Lição 11 a Promessa de Provisão
Lição 11 a Promessa de Provisão
Lição 11 a Promessa de Provisão
A PROMESSA DE PROVISÃO
INTRODUÇÃO.
1. Não fiqueis ansiosos! É isto que aprendemos na perícope de Mateus 6.25-31, constante da
última sessão do Sermão do Monte (6.19–7.27). Em 6.19-33, após ter ensinado sobre oração,
jejum, esmolas, o Senhor nos apresenta quatro contrastes, entre: (a) ajuntar tesouros no Céu e
na Terra (vv. 19-21); (b) colocar diante dos olhos o que é bomemau(vv.22,23); (c) servir ao
Senhor e a Mamom (v. 24); e (d) buscar o Reino de Deus e viver ansioso, priorizando as coisas
desta vida (vv. 25-33). Aqui, aprendemos com o Mestre que muitos males advêm das
preocupações demasiadas emrelação ao futuro e à nossa subsistência. E isso compromete
nossa vida espiritual e nossa saúde mental (cf. Lc 10.38-41). Priorizemos o Reino do Deus que
cuida da sua Criação e provê todas as coisas a seus filhos (Mt 6.25).
2. Provisão do alimento diário. Jesus ensina que as aves não semeiam, não colhem e nem
ajuntam em celeiro, mas o Pai celestial as sustenta (Mt 6.26).
● Saiba para onde ir quando não souber o que fazer. A viúva, que podia perder seus filhos
por causa de uma dívida de seu falecido marido, já consumira quase todos os seus recursos e
partiu à procura de uma solução. Ela não sabia o que fazer, mas sabia para onde ir. Procurou
Eliseu, pois seu marido um dos filhos dos profetas, fora servo de Eliseu e tomara parte num
milagre que forneceu provisões para um exército inteiro (2 Rs 3). O profeta, então, teve
compaixão da viúva e seus filhos, interessou-se pelo seu problema ("Que te hei de fazer?") e lhe
mostrou a fonte do milagre: "Dize-me que é o que tens emcasa" (v. 2). Ele sabia que poucos
recursos com o Deus multiplicador é muito. Portanto, quando não sabemos o que fazer,
busquemos ao Senhor (Jr 23.19; 33.3; Mt 7.7,8), já que hoje não precisamos consultar profetas.
Toda a glória pertence a Deus (At 4.6-12).
● Valorize o que você tem. Isso é contrário à natureza humana, pois a nossa tendência é
ver sempre o copo meio vazio. Eliseu notou que a mulher tinha ainda uma botija de azeite: "Tua
serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite" (2 Rs 4.2). A mulher estava
concentrada no que não tinha. Costumamos sofrer pelo que não temos, mas devemos nos
alegrar com o que temos (cf. Fp 4.11-13). A viúva respondeu automaticamente que nada tinha,
mas logo lembrou-se de que tinha algo "insignificante" ou "insuficiente". Deus é especialista em
pegar coisas pequenas e insignificantes e usá-las para grandes propósitos (1 Co 1.27,28).
● Tenha fé. A fé em Deus não é nada? Eliseu disse à viúva: "Vai, pede emprestadas, de
todos os teus vizinhos, vasilhas vazias não poucas" (2 Rs 4.3). Fé não é fé até que se faça algo.
É preciso ter fé, uma ação baseada na convicção, para abrir caminho através do nada e ver a
semente de algo e começar a cultivá-lo. A fé sem obras é inoperante (cf. Hb 11).
● Não ponha limites à capacidade do Deus provedor. A viúva tinha alguma intuição sobre
a utilidade dos vasos emprestados? Será que seu marido tinha apresentado a ela e seus filhos
o Deus de Abraão, Isaque e Jacó? Às vezes, não percebemos as soluções que temos à nossa
volta. Pensamos que ela virá de longe. Deus se revela a nós de acordo com as nossas
expectativas. Ou, reciprocamente, de acordo com a falta delas. No caso dos doze espias
enviados à Terra Prometida, todos viram as mesmas coisas, mas somente dois tiveram
expectativas diferentes: "Subamos animosamente" (Nm 13).
● Feche aporta para a dúvida. Eliseu, então, disse à mulher: "entra, e fecha a porta sobre ti,
e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas vasilhas, e põe àparte a que estiver cheia"
(2 Rs 4.4). Ele insistiu que a mulher deveria se fechar aos céticos e ficar surda à dúvida. Deus
estava a ponto de fazer umacoisa nova. Em umlugar tranquilo, silencioso, as distrações são
minimizadas. A fé tem de estar somente em Deus, e não no medo de fracassar. Cuidado com
os destruidores de sonhos ou propósitos. Feche a porta e ore (Mt 6.4). "O segredo da oração é
orar em secreto" (Leonard Ravenhill, em Por que Tarda o Pleno Avivamento).
A palavra final de Eliseu à viúva foi a seguinte: "Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e
teus filhos vivei do resto" (2 Rs 4.7). Os milagres são para a glória de Deus, e não para a nossa
jactância ou entretenimento. Se não fosse por Deus, muitas vezes teríamos fracassado
ridiculamente. A mulher foi àqueles que lhe emprestaram os vasos vazios, e a cética
generosidade deles foi retribuída ao observar a vizinha voltar à independência financeira.
3. Provisão da vestimenta. Ao responder a pergunta: "E, quanto ao vestuário, por que andais
solícitos?", Jesus afirma: "Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham
nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como
qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é
lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?" (Mt 6.28-30). Esses
lírios do campo (gr. tá krina tou agrou) devem ser de cor púrpura, o que nos induz a fazer uma
comparação com a púrpura da realeza de Salomão e dos reis, de modo geral (cf. Jz 8.26). Se o
crente confiar no Senhor, nada lhe faltará (Sl 23; Jo 10.10,11), ainda que sua fé seja pequena (cf.
Mt 8.26; 14.31; 16.8; 17.20).
1. Somos seres integrais. Ser integral não é o mesmo que monismo, pois somos tripartidos (1
Ts 5.23), mas também, à luz de 2 Co 4.16, bipartidos, isto é, formados por "homem interior"
(espírito+alma; cf. Hb 4.12) e "homem exterior" (corpo; cf. Gn 6.3; Sl 78.39). Em outras palavras,
a natureza humana consiste em duas partes (interna e externa) e três substâncias (espírito,
alma e corpo). Analisemos as três principais posições quanto a essa constituição humana,
sendo a primeira heterodoxa (monista), a segunda, restritiva (dicotomista), e a terceira,
plenamente bíblica (tricotomista).
a) Posição monista. Segundo esta, a pessoa humana é um ser unificado; corpo, alma e espírito
são aspectos do todo, e não um acoplamento de partes separadas. Essa doutrina heterodoxa é
defendida pelos adventistas do sétimo dia. Eles dizem: "O ser humano não temumaalma; ele é
umaalma". Nesse caso, não há também estado intermediário do "homem interior" (cf. Ap
6.9,10).
b) Posição dicotomista. Esta faz uma simplificação teológica, a fim de considerar os termos
"alma" e "espírito" como sinônimos. Essa posição, defendida pela maioria dos irmãos
calvinistas, não chamamos de heterodoxa, porém a consideramos restritiva, já que não observa
a distinção de espírito e alma constante das páginas sagradas (cf. Hb 4.12; Is 26.9; Lc 1.46).
c) Posição tricotomista. Jesus, como o Verbo de Deus, fez-se carne (Jo 1.1-5), bem
comoentregou seu espírito ao Pai (Lc 23.46) e ressuscitou no mesmo corpo, com carne e
ossos (24.39). De acordo com a posição tricotomista, o ser humano é formado por três partes
distintas, as quais formam uma unidade.
(1) Corpo. Como invólucro do "homem interior" (com cinco sentidos), este será transformado
no dia da ressurreição (1 Co 15.42; cf. Ap 20.4-6).
(2) Alma. É nela que está a nossa personalidade, formada por três faculdades: intelecto,
sentimento e vontade (Lc 15.17-21).
(3) Espírito. É o que distingue o ser humano de todas as outras formas de vida; é o componente
pelo qual se tem comunhão com o Pai celestial (Jo 4.23). Conforme Eclesiastes 12.7, na morte
espírito+alma fica sob o controle de Deus.
2. A ansiedade no mundo. Como somos seres integrais, o que passa no espírito reflete na alma;
e o que passa nesta reflete no corpo. A alma é sede dos nossos sentimentos (cf. Mc 14.34; Cl
1.7; Sl 86.4). Por isso, devemos ter cuidado de nós mesmos(1Tm4.16), a fim de que
preocupações e inquietudes nos dominem. Um dos sintomas de ordem comportamental da
síndrome de burnout (síndrome depressiva ligada ao esgotamento profissional ou eclesiástico)
é a ansiedade, que tem afetado milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Todos nós somos
ansiosos, emcerta medida, porém esse sentimento precisa ser controlado, a fim de que não
nos sufoque. Não por acaso, o Senhor Jesus dedica boa parte do Sermão do Monte à
ansiedade, ensinando-nos a não nos preocuparmos excessivamente com o dia de amanhã (Mt
6.25-34).
3. A solução para a ansiedade. Deus cura todas as enfermidades, do corpo e da alma (Mt
12.15), cuidando de nós, em todos os sentidos: (a) Ele cuida de nós espiritualmente. O Espírito
testifica com o nosso espírito de somos filhos de Deus (Rm 8.26). Estamos nas mãos de Jesus
(Jo 10.27,28). (b) Ele cuida de nós fisicamente. Deus nos protege e nos alimenta (Sl 23; 46; 91;
Hb 13.5,6). (c) Ele cuida de nós ministerialmente. Operando o Senhor, quem impedirá?
Chamada é um ato soberano de Deus (Hb 5.4; Mc 3.13). (d) Ele cuida de nós mentalmente. Mas
devemos pensar naquilo que o agrada (Fp 4.8,9), cingindo os lombos do nosso entendimento (1
Pe 1.13). (e) Ele cuida de nós emocionalmente. Façamos nossa parte, trabalhando (2 Ts
3.10,11), sem perder o contentamento, que vem do Senhor (Fp 4.6,7,11-13; 1 Tm 6.8). E
lancemos sobre Ele toda nossa ansiedade (1 Pe 5.7).
1. Necessidade de salvação. Quando Adão e Eva pecaram, isto é, quando o pecado entrou no
mundo (Rm 5.12), Deus nivelou a humanidade, pois "encerrou a todos debaixo da
desobediência, para com todos usar de misericórdia" (11.32). Diante disso, "todos pecaram e
carecem da glória de Deus" (3.23, ARA). Sendo a salvação a maior necessidade do ser humano
— superior a quaisquer carências emocionais ou físicas —, o Deus de amor usou de
misericórdia ao enviar o seu Filho unigênito ao mundo (Jo 3.16-18), o qual morreu por toda a
humanidade (Hb 2.9), a fim de propiciar a salvação a todos os que creem e se arrependem (Rm
10.9,10).
3. Necessitados do Espírito Santo. Sua presença em nossa vida implica muitas bênçãos. Em
João 14–16, Jesus prometeu que o Paráclito não somente estaria conosco, mas
principalmente em nós. Esse título ou adjetivo usado pelo Senhor para referir-se ao Espírito
Santo é polissêmico e nos ajuda a entender como Ele age dentro de cada um de nós, quando
nos enche. A palavra "Paráclito" (gr. parákletos) "é derivada de para, 'para o lado de', e kaleo,
'chamar ou convocar'. É passiva na sua forma, e seu antigo significado (antes do Novo
Testamento) era 'alguém chamado para ajudar, socorrer ou aconselhar alguém'. No passado, a
maioria dos teólogos católicos entendia que essa palavra significava um advogado ou
consultor jurídico da defesa. [...] Ele é o Ensinador, o Representante de Cristo que convence os
homens a respeito da verdade, a fim de levá-los ao arrependimento" (HORTON, p. 133).
a) A obra do Paráclito em João 14.16.17. Ele habita nos salvos, os que lhe obedecem (At 5.32),
desde a conversão (Ef 1.13,14). O Paráclito veio sobre a Igreja no dia de Pentecostes para fazer
morada nos salvos. Ele é onipresente e atua de modo residente. No Arrebatamento ocorrerá o
inverso do Pentecostes (cf. 2 Ts 2.1-11). Ao citar João 14.16, David Wilkerson disse que o
Paráclito é "um que conforta em tempo de dor ou angústia, alguém que ameniza o sofrimento,
consola e encoraja" (WILKERSON, p. 192). Vemos na passagem joanina em apreço, também,
uma refutação ao unicismo, um movimento herético dos séculos III e IV (sabelianismo,
modalismo), o qual ressurgiu por ocasião do reavivamento pentecostal, no início do século XX,
nos Estados Unidos (pentecostalismo da unicidade). Jesus afirma que o Espírito Santo é
"outro" (gr. allos, e não heteros). Ele não estava olhando para espelho, mas conversando com o
Pai.
CONCLUSÃO.
O nosso Deus, por meio de seu Filho, Jesus Cristo, provê todas as nossas necessidades, quer
de natureza física, quer emocional ou espiritual, pois Deus nos trata como pessoas inteiras.
Dessa maneira, somos con vidados a colocar cada área de nosso ser em plena dependência de
Deus. De fato, não deixaremos de enfrentar desafios, de tomar decisões arriscadas. Contudo,
podemos descansar em Deus e, mediante a presença e direção do Espírito, experimentar um
período de plenitude em sua presença