, mas também reformula nosso amanhã.

Essa perspectiva enfatiza o poder de nossas escolhas e


interpretações. Não estamos à mercê das circunstâncias, mas sim da maneira
como as compreendemos. A transformação começa no momento em que
tomamos consciência de que podemos reinterpretar nossas vivências e, com
isso, trilhar novos rumos. Agir no presente com uma nova visão é o ponto de
partida para um processo de mudança que pode redefinir todo o curso de
nossa história.

Dentro deste contexto, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)


surge envolvendo um conjunto de abordagens psicoterapêuticas que buscam
promover mudanças nos pensamentos, sistemas de significados e
comportamento emocional, com o objetivo de gerar autonomia ao paciente e
diminuir ou eliminar os sintomas apresentados (Beck, 1993). Essa
modalidade de intervenção possui ampla validação empírica, sendo eficaz
para uma vasta gama de transtornos psiquiátricos (Beck; Weishaar, 2000).

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Fundamentos Históricos

Em 1960, o psiquiatra Aaron T. Beck, na época atuava como professor


assistente de psiquiatria na University of Pennsylvania e como psicanalista.
Em sua atuação, foi observando a necessidade de demonstração de
validação empírica em relação a teoria psicanalítica, para que houvesse
aceitação da comunidade médica. Dedicou-se a uma série de experimentos,
onde os resultados levaram à uma série de outras explicações para a
depressão, desenvolvendo um tratamento de curta duração.

Aaaron Beck percebeu que os pacientes deprimidos apresentavam


cognições negativas distorcidas, e começou a auxiliá-los na identificação e
avaliação dos pensamentos, tendo com isso melhora significativa. Essa
forma de psicoterapia passou a ser denominada originalmente de “terapia
cognitiva”, termo que hoje é usado por muitos da área como sinônimo de
“terapia cognitivo-comportamental”.

Pressupostos básicos da TCC

1. A atividade cognitiva influencia nossas emoções e nossos


comportamentos.
2. A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada.
3. O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança
cognitiva.
Ou seja:
Modelo cognitivo

O modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional (que


influencia o humor e o pensamento do paciente) é comum a todos os
transtornos psicológicos. Foi desenvolvido de acordo com as pesquisas de

3
Aaron Beck, para explicar o processo psicológicos na depressão. Sendo
constatado que quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de

forma mais realista e adaptativa, elas obtêm uma melhora em seu estado
emocional e no comportamento.

A TCC, em linhas gerais, trabalha com a ideia de que o que você


pensa influência o que você faz (comportamento), e o que você sente
emoção.

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Os principais elementos do modelo cognitivo-comportamental estão
esquematizados da figura acima. O processamento cognitivo recebe a função
central nesse modelo, pois o sujeito avalia continuamente a importância dos
acontecimentos internamente e no ambiente que o circunda (eventos estressantes,
presença ou ausência de comentários, memórias de situações passadas,
sensações corporais), e as cognições estão associadas às reações emocionais.
No exemplo, João, um homem com um transtorno de ansiedade social,
apresentou:

• Pensamentos: “Não vou saber me portar... Todo mundo vai ficar


me olhando nervoso... Vou parecer um desajustado... Não vou
saber o que fazer e querer ir embora imediatamente”.
• Emoções/reações fisiológicas: ansiedade, tensão física e
excitação autonômica, começou a suar, sentia um frio na barriga e
ficou com a boca seca.
• Resposta comportamental: Evitação - em vez de enfrentar a
situação e tentar adquirir habilidades para dominar as situações
sociais, ele telefonou para a pessoa que o convidou e disse que
estava gripado.

A evitação da situação temida reforçou o pensamento negativo e tornou-se parte


de um ciclo vicioso de pensamentos, emoções e comportamento que aprofundou
seu problema com a ansiedade social. Cada vez que fazia uma manobra para
fugir de situações sociais, suas crenças sobre ser incapaz e vulnerável se
fortaleciam. Essas cognições de medo, então, amplificaram seu desconforto
emocional e tornaram menos provável que se envolvesse em atividades sociais.

