Artigo Comunicação e Direitos Humanos-Adriana Porto
Artigo Comunicação e Direitos Humanos-Adriana Porto
Artigo Comunicação e Direitos Humanos-Adriana Porto
Resumo:
O objetivo do artigo é mostrar a importância da democratização da comunicação no
Brasil. A partir de pesquisas bibliográfica e documental, verificou-se que: mesmo que a
concentração midiática seja realidade no país, a sociedade civil pode se organizar e lutar
para que os artigos da Constituição federal (1988) sejam respeitados e a comunicação
se torne um direito de todo(a)s.
Abstract:
The purpose of this article is to show the importance of the democratization of
communication in Brazil. Based on bibliographic and documental research, it was verified
that: even if media concentration is a reality in the country, civil society can organize and
fight to ensure that the articles of the Federal Constitution (1988) are respected and
communication becomes a right for all.
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1. Introdução
Durante o governo Lula havia uma grande expectativa da sociedade em relação à
democratização da comunicação no país. Entretanto, não foi o que se mostrou nos anos
seguintes, a despeito da realização da I Conferência Nacional de Comunicação
(Confecom), realizada em 2009. Os debates aconteceram de modo tímido e restrito, com
pouca sinalização de avanços reais e sem levar em conta as propostas aprovadas na
referida Conferência, feita com a participação de representantes de governo, empresas
e de organizações da sociedade civil não comercial.
Em 2019, 10 anos depois da Confecom, verifica-se que o governo federal vem
colocando de lado todo e qualquer debate que mostre a importância da democratização
da Comunicação e da Comunicação como direito. Diante disso, faz-se necessário
analisar a temática, uma vez que a população brasileira é consumidora midiática, pois
em todos os lares têm-se algum veículo de comunicação (como a TV aberta que atinge
todos os lares onde há energia elétrica); a atual Constituição federal (1988) mostra como
deve ser tratada a comunicação no país; existe concentração midiática (com cinco
grupos nacionais controlando a radiodifusão no Brasil), não respeitando a diversidade
cultural e de conteúdo e tentando acabar com os veículos comunitários. Além disso, a
comunicação é uma área científica e dentro das instituições de ensino e de pesquisa
existem grupos críticos que trabalham em prol da comunicação como direito de todo(a)s.
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condições de vida dignas para todos os brasileiros” (BASES..., 1994). De acordo com
Murilo César Ramos (2000, p. 93), esta luta seria oriunda da mobilização de uma
“opinião pública dotada do poder de tomar decisões e dar conseqüências a essas
decisões, a partir, por exemplo, de conselhos populares e organizações produtivas em
que predominem a propriedade cooperativa ou outras formas de autogestão”.
Trabalha-se com o conceito que é apropriado pela sociedade civil ligado ao
movimento pela democratização da comunicação no Brasil, transformando-o em
bandeira de luta e propondo elementos que a constituiriam. É o caso do slogan do
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que traduz sua forma
de atuação: “democratizar a comunicação para a democratização da sociedade”,
estabelecendo a necessidade de tornar a comunicação mais democrática como
condição prévia à democratização da sociedade, cumprindo um duplo papel de ressaltar
o papel potencializador da comunicação nas lutas específicas dos diversos movimentos
sociais e as particularidades da comunicação como temática própria, dentro de um
sistema restritivo e excludente, que inibe uma efetiva participação no seu processo de
produção (CABRAL FILHO, CABRAL, 2005).
Existem outros autores que ligam o conceito ao Direito à Comunicação. Cees
Hamelink (in MELO e SATHLER, 2005, p. 144) mostra que, desde a introdução deste
direito pela UNESCO, em 1994, “o direito a comunicar é percebido por seus
protagonistas como mais fundamental do que o direito à informação, como atualmente
disposto pelas leis internacionais”. O redimensionamento do artigo 19, a partir dos
diversos debates que se seguiram, proporcionou o surgimento da Plataforma para os
Direitos da Comunicação, um agrupamento de ONGs formado em 1996, em Londres,
que por sua vez, em 2001, fundou a Campanha CRIS, sigla que significa, em português,
Direitos à Comunicação na Sociedade da Informação.
Para Marcos Alberto Bitelli (2004, p.168), há “o interesse tão grande da sociedade
e do Estado por ela organizado diantes desses direitos (de informar e ser informado),
pois somente uma pessoa humana ‘consciente’ poderá ter satisfeito o atendimento
desse princípio fundamental”. Ou seja, a comunicação é um direito e um dever de
todo(a)s.
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4. Desenvolvimento
Se, por um lado, democratizar a comunicação significa recobrar o que esta
atividade tem de vital, ou seja, reivindicar a dimensão original de diálogo e
horizontalidade da comunicação, a idéia de lutar pelo direito humano à comunicação
está diretamente relacionada à mobilização tanto daqueles que buscam exercê-la mais
diretamente na prática - ativistas e jornalistas, por exemplo - como expandir esse direito
àqueles que têm competência para tanto, ou seja, à sociedade como um todo.
A mobilização em prol da democratização da comunicação no Brasil vem
demonstrando, portanto, que há muitos espaços a se conquistar por parte dos
movimentos sociais, no tocante ao envolvimento pleno e não hierárquico das pessoas e
organizações. Para John Holloway (2003, p. 50) “a existência do poder-fazer como
poder-sobre significa que a imensa maioria dos fazedores são convertidos em objetos do
fazer” e esse não é privilégio somente das relações capitalistas, mas também algo que
os movimentos sociais necessitam enfrentar e superar.
No que tange à diversidade cultural (que está dentro do parâmetro do alcance da
comunicação), além das legislações nacionais e internacionais, leva-se em consideração
autores que analisam a comunicação, a mídia e a informação. Pois, como observou
José Augusto Lindgren-Alves (2018, p.188), “no âmbito dos direitos humanos, os direitos
culturais são direitos dos indivíduos”. Não é à toa que Marcela Carvalho (2018) chama a
atenção para a importância da cultura como um direito ligado à Comunicação e dentro
da Constituição de 1988.
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5. Conclusões
Faz-se de vital importância analisar o cenário atual, verificando como a
concentração midiática interfere no cotidiano do brasileiro e evita que a democratização
da comunicação e a diversidade cultural se tornem reais. É fato que “a opinião pública é
induzida ao convencimento de que só tem relevância social aquilo que se expõe em
telas e monitores” e “o que se manifesta à margem da grande mídia parece condenado
ao esquecimento ou a uma repercussão de baixa densidade” (MORAES, 2016, p.115). É
preciso pesquisar mais e levar à sociedade o conhecimento, pois a Comunicação é um
direito de todo(a)s e se for democratizada, todos terão voz.
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6. Referências bibliográficas
BITELLI, Marcos Alberto S. O direito da comunicação e da comunicação social. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.
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Professora colaboradora do Instituto NUTES de Educação em Ciências e Saúde (UFRJ), doutora em
História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ), membro do Fórum Brasileiro de
Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Desigualdades
na Saúde e na Educação (GEDES). julianadiasrc@gmail.com.
² Professora Adjunta no Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (INU/UERJ)
Doutora em Educação em Ciência e Saúde (NUTES/UFRJ). Mestre em Saúde Pública
(ENSP/FIOCRUZ), graduada em Nutrição (INU/UERJ).julianacasemiro@gmail.com
³ Professor Associado do Instituto NUTES de Educação em Ciências e Saúde (UFRJ), doutor em sociologia
e coordenador do Grupo de Estudos sobre Desigualdades na Saúde e na Educação (GEDES).
abrasil@ufrj.br.
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1. Introdução
O apoderamento, uma das traduções possíveis para empowerment, é relevante
categoria para o debate sobre Direitos Humanos. O termo “empoderar”, recorrentemente,
denota o resultado do processo de repasse ou transferência de informações, ferramentas
ou outros recursos. Apoderar convoca o sentido de apropriar-se: “O poder, como direito,
não é dado nem transferido, mas conquistado” (BURITY et al, 2010. p.128). Assim, o
conhecimento é identificado como fundamental ao exercício do poder e a comunicação e
a educação estão, desta forma, intrinsecamente implicadas nos processos de
apoderamento sobre os Direitos Humanos. Constituem-se, portanto, em elementos
indispensáveis aos processos de exigibilidade relacionado ao provimento, proteção e
promoção dos direitos fundamentais.
No final da década de 1990, no bojo da construção de políticas públicas setoriais
bem como de espaços de participação democrática, os movimentos Agroecológico e da
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) se consolidam. Herdeiros das reflexões iniciados
nas décadas de 1960 e 1970, tais movimentos apostam nas iniciativas de sistematização
de experiências locais e dos saberes tradicionais e de povos originários que se integraram
aos esforços de acadêmicos e ativistas de áreas diversas. Estes esforços revigoram,
organizam e atualizam pautas capazes de impulsionar e revisar políticas púbicas sobre a
ótica da Soberania Alimentar, Direito Humano à Alimentação e intersetorialidade.
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Na perspectiva freireana, a carta, como instrumento que exige pensar sobre o que
alguém diz e pede resposta, constitui o exercício do diálogo por meio escrito. O ato de
escrever cartas, seus conteúdos profundamente pedagógicos e seu tom particularmente
humano, evidenciam que escrever uma carta já é um diálogo rigoroso e exercício da
autonomia (VIEIRA, 2010, p. 65).
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4. Desenvolvimento
De 2006 a 2018, observamos que a comunicação como direito fundamental ganha
centralidade na construção dos conhecimentos agroecolóigicos e dos espaços de re-
existência dos povos alijados do direito de dizer a palavra. Ao vincular o Direito à
Comunicação com o Direito à Alimentação, outros enunciados são acrescentados às
pautas e lutas, tais como, democratização dos meios de comunicação, financiamento da
mídia alternativa, popular e comunitária, e denúncia do sistema midiático dominante,
conforme a carta-convocatória do IV ENA:
Aprofundar o debate sobre os sentidos estratégico e político da comunicação e
da cultura, no contexto de hegemonia das corporações da comunicação e de
ofensiva conservadora em relação à cultura, e afirmar a comunicação e a cultura
como direitos sem os quais a democracia é ameaçada pela impossibilidade da
multiplicidade de vozes e a agroecologia não alcança na plenitude o seu potencial
transformador.
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São lutas forjadas pelo “direito de dizer a palavra”, de dizer os muitos mundos de
vida que habitam o Brasil. Nesse sentido, a comunicação dialógica e a Ação Cultural de
Freire podem ser identificadas nas mobilizações da sociedade civil no campo da
Agroecologia e da SAN. Esse processo que começou na década de 70 continua vivo,
pulsante e se constitui numa estratégia vital para enfrentar as desigualdades e o processo
sistemático de desinformação a respeito dos sistemas alimentares justos, equitativos e
saudáveis e sustentáveis.
6. Referencias bibliográficas
____. Carta política do II ENA. Recife (PE), 2006. Disponível em:
<https://goo.gl/BPvWC1>.
____. Carta política do III ENA. Juazeiro, Bahia, 2014. Disponível em:
<http://goo.gl/CQMbEp>. Acesso em 27 nov. 2017.
____. Carta convocatória do IV ENA, 2017. Disponível em: https://goo.gl/486YZ6.
BARBERO-MARTÍN, J. A comunicação na educação. SP: Contexto, 2014.
BURITY, V.; FRANCESCHINI, T.; VALENTE, F.; RECINE, E.; LEÃO, M.; CARVALHO,
M.F. Direito humano à alimentação adequada no contexto da segurança alimentar e
nutricional. Brasília: ABRANDH, 2010.
FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971a
FBSSAN. Carta política do VI Encontro Nacional. Porto Alegre (RS), 2013.
Disponível em: < http://goo.gl/AwFvNA >
______. Carta Política do VIII Encontro Nacional. Rio de Janeiro (RJ), 2018. Disponível
em: < https://bit.ly/2FIB9Pd>.
LEFF, E. Racionalidade ambiental: a reapropriação social da natureza. Trad.:
Luis Carlos Cabral. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2006
LIMA, A. de V. Comunicação e cultura: as ideias de Paulo Freire. 2. ed. rev.
Brasília: Ed. Universidade de Brasília: Fundação Perseu Abramo, 2011.
MONTEIRO, D.; LONDRES, F. Para que a vida nos dê flor e frutos: notas sobre a trajetória
do movimento agroecológico no Brasil. In: SAMBUICHI, R.H.R et al.,
PLANAPO e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento
sustentável. Brasília: IPEA, 2017.
PETERSEN, P. Um novo grito contra o silêncio. In.: CARNEIRO, F.F. Dossiê ABRASCO:
um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo:
Expressão Popular, 2015.
VIEIRA, A. Cartas pedagógicas, p.65-66. In: Dicionário Paulo Freire. Streck et al (orgs.).
BH: Autêntica, 2010.
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Abstract: The present work intends to present the partial results of the five editions of the
Extension Course Media, Violence and Human Rights, carried out by the Nucleus of
Studies of Public Policies and Human Rights (Nepp-DH) of UFRJ. This initiative proposes
to be a space for horizontal dialogue between the University and society, in particular, with
residents of favelas and peripheries, community leaders and social movements, popular
communicators and professionals working in these territories. The purpose of the classes
is to challenge the representations of urban, gender, ethnic and racial violence, among
others, and propose alternatives to them. During the years in which this course has been
carried out, several modifications have been made with the intention of approaching more
and more of the desired horizon. The result so far has been transformations, not only from
the professional and academic point of view, but also personal in the lives of the
organizers, teachers, lecturers and students involved.
1.Introdução
O curso de extensão Mídia, Violência e Direitos Humanos (MVDH) teve início em 2013.
A proposta inicial era analisar criticamente a cobertura jornalística sobre a violência urbana
no Rio de Janeiro, trocar impressões, experiências e conhecimentos com moradores de
favelas e periferias, líderes comunitários, repórteres comunitários e demais profissionais
com atuações em territórios conflagrados da cidade.
Após cinco edições realizadas, contabilizamos cerca de 1.000 solicitações de
inscrições, 300 inscritos e 180 alunos concluintes, o que representa uma média de 60%
de permanência. Para além dos números, entretanto, é importante conhecer o que dizem
aqueles que participaram deste percurso até aqui. Os depoimentos dos ex-alunos, e
muitos dos quais hoje participam da rede de pesquisadores que hoje elaboram e
organizam o curso, revelam o quão rico tem sido a experiência.
O que se pretende apresentar aqui é o resultado parcial das reflexões deste trabalho
coletivo, que se deseja democrático, horizontal e inserido no contexto de uma
Universidade pública, que tem como uma de suas atividades-fim a Extensão.
Este trabalho justifica-se pela relevância em registrar a memória das cinco edições do
Curso de Extensão Mídia, Violência e Direitos Humanos, até aqui realizadas. Deste modo,
serão recordadas as vivências em sala de aula, os processos de seleção dos alunos, de
elaboração dos temas a serem abordados, de composição das mesas, entre outras
questões pertinentes. Pretende-se que tais registros e reflexões contribuam para o debate
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Nome instituído oficialmente em fevereiro de 2015, através do Decreto 45.146 do governo do Estado (RIO DE
JANEIRO, 2015a). Esta política é regulamentada oficialmente em março de 2015, por meio do Decreto 45.186 (RIO
DE JANEIRO, 2015b).
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O presente trabalho é um relato da experiência das cinco edições do curso, que teve
origem a partir das reflexões propostas na dissertação de Mestrado “Segurança para
quem? O discurso midiático sobre as Unidades de Polícia Pacificadora” (PEREIRA, 2012),
que se desdobraria na tese de Doutorado “Narrativas de lei e ordem: uma análise da
cobertura de O Globo sobre as UPPs” (PEREIRA, 2017). Neste relato, utilizamos o método
descritivo, além de depoimentos de ex-alunos e atuais colaboradores do curso, que
descrevem de que forma esta experiência lhes foi significativa do ponto de vista
acadêmico, profissional e pessoal.
