Antoine Lilti
Antoine Lilti
Antoine Lilti
E-mail: jadduarte@puc-rio.br
https://orcid.org/0000-0001-8410-084X
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
1
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
Resumo:
Este artigo aborda a contribuição de Antoine Lilti à historiografia do Iluminismo. A partir da discussão de parte de sua
obra, com destaque para seu último livro, L’Heritage de Lumières (2019), argumenta-se que essa representa uma
renovação muito bem-vinda no campo, tanto em termos teórico-metodológicos quanto narrativos. Combinando as
vertentes da história intelectual e da história social e cultural, Lilti articula uma interpretação do Iluminismo alternativa
àquela da genealogia do liberalismo. Colocada a partir da perspectiva de uma hermenêutica crítica, e em diálogo com
a crítica pós-colonial, a intepretação de Lilti procura responder à questão da atualidade do Iluminismo no mundo
global e plural contemporâneo, no qual a modernidade ocidental perdeu a condição de modelo universal.
Palavras-chave:
Abstract:
This article discusses Antoine Lilti’s contribution to the historiography of the Enlightenment. Based on the discussion
of part of his work, with emphasis on his latest book, L’Heritage de Lumières (2019), it is argued that this represents a
very welcome renewal in the field, both in theoretical-methodological and narrative terms. Combining the strands of
intellectual history and social and cultural history, Lilti articulates an alternative interpretation of the Enlightenment
to that of the genealogy of liberalism. Placed from the perspective of a critical hermeneutic, and in dialogue with post-
colonial criticism, Lilti’s interpretation seeks to answer the question of the presentness of the Enlightenment in the
contemporary global and plural world, in which Western modernity has lost its status as a universal model.
Keywords:
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
2
João de Azevedo e Dias Duarte AR
Em 2001, era publicada uma coletânea cujo título, “O que resta do Iluminismo?” (What’s
left of Enlightenment?), indicava uma crise, uma crise do Iluminismo, à qual os ensaios ali reunidos,
sob a direção de dois leading scholars, Peter H. Reill e Keith M. Baker, procuravam responder
criticamente. Essa crise fora precipitada por um novo tipo de crítica, a que o Iluminismo vinha sendo
submetido desde os anos 1970. Ao contrário dos já familiares contrailuminismo conservador e do
marxismo, a crítica atual partia de um novo campo teórico heterogêneo, genericamente referido
como “pós-modernismo”, e se dirigia ao Iluminismo enquanto matriz filosófica da modernidade,
contra a qual se insurgia.
A crise, na realidade, era da grande narrativa da modernidade liberal com seu pacote
de valores abstratos (progresso, razão, ciência, humanismo e democracia), cujas limitações e
contradições a crítica pós-moderna, engrossada ainda pelas vertentes feminista e pós-colonial,
denunciava. Essa narrativa fora construída, entre os anos 1930 e 1970, por uma geração de
historiadores das ideias europeus, muitos dos quais judeus-alemães emigrados, que haviam
encontrado nos pensadores do século XVIII os meios para combater o nacionalismo, o racismo e
o totalitarismo, articulando um modelo positivo, liberal e democrático, de modernidade. Na virada
do século XX para o XXI, porém, aquelas ameaças pareciam distantes e, a despeito das críticas
acadêmicas, o modelo da modernidade liberal ocidental parecia a tal ponto triunfante que se
falava até mesmo em “fim da história”. Vítima de sua própria vitória, o Iluminismo paradoxalmente
tornava-se, então, ao mesmo tempo ultrapassado intelectualmente e publicamente irrelevante.
Desde o final dos anos 1970, paralelamente à recepção das novas críticas teóricas e em
diálogo com elas, a historiografia se moveu com espantosa força centrífuga. A imagem tradicional,
herdada da velha história das ideias, de um pequeno grupo de filósofos parisienses empenhados
em combater a intolerância, superstição e tirania, tornou-se obsoleta. O Iluminismo foi pluralizado
e fragmentado pelos historiadores a ponto de se tornar quase irreconhecível. Seus personagens
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
3
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
foram ampliados muito além do círculo restrito dos philosophes, de modo a incluir homens e,
sobretudo, mulheres até então desconhecidas. Sua geografia foi expandida para além de Paris e
dos centros europeus tradicionais, incluindo também zonas periféricas e espaços coloniais. Com
a ascensão da história social, seus objetos se ampliaram para além dos grandes textos filosóficos,
de modo a incluir práticas, instituições, redes de comunicação etc. Além da renovação intensa
de personagens, objetos, geografias, procedeu-se também a um questionamento cerrado de
velhas certezas. O anticlericalismo e a hostilidade à religião eram mesmo uma característica
definidora do Iluminismo? E quanto ao racionalismo? Quão liberal e republicana era sua política?
