ciru- marcelo iglesias
ciru- marcelo iglesias
ciru- marcelo iglesias
AULA 1
ASSEPSIA, ANTISSEPSIA, ESCOVAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
INTRODUÇÃO
! História
" Ignaz Phillip Semmelweis (1846)
o Estabeleceu a transmissão da febre puerperal às parturientes, através das mãos contaminadas
dos médicos obstetras que advinham de necropsias
o Observou que a lavagem de mãos com hipoclorito de cálcio diminuía drasticamente as
infecções nas pacientes
" Oliver Wendell Holmes (1840)
o Determinou que os médicos que atendessem pacientes com febre puerperal não atendessem
pacientes saudáveis ou que pelo menos lavassem suas mãos com cloreto de cálcio e trocassem
suas roupas antes de examinas as pacientes
" Louis Pasteur (1870)
o Teoria microbiana da fermentação e putrefação do vinho, publicando sua primeira descrição
do “princípio antisséptico” → confirmação da lavagem de mãos com hipoclorito de cálcio
como método eficaz de prevenção
o Elaborou a teoria dos germes
! Técnicas de esterilização
" Conceito: é o conjunto de operações que objetiva destruir (ou remover) todas as formas possíveis de
MO (incluindo esporos bacterianos) de superfícies animadas ou inanimadas
" Técnicas de esterilização
o Calor seco
– MO são carbonizados ou consumidos pelo calor (oxidação), pela chama (flambagem) ou
pela eletricidade (fulguração)
– Exemplo: estufa para esterilizar materiais secos como vidraria, seringas, agulhas, pós,
instrumentos cortantes, gases vaselinadas, gases furacinadas, óleos e vaselina
o Calor úmido
– Pode-se usar o calor através da fervura
– Foi um método correntemente usado na prática diária, mas não oferece uma esterilização
completa
o Vapor sob pressão (autoclave)
– Age difundindo o vapor d’água sob pressão para dentro da membrana celular
– Serve para objetos que não estragam com a umidade e com a temperatura alta como
panos, meios bacteriológicos, soluções salinas, instrumentais (não os de corte), agulhas,
seringas e vidraria (não as de precisão)
o Óxido de etileno
– É um gás incolor bactericida, esporicida e virucida
– Penetra em substâncias porosas, não corroe ou danifica materiais, age rapidamente e é
removível
o Aldeído
– Glutaraldeído a 2% associada a um antioxidante, por 8 a 12 horas
– É usado para esterilizar material de acrílico, cateteres, drenos, nylon, silicone, teflon, PVC,
laringoscópios e outros
– Formaldeído usado tanto na forma líquida quanto na forma gasosa por 18 horas
o Ácido peracético
– É usado como desinfetante e esterilizante para cateteres
" Estudo conduzido pela Society of Actuaries (SOA): verificou que eventos adversos preveníveis
custaram ao sistema de saúde americano $19,5 bilhões em 2008
INTRODUÇÃO
! Conceito
" Arsenal de instrumentos que o cirurgião vai dispor em sua cirurgia
o Varia muito dentro das especialidades
– Observação: o que diferencia ambas é o tamanho do “cabo”, não o fato de ser curva ou
reta, apesar de essas serem as mais comuns
! Materiais de hemostasia
" Instrumentos utilizados para conter sangramento com o pinçamento dos vasos
" Exemplos: pinças hemostáticas → possuem argolas (parecem tesouras) e cremalheiras (ranhuras
entre as argolas) para permitir seu fechamento em diferentes graus de pressão, mas existem inúmeros
tamanhos, curvaturas e formatos de extremidades
o Halsted (mosquito)
o Kelly
o Crile
o Rochester
o Kocher: detalhe especial na ponta denteada
– Pega tecidos mais firmemente (aponeuroses)
o Mixter: ponta angulada → usada pra reparo de vasos, passando o fio cirúrgico por baixo dela
o Satinski: usada para hemostasia de grandes vasos
MOSQUITO
Halsted Crile
Kelly
Rochester
Kocher