Os terapeutas cognitivo-comportamentais utilizam diversos métodos que


auxiliam o tratamento das três áreas de funcionamento patológico identificadas
no modelo básico de TCC: cognições, emoções e comportamentos.

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EXEMPLO – o paciente do caso apresentado acima poderia ser ensinado
a reconhecer e mudar seus pensamentos ansiosos, a utilizar o relaxamento ou
a geração de imagens mentais para reduzir as emoções ansiosas ou a
implementar uma hierarquia gradual para romper o padrão de evitação e
desenvolver habilidades sociais (técnicas que veremos mais a frente).

A Terapia Cognitivo Comportamental, reconhece a complexidade das


interações entre processos biológicos, influências ambientais e
interpessoais e elementos cognitivo-comportamentais na origem e no
tratamento de transtornos psiquiátricos
(Wright, 2004; Wright e Thase, 1992).

REFORÇANDO! Modelo Cognitivo Comportamental:

• Serve para explicar o comportamento do paciente;


• Guia o no tratamento semanal dos casos clínicos;
• A TCC é baseada nesse modelo;
• É representado por um diagrama;
• Nos mostra que o que ocasiona as reações, são as interpretações que
temos das situações e eventos que estamos vivenciando;
• A TCC teoriza que todos os eventos que acontecem com o indivíduo, gera
uma interpretação, um pensamento que nós chamamos de pensamento
automático.

Processamento cognitivo

• A TCC entende que existem três níveis de processamento cognitivo;

Esses níveis são determinantes na


forma como encaramos e avaliamos
as nossas experiências de vida.

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CRENÇAS CENTRAIS
• São compreensões duradouras tão fundamentais e profundas;
• Ideias rígidas, enraizada e generalizadas a respeito de si, do mundo e dos
outros;
• Constituída desde muito cedo (infância e adolescência);
Há três categorias centrais (Judith Beck ,1995):

- Desamparo: impotente, necessitado, desamparado, frágil, vulnerável;


- Desamor: indesejável, rejeitado, imperfeito, abandonado, incapaz de ser
amado, sozinho;
- Desvalor: incapaz, inadequado, sem valor, fracassado; ineficiente.

CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
• São subjacentes às crenças centrais;

São manifestadas através de:

- Regras: “tenho que...” “devo...”.

Exemplo: “Devo sempre ter notas altas nas provas”, “Tenho que ser perfeito
em tudo o que eu faço”

- Atitudes: avaliação da crença central.

Exemplo: “É terrível ser fracassado”, “Eu não serei aceito”

- Pressuposto: forma condicional “se (crença central), então (estratégia


compensatória)”.

Exemplo: “Se eu sou incapaz, então evito expor”, “Se eu tentar me aproximar
de alguém, vou ser rejeitado. Se eu evitar, ficarei bem”.

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PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

“É uma cognição alicerçada em autoavaliações e autodirecionamentos, que


fora do alcance consciente que opera automaticamente, de forma particular
e produzida automaticamente” (Aaron Beck)

• Nível cognitivo de mais fácil acesso;


• Pensamento quentes (com carga emocional);
• São automáticos, como pop-ups na nossa mente;
• É a interpretação que o indivíduo faz de uma situação
• Pode vir em formato verbal ou de imagem

Exemplos: Um colega não me cumprimenta

VERBAL: eu posso verbalmente pensar “eu fiz alguma coisa para ele”, “ele não
gosta mais de mim”.

IMAGEM: posso imaginar ele fofocando pelas minhas costas, ou rindo de mim.

Quando os pensamentos automáticos aparecem, eles geram reações


(emoção, comportamento e respostas fisiológicas).

Os pensamentos automáticos, geralmente são privados ou não declarados,


ocorrem rapidamente a média que avaliamos o significado dos acontecimentos.
Os pensamentos automáticos podem ser desadaptativos ou distorcidos
(disfuncionais), e geradores de reações emocionais dolorosas, disfunções
comportamentais e transtornos psiquiátricos.

Como saber quando os pensamentos automáticos disfuncioanis


estão presentes?