Quão universalista era a antropologia iluminista? Quais os limites da sua defesa dos direitos
humanos e do seu humanismo? Quão convicta era sua suposta fé no progresso? E quanto ao seu
cosmopolitismo? O que dizer de suas relações com o colonialismo e o imperialismo europeus?
Na atual dispersão empírico-temática dos estudos especializados, é difícil reconhecer qualquer
unidade no Iluminismo, quanto menos aquela ideológica da grande narrativa da modernidade
liberal.
1
Mesmo um crítico veemente da tradicional história das ideias como Robert Darnton sucumbiu a esse expediente
(DARNTON, 2003)
2
Os livros anteriores de Lilti são: Le Monde des salons. Sociabilité et mondanité à Paris au XVIIIe siècle (2005) e Figures
publiques: l’nvention de la célébrité (1750-1850) (2014).
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
4
João de Azevedo e Dias Duarte AR
3
O texto foi republicado, em nova versão, como o capítulo VIII de L’Héritage. Israel respondeu às críticas de Lilti em:
(ISRAEL, 2011b).
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
5
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
na esteira da virada linguística, se afastaram do modelo tradicional da história das ideias. Por meio
dessa dupla recusa, e em nome da restituição de um “papel hegemônico às ideias” na dinâmica
histórica, o tipo de historiografia praticado por Israel não apenas ignora as formas de recepção e de
apropriação das obras, como trata os textos como veículos diretos para o acesso ao pensamento
do autor (entendido como sistema filosófico coerente), sem atentar para as ambiguidades,
deslizamentos e contradições nem problematizar as próprias operações interpretativas. Todo o
esforço se resume a identificar o pensamento do autor, “o que ele realmente quis dizer, de que
autor sofreu maior influência, em que corrente se situa”, como se a operação que consiste em
definir um conteúdo doutrinário fosse “uma operação historiográfica neutra, semelhante a uma
descrição objetiva, [e não] uma decisão interpretativa” (LILTI, 2009, p. 177; 187).
A revitalização da velha história das ideias por Israel vai de par com a revitalização de
uma velha e muito conhecida narrativa, na qual o Iluminismo (nessa versão, o Iluminismo radical)
é a verdadeira causa da Revolução Francesa e, por aí, de toda uma modernidade orgulhosa de
si mesma. Israel não esconde as intenções políticas de sua obra. Trata-se, afinal, de defender a
modernidade – entendida filosoficamente como “um pacote abstrato de valores básicos”, que
inclui secularismo, tolerância, igualdade social, racial e sexual, democracia, liberdade individual e
liberdade de expressão – contra seus inimigos, “os sucessivos contra-iluminismos, que começam
com Bossuet e culminam no pós-modernismo” (ISRAEL 2006, p. 11). Para tanto, da perspectiva
de Israel, é preciso, por um lado, se contrapor à fragmentação do Iluminismo em iluminismos
diversificados que tem caracterizado a historiografia recente, restituindo uma narrativa única; e,
por outro, é preciso mudar os protagonistas dessa história.
Israel acredita que a historiografia deu demasiada atenção a personagens como Locke,
Wolff, Montesquieu, Hume e Voltaire, que vê como representantes de uma corrente conservadora
ou “moderada” do Iluminismo, engajada numa incoerente e contraditória tentativa de conciliar
a razão com a fé e a tradição, e o Iluminismo com o status quo do Antigo Regime. Uma defesa
da modernidade filosófica deveria, ao contrário, dar destaque à corrente radical, associada a
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
6
João de Azevedo e Dias Duarte AR
Spinoza, Bayle e Diderot. Embora minoritária e clandestina, essa vertente constitui o único
e autêntico fundamento intelectual das democracias liberais modernas. De acordo com Israel,
liberdade individual, igualdade, tolerância e democracia são princípios que decorrem de forma
necessária de seu fundamento numa visão metafísica secular, o materialismo monista de Spinoza.
