hp na prática do cardiologista
hp na prática do cardiologista
hp na prática do cardiologista
Daniela Calderaro,1 José Leonidas Alves Junior,1 Caio Júlio César dos Santos Fernandes,1 Rogério Souza1
Instituto do Coração - Hospital das Clínicas HCFMUSP - Faculdade de Medicina - Universidade de São Paulo,1 São Paulo, SP – Brasil
419
Calderaro et al.
Hipertensão pulmonar na prática do cardiologista
Artigo de Revisão
contundente. Em estudo de centro de referência de HP no ecocardiograma têm elevada probabilidade de que sua HP
Brasil,13 dos 384 pacientes com ecocardiograma sugestivo de se deva a componente pós-capilar. Nessas situações, se a
HP submetidos a cateterismo cardíaco direito, apenas 78,6% POAP é ≤ 15 mmHg e > 12 mmHg, deve ser considerada
tinha de fato PAPm ≥ 25 mmHg (limiar definidor de doença prova de volume durante o cateterismo.21 Recomenda-se a
na época). Ou seja, se basearmos o nosso diagnóstico de HP administração de 500 mL de solução salina em 5 minutos e
apenas no ecocardiograma, erraremos em mais de 20% das assume-se o componente pós-capilar quando a PAOP aferida
situações. Além disso, no mesmo estudo, dos pacientes com logo após o volume for superior a 18 mmHg.21 Essa é a forma
HP, 18,3% tinham HP pós-capilar (POAP > 15 mmHg), fato mais prevalente de HP no mundo.22
com implicação direta no tratamento. Sem o cateterismo,
um número bastante considerável de pacientes seria
Grupo 3
inadequadamente diagnosticado e tratado.
Pacientes com HP decorrente de doenças pulmonares e/ou
hipóxia. Por exemplo: doença pulmonar obstrutiva crônica,
Classificação da hipertensão pulmonar
doença pulmonar intersticial, apneia obstrutiva do sono,
A classificação atual de HP considera dados da apresentação exposição crônica a alta altitude. O padrão hemodinâmico é
clínica, fisiopatologia, achados anatomopatológicos e de hipertensão pulmonar pré-capilar.9
parâmetros hemodinâmicos,7,9,11 e propõe a divisão em 5 grupos
distintos (Tabela 1). Ressalta-se que desde 2003, os termos HP
primária e secundária já não constam no consenso mundial. Grupo 4
Pacientes com HP devido à tromboembolismo pulmonar
crônico (HPTEC) ou obstrução de artérias pulmonares por
Grupo 1 arterites, tumores ou estenose congênita de artéria pulmonar,
Pacientes com HAP. São os pacientes com HAP idiopática, com padrão hemodinâmico de HP pré-capilar.23 O alvo do
hereditária, associada à infecção pelo HIV, associada às tratamento dessa população deve ser a restauração de fluxo
doenças do tecido conectivo, hipertensão portal, drogas ou sanguíneo aos territórios vasculares obstruídos.
doenças congênitas. Também está classificada no grupo I, a
doença veno-oclusiva pulmonar (DVOP) e a hemangiomatose
capilar pulmonar (HCP).14 A HAP pela esquistossomose Grupo 5
tem grande relevância epidemiológica no Brasil, e compõe Pacientes com HP e mecanismos desconhecidos ou
esse grupo. 15-18 Pacientes do grupo 1 apresentam no multifatoriais, como nos casos de insuficiência renal,
cateterismo padrão de HP pré-capilar (POAP ≤ 15 mmHg), sarcoidose, doenças mieloproliferativas e anemia hemolítica.7
e não apresentam doença pulmonar significativa ou
tromboembolismo pulmonar crônico. Os achados histológicos Avaliação diagnóstica da hipertensão pulmonar
são vasoconstrição, remodelamento vascular com lesões A suspeita diagnóstica se dá frente a sintomas inespecíficos
plexiformes e microtrombose da vasculatura pulmonar.19 (dispneia aos esforços e/ou síncope), nem sempre com sinais
Os estudos com medicamento específico para tratamento de sugestivos de HP ou disfunção ventricular direita (hiperfonese
HP contemplam principalmente esse grupo. de segunda bulha, sopro sistólico tricúspide, estase jugular,
hepatomegalia e edema de membros inferiores). Frente a esses
Grupo 2 achados, o exame não invasivo de escolha para iniciar a
investigação é o ecocardiograma transtorácico.19
Pacientes com HP decorrente de doença cardíaca
esquerda: valvar, disfunção ventricular diastólica ou sistólica. O tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico de
Esses pacientes apresentam padrão hemodinâmico de HP é aproximadamente dois anos, dificultando intervenções
hipertensão pós-capilar. Nos casos de componente pré-capilar terapêuticas precoces.7
associado ao pós, o prognóstico é pior que o de pacientes A investigação deve começar pela pesquisa dos fatores
com o componente pós-capilar isolado.20 A estratégia de causais de maior prevalência: doença das câmaras cardíacas
identificação desse perfil hemodinâmico pode ser sensibilizada esquerdas, doença pulmonar ou tromboembolismo
com a utilização de prova de volume durante o cateterismo. pulmonar. Apenas após exclusão dessas condições, deve‑se
Pacientes idosos, portadores de síndrome metabólica, considerar a presença de HAP, conforme proposto no
fibrilação atrial ou alterações de câmaras esquerdas ao algoritmo (Figura 1).