Statinski
! Materiais de preensão ou auxiliares: sua função é a preensão e manipulação dos tecidos e vísceras
" Exemplos: pinças
o Pinças de dissecção (elásticas): podem auxiliar o cirurgião tanto na diérese como na hemostasia
ou síntese. Podem ou não ter dentes, sendo que as com dentes são muito utilizadas para
preensão de aponeuroses e pele como auxílio de sutura, e as sem dentes são utilizadas para
outros tecidos
– Exemplos: Standard (anatômica), Adson, Debakey
o Pinças de anéis e cremalheira: são muito utilizadas para o transporte de gazes objetivando
secagem e antissepsia (gaze montada)
– Exemplos: Collin, Foerster, Allis, Babcock, Cheron
! Materiais de exposição ou afastadores: visam o afastamento dos tecidos e exposição do campo cirúrgico
" Afastadores dinâmicos: precisa de tração externa feita por pessoas
o Farabeufs, Doyen, Deaver, Volkman
Farabeuf Doyen
! Materiais especiais: são utilizados como material complementar em determinadas cirurgias específicas
" Exemplos: costótomo na cirurgia torácica, clamps intestinais, fórceps obstétrico, materiais
laparoscópios e robóticos
! Materiais de síntese: objetivam a reconstrução dos tecidos ressecados
" Exemplos: porta-agulhas, agulhas, fios
o Porta-agulhas: variam em tamanho e característica da superfície preensora e sua escolha
! Miscelânea
" Exemplos: pinças de Backhaus, aspiradores, cubas, compressas e gazes
Backhaus Compressa
! Montagem da mesa
" Considerações
o A mesa nunca deve ser sobrecarregada de materiais, mas deve conter todos os instrumentos
considerados essenciais e indispensáveis para aquele procedimento cirúrgico
o Os instrumentos devem ser organizados de forma lógica
o A mesa sempre deve ficar posicionada obliquamente e do lado oposto do cirurgião, e todos os
instrumentos (exceto o porta-agulhas) deverão ter suas pontas voltadas para o lado do
instrumentador, pois é assim que este entregará os instrumentos ao cirurgião
AULA 2
PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA
INTRODUÇÃO
! Avanços na história
" 2002: Resolução 55.18, da 55ª Assembleia Mundial da Saúde recomendou à própria OMS e aos
Estados Membros uma maior atenção ao problema
" 2004: OMS lança a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente
o Objetivos de despertar a consciência profissional e o comprometimento político para uma
melhor segurança na assistência à saúde e apoiar os Estados Membros no desenvolvimento de
políticas públicas e na indução de boas práticas assistenciais
o Desafios globais para a segurança do paciente: formulados a cada 2 anos de acordo com as
metas alcançadas é importante a mensuração da assistência cirurgica (número de
– Primeiro desafio global procedimentos, tempo, níumero de reintervenções em 24 horas,
número de infecções cirúrgicas…)
• Higienização das mãos
• Procedimentos clínicos e cirúrgicos seguros
• Segurança do sangue e de hemoderivados
• Administração segura de injetáveis e de imunobiológicos
• Segurança da água, saneamento básico e manejo de resíduos
– Segundo desafio global: atenção para os fundamentos e práticas da segurança cirúrgica
• Prevenção de infecções de sítio cirúrgico
• Anestesia segura (disponibilidade de anestésicos)
• Equipes cirúrgicas seguras (presença de toda equipe antes de iniciar a cirurgia)
• Indicadores da assistência cirúrgica
! Epidemiologia
" Eventos adversos (erro médico): afetam cerca de 3 a 16% de todos os pacientes hospitalizados
o Mais da metade de tais eventos são reconhecidamente preveníveis
o Pelo menos metade dos eventos ocorre durante a assistência cirúrgica
! Conceitos
" Pausa cirúrgica