Combinando secularismo e republicanismo democrático, a vertente radical, filosoficamente
superior à alternativa moderada − demonstrando “maior consistência e coerência intelectual”
(ISRAEL, 2006, p. 12) −, teria ganhado também a batalha histórica e ideológica na segunda
metade do século XVIII, precipitando a Revolução Francesa.
O problema, como apontam os críticos de Israel, Lilti incluso, é que tal construção não se
sustenta com base na evidência histórica. O Iluminismo radical não é nem tão spinozista nem tão
radical quanto pretende Israel. Afinal, as correntes do pensamento heterodoxo “radical” de fins
do século XVII são múltiplas e ecléticas, alimentando-se não apenas da obra de Spinoza, mas de
uma grande diversidade de fontes intelectuais. A rigor, nem mesmo o spinozismo é “spinozista”, de
acordo com Lilti, pois não se trata de “um grupo de autores reunidos por uma coerência intelectual
e política e um combate comum, mas antes a disseminação de um conjunto de temas, de fórmulas,
de textos, associados ao nome de Spinoza. Mais do que um corpus teórico, o spinozismo é um
escândalo” (LILTI, 2009, p. 192). Ademais, a atribuição aos “radicais” de um amplo programa
político democrático, emancipador e igualitário, que incluiria a extensão de direitos políticos à
massa da população, esbarra em uma série de obstáculos e contradições, e simplesmente não
encontra respaldo textual. A concessão de igualdade plena, política, jurídica e social, às mulheres,
p.ex., não parece estar no horizonte de nenhum dos “radicais” estudados por Israel, nem mesmo
de Spinoza (LA VOPA, 2009, p. 728). Inversamente, o Iluminismo moderado pode ser bastante
radical, dependendo da perspectiva. Se, por um lado, o conformismo político e social de Voltaire
é notório, justificando a pecha de moderado ou conservador que Israel lhe atribui, por outro,
suas críticas à religião ortodoxa punham-no, ao menos aos olhos das autoridades eclesiásticas,
definitivamente no campo dos radicais.
É o uso mesmo da categoria “radical” por Israel que está em questão, na medida em
que “projet[a] no espaço intelectual do século XVIII uma representação política na qual se poderia
situar os autores como sendo mais ou menos radicais, ou seja, implicitamente mais ou menos à
esquerda” (LILTI, 2009, p. 197). O ponto é que tais categorias só fazem sentido dentro de uma
lógica político-filosófica a-histórica. “O objetivo [de Israel]”, diz Lilti, “é mesmo mostrar que o
spinozismo do Iluminismo radical está no fundamento da ‘modernidade’ europeia, secularizada,
igualitária e democrática, ao ponto, às vezes, de as questões contemporâneas terminarem por
recobrir o discurso histórico” (LILTI, 2009, p. 205). Teleológica, a narrativa construída por Israel
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
7
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
8
João de Azevedo e Dias Duarte AR
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
9
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
ideal da personalidade livre, autônoma, cuja liberdade se realiza através da mediação das “formas
simbólicas”. A arquitetura narrativa de A Filosofia do Iluminismo reflete sua intenção política.
Com efeito, todos os capítulos reproduzem uma mesma ideia mestra: a conquista paulatina da
realidade pelo pensamento racional como resultado do esforço coletivo de filósofos de diferentes
nações europeias. Nesse processo, em que franceses, ingleses e alemães se destacaram, forjou-
se a ideia de uma civilização europeia comum, secular, racional, cosmopolita e liberal – legado
que era preciso compreender e defender contra o irracionalismo e nacionalismo exacerbado dos
mitos políticos modernos (WRIGHT, 2001).
Foi, porém, com Peter Gay, que a tese da modernização se consolidou, ao mesmo
tempo que adquiriu um matiz político mais explícito. Reagindo a críticos conservadores, como
o historiador polonês Jacob Talmon, que atribuíam aos philosophes não apenas o Terror, mas
também os regimes totalitários do século XX, Gay, juntando-se a outros historiadores liberais
como Alfred Cobban, partiu em defesa da tradição liberal-racionalista nos anos 1950-60. Em
vez de responsável pelos horrores do século XX, o Iluminismo teria fornecido, ao contrário, os
fundamentos intelectuais para a democracia liberal. Essa é a tese de sua grande síntese: The
Enlightenment: an interpretation, publicado em dois volumes entre 1966 (The Rise of Modern
Paganism) e 1969 (The Science of Freedom).