Artigo de Revisão
Ecocardiograma compativel com HP? não Considerar outras causas e/ou reavaliar
sim
Sem sintomas Tratar
Avaliar causas mais comuns de HP graves de HP ou doença
(doença cardíaca esquerda ou pulmonar); Doença cardíaca ou disfunção VD de base
história, sinais clínicos, fatores de risco, ECG, pulmonar confirmada
Radiografia de tórax, espirometria completa Com sintomas
com DLCO, tomografia de tórax graves de HP ou
CENTRO
disfunção VD
DE HP
Pesquisa TEP Defeito de perfusão e mismatch HPTEC
crônico
Cintilografia V/Q Baixa probabilidade de TEP Refratariedade dos
sintomas de HP
Grupo 5?
e/ou disfunção
Sarcoidose, CATETERISMO predominante de VD
anemia hemolitica, CARDÍACO DIREITO
IRC... idealmente em centro
POAP ≤ 15 POAP > 15 Tratar doença cardíaca de base
de HP
Pesquisar doenças
PAPm > 20 e RVP ≥ 3
associadas ao
grupo 1
Figura 1 – Algoritmo diagnóstico (adaptado de Alves-Jr et al.19). DLCO: capacidade de difusão pulmonar do monóxido de carbono; cintilografia V/Q: cintilografia de ventilação
e perfusão pulmonar; HPTEC: hipertensão pulmonar por tromboembolismo pulmonar crônico; CCD: cateterismo cardíaco direito; TCAR: tomografia computadorizada
de alta resolução; ECO TT: ecodopplercardiograma transtorácico; DVOP: doença veno-oclusiva pulmonar; HCP: hemangiomatose capilar pulmonar; RVP: resistência
vascular pulmonar; PAPd: pressão diastólica de artéria pulmonar; USG: ultrassom.
Artigo de Revisão
Artigo de Revisão
Tabela 2 – Avaliação do risco em hipertensão arterial pulmonar (adaptada do consenso europeu de HP 201511)
em câmaras esquerdas, determina diretamente elevação com IC avançada (fração de ejeção de VE < 25%, classe
da pressão em circulação arterial pulmonar; ocorre que funcional NYHA III ou IV e terapia otimizada para a época:
além desse mecanismo passivo, a congestão também está IECA/ diuréticos/digitálico; muitos com necessidade de
associada à ativação de mecanismos neuro-hormonais e dobutamina). 38 Os pacientes do grupo epoprostenol
finalmente ao remodelamento vascular. Dessa forma, pode apresentavam PAPm = 38 mmHg e o grupo controle
surgir um componente pré-capilar, somado ao componente PAPm = 40 mmHg. Apesar da evidência de melhora dos
pós-capilar característico da doença cardíaca de câmaras parâmetros hemodinâmicos com o uso do epoprostenol
esquerdas. Nesse contexto, talvez existisse racional para (aumento do índice cardíaco, redução da pressão de capilar
uso dos medicamentos especificos para HAP em pacientes pulmonar e redução das resistências vasculares pulmonar e
com HP grupo 2; entretanto, até o momento, não existem sistêmica), o estudo foi interrompido precocemente devido a
evidências de benefício de tal abordagem, como discutiremos aumento da mortalidade em 6 meses: 48% vs 37%. Não houve
a seguir para cada uma das classes medicamentosas. diferença significativa em sintomas, qualidade de vida ou
distância caminhada. Estudos menores apontaram dados
Epoprostenol conflitantes de melhora clínica e/ou hemodinâmica, mas sem
Há 20 anos, Califf et al.38 conduziram um estudo para nenhum poder para analisar mortalidade.39 Até o momento, a
avaliar o impacto do epoprostenol em 471 pacientes utilização do epoprostenol (ou dos análogos dos prostanoides
Artigo de Revisão
Bosentan
ARE Ambrisentam
Macitentan
Selexipag
Sildenafil Treprostinil
IPDE5 Prostanóides
Tadalafil Iloprost
Epoprostenol
Estimulante
Riociguat
da GCs
Figura 2 – Vias fisiopatológicas na terapia específica da hipertensão arterial pulmonar com potenciais combinações terapêuticas. Linhas verdes: combinações possíveis;
Linha vermelha: combinação não recomendada; Linha azul pontilhada: potencial terapia de substituição dentro da mesma via. ARE: antagonistas dos receptores de endotelina;
IPDE5: inibidor de fosfodiesterase 5; GCs: Guanilil ciclase solúvel. Modificado de Dos Santos Fernandes CJC et al.,37
iloproste, treprostinil, beraprost, ou ainda do selexipag, mudança do volume diastólico de VE aferido por ressonância
um estimulador seletivo do receptor IP, da mesma via das cardíaca. Não houve impacto do inibidor seletivo de receptor
prostaglandinas) não é recomendada em HP grupo 2. de endotelina no remodelamento cardíaco ou em parâmetros