o Definição: breve pausa (< 1 minuto) na sala de operações, imediatamente antes da incisão,
durante a qual todos os membros da equipe cirúrgica confirmam verbalmente a identificação
do paciente, o sítio cirúrgico e o procedimento a ser realizado → assegurar a comunicação entre
os membros da equipe e evitar erros como o “local-errado” ou o “paciente errado”
o Essa prática tem sido mandatória nos EUA e em alguns outros países
– Nos últimos 5 anos nos EUA e em outros países industrializados, a “pausa cirúrgica” foi
introduzida como um componente padrão da assistência a saúde
INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO
PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA 1- SUPERFICAL (pele à subcutâneo) até 30 dias do ato cirúrgico
! Considerações 2- PROFUNDA/CAVITÁRIA até 30 dias do ato cirúrgico ou 1 ano no caso do uso de próteses
" A meta não é prescrever uma única maneira de implementação ou criar uma ferramenta regulatória,
mas sim introduzir elementos-chave de segurança na rotina operatória
o Peculiaridades de cada serviço e de cada instituição em seus próprios manuais
! Desafios
" Principal: adesão de todos os membros da equipe cirúrgica
o Fazer com que a equipe cirúrgica compreenda que o checklist irá padronizar suas ações e
promover a interação da equipe, além de ser para o benefício do paciente
" Envolvimento das diversas equipes
" Reunir a equipe simultaneamente no início do procedimento
! Protocolo (OMS)
3 MOMENTOS:
1- ANTES DA INDUÇÃO
ANESTÉSICA: IDENTIDADE
(nome do paciente, da mãe
e data de nascimento),
SÍTIO CIRÚRGICO, QUAL
PROCEDIMENTO,
SEGURANÇA ANESTÉSICA
(VAs difícies)
2- ANTES DE INICIAR A
CIRURGIA
3- ANTES DE SAIR DA
SALA
TRAUMA CIRÚRGICO
! Tipos de trauma: acidental (ferimento por arma de fogo, acidente de carro) ou planejado (cirurgia)
! Componentes biológicos do trauma
" Primários: decorrem da ação de forças físicas sobre tecidos (lesão)
o Lesão tecidual: incisão, tração dos tecidos, exposição à temperatura
o Lesão de órgãos específicos
– SNC → TCE, paralisia e perda de consciência
– Abdômen → íleo paralitico pós-operatório
o Lesão vascular
– Ruptura de vasos → hematoma
– Hemorragia → redução do volume circulante
– Vasodilatação traumática → aumento da permeabilidade capilar → acúmulo de água,
eletrólitos e proteínas → edema
" Secundários: respostas endócrinas, celulares, imunológicas e hemodinâmicas que juntas podem
facilitar a recuperação e diminuir a extensão da lesão
" Componentes associados
o Comorbidades do paciente: DM2, HIV, IRC
o Alteração do hábito alimentar: jejum pré e pós-operatório
– Prezar pelo mínimo de tempo de jejum possível
– Pode aspirar a comida pós cirurgia, é preciso cicatrizar antes de liberar a ingesta
o Imobilização prolongada: provoca catabolismo muscular e acúmulo de secreções (pulmões)
– Manejo inadequado da dor: paciente usa a musculatura acessória e não consegue ventilar
e expandir o pulmão adequadamente → acúmulo de secreções
– Covid: posição prona → otimizar a ventilação recrutando outras áreas do pulmão
o Perdas hidroeletrolíticas extra-renais: perspiração, respiração (perdas básicas), febre (aumento
do metabolismo), traqueostomia (abertura da traqueia que altera o equilíbrio da umidade do
trato respiratório), grandes queimados, fístula, vômito, diarreia, sondas
o Doenças viscerais: pioram a evolução pós-operatória
! Comportamento biológico da resposta ao trauma
" Características
o É gradual, progressivo, previsível e independe da natureza da agressão
o Desencadeia uma sequência coordenada de respostas inflamatórias para manter fluxo
sanguíneo e oferta de oxigênio → manter a pressão arterial estável e a perfusão dos tecidos
o As alterações no organismo são proporcionais à gravidade da lesão tecidual e as reações
buscam a homeostase
" Fatores que influenciam na resposta ao trauma
o Gravidade do trauma
o Alterações dos fluidos corporais intra e extravasculares
o Alterações que determinam os reflexos neuroendócrinos
o Dor
o Estímulos emocionais como medo e ansiedade
o Alterações de substrato energéticos (jejum)
o Relativos à lesão: magnitude, infecção
o Gases inalatórios
o Imobilização
AULA 5
ACIDENTES OCUPACIONAIS COM MATERIAIS BIOLÓGICOS: RISCO E MANEJO
! Generalidades
" Momentos de exposição profissional
o Reencapamento de agulhas
o Suturas RISCO MAIOR COM PATÓGENOS
o Biópsias TRANSMISSÍVEIS PELO SANGUE
o Transporte de materiais biológicos
o Endoscopias em situações de emergência como pacientes com sangramento digestivo
algum medicamento
o Lesão profunda
o Agulha diretamente inserida em acesso arterial ou venoso
o Sangue visível no objeto contaminante
o Grande volume (contato prolongado ou grande quantidade de material biológico de risco)
o Paciente-fonte com carga viral elevada
um recipiente disponível
o Manter atenção durante atividades com materiais perfurocortantes ou orgânicos
o Imobilizar o paciente se necessário
o Transportar orgânicos e perfurocortantes em bandejas ou cubas
o Montar perfurocortantes com auxílio de pinças
o Não usar propés sem sapatos Obs: HBV e HCV podem sobreviver por 7 dias
o Evitar dois cirurgiões no mesmo campo de sutura em superfícies e permanecer infectante
o Usar os EPIs necessários
! Conduta
" Depende de vários fatores
o Exposição (tipo e gravidade do acidente)
o Fluido e gravidade (sangue é o mais grave)
o Paciente-fonte (situação sorológica)
TRANSMISSÃO
PERCUTÂNEO:
1- HIV: 0,3-0,5 %
o Suscetibilidade do acidentado 2- HBV: 6-30%
! Transmissão de hepatite B (HBV) 3- HCV: 1,8%
HBV É O DE MAIOR RISCO
" Epidemiologia
o Brasil (2018): taxa de detecção de hepatite B de 6,7 casos a cada 100.000 habitantes
– RS (2018): 13 casos / 100.000 habitantes
– POA (2018): 20 casos / 100.000 habitantes
Para pacientes
imunossupressos
são feitos
esquemas
de dose dobrada
o IGHAHB: administrada em expostos que não são vacinados ou possuem vacinação incompleta
e em que o paciente fonte possui o antígeno de superfície (HBsAg) positivo
! Transmissão de hepatite C (HCV)
O uso de
" Epidemiologia imunoglobulina
o Brasil 2018: taxa de incidência de hepatite C de 12,6 casos a cada 100.000 habitantes Anti-HBV é para
situações específicas.
– RS (2018): 48 casos / 100.000 habitantes Se tu és vacinado, tem
um AntiHbs > 10 (R)
– POA (2018): 90 casos / 100.000 habitantes
registrado em algum
momento da vida, NÃO
" Risco de transmissão: 1,8% (0 a 7%) PRECISA FAZER
NÃO EXISTE PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO NENHUM TIPO DE
" Materiais biológicos de risco PROFILAXIA PÓS
O QUE SE FAZ É ACOMPANHAR ESSE PACIENTE, DIAGNOSTICAR E EXPOSIÇÃO
o Sangue e seus produtos
TRATAR (TEM BOM TRATAMENTO PARA HEPATITE C, MAS
o Fluidos orgânicos com sangue INFELIZMENTE NÃO EXISTE PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO)
o Cultura de vírus
exposição
• Se negativo: alta
• Se positivo: permanece em acompanhamento
! Transmissão de HIV
" Epidemiologia TESTE DE HIV —> NO PRIMEIRO ATENDIMENTO, 1 MÊS APÓS EXPOSIÇÃO E 3 MESES DEPOIS DA EXPOSIÇÃO
o Brasil 2018: taxa de detecção de AIDS de 17,8 casos a cada 100.000 habitantes
– RS (2018): 30 casos / 100.000 habitantes
OBS: U = U —> EVIDÊNCIAS DE
– POA (2018): 50 casos / 100.000 habitantes QUEM NÃO SE TRANSMITE POR
VIA SEXUAL, PORÉM PODE
" Risco de transmissão: 0,02 a 0,3% TRANSMITIR POR SANGUE!!!!!
" Tipos de acidentes
de acidente
" Risco de transmissão do HIV por materiais biológicos
o Com risco: sangue, sêmen, fluidos vaginais, líquidos de serosas (peritoneal, pleural, pericárdico),
≤ 72 horas?
– Condição sorológica para o HIV da pessoa exposta e do
• Apresentação: comprimido 50 mg
• Posologia: 1 cápsula por dia
• Contraindicações: gestação (usar Raltegravir), pessoas em uso de
fenitoína/fenobarbital, carbamazepina, oxicarbamazepina, dofetilida, pilsicainida e
metformina (aumenta a concentração), paciente fonte resistente a DTG
– Alternativas
" Infecção
o Presença do germe e presença de sinais e sintomas
• Quarto privativo com porta aberta ou em conjunto com pacientes com mesma doença
• Uso de máscara cirúrgica para profissional e paciente (transporte)
o Precauções de contato
– Indicações
SONDAS E DRENOS
CONCEITOS
! Dreno
" Definição: material colocado no interior de uma ferida ou cavidade para permitir a saída de fluidos
ou de ar
" Usos: drenagem de seroma, hematoma, linfa, pus, secreções do TGI, ar na cavidade pleural
! Sonda ou cateter
" Definição: material tubular introduzido geralmente em um orifício natural (boca, nariz, uretra, ânus),
mas não necessariamente
" Usos: drenagem, introdução de substâncias (alimento, medicamentos)
! Material
" Látex: barato, maleável, porém fácil colonização bacteriana e colabamento
" Polietileno: mais rígidos (pode danificar estruturas corporais), drenagem mais efetiva, mais difícil
colonização bacteriana
" Silicone: mais caro, menos rígido que o polietileno e menos maleável que o látex
" Poliuretano (Teflon): menos antigênicos, usados para cateteres intravenosos (intracath, abocath)
! Tamanho
" Escala de French (Fr): diâmetro do dreno ou sonda circular (3 Fr = 1 mm)
DRENOS
! Características
" São fixados com ponto simples ou bailarina
" Geram reação inflamatória ao seu redor devido a reação de corpo estranho → tecido de
granulação em volta do seu trajeto após 7-10 dias
! Dreno laminar
" Drenagem: ocorre por dentro do dreno e pelas paredes (capilaridade)
" Exemplo
o Penrose
– Barato, maleável, não drena tão bem e coloniza (não deixar por mais de
7 dias)
– Uso: cirurgia geral, urologia
o Silicone: menos risco de colonização, menos colabamento e drena melhor
! Dreno tubular
" Drenagem: ocorre por dentro do dreno
" Exemplos
o Portovac: lança na ponta do dreno serve para fazer o pertuito até o local de
drenagem, e se introduz em uma sanfona ou pera, que faz vácuo (pressão
negativa) e auxilia na drenagem
– Uso: drenagem abdominal
o Dreno de tórax: dreno calibroso e com fenestras para facilitar a drenagem
– Conectado a um dispositivo com uma coluna líquida (selo d’água) ®
serve para não refluir ar para a cavidade pleural
– Tamanhos (calibre)
• Crianças: 6-26 Fr
• Adultos: 20-40 Fr
– Uso: drenagem do tórax em casos de pneumotórax, hemotórax, derrame pleural, empiema
! Dreno túbulo-laminar
" Possuem os benefícios dos drenos laminares e dos tubulares
" Exemplos
o Sump
o Jackson Pratt: a extremidade que fica na cavidade é esponjosa e fenestrada
o Blake: feito de silicone, maleável, com fenestras na extremidade,
drena bem e não danifica as vísceras
SONDAS
! Sonda nasogástrica
" Sonda rígida que vai do nariz até o estômago
" Se há impossibilidade de passagem pelo nariz, usa-se a sonda orogástrica
" Usos: descompressão do estômago e intestino delgado, lavagem gástrica