4. Desenvolvimento
Ao longo das cinco edições, o curso passou por inúmeras mudanças de metodologia,
seleção de alunos, comunicação com o público, entre outras. Nas primeiras edições, o
formato era de aulas expositivas, mais especificamente focadas na construção do
discurso midiático sobre a violência, exibição de filmes e debates com os estudantes. Os
professores visitantes expunham elementos e pontos de vista diversos que contribuíam
para a reflexão dos temas propostos.
Contudo, ao longo das discussões com a turma, algumas questões passaram a surgir
quanto aos diferentes recortes da violência representada nos meios de comunicação.
Passou-se então realizar aulas temáticas sobre o caráter racista da violência estatal, a
violência de gênero e o encarceramento. Ademais, adotou-se o formato de mesas
temáticas, com a presença de dois ou mais palestrantes e um mediador. Pudemos
perceber que a mescla de acadêmicos com ativistas e lideranças sociais proporcionava
um debate mais rico, em que algumas questões apresentadas a partir de uma dada
perspectiva poderiam dialogar com outras exposições fundamentadas sobre bases e
princípios diversos.
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5. Conclusões
Por todo o exposto até aqui é possível tecer algumas considerações, ainda que
parciais, tendo em vista que estamos em meio a um processo que ainda não se esgotou.
Pelo contrário, está em pleno desenvolvimento e amadurecimento. Desde a avaliação dos
candidatos no processo seletivo, em que são relatadas histórias de sofrimento e
superação, até a conclusão de cada edição, passando pela organização das mesas, o
convívio com os alunos e as dificuldades inerentes à precariedade da Educação pública
neste país, o aprendizado é permanente.
Nossa conclusão hoje é a de que estamos no caminho certo, no sentido de buscar
fazer do espaço do Curso de Extensão MVDH um ambiente de troca de experiências, de
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Sem que isso seja uma exigência para a obtenção do certificado.
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6. Referências bibliográficas
MISSE, M. Sobre a construção social do crime no Brasil: esboços de uma interpretação. In:
MISSE, M. (org.). Acusados e acusadores: estudos sobre ofensas, acusações e incriminações.Rio
de Janeiro: Editora Revan/Faperj, 2008.
PEREIRA, Pedro. Segurança para quem?: o discurso midiático sobre as Unidades de Polícia
Pacificadora. 2012. 150 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Cultura) – Escola de
Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
VAZ, P. Vítima virtual e mídia. In: Vigilância, segurança e controle social, 2009, Curitiba.
Curitiba: PUCPR, 2009. p. 51-69. ISSN 2175-9596.
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Abstract: This paper belongs in intended to analyze the popular communication the
residents of favelas, In the political context of the discursive event of what was called
"pacification of favelas" of Complexo do Alemão. In this sense, from the perspective of
Discourse Analysis and Ethnography of participant observation, analyse communication
developed by residents of favelas that create a new form to comunitary comunication: the
comunication of survival of favelas. Our objective is to understand the role of journalism
in the imaginary and symbolic construction of urban space of media, but also of territory
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operated by within the popular communication. Thus, in narrating the urban space, the
media of popular comunication of Complexo do Alemão also located and contributes to
the construction of subjects and meaning that can be found in certain environment, but,
main hypothesis, is also marked by production of methodologies to face to the
establishment of a new order and ways of living in the favelas, with the installation of the
Pacification Police Units (UPP). For this, our analyse the experiences of Voz das
Comunidades, Collective Papo Reto and Complexo Alemão.
1. Introdução
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É nesta perspectiva que acreditamos ter surgido no Rio de Janeiro dentro das
favelas do Complexo do Alemão uma nova forma de “escrivivência” de cidade, na
dimensão do imaginário, a partir da produção de uma comunicação popular feita por
moradores. Uma comunicação da sobrevivência que se propõe a ser um contraponto da
realidade de dizeres hegemônicos, porque se pauta e se pensa a partir das experiências
e metodologias de sobrevivência dos becos da memória, e não pelo que se vê como
materialidade discursiva sobre a cidade do Rio de Janeiro na Grande Mídia.
campo de disputas de representação sobre mídia e violência nas redes e nas ruas.
Desta forma, este projeto de estudo de doutorado, optou por estudar três experiências
comunicativas deste conjunto de favelas: o Voz das Comunidades, o Coletivo de Mídia
Independente Papo Reto e a página de Facebook denominada Complexo Alemão.
Experiências que surgiram e/ou se ampliaram a partir do processo de pacificação e
instalação das UPP no conjunto de favelas em meio à intervenção dos megaeventos
mundiais no Rio de Janeiro. A partir de etnografia feita por observação participante
aliada entrevistas de profundidade exploratórias das experiências, além de análise do
discurso e da produção de sentido do fluxo informacional e narrativo das experiências
citadas.
4. Desenvolvimento
4.2 Uma comunicação necessária: Uma produção discursiva que impôs a favela
uma representação do Rio de Janeiro para dentro e fora do país no fluxo das narrativas
jornalísticas, tornando possível a experiência de comunicação popular atingir e negociar
um lugar midiático para a distribuição de dizeres, no passado, nunca antes alcançado:
as telas dos espaços massivos da comunicação de massa hegemônicas. No entanto,
esse deslocamento também produz rupturas sobre o sentido do comunitário da
comunicação participativa, bem como a filiações a um ordenamento de sentidos políticos
e simbólicos em parte neoliberais – ainda que em defesa de uma voz e acesso a direitos
– e a própria negação de uma denominação comunitária e popular para atos
comunicacionais produzidos. Ao mesmo tempo, esse mesmo deslizamento, cria uma
caixa de ferramentas que torna possível a luta participativa que promotora de direitos e
um protagonismo de atores sociais favelados.
5. Conclusões
Trata-se de uma comunicação popular que produz uma metodologia que medeia
dizeres para lutar por direitos humanos. Uma caixa de ferramenta comunicativa para
denunciar violências, o próprio sistema de hegemonia de mídia, valorizar a cultura local,
divulgar o cotidiano da favela, criando uma nova perfomatividade de visualidades da
representação da favela e, sobretudo, do próprio acontecimento discursivo da
comunicação popular.
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de uma comunicação popular que garante pode garantir a própria sobrevivência da vida
– desvelando a necropolítica (MBEMBE, 2018) em curso no Rio de Janeiro.
A partir das internet, a construção deste contra públicos no espaço das favelas
passou a ser feito pelo uso das mídias e por práticas jornalísticas que ajudam a construir
públicos, questionando os debates públicos dominantes (geralmente mediados pelas
grandes empresas de jornal, rádio e televisão), de acordo com Custódio (2016). As
mídias digitais Facebook, Twitter e Youtube, passaram a ser capturada por moradores
de favelas como suporte para organização coletiva de eventos e mobilização, formando
em alguns casos experiências de comunicação popular multimídia, aqui neste estudo
denominada como comunicação hiperlocal – que desliza entre o local e o global,
carregando o território como acontecimento discursivo para disputar discursos e
sentidos, portanto, narrativas.
6. Referencias bibliográficas
FACINA, Adriana. Sobreviver e sonhar: reflexões sobre cultura e “pacificação no
Complexo do Alemão”. In.: FERNANDES, Marcia Adraina; PEDRINHA, Roberta Duboc
(Org.). Escritos transdisciplinares de criminologia, direito e processo penal: homenagem
aos mestres Vera Malaguti e Nilo Batista. Rio de Janeiro: Revan, 2014, pp. 39-47.
WHYTE, William Foote. Sociedade de Esquina: a estrutura social de uma área urbana
pobre e degradada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
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Resumo: Este artigo propõe uma reflexão sobre direitos humanos a partir dos dados
sobre mulheres empossadas em cargos eletivos na política em 2019. Após um
mapeamento do cenário constituído pelas eleições de 2018, propomos a criação de um
Índice de Participação Feminina (IPF) capaz de aferir, em números, o tamanho da
desigualdade entre os gêneros em cargos de efetivo exercício de poder. O objetivo é
fazer um diagnóstico da equidade de gênero e representatividade política na Câmara
dos Deputados, Senado Federal, Presidência da República, Governo do Estado e
Assembleia Legislativa nas 27 unidades federativas do Brasil. As informações sobre o
quantitativo de mulheres no Legislativo e no Executivo foram comparadas entre si,
criando um ranking que pode nos dar algumas pistas sobre as diferenças observadas.
Esperamos que o entendimento de como essas forças operam contribua para
desmantelá-las, a fim de que homens e mulheres tenham os mesmos direitos e
oportunidades, tal como preconiza a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Abstract: This article proposes a reflection on human rights based on the data of
womens elected as politicians in 2019. After a mapping of the scenario constituted by the
elections of 2018, we propose the creation of an Index of Feminine Participation (IPF)
capable of assessing, in numbers, the size of the inequality between the genres in
positions of effective exercise of power. The objective is to make a diagnosis of gender
equity and political representation in the Chamber of Deputies, Federal Senate,
Presidency of the Republic, State Government and Legislative Assembly in the 27
federative units of the Brazil. The information about numbers of women in the Legislative
and in the Executive was compared to each other, creating a ranking that can give us
some clues about the observed differences. We hope that the understanding of how
these forces operate contributes to dismantle them, so that men and women have the
same rights and opportunities, as advocated by the Universal Declaration of Human
Rights.
1. Introdução
As conquistas dos Direitos Humanos representam passo essencial para o
progresso civilizatório. Nesse sentido, o empoderamento das mulheres e a redução da
desigualdade de gênero são uma etapa decisiva no desenvolvimento de qualquer nação
do globo (ALVES, 2016). Entretanto, não podemos ignorar que, ainda hoje, critérios
como gênero, raça, orientação sexual e poder aquisitivo determinam a configuração da
vida de um contingente de cidadãos. Trata-se de pessoas que, na prática, não têm
acesso aos mesmos direitos que os demais e, com frequência, encontram obstáculos ao
pleno exercício da sua liberdade e cidadania – embora um dos princípios básicos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) seja o seu carácter universal e
equânime para todos. Não obstante, observamos que até mesmo o país de origem
determina se o indivíduo terá acesso ou não – de forma parcial ou integral – a alguns
dos direitos humanos fundamentais, ou seja, aqueles associados à igualdade e à
dignidade do ser humano (BRITO FILHO, 2004).
No caso do Brasil, onde os preconceitos atravessam o universo feminino e se
materializam das mais diversas formas, estudar a questão de gênero com o intuito de
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propor ações para uma sociedade mais equânime, nos parece não apenas justo e
razoável, mas necessário. Desigualdade salarial, exclusão de alguns ambientes e postos
profissionais, restrição de acesso à saúde, à educação e à ascensão social são apenas
alguns dos inúmeros obstáculos enfrentados cotidianamente por mulheres no Brasil e no
mundo (SABINO; LIMA, 2015). Acreditamos que o entendimento de como essas forças
operam seja fundamental para desmantelá-las, a fim de que homens e mulheres tenham
os mesmos direitos e oportunidades.
5 De acordo com a historiadora Cristina Wolf (2015), a Declaração de Direitos Humanos seria resultado da comoção
causada pela divulgação das atrocidades ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial, sobretudo contra os judeus,
grupos étnicos, religiosos e políticos enviados para campos de concentração.
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Uma das intelectuais feministas que mais abalou essa concepção, trazendo novas
perspectivas para os estudos de gênero, foi a historiadora Joan Scott (1996), que com
seu célebre artigo Gender: A Usuful Category of Historical Analysis demarcou uma
leitura pós-estruturalista a respeito do gênero, explorando seus potenciais analíticos de
desconstrução e ressignificação. Para a autora, gênero “é um elemento constitutivo de
relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e é uma forma
primária de significar as relações de poder” (p. 1067), de tal forma que quando há
mudanças sociais, essas relações também se transformam.
Trata-se de uma relação de poder e dominação, que se exprime, sobretudo, por
meio da divisão sexual do trabalho, conforme pontua a socióloga francesa Danièle
Kergoat: “Essa forma de divisão social do trabalho tem dois princípios organizadores: o
da separação (existem trabalhos de homens e outros de mulheres) e o da
hierarquização (um trabalho de homem “vale” mais do que um de mulher)” (KERGOAT,
2009, p. 67). Para ela, as relações de dominação entre os gêneros se desdobram no
espaço social, público e privado, impondo às mulheres certas práticas sociais que as
deixariam em situação desfavorável para alcançar cargos de efetivo exercício de poder -
legitimados pela sociedade patriarcal como masculinos.
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dados, seja possível aprofundar as reflexões sobre as razões que levaram a tal
configuração de poder tão desigual para as mulheres.
Este artigo ainda leva em conta a perspectiva dos Estudos Culturais, que
possibilitou a reorganização do pensamento científico a partir de formas populares de
expressão, resistência, contestação e alternativas à cultura dominante. Fizemos uso
desta abordagem, por acreditar que o estudo da cultura integrado aos das realidades
sociais nas quais existem e se manifestam, pode nos ajudar a refletir sobre a
centralidade das questões de gênero e sexualidade para a compreensão da própria
categoria ‘poder’ (ESCOSTEGUY, 2010). Tal abordagem metodológica nos permite
ampliar a discussão e entender também o âmbito pessoal como político, trazendo novo
entendimento sobre o modo como a articulação sexo/gênero e antagonismos de classe
estruturam a sociedade.
4. Conclusões
A pesquisa aponta que, apesar de alguns avanços, o desafio de superar a
desigualdade e a discriminação de gênero no Brasil ainda é imenso. Não há um único
responsável pela construção de tal cenário. Ao que nos parece, embora alguns fatores
sejam destacados aqui e em tantos outros estudos sobre o tema, há inúmeras nuances
nesse proceso que precisam ser descortinadas e compreendidas para um
desmantelamento efetivo dos pilares que sustentam essa anomalia social.
Até o momento, o que podemos afirmar é que, embora representem 7 milhões a
mais de votos, as mulheres ainda estão longe de ter representação proporcional nos
parlamentos e cargos no Executivo nas esferas estaduais e federais. Essa
desproporcionalidade também não pode ser atribuída apenas a dependência econômica
mantida por parte dessas mulheres com relação aos homens – pai, cônjuge, irmão, filho
ou outro. Segundo o IBGE, elas já são responsáveis pelo sustento de 37,3% das
famílias brasileiras e vem crescendo a sua participação no mercado de trabalho. Então,
o mais provável é que estejamos diante de uma conjuntura de fatores que levem a esse
quadro, na qual a cultura e a história de dominação masculina e subjugação feminina
tenham um papel bastante relevante.
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5. Referencias bibliográficas
ALVES, José Eustáquio Diniz. Desafios da equidade de gênero no século XXI. Revista
Estudos Feministas, v. 24, n. 2, mai-ago, 2016.
BEAVOUIR, Simone. O Segundo Sexo: fatos e mitos. São Paulo: Difusão Europeia do
Livro, 4 ed., 1970.
BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro de. Direitos Humanos, cidadania, trabalho.
Belém, 2004.
KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA,
Helena, et al. (Orgs.) Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo: Editora UNESP,
2009. p. 67 – 79.
SABINO, Maria Jordana Costa; LIMA, Patrícia Verônica Pinheiro Sales. Igualdade de
gênero no exercício do poder. Revista Estudos Feministas. 2015, vol.23, n.3, pp.
713-734. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/0104-026X2015v23n3p713>. Acesso
em: 11 jun. 2018.
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SCOTT, Joan W. Gender a useful category of historical analysis. In: Coming to Terms:
Feminism, Theory, Politics, Edited by: Weed, Elizabeth. New York: Routledge. 1989.