clínicos, novamente com tendência a mais descompensação da
Antagonistas dos receptores da endotelina IC com doses moderadas a altas do medicamento estudado.44
Bloquear a via da endotelina em pacientes com HP grupo 2 Outro estudo, com bosentana, avaliou o impacto do
é potencialmente interessante não apenas pelos efeitos já medicamento em alta dose (500 mg 2x d) e por tempo
reconhecidos em circulação pulmonar, mas também pelo prolongado (26 semanas) em 370 pacientes com IC avançada,
seu potencial benefício direto na circulação sistêmica e no em CF III ou IV e com FEVE < 35%. O desfecho primário foi a
miocárdio. Em 1998, Sütsch et al.,40 observaram aumento piora clínica. O estudo foi interrompido precocemente devido
do débito cardíaco, queda da pressão de capilar pulmonar à alta incidência de hepatotoxicidade, de forma que menos
e resistências vasculares pulmonar e sistêmica agudamente da metade da casuística havia completado as 26 semanas
em pequeno número de pacientes com IC avançada, de seguimento. Esse dado é importante pois, de forma geral,
randomizados para receber 1g de bosentana (inibidor não não houve diferença entre os grupos bosentana e placebo,
seletivo dos receptores A e B de endotelina).40 Quatro anos mas para aqueles pacientes que completaram os 6 meses de
mais tarde, no estudo ENABLE, 1613 pacientes com IC seguimento, o uso de bosentana foi associado a melhora clínica.
CF III ou IV por disfunção ventricular esquerda (FE < 35%) Não dispomos de dados hemodinâmicos no referido estudo.45
receberam bosentana (125 mg 2X/dia) ou placebo; não houve Discutimos até esse momento estudos que analisaram
diferença no desfecho primário (morte ou hospitalização por pacientes com disfunção sistólica de VE e em sua maioria,
IC) e houve maior retenção hídrica no grupo que recebeu o porém não na totalidade, documentação de HP (nem sempre
medicamento.41,42 No estudo HEAT, 157 pacientes com IC por cateterismo cardíaco direito). Se na fase inicial de uso
CF III (e índice cardíaco ≤ 2,6L/min.m2 e PCP ≥ 12 mmHg) de inibidor de receptor de endotelina parece haver melhora
foram randomizados para receber placebo ou darusentana hemodinâmica, pode haver descompensação clínica,
(inibidor seletivo do receptor A de endotelina). O grupo provavelmente por retenção hidrosalina. Em médio prazo,
que recebeu darusentana apresentou aumento do índice o uso sustentado pode conferir benefício clínico, conforme
cardíaco (desfecho primário do estudo) e queda da resistência sugerido no último estudo comentado.45 Recentemente, os
sistêmica após 3 semanas de tratamento, sem alterações em resultados do estudo MELODY-1 (Macitentan in subjects with
resistência vascular pulmonar, pressão de artéria pulmonar ou combined prE- and post-capiLlary pulmOnary hypertension
pressão de capilar pulmonar (também end-point primário). due to left ventricular DYsfunction) podem ser incorporados
Entretanto, houve mais descompensação clínica nos pacientes à discussão sobre qual o papel dos inibidores de receptor
que receberam o medicamento, notadamente nos grupos de de endotelina em pacientes com HP por disfunção de VE.46
dose mais elevada.43 O mesmo medicamento foi novamente Os autores restringiram o estudo para pacientes com HP
estudado em 642 pacientes com IC CF II-IV e FEVE < 35%. grupo 2 e com critério hemodinâmico de componente
Não houve monitorização por cateterismo cardíaco direito. pré e pós‑capilar pulmonar (resistência vascular pulmonar
Os pacientes foram randomizados para placebo ou darusentana > 3 unidades Wood e gradiente diastólico pulmonar
(5 posologias) por 6 meses. O desfecho primário do estudo era > 7 mmHg). De acordo com a fisiopatologia da doença,
Artigo de Revisão
acreditava-se que esse seria o subgrupo de pacientes com estudo multicêntrico e randomizado.3 Ao todo 200 pacientes
HP grupo 2 de maior potencial para resposta ao tratamento com pressão média de artéria pulmonar ≥ 30 mmHg e sem
específico. Os 63 pacientes foram randomizados para lesão valvar significativa foram randomizados para receber
macitentana ou placebo. Houve mais retenção hídrica ou sildenafila 40 mg 3 vezes ao dia ou placebo, por 6 meses.