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
10
João de Azevedo e Dias Duarte AR
do Iluminismo e a ver a sua fundamentação intelectual da modernidade sob uma luz negativa em
vez de positiva” (ISRAEL, 2011a, p. 1) –, a resposta de Israel é reafirmar velhas certezas. No fim
das contas, o reparo que faz à tese de Gay não produz nenhuma mudança substantiva. Ainda que
existam dois iluminismos, é apenas um que importa: o radical.
Se, nos anos 1930 e 1960, a tese da modernização pôde ser tomada como uma
narrativa historicamente acurada e politicamente efetiva, a paisagem historiográfica e político-
intelectual mudou significativamente dos anos 1970 em diante. Desde então, e sob o impacto
do questionamento por parte das várias correntes do pensamento crítico contemporâneo, a
herança do Iluminismo deixou de dividir de forma inequívoca um campo progressista e um campo
conservador bem delimitados. Ao mesmo tempo que certos setores da esquerda contemporânea,
críticos tanto da tradição liberal quanto do marxismo tradicional, recusam a herança do Iluminismo,
outros mais à direita, como lembra Lilti, a reivindicam para “defender o modo de vida europeu,
recusar toda crítica às ciências e à técnica, ou desqualificar o Islã, suspeito de ser incompatível
com a laicidade” (LILTI, 2019, p. 9). O que não significa que o anti-Iluminismo da antiga retórica
contrarrevolucionária ainda não anime parte da extrema direita contemporânea (ALEXANDER,
2018; HOLLINGER, 2001).
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
11
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
Se a obra de autores como Michel Foucault, Michel de Certeau, Pierre Hadot, bem como
a recepção de R. Koselleck e Quentin Skinner, tiveram um papel decisivo nessa abertura recente
à história intelectual, Lilti destaca ainda o trabalho de Jean-Claude Perrot nos campos da história
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
12
João de Azevedo e Dias Duarte AR
urbana e da história da economia política. Contra o desinteresse dos historiadores devotados aos
preceitos clássicos da história social, Perrot insistia que “processos de abstração [também] são
objetos históricos”, e, propondo uma “ciência concreta do abstrato”, procurava combinar o estudo
das teorias científicas com a história social, política e material das práticas do conhecimento.
Mas o elemento que Lilti mais destaca do modelo da história intelectual de Perrot é a atenção
concedida ao conjunto das interpretações aplicadas aos textos, em particular à cadeia que
permitiu sua transmissão ao presente.
Para Lilti, a história intelectual é uma parte da história cultural, que se distingue pelo fato
de lidar com artefatos que continuam exercendo efeitos além de seu contexto de produção. Seja
por características próprias, seja por que são investidas de valor por certas instituições, algumas
obras, produzidas no passado, tem uma capacidade, que outros objetos comumente utilizados
por historiadores não possuem, de sobreviver a esse passado, suscitando continuamente novas
leituras, apropriações e controvérsias. Uma história intelectual consequente deveria, portanto,
incorporar uma reflexão sobre a cadeia de interpretações que conecta o passado e o presente de
seus objetos de estudo e sobre o seu próprio lugar nesse processo de transmissão.
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
13
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
Lilti recorre, então, à noção de “hermenêutica resolutamente crítica” cunhada por Perrot
para conciliar “o imperativo de contextualização”, que obriga o historiador a remeter a interpretação
que propõe de um texto ou de uma obra do passado a elementos documentáveis desse passado,
e a consciência de que essas operações de contextualização são sempre dependentes do lugar
que esses textos ocupam na cultura do presente. “A fórmula [‘hermenêutica crítica’] indica bem a
complexidade da interpretação histórica dos textos: enquanto hermenêutica, ela deve assumir seu
lugar em uma cadeia de interpretações que permite aos textos permanecerem objetos culturais;
enquanto operação crítica, ela visa a produzir um saber e se submete a constrangimentos
metodológicos” (LILTI, 2012, p. 83).
