introdução do projeto TCC
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Características Agronômicas
As características agronômicas são aquelas usadas para descrever uma
planta de soja, bem como seu desenvolvimento. Dentre outras, podem se citar
produção de grãos, dias para o florescimento, altura de planta e conteúdo de
proteínas e óleo. Essas características têm sua expressão modificada pelas
condições ambientais que variam entre estações, locais e anos. Qualquer
variação no ambiente pode resultar em um estresse na planta; temperaturas
extremamente altas, inadequada disponibilidade de nutrientes, danos causados
por doenças ou pragas, são tipos de estresse, ou seja, o ambiente determina a
adaptabilidade das variedades de soja (WHIGHAM & MINOR (1978), citados
por MEDINA et al, 1997).
Descrição da planta
A soja (Glycine max L. Merrill) é uma planta anual, geralmente de porte
ereto, ramificada, com um tipo de crescimento arbustivo e com folhas
trifolioladas alternas. Os folíolos são ovulados, ovais a lanceolado-elípticos. As
flores são brancas ou roxas com diversas tonalidades, localizadas em racemos
curtos axilares e, ou, terminais, sobre pequenos pedúnculos. As vagens são
retas ou ligeiramente curvadas, contendo, cada uma, uma a quatro sementes
de forma ovulada ou subesférica. As cores do tegumento da semente variam
de amarelo-claro, verde-oliva ou marrom a preto-avermelhado. As sementes
são geralmente destinadas à indústria de óleo e farelo, A água constitui
aproximadamente 90% do peso da planta, atuando em, praticamente, todos os
processos fisiológicos e bioquímicos. (SEDIYAMA et al 1999, citado por
SILVEIRA, 2008).
A necessidade de água na cultura da soja vai aumentando com o
desenvolvimento da planta, atingindo o máximo durante a floração-enchimento
de grãos (7 a 8 mm/dia), decrescendo após esse período (BERLATO et
al.,1981)
A necessidade total de água na cultura da soja, para obtenção do
máximo rendimento, varia entre 450 a 800 mm/ciclo, dependendo das
condições climáticas, do manejo da cultura e da duração do ciclo (BERLATO et
al, 1981).
A floração somente é induzida quando ocorrem temperaturas acima de
13ºC. As diferenças de data de floração, entre anos, apresentadas por uma
cultivar semeada numa mesma época, são devido às variações de temperatura
(FARIAS, 1994). Assim, a floração precoce ocorre, principalmente, em
decorrência de temperaturas mais altas, podendo acarretar diminuição na
altura de planta. Esse problema pode se agravar se, paralelamente, houver
insuficiência hídrica e/ou foto periódica durante a fase de crescimento.
Diferenças de data de floração entre cultivares, numa mesma época de
semeadura, são devido, principalmente, à resposta diferencial das cultivares ao
comprimento do dia. (TECNOLOGIAS, 2003).
Provavelmente, nenhuma prática cultural isolada é mais importante para
a soja do que a época de semeadura. A época de semeadura é definida por um
conjunto de fatores ambientais que reagem entre si e interagem com a planta,
promovendo variações no rendimento e afetando outras características
agronômicas. As condições que mais afetam o desenvolvimento da soja são as
que envolvem variações dos fatores meteorológicos: temperatura, umidade do
solo e principalmente fotoperíodo (CÂMARA, 1991, citado por PEIXOTO et al.,
2000).
Importância econômica
A produção de soja no Brasil se permitiu por três fatores: em primeiro
lugar, o principal produto de exportação agrícola até então vigente (o café)
apresentava um declínio de produção e comercialização no mercado mundial.
Em segundo, o trigo era a principal cultura do Sul do Brasil, e a soja surgia
como uma opção de verão, em sucessão ao trigo nestas épocas do ano. E, por
fim, nos anos 60, o Brasil iniciava um esforço para a produção de suínos e
aves, o que gerou maior demanda por farelo de soja para ser usado como base
da alimentação dos animais (SECEX, 2002).
O aumento do preço da soja no mercado mundial, em meados de 1970,
estimula ainda mais os agricultores e o próprio governo brasileiro. Desde então,
o Brasil passou a investir em tecnologia para a adaptação da cultura às
condições brasileiras (processo liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), e passa a competir na comercialização do mercado mundial de
soja (MAPA, 2006).
A cultura da soja tem grande importância para o Brasil, principalmente
quando se refere na geração de divisas. Segundo Câmara (1998).
A cultura da soja (Glycine max), tem-se destacado na agricultura
brasileira por sua importância econômica. O Brasil é o segundo maior produtor
do mundo, com produção de 75 milhões de toneladas, e produtividade média
de 3.106 kg ha-1 em uma área plantada de 24,2 milhões de hectares. O país é
o maior exportador do grão, dados da safra 2010/2011 (EMBRAPA, 2011).
A cultura da soja ganha cada vez mais importância na agricultura
mundial. Devido a grande diversidade do uso da oleaginosa e ao aumento da
demanda global por alimentos, a área destinada ao cultivo de soja vem
aumentando anualmente. De acordo com o Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos – USDA - a área plantada no mundo passou de 81,48 milhões
de hectares na safra 2002/03 para 108,55 milhões na safra 2012/13, um
crescimento de 33% na década (MOREIRA, 2012).
De acordo com Coelho (1998), após a crise do abastecimento da
agricultura, de 1961 a 1963, e a mudança da política econômica em 1964, o
governo deu início a uma política de diversificação das exportações de bens
agrícolas, implementando políticas de crédito rural e criando agências
tecnológicas. Estes incentivos foram em grande parte, direcionados para a
produção de soja, tendo esta cultura um desenvolvimento significativo
sobretudo voltado para exportação a partir de então.
Segundo Porcicle et. al. (2000), atualmente a soja é o principal produto
agropecuário brasileiro, responsável por 20% da produção mundial, perdendo
apenas para os EUA, que produz cerca de 48% da produção mundial de soja
(dados de 200).
Apesar de tudo, dentre os grandes produtores mundiais (Estados Unidos
o maior produtor, Brasil na segunda posição e em terceiro a Argentina), o Brasil
apresenta a maior capacidade de multiplicar a atual produção, tanto pelo
aumento da produtividade, quanto pelo potencial de expansão da área
cultivada. Até 2020, a produção brasileira deve ultrapassar a barreira dos 100
milhões de toneladas, podendo assumir a liderança mundial na produção do
grão (VENCATO et al., 2010).
O grande incremento na produção mundial de soja pode ser atribuído a
diversos fatores, dentre os quais merecem destaque: o elevado teor de óleo
(ao redor de 20%) e proteínas (em torno de 40%) de excelentes qualidades
encontradas no grão; a soja é uma commodity padronizada e uniforme,
podendo, portanto, ser produzida e negociada por produtores de diversos
países, apresentando alta liquidez e demanda; e sobretudo nas últimas
décadas, houve expressivo aumento da oferta de tecnologias de produção, que
permitiram ampliar significativamente a área cultivada e a produtividade da
oleaginosa (LAZZAROTTO & HIRAKURI, 2010).
Dentre os fatores que contribuem para o aumento no consumo mundial
de soja está principalmente o crescente poder aquisitivo da população nos
países em desenvolvimento, o que vem provocando uma mudança no hábito
alimentar. Assim, observa-se cada vez mais a troca de cereais por carne
bovina, suína e de frango. Tudo isso, resulta numa maior demanda de soja,
ingrediente que compõe 70% da ração para esses animais (VENCATO et al.,
2010).
Com relação à composição da cultura, cerca de 90% do peso da planta
é água. A disponibilidade desta é diretamente relacionada ao desempenho da
cultura, sendo mais crítica em dois períodos de desenvolvimento: germinação-
emergência e floração-enchimento de grãos. Além disto, a planta é termo e
fotossensível, tendo o rendimento afetado pela época de semeadura e pela
temperatura média, a qual deve variar, preferencialmente, de 20°C a 30°C
(Embrapa, 2005).
Uma característica de plantas leguminosas é a capacidade de fixação de
nitrogênio do ar, por simbiose, com bactérias do gênero Rhizobium, o que
praticamente exclui a necessidade de adubação nitrogenada uma vez feita a
inoculação. Juntamente com o inóculo, pode-se acrescentar fungicidas e
micronutrientes às sementes. A adubação fosfatada e potássica são
necessárias, além de enxofre e micronutrientes (MEGENATTI e BARROS,
2007).
Soja Convencional
Observa-se que há certa tendência, segundo as projeções, de a área
plantada com soja convencional diminuir e a área com soja transgênica
aumente no decorrer dos anos (LEITÃO, 2010).
Ao serem feitas projeções e análises acerca da produção brasileira de
soja convencional e transgênica, Roessing e Lazzarotto (2005) chegam à
conclusão de que o produtor rural deveria receber incentivos monetários,
caracterizando melhores preços para a produção da soja convencional.
Dentre aqueles que pretendem diminuir sua área, o principal motivo para
tal decisão foi pela menor produtividade do material geneticamente modificado
que a estimativa esperada, tendo a soja convencional apresentado melhores
resultados que a soja transgênica. Já entre os produtores que querem
aumentar suas áreas, o farão pelo motivo de terem obtido uma produtividade e
rentabilidade considerada vantajosa em relação à soja convencional, relatando
que os custos com soja transgênicas foram menores (LEITÃO, 2010).
Soja Transgênica
Com o advento da soja transgênica possibilitou-se a adoção de uma
nova prática cultural para o manejo de daninhas ao longo do desenvolvimento
da cultura. A soja é uma leguminosa e, portanto possui folha larga. Os
herbicidas são classificados de acordo com o tipo de folha que eles atuam
(estreita, larga ou não seletivo, que neste caso atua em ambas). A tecnologia
inserida na soja transgênica permitiu a utilização deste herbicida quando a
cultura já se encontra instalada e em desenvolvimento (MEGENATTI e
BARROS, 2007).
A soja Round up Ready (RR) da Monsanto foi a primeira planta
transgênica a ser aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio) para alimentação humana e animal e para cultivo no Brasil, no ano
de 1998. Entretanto, vale ressaltar, que o seu cultivo comercial só foi liberado
efetivamente a partir da safra 2006/07, após proibição ainda no ano de 1998
em virtude da alegação da inexistência de estudos sobre impacto ambiental e
de normas de segurança alimentar, comercialização e rotulagem de alimentos
transgênicos, por parte de algumas organizações (FREITAS, 2011).
A tecnologia otimiza o planejamento das operações dentro da
propriedade, facilitando o controle de plantas infestantes na pós-emergência da
cultura através do uso do herbicida glifosato, menor uso produtos químicos,
água e diesel, havendo redução na emissão de CO2 (FREITAS, 2011).
Nesta nova variedade, a planta de soja é capaz de sintetizar um
composto que fornece tolerância a um herbicida amplamente utilizado no
controle de plantas daninhas: o glifosato. Este herbicida pode então ser
utilizado em qualquer fase da lavoura, o que facilita os tratos culturais e diminui
a aplicação de herbicidas, promovendo uma redução no custo de produção
(MENEGATTI e BARROS, 2007).
O cultivo da soja transgênica tem ganhado área frente à convencional,
principalmente após a aprovação da Lei de Biossegurança, em março de 2005,
a qual autoriza a produção e comercialização de produtos geneticamente
modificados (MENEGATTI e BARROS, 2007).
Para possibilitar o desenvolvimento da biotecnologia com segurança, o
Brasil estabeleceu, por meio de legislação específica, normas de
biossegurança que regulam o uso da engenharia genética e a liberação no
meio ambiente de organismos modificados por essa técnica. Essas normas são
reguladas pela lei nº 8.974, regulamentada pelo decreto nº 1.752, que dispõe
sobre a vinculação, competência e composição da Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio), que integra a estrutura do Ministério da Ciência e
Tecnologia (IDEC, 2015).
Nesse contexto, conforme o Idec (2003), em virtude dos desencontros
de informações sobre os efeitos do uso de organismos geneticamente
modificados (OGMs), a questão de rotular ou não esses alimentos tem gerado
bastante confronto entre órgãos governamentais e o próprio Idec. Assim, com
fins de evitar de alguma maneira esses desencontros, a medida provisória nº
113 exige, entre outras coisas, que a soja liberada para venda seja rotulada
para que o consumidor saiba que está comprando soja transgênica. (IDEC,
2015).
As 42 cultivares de soja transgênica, adaptadas às diferentes condições
brasileiras, possuem características semelhantes aquelas existentes nas
cultivares convencionais, acrescidas da resistência ao herbicida glifosate.
Basicamente, as características desejadas são nove: estabilidade de produção,
produtividade, porte e ciclo adequados, resistências a doenças, nematóides e
acamamento, boa qualidade de semente e teores adequados de óleo e
proteína. Além dessas, existem características mais específicas, que são
buscadas por meio do melhoramento genético, como resistência a
insetos/pragas, tolerâncias a solos ácidos e a estresse hídrico e boas
características organolépticas para a soja voltada à alimentação humana
(ROESSING e LAZZAROTTO, 2005).
As especificidades regionais das cultivares transgênicas são as mesmas
existentes nas convencionais. Na verdade, a diferença marcante sempre fica
por conta de um detalhe que é conseguido a partir de pequena modificação no
material genético da variedade obtida no processo tradicional de
melhoramento. Tem-se como exemplo o algodão Bt (Bacillus thurigiensis), que
produz toxinas inseticidas, transformando a folha do algodoeiro num banquete
“indigesto” para os insetos pragas. No caso da soja, por enquanto, em termos
de materiais transgênicos só existe no mercado a soja resistente ao herbicida
glifosate. Portanto, as demais características desejáveis das cultivares
convencionais, mediante o melhoramento genético, acabam sendo
transferidas, também, para as cultivares transgênicas (ROESSING e
LAZZAROTTO, 2005).
Referencias bibliográficas
BRANDÃO, A. S. P.; REZENDE, G. C.; MARQUES, R. W. C.: Crescimento
agrícola no período 1999/2004, explosão da área plantada com soja e meio
ambiente no Brasil. IPEA Textos para discussão 1062. Rio de Janeiro, 2005.
VENCATO, A. Z., et al. Anuário Brasileiro da Soja 2010. Santa Cruz do Sul: Ed.
Gazeta Santa Cruz, p. 144, 2010.