piora clínica no grupo macitentana, principalmente pelo O desfecho composto de mortalidade, internação por
primeiro quesito: 22,6% X12,5%. Após as 12 semanas, não descompensação de IC ou piora funcional ocorreu mais no
foi observada diferença entre os grupos nos parâmetros grupo sildenafila que no placebo (OR 0,39; IC 0,22-0,67;
hemodinâmicos, BNP ou teste de caminhada de 6 minutos. p < 0,001), principalmente às custas de mais internações
Apesar de selecionar entre os pacientes com IC o subgrupo por descompensação. Importante ressaltar que embora a
para o qual é mais plausível o benefício de medicamento etiologia da cardiopatia fosse valvar, e apenas pacientes sem
específico para HAP, os autores observaram pior evolução lesão valvar residual significativa tenham sido randomizados,
quando a utilizaram,47 sendo agora uma das mais fortes os dados hemodinâmicos apontam padrão de HP grupo 2 com
evidências contra o uso de inibidor de receptor de pouco componente pré-capilar associado ao pós; em pouco
endotelina na HP grupo 2. mais da metade (57%) a resistência pulmonar era maior que
3 unidades Wood.
Inibidores da fosfodiesterase 5 Dessa forma, embora os dados iniciais e de casuísticas
Em 2007 Lewis et al., randomizaram 34 pacientes
48 pequenas de centros isolados sejam animadoras para o uso
do sildenafila na HP grupo II, não há evidência que embase
com IC CF II-IV e FEVE ≤ 40% para receber sildenafila ou
a sua recomendação de forma rotineira.
placebo por 3 meses. Os pacientes que receberam sildenafila
melhoraram a classe funcional da IC, a capacidade aeróbica,
a distância caminhada em 6 minutos e apresentaram redução Riociguate
significativa da resistência vascular pulmonar em relação Atuando na mesma via que os inibidores da fosfodiesterase-5,
ao parâmetro basal, sem elevação da pressão de capilar o riociguate age estimulando diretamente a guanilil ciclase
pulmonar ou mudança no índice cardíaco.48 Na mesma solúvel e tem papel comprovado no manejo de pacientes com
época foram publicadas casuísticas animadoras de melhora HP por tromboembolismo pulmonar crônico (grupo 4) e na
hemodinâmica com o uso de sildenafila em candidatos a HAP. Seu papel na HP grupo 2 foi recentemente testado no
transplante cardíaco, com redução da resistência vascular estudo LEPHT.53 Os pacientes apresentavam IC sintomática,
pulmonar e melhora de débito cardíaco.49 com FEVE ≤ 40% e HP por critério de cateterismo cardíaco.
Outros estudos pequenos também demonstraram Ao todo, 201 pacientes foram randomizados para receber
benefícios hemodinâmicos em pacientes com disfunção riociguate (3 posologias diferentes) ou placebo. Não houve
sistólica de VE que receberam sildenafila, ainda que após diferença na pressão média de artéria pulmonar entre os
a primeira dose.50 Entretanto, não há dados disponíveis de grupos (end-point primário), mas o grupo riociguate 2 mg 3x
estudos multicêntricos randomizados para estabelecer o ao dia apresentou aumento do índice cardíaco e redução
impacto do sildenafila em pacientes com disfunção sistólica das resistências vasculares pulmonar e sistêmica. Não foi
de VE. No estudo Sildenafil Versus Placebo in Chronic Heart observada diferença em classe funcional ou no desfecho
Failure (SilHF), ainda em andamento, pacientes com IC e composto de morte ou internação por IC descompensada.