" Tamanho
o Mulheres: 14-16 Fr; Homens: 16-18 Fr
! Sonda nasoentérica (Dobbhoff)
" Sonda mais longa e mais maleável (poliuretano ou silicone) que vai do nariz até o duodeno
" Na extremidade há uma estrutura metálica (radiopaca) e geralmente se usa um fio guia para chegar
até o ângulo de Treitz
o Para confirmar se a sonda está no local certo, deve se fazer uma radiogradia de abdômen
INTRODUÇÃO
! Avanços da medicina na história
" 1846: Morton iniciou a introdução da anestesia nas cirurgias
" 1860: John Lister verificou que “limpando, vaporizando” o campo cirúrgico com ácido carbólico,
conseguia-se reduzir substancialmente a mortalidade por infecções → assepsia cirúrgica
" 1930: Fleming introdução da penicilina
" 1960: Burke avaliou a ocorrência de infecção cirúrgica incisional de acordo com o momento de uso
da antibioticoterapia em relação à incisão → bases da antibioticoprofilaxia
o Momento ótimo para se usar antibióticos: profilaticamente, na ausência de doenças, para evitar
infecções cirúrgicas
" 1970: início da produção de cefalosporinas
o Monoterapia capaz de cobrir germes Gram positivos e negativos → início da era antibiótica
INFECÇÕES EM CIRURGIA
! Agentes etiológicos
" No geral, as infecções são causadas por germes da própria microbiota do paciente
o Microbiota intestinal: dentre os germes virulentos, o predomínio é de Gram negativos ao longo
do trato digestivo (principalmente a de Escherichia coli)
– A partir do ceco e ao longo do intestino grosso, há um predomínio paralelo de bactérias
anaeróbias (principalmente Bacteroides fragilis)
– Dentre as bactérias Gram positivas da microbiota intestinal, o principal representante é o
Enterococcus faecalis
! Classificação dos procedimentos cirúrgicos (feridas cirúrgicas)
" Cirurgias limpas
o Correspondem às cirurgias superficiais, onde a única microbiota que poderia ter alguma
virulência seria a da pele (Gram positivos, principalmente Staphylococcus aureus)
– Exemplos: cirurgia plástica, cirurgia de tireoide/paratireoide, cirurgia de varizes
o Microbiota essencialmente controlável com um preparo pré-operatório adequado (correção
da infecção urinária, compensação do diabetes, suspensão do fumo, tratamento de feriadas
superficiais cutâneas)
o Risco de infecção: < 5% (idealmente até 2%)
o Não é recomendada profilaxia com antibiótico
– Exceções: cirurgia oftalmológica, cirurgia neurológica eletiva, cirurgia vascular → infecções
em que há complicações potencialmente fatais, ou sequelas irreversíveis (perda de visão,
amputação) → justifica-se o uso de profilaxia com antibiótico
" Cirurgias potencialmente contaminadas
o Toda cirurgia eletiva realizada no cotidiano do bloco cirúrgico, onde há um risco de expor a
microbiota intestinal mesmo com a realização de uma cirurgia tecnicamente correta, porém há
risco de expor a microbiota intestinal
– Exemplos: gastrectomia, hepatectomia, esplenectomia, colecistectomia
o Risco de infecção: em torno de 12%
o Antibiótico profilático: diminui o risco de infecção
! Uso de antibióticos
" Máxima: quanto menor o uso de antibióticos, melhor
o Os antibióticos profiláticos e terapêuticos, empíricos ou direcionados contra uma infecção
conhecida, devem ser usados de forma criteriosa, minimizando a seleção e o desenvolvimento
de patógenos multidroga-resistentes
" Antibioticoprofilaxia
o Definição: uso do antibiótico apropriado (que cobre a microbiota em que se vai operar) durante
o peri-operatório
o Características do antibiótico
– O menos tóxico e menos prejudicial ao paciente
– O mais em conta
– O que desenvolva a menor resistência bacteriana possível
o Esquema
– Iniciar o antibiótico um pouco antes da cirurgia (1-2 horas antes), durante a cirurgia e
encerrar o uso nas primeiras 24 horas após a cirurgia
• Exceções em que se considera o uso até 48h após
– Replicar a dose de acordo com a farmacocinética e farmacodinâmica e reconhecendo o
tempo de cirurgia, sempre mantendo a concentração inibitória mínima a nível sérico e
tecidual
• Se houver descompasso entre o momento de início da administração da profilaxia e o
início da cirurgia, utilizar antibiótico em doses mais altas (2-3x) no momento da indução
da anestesia, na sala de cirurgia
o Antibióticos mais usados para profilaxia: cefalosporinas de 1ª geração (cefazolina ou cefalotina)
– Meia-vida em torno de 2-3h
" Sistêmicos
o Corticoide: retardo da cascata da coagulação → diminui a inflamação (necessária para a
cicatrização)
o Radioterapia: morte celular → retarda a cicatrização
o Idade: com a idade, o metabolismo se torna mais lento e o sistema imune mais frágil
o DM não controlada: lesões do endotélio vascular → microaneurismas nos capilares,
principalmente em áreas periféricas → retardo da cicatrização
o Oxigênio hiperbárico: pode aumentar a quantidade de radicais livres, retardando a
cicatrização
o Choque hipovolêmico: redução do aporte sanguíneo → retardo da cicatrização
o AINE: alguns AINEs podem retardar a cicatrização
o Fototerapia: lesão tecidual → redução do aporte sanguíneo → retardo da cicatrização
! Classificação de feridas
" Densidade microbiana
o Limpa: cirurgias eletivas
o Baixa contaminação: menos de 4 horas de evolução
o Contaminada: trauma sem secreção porém com risco de infecção
o Infectada: mais de 12 horas de evolução com secreção purulenta
" Progressão
o Classe I: 0 a 4 horas
o Classe II: 4 a 12 horas
o Classe III: mais de 12 horas
" Apresentação
o Abertas: perda da integridade da superfície da pele
– Incisas: lesão do tecido com margens regulares
– Laceradas: lesões com margens irregulares
– Avulsionadas: perda de tecido → descontinuidade do tecido afetado, ligado ao tecido
sadio ou não (perda de parte do dedo)
– Punctórias: ponto de entrada é também o ponto de saída (lesão causada pela vacina)
– Penetrantes: (arma de fogo)
o Fechadas: ausência de perda da integridade da pele
– Abrasão
– Contusão: por esmagamento ou fricção → região interna do tecido sofre a lesão, mantendo
a parte externa íntegra
" Causa
o Traumáticas: causadas por acidentes
o Não Traumáticas: cirurgias eletivas/planejadas
" Estrutura
o Superficial: camadas superficiais da pele → epiderme e derme superficial
o Profunda: camadas mais profundas da pele → derme profunda, hipoderme, fáscias, músculos
! Complicações da cicatrização
" Queloide x cicatriz hipertrófica
o Queloide: cicatriz vai além do limite da lesão
o Hipertrófica: cicatrização aumentada, tecido hipertrofiado, mas limitado à área da lesão
PRINCÍPIOS EM ANESTESIA
ANESTESIA GERAL
! Histórico
" 16 de outubro de 1846: 1ª anestesia por Willian Thomas Green Morton
" John Snow iniciou estudo das propriedades físico-químicas do éter (primeiro vaporizador)
" Anestesia possibilitou a realização de cirurgias mais elaboradas
" Clorofórmio, cloreto de etila, tricloroetileno
" 1950 iniciou o uso do halotano, metoxifluorano e enflurano (gases usados atualmente)
! Objetivos
" Objetivos primários
o Inconsciência
o Bloqueio da dor
– Inibição da liberação simpática em resposta ao trauma (hipertensão, taquicardia,
sudorese, lacrimejamento)
– Inibição da resposta hormonal (níveis alterados de insulina, glicose, ADH e colesterol)
! Anestésico ideal
" Indução anestésica
o Rápida, segura e agradável
o Manutenção hemodinâmica e
ventilatória adequada
" Administração
o Inalatória
o Balanceada
o Endovenosa
! Ação dos fármacos
" Inconsciência
o Venosos
– Propofol (indução na balanceada ou continuamente na endovenosa total)
– Etomidato (não é muito utilizado atualmente)
– Cetamina (amplamente utilizada atualmente)
– Midazolan (pode ser usado em associação ao Propofol para evitar doses altas)
– Methohexital
– Tiopental (thionembutal)
o Inalatórios: halotano (maior cardiotoxicidade), isoflurano, sevoflurano, óxido nitroso (aumento
da analgesia)
" Bloqueio da dor (opioides)
o Transoperatório: fentanil, alfentanil, remifentanil, morfina e meperidina
o Pós-operatório: morfina e meperidina
" Farmacocinética
o Administração: inspiração do fármaco → alvéolos → absorção pelos capilares pulmonares →
distribuição aos tecidos do organismo → metabolismo → eliminação pulmonar
– O halotano é muito metabolizado, podendo causar icterícia medicamentosa por lesão
hepática
o Hipnose: ocorre quando a pressão parcial alveolar do fármaco é igual à pressão parcial cerebral
– Profundidade da anestesia: determinada pelo equilíbrio entre a pressão alveolar e a
cerebral → quanto maior for a concentração oferecida, maior será o efeito anestésico
o Concentração alveolar mínima (CAM)
– Concentração, em 1 atm, que inibe a resposta de movimento a estímulo doloroso supra-
máximo (incisão da pele) em 50% dos pacientes (quanto maior a CAM, menos potente é o
anestésico)
• Óxido nitroso (N2O): sempre é usado em associação com outros fármacos, pois a sua
CAM é de 104% (faltaria oxigênio) → é usado em associação para diminuir a CAM do
fármaco associado → efeito com no mínimo 60%
• Associação halotano e N2O: efeito do óxido nitroso diminui a CAM do halotano →
benefício de usar menores doses de halotano (pela sua alta cardiotoxicidade e
potencial de lesão hepática está longe de ser o anestésico ideal único)
" Farmacodinâmica
o SNC
– Redução do metabolismo cerebral e do consumo de O2 pelo cérebro
– Aumentam o fluxo sanguíneo cerebral por vasodilatação
o Cardiovascular
– Desfluorano, sevofluorano e isofluorano promovem ↓PA por diminuição da RVP
– Depressão do miocárdio
• Halotano causa maior depressão do miocárdio (dose dependente) → pode ocasionar
problemas clínicos quando usado isoladamente
• Sevofluorano possui menor ação sobre o miocárdio,
o Ventilação
– Deprimem a ventilação e ↑PaCO2 com alteração da resposta ventilatória ao CO2
– Diminuem o tônus da musculatura brônquica (maior efeito do halotano)
– Desfluorano e isofluorano podem causar irritação brônquica → odor forte
– Sevofluorano: mais bem tolerado para indução inalatória → menor irritação brônquica
– Observação: éter tem odor mais agradável, mas tem risco de ser usado com eletrocautério
(inflamável)
o Musculatura
– Produzem relaxamento muscular potencializando os bloqueadores neuromusculares
dependência química
• