0% acharam este documento útil (0 voto)
21 visualizações10 páginas

Autismo

Enviado por

mnypx7z6qx
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOC, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
21 visualizações10 páginas

Autismo

Enviado por

mnypx7z6qx
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOC, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 10

AUTISMO Página 1 de 10

CONCEITO

Lorna Wing definiu o autismo como uma síndrome que apresenta comprometimentos em três importantes domínios
do desenvolvimento humano: a comunicação, a sociabilização e a imaginação. A isto, ela deu o nome de tríade.

A “Tríade de comprometimentos"

Interação
Social

Comunicação Imaginação
Social Social

Desvios qualitativos da comunicação

Caracterizada pela dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto
inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal.

Portanto, dentro da grande variação possível na severidade do autismo, poderemos encontrar uma criança sem
linguagem verbal e com dificuldades na comunicação por qualquer outra via - isto inclui ausência de uso de gestos
ou um uso muito precário dos mesmos; ausência de expressão facial ou expressão facial incompreensível para os
outros e assim por diante - como podemos, igualmente encontrar crianças que apresentam linguagem verbal, porém
esta é repetitiva e não comunicativa.

Muitas das crianças que apresentam linguagem verbal repetem simplesmente o que lhes foi dito. Este fenômeno é
conhecido com ecolalia imediata. Outras crianças repetem frases ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes
(ecolalia tardia).

É comum que crianças com autismo e inteligência normal repitam frases ouvidas anteriormente e de forma
perfeitamente adequada ao contexto, embora, geralmente nestes casos, o tom de voz soe estrando e pedante.

Desvios qualitativos na sociabilização

Este é o ponto crucial no autismo e o mais fácil de gerar falsas interpretações. Significa a dificuldade em
relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na
discriminação entre diferentes pessoas.

Muitas vezes a criança que tem autismo aparenta ser muito afetiva, por aproximar-se das pessoas abraçando-as e
mexendo, por exemplo, em seu cabelo ou mesmo beijando-as quando na verdade ela adota indiscriminadamente
esta postura, sem diferenciar pessoas, lugares ou momentos. Esta aproximação usualmente segue um padrão
repetitivo e não contém nenhum tipo de troca ou compartilhamento.

A dificuldade de sociabilização, que faz com que a pessoa que tem autismo tenha uma pobre consciência da outra
pessoa, é responsável, em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que é uns dos pré-
requisitos cruciais para o aprendizado, e também pela dificuldade de se colocar no lugar de outro e de compreender
os fatos a partir da perspectiva do outro.

Pesquisas mostraram que mesmo nos primeiros dias de vida um bebê típico prefere olhar para rostos do que para
objetos. Através das informações obtidas pela observação do rosto dos pais, o bebê aprende e encontra motivação
para aprender. Já o bebê com autismo dirige sua atenção indistintamente para pessoas e para objetos, e sua falha em
perceber pessoas faz com que perca oportunidades de aprendizado, refletindo em um atraso do desenvolvimento.
AUTISMO Página 2 de 10

Desvios qualitativos na imaginação

Se caracteriza por rigidez e inflexibilidade e se estende às várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento
da pessoa. Isto pode ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos, compreensão literal da
linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos.

Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovida de criatividade e pela exploração peculiar
de objetos e brinquedos. Uma criança que tem autismo pode passar horas a fio explorando a textura de um
brinquedo. Em crianças que têm autismo e têm inteligência preservada, pode-se perceber a fixação em
determinados assuntos, na maioria dos casos incomuns em crianças da mesma idade , como calendários ou animais
pré-históricos, o que é confundido às vezes com nível de inteligência superior.

As mudanças de rotina, como de casa, dos móveis, ou até mesmo de percurso, costumam perturbar bastante
algumas dessas crianças.

Espectro do Autismo

O Autismo não é uma condição de "tudo ou nada"; ao contrário, é visto como um continuum que vai do grau leve
ao severo. Existe uma grande associação entre autismo e retardo mental, desde o leve até o severo, sendo que
considera-se que a gravidade do retardo mental não está necessariamente associada à gravidade do autismo.

A palavra autismo atualmente pode ser associada a diversas síndromes. Os sintomas variam amplamente, o que
explica por que atualmente refere-se ao autismo como um espectro de transtornos

Dentro deste espectro encontramos sempre a tríade de comprometimentos que confere uma característica comum a
todos eles. Alguns são diagnosticados simplesmente como autismo, traços autísticos, etc, ou Síndrome de Asperger
(considerado por muitos como o autismo com inteligência normal). Além destes, existem diversas síndromes
identificáveis geneticamente ou que apresentam quadros diagnósticos característicos, que também estão englobadas
no Espectro do Autismo.

VISÃO ATUAL: UM CONCEITO EM TRANSFORMAÇÃO

Introdução

As mudanças na forma de conceber o autismo estão ainda intimamente atreladas às mudanças conceituais na
Psiquiatria, especialmente concernentes ao diagnóstico e classificação, mais recentemente à pesquisa em diversas
disciplinas.

Fazendo um breve resumo do prefácio do manual de Almeida e cols (1996):

 Somente em meados do século XIX, a doença mental passou a ser objeto de estudo e investigação
sistemática, especialmente na Europa, passando por um “período científico-naturalista”. Como a medicina
orgânica, a medicina mental tentou inicialmente decifrar a essência da doença agrupando os sinais que a
indicavam, constituindo-se assim uma sintomatologia. Por outro lado, constituiu-se também uma
nosografia, onde são analisadas as próprias formas da doença, descritas as fases de evolução e restituídas as
variantes que ela possa apresentar. Podemos ser dito que Kraepelin e Freud ajudaram a delimitar a
abordagem clínica da doença mental do ponto de vista biológico e psicológico, respectivamente.
Entretanto, a introdução do método fenomenológico por Karl Jaspers (1883-1969) contribuiu para
estabelecer as bases da psicopatologia moderna.
 A partir do final da década de 40, a psiquiatria passa para a “era dos psicotrópicos”, a partir da descrição de
John Cage da surpreendente eficácia dos sais de lítio no tratamento de pacientes com transtorno bipolar do
humor. Sendo assim, num período de 10 anos, três grandes classes farmacológicas haviam sido descritas:
antimaníacos, antipsicóticos e antidepressivos - tendo tal impacto sobre o tratamento e compreensão da
doença mental, que estes nunca mais seriam os mesmos (Almeida e cols, 1996). Com a ajuda da
medicação, o número de leitos e asilos psiquiátricos caiu vertiginosamente nas décadas subseqüentes,
culminando na “era do cuidado comunitário”.
 A partir dos anos 60 e 70, o tratamento de pessoas com transtornos mentais migrou dos asilos para os
ambulatórios, e em alguns locais, para a própria comunidade. Sendo que um dos objetivos do tratamento
AUTISMO Página 3 de 10

seria a reinserção plena do doente mental. Surge então, a antipsiquiatria, que questionava a própria razão
de ser da psiquiatria, ou seja, questionava a existência da doença mental.
 Atualmente a psiquiatria estaria embarcando na “era científica”, onde uma relação mais direta entre clínica
e pesquisa, aliada a novas “armas metodológicas” seriam promotoras potenciais de avanços significativos
na clínica, manejo e investigação das doenças mentais. Salientam a importância do descobrimento dos
fatores de risco e etiológicos das doenças mentais. Em relação à metodologia destacam: a) o
aperfeiçoamento das técnicas de investigação epidemiológica, quanto ao delineamento e instrumentos de
investigação e análise, incluindo técnicas estatísticas sofisticadas; b) a modificação das técnicas usadas em
ensaios clínicos permitindo a avaliação da eficácia e efeitos colaterais de novos grupos de psicofármacos;
c) a introdução de métodos de neuroimagem funcional e estrutural viabilizando o estudo do cérebro de
pacientes acometidos in vivo; d) estudos anatômicos usando técnicas imuno-químicas têm permitido a
abertura de novas perspectivas de compreensão de várias doenças mentais e e) técnicas de genética e
biologia molecular têm sido usadas para desvendar os genes e a patogênese envolvidos em diversas
doenças mentais. Observam que a partir deste momento a psiquiatria tornou-se uma especialidade
multidisciplinar extremamente complexa.
 Concluem que ao que tudo indica, até o momento, foram dados apenas os primeiros passos para o que
possa vir a ser uma reformulação radical da noção de doença mental. Entretanto, as grandes questões
filosóficas permanecem, por exemplo, a relação mente/cérebro e objetivo/subjetivo ainda não foi resolvida.

A este respeito Sonenreich (1996) comenta a necessidade da psiquiatria de não se fixar em ideais como: “tudo parte
da observação e a descrição rigorosa é o único instrumento científico” (p.2). Também enfatiza a necessidade de
superação do dualismo:

“Na psiquiatria falamos de atividade psíquica e atividade cerebral como se fossem realidades em si, diferentes,
precisando ser abordadas por instrumentos diferentes.Quem quer ultrapassar o dualismo acha que deve ou
considerar a mente como produto do cérebro, ou o cérebro como produto da mente. Os estudos neurofisiológicos
demonstram de maneira convincente que noções como causa-efeito, antes-depois, parte-todo, psicogênico-
biológico precisam ser reformuladas. Falar de processos cerebrais e processos psíquicos é adotar certo modo de
encarar os problemas, certo ponto de vista, certo nível de abordagem. Não significa que tratamos de realidades
diferentes, eventualmente independentes. Para nos, a psiquiatria é um corpo de saber científico que se aplica a uma
realidade, mas não se identifica com ela, não decorre dela. Como a física, a matemática: são ciências e não a
mesma coisa que o objeto estudado, medido, calculado” (Sonenreich, 1996 p. 2).

SISTEMAS ATUAIS DE CLASSIFICAÇÃO EM PSIQUIATRIA

Os sistemas classificatórios mais usados em nossos dias e praticamente “oficiais” para pesquisa, periodicamente
revisados e representando um consenso entre profissionais são o DSM – “Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders[1]”, desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria e o CID - Classificação
Internacional de Doenças, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde. Atualmente DSM encontra-se na 4ª
versão (DSM-IV), ou 5ª versão se consideramos o DSM-IV-TR (2002), e o CID na 10ª versão.

Segundo Jorge (1996), é tido como o ideal uma classificação etiológica baseada na compreensão patogênica da
cada transtorno mental. Entretanto considera esta tarefa um tanto difícil, em face à multiplicidade de fatores que
determinam o aparecimento de um transtorno mental. Segundo Lotufo Neto e cols (1995), a psiquiatria está na fase
de descrição de síndromes – ou a etiologia não é conhecida, ou quando conhecida, ela é multifatorial.

Segundo Campos (1999), o objetivo principal dos códigos de classificação é possibilitar a comunicação dentre os
diversos tipos de profissionais não somente pesquisadores, mas também clínicos e institucionais. Existe também a
afirmação, contestável, que por serem descritivos – dando ênfase nos comportamentos e achados clínicos - os
manuais seriam “ateóricos”, podendo então ser usados por profissionais independentemente da orientação.

Os códigos de classificação das doenças mentais optaram pela descrição dos quadros. Ao invés de operar com
entidades nosológicas[2], estes sistemas têm preferido operar com descrições sindrômicas, devido à dificuldade de
se estabelecer uma relação de causa e efeito entre os fatos e as manifestações. Sendo assim, sinais e sintomas
devem ser agrupados de forma a constituir uma síndrome, que terá diferentes padrões de evolução na dependência
das múltiplas causas que podem determiná-la. Desta forma, diversas doenças podem manifestar-se através de um
mesmo quadro sindrômico. Por esta razão, os atuais sistemas de classificação têm usado o termo “transtornos”
(“disorders”) mentais e não “doenças” mentais. Segundo a definição do CID-10 (OMS, 1992), a definição de
transtorno mental se refere a:
AUTISMO Página 4 de 10

“...um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecíveis associado, na maioria dos casos, a
sofrimento e interferência com funções pessoais” (p.5).

É importante ainda ressaltar que a definição do patológico em psiquiatria deriva de duas posições clássicas da
Medicina:

1. A medicina Hipocrática é dimensional, entendendo a doença como um estado em um continuum que também
inclui a sanidade.

2. A medicina Platônica é categorial, definindo as doenças como estados típicos, distintos uns dos outros e do
estado de sanidade. Ela nos remete a entidades discretas, com limites claros e qualitativamente definidos. No
entanto há dois modelos de classificação categorial:

a. Clássica ou tradicional - é um modelo determinístico, onde a pertinência é homogênea, os limites são distintos
e se ajustam perfeitamente às categorias;

b. Prototípica - é um modelo probabilístico, onde a pertinência é heterogênea, os limites se sobrepõem e se


ajustam apenas parcialmente às categorias.

A proposta dos atuais sistemas de classificação tende se ajustar mais ao segundo modelo (platônico, categorial e
prototípico), onde seus constituintes são protótipos de transtornos mentais (Jorge, 1996).

Etmologicamente o termo diagnóstico tem origem grega e significa reconhecimento. Ele deveria ter os seguintes
objetivos e funções: constituir uma categoria para o conhecimento, se constituir em instrumento de comunicação,
possibilitar uma previsão (prognóstico) e se constituir em fundamento de uma atividade (função social do
diagnóstico). Estes têm o papel de orientar as condutas terapêuticas e de se prestar à definição de políticas de saúde
adequadas ao perfil nosológico de uma determinada coletividade (Jorge, 1996). Em psiquiatria o processo
diagnóstico envolve as diversas fases componentes de uma avaliação psiquiátrica.

Evolução da Terminologia, classificação e construção do conceito

Em conceito o diagnóstico de autismo não mudou substancialmente desde a primeira formulação, ocorreram sim
muitas mudanças na maneira de interpretá-lo, o que resultou num número muito maior de pessoas diagnosticadas
com autismo (Tager-Flusberg, Joseph e Folstein, 2001) .

Durante as últimas décadas as mudanças nos conceitos de autismo têm sido “capturadas” nas diferentes edições do
DSM e do CID. Cabe aqui lembrar que a Escola Psiquiátrica Francesa remete o autismo a um defeito na
organização ou desorganização da personalidade, mantendo-se fiel à concepção do que foi o termo psicose
(Houzel, apud Assumpção Jr., 1995). Da mesma forma que a nona revisão do CID (Misés, apud Assumpção Jr.,
1995).

Nos sistemas de classificação oficiais o termo “autismo” como condição de acometimento na infância, só aparece
após mais de 20 anos da primeira publicação de Kanner. Na primeira menção, no CID-8[3], é classificado com um
subgrupo das esquizofrenias (Wing e Potter, 2002).

As primeiras alterações desta concepção surgem em 1976, a partir do famoso livro de Ritvo sobre autismo, onde ele
associa o autismo a déficits cognitivos, considerando-o um distúrbio do desenvolvimento e não uma psicose
(Assumpção Jr, 1995; Assumpção Jr e Pimentel, 2000).

Em 1979, Wing e Gould terminaram o famoso estudo epidemiológico de Camberwell. O objetivo do estudo foi de

Investigar toda a amplitude de fenômenos clínicos nas crianças para verificar se as síndromes nomeadas na
literatura poderiam ser identificadas e separadas umas das outras e de outros transtornos da infância. Para observar
qualquer mudança que poderia ocorrer com a passagem do tempo as crianças foram então acompanhadas até a
adolescência ou início da vida adulta.

Uma limitação deste estudo foi que as crianças elegíveis foram procuradas somente dentre aquelas que
freqüentando escolas especiais e classes especiais. Conseguiram detectar um grupo de crianças que apresentavam
AUTISMO Página 5 de 10

perturbações sociais e interação social comprometida e anormal para qualquer idade mental. Seus níveis de
inteligência abrangiam toda a amplitude, desde retardo profundo até normal, embora a maioria tinha retardo mental.
O comprometimento social deste grupo estava diretamente associado aos comprometimentos da interação social, da
comunicação social de duas vias (bidirecional) e imaginação social.

COMPORTAMENTO: RÍGIDO, REPETITIVO E ESTEREOTIPADO

A partir de pesquisas realidades na década de 1970 e destes resultados, e do interesse no trabalho de Asperger,
Wing e Gould (1979) formularam inicialmente a noção de um continuum de gradação nitidamente relacionada com
o grau de comprometimento cognitivo - e posteriormente nomeado de espectro do autismo (Gillberg e Gillberg,
1989) - cujas características essenciais comuns seria a noção de “Tríade de Comprometimentos” da interação
social, comunicação e imaginação (Wing, 2005). A presença da tríade produziria um padrão de atividades e
interesses rígidos, repetitivos e estereotipados (Quadro 1)

a. Existem outras características clínicas vistas em transtornos do continuum do autismo, não mencionadas
nas várias séries de critérios essenciais para o diagnóstico.
b. As manifestações de cada item (numerados de 1 a 4 sob cada legenda) são pontos escolhidos
arbitrariamente ao longo do continuum. Na verdade, cada um se mistura ao outro sem quaisquer divisões
claras

O DSM-III (APA, 1980), marcou uma mudança importante no conceito de “autismo infantil”. Se nas edições
anteriores do DSM (APA, 1952, 1968) o termo esquizofrenia infantil descrevia as crianças autísticas, a partir do
DRM-III (APA, 1980), o autismo passou a fazer parte de uma nova classe de distúrbios com início na infância. Foi
inserido na categoria geral das “Pervasive developmental disorders” - traduzida para o português como “distúrbios
invasivos do desenvolvimento”, “distúrbios abrangentes do desenvolvimento” ou ainda “distúrbios globais do
desenvolvimento”. O autismo saiu então das asas da esquizofrenia e das psicoses, para ser concebido como um
transtorno do desenvolvimento.

Alguns autores observam que o conceito de “Pervasive developmental disorders” foi uma “tradução” um pouco
diferente da tríade de Wing. O termo “persavive”, conservado pelas classificações oficiais, refere-se à idéia de que
os comprometimentos da tríade “penetrariam ou atravessariam” todas as esferas da vida da criança, sendo
provenientes de um distúrbio do desenvolvimento (Szatmari, 2000; Tisdmarsh e Volkmar, 2003).

HISTORIA DO AUTISMO

Na busca por compreender melhor esse transtorno chamado autismo, recomendamos fortemente a leitura do livro
"Autism - Explaining the Enigma" (Oxford, Basil Blackwell, 1989), de Uta Frith. Transcrevemos trechos deste
livro que consideramos esclarecedores dentro deste assunto. "O autismo não é um problema atual, embora só tenha
sido reconhecido recentemente. Em virtude da breve história da psiquiatria, e da ainda mais curta história da
psiquiatria infantil, sabemos que um transtorno descrito recentemente não é necessariamente um transtorno novo.
Um aumento no número de casos diagnosticados não significa necessariamente um aumento no número de casos.
(...)" Página 16 de "Autism - Explaining the Enigma" (1989) de Uta Frith. "Como o Autismo foi Reconhecido
Inicialmente Qualquer abordagem sobre o tópico autismo infantil deve referenciar os pioneiros Leo Kaner e Hans
Asperger que, separadamente, publicaram os primeiros trabalhos sobre esse transtorno. As publicações de Kanner
em 1943 e de Asperger em 1944 continham descrições detalhadas de casos de autismo, e também ofereciam os
primeiros esforços para explicar teoricamente tal transtorno. Ambos acreditavam que desde o nascimento havia um
transtorno básico que originava problemas altamente característicos. Parece uma coincidência notável o fato de que
ambos escolheram a palavra ‘autista’ para caracterizar a natureza do transtorno em questão. Na verdade, não é uma
coincidência, uma vez que esse termo já tinha sido apresentado pelo eminente psiquiatra Eugen Bleuler em 1911.
Originalmente, esse termo se referia a um transtorno básico em esquizofrenia (outro termo lançado por Bleuler),
mais especificamente, o estreitamento do relacionamento com as pessoas e com o mundo exterior, um
estreitamento tão extremo que parecia excluir tudo, exceto a própria pessoa. Este estreitamento poderia ser descrito
como um afastamento da estrutura de vida social para a individualidade. Daí as palavras ‘autista’ e ‘autismo’,
originárias da palavra grega autos, que significa ‘próprio’. Atualmente, elas são aplicadas quase que
exclusivamente ao transtorno de desenvolvimento que aqui chamamos de autismo, com a maiúsculo. Prefiro usar o
termo Autismo a usar ‘autismo infantil precoce’ ou ‘autismo infantil’, termos que contrastam com ‘autismo adulto’,
e podem erroneamente sugerir que possamos nos desenvolver e não mais ser portadores do transtorno. Tanto
Kanner, trabalhando em Baltimore, quanto Asperger, trabalhando em Viena, notaram casos de crianças diferentes
que tinham em comum algumas características fascinantes. Acima de tudo, as crianças pareciam incapazes de
desenvolver um relacionamento afetivo normal com as pessoas.
AUTISMO Página 6 de 10

Em contraste ao conceito de esquizofrenia de Bleuler, o transtorno parecia existir desde o começo. O artigo de
Kanner tornou-se o mais citado em toda a literatura sobre autismo, enquanto que o artigo de Asperger, escrito em
alemão e publicado durante a Segunda Guerra Mundial, foi largamente ignorado. Surgiu uma crença de que
Asperger descreveu um tipo bem diferente de criança, que não devia ser confundido com o de Kanner. Esta crença
não tem fundamento, o que percebemos quando recorremos aos artigos originais. A definição de autismo feita por
Asperger ou como ele a chamava ‘psicopatologia autista’ é bem mais ampla que a de Kanner. Asperger incluía
casos que mostravam um dano orgânico severo e aqueles que transitavam para a normalidade. Atualmente, o termo
‘síndrome de Asperger’ tende a ser reservado para as raras crianças autistas quase normais, inteligentes e altamente
verbais. Claramente, não era isso que Asperger pretendia, mas essa categoria especial teve utilidade clínica.
Atualmente, a síndrome de Kanner é freqüentemente usada para indicar a criança com uma constelação de aspectos
clássicos ou ‘nucleares’, assemelhando-se, em detalhes surpreendentes, às características que Kanner identificou
em sua primeira descrição inspirada. Novamente, a categoria é clinicamente útil, pois transmite um padrão de
protótipo. (...)" Páginas 7 e 8 de "Autism - Explaining the Enigma" (1989) de Uta Frith.

AUTISMO TÍPICO

O Autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há seis décadas, mas
sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por
responder.
Há 20 anos, quando surgiu a primeira associação para o Autismo no país, o Autismo era conhecido por um grupo
muito pequeno de pessoas, entre elas poucos médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que
haviam sido surpreendidos com o diagnóstico de Autismo para seus filhos.
Atualmente, embora o Autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso,
ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a
criança autista ter uma aparência totalmente normal.
O Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos
três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no
usa da imaginalção.
É comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade anteriormente à manifestação dos
sintomas.
Quando as crianças com autismo crescem, desenvolvem sua habilidade social em extensão variada. Alguns
permanecem indiferentes, não entendendo muito bem o que se passa na vida social. Elas se comportam como se as
outras pessoas não existissem, olham através de você como se você não estivesse lá e não reagem a alguém que fale
com elas ou as chame pelo nome.
Freqüentemente suas faces mostram muito pouco de suas emoções, exceto se estiverem muito bravas ou agitadas.
São indiferentes ou têm medo de seus colegas e usam as pessoas como utensílios para obter alguma coisa que
queiram.
Pessoas com esse distúrbio possuem dificuldades qualitativas na comunicação, interação social, e a imaginação (a
chamada tríade), e consequentemente apresentam problemas comportamentais.
Muita vezes o simples fato de querer ir ao banheiro e não conseguir comunicar a ninguém pode ocasionar
problemas como auto-agressão ou agressão aos outros.

SÍNDROME DE ASPERGER

Apresentação

Apesar de ter sido descrita por Hans Asperger em 1944 no artigo “Psicopatologia Autistica na Infância” , apenas
em 1994 a Síndrome de Asperger foi incluída no DSM-IV com critérios para diagnóstico.

Algumas das características peculiares mais frequentemente apresentadas pelos portadores da Síndrome de
Asperger são:

 - Atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes do 5 anos e geralmente com:
o Dificuldades na linguagem,
o Linguagem pedante e rebuscada,
o Ecolalia ou repetição de palavras ou frases ouvidas de outros,
o Voz pouco emotiva e sem entonação.
 - Interesses restritos: escolhem um assunto de interesse, que pode ser seu único interesse por muito tempo.
Costumam apegar-se a mais às questões factuais do que ao significado. Casos comuns são interesse
AUTISMO Página 7 de 10

exacerbado por coleções (dinossauros, carros, etc.) e cálculos. A atenção ao assunto escolhido existe em
detrimento a assuntos sociais ou cotidianos.
 - Presença de habilidades incomuns como calculos de calendário, memorização de grandes seqüências
como mapas de cidades, cálculos matemáticos complexos, ouvido musical absoluto etc.
 - Interpretação literal, incapacidade para interpretar mentiras, metáforas, ironias, frases com duplo sentido,
etc.
 - Dificuldades no uso do olhar, expressões faciais, gestos e movimentos corporais como comunicação não
verbal.
 - Pensamento concreto.
 - Dificuldade para entender e expressar emoções.
 - Falta de auto-censura: costumam falar tudo o que pensam.
 - Apego a rotinas e rituais, dificuldade de adaptação a mudanças e fixação em assuntos específicos
 - Atraso no desenvolvimento motor e freqüentes dificuldades na coordenação motora tanto grossa como
fina, inclusive na escrita..
 - Hipersensibilidade sensorial: sensibilidade exacerbada a determinados ruídos, fascinação por objetos
luminosos e com música, atração por determinadas texturas etc.;
 - Comportamentos estranhos de autoestimulação;
 - Dificuldades em generalizar o aprendizado;
 - Dificuldades na organização e planejamento da execução de tarefas.

Algumas coisas são aprendidas na idade “própria”, outras cedo demais, enquanto outras só serão entendidas muito
mais tarde ou somente quando ensinadas.

Alguns pesquisadores acreditam que Sindrome de Asperger seja a mesma coisa que autismo de alto funcionamento,
isto é, com inteligência preservada. Outros acreditam que no autismo de alto funcionamento há atraso na aquisição
da fala, e na Síndrome de Asperger, não.
Colocamos em anexo uma lista de critérios diagnósticos da Síndrome de Asperger elaborada pelo pesquisador
sueco Christopher Gillberg.
Muitas pessoas acreditam que a importância da diferenciação entre Síndrome de Asperger e Autismo de Alto
Funcionamento seja mais de cunho jurídico do que propriamente para escolhas relacionadas ao tratamento.
Por um lado, para algumas pessoas dizer, que alguém é portador de Síndrome de Asperger parece mais leve e
menos grave do que ser portador de autismo, mesmo que de alto funcionamento – embora isto seja provavelmente
uma ilusão. Por outro lado, associações de autismo em todo o mundo alegam que esta divisão em duas patologias
diferentes enfraquece um movimento que necessita de tanto apoio como o dos que trabalham pelo autismo.

INCIDÊNCIA

A Incidência do autismo varia de acordo com o critério utilizado por cada autor. Bryson e Col., em seu estudo
conduzido no Canadá em 1988, chegaram a uma estimativa de 1:1000, isto é, em cada mil crianças nascidas uma
teria autismo. Segundo a mesma fonte, o autismo seria duas vezes e meia mais freqüente em pessoas do sexo
masculino do que em pessoas do sexo feminino.
Segundo informações encontradas no site da ASA – Autism Society os América
(http://www.autism-society.org/site/PageServer, 1999), a incidência seria de 1:500, ou 2 casos a cada 1000
nascimentos. De acordo com o órgão norte-americano Center of Disease Control and Prevention (CDC,
www.cdc.gov) , o autismo afetaria de 2 até 6 pessoas em cada 1000, isto é, poderia afetar até 1 pessoa em cada 166.
O autismo seria 4 vezes mais freqüente em pessoas do sexo masculino.
O autismo incide igualmente em famílias de diferentes raças, credos ou classes sociais.

Autismo é um transtorno de desenvolvimento. Não pode ser definido simplesmente como uma forma de retardo
mental, embora muitos quadros de autismo apresentem QI abaixo da média.