Indícios - presença de fortes emoções (ex: raiva) e respostas fisiológicas


(ex: batimento cardíaco acelerado, suor, falta de ar).

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IMPORTANTE: Sentir tristeza ou ansiedade, não necessariamente é
algum problema em nossa cognição ou em nossa interpretação (ex: tristeza ao
perder um ente querido). O problema é quando apresentamos reações
exageradas, ou seja, quando há a presença de pensamentos disfuncionais.

A presença de pensamentos disfuncionais pode ocasionar transtornos


sérios, como transtorno depressivo, transtorno de ansiedade, transtornos
alimentares, além de piorar a capacidade do
indivíduo resolver seus problemas e reforçar
assim a baixa autoestima.

REFORÇANDO!

Níveis de processamento

Copa: as folhas são como os


pensamentos automáticos, flores como
emoções e frutos como comportamentos.

Ex: Pensamento (não vou conseguir


entregar no prazo), reação fisiológica
(agitação), comportamento (desmarcar o jantar
com a namorada), emoção(ansiedade).

Tronco: Crenças intermediárias, “ditam como a copa será”, ou seja,


como iremos pensar, sentir e nos comportar diante de uma situação.

Ex: Preciso priorizar sempre o meu trabalho, para não se incompetente.

Raízes: Crenças centrais, sustentam e nutrem, base do funcionamento.

Ex: sou incompetente

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ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS

• São estratégias de enfrentamento;


• O indivíduo utiliza para lidar com a sua crença central;

Os três estilos de enfretamento:

- Evitação (ex: se eu sou incompetente, nem vou comparecer na entrevista)

- Resignação (ex: se sou incompetente, nem vou me preparar para a entrevista)

- Hipercompensação (ex: se eu sou incompetente, então vou passar a noite me


preparando para a entrevista)

A Terapia Cognitiva tem por base o modelo cognitivo, exposto no esquema


abaixo:

ESQUEMAS MENTAIS

Os esquemas na terapia cognitivo-comportamental são definidos como


matrizes ou estruturas cognitivas que fundamentais para o processamento de
novas informações que estão abaixo da camada mais superficial dos
pensamentos automáticos.

Os esquemas filtram, codificam e avaliam os estímulos recebidos. São


unidades básicas da personalidade, que armazenam crenças, memórias,
emoções de papéis que desempenhamos.

Como são formados os esquemas?

Começam a se formar no início da infância, tornam-se princípios


duradouros de pensamento, através de uma infinidade de experiências de vida
e ensinamentos.

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“Personalidade pode ser conceitualizada como uma organização
relativamente estável, composta de sistemas e moldes. Sistemas de estruturas
interconectadas que respondem pela sequência que se entende desde a
recepção do estímulo até o ponto final de uma resposta comportamental.”

DISTORÇÕES COGNITIVAS

Como já vimos, a terapia cognitivo-comportamental, estuda a relação


entre pensamentos, emoções e comportamentos. Os pensamentos podem ser
avaliações imprecisas que fazemos de fatos e situações, e aparecem no nível
dos nossos pensamentos automáticos. Por ser mais fácil
Metacognição: John
interpretarmos uma situação da forma que já Flavell nos anos 1970,
conhecemos. definiu o termo como o
conhecimento que as
As distorções representam certos padrões no pessoas têm sobre seus
pensamento. Ou seja, as pessoas distorcem a maneira próprios processos
cognitivos e a habilidade
como interpretam a realidade, o que causa diversos níveis
de controlar esses
de sofrimento. Muitas vezes, isso acontece sem que elas processos, monitorando,
percebam. Por isso, a metacognição é uma capacidade organizando, e
modificando-os.
tão importante, e pode ser estimulada por meia de
técnicas da terapia cognitiva comportamental.
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TRATAMENTO EM TCC

Os princípios básicos do tratamento na terapia cognitivo-


comportamental:

1º. Desenvolver continuamente o paciente

É um dos princípios mais importantes para Beck, o desenvolvimento contínuo do


paciente. A cada sessão, precisamos ver o paciente mudando de forma gradativa
suas formas de pensar e agir com base no que foi trabalhado nos últimos
encontros, respeitando o tempo de cada um.