Talvez mais do que qualquer outro objeto historiográfico, o Iluminismo convoca uma
hermenêutica crítica. Sua interpretação tem de levar em conta o fato de que o termo “iluminismo”
sintetiza um conceito filosófico/político, com pretensões universais, e um conceito histórico mais
particularista. Enquanto conceito filosófico, o Iluminismo designa um conjunto de ideias e valores
– tais como, uma visão otimista dos progressos da ciência e da técnica, a preeminência da razão e
do espírito crítico sobre a fé e a tradição, a defesa da liberdade de expressão, dos direitos humanos,
do cosmopolitismo, da tolerância religiosa etc. – que extrapola sua origem histórica e se presta
a usos diversos em contextos diversos (nesse sentido, é possível falar em um iluminismo árabe
medieval, em um iluminismo chinês ou africano, p.ex.). A temporalidade desse conceito filosófico
é uma temporalidade múltipla, complexa, distinta da temporalidade linear, historicista.
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
14
João de Azevedo e Dias Duarte AR
Nesse sentido, o Iluminismo se apresenta para Lilti como uma “herança”, ou “tradição”,
que integra o horizonte cultural e intelectual do historiador. Cumpre, portanto, renunciar a uma
pretensão de objetividade total e assumir a relação hermenêutica que nos une ao Iluminismo. Mas
isso não significa que estamos condenados à aceitação passiva de uma imagem mitologizada e
monolítica. Como argumenta David Hollinger, enquanto historiadores, somos instados a construir,
tanto quanto possível, imagens historicamente acuradas do Iluminismo e a oferecer argumentos
sólidos a respeito de sua atualidade (HOLLINGER, 2005, p. 18 apud DIJN, 2012, p. 201). Ou,
como coloca o próprio Lilti, “se não há objeto da história fora do gesto historiográfico que relança
a sua atualidade, então, é melhor fazê-lo com conhecimento de causa” (LILTI, 2019, p. 29).
[...] o Iluminismo não é nem uma doutrina coerente nem um mito falacioso, mas o gesto
ao mesmo tempo reflexivo e narrativo pelo qual, desde o século XVIII, numerosos autores
buscaram definir a novidade da sua época. Ele designa o espaço conflitante no qual os
intelectuais pensaram sobre a experiência da modernidade e ao mesmo tempo lutaram
para aprofundá-la e orientá-la (LILTI, 2019, p. 19).
A inspiração para essa definição vem da reflexão de Foucault sobre o Iluminismo, à qual
Lilti, significativamente, dedica o último capítulo de L’Héritage.
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
15
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
A resposta que Foucault procura articular a essa questão passa pela recusa daquilo
que chama de “chantagem do Iluminismo”: “ou você aceita o Iluminismo e permanece dentro
da tradição do seu racionalismo (que é considerado um termo positivo para alguns e usado por
outros, ao contrário, como uma censura); ou você critica o Iluminismo e tenta então escapar dos
seus princípios de racionalidade (que podem ser vistos, mais uma vez, como bons ou maus)”
(FOUCAULT, 1984, p. 43). Para escapar a essa “alternativa simplista e autoritária”, é preciso
pensar o Iluminismo em outros termos, fora de sua associação convencional com o racionalismo.
Com efeito, é preciso lembrar que o Iluminismo foi um evento histórico, “ou conjunto de eventos e
processos históricos complexos”, localizado nalgum ponto da história europeia, no qual se incluem
“elementos de transformação social, tipos de instituição política, formas de conhecimento, projetos
de racionalização de conhecimentos e práticas, [e] mutações tecnológicas difíceis de sintetizar
numa palavra” (FOUCAULT, 1984, p. 43).
Mas a resposta de Foucault não é historiográfica, ou, ao menos, não é essa perspectiva
que lhe interessa mais diretamente. Antes, procura destacar aquilo que percebe como o legado
filosófico mais relevante do Iluminismo: uma relação reflexiva com o presente. Foucault identifica,
4
Sobre o debate entre Habermas e Foucault, ver Kelly (1994).
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
16
João de Azevedo e Dias Duarte AR
Essa ideia da modernidade como um ethos deve ser compreendida em conexão com o
interesse contemporâneo de Foucault pelos temas do “cuidado de si” e da “estética da existência”,
que, por sua vez, marcam uma inflexão na sua forma de conceber as relações entre subjetividade,
poder e verdade. Se os modos de constituição do sujeito sempre foram um tema central em
Foucault, há, em sua obra tardia, uma mudança de ênfase, um deslocamento que conduz da
discussão das maneiras pelas quais as instâncias de poder/saber agem sobre, modelando, os
sujeitos à tematização de certas operações, “técnicas” ou “tecnologias de si”, que os indivíduos
realizam sobre si mesmos para se transformar, para construir para si uma forma desejada de
existência. Compreende-se, assim, não apenas o interesse pelos temas kantianos da audácia, ou
coragem, do saber (sapere aude) e do esclarecimento como busca por emancipação da autoridade
externa, quanto o recurso, inesperado, a Baudelaire como caminho para descrever a atitude da
modernidade. Na leitura foucaultiana da teoria estética de Baudelaire, a atitude da modernidade,
encarnada na figura do artista baudelairiano, do poeta ou do pintor da vida moderna, envolve
tanto uma relação ambivalente com o presente, na qual a atenção à realidade contemporânea
é inseparável da prática de re-imaginar e da vontade de transformar essa realidade, quanto uma
“elaboração ascética de si”, ou seja, um esforço de automodelagem ou de “invenção” estética de
si mesmo.