A palavra autismo atualmente pode ser associada a diversas síndromes. Os sintomas variam amplamente, o que
explica por que atualmente refere-se ao autismo como um espectro de transtornos; o autismo manifesta-se de
diferentes formas, variando do mais alto ao mais leve comprometimento, e dentro desse espectro o transtorno que
pode ser diagnosticado como autismo, pode também receber diversos outros nomes, concomitantemente. Os atuais
critérios de diagnóstico do autismo estão formalizados na norma DSM-IV, como lemos no livro de Uta Frith:
Em cooperação internacional, os especialistas concordaram em usar certos critérios de comportamento no
diagnóstico do autismo. Estes critérios foram explicitados em trabalhos de referência que foram publicados. O
esquema mais recente é o descrito no Manual de Diagnóstico e Estatístico (DSM-IV) da Associação Americana de
AUTISMO Página 8 de 10

Psiquiatria. Um esquema de diagnóstico bem parecido é encontrado na Classificação Internacional de Doenças


(CID-10) publicado pela Organização Mundial de Saúde.
Página 11 de "Autism - Explaining the Enigma" (1989) de Uta Frith.

CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DO AUTISMO (CID-10) (WHO 1992)

Pelo menos 8 dos 16 itens especificados devem ser satisfeitos.


a. Lesão marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo menos três dos próximos cinco itens:
1. Dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial, gestos e postura corporal para
lidar com a interação social.
2. Dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo.
3. Raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de tensão ou ansiedade, e/ou
oferece conforto ou afeição a outras pessoas que apresentem ansiedade ou infelicidade.
4. Ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a felicidade de outras pessoas
e/ou de procura espontânea em compartilhar suas próprias satisfações através de envolvimento com outras
pessoas.
5. Falta de reciprocidade social e emocional.

b. Marcante lesão na comunicação:


1. Ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes.
2. Diminuição de ações imaginativas e de imitação social.
3. Pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos.
4. Pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade e imaginação em processos
mentais.
5. Ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras pessoas.
6. Pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para refletir a modulação comunicativa.
7. Ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na comunicação oral.

c. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo
menos dois dos próximos seis itens:
1. Obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse.
2. Apego específico a objetos incomuns.
3. Fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais específicos.
4. Hábitos motores estereotipados e repetitivos.
5. Obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de recreação.
6. Ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais do ambiente.
d. Anormalidades de desenvolvimento devem ter sido notadas nos primeiros três anos para que o
diagnóstico seja feito.

DSM-IV

Os mais atuais critérios de diagnóstico da DSM-IV até o momento, que ilustram as características do indivíduo
autista, são:

Importante: As informações a seguir servem apenas como referência. Um diagnóstico exato é o primeiro passo
importante em qualquer situação; tal diagnóstico pode ser feito apenas por um profissional qualificado que esteja a
par da história do indivíduo.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DO AUTISMO

A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2), e (3), com pelo menos dois de (1), e um de cada de (2) e (3).
1. Marcante lesão na interação social, manifestada por pelo menos dois dos seguintes itens:
a. Destacada diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, tais como contato ocular,
expressão facial, postura corporal e gestos para lidar com a interação social.
b. Dificuldade em desenvolver relações de companheirismo apropriadas para o nível de comportamento.
c. Falta de procura espontânea em dividir satisfações, interesses ou realizações com outras pessoas, por
exemplo: dificuldades em mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse.
d. Ausência de reciprocidade social ou emocional.

2. Marcante lesão na comunicação, manifestada por pelo menos um dos seguintes itens:
AUTISMO Página 9 de 10

a. Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem ocorrência de tentativas de


compensação através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas.
b. Em indivíduos com fala normal, destacada diminuição da habilidade de iniciar ou manter uma conversa
com outras pessoas.
c. Ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de imitação social apropriadas para o
nível de desenvolvimento.

3. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo
menos um dos seguintes itens:
a. Obsessão por um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse que seja anormal tanto em
intensidade quanto em foco.
b. Fidelidade aparentemente inflexível a rotinas ou rituais não funcionais específicos.
c. Hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção das mãos ou dedos, ou
movimentos corporais complexos.
d. Obsessão por partes de objetos.

B. Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de
idade:
1. Interação social.
2. Linguagem usada na comunicação social.
3. Ação simbólica ou imaginária.

C. O transtorno não é melhor classificado como transtorno de Rett ou doença degenerativa infantil.

DIAGNÓSTICO

Algumas crianças apresentam diferentes graus de dificuldade, desde o início de suas vidas, para se relacionarem de
forma recíproca com outras pessoas e interagirem diante de situações sociais. Essas crianças são portadoras de uma
síndrome chamada autismo e suas características podem ser agrupadas na tríade principal: desvios qualitativos na
comunicação, na interação social e no uso da imaginação.
É importante destacar a existência de gradações na presença e intensidade dos sintomas, conferindo graus
diferenciados de comprometimento no Autista, o chamado continuum autista.
O autismo é uma inadequação no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave, durante toda a vida.
Aparece tipicamente nos primeiros anos de vida. Acomete 2 a 5 crianças em cada dez mil nascidos e é 2-4 vezes
mais comum em meninos do que entre meninas. É encontrado em todo mundo e em famílias de toda configuração
racial, ética e social. Não se conseguiu provar qualquer causa psicológica na etiologia do autismo. O que não
significa que o meio seja ambiente inócuo. O prognóstico e o desenvolvimento da capacidade plena dessas crianças
são influenciados pela forma como vivem (os cuidados que recebem e a estrutura da rede de apoio). A causa
principal está relacionada a alterações biológicas, sejam hereditárias, ocorridas na gestação e/ou parto.
Possivelmente, dessas alterações decorrem os erros no funcionamento cerebral. Entretanto, uma definição exata
ainda não é possível.
O diagnóstico é clínico, ou seja, dado por um profissional treinado, capaz de, através da observação e entrevista
com pais e pacientes, identificar sinais e sintomas peculiares.
Antes dos três anos de vida já são observados padrões de comportamento distintos em relação aos outros indivíduos
da mesma idade.
Ainda bebês, podem possuir alterações de sono deixando muitos pais surpresos com a quietude da criança ou com
seu choro incessante; não se aninham e, inclusive, apresentam certa aversão ao contato físico; não imitam o gesto
dos pais (como, por exemplo, acenar ao se despedir) ou apresentam movimentos antecipatórios (estender os braços
visando ir a um dos pais); não mantêm contato visual e tendem a uma forma atípica de olhar e não compartilham
um foco de atenção.
À medida que vão crescendo, chama a atenção o fato de parecerem não escutar os comandos dados, haver uma
ausência de medos reais, uma aparente insensibilidade à dor, uma forma diferente de andar - “na ponta dos pés” - e
a presença de gestos estranhos (estereotipias) nas quais buscam conforto (como, por exemplo, balançar o tronco).
Episódios de autoagressão podem acontecer. Podem apresentar hipersensibilidade a determinados sons e repetir
imediata ou tardiamente frases e sons ouvidos (ecolalia).
Podem apresentar, ainda, comportamento estranho e retraído; uma maneira inadequada de brincar; com ausência da
reação de surpresa ou dificuldade para realizar o “faz de conta”; interesses específicos com persistência em girar
objetos e habilidades especiais (hiperlexia ou ouvido absoluto, por exemplo); fascinação por água; crises de choro e
angústia sem razões explicáveis; risos e gargalhadas fora do contexto e um retardo no desenvolvimento das
habilidades motoras.
AUTISMO Página 10 de 10

Essas ocorrências servem como advertência para a necessidade de uma visão diferenciada pelos pais, educadores e
médicos.
Esses infantes indicam suas necessidades, quando o fazem, através de gestos e do uso das pessoas como
instrumento para realizarem a ação desejada. Por fim, apresentam resistência a mudanças de rotina, não aprendendo
através dos métodos usuais de ensino.
Visando a uniformização do diagnóstico foram criadas diferentes escalas, além das definições mundialmente
seguidas contidas na Classificação Internacional das Doenças. 10ª. Edição (CID 10) e no Manual Diagnóstico e
Estatístico dos Transtornos Mentais. 4ª. Edição. (DSM-IV).
Investigações laboratoriais devem ser realizadas visando o diagnóstico diferencial e o diagnóstico de possíveis
comorbidades associadas.

Os principais exames solicitados são:


1.Sorologias
2. ECG
3. Avaliação oftalmológica
4.Neuropsicológico
5. Pesquisa do X frágil/ Cariótipo
6. RNM
7. EEG
8. Erros inatos do metabolismo /teste do pezinho
9. Avaliação Audiológica

O diagnóstico precoce e a pronta intervenção não trazem a cura, mas, sem dúvida, promovem uma melhor
qualidade de vida para esses pacientes e toda sua família.

TRATAMENTO

Frente ao enorme mistério que ainda encobre as causas do autismo, estamos longe de chegar a um consenso sobre
quais as abordagens de tratamento realmente efetivas.
"Considerando-se a heterogeneidade dos dados clínicos é provável que o determinismo dos distúrbios autísticos
seja, na maioria dos casos, multifatorial." (Bursztejn e Tomkiewicz)
A multiplicidade de sintomas e de fatores que interferem no desenvolvimento de uma pessoa autista é o motivo de
haver tantas linhas diferentes de tratamento ao autismo.
Na experiência da AMA, os conceitos que fazem mais sentido, que possuem princípios alinhados com os da
Associação, e que mostraram-se mais efetivos com pessoas autistas são os do TEACCH e do ABA.
O uso destas duas abordagens combinadas como pilares do tratamento não descarta outras abordagens terapêuticas.
Muitos recursos diferentes podem ser usados em uma interação produtiva.

http://www.ama.org.br/html/home.php

Você também pode gostar