FEVE < 40% e HP grupo 2 (critério ecocardiográfico) são Assim, até o momento, não há indicação de uso rotineiro
randomizados para receber sildenafila 40 mg 3x ao dia ou de nenhuma das medicações específicas para HP grupo 1 em
placebo.51 Será um importante estudo, porém a falta de indivíduos com HP grupo 2. Em casos selecionados, quando
monitorização hemodinâmica por cateterismo direito poderá após a otimização da cardiopatia, com especial atenção para
ser um problema na interpretação dos seus resultados. volemia, persiste HP com componente pré-capilar evidente
Em pacientes com IC de fração de ejeção preservada ao cateterismo cardíaco, a decisão sobre uso de medicamento
foi testado o impacto do sildenafila comparado a placebo específico deve ser individualizada, em centro de referência,
ao longo de 12 semanas. Nesse estudo multicêntrico, preferencialmente no contexto de estudo clínico.
216 pacientes foram randomizados e não houve diferença
no desfecho primário (pico de consumo de O2) ou no quadro Hipertensão Pulmonar por Doença Pulmonar e/ou
clínico.52 Não dispomos de dados de cateterismo cardíaco Hipóxia (Grupo 3)
direito, de forma que não sabemos quantos pacientes tinham, É considerada a segunda causa mais comum de HP e as
de fato, HP grupo 2. doenças pulmonares mais comumente associadas à HP são
Por fim, um subgrupo que merece bastante atenção é doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença pulmonar
o dos valvopatas. A maioria dos pacientes com valvopatia intersticial e fibrose pulmonar combinada e enfisema.54
aórtica significativa apresenta HP e quase a totalidade dos Embora exista alta prevalência de elevação da pressão
pacientes com insuficiência mitral sintomática também. arterial pulmonar em pacientes com doenças pulmonares
Mesmo após a correção da valvopatia, alguns pacientes crônicas, apenas uma minoria desses pacientes apresenta
persistem com HP e alguns que não apresentavam antes do HP grave, caracterizada por PAPm > 35 mmHg. Em alguns
tratamento cirúrgico, podem desenvolver HP evolutivamente. pacientes com doença pulmonar e HP, especialmente em
Recentemente, o impacto do sildenafila em pacientes com HP pacientes com doença pulmonar leve, mas com HP grave,
remanescente após tratamento cirúrgico valvar foi avaliado em pode ser difícil determinar se a HP é causada por doença
Artigo de Revisão
Referências
1. Moreira EM, Gall H, Leening MJ, Lahousse L, Loth DW, Krijthe BP, et al. 6. Leary PJ, Maron BA, Tedford RJ, Lahm T. Pulmonary Hypertension:
Prevalence of Pulmonary Hypertension in the General Population: The Good Intentions, But a Questionable Approach. Ann Am Thorac Soc.
Rotterdam Study. PLoS One. 2015;10(6):e0130072. 2018;15(6):664-6.
2. Vachiery JL, Adir Y, Barbera JA, Champion H, Coghlan JG, Cottin V, et 7. Simonneau G, Gatzoulis MA, Adatia I, Celermajer D, Denton C, Ghofrani A,
al. Pulmonary hypertension due to left heart diseases. J Am Coll Cardiol. et al. Updated clinical classification of pulmonary hypertension. J Am Coll
2013;62(25 Suppl):D100-8. Cardiol. 2013;62(25 Suppl):D34-41.
3. Bermejo J, Yotti R, Garcia-Orta R, Sanchez-Fernandez PL, Castano M, 8. Maron BA, Hess E, Maddox TM, Opotowsky AR, Tedford RJ, Lahm T et al.
Segovia-Cubero J, et al. Sildenafil for improving outcomes in patients with Association of Borderline Pulmonary Hypertension With Mortality and
corrected valvular heart disease and persistent pulmonary hypertension: Hospitalization in a Large Patient Cohort: Insights From the Veterans Affairs
a multicenter, double-blind, randomized clinical trial. Eur Heart J. Clinical Assessment, Reporting, and Tracking Program. Circulation. 2016;
2018;39(15):1255-64. 133(13):1240-8.
4. Bursi F, McNallan SM, Redfield MM, Nkomo VT, Lam CS, Weston SA, et al. 9. Simonneau G, Montani D, Celermajer DS, Denton CP, Gatzoulis MA,
Pulmonary pressures and death in heart failure: a community study. J Am Krowkaet M, al. Haemodynamic definitions and updated clinical
Coll Cardiol. 2012;59(3):222-31. classification of pulmonary hypertension. Eur Respir J. 2019;53(1).
5. Hurdman J, Condliffe R, Elliot CA, Swift A, Rajaram S, Davies C, et al. 10. Naeije R, Vachiery JL, Yerly P, Vanderpool R. The transpulmonary pressure
Pulmonary hypertension in COPD: results from the ASPIRE registry. Eur gradient for the diagnosis of pulmonary vascular disease. Eur Respir J.