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Resumo: Este artigo tem como objetivo demonstrar como mídias sociais podem
resolver falhas de comunicação entre organizações sem fins lucrativos e suas
comunidades-alvo em programas de desenvolvimento (MEFALOPOLUS, 2008). A
metodologia utilizada é estudo de casos múltiplos, explanatório e holístico (YIN, 2018)
por meio de uma triangulação envolvendo entrevistas pessoais, revisão de literatura
especializada e análise de documentação. As análises foram feitas sob a ótica dos
princípios de Comunicação e Desenvolvimento, uma abordagem que usa processos
de comunicação participativa. A pesquisa demonstra que os casos estudados utilizam
as mídias sociais de forma ultrapassada, seguindo um modelo de difusão/mecânico
ao invés do modelo participativo/orgânico. Este artigo é estruturado em cinco capítulos
– introdução, quadro teórico, metodologia, resultados e conclusão – e oferece
contribuições pertinentes para o estudo e a prática de Comunicação e
Desenvolvimento ao identificar as mídias sociais como ferramentas com potencial
considerável para a sustentabilidade de projetos de mudanças sociais.
Abstract: This paper aims to demonstrate how social media can solve communication
issues between international non-profit organisations and their target communities
regarding development efforts (MEFALOPOLUS, 2008). The methodology used is an
explanatory, holistic, multiple-case study research (YIN, 2018) with a triangulation of
data from expert interviews, specialised literature review and documentation analysis
and follows the principles of Development Communication, an approach that combines
participatory communication processes. The research shows that the organisations
studied use social media in an outdated fashion, following a diffusion/mechanics model
of communication, instead of a participatory/organic. This paper is divided into five
chapters – introduction, theoretical framework, methodology, results and conclusion –
and makes relevant contributions to the study and practice of Development
1
Bárbara Cruz recently graduated in a double master’s degree in International Communication at Vilnius
University, Lithuania, and IULM, Italy, where she mainly researched Development Communication. You
can contact her at ba.cruz1@gmail.com
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Communication by identifying social media as a tool with considerable potential to
enrich sustainability in development efforts.
1. Introduction
Despite recent negative headlines, social media growth is accelerating with
well over one million new users signing up for the first time daily (HOOTSUITE, 2018).
This has greatly affected International Non-Profit Organisations (INPOs), the subject
of this research since, for marginalised communities and individuals, social media can
be a way to ensure their voices are heard and taken into consideration. Social media’s
first and main goal is to be a tool to facilitate communication between people in a more
horizontal manner, and, as asserted by Paolo Mefalopolus (2008), communication is
also “about listening, exploring, understanding, empowering, and building consensus
for change” (MEFALOPOLUS, 2008, p. xii, our highlight).
More frequently than not, what is truly missing from development efforts is
a participatory, two-way communication between the organisations and the
communities affected by their actions (MEFALOPOLUS, 2008). This study aims to
demonstrate how social media can fill this communication gap and contribute to the
improvement of development efforts by INPOs.
The intersection of social media and development work provides potential
for both study and action, and has been underexplored in academic and professional
settings alike. For this reason, this research provides not only an assessment of social
media current usage by non-profits, but also offers solutions and pathways to improve
practical use.
2. Theoretical Framework
For Paolo Mefalopolus (2008), participatory communication approaches,
such as Development Communication (DevCom), have “proven to significantly
enhance results and the sustainability of development initiatives” (MEFALOPOLUS,
2008, p. xxi). In this sense, the general research question of this study is: How do
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international non-profit organisations use social media to further their development
and/or humanitarian work?
Narrowing down the scope of this study, the two following questions specify
the target elements under analysis in: How are international non-profit organisations’
digital communications strategies integrated into their development work?; and How,
if so, is social media used in development communication approaches?
For this research, the three main topics of the study were categorised and
covered by authors as follows: (i) communication of non-profit organisations, by
Gregory Saxton (2012; 2014); (ii) social media by Daniel Miller (2016); and (iii)
DevCom by Paolo Mefalopulos (2008). Additional authors, researches, reports and
news articles were also used in order to contextualise, support, criticize and/or endorse
the main authors’ arguments, especially in the coding and analysis part of the research.
Regarding the first topic, it is consensus among researchers and
practitioners that INPOs communicate in a very outdated way (DAUVIN, 2009; NAH;
SAXTON, 2012; OBREGON, 2012; MEFALOPULOS, 2008). Due to a generalised lack
of resources, non-profit organisations relocate a small budget for communication
efforts and, therefore, are forced to prioritise, which usually comes down to corporate
communication and advocacy (DAUVIN, 2009). When studying communication of non-
profit organisations, most researchers focus on corporate communication and/or
advocacy. Both Saxton and Waters (2014), and Guo and Saxton (2014) studied how
non-profit organisations use social media as a public relations tool, whilst this research
focuses on engaging the community through social media to promote development
communication.
The second topic, social media, is hard to define because of its evolving,
fluid nature. However, for Miller et al (2016) the content people post is more important
than in which platform they post it. This paper analysis the scalable sociality theory
(MILLER et al, 2016), which argues that social media provides greater control on both
privacy and size of group when compared to other forms of communication media.
Regarding the third topic of this research, defining which term to use arose
as a significant start since in the field of study, development communication may also
be referred to as ‘communication for social change’, among others.
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Mefalopulos (2008) argues that “‘development communication’ [keeps] the
original two terms delineating the field’s scope” (MEFALOPULOS, 2008, p. 33). Adding
to that, Jan Servaes (2003) defines DevCom as a social process aiming at “reaching
a consensus that takes into account the interests, needs and capacities of all
concerned” (SERVAES, 2003, p. 6) and points out a gap in interpersonal
communication, which plays a fundamental role in development efforts (SERVAES,
2003, p.6). When Servaes conducted his 2003 research, computer-mediated
communication, including social media, was not as powerful as they are now. This
research aims to show how these tools can play that role of mediating and facilitating
interpersonal communication.
3. Research Methodology
The chosen method to answer the research questions was an explanatory,
holistic, multiple-case study research. The case study is explanatory because it seeks
to explain how social media is involved in the organisations’ development efforts, and
why these tools are relevant to participatory communication approaches. It is holistic
because it examines a single unit of analysis (social media efforts) inside each INPO.
It is a multiple-case study because it explores the social media efforts and strategies
from three different INPOs. (YIN, 2018) Analytically, the benefits from having more
than two cases are substantial as “most multiple-case studies are likely to be stronger
than single-case studies” (YIN, 2018, p. 24).
The cases for this research were chosen according to a replication, rather
than a sampling logic (YIN, 2018). Following Yin’s perspective and based on the
research questions and objectives, the criteria for choosing the cases were: (i) non-
profit, organisation with (ii) field operations and country offices in different nations other
than the headquarter(s) and (iii) an active presence on at least one social media
platform. In the end, three INPOs agreed to be part of the study, as long as they (the
interviewees and their respect organisations) could remain anonymous.
4. Development
Many procedures were carefully taken in order to ensure validity before,
during and after conducting the research (YIN, 2018) – especially because of the
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agreed anonymity for the INPOs studied – such as the adoption of a multiple-case
research protocol, the writing of an interview guide, the choice in methodology and the
conduction of a thorough literature review.
The use of “multiple sources of evidence” is imperative and need to
“converge in a triangulation form” (YIN, 2018). For these reasons, data was gathered
from (i) expert interviews, (ii) specialised literature, and (iii) documentation analysis.
Based on the its nature and the paper’s aims, the analysis is done mainly through
patter matching and cross-case synthesis, as they strengthen internal validity and
contribute to answering the research questions (YIN, 2018).
4.1 Coding
To analyse the expert interviews, coding is used to better understand the
emerging themes (YIN, 2018). The four most important themes were: (i)
empowerment, (ii) engagement, (iii) participation, and (iv) development
communication, each one supported by criteria, a plurality of key words and theoretical
references. Additionally, all analyses were done manually because there were limited
time and resources for translations and for qualitative data analysis software.
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5. Conclusion
There are many variables that affect the results of social media use by non-
profit organisations. There is still much underexplored potential to unlock in the field.
Social media’s characteristics are mainly “participation, openness, community,
conversations, and connectedness” (OBREGON, 2012, p. 89). Development
Communication approaches likewise have most, if not all, of these characteristics.
Therefore, it makes sense for INPOs to combine the two.
6. References
GUO, C.; SAXTON, D.. Tweeting Social Change: How social media are
changing nonprofit advocacy. In: Nonprofit and Voluntary Sector Quaterly, Vol 43,
pp. 57-79, 2014.
HOOTSUITE. We Are Social. New York:Hootsuite. 2018.
MEFALOPULOS, P.. Development Communication Sourcebook:
Broadening the Boundaries of Communication. Whasington:The World Bank. 2008.
MILLS, A (org). Encyclopedia of Case Study Research. London:SAGE
Publications. 2010.
MILLER, D. (org). How the World Changed Social Media. London:UCL
PRESS. 2016.
NAH, S.; SAXTON, G.. Modeling the adoption and use of social media
by non-profit organizations. In: New Media & Society, Vol 15, Issue 2, pp. 294-313,
2013.
OBREGON, R.. Social Media and Communication for Social Change –
Towards an Equity Perspective. In: CENTRE FOR COMMUNICATION AND GLOBAL
CHANGE. Social Media in Development Cooperation. pp. 64-79, 2012.
SERVAES, J.. Communication for Development Approaches of Some
Governmental and Non-Governmental Agencies. In:_. Communication for
Development and Social Change, pp. 201-218, 2008.
YIN, R.. Case study research and applications: design and methods.
London:SAGE. 2018.
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'ARAUTOS DO MUNDO' -
UM PROJETO DE COMUNICAÇÃO PARTICIPATIVA
E UMA REDE DE COOPERAÇÃO COM GRUPOS
EXPOSTOS A SITUAÇÕES SISTEMÁTICAS E HIS-
TÓRICAS DE EXCLUSÃO
'ARAUTOS DO MUNDO' -
A PARTICIPATORY COMMUNICATION PROJECT AND A COO-
PERATIVE NETWORK IN BETWEEN GROUPS EXPOSED A
SYSTEMATIC AND HISTORICAL SITUATIONS OF EXCLUSION
- ROSA ALBA SARNO OLIVEIRA - UFRJ1
RESUMO
ABSTRACT
1 contato em rosaalba1971@gmail.com
cultures. These goals have been achieved, creating citizenship competencies through
partnership activities, in which the participants are called up to recognize themselves and
their peers as persons with rights and to deal with the dimensions of plurality, diversity, al-
terity and interculturality of human societies.
1. Introdução
4. Desenvolvimento
Até a presente data, fizemos 6 apresentações públicas, sendo três delas em even-
tos científicos, como I Seminário Memórias, Território e Ocupações - rastros sensíveis EI-
COS-IP-UFRJ, o XIV Congresso da Associação de Estudos Brasileiros (BRASAS) e 12o.
Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Destacamos também a apresentação em que a
equipe foi filmada no estúdio de fotografia da ECO-UFRJ para compor parte do vídeo que
apresentação dos projetos que participaram do Laboratório de Inovação Cidadã -
LABIC-2018.
Além disso, produzimos 9 curta-metragens e três teasers. Os dois primeiros curtas
foram criados como trabalho de conclusão do curso de filmes com celular ministrado pela
documentarista Regina Carmela e pesquisadora do Laboratório de Memória, Território e
Ocupação (LABMENS-EICOS IP-UFRJ), do qual participaram funcionários e usuários dos
serviços do IPUB-UFRJ que fazem parte do nossa equipe. No terceiro vídeo, contamos a
história dos “Arautos”, definidos na época como uma equipe jornalismo participativo, pois
nesta época planejamos continuar a trabalhar com o jornal impresso e fazer a nossa 11o.
publicação. E a partir do interesse e dos conhecimentos dos próprios usuários, surgiu
nosso quarto filme que foi sobre a capoeira e resultou num evento de filmagem aberta e
roda de conversa com Mestre Camisa e a Associação Abadá de Capoeira. Nossos quinto
e sexto filmes foram compilações de todos nossos curtas, visando relatar nossa trajetória
de trabalho, até então. Os três demais curtas fazem parte um projeto de vídeo-depoimen-
tos, realizado por um extensionista do projeto com os usuários do IPUB-UFRJ. Estamos
no momento na fase final de edição de nosso primeiro longa-metragem com entrevistas
que fizemos com representantes da população indígena e como resultado de nossa parti-
cipação no LABIC-2018 foram feitos teasers e um blog (https://arautosdomundo.wixsite.-
com/arautosdomundo) para divulgação online do projeto.
É possível elencar diversos outros resultados das ações de nosso projeto: uma me-
lhoria da infra-estrutura do trabalho das equipes, a integração acadêmica, a realização de
capacitações técnico-científicas entre as parcerias internas e externas a UFRJ.
5. Conclusões
Entendemos que todo o material que produzimos não seria possível sem os encon-
tros presenciais com os usuários do IPUB-UFRJ, com representantes da população negra
e de povos tradicionais, com projetos de inovação cidadã, de mulheres negras e produção
textual e de comunicação comunitária e que trabalham com capoeira.
Através da observação participante, identificamos que esses encontros fortalecem
ainda mais cada um destes grupos que passa a conhecer as estratégias e os recursos
utilizados pelos demais na (re) existência aos sistemas discriminatórios a que estão sub-
metidos em seu cotidiano. Além disso, notamos que a parceria de trabalho com estes pro-
jetos faz circular dentro da universidade a riqueza dos saberes, das ações que estes gru-
pos desenvolvem, seja em meio aos alunos do projeto, aos grupos de pesquisa de que
participamos ou mesmo entre os servidores da UFRJ que fazem parte da nossas parceri-
as internas e que prestigiam os eventos e apresentações que realizamos.
Ao longo da análise dos registro de nossas atividades, avaliamos que o mapa de
relações que tecemos dentro e fora da UFRJ nos transformou numa rede de cooperação
e de economia solidária e ampliou nossos espaços de circulação por diferentes espaços
do Rio de Janeiro. Se num primeiro momento, os usuários do IPUB ficavam praticamente
restritos a espaços e atividades dentro do campo da saúde mental, hoje faz parte do coti-
diano deles ir como integrantes de uma equipe de comunicação participativa e educação
em direitos humanos a outras unidades da UFRJ, como as salas de aula e reuniões de
pesquisa do Instituto de Psicologia e da ECO, os auditórios, estúdios de rádio e de foto-
grafia da ECO, o campinho, o teatro de Arena, a Casa da Ciência e a outros espaços ex-
ternos do campi Praia Vermelha. Além disso, foi possível receber eventos organizados pe-
los demais parceiros em espaços dentro da UFRJ, assim como participar de atividades
por eles realizadas na UERJ, na UFF, no Museu de Arte do Rio de Janeiro, no Museu do
Amanhã, no Centro Cultural da Justiça, na Casa Coletiva da Mídia Ninja, a Casa de Bota-
fogo FIRJAN e a ALERJ.
Dentre os impactos produzidos pelo nosso projeto, o que ganha destaque é o im-
pacto social, tanto na qualidade de vida de nosso público alvo quanto na formação ético-
profissional dos alunos com quem trabalhamos.
Favorecer o funcionamento de uma rede de empoderamento entre grupos histori-
camente excluídos também tem efeitos sobre os agravos a saúde mental decorrentes do
processo de discriminação e intolerância que marca o cotidiano destas pessoas. Ter
acesso a tomar decisões, a informações, recursos e a opções variadas, passar a ser per-
cebido pelos outros por suas competências e capacidade de agir, sentir-se pertencendo a
um grupo no qual a participação de cada um faz diferença e onde todos têm direitos,
aprender habilidades novas e ser encorajado a pensar criticamente sobre o que pode ser
feito e sobre as as relações de poder institucionalizadas não somente melhora a auto
imagem e auto-estima, mas tem efeitos significativos sobre a saúde mental.
Com relação aos graduandos da ECO-UFRJ que integram nossa equipe, temos
constatado o quanto as ações em parceria com integrantes de grupos historicamente ex-
cluídos tem permitido que estes futuros profissionais incluam na sua formação aspectos
fundamentais como as metodologias participativa e colaborativa, teoria crítica dos direitos
humanos, a interculturalidade, a interseccionalidade, o racismo estrutural e a importância
de se dar visibilidade e reconhecimento as situações de discriminação e intolerância que
fazem parte do cotidiano de grupos historicamente excluídos. Soma-se a isso, todo o co-
nhecimento acumulados nas trocas com os laboratórios de pesquisa que são nossos par-
ceiros.
Não podemos deixar de mencionar como o trabalho em equipe e a troca de experiênci-
as entre usuários de saúde mental e coletivos e lideranças indígenas e negras permitiu
que cada um deles aumentasse seus conhecimentos sobre a realidades dos demais e re-
fletisse sobre preconceitos que tinha. É neste sentido que situamos nosso projeto como
uma prática de comunicação participativa que gera competências cidadãs e promove uma
cultura de direitos humanos, através de experiências concretas em que todos reconhecem
a si mesmos e aos demais como sujeitos de direito e lidam com a pluralidade, diversida-
de, a alteridade e a interculturalidade que definem a existência humana.
Referências Bibliográficas
CHARBERLIN, J. , - A working definition of empowerment, Em Psychiatry Rehabilitation
Journal, vol 20, n. 4: pp. 43-46. 1997.
QUIJANO, Anibal - Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina, v. 24, n.51,
2000, p. 137- 148.
Resumo
Na internet, no jornal, na TV e no rádio, os meios de comunicação de massa
contribuem para processo de reciclagem de estereótipos e preconceitos e, como
resultado, muitos deles se tornam duradouros. Nesse sentido, a preocupação
com a questão dos Direitos Humanos é inquestionável, bem como sua discussão
e produção de pesquisas no âmbito universitário. Desse modo, alunos do Curso
de Jornalismo da UFRRJ produziram uma revista para se opor ao conteúdo
predominante da mídia hegemônica, apresentando visões mais humanizadas
sobre o Rio de Janeiro e alguns de seus personagens. O objetivo foi realizar uma
cobertura reflexiva, contribuindo para o questionamento dos estereótipos
mencionados. A linha editorial foi baseada nos direitos humanos e na ética.
Devido à falta de patrocínio e dificuldades de impressão, o produto tornou-se
disponível na internet e está sendo divulgado em congressos. A metodologia
incluiu pesquisas sobre os temas elencados, trabalho de campo e entrevistas.
Periodicamente, foram realizadas reuniões para avaliar a produção e sua
vinculação com a linha editorial. Quanto aos resultados, há o prêmio na XXIII
Expocom Sudeste e receptividade na própria universidade. O texto proposto será
estruturado enfatizando a realização das etapas do produto, dificuldades e
aprendizado encontrados ao longo do percurso.
Palavras-chave
Direitos Humanos; ética; revista; Contraponto
1
Professora Associada do Curso de Jornalismo da UFRRJ, doutora em Literatura Brasileira (PUC-RJ),
mestre em Literatura Brasileira (UFRJ), pós-graduada em Literatura Brasileira (UERJ), bacharel em
Comunicação/Jornalismo (PUC-Rio). E-mail: ivanabarreto75@gmail.com
Abstract
On the internet, in the newspaper, on TV and on radio, the mass media
contributes to the process of recycling stereotypes and prejudices and as result
many of them become enduring. In this sense, the concern with the issue of
Human Rights is undisputed as well as its discussion and production of research
in the university level. Thus, students from the Journalism Course of UFRRJ
produced a magazine in order to oppose the prevailing content of the hegemonic
media, presenting more humanized visions about Rio de Janeiro and some of its
characters. The goal was to carry out reflective coverage, contributing to the
questioning of the stereotypes. The editorial line was based on the human rights
and ethics. Due to the lack of sponsorship and printing difficulties, the product
became available on the internet and is being also publicized in congresses. The
methodology included research on the themes listed, fieldwork and interviews.
Periodically, meetings were held to evaluate the production and its link to the
editorial line. As regards the results, there are the XXIII Expocom Sudeste Award
and receptivity in the university itself. The proposed text will be structured
emphasizing the accomplishment of the stages of the product, difficulties and the
learning encountered along the way.
Keywords
Human rights; ethics; magazine; Contraponto
Resumo Expandido
1. Introdução
4. Desenvolvimento
4.1. Resultados
Divididos em grupos, os alunos da disciplina Planejamento Editorial –
mesmo com as dificuldades de infraestrutura que o Curso de Jornalismo da
UFRRJ enfrentou e até hoje enfrenta, conseguiram atingir de forma satisfatória
o objetivo lançado pela docente no início do período letivo: produção de revistas
voltadas às reais demandas de seus públicos leitores. Como resultado final,
foram elaboradas seis revistas com propostas alternativas, quando comparadas
com o que vem sendo realizado pela mídia tradicional. Saúde mental,
entretenimento, cultura e o segmento feminino foram alguns dos temas dos
produtos apresentados. Além da Contraponto, produzida pelos alunos Ágatha
Santos, Jaqueline Suarez, Larissa Bozi e Luis Henrick Teixeira, que conquistou
os prêmios de melhor revista e melhor reportagem no XXIII Prêmio Expocom
Sudeste 2016.
4.2. Análise
A análise do trabalho realizado na disciplina apontou para o fato de que a
universidade deve promover o exercício da reflexão não apenas nas disciplinas
teóricas, como também nas práticas. Além disso, pôde-se perceber que os
discentes ficaram mais próximos do que deve ser a prática jornalística.
O grupo de alunos da Contraponto, tanto in loco, na primeira fase
(apuração) de realização das reportagens, quanto na redação das mesmas,
pôde vivenciar uma experiencia de participantes ativos, aqui dialogando com
Traquina (2005). Segundo o autor, os jornalistas “são participantes ativos na
definição e na construção das notícias, e, por consequência, na construção da
realidade” (Traquina, 2005: p. 26).
5. Conclusões
Quando a equipe responsável pela elaboração da revista Contraponto
procurou a docente da disciplina para o primeiro encontro, a proposta do veículo
pareceu ousada, de difícil execução. Afinal, se para profissionais com
experiência em apuração e anos de mercado saber como abordar personagens
marginalizados pela sociedade não é tarefa simples, mais difícil deveria ser para
estudantes do quarto período de um curso de Jornalismo. Outro aspecto
preocupou a todos: a escolha do modo mais adequado de relatar o apurado nas
ruas, nas entrevistas. Sem esquecer da dificuldade que acompanhou todo o
processo de produção: a falta do programa específico para realizar a editoração
eletrônica de Contraponto, devido a questões burocráticas das universidades
públicas. Além do mais, o curso era recém-criado, tinha seis anos, e ainda estava
em processo de estruturação. Porém, depois dos dois primeiros meses, boas
notícias: a equipe produzindo a todo vapor, nas ruas, com olhares humanizados,
se misturando com os personagens que retratava. E o resultado surpreendeu: a
realização de um jornalismo de qualidade, da pauta à impressão. Um jornalismo
como poucas vezes vem sendo feito pela grande mídia, frequentemente incapaz
de lançar um olhar humanizado sobre a Cidade e os que nela vivem.
Guilherme Curi1
Resumo: O presente trabalho busca descrever o debate e primeiras constatações da
pesquisa de pós-doutorado em curso sobre as mediações e as relações socioculturais e
religiosas entre a recente imigração senegalesa na região sul do Estado do Rio Grande
do Sul (iniciada na segunda década de 2000) e os árabe-brasileiros que vivem no país
desde o começo do século passado, inseridos no contexto social sul-brasileiro
contemporâneo.
Abstract: The present work seeks to describe de the debate and first findings of the
ongoing postdoctoral research about the mediations, the socio-cultural and religious
relations between the recent Senegalese immigration in the southern region of the State
of Rio Grande do Sul - that has started in the second decade of 2000) and the Arab-
Brazilians muslins that are living in the country since from the beginning of the last
century and are already part of the contemporary South-Brazilian society.
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habitantes e está localizada no extremo sul do país, entre a Lagoa Mirim, a Lagoa do
Patos e Oceano Atlântico. É um um dos portos mais antigos do Brasil, primeira capital do
Rio Grande do Sul, com uma história populacional marcada pela chegada de diferentes
comunidades migrantes, entre elas africanos, europeus e asiáticos, além, é claro, da
presença dos povos originários, que foram duramente violentados pelos colonizadores
portugueses e espanhóis.
Assim, como abordagem metodológica, para dar conta do objetivo principal do
trabalho, é proposta uma investigação de caráter de observação-participante e
entrevistas semi-estruturadas com os migrantes senegaleses e árabe-brasileiros. Além
disso, como objetivo específico, é realizado o mapeamento e o acompanhamento do uso
das novas TICs e as produções midiáticas destes imigrantes realizadas na internet. Tal
fenômeno é denominado por alguns pesquisadores de webdiaspora. Dana Diminescu
(2012), por exemplo, refere-se à webdiáspora com base em coletivos de imigrantes que
organizam suas atividades primeiramente pela e na web; Ainda, Brignol (2012) atenta
principalmente para o uso quase que funcional da webdiáspora, observada como redes
de apoio que permitem o contato, a troca e interação entre sujeitos distantes
geograficamente, que, além de ajudar na decisão de migrar e no processo de instalação,
permite a manutenção de vínculos com o país de origem.
Conclusões parciais, primeiras impressões do campo
Por se tratar de um trabalho de pesquisa que está em pleno desenvolvimento,
optamos por apontar algumas conclusões parciais até o presente momento de escrita
desta resumo expandido. O trabalho de investigação teve início no final do ano
passado, quando foi realizamos a primeira pesquisa de campo no Primeiro Festival de
Arte e Cultura Senegalesa, entre os dias 13 e 14 de outubro, realizado no Memorial do
Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Lá, foram realizadas algumas entrevistas e
acompanhamento das atividades do evento, como música, dança, exposição de
pinturas, palestras, exibição de filmes, culinária e a exibição da luta tradicional Laamb,
no centro da capital. Em torno de 300 pessoas participaram do festival, que foi
transmitido pelas mídias próprias dos imigrantes senegaleses, o que suscitará também
melhores análises e descrições, em artigos posteriores. Além disso, estamos
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Resumo: Este trabalho estuda três campos ainda em processo de exploração no país:
as Diásporas Negras no Brasil, o potencial histórico do estado do Maranhão e a força
dos produtos culturais protagonizados pelas populações afro-brasileiras, prioritariamente
a partir dos elementos produtores de sentido no que concerne a texto, imagem e som.
Centramos nossas percepções nas sobrevivências culturais africanas e seus vestígios
comunicacionais no Maranhão. A partir do conceito de Terceira Diáspora (GUERREIRO,
2010), focamos nossa análise nos modos de fazer comunicação originários, ou seja, o
fazer comunicacional de povos originários que disputa a comunicação de massas.
Termo este que tem sido amadurecido, a Terceira Diáspora é o deslocamento de signos,
provocado pelo circuito de comunicação da Diáspora Negra e coloca em conexão digital
os repertórios culturais de cidades atlânticas. O momento de revide aqui referido é essa
comunicação que tem ocupado novos espaços como um direito humano. Numa primeira
etapa desta pesquisa, temos produtos comunicacionais em três campos: quilombolas,
ribeirinhos e povos de terreiro na cidade de Timon (MA). Neste segundo momento,
faremos um exercício etnográfico de produtos audiovisuais em terreiros; análise de
pontos cantados nestas casas como produtos sonoros; pesquisa documental e revisão
bibliográfica referentes aos produtos textuais.
Abstract: This work studies three fields still in the process of exploration in the country:
the Black Diasporas in Brazil, the historical potential of the state of Maranhão and the
strength of the cultural products of the Afro-Brazilian populations, mainly from the
elements that produce meaning in what concerns to text, image and sound. We focus our
perceptions on African cultural survivals and their communication traces in Maranhão.
From the concept of the Third Diaspora (GUERREIRO, 2010), we focus our analysis on
the ways of making communication originating, that is, the communicational doing of
native peoples that dispute mass communication. This term has been matured, the Third
Diaspora is the displacement of signs, provoked by the communication circuit of the
Black Diaspora and puts in digital connection the cultural repertoires of Atlantic cities.
The moment of revolver referred to here is this communication that has occupied new
spaces as a human right. In a first stage of this research, we have communicational
products in three fields: quilombolas, riverine and terreiro people in the city of Timon
(MA). In this second moment, we will make an ethnographic exercise of audiovisual
products in terreiros; analysis of points sung in these houses as sound products;
documentary research and bibliographical revision referring to textual products.
1. Introdução
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Cosme (2005). No período de abril de 1988 a março de 2005, foi feito o mapeamento
das comunidades negras rurais do estado do Maranhão, totalizando 476 comunidades
em 62 municípios maranhenses.
De 1534 a 1888 foram 354 anos de escravização, e de 1888 a 2019 temos
apenas 131 anos da população negra em liberdade. Os números revelam que ainda
temos muito caminho a percorrer, direitos a conquistar e políticas de reparação a fazer.
Tudo isso se deve ao fato de que, no pós-abolição, a população negra não
teve nenhuma chance de reestruturação, pelo contrário, teve diversos direitos negados,
como o acesso à terra e ao conhecimento. Na mídia, foi-lhe reservada a estigmatização.
Na contramão desses dados, temos os territórios quilombolas e suas
reexistências, a sabedoria das religiões de matriz africana, a oralidade do povo preto, a
cosmovisão africana adotada por afro-brasileiros e a ancestralidade, que faz o elo de
todas essas riquezas. O papel da comunicação aqui, é desbravar todos esses potenciais
dos valores civilizatórios afro-brasileiros, sejam eles: circularidade, oralidade, energia
vital (axé), ludicidade, memória, ancestralidade, cooperativismo, comunitarismo,
musicalidade, corporeidade e religiosidade (EMBOABA, 2010).
É dentro disso que exploraremos a Terceira Diáspora com um viés da
Webdiáspora (Mohammed ElHajji, 2014), para se referir às plataformas digitais on de
imigrantes e culturas se conectam, através de uma memória espacial, do presente,
coletiva e narrativa. Mbembe (2013), desenvolve o conceito uma razão como declaração
de identidade, o negro falando por si mesmo, fazendo um esforço para instaurar um
arquivo de vestígios que não foram preservados, e algumas vezes destruídos. Uma
escrita vivida na fragmentação, com restos dispersos em todos os cantos do mundo, que
reatualiza sua experiência originária, a partir de seu próprio território.
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cantados. O nível interpretativo da análise será marcado, assim, pelo sentido da ação
social, suas formas de consciência e categorias em determinada configuração histórica.
Numa primeira etapa desta pesquisa, temos produtos comunicacionais em
três campos: quilombolas, ribeirinhos e povos de terreiro na cidade de Timon (MA). Em
todos eles, encontramos comunicadores desenvolvendo metodologias comunicacionais
e até exemplo de criação das próprias máquinas de trabalho. Neste segundo momento,
faremos um exercício etnográfico no que se refere aos produtos imagéticos feitos em
festas de terreiro em cidades do Maranhão filmadas por comunicadores populares;
análise dos pontos cantados em terreiros como produtos sonoros; além de pesquisa
documental e revisão bibliográfica referentes aos produtos textuais.
4. Desenvolvimento
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fazer comunicação originários que podem nos levar a outras instâncias, transformando
nosso entendimento de imagem, forma, superfície, figura, imaginário (Mbembe, 2013).
5. Conclusões
6. Referencias bibliográficas
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Abstract: This summary aims to present the results obtained in the research 'Citizenship's
Promotion in Investigative and Data Journalism', held in the PUC-PR's Scientific Initiation
Program, this research aims to ascertain wich rights related to prevail in the reports of
independent Brazilian journalism in order to understand if this mode of journalistic
1Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR);
contato: gabrielagiannini@gmail.com.
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1. Introdução
Novas formas de produção jornalística têm surgido como alternativa ao modo de
produção convencional da mídia hegemônica. Estes novos arranjos jornalísticos, que
também são denominados como independente ou alternativo por autointitulação dos
próprios jornalistas, têm crescido em contrapartida ao encolhimento de conglomerados de
comunicação (FIGARO, 2018).
Diante deste cenário, Ramos e Spinelli (2015) destacam o protagonismo do
jornalista nesta mudança, compreendendo que as alternativas são executadas por
profissionais que migraram da grande mídia em busca de um jornalismo apartidário e sem
fins lucrativos.
Esta pesquisa, desenvolvida no Programa de Iniciação Científica da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná2, verificou, por meio de uma análise de conteúdo
qualitativa, que portais que se autoclassificam como investigativo, independente e de
dados listados no Mapa do Jornalismo Independente3 promovem a cidadania.
A pesquisa também aplicou um questionário com jornalistas, o que além de
corroborar com o resultado da análise, visto que todos os entrevistados acreditam que o
2A pesquisa contou com a orientação da professora Criselli Montipó, mestre e doutoranda em Jornalismo
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
3 O Mapa do Jornalismo Independente foi criado pela Agência Pública em 2016 e recebe atualização
4Levantamento com base nas redes sociais dos portais analisados, que somam mais 1,7 milhões de
seguidores no Facebook.
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4. Desenvolvimento
Foi constatada nas respostas obtidas uma relação simbiótica entre o financiamento
das reportagens e o seu conteúdo. Para os respondentes, o que torna possível a
elaboração de pautas que promovem a cidadania são as formas alternativas de
financiamento que não restringem o jornalismo ao número de curtidas recebidas em uma
reportagem ou a determinados grupos comercialmente dominantes. Desta forma, o
jornalismo independente e investigativo foi colocado como necessário para a abordagem
de temas e realidades ignoradas por outros setores, inclusive midiáticos, da sociedade.
5. Conclusões
Todas as reportagens analisadas promovem a cidadania, assim como, todos os
entrevistados acreditam que o jornalismo independente é uma forma de promoção da
cidadania. Os respondentes do questionário corroboram com a premissa de uma maior
liberdade na escolha de pautas e relacionamento com personagens dentro do jornalismo
independente e investigativo.
A relação intrínseca observada entre a forma independente do exercício jornalístico
e a promoção da cidadania está relacionada ao financiamento do conteúdo; enquanto a
mídia hegemônica está associada a setores corporativistas, a independente encontra
formas alternativas de financiamento, como o financiamento coletivo.
É possível ampliar esta discussão dentro da pesquisa, que não observou a fonte
de rentabilidade dos portais, sendo estas alternativas elencadas pelos respondentes de
forma natural. Também é possível aprofundar o interesse do público por reportagens que
promovam a cidadania, considerando o financiamento direto desses a estes portais.
6. Referências bibliográficas
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Este trabajo presenta como la comunicación, el arte y las nuevas tecnologías son
herramientas políticas para los derechos humanos, que juntas contribuyen
estratégicamente con la transformación social, con el acceso a la información y la
sensibilización.
La ciudadanía en general, estudiantes de universidades, funcionarias y funcionarios del
sector público desde guardiacárceles hasta diplomáticos como mujeres privadas de
libertad vivieron la experiencia en realidad virtual de Iracema, una joven oriunda de Brasil
que migra a la Argentina en búsqueda de nuevas aventuras, que incluye el descubrimiento
de sus derechos, reconocidos en el MERCOSUR.
El Instituto de Políticas Públicas en Derechos Humanos del MERCOSUR (IPPDH)
incorporó las nuevas narrativas digitales a su Programa de Promoción de Derechos
Humanos con la propuesta multimedia “Derechos MERCOSUR: El viaje de Iracema”,
innovando en las formas de comunicar, informar y sensibilizar sobre los derechos
humanos.
La propuesta utiliza la tecnología y el arte en la estrategia de comunicación política para
sensibilizar e informar sobre los derechos humanos. Desde la narrativa transmedia, en un
lenguaje sencillo y didáctico da a conocer los compromisos asumidos por los Estados, que
son derechos de la población como la salud, la educación, el trabajo, el derecho a migrar.
Palavras-chave: Arial 12 – Derechos Humanos, Comunicación, Realidad Virtual, Arte,
Cultura.
Abstract:
This paper presents how communication, art and new technologies are political tools for
human rights, which together contribute strategically to social transformation, with access
to information and awareness.
Citizenship in general, university students and public employees from prison guards to
1 Corina Leguizamón e Directora de Comunicación y Cultura del Instituto de Políticas Públicas em Derechos
Humanos del MERCOSUR (IPPDH). Licenciada en Ciencias de la Comunicación con Énfasis en
Comunicación Institucional y Master en Derechos Humanos por la Universidad Alcalá de Henares.
Emiliano González Marassa es licenciado en Marketin. Actualmente, cursa la Maestría en Artes Electrónicas
por la Universidad Tres de Febrero de Buenos Aires, Argentina. Es responsable de nuevos médios del
IPPDH. Contactos: cleguizamon@ippdh.mercosur.int y egonzalezm@ippdh.mercosur.int
www.ippdh.mercosur.int
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diplomats as women deprived of liberty lived the virtual reality experience of Iracema, a
young woman from Brazil who migrates to Argentina in search of new adventures, which
includes the discovery of her rights, recognized in the MERCOSUR.
The Institute of Public Policies on human rights of the MERCOSUR[1] incorporated the
new digital narratives to its program of promotion of human rights with the multimedia
proposal "MERCOSUR rights: The journey of Iracema", innovating in the forms of
Communicate, inform and raise awareness about human rights.
The proposal uses technology and art in the strategy of political communication to sensitize
and inform issues about human rights. From the transmedia narrative, in a simple and
didactic language, it makes known the commitments made by the States, which are rights
of the population such as health, education, work, the right to migrate.
La promoción de los derechos humanos no es tarea fácil, sobre todo cuando el objetivo
es contribuir estratégicamente con la transformación social. La comunicación, en este
sentido juega un rol fundamental, dinámico que debe ir más allá de la mera
instrumentalización de sus herramientas. La comunicación es un instrumento político para
los derechos humanos y no está sola para cumplir su objetivo en este ámbito, viene
acompañada de otros instrumentos como las nuevas tecnologías y el arte.
En el trayecto de la producción del Viaje de Iracema, se pudo ver como efectivamente las
nuevas tecnologías incorporadas a una estrategia de comunicación para la promoción de
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2 Marco Raúl Mejía, « La tecnología, la(s) cultura(s) tecnológica(s) y la educación popular en tiempos de
globalización », Polis [Online], 7 | 2004. http://journals.openedition.org/polis/6242
3 Castel Manuel; La dimensión cultural de internet, 2002.
https://www.uoc.edu/culturaxxi/esp/articles/castells0502/castells0502.html
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En los últimos dos años, el IPPDH incorporó la comunicación, el arte y las nuevas
tecnologías como herramientas políticas para los derechos humanos, para contribuir
estratégicamente con la transformación social, con el acceso a la información y la
sensibilización.
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Hasta ahora, más de 800 personas hicieron la experiencia y ha iniciado el recorrido por
penitenciarías provinciales de la Argentina. Cada una de las personas que vivieron la
experiencia, tocada por lo que implica la realidad virtual, en ese mundo que conecta lo
real con lo imaginario, sin perder de vista toda la información contenida en una ficción
sobre los derechos humanos. Es entonces, cuando una persona privada de libertad
reflexiona, luego de haber hecho la experiencia tomada de la mano de una amiga, en una
de las penitenciarías del Gran Buenos Aires:
“Pude conocer un poco más sobre mis derechos; y también, mirando la naturaleza desde
ese aparato, me sentí cinco minutos en libertad”
Con Derechos MERCOSUR: el viaje de Iracema se pudo plasmar cómo las nuevas
tecnologías poseen un valor en sí para el ejercicio de derechos relacionado con el acceso
a la información y la comunicación también, en el sentido que permite forjar redes, facilita
la expresión, el dar a conocer las ideas, muy ligadas a la participación y a la libertad de
expresión4. Sumado a esto, el poder que el arte tiene para la promoción, reparación de
los derechos humanos, en términos de que cada expresión artística nos trae un relato con
4ACEVEDO, Manuel (2004). «Las TIC en las políticas de cooperación al desarrollo: hacia una nueva
cooperación en la Sociedad en Red». En Cuadernos Internacionales de Tecnología para el Desarrollo
Humano, 2. En línea. Ingeniería Sin Fronteras (ISF).
http://www.mujeresenred.net/zonaTIC/IMG/pdf/02_Manuel_Acevedo.pdf
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información poderosa sobre los derechos así como una poesía, una obra de teatro tanto
asistirla como hacerla es en definitiva es la posibilidad de acceder a un derecho, el
derecho a la cultura que a su vez puede reparar violaciones de derechos humanos5.
En definitiva, con el Viaje de Iracema podemos ver que efectivamente estamos ante un
escenario multidisciplinario que bien utilizado, contribuye a cambiar vidas, facilitando el
acceso a la información, conectándonos con el arte, sensibiliza sobre realidades, nos
convoca a participar y a ejercer los derechos.
* “Derechos MERCOSUR: El viaje de Iracema” fue desarrollada integralmente por el IPPDH, entre
las actividades componentes del proyecto “Fortaleciendo Capacidades Institucionales para la
Gestión de Políticas Públicas en Derechos Humanos en el MERCOSUR”, financiado por el Fondo
para la Convergencia Estructural del MERCOSUR (FOCEM).
Bibliografía
• ACEVEDO, Manuel (2004). «Las TIC en las políticas de cooperación al desarrollo: hacia
una nueva cooperación en la Sociedad en Red». En Cuadernos Internacionales de
Tecnología para el Desarrollo Humano, 2. En línea. Ingeniería Sin Fronteras (ISF).
http://www.mujeresenred.net/zonaTIC/IMG/pdf/02_Manuel_Acevedo.pdf
• Barbero, Martín; La comunicación en las transformaciones del campo cultural, Bogotá –
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• Dragon Gamucio, Alfonso; El derecho a la comunicación: articulador de los derechos
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• García Canclini, Nestor; La globalización imaginada. Buenos Aires: Paídos, 1999.
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• Scolari, Carlos; Narrativas Transmedia. Cuando todos los medios cuentan; AECID; Madrid
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5 Sierra Leon Yolanda; Revista Derecho del Estado, ISSN 0122-9893, Nº. 32, 2014, págs. 77 100
https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4765385
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documentarists as well as the people portrayed will be made. The investigation is around
the current political polarization in Brazil.
1. Introdução
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Documentários políticos têm uma busca pelo real propondo uma reparação para a
testemunha e para a história (STIGGER, GUTFREIND, 2016). Dessa forma, na mesma
medida em que possibilitam compreender o acontecimento político, trazem a tona o
valor de prova da imagem e o engajamento único dos cinegrafistas que o realizam.
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4. Desenvolvimento
Em linhas gerais, o projeto se divide em duas propostas: realizar um diálogo com teorias
políticas e problematizar a narrativa dos documentários como mídia, buscando pensar
manifestações como uma forma de comunicação. Pretende-se estruturar como tem se
dado o debate sobre o manifestante no cenário cívico brasileiro recente pensando a
polarização para além de dois pólos, mas sim enviesada e assimétrica, como forma de
validar a realidade de enunciados e compreender o fluxo de narrativas e as
contranarrativas elaboradas.
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5. Conclusões
6. Referencias bibliográficas
BARROS, Ana Taís Martins Portanova. DUVOISIN, Aline Almeida. Acerca do valor
simbólico das imagens técnicas. Revista Culturas Midiáticas. Ano X, n. 18 - jan-jun/2017.
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Resumo:
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Abstract:
Considering the popularization of street music in Rio de Janeiro in recent years, the present
work investigates the role of street vendors in this movement after a period of Order Shock
in the city. Acting in partnership with cultural groups and microevents - which were far from
the official calendar of entertainment in the city - the groups of itinerants begin to assume
new performativity and protagonism. The research considers the end of the Olympic Cycle,
the change in the command of the City Hall and reduction of the reach of the regulatory
forces like the operation "Shock of Order", of Eduardo Paes, for the greater development
of the work of these groups. Producing their own events, also taking on the roles of
musicians and DJs, these sellers, in the midst of a precarious work condition, establish
innovative forms of activism and entrepreneurship in the city. In this way, the research
comprehends the force of informality as a source of new practices of social interaction,
activism and the right to the city in post-Olympic Rio de Janeiro. Mapping and participant
observation are the methodological efforts of the survey, which investigates street vendors
in the city center.
Keywords:
1. Introdução
Durante a gestão do Prefeito Eduardo Paes, a operação Choque de Ordem2 lançou
uma guerra ao comércio ambulante da cidade, numa proposta de investir num Rio de
Janeiro tido como mais organizado e limpo para receber os Jogos Olímpicos. Grandes
shows, megaeventos e o desenvolvimento centrado no turismo faziam parte da plataforma
de gestão da Prefeitura, que chegou, por exemplo, a substituir quiosques da praia,
expulsar vendedores informais do Centro, entre outras atividades que exaltavam o
discurso de uma cidade oficial e outra que estaria à margem dela. Existiu, portanto, a
construção por parte da própria Prefeitura, de uma ideia de um Rio de Janeiro oficial e
uma cidade “pirata”, que não estaria de acordo com as normas da metrópole Olímpica.
Neste mesmo momento, um potente movimento de microeventos de rua
(HERSCHMANN; FERNANDES, 2016) se espalhou pelas ruas da Capital Fluminense
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com discurso antagônico à ideia da cidade mercadoria (FREITAS, 2017) através de festas,
shows e cortejos informais. Naturalmente, por se tratar de um fenômeno cultural que
acontece nas ruas, os vendedores ambulantes passaram a ter papel fundamental neste
processo, acompanhando grupos, coletivos e musicos em suas apresentações itinerantes
pelas ruas da cidade.
Ao final do Ciclo Olímpico, com a diminuição do dinheiro, recursos e fiscalização em
torno da produção cultural na rua, observa-se uma nova configuração onde os próprios
vendedores ambulantes, anteriormente perseguidos, passam a criar blocos de carnaval,
a serem detendores de espaços culturais e a assumir o protagonismo enquanto músicos,
DJs, entre outras estratégias de performatividade e até mesmo sobrevivência. A presente
pesquisa investiga o trabalho destes corpos precarizados, excluídos do imaginário da
Cidade Olímpica, agora atuando em aliança (BUTLER, 2018) com músicos, artistas e
foliões que estiveram excluidos de um modelo de entretenimento no Rio de Janeiro.
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4. Desenvolvimento
A partir do momento em que a cidade muda de gestão, o projeto Olímpico se esvai
e os conceitos da cidade criativa ou Olímpica vão se enfraquecendo junto do
enfraquecimento da fiscalização e formalização dos processos, o Rio de Janeiro acaba
abrindo margem para a proliferação de uma produção informal e ativista com maior
frequencia, sem que a própria Prefeitura tivesse o menor conhecimento das mesmas.
Straw (2018) ao tratar da gestão pública, por exemplo, em regimes noturnos, concebe que
a importancia econômica de tais grupos “raramente é medida com datalhes” (p.329).
Assim, podemos perceber, no Rio de Janeiro, que a partir do desconhecimento, da falta
de controle e do não interesse da gestão públicas nestes grupos, um espaço frutífero, livre
e autêntico para manifestações ativistas e auto-organizadas passa a se desenvolver. Os
ambulantes, portanto, antigamente com maior dificuldade para existir, se aproximam das
práticas que Harvey (2014) vai chamar de “reivindicar a cidade” (p.211), ocupando praças,
fazendo festas públicas, empreendendo na rua, reunindo grupos em cortejos,
apropriando-se de obras olímpicas, entre outras atividades.
5. Conclusões
Considerando o fim do Ciclo Olímpico e aumento da informalidade na cidade,
constatamos uma maior aliança (BUTLER, 2018) entre corpos que estiveram precarizados
e ausentes do calendário Olímpico da cidade e que, agora, atuam em parceria para
poderem existir num Rio de Janeiro que constrói uma nova história. Diante da menor
espetacularização, diminuição da quantidade de investimentos e obras, os coletivos
ambulantes, junto aos antigos músicos, consumidores e produtores da dita “cultura de rua”
do Rio de Janeiro (HERSCHMANN; FERNANDES, 2016), ajudam na movimentação
econômica da cidade em tempos de crise, além de apresentar alternativas ao potencial
aumento de preços e transoformação do caráter ativista de tais manifestações num
momento onde cada vez mais grandes marcas se aproximam da cultura de rua,
produzindo eventos próprios que replicam seu caráter ativista interessados em vendas.
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Assim, além dos mesmos terem inclusive ajudado a combater a ideia do medo das
ruas em tempos de invervenção militar na cidade, retomam a vida no espaço público e
estabelecem novos regimes e modos de existir no Rio de Janeiro depois das Olimpíadas.
6. Referencias bibliográficas
FREITAS, Ricardo. Da cidade espetáculo à cidade mercadoria. Ecopós. vol. 20. n3.
2017.
STRAW, Will. In: Urbanização da política musical: cidades e a cultura da noite. Cidades
Musicais: Comunicação, Territorialidade e política. Rio de Janeiro: FERNANDES,
Cintia SanMartin; HERSCHMANN, Micael. (org). Sulina, 2018.
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Migrant women and refugees LBT: activism in the social media and
in the streets
Abstract: The work investigates the potential of a collective of migrants and refugees
lesbians and bisexuals. We start from the assumption that the counter-hegemonic
communication is powerful because it brings a look coming from own migrant women as
agents rather than as a monolithic group. Analyze the role of women in social networks,
your engagement with the domestic policy and guidelines how to insert the migration
debate in the spaces of activism.
1. Introdução
O trabalho investiga a importância da comunicação como forma de ampliar o debate
sobre migrações para a sociedade civil, a partir de estratégias elaboradas pelos próprios
refugiados. Particularmente, interesso-me pelas atividades culturais desenvolvidas pelo
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4. Desenvolvimento
1. Definindo refúgio, bordas e fronteiras
2. Xenofobia, racismo e discriminação
3. Comunicação como uma estratégia política: Coletivo MILB (SP)
3.1 Histórico, atividades, desafios, logros, parcerias com movimentos.
3.2 Estratégias de comunicação (atividades e redes sociais)
4. Conclusões/ Apontamentos
5. Conclusões
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A comunicação é uma ferramenta vasta que precisa ser (re)apropriada pela sociedade
civil organizada para difusão de temas sociais, visto que no cenário político atual não há
interesse governamental de investimento em comunicação, tampouco dedicado à
agenda migratória. O diálogo entre a população precisa ser manejado pela própria
sociedade civil organizada, de forma criativa.
6. Referencias bibliográficas
CAÑAS, Tania. Unwelcome mats: a decolonial intervention challeging the refugee
welcome-narrative. Community Psychology in Global Perspective (CPGP), 2013. Volume
13, nº 1, pp. 72-86.Disponível em: http://siba-ese.unisalento.it/index.php/cpgp/article/
view/15618 Acesso em: 23/05/2019.
ELIAS, N. & SCOTSON, John. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das
relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar,
Ed. 2000.
MIGNOLO, W. Colonialidade. O lado mais escuro da modernidade. Tradução de
Marco Oliveira. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 32 n° 94, junho/2017.
D i s p o n í v e l e m : h t t p : / / w w w. s c i e l o . b r / p d f / r b c s o c / v 3 2 n 9 4 / 0 1 0 2 - 6 9 0 9 -
rbcsoc-3294022017.pdf Acesso em: 22/05/2019.
MIGNOLO, Walter D; TLOSTANOVA, Madina V. Theorizing from the borders. Shifting
to Geo- and Body- Politics of Knowledge. European Journal of Social Theory , Volume 9,
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Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1368431006063333 Acesso
em: 22/05/2019.
OLIVA, T. Minorias sexuais enquanto 'Grupo Social' e o reconhecimento do status
de refugiado no Brasil. Brasília, DF: ACNUR Brasil, 2012. (Diretório de Teses de
Doutorado e Dissertações de Mestrado do ACNUR).
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte, Editora UFMG,
2010.
SPIJKERBOER, Thomas; JANSEN, Sabine. Fleeing Homophobia: Asylum Claims
Related to Sexual Orientation and Gender Identity in the EU (September 6, 2011).
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Fleeing Homophobia: Asylum Claims Related to Sexual Orientation and Gender Identity
in the EU, Coc Nederland/Vu University Amsterdam 2011. Disponível em: https://
ssrn.com/abstract=2097783 Acesso em 12/03/2019.
WEßELS, Janna. Sexual Orientation in Refugee Status Determination. Refugee
Studies Centre. Oxford, Abril de 2011. Disponível em:
http://www.refworld.org/pdfid/4ebb93182.pdf Acesso em: 20/06/2017.
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Resumo:
A presente pesquisa experimenta outras estratégias de comunicação ao resgatar a
história não contada do protagonismo da mulher na invenção e produção de cerveja, a fim
de pensar direitos humanos, mais precisamente, direitos da mulher. A partir desse
histórico, somado a pesquisa bibliográfica e estudo de caso, propõe-se uma reflexão sobre
as relações de poder criadas a partir de gênero, raça e classe.
Abstract: The present research tries other strategies of communication in rescuing the
untold story of the protagonism of the woman in the invention and production of beer, in
order to think human rights, more precisely, women's rights. From this historical, in addition
to bibliographical research and case study, it is proposed a reflection on the relations of
power created from gender, race and class.
1. Introdução
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por que cargas d´agua tantas mulheres são contra o feminismo? Que engrenagens tão
fortes e poderosas são essas que fazem com que mulheres defendam as próprias
algemas? Será que não há consciência da opressão sofrida? Estaríamos falhando nessa
comunicação? Se sim, onde?
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A seguir, esboçaremos alguns dos temas que pretendemos enfrentar através desse
resgaste histórico e suas principais referências bibliográficas.
A ilustrar tal hipótese, apontou Angela Davis, “Na opinião de um historiador “as
mulheres escravas eram primeiro trabalhadoras a tempo inteiro para o seu dono e depois
apenas incidentalmente uma esposa, uma mãe, uma dona de casa”. Tendo em conta que
no século XIX a ideologia de feminilidade enfatizava os papéis de mães cuidadoras,
companheiras dóceis e donas de casas para os seus maridos, as mulheres negras eram
praticamente uma anomalia.” (DAVIS, 2016).
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Até agora visitei a Biblioteca Nacional por se tratar do repositório oficial de cópias
de toda obra já escrita. Iniciamos a pesquisa por livros que tratem da questão aqui
explorada, restando explorar jornais e revistas que referenciem esse contexto. Pretendo
visitar ainda O Real Gabinete Português de Leitura e, ainda, o Museu da Inquisição em
Belo Horizonte, Minas Gerais.
Por fim, a fim de pensar tais questões no contexto atual, pretende-se realizar um
estudo de caso sobre “os coletivos atuais de mulheres cervejeiras”, a ser desenvolvido a
partir entrevistas, análise de conteúdo, observação participante, questionários, pesquisa
documental, pesquisa bibliográfica e registros em arquivos e internet.
4. Desenvolvimento
4.1. O surgimento da cerveja e o protagonismo da mulher
4.2. A interferencia dos homens e da Igreja na produção de cerveja por mulheres
4.3. A relação da mulher e da cerveja na atualidade
4.4. As bruxas de ontem e de hoje – Visibilização do sistema patriarcal e suas estgratégias
5. Conclusões
O presente artigo não tem a pretensão de alçar respostas ou esgotar os tantos
assuntos que aqui se entrecruzaram, mas antes de tudo demonstrar tais imbricações e
promover a reflexão sobre as mesmas, tendo como pano de fundo a rica relação da mulher
com a cerveja ao longo do tempo.
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6. Referencias bibliográficas
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da
discriminação racial relativos ao gênero, 2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ref/v10n1/11636.pdf
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Rio de Janeiro: Boitempo, 2016.
FEDERECI, Silvia, “Calibã e a Bruxa”, 2004.
HIRATA, Helena. Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais.
Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, V.26, n1, 2014, pp.61-73.
HIRATA, Helena… [et al.] (Orgs). Dicionário crítico do Feminismo. São Paulo: Editora
UNESP, 2009.
KERGOAT, Danièle; em DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E RELAÇÕES SOCIAIS DE
SEXO, Disponível em
https://poligen.polignu.org/sites/poligen.polignu.org/files/adivisaosexualdotrabalho_0.pdf
KOLANTAI, Alexandra. A mulher trabalhadora na sociedade contemporânea, in A
revolução das mulheres: emancipação feminina na Rússia soviética/organização
Graziela Schneider – 1 ed. – São Paulo: Boitempo, 2017.
KOLANTAI, Alexandra. A nova mulher a a moral sexual. 2 ed. São Paulo:Expressão
Popular. 2011.
LOURENSEN, R. A. A cerveja e a mulher na História. Disponível em: <
http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2016/10/04/a-cerveja-e-a-mulher-na-
historia/>. Acesso em 22 de jul. 2018.
PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. São Paulo: Paz e Terra, 1993.
SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade, 3ª edição.
São Paulo: editora Expressão Popular, 2013.
SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, Patriarcado Violência. 2ª edição. São Paulo: editora
Expressão Popular, 2015.
WOLLSTONECRAFT, Mary. Reinvindicação dos Direitos da Mulher, 1 ed. – São Paulo;
Boitempo, 2016.
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1. Introdução
Com o objetivo de enfrentar o poderio dos centros dominantes, a partir do campo
simbólico, foi criado em 2005, com suporte da Aliança Bolivariana para os Povos de
Nossa Américas (ALBA), e por iniciativa do então presidente venezuelano, Hugo
Chávez, um projeto de integração regional que atua diretamente no campo político e
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4. Desenvolvimento
A investigação encontra-se na etapa de investigação do estado da arte, a partir
da qual construiremos o diálogo com os dados empíricos. Os temas que estamos
investigando nesse momento da pesquisa versam sobre culturas e identidades, atuação
da mídia, principalmente a televisão, na América Latina, e os pressupostos da
perspectiva teórica da construção social da realidade.
Essa etapa é realizada em paralelo com o levantamento dos dados empíricos, em
que estamos visualizando as edições dos programas No son tuits son histórias e
Realidades, veiculados em 2016, selecionando, baixando e sistematizando as edições
que serão analisadas posteriormente.
5. Conclusões
Por está em fase inicial de desenvolvimento, considerando que iniciamos o
doutorado em março deste ano, ainda não podemos encaminhar conclusões, mesmo
que parciais, sobre a pesquisa. O que podemos apontar são projeções resultantes do
contato com o corpus empírico, e que podem ser confirmadas ou refutadas ao término
das investigações. Nesse sentido, verificamos uma abordagem horizontalizada da
emissora sobre as dinâmicas identitárias e culturais da América Latina, a partir de um
processo comunicativo sul-sul (da e para a América Latina).
O propósito de produzir uma narrativa plural da realidade latino-americana
transparece nos programas visualizados, uma vez que o conteúdo explorado tem lócus
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6. Referencias bibliográficas
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Abstract: In this work, we will analyze the processes of regulation of street culture in Rio
de Janeiro. Private spaces are, for the most part, highly subject to surveillance and
therefore tend to adjust in a more intense way to regulatory policies. The street, on the
other hand, is diffuse and fragmented space, difficult to apprehend and control, for where
practices that defy the vigilant structure of culture are forged. The control of street cultural
practices presents, in this sense, specific difficulties linked to the ethos of the street that
refers to nomadisms. The recent changes in the regulation legislation and the stiffening
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of the control of the cultural activities highlighted by the actors that participated in the
research was the kick for the analysis of the parameters that guide the regulation of
these practices. We will discuss the legislation of the street events in the city of Rio de
Janeiro, the new propositions and the dissensual practices that are presented against
this scenario of stiffening in the control of the street cultural practices in the city. For this,
we used the cartographic method in the survey of the street cultural scenes and the
analysis of the challenges in the legalization process of the events and the consequent
deviant practices in this scenario.
1. Introdução
A insurgência de atividades engajadas de ocupação do espaço público no Rio de
Janeiro são parte da história da cidade, onde, em correspondência às demandas de
cada época, os atores desenvolvem atividades de arte e cultura pública suscitando
debates diversos em relação à urbe. As reformas urbanas e o investimento público nos
megaeventos recentes suscitaram um intenso debate em relação à perenidade dos
benefícios dessas iniciativas e sobre a ocupação dos espaços públicos. A falta de
diálogo entre o poder público e as populações locais e os constantes posicionamentos
autoritários do governo neste processo (FERREIRA, 2010) conferiu centralidade à
questão da apropriação dos espaços da cidade, provocando os mais diversos tipos de
manifestações, dentre elas as culturais e musicais.
O aumento dos atores interessados na ocupação dos espaços público pode ser
verificado também após os protestos políticos de junho de 2013, onde uma série de
coletivos culturais pautam ações engajadas na recuperação do senso público das ruas
da cidade (MARTINS, 2015). Este é o cenário em que se montam atividades culturais
que disputam a praça pública em suas mais diversas correntes no período de 2012 e
2014. Na contramão desse forte reavivamento das atividades de rua na cidade, percebe-
se um consequente enrijecimento regulatório do Estado em relação ao ordenamento da
cidade.
Duas medidas são aprovadas: a Lei do Artista (2012) e a criação do sistema
online de autorização de eventos de rua (2015) das quais falaremos a seguir. O presente
trabalho pretende analisar o cenário atual das atividades culturais de rua após o período
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dos megaeventos e a criação dos parâmetros regulatórios que visam, em teoria, garantir
que as atividades da cultura de rua aconteçam mediante certas responsabilidades. Face
ao cenário atual de recorrentes paralisações e embargos de atividades culturais 2,
pretendemos refletir sobre a relação entre as regulações do Estado (leis), as práticas
vigilantes (ações de agentes da ordem pública) e as ações dos atores culturais mediante
a estrutura legal, verificando a aplicabilidade dessas leis no cotidiano e as
consequências para as atividades culturais de rua.
2. Metodologia
Essa análise faz parte da pesquisa sobre festas urbanas no Rio de Janeiro, onde
realizamos uma cartografia das ações culturais no centro da cidade desde 2016.
Realizamos até o presente momento o trabalho de campo e reunimos dezenove
entrevistas com produtores culturais, artistas de rua e frequentadores dessas atividades
na cidade. Durante a investigação percebemos que, apesar da garantia legal das
manifestações artísticas de rua, a aplicação dessas leis pelos agentes públicos é
atravessada por questões de diferentes ordens que avaliam, por exemplo, o impacto
econômico dessas ações em relação ao poder privado local, a qualidade e a validade do
fazer artístico, o julgamento moral, a adequação ao espaço por termos de gosto e o teor
crítico da atividade. Diante da observação de que não são apenas as leis que regulam a
atividade cultural de rua, nos questionamos, a partir do levantamento cartográfico, quais
são os demais parâmetros de regulação? E quais impactos disso para a cena artística
urbana e para a cidade?
2 Matéria do Jornal O Globo: “Prefeitura interdita parcialmente festa de rua do Rivalzinho” (2017). Matéria
do Jornal Extra: “Pedra do Sal cancela roda de samba e responsabiliza guarda municipal que nega
intervenção” (2017). Matéria do Jornal O Globo: “Bloco Tambores de Olokun é impedido pela Prefeitura
de realizar ensaio no Aterro do Flamengo” (2017). Matéria do Jornal O Dia: “Polícia Militar impede
realização do samba Pede Teresa” (2017), entre outros.
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4. Desenvolvimento
A discussão sobre a ocupação do espaço por artistas de rua e pelas festas de rua
requer uma análise atenta não apenas do teor legal, mas, sobretudo, do comportamento
dessas leis no campo. Dentre as legalidades que levantamos, destacamos duas que são
citadas predominantemente pelos produtores culturais, são elas: a Lei do Artista e o
decreto de criação do Rio Mais Fácil. A Lei do artista de rua é reconhecida pelos grupos
de artistas de rua como um importante passo para a garantia do direito à ocupação dos
espaços públicos. Este reconhecimento é resultado da validação legal do direito à
atividade artística no espaço público sem autorização prévia, mediante
responsabilidades como livre circulação, limite de horário e gratuidade das
apresentações. O Rio Mais Fácil, por sua vez, trata da virtualização dos processos de
alvará da Prefeitura que concedem o direito de realização de eventos nos espaços
públicos. Através da internet os produtores culturais submetem os pedidos de
autorizações aos diversos órgãos para a realização dos eventos.
A partir do acompanhamento dos atores, das entrevistas e da participação em
eventos de rua, percebemos que a estrutura legal é ineficiente por não contemplar de
forma plena os artistas e produtores culturais. Destacamos aqui três perspectivas
relevantes para entendermos as diferentes linhas que costuram cotidianamente as
regulações das práticas culturais de rua atualmente: 1) a intensificação da centralidade
do interesse privado nas políticas públicas de cultura frente a um contexto de crise
econômica; 2) a crise de segurança e o consequente esvaziamento dos espaços
públicos altamente sustentado pela narrativa do medo e 3) os julgamentos moralizantes
das atividades artísticas públicas e privadas realizados pela sociedade civil.
Em um contexto de crise econômica, os empresários enxergam as práticas
artísticas de rua como ações altamente danosas à inciativa privada. A posição do
empresariado da Lapa, por exemplo, é de que os eventos de rua, bem como os
ambulantes, são uma concorrência desleal aos seus negócios. É comum identificar o
discurso de que os eventos públicos são altamente danosos à cidade, pois representam
transtornos à ordem pública, à segurança e ao turismo. O argumento da inciativa privada
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5. Conclusões
3 Moral refere-se ao conjunto de normas, princípios e valores em uma determinada sociedade. Essas
regras norteiam noções como certo e errado, bem e mal. A moral é fruto de um padrão cultural adotado
por dada comunidade ou sociedade, sendo perpetuada pela recorrência de suas práticas ao longo da
história. (Ricœur, 1990).
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aos eventos de rua está sujeito a fatores como o perfil do público, o alcance, as
vizinhanças, a presença de comércio de atividade similar, o formato da ação e a
presença ou não de narrativas engajadas. Ou seja, estão mais atreladas à
especificidade das práticas, dos locais, dos modi operandi da atividade em questão, do
que propriamente com os legalismos de fato.
Apesar do cenário que construímos acima, os mecanismos de controle não são
totais, ou seja, não abarcam a integralidade social. Na contramão deste cenário de
recrudescimento, percebemos a movimentação de uma série grupos artísticos e
culturais que desenvolvem atividades altamente engajadas de forma dispersa nas
brechas da cidade. Os processos de repressão são acompanhados pela ativação de
práticas de contramão que indicam diferentes níveis e escalas de práticas subversivas e
politicamente implicadas. Essa perspectiva é essencial por propor reflexões menos
reducionistas sobre cidade, arte e cultura que analisem os processos de censura,
repressão e exclusão na complexidade em que os mesmos se dão na vida cotidiana,
onde a vigilância não é total e nem mesmo a subjetividade é docilizada por completo.
6. Referencias bibliográficas
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs vol. 4. São Paulo: Ed, v. 34, p. 47, 1997.
MARTINS, Daniel Marcos. Música, identidade e ativismo: a música nos protestos de rua
no Rio de Janeiro (2013-2015). Revista Vórtex. Curitiba, v.3, n.2, 2015, p.188-207
NOGUEIRA, Maria Luísa Magalhães. Corpos políticos. In: Anais do III Seminário
Internacional Urbicentros. Salvador, v. 22. p. 34- 49. 2012
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Resumo: O objetivo deste artigo é mapear algumas aparições do "estupro corretivo" nos
periódicos de internet nos últimos 10 anos, analisar como se deu a cobertura dos fatos,
e de que forma a mídia pode colaborar com a perpetuação da violência masculina sobre
mulheres. Para percorrer este trajeto, além das matérias veiculadas, utilizaremos um
marco teórico composto pela análise de discurso feminista, de Andrea Franulic;
alicerçada na teoria feminista: a heterossexualidade compulsória, de Adrienne Rich; a
importância de resgatar a linguagem das mãos dos homens, com Carol Hanisch, Janice
Raymond e Catharine MacKinnon; e as feministas Margarita Pisano e Simone de
Beauvoir, com suas contribuições acerca da masculinidade. Além disso, traremos dados
do Dossiê sobre Lesbocídio, que nos ajuda a pensar na invisibilidade das violências
cometidas contra lésbicas.
Abstract: The aim of this article is to map some of the occurrences of "corrective rape" in
internet journals in the last 10 years, to analyze how the facts were covered, and how the
media can contribute to perpetuate male violence against women. To go this route, in
addition to the material conveyed, we will use a theoretical framework composed by the
analysis of the feminist discourse, by Andrea Franulic; based on feminist theory:
Adrienne Rich's compulsory heterosexuality; the importance of rescuing language from
the hands of men, with Carol Hanisch, Janice Raymond and Catharine MacKinnon; and
the feminists Margarita Pisano and Simone de Beauvoir, with their contributions about
masculinity. In addition, we will bring data from the Lesbocide dossier, which helps us
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1. Introdução
Em 26 de abril de 2018, uma jovem, de 22 anos, que tentava voltar para casa, foi
abordada, agredida e estuprada por um homem, em Niterói, no estado do Rio de
Janeiro. De acordo com a reportagem veiculada sobre o caso, após ser abordada por
este homem e seus amigos, no bar onde se divertia, na Praça da Cantareira, e ter
recusado as insistentes aproximações, alegando interesse em uma mulher que estava
no local, ela foi seguida e sofreu estupro corretivo, no caminho para o terminal
rodoviário. A violência ocorreu a cerca de 500 metros de onde estavam, às 22 horas
daquela quinta-feira.
Estas histórias não são exceções. Elas são muitas, ainda que mascaradas por um
viés paternalista das instituições patriarcais, que silenciam lésbicas e bissexuais em
relacionamentos lesboafetivos. Quando estas mulheres falam sobre estupro corretivo,
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esta variação do abuso sexual pouco comentada pelas grandes mídias, elas estão
falando sobre uma violência que acontece quando homens decidem que podem e
devem punir mulheres lésbicas, a fim de conformá-las à heterossexualidade, ou seja,
com o pretenso objetivo de transformá-las em mulheres heterossexuais.
heteropatriarcais.
Aparentemente, o termo estupro corretivo foi utilizado pela primeira vez na África
do Sul, depois de casos como o de Eudy Simelane (que também foi assassinada no
mesmo ataque) e Zoliswa Nkonyana terem se tornado públicos. No Brasil, o termo
entrou na lei 13.718, sancionada em setembro de 2018, que criou penas específicas
para agressões já conhecidas pela população de mulheres e LGBTs, entre elas, o
chamado estupro corretivo. Embora nos meios militantes já se aborde o termo pelo
menos desde o início dos anos 2000, é comum as pessoas o desconhecerem.
Ela nos diz que a notícia é transmitida como se fosse um show, sem explicar as
coisas. Enquanto imagens violentas são mostradas, e poderíamos pensar que isso
refrearia o fenômeno ao expor uma atitude tão destrutiva, o que acaba acontecendo é
que muitas pessoas veem o agressor como um herói patriarcal. No Brasil, por exemplo,
com a lei que tipifica o feminicídio e o qualifica como crime hediondo, temos visto um
aumento significativo de notícias sobre violências contra mulher, no entanto, a lógica
apresentada por Acosta se mantém. Os grandes veículos não apresentam preocupação
ou comprometimento com o conteúdo veiculado, parece só mais um programa de
entretenimento bizarro.
4. Conclusões
Sabemos que a misoginia e a lesbofobia, perpetradas pelas instituições
patriarcais – Ciência, Filosofia, Religiões, Jurídico, Mídia, etc. – são as principais
responsáveis pela ausência de denúncias por parte das mulheres, o que acaba por
reproduzir a invisibilidade lésbica, já que os números oficiais nunca contam a história
das mulheres lésbicas, como bem denuncia o Dossiê sobre Lesbocídio. É preciso,
portanto, observar de perto as estratégias midiáticas de cooptação das lutas e tentar
entender o que as grandes empresas podem ganhar se apropriando da linguagem dos
movimentos sociais. A quem servem as instituições midiáticas? A quem servem as leis?
Se Simone de Beauvoir nos ensina algo em seu “Segundo Sexo”, que completa 70 anos
em 2019, é que o mundo sempre foi dos homens, e que nós sempre fomos Objeto
forjado pela masculinidade.
Da mesma forma que a casa das mulheres não é segura para mulheres, a rua
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também não o é. Especialmente para mulheres lésbicas. Seja pelo avanço dos discursos
de ódio; seja pelo medo arraigado na nossa subjetividade, com tanta violência contra
mulheres, perpetuada especialmente pelas instituições midiáticas; seja pelo perigo
iminente das ruas escuras e assédios escancarados que vivenciamos todos os dias.
Devemos levar em consideração que a heterossexualidade é a norma que multiplica a
violência doméstica, tão comum às mulheres heterossexuais; e também é a norma que
faz espaços privados serem tão nocivos às mulheres lésbicas. A heterossexualidade é a
norma, no sentido de conferir uma mínima segurança em espaços públicos às mulheres
bissexuais em relacionamentos com homens, pois conseguem mascarar sua
sexualidade desviante; e também é a norma, quando mulheres lésbicas são estupradas
por estranhos ou conhecidos em espaços domésticos, ou ermos e desocupados. A
heterossexualidade é a norma, enquanto sexualidade; e é a prisão e a linguagem que
usamos no mundo masculinista, enquanto regra máxima que dissemina e legitima a
violência contra mulheres lésbicas, seja através das instituições ou nas vidas pessoais
de homens que desejam se vingar de mulheres — das mulheres que dizem não ao poder
e à dominação patriarcal.
5. Referencias bibliográficas
Andrade, VRP. A soberania patriarcal: o sistema de justiça criminal no tratamento da
violência sexual contra a mulher. Seqüência: Estudos Jurídicos e Políticos,
Florianópolis, p. 71-102, jan. 2005. ISSN 2177-7055. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/15185>. Acesso em: 26 maio
2019. doi:https://doi.org/10.5007/%x.
Beauvoir. S. O segundo sexo. Tradução: Sérgio Milliet. 2ª edição. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2009.
Franulic, A. (2015). Por un análisis feminista del discurso desde la diferencia sexual.
ALED 15.
Paá gina | 6
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Abstract: The intention of the present work is to investigate the experience of cinema in
the street as a form of solidarity, occupation of the city and reexistence. The central
question is the following question: what happens when the cinema occupies the street?
From this questioning we intend to investigate the political powers of cinema experiences
that occur in urban spaces. The hypothesis presented is that the experiences of sounds,
images and affections construct displacements of the subjects in the city, inviting them to
exist collectively in this space and to make use of the right to the city, reinventing it.
There is a premise in the present study: that the cinema in the street is something distinct
from the experience of cinema in closed places, being of the order of the ephemeral and
having its multiple dimensions associated to the dimensions of the city. Thus the cinema
on the street is urban and communication experience par excellence. To analyze it, I
make use of the methodology of cartography, with the technique of participant
observation punctuating different experiences around the city, which are the initiatives
Cinevila and Cinegiro. As a result, I find the resignification of space in the subjects'
displacements and the resulting performativity, modifying, to some extent, the flows of the
city of Rio de Janeiro.
1. Introdução
Este trabalho tem o objetivo de pensar formas de solidariedade, ocupação e resistência
a partir das experiências de CINEMA NA RUA, ações que compreendemos como
imbricações entre a cidade e o sujeito, o cinema e a cidade. Será na construção de
relações horizontais, multidimensionais, de afeto, de sons e imagens do cinema e da
cidade, emaranhados, que nos debruçamos sobre tais práticas. A pergunta central é: o
que acontece quando o cinema ocupa a Rua? A partir desta, outras indagações surgem:
que outras experiências da cidade e dos sujeitos acontecem? Tem-se como hipótese
que, ao ocupar um espaço urbano com projeções de cinema, as experiências de sons,
imagens e afetos - que constituem o cinema como o conhecemos - constroem
deslocamentos dos sujeitos na urbe, convidando-os a existirem coletivamente neste
espaço. O percurso metodológico conta com a cartografia a partir da perspectiva de
Jesús Martin-Barbero (2009) e Bruno Latour (2012), pontuando a um só tempo os
espaços existentes na cidade e identificando os atores sociais inseridos em tais
experiências. Nesse espaço, onde o cinema adentrou, ainda sob a ideia de lanterna
mágica, e posteriormente cinematógrafo, ainda nos idos do século XIX, os ares da
modernidade que derrubaram morros e cortiços, que atravessaram casas e corpos, o
cinema, em certa medida, ajudou a construir o imaginário do homem moderno, racional,
individual, eurocêntrico. Não foi por acaso que, anos mais tarde, na solidificação de um
projeto de Estado Nacional moderno nos anos 1930 e sob o jugo de Getúlio Vargas e o
recém-inaugurado Instituto Nacional de Cinema e Educação (INCE), ali estava o cinema
como política pública, projeto de construção de uma identidade brasileira, unificada no
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com as narrativas da tela, podendo gerar vinculações dos sujeitos entre si e com a
cidade, na medida de construir outras formas de solidariedade e reexistência.
Caminhamos em diálogo com o ideário de Judith Butler para apontar o cinema NA rua
em sua instância política, fazendo convergirem a ideia da assembleia repentina, como
“uma forma imprevista de performatividade política que coloca a vida possível de ser
vivida” (2018, p.24) e a perspectiva da performatividade, também em Butler, como
formas corporificadas de ação” (2018, p.14). Pensando a partir das ocupações dos
espaços urbanos por corpos em aliança, Butler aponta para a construção de um corpo
político, que vai na contramão das normas com as quais se constitui a coletividade. O
corpo, para a autora e para este estudo, é uma relação que institui lugares e valores
para cada sujeito, organizando-os a partir de experiências de espaço e tempo. Dessa
forma, as manifestações públicas, que constituem deslocamentos, movimentos ou, como
observa Butler, performatividades onde os corpos se reúnem em função de uma outra
experiência de espaço urbano, oferecem outras percepções de espaço e tempo,
deslocamentos de sujeitos e sentidos, propondo outras ocupações da cidade e
possibilitando ressignificações do direito à cidade (HARVEY, 2014). Trazendo para a
presente discussão a ideia de performatividade, temos que esta apresenta-se como
movimento do corpo em relação ao outro se dá no cinema NA rua como experiência
sensível, que atravessa a um só tempo o sujeito e a cidade, fazendo-se coletiva e,
portanto, política, na medida em que promove o deslocamento dos elementos que
compõem a cidade em direção a outro existir.
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4. Desenvolvimento
Se cartografar é construir mapas, imagens de espaços, seria procedente apresentar um
mapeamento preciso de estruturas fixas que pudessem dar conta do fenômeno social
abordado. Contudo, se falamos da experiência sensível, de imaginários e
experimentações de espaço tempo do sujeito atravessado pelo cinema em meio à vida,
o mero registro a análise técnica ou a descrição cronológica do fato não serão capazes
de materializar com competência os resultados. Resta-nos percorrer aos mapas
noturnos de Martin-Barbero (2009) ou Paola Berenstein (2012) sobre a cidade, em modo
errante, como ocupação fugidia, mais de alma do que de técnica. Assim, caberá
mergulhar na vivência do sujeito atravessado pela experiência. Sujeito que observa.
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Pesquisa e vivencia. Sujeito que sente. Sujeito que ocupa as praças, que cria narrativas,
seja ao sugerir palavras que vão atravessar os muros da cidade, seja para atravessar a
projeção com seu corpo.
5. Conclusões
6. Referências bibliográficas
BUTLER,Judith. Corpos em aliança e a política das ruas:notas para uma teoria performativa de
assembleia. Tradução: Fernanda Siqueira Miguens; Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2018
DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Trad. Vera Casa Nova,Márcia
Árbex. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2011
GONZAGA, Alice. Palácios e poeiras: 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
Record, 1996
HARVEY, DAVID. Cidades Rebeldes: do Direito à cidade à revolução urbana. Martins Fontes,
São Paulo, 2014.
LATOUR, Bruno. Reagregando o Social.
Bauru, SP: EDUSC/ Salvador, BA:EDUFBA,2012JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos
errantes. Salvador: EDUFBA, 2012.
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. 5. ed. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo:
Centauro Editora, 2011
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Ofício de Cartógrafo – Travessias latino-americanas da
comunicação na cultura. Tradução: Fidelina Gonzáles. Coleção Comunicação contemporânea 3,
São Paulo: Edições Loyola, [2014] 2004.
PALLAMIN, Vera. Arte, cultura e cidade: aspectos estético-políticos contemporâneos. São
Paulo:Annablume, 2015.
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Resumo: O artigo em questão tem como objetivo discutir o papel das condições
tecnológicas do Facebook como a instantaneidade, interatividade e georreferenciamento
como fatores que aumentam a visibilidade do conteúdo postado na fan page “Onde Tem
Tiroteio” (OTT). Dessa forma, iremos refletir se, ao banalizar e tratar a violência no Rio de
Janeiro como uma experiência cotidiana, os seguidores da página não estariam
espalhando e potencializando ainda mais o medo que é visto diariamente na internet,
criando uma insegurança promovida pelas tecnologias de comunicação. Em função da
grande quantidade de informações no Facebook, foi feita feito recorte de análise das
postagens realizadas na página pelo período de 24 horas com a utilização do aplicativo
de mineração de dados, Netvizz. Através dele foi possível fazer uma correlação das três
principais condições tecnológicas com o aumento do processo de circulação do material
postado.
Abstract: The article in question aims to discuss the role of the technological conditions
available on Facebook as instantaneity, interactivity and georeferencing as factors that
increase the visibility of content posted on the "Where Got Shoot" (OTT) fan page. We will
reflect if, by trivializing and treating violence in Rio de Janeiro as a daily experience, the
followers of the page would not be spreading and further enhancing the fear that is seen
daily on the internet, creating an insecurity promoted by communication technologies . Due
to the large amount of information on Facebook, the analysis of the postings made on the
page for the period of 24 hours using the data mining application, Netvizz, was made.
Through it was possible to correlate the three main technological conditions with the
increase of the circulation process of the material posted.
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1. Introdução
2 IBGE, 2017
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o medo que é visto diariamente na internet, criando uma insegurança promovida pelas
tecnologias de comunicação.
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4. Desenvolvimento
Pelos rastros digitais postados pelos seguidores da fan page, foi possível chegar
às seguintes conclusões: primeiro, as informações postadas trazem as principais notícias
de criminalidade, permitindo fazermos a identificação das ocorrências de crime num
período de tempo; segundo, foram identificadas as regiões afetadas pela violência,
realizando assim uma cobertura geográfica da criminalidade numa representação
cartográfica virtual do espaço carioca.
A partir disso, pontuamos as seguintes questões: sobre interatividade, foram
publicadas, de 17 a 18 de maio deste ano, 40 postagens em 24 horas que geraram alcance
de 7.423 curtidas, 1.153 comentários, 2.766 compartilhamentos e 9.163 reações (todos
os tipos de reação como amei, uau, haha, triste e grr). O números apurados indicaram o
forte engajamento dos seguidores da página em apenas um dia que, dessa forma,
potencializaram a circulação das noticias sobre medo.
Com relação à instantaneidade, foi possível verificar como funciona o processo de
compartilhamento do conteúdo da fan page OTT RJ. Dezenas de comentários e curtidas
foram feitas minutos após a publicação do post original, o que nos dá indícios sobre como
ocorre a disseminação online de notícias sobre criminalidade e reforça o caráter de
instantaneidade da ferramenta.
Sobre a possibilidade de inclusão nas postagens do local onde a ocorrência
ocorreu, num recurso semelhante ao georreferenciamento, a indicação da localização das
regiões afetadas pela criminalidade nas publicações do Facebook possibilitou constatar
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que a violência afetou nesse dia os maiores municipios da Baixada Fluminense como São
Gonçalo (5 postagens), Belford Roxo (4), Duque de Caxias (3), mas também bairros da
Zona Norte do Rio, como Guadalupe (2), e da Zona Sul, como o Catumbi (3). As outras
regiões são Piedade, Pavuna, Vila Kennedy, Laranjeiras, Vila Cruzeiro, Penha, Tijuca,
Acari, Anil, Manguinho, Parada de Lucas, São Carlos, Rocha Miranda e o município de
Angra dos Reis, na Costa Verde. Dessa forma, podemos verificar que a criminalidade se
apresenta de forma espraiada em todo o estado do Rio de Janeiro, atingindo vários bairros
da cidade e até na Zona Sul, área mais nobre, e por varios cidades vizinhas. Tais dados
apontam a impossibilidade de falar em áreas conflagradas, já que a criminalidade e a
percepção da violência estariam se deslocando e se espalhando por vários lugares e a
qualquer momento.
5. Conclusões
6. Referências bibliográficas
BAUMAN, Zigmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2001.
BAUMAN, Zigmunt. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
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<https://www.facebook.com/business/news/102-milhes-de-brasileiros-compartilham-
seus-momentos-no-facebook-todos-os-meses>
LEMOS, André. Cultura da mobilidade. Revista Famecos. Porto Alegre, n. 40, dezembro
de 2009.
O’REILLY, Tim. What is Web 2.0 – Design Patterns and Business Models for the Next
Generation of Software. O’Reilly Publishing, 2005. Disponível em: http://www. oreilly.
com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html>.
RECUERO, Raquel. Redes sociais na Internet. 2. ed. Porto Alegre: Sulinas, 2009.
(Coleção Cibercultura).
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A comunicação contra-hegemônica em
dispositivos móveis como espaço de luta pela
consolidação dos direitos humanos
Counter-hegemonic communication on mobile devices as a
space for the consolidation of human rights
1
Luan Matheus dos Santos Santana – Universidade Federal do Piauí
1
Jornalista, graduado pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI, pós-graduando em Marketing e
Comunicação Digital e mestrando pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da
Universidade Federal do Piauí - PPGCOM, sob orientação da Profa. Dra. Juliana Fernandes Teixeira.
E-mail: luammatheus@gmail.com
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Abstract: This research, still under development in the Postgraduate Program in Social
Communication of the Federal University of Piauí, aims to analyze the role of the
counter-hegemonic communications media in the defense and safeguarding of Human
Rights. More specifically, it seeks to identify the contribution that mobile devices and the
new Information and Communication Technologies (ICTs) play in this scenario. This
project also seeks to understand how the actions of these media contribute to the
affirmation of communication as a human right. For the development of this project we
will apply the hybrid research methodology, developed by the Online Journalism
Research Group (GJOL), the Graduate Program in Communication and Contemporary
Culture of the Federal University of Bahia, which adds qualitative and quantitative
research procedures . The challenge here is therefore to understand the current formats
for the production and dissemination of content on mobile devices, in order to massify the
information capable of contributing to the defense of human rights and consolidating the
struggle for human dignity, based on the experience of vehicles of online communication,
which act in the field of counter-hegemony.
1. Introdução
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4. Desenvolvimento
2
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel
celular para uso pessoal 2017 (PNAD Continua TIC 2017)
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De modo preliminar, foi possível observar que a internet e seus dispositivos têm
ganhado importância significativa no processo de mobilização e luta pelos direitos
humanos. Da mesma maneira que os meios de comunicação contra-hegemônicos
buscam a consolidação nesses espaços, tornando-se potenciais concorrentes pela
audiência na internet, fenômeno que ganhou mais força a partir da onda de protestos de
2013, que se espalhou por todo o país.
5. Conclusões
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6. Referências bibliográficas
CASTELLS, Manuel. O poder da comunicação. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz & Terra,
2013.
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Abstract: This research proposal is the formation of a new journalistic field specialized in
public security, a human rights oriented new field. The objective is to demonstrate the
centrality of knowledge about human rights for the defense of citizenship and for the
promotion of an ethics of empathy and compassion. It is a bibliographical and theoretical
research that seeks to understand and systematize knowledge of different disciplines
necessary for the formation of this specialized journalist field, through the adoption of the
complex thinking proposed by Morin.
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1.Introdução
Minha tese de doutorado defende a formação de um campo especializado que
estou denominando “jornalismo de segurança pública2 ”, orientado para os direitos
humanos. Parto do pressuposto de que a segurança pública é o direito à segurança, à
integridade e à dignidade da pessoa humana enquanto sujeito de direitos fundamentais
e universais e que ela é um bem público, de responsabilidade do Estado, que deve ser
de acesso a todos (SOARES, 2015) e que a compreensão da segurança pública deve ir
além da atenção aos incidentes criminais que ocorrem em locais públicos ou que
ganham repercussão. Os crimes contra o meio ambiente, a corrupção por entes públicos
e privados, a obtenção de vantagens indevidas, a desigualdade social e as diferentes
práticas que se interpõem à proteção e à efetivação dos direitos humanos e de
cidadania são também temas de segurança pública (BARATTA, 2004). Por ser um
campo complexo, a segurança pública não pode ser pensada fora da interseccionalidade
dos marcadores sociais da diferença, a exemplo da raça (etnia), classe e gênero, que
estão presentes tanto nos processos de vitimização quanto nos de criminalização
(CRENSHAW, 1991).
Sobre os direitos humanos, entendo-os como um conjunto de direitos e de
proteções inalienáveis pertencentes a todos os seres humanos, que devem ser
protegidos independentemente de classe, raça, gênero, orientação sexual ou qualquer
outro marcador social da diferença (FREZZO, 2015) e que, para que sejam
considerados como tais, precisam reunir três qualidades fundamentais: devem ser
naturais (inerentes aos seres humanos por seu caráter humano), iguais (devem ser os
mesmos para todos) e universais (devem ser aplicáveis em todos os lugares da mesma
forma) (HUNT, 2007).
Tomo como pressuposto, ainda, que o jornalismo especializado tem por essência
a mediação entre saberes qualificados e os públicos (TAVARES, 2012). Para pensar
esse novo campo especializado do jornalismo de segurança pública, busco demonstrar
a centralidade do conhecimento sobre direitos humanos para a defesa da cidadania e
para a promoção de uma ética da empatia e da compaixão (BLANK-LIBRA, 2018).
2O termo “jornalismo de segurança pública” foi usado primeiramente por Bedendo (2013). O autor sugere
a substituição do Jornalismo policial pelo de segurança pública, mas não desenvolve a ideia.
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Para responder a esse objetivo, dedico-me a uma pesquisa teórica, que reúne
conhecimentos de diferentes disciplinas que podem contribuir para que o jornalismo
esteja apto a cobrir com competência a segurança pública, a partir da adoção de uma
perspectiva de defesa de direitos humanos.
3As condições de produção do discurso jornalismo são: a realidade (ou os aspectos manifestos dos acontecimentos);
os constrangimentos organizacionais; as narrativas jornalísticas; as rotinas que determinam o trabalho; os valores-
notícia dos jornalistas; as identidades das fontes (TRAQUINA, 2002). A essas condições de produção, acrescento o
habitus de classe do jornalista, que determina diretamente a leitura do Outro que será construída pelo jornalismo
(LAGO, 2010) e o de raça e gênero (BYFIELD, 2014), que vão definir o que e como um fato criminal será abordado.
4Esse tipo de entendimento ficou evidente na comemoração nas redes sociais da execução da vereadora carioca
Marielle Franco (PSOL). Marielle foi alvo de uma campanha difamatória póstuma por denunciar a violência policial
contra a juventude negra nas comunidades periféricas.
5 No Brasil, é parte do senso comum de alguns setores sociais o entendimento de que os direitos humanos são
“direitos de bandidos” e que quem defende esses direitos é “defensor de bandidos”. Essa percepção, segundo Cano
(2010), baseia-se na ideia de que o combate a criminalidade é uma guerra e que se colocar em defesa desses direitos
é, portanto, defender o “inimigo” e trair o restante da sociedade.
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6 O Brasil recebeu, sozinho, mais de 40% dos africanos trazidos para a América para serem escravizados – cerca de
3,8 milhões de pessoas, o que faz com que, hoje, cerca de 60% da população seja autodeclarada preta ou parda
(SOUZA, 2018; 2019; STARLING; SCHWARTZ, 2018). E que, não por acaso, apesar de serem maioria numérica no
país, os pretos e pardos são a minoria em cargos representativos e de liderança, recebem menos do que os brancos e
têm menos acesso à educação formal. Por outro lado, são eles despontam nas estatísticas criminais: são 64% da
população prisional total e as principais vítimas de homicídio por estarem sujeitos à violência das facções, da polícia e
do sistema carcerário. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 100 vítimas de homicídio, 75 são
negras. Entre 2005 e 2015, enquanto a taxa de homicídio de não-negros caiu cerca de 12%, a de negros cresceu
quase 20%. No mesmo período, 65% das vítimas de homicídio do sexo feminino eram mulheres negras. De 2015 a
2015, 75% dos mortos por intervenção policial era homens negros (FBSP, 2017).
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4. Desenvolvimento
A tese está em fase final, na etapa de escrita, após a readequação do desenho de
pesquisa a partir das considerações do exame de qualificação e de período de estudos
no exterior.
5. Conclusões
Embora a defesa dos direitos humanos, juntamente com a promoção da cidadania,
apareça entre os valores constitutivos do ethos jornalístico, tenho percebido pouca
apropriação teórico-conceitual sobre o que são, de fato, esses direitos. Essa lacuna não
tem se demonstrado um problema específico do Jornalismo. A insuficiente discussão
sobre o que são esses direitos tem a ver com certa convicção de “autoevidência” de sua
importância, de que fala Hunt (2007), que os acompanha desde o seu surgimento. O
desafio do jornalista que queira tratar com competência dos temas que envolvem esses
direitos tem se mostrado, nessa pesquisa, como atravessado pela necessidade de
entender o que são, de fato, esses direitos, tanto em suas definições teóricas quanto em
suas aplicações práticas ao longo da histórica. A adoção de uma leitura interseccional
dos marcadores sociais da diferença aparece como essencial nesse processo e permite
concluir, previamente, que o jornalismo tem o dever de reconhecer e incorporar as
dinâmicas de raça (etnia), classe e gênero – e de outros marcadores –, se ainda quiser
cumprir sua finalidade e seu papel democrático.
6. Referencias bibliográficas
ADORNO, S. História e Desventura: O 3º Programa Nacional de Direitos Humanos.
Novos Estudos CEBRAP (Impresso), v. 3, p. 5-20, 2010.
BARATTA, A. Criminología y sistema penal. Buenos Aires: B de F, 2004.
BEDENDO, R. Segurança pública e Jornalismo: desafios conceituais e práticos no
século XXI. Florianópolis: Insular, 2013.
BLANK-LIBRA, J. Pursuing an ethic of empathy in journalism. New York: Routledge,
2018.
BYFIELD, N. Savage Portrayals: Race, media and the Central Park Jogger Story.
Philadelphia: Temple University Press, 2014.
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