2º. Aliança terapêutica segura

É necessário que o paciente confie no profissional e consequentemente em seu


trabalho, de modo que seja desenvolvido contínuo e de maneira seja saudável,

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você concorda que é necessário existir uma aliança terapêutica segura? Pois é,
muitos pacientes não se sentem confiantes em exporem suas inseguranças e
crenças para profissionais que não promovem um ambiente confortável, ético e
acolhedor.

A relação segura entre o paciente e o terapeuta precisa ser baseada em uma


postura ética, de aceitação e validação dos sentimentos do paciente. Assim,
como consequência, os nossos pacientes compartilharão suas dores e
desconfortos nas sessões, desenvolvendo o processo terapêutico de modo
eficiente e satisfatória para ambos.

3º. Colaboração e participação ativa

A colaboração e a participação ativa entre o terapeuta e o paciente, onde cada


sessão o cliente apresenta uma nova informação que precisa ser construída e
interpretada junto com o psicólogo a fim de trazer uma resolução.

A partir disso, ambos podem decidir o contrato terapêutico e estipular o número


adequado de sessões. Isso oferece mais controle ao cliente ao mesmo tempo
que desenvolve sua autonomia e estimula a autoconfiança, essenciais para a
mudança de crenças.

4º. Terapia orientada para os objetivos e focada nos problemas

As metas auxiliam o objetivo ser atingido. Ao focar nos aspectos da vida que
estão associados ao sofrimento do paciente, fica muito mais fácil montar um
diagnóstico qualificado e respeitoso, que realmente o ajude. Trabalhando com a
resolução de problemas, atento sua aos acontecimentos atrelados aos
sofrimentos do paciente a fim de ajudá-lo a encontrar o melhor caminho para
encarar seus desafios.

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5º. Enfatizar inicialmente o presente

A terapia começa por um exame dos problemas no aqui e agora. A atenção se


volta para o passado em duas circunstâncias. A primeira, quando o paciente
expressa uma forte preferência por fazer assim, e caso isso não seja feito a
aliança terapêutica é colocada em risco. A segunda, quando os pacientes ficam
fixados em seu pensamento disfuncional, e a compreensão das raízes infantis
de suas crenças podem ajudar a modificar as ideias rígidas.

A terapia cognitiva reforça a ideia de que compreender que o presente é o


único momento que temos para mudar nossos pensamentos e atitudes é
fundamental para o desenvolvimento contínuo do cliente.

6º. Investir na psicoeducação

A terapia é uma excelente forma de conquistar novos saberes e desenvolver


outras formas de ver o mundo, e isso pode ser feito de diversas formas. A
psicoeducação é uma excelente ferramenta que potencializa essa mudança, já
que o terapeuta pode fazer indicações de leituras complementares, incluir
familiares nas sessões e apresentar um sólido conhecimento de psicopatologia
e dos modelos cognitivos.

E um dos aspectos iniciais e fundamentais da terapia, é o desenvolvimento das


suas capacidades metacognitivas, isto é, o reconhecimento de seus
pensamentos e distorções cognitivas que estão associados aos seus
sentimentos e comportamentos.

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7º. Apresentar um tempo limitado

Por meio de estatísticas e modelos de sessões é possível determinar o número


certo de sessões. No entanto, nem todos os pacientes têm sucesso suficiente
em alguns poucos meses. Alguns precisam de um ou dois anos de terapia.

8º. Ter sessões estruturadas

Os atendimentos seguem uma estrutura para que o paciente possa entender o


processo terapêutico, compreender o seu papel e aproveitar ao máximo o tempo
da terapia. Existe flexibilidade nessa questão, já que a estrutura deve ser seguida
naturalmente ao ser assimilada pelo cliente.

9º. Estimular o paciente a identificar, avaliar e responder suas


crenças disfuncionais

A terapia cognitiva auxilia os pacientes a observarem seus próprios sentimentos,


e estimular a identificação, avaliação e resposta das suas crenças disfuncionais
para fortalecer sua autonomia e garantir que ele possa lidar com seus problemas
de forma saudável.

10º. Utilizar diversas técnicas para transformar o pensamento e


comportamento dos pacientes

Utilização das técnicas da TCC para auxiliar os pacientes a transformarem seus


comportamentos e pensamentos. Afinal, o terapeuta apresenta centenas de
técnicas que podem ser aplicadas para identificar o problema, traçar uma meta
e estabelecer estratégias de enfrentamento e relaxamento.

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A Relação terapêutica

Desde o primeiro encontro com o paciente é essencial que comece a


desenvolver uma aliança terapêutica positiva, desenvolvendo a confiança e o
rapport. A relação terapêutica é um processo contínuo e fácil de ser alcançado
com a maioria dos pacientes, podendo ser mais desafiador com pacientes
portadoras de transtorno metal grave. A seguir alguns elementos importante do
fortalecimento da relação terapêutica:

• Demonstrar boas habilidades terapêuticas e compreensão acurada:

Proporcionar um espaço com afirmações empáticas, afeto, autenticidade,


considerações positivas, tonalidade da voz, expressões faciais e linguagem
comportamental.

Um mito comum, cultivado por pessoas que não leram os livros ou tiveram
acesso a teoria, é de que a terapia cognitiva-comportamental é conduzida de
maneira fria e mecânica, o que não procede, já que desde o primeiro manual de
terapia cognitivo-comportamental, foi ressaltada a importância do
desenvolvimento de uma boa relação terapêutica.

• Empirismo colaborativo:

O empirismo colaborativo é um tipo específico de aliança de trabalho, que auxilia


a mudança cognitiva e comportamental. O terapeuta guia e estimula a
participação ativa do paciente durante as sessões. São apresentadas
justificativas racionais a respeito das intervenções e solicitada a aprovação do
paciente. O processo terapêutico é um trabalho constantemente em equipe.

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• Buscar o feedback:

É importante está alerta às reações emocionais do seu paciente durante a


sessão (expressões faciais, linguagem corporal, escolha das palavras e tom de
voz). E solicitar o feedback no final das sessões “Como foi a sessão para você”
“Existe alguma coisa que quer fazer de forma diferente da próxima vez?”. Essas
perguntas podem fortalecer a aliança terapêutica e pode fazer com que o
paciente se sinta honrado e respeitado com o seu interesse genuíno.

• Ajudar o paciente a resolver seus problemas e a aliviar sua


angústia:

A empatia é um dos fatores de grande importância no fortalecimento da relação


terapêutica, no entanto, não é suficiente. É necessário que o terapeuta converta
as preocupações em ações que reduzam o sofrimento e ajudem o paciente a
lidar com os problemas da vida, mesclando comentários empáticos apropriados
com questões socráticas e outros métodos de TCC que incentivem o
pensamento racional, a identificação dos pensamentos disfuncionais e o
desenvolvimento de comportamentos adaptativo. Muitas vezes, a forma mais
eficaz de ajuda, é fazer perguntas que auxiliem o paciente a enxergar novas
perspectivas, em vez de simplesmente seguir o fluxo disfuncional de
pensamento.

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Estrutura de tratamento

Objetivos da avaliação:

• Diagnóstico
• Formulação de caso
• Identificar problemas
• Definir objetivos

• Terapeuta apropriado
• Encaminhamento

Avaliação:

• Motivo da busca
• Relações interpessoais
• Sintomas atuais
• Uso de substâncias
• Histórico de
tratamentos • Ideação suicida

• Desenvolvimento • Alimentação

• Fatores genéticos e • Exercício físico


biológicos • Sono

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Definições de metas

O que levou o paciente a procurar a terapia? Quais são as mudanças que


ele deseja?

Exemplos: “Quero ser menos ansioso”, “Quero melhorar meu


relacionamento interpessoal”, “Quero ser mais feliz”.

Fluxograma de conceitualização de caso

Fonte: Wright, Down, Basco, & Thase, 2019.

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Formulação do caso

Compreender o funcionamento do paciente, auxilia o planejamento do


tratamento de modo mais eficaz. Inicia no primeiro contato e deve ser revisado sempre
que necessário, isso ajuda o paciente a prevenir pensamentos e comportamentos
disfuncionais. Abaixo exemplo de formulação de caso.

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Diagrama de conceitualização cognitiva

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Uma ferramenta que auxilia o paciente a trabalhar nos pensamentos
automáticos, através da conceituação cognitiva, que vincula pensamentos
automáticos a crenças. É indicado que o diagrama seja preenchido após a
primeira sessão com o paciente. O diagrama descreve a relação entre as
crenças nucleares, crenças intermediárias e os pensamentos automáticos.

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Abaixo exemplo:

• Qual o diagnóstico do paciente?


• Qual o motivo da busca do atendimento?
• Que padrões repetitivos identificamos em seu funcionamento?
• Como esses problemas se desenvolveram?
• Quais são os dados relevantes?

• Quais são as crenças centrais?


• Quais são as crenças intermediárias?
• Quais são as estratégias compensatórias?

Plano de tratamento

Planejar as sessões, utilizando técnicas e estratégias para ajudar o


paciente a aprender a reconhecer e mudar pensamentos automáticos.

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Prevenção à recaída

Para a prevenção de recaídas, identifique problemas que podem causar


dificuldades futuramente e realize o treino para praticar maneiras eficazes de
enfrentamento.

Abaixo um exemplo de formulação de caso:

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TÉCNICAS COGNITIVAS E COMPORTAMENTAIS EM TCC

TÉCNICAS COGNITIVAS:

• Psicoeducação
• Questionamento socrático
• RPD – Registro de pensamento disfuncional
• Avaliação e contestação de pensamentos

Psicoeducação

É uma técnica recorrente na terapia cognitiva-comportamental, onde o


terapeuta ensina o paciente sobre processo de psicoterapia, assim como seu
funcionamento e outros conhecimentos psicológicos importantes para o
processo terapêutico e para que o paciente se torne seu próprio terapeuta.

• Aumenta a confiança do paciente no terapeuta.


• Torna mais provável a aceitação e adesão ao tratamento.
• São esclarecidos os modelos cognitivos e o processo terapêutico
como um todo.
• Informa e ensina sobre o possível diagnóstico ou dificuldade que
ele apresenta.
• Orienta a usar os aprendizados após o término do tratamento para
evitar recaída.
• A Psicoeducação é realizada durante todo o tratamento.

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Questionamento socrático

É a base da maioria das intervenções em TCC, é colocado em primeiro lugar na


lista de técnicas para modificar pensamentos automáticos, pois o processo de
questionamento é a base das intervenções cognitivas para mudar pensamentos
disfuncionais.

• Faça perguntas que revelem oportunidades de mudança.


• Faça perguntas que tragam resultados. Perguntas socráticas funcionam
melhor quando rompem um padrão de pensamento desadaptativo rígido.
• Faça perguntas que envolvam os pacientes no processo de
aprendizagem.

• Elabore perguntas de forma que seja produtivo para o paciente.


• Evite fazer perguntas de comando.
• Use perguntas de múltipla escolha.

Registro de pensamentos disfuncionais

O registro de pensamentos disfuncionais (RPD), apresenta cinco colunas

recomendado como um procedimento de alto impacto por Beck e colaboradores


(1979) em seu clássico livro Terapia Cognitiva da Depressão, e continua sendo
muito utilizado na TCC.

O RPD incentiva os pacientes a:

• Reconhecer seus pensamentos automáticos, as emoções que despertam


padrões;
• Realizar análise de possíveis distorções cognitivas;
• Identificar comportamentos, crenças;
• Monitorar durante a semana e levar as anotações para a sessão, já que
geralmente é feito como tarefa de casa.

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Contestação dos pensamentos automáticos
O modo como o paciente define a situação pode apresentar
distorções cognitivas.
- Definição dos termos: Visa identificar com o paciente a sua
interpretação do conceito: “O que significa pra você...?”
Exemplo: um paciente muito preocupado com seu desempenho no
estágio, tem que definir o que é um “estágio ruim”.
- Análise de custo-benefício: Quais são as vantagens e
desvantagens de manter a crença. Buscando assim pensamentos
alternativos através dessa análise.
Exemplo: “Eu não preciso dirigir”.
Vantagens Desvantagens
Meu marido dirige. Não tenho autonomia.
Não enfrento o medo. Sinto vergonha em dizer que não dirijo.
É cômodo. Em qualquer emergência, como irei ajudar?

- Checagem de evidências (contra e a favor): Analisa as


evidências a favor e contra o pensamento automático. “Que provas ou fatos
existem ...?”

Exemplo: “Vou ser demitida por causa da pandemia”

Evidências a favor Evidências contra


Crise financeira do país. Minha avaliação de desempenho foi excelente.
Empresa precisa reduzir A empresa que trabalho realiza um serviço
despesas. essencial.
Não houve menção de que ocorrerão demissão.
Minha função é essencial.

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- Construir de alternativas racionais: solicita ao paciente que ele
examine tantas hipóteses alternativas quanto possível, especialmente hipóteses
menos negativas e catastróficas, baseadas em evidências.

“Quais são as outras possibilidades para explicar esta situação?”

“Quais alternativas você enxergava antes de estar deprimido que não consegue
ver agora?”

“O que você diria a um amigo nesta situação?”

TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:

• Role-Play
• Exposição
• Dessensibilização sistemática

- Role Play: terapeuta faz o papel de uma pessoa relevante no ambiente natural
do sujeito (os papéis podem ser invertidos), ou fazendo uma representação
comportamental do próprio sujeito em alguma situação social. A técnica
geralmente é usada para estimular uma interação que possa trazer à tona
pensamentos automáticos, emoções e comportamentos e em situações que se
faz necessário treino de habilidades sociais.

- Exposição – consiste em expor o paciente ao enfretamento repetido e


sistemático ao vivo ou na imaginação, diretamente a estímulos que eliciam
ansiedade para romper a conexão entre estímulo-resposta. Após a exposição

repetida não eliciar mais altos níveis de ansiedade e desconforto, passa-se para
o próximo item de hierarquia de evitação. Segue exemplo:

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Nesse estudo de caso, observa-se que o paciente não se sentia preparado para
vivenciar uma exposição in vivo, outra alternativa que o terapeuta pode recorrer
é a exposição imaginária, em que é pedido para o paciente entrar em cena,
imaginando a situação e comoele poderia reagir.

Obs: Disponível em: Wright,


Down, Basco, & Thase, 2019

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Literatura sugerida:

Referências:

• Beck, J. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental: teoria e prática. PortoAlegre, RS: Artmed.


• Klein, D. N., Schwartz, J. E., Santiago, N. J., Vivian, D., Vocisano, C., Castonguay, L. G., Arnow, B.,
Blalock, J. A., Manber, R., Markowitz, J. C., Riso, L. P., Rothbaum, B., McCullough, J. P., Thase, M.
E., Borian, F. E., Miller, I. W., & Keller, M. B. (2003). Therapeutic Alliance in Depression Treatment:
Controlling for Prior Change and Patient Characteristics. Journalof Consulting and Clinical
Psychology, 71(6), 997–1006. https://doi.org/10.1037/0022-006X.71.6.997

• Wright, J., Brown, G. K., Thase, M. E., & Basco, M. R. (2019). Aprendendoa terapia cognitivo-
comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre, RS: Artmed.

• Wright, J. H., & Davis, D. (1994). The therapeutic relationship in cognitivebehavioral therapy: Patient
perceptions and therapist responses.Cognitive and Behavioral Practice, 1(1), 25–45.
https://doi.org/10.1016/S1077-7229(05)80085-9
• ANDREATA, Ivana; OLIVEIRA, Margareth da Silva. Manual prático de Terapia
cognitivocomportamental. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

• BECK, Judith S. Terapia cognitivo- comportamental: teoria e prática. 2.ed.Porto Alegre: Artmed,
2014.
• LEAHY, Robert L. Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta.Porto Alegre: Artmed, 2006.
• WRIGHT, Jesse H.; BASCO, Monica R.; THASE, Michael E. Aprendendo aterapia cognitivo-
comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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