Respir J. 2013;41(6):1292-301. 2013;41(1):217-23.
Artigo de Revisão
11. Galie N, Humbert M, Vachiery JL, Gibbs S, Lang I, Torbicki A, et al. 2015 ESC/ thromboembolic pulmonary hypertension (CTEPH). Eur Radiol. 2018;
ERS Guidelines for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension: 28(12):5100-5110.
The Joint Task Force for the Diagnosis and Treatment of Pulmonary
29. Rudski LG, Lai WW, Afilalo J, Hua L, Handschumacher MD, Chandrasekaran
Hypertension of the European Society of Cardiology (ESC) and the European
K, et al. Guidelines for the echocardiographic assessment of the right
Respiratory Society (ERS): Endorsed by: Association for European Paediatric
heart in adults: a report from the American Society of Echocardiography
and Congenital Cardiology (AEPC), International Society for Heart and Lung
endorsed by the European Association of Echocardiography, a registered
Transplantation (ISHLT). Eur Heart J. 2016;37(1):67-119.
branch of the European Society of Cardiology, and the Canadian Society of
12. Hoeper MM, Lee SH, Voswinckel R, Palazzini M, Jais X, Marinelli A, et Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr. 2010;23(7):685-713
al. Complications of right heart catheterization procedures in patients
30. McGoon MD, Benza RL, Escribano-Subias P, Jiang X, Miller DP, Peacock AJ,
with pulmonary hypertension in experienced centers. J Am Coll Cardiol.
et al. Pulmonary arterial hypertension: epidemiology and registries. J Am
2006;48(12):2546-52.
Coll Cardiol. 2013;62(25 Suppl):D51-9.
13. Gavilanes F, Alves Jr JL, Fernandes C, Prada LF, Jardim CV, Morinaga LT, et al.
31. McLaughlin VV, Gaine SP, Howard LS, Leuchte HH, Mathier MA, Mehta
Left ventricular dysfunction in patients with suspected pulmonary arterial
S, et al. Treatment goals of pulmonary hypertension. J Am Coll Cardiol.
hypertension. J Bras Pneumol. 2014;40(6):609-16.
2013;62(25 Suppl):D73-81.
14. Souza R, Fernandes CJ, Jardim CV. Other causes of PAH (schistosomiasis,
32. Boucly A, Weatherald J, Savale L, Jais X, Cottin V, Prevot G, et al. Risk
porto-pulmonary hypertension and hemolysis-associated pulmonary
assessment, prognosis and guideline implementation in pulmonary arterial
hypertension). Semin Respir Crit Care Med. 2009;30(4):448-57.
hypertension. Eur Respir J. 2017;50(2).
15. Alves JL, Jr., Gavilanes F, Jardim C, Fernandes CJ, Morinaga LT, Dias B, et al.
33. Rich S, Kaufmann E, Levy PS. The effect of high doses of calcium-channel
Pulmonary arterial hypertension in the southern hemisphere: results from a
blockers on survival in primary pulmonary hypertension. N Engl J Med.
registry of incident Brazilian cases. Chest. 2015;147(2):495-501.
1992;327(2):76-81.
16. Fernandes CJ, Jardim CV, Hovnanian A, Hoette S, Morinaga LK, Souza
34. de Carvalho AC, Hovnanian AL, Fernandes CJ, Lapa M, Jardim C, Souza R.
R. Schistosomiasis and pulmonary hypertension. Expert Rev Respir Med.
Tadalafil as treatment for idiopathic pulmonary arterial hypertension. Arq
2011;5(5):675-81.
Bras Cardiol. 2006;87(5):e195-7.
17. Julio Cesar Fernandes C, Piloto B, Castro M, Gavilanes Oleas F, Leonidas
35. Barst RJ, Rubin LJ, Long WA, McGoon MD, Rich S, Badesch DB, et al. A
Alves J, Jr., Felipe Lopes Prada L, et al. Survival of schistosomiasis-associated
comparison of continuous intravenous epoprostenol (prostacyclin) with
pulmonary arterial hypertension in the modern management era. Eur Respir
conventional therapy for primary pulmonary hypertension. N Engl J Med.
J. 2018; 51(6).
1996;334(5):296-301.
18. Gavilanes F, Fernandes CJ, Souza R. Pulmonary arterial hypertension in
36. Jardim C, Fernandes CJ, Souza R. Goal-oriented treatment of pulmonary
schistosomiasis. Curr Opin Pulm Med. 2016;22(5):408-14.
arterial hypertension. Curr Opin Pulm Med. 2014;20(5):409-13.
19. Alves JL, Jr., Oleas FG, Souza R. Pulmonary Hypertension: Definition,
37. Dos Santos Fernandes CJC, Humbert M, Souza R. Challenging the concept
Classification, and Diagnosis. Semin Respir Crit Care Med. 2017;38(5):561-70.
of adding more drugs in pulmonary arterial hypertension. Eur Respir J.
20. Palazzini M, Dardi F, Manes A, Bacchi Reggiani ML, Gotti E, Rinaldi A, et al. 2017;50(3).
Pulmonary hypertension due to left heart disease: analysis of survival according
38. Califf RM, Adams KF, McKenna WJ, Gheorghiade M, Uretsky BF, McNulty
to the haemodynamic classification of the 2015 ESC/ERS guidelines and
SE, et al. A randomized controlled trial of epoprostenol therapy for severe
insights for future changes. Eur J Heart Fail. 2018;20(2):248-55.
congestive heart failure: The Flolan International Randomized Survival Trial
21. Vachiéry J-L, Tedford RJ, Rosenkranz S, Palazzini M, Lang I, Guazzi M, et al. (FIRST). Am Heart J. 1997;134(1):44-54.
Pulmonary hypertension due to left heart disease. Eur Respir J 2019;53(1).
39. Sueta CA, Gheorghiade M, Adams KF, Jr., Bourge RC, Murali S, Uretsky BF,
22. Hoeper MM, Humbert M, Souza R, Idrees M, Kawut SM, Sliwa-Hahnle et al. Safety and efficacy of epoprostenol in patients with severe congestive
K, et al. A global view of pulmonary hypertension. Lancet Respir Med. heart failure. Epoprostenol Multicenter Research Group. Am J Cardiol.
2016;4(4):306-22. 1995;75(3):34A-43A.
23. Kim NH, Delcroix M, Jenkins DP, Channick R, Dartevelle P, Jansa P, et al. 40. Sutsch G, Kiowski W, Yan XW, Hunziker P, Christen S, Strobel W, et al.
Chronic thromboembolic pulmonary hypertension. J Am Coll Cardiol. Short-term oral endothelin-receptor antagonist therapy in conventionally
2013;62(25 Suppl):D92-9. treated patients with symptomatic severe chronic heart failure. Circulation.
1998;98(21):2262-8.
24. Hoette S, Jardim C, Souza R. Diagnosis and treatment of pulmonary
hypertension: an update. J Bras Pneumol. 2010;36(6):795-811. 41. Kalra PR, Moon JC, Coats AJ. Do results of the ENABLE (Endothelin
Antagonist Bosentan for Lowering Cardiac Events in Heart Failure) study
25. Ahearn GS, Tapson VF, Rebeiz A, Greenfield JC, Jr. Electrocardiography to spell the end for non-selective endothelin antagonism in heart failure? Int J
define clinical status in primary pulmonary hypertension and pulmonary Cardiol. 2002;85(2-3):195-7.
arterial hypertension secondary to collagen vascular disease. Chest.
2002;122(2):524-7. 42. Packer M, McMurray JJV, Krum H, Kiowski W, Massie BM, Caspi A, et al.
Long-Term Effect of Endothelin Receptor Antagonism With Bosentan on
26. Hoette S, Figueiredo C, Dias B, Alves-Jr JL, Gavilanes F, Prada LF, et al. the Morbidity and Mortality of Patients With Severe Chronic Heart Failure:
Pulmonary artery enlargement in schistosomiasis associated pulmonary Primary Results of the ENABLE Trials. JACC Heart Fail. 2017;5(5):317-26.
arterial hypertension. BMC Pulm Med. 2015;15:118.
43. Luscher TF, Enseleit F, Pacher R, Mitrovic V, Schulze MR, Willenbrock R, et al.
27. Tunariu N, Gibbs SJ, Win Z, Gin-Sing W, Graham A, Gishen P, et al. Hemodynamic and neurohumoral effects of selective endothelin A (ET(A))
Ventilation-perfusion scintigraphy is more sensitive than multidetector CTPA receptor blockade in chronic heart failure: the Heart Failure ET(A) Receptor
in detecting chronic thromboembolic pulmonary disease as a treatable cause Blockade Trial (HEAT). Circulation. 2002;106(21):2666-72.
of pulmonary hypertension. J Nucl Med. 2007;48(5):680-4.
44. Anand I, McMurray J, Cohn JN, Konstam MA, Notter T, Quitzau K, et al. Long-term
28. Masy M, Giordano J, Petyt G, Hossein-Foucher C, Duhamel A, Kyheng M, effects of darusentan on left-ventricular remodelling and clinical outcomes in the
et al. Dual-energy CT (DECT) lung perfusion in pulmonary hypertension: EndothelinA Receptor Antagonist Trial in Heart Failure (EARTH): randomised,
concordance rate with V/Q scintigraphy in diagnosing chronic double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2004;364(9431):347-54.