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
17
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
18
João de Azevedo e Dias Duarte AR
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
19
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
Essa resposta, que insiste na presença real de uma corrente reflexiva e autocrítica no
interior do Iluminismo europeu, por mais pertinente que seja, não é, para Lilti, todavia suficiente
para neutralizar as objeções pós-coloniais. Não apenas há óbvios limites à abertura à alteridade
– “mesmo os textos aparentemente mais emblemáticos da autocrítica da Europa raramente
chegam até o reconhecimento do Outro como sujeito verdadeiro [, afinal] o filósofo se mantém
como mestre do discurso” (LILTI, 2019, p. 54) –, como é preciso reconhecer que a autocrítica
convive, às vezes no mesmo autor, às vezes no mesmo texto, com argumentos etnocêntricos e
frequentemente racistas que reforçam a crença na superioridade europeia e dão suporte, ainda
que involuntariamente, à dominação e ao silenciamento de outras culturas.
Numa leitura arguta de História Filosófica das Duas Índias (1770), Lilti explora a
polifonia desse texto emblemático, escrito pelo Abade Raynal, com a colaboração de Diderot e
outros philosophes. Nele, a denúncia inequívoca da escravidão e da injustiça da colonização, que
acusa a “barbárie” europeia e se acompanha inclusive por conclamações eloquentes à revolta
dos povos colonizados, convive de forma contraditória, no mesmo texto, e às vezes na mesma
página, com a crença na superioridade histórica da civilização europeia e com a defesa de um
colonialismo “esclarecido”. A recepção do texto reflete essa complexidade e ambivalência. Lido,
ao mesmo tempo, com proveito por comerciantes e administradores coloniais e com entusiasmo
pelos revolucionários parisienses, o livro serviu ainda de inspiração a dois antípodas: Toussaint
Loverture, líder da Revolução Haitiana, e seu algoz, Napoleão Bonaparte. Hoje, o texto ainda
divide os especialistas entre aqueles que o veem como resolutamente anticolonista e aqueles
que insistem nos seus vínculos com a administração colonial.
A História das Duas Índias, texto polifônico, contraditório e ambivalente, é uma metonímia
do próprio Iluminismo, que, segundo a leitura de Lilti, não pode ser reduzido nem à condição de
mero suporte ideológico da dominação europeia nem, ao contrário, à de sua crítica.
Nada é mais falso do que ver no Iluminismo um conjunto monolítico, seja para celebrar
seu anticolonialismo e suas virtudes emancipatórias, ou, ao contrário, para denunciar um
confinamento etnocêntrico do pensamento, incapaz de ver além do narcisismo europeu.
Na realidade, o Iluminismo, neste ponto como em muitos outros, foi um período intenso
de dúvidas, debates, questionamentos. Daí o grande número de textos polissêmicos,
fragmentários, irônicos, suscetíveis de múltiplas interpretações (LILTI, 2019, p. 85).
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
20
João de Azevedo e Dias Duarte AR
de fundo para disputas dinásticas ou para a ação da providência divina, mas “como resultado de
um processo histórico específico”, então denominado “civilização” (LILTI, 2019, p. 88). A Europa
moderna passa a ser compreendida, no século XVIII, como o resultado de uma longa evolução
histórica, i.e., “o processo da civilização”, que, condensando elementos diversos – tais como,
o desenvolvimento da polidez e o abrandamento dos costumes, o aperfeiçoamento das letras,
das artes e das ciências, o estabelecimento de um sistema de equilíbrio concorrencial entre os
Estados, a ascensão do comércio e da indústria e a difusão de comodidades materiais e do luxo –,
foi responsável pela instauração de uma ruptura radical com o passado “bárbaro” medieval. Essa
história “é antes de tudo um discurso reflexivo, aquele que os autores do século XVIII produzem
sobre a singularidade do momento em que têm consciência de viver e que começam a designar
como um século esclarecido” (LILTI, 2019, p. 91).
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
21
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
p. 100), “desde os anos 1730, Voltaire faz da exigência de escrever uma história verdadeiramente
universal, não europeia, um tema recorrente”. A consecução desse projeto envolvia uma crítica à
cultura histórica europeia contemporânea, excessivamente centrada na história da Antiguidade
clássica e na história sagrada judaico-cristã e ignorante do resto do mundo. Uma história
verdadeiramente universal, na visão de Voltaire – que polemiza constantemente com a prestigiosa
história universal cristã de Bossuet, a qual censura por haver “esquecido o universo em uma
história universal” –, deveria ser capaz de incorporar as histórias de povos não europeus, e não
apenas de gregos, romanos e do “pequeno povo judeu” (apud LILTI, 2019, p. 100). Com efeito, o
Ensaio sobre os costumes, que representa a versão de Voltaire da história universal, se esforça
intensamente para dar conta, em uma narrativa integrada, das histórias dos povos da China, da
Índia, do Japão, da Pérsia, da Arábia, da América etc.
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
22
João de Azevedo e Dias Duarte AR
Conclusão
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
23
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
A obra de Lilti nos convida a deixar de lado as fórmulas fáceis, as sínteses convenientes
e caricaturas preguiçosas, e repensar o Iluminismo, renovando a sua capacidade de interrogar
o presente. Retomando a questão inicial, colocada por Baker e Reill, em 2001, o que resta do
Iluminismo é a experiência de homens e mulheres que viveram um período de intensas e rápidas
transformações e procuraram expressar as tensões dessa experiência em formas complexas
e inventivas de escrita. Pode não ser o suficiente, mas certamente não é irrelevante. Retornar
a essa experiência é reencontrar também a nossa, retirando dali recursos para aprofundá-la e
reinventá-la. É possível ser herdeiro e ao mesmo tempo crítico do Iluminismo. De todo modo, a
sua atualidade, defende Lilti, reside mais nas suas contradições e hesitações do que nas suas
certezas.
Referências
ALEXANDER, Jeffrey C. Vociferando contra o Iluminismo: a ideologia de Steve Bannon. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro,
v. 8, n. 3, p. 1009–1023, set./dez. 2018.
ALLEN, Amy. Foucault and Enlightenment: A Critical Reappraisal. Constellations, Nova Iorque, v. 10, n. 2, p. 180–198, 2003.
BAKER, Keith Michael; REILL, Peter Hanns (orgs). What’s left of Enlightenment? A postmodern question. Stanford: Stanford
University Press, 2001.
BULMAN, William J. Enlightenment for the culture wars. In: BULMAN, William J.; INGRAM, Robert G. (orgs.). God in the
Enlightenment. Oxford: Oxford University Press, 2016. p. 1–41.
CASSIRER, Ernst. Die Philosophie der Aufklärung. Tübingen: Mohr, 1932.
CASSIRER, Ernst. O Mito do Estado. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.
DARNTON, Robert. The case for Enlightenment: George Washington’s false teeth. In: DARNTON, Robert. George Washington’s
false teeth: an unconventional guide to the eighteenth century. New York: W.W. Norton, 2003. p. 3–24.
DIJN, Annelien de. The Politics of Enlightenment: From Peter Gay to Jonathan Israel. The Historical Journal, Cambridge, v. 55,
n. 3, p. 785–805, Sept. 2012.
FOUCAULT, Michel. What is Enlightenment? In: RABINOW, Paul (org.), The Foucault reader. New York: Pantheon Books, 1984.
32–50.
GAY, Peter. The Enlightenment: an interpretation. New York: Norton, 1977.
GOODY, Jack. The Theft of History. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
HOLLINGER, David A. The enlightenment and the genealogy of cultural conflict in the United States. In: BAKER, Keith Michael;
REILL, Peter Hanns (orgs.). What’s left of Enlightenment? A postmodern question. Stanford: Stanford University Press, 2001.
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
24
João de Azevedo e Dias Duarte AR
ISRAEL, Jonathan. Democratic enlightenment: philosophy, revolution, and human rights 1750-1790. New York: Oxford University
Press, 2011a.
ISRAEL, Jonathan. Enlightenment contested: philosophy, modernity, and the emancipation of man, 1670-1752. Oxford: Oxford
University Press, 2006.
ISRAEL, Jonathan. L’histoire intellectuelle des Lumières et de la Révolution: une incursion critique. La lettre clandestine, Paris e
Lyon, v. 19, p. 173–226, 2011b.
ISRAEL, Jonathan. Radical enlightenment: philosophy and the making of modernity, 1650-1750. Oxford: Oxford University Press,
2001.
KELLY, Michael (org). Critique and power: recasting the Foucault/Habermas debate. Cambridge: MIT Press, 1994.
LA VOPA, Anthony J. A new intellectual history? Jonathan Israel’s Enlightenment. The Historical Journal, Cambridge, v. 52, n. 3,
p. 717–38, 2009.
LILTI, Antoine. A invenção da celebridade (1750-1850). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
LILTI, Antoine. Comment écrit-on l’histoire intellectuelle des Lumières? Spinozisme, radicalisme et philosophie? Annales HSS,
Paris, v. 64, n. 1, p. 171–206, févr. 2009.
LILTI, Antoine. Does Intellectual History Exist in France? The Chronicle of a Renaissance Foretold. In: MCMAHON, Darrin M.;
MOYN, Samuel (orgs.). Rethinking Modern European Intellectual History. Oxford: Oxford University Press, 2014a. p. 56–73.
LILTI, Antoine. L’héritage des Lumières: ambivalences de la modernité. Paris: Gallimard; Seuil, 2019.
LILTI, Antoine. Private lives, public space: a new social history of the Enlightenment. In: BREWER, Daniel (org.) The Cambridge
companion to the French enlightenment. Cambridge: Cambridge University Press, 2014b. p. 14–28.
LILTI, Antoine. Rabelais est-il notre contemporain? Histoire intellectuelle et herméneutique critique. Revue d’histoire moderne
contemporaine [s.l.], n. 59-4bis, p. 65–84, 2012.
MCMAHON, Darrin M. Enemies of the Enlightenment: the French Counter-Enlightenment and the making of modernity. Oxford:
Oxford University Press, 2002.
MUTHU, Sankar. Enlightenment against Empire. Princeton: Princeton University Press, 2009.
O’BRIEN, Karen. Narratives of Enlightenment: Cosmopolitan History from Voltaire to Gibbon. Cambridge: Cambridge University
Press, 1997.
POCOCK, J. G. A. Barbarism and religion: narratives of civil government. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. v. 2.
ROCHE, Daniel; FERRONE, Vincenzo (orgs.). Le Monde des Lumières. Paris: Fayard, 1999.
WRIGHT, Johnson Kent. ‘A Bright Clear Mirror’: Cassirer’s The Philosophy of the Enlightenment. In: BAKER, Keith Michael; REILL,
Peter Hanns (orgs.). What’s left of Enlightenment? A postmodern question. Stanford: Stanford University Press, 2001.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Biografia profissional
João de Azevedo e Dias Duarte é professor de História Moderna na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
É membro do grupo de pesquisa Laboratório de Teoria, Historiografia e História Intelectual e faz parte da H_Moderna: Rede
Brasileira de Estudos em História Moderna. Suas atividades docente e de pesquisa situam-se no campo da história intelectual
europeia da Primeira Modernidade, está principalmente interessado nos seguintes temas: história e historicidade do Iluminismo;
história e literatura; teoria e história do romance; religião, história e política na Primeira Modernidade.
Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Edifício Cardeal Frings – Sala F512. Rio de Janeiro, Brasil. Cep: 22451-900. Cx.
Postal: 38097. Telefones: (+55 21) 3527-1100/1101, Fax: (+55 21) 3527-1608. E-mail: jadduarte@puc-rio.br
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
25
Passado presente: Antoine Lilti e a atualidade do Iluminismo AR
Financiamento
FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. APQ1 - E-26/0.10.001790/2019
Conflito de interesse
Não se aplica.
Modalidade de avaliação
Não se aplica.
Editores responsáveis
Direitos autorais
Licença
Este é um artigo distribuído em Acesso Aberto sob os termos da Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Histórico de avaliação
Hist. Historiogr., Ouro Preto, v. 16, n. 41, e2013, p. 1-26, 2023. ISSN 1983-9928 DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2013
26