Artigo de Revisão
45. Packer M, McMurray J, Massie BM, Caspi A, Charlon V, Cohen-Solal A, et al. 53. Ghio S, Bonderman D, Felix SB, Ghofrani HA, Michelakis ED, Mitrovic
Clinical effects of endothelin receptor antagonism with bosentan in patients with V, et al. Left ventricular systolic dysfunction associated with pulmonary
severe chronic heart failure: results of a pilot study. J Card Fail. 2005;11(1):12-20. hypertension riociguat trial (LEPHT): rationale and design. Eur J Heart Fail.
2012;14(8):946-53.
46. Vachiery JL, Delcroix M, Al-Hiti H, Efficace M, Hutyra M, Lack G, et al.
Macitentan in pulmonary hypertension due to left ventricular dysfunction. 54. Seger W, Adir Y, Barbera JA, Champion H, Coghlan JG, Cottin V, et al.
Eur Respir J. 2018;51(2).pii: 1701886. doi: 10.1183/13993003.01886-2017. Pulmonary hypertension in chronic lung diseases. J Am Coll Cardiol.
2013;62(25 Suppl):D109-16.
47. Hsu S, Tedford RJ. Will we be singing a different tune on combined post- and
pre-capillary pulmonary hypertension? Eur Respir J. 2018;51(2). 55. Kovacs G, Agusti A, Barbera JA, Celli B, Criner G, Humbert M, et al.
48. Lewis GD, Shah R, Shahzad K, Camuso JM, Pappagianopoulos PP, Hung J, et Pulmonary Vascular Involvement in COPD - Is There a Pulmonary Vascular
al. Sildenafila improves exercise capacity and quality of life in patients with Phenotype? Am J Respir Crit Care Med. 2018.
systolic heart failure and secondary pulmonary hypertension. Circulation. 56. Delcroix M, Lang I, Pepke-Zaba J, Jansa P, D’Armini AM, Snijder R, et
2007;116(14):1555-62.
al. Long-Term Outcome of Patients With Chronic Thromboembolic
49. Jabbour A, Keogh A, Hayward C, Macdonald P. Chronic sildenafila lowers Pulmonary Hypertension: Results From an International Prospective Registry.
transpulmonary gradient and improves cardiac output allowing successful Circulation. 2016;133(9):859-71.
heart transplantation. Eur J Heart Fail. 2007;9(6-7):674-7.
57. Stasch JP, Evgenov OV. Soluble guanylate cyclase stimulators in pulmonary
50. Bocchi EA, Guimaraes G, Mocelin A, Bacal F, Bellotti G, Ramires JF. Sildenafila hypertension. Handb Exp Pharmacol. 2013;218:279-313.
effects on exercise, neurohormonal activation, and erectile dysfunction in
58. Ghofrani HA, Simonneau G, D’Armini AM, Fedullo P, Howard LS, Jais X,
congestive heart failure: a double-blind, placebo-controlled, randomized
study followed by a prospective treatment for erectile dysfunction. et al. Macitentan for the treatment of inoperable chronic thromboembolic
Circulation. 2002;106(9):1097-103. pulmonary hypertension (MERIT-1): results from the multicentre, phase 2,
randomised, double-blind, placebo-controlled study. Lancet Respir Med.
51. Cooper TJ, Guazzi M, Al-Mohammad A, Amir O, Bengal T, Cleland JG, et 2017;5(10):785-94.
al. Sildenafila in Heart failure (SilHF). An investigator-initiated multinational
randomized controlled clinical trial: rationale and design. Eur J Heart Fail. 59. Fukui S, Ogo T, Morita Y, Tsuji A, Tateishi E, Ozaki K, et al. Right ventricular
2013;15(1):119-22. reverse remodelling after balloon pulmonary angioplasty. Eur Respir J.
2014;43(5):1394-402.
52. Redfield MM, Chen HH, Borlaug BA, Semigran MJ, Lee KL, Lewis G, et al.
Effect of phosphodiesterase-5 inhibition on exercise capacity and clinical 60. Fernandes CJ, Jardim C, Carvalho LA, Farias AQ, Filho MT, Souza R. Clinical
status in heart failure with preserved ejection fraction: a randomized clinical response to sildenafil in pulmonary hypertension associated with Gaucher
trial. JAMA. 2013;309(12):1268-77. disease. J Inherit Metab Dis. 2005;28(4):603-5.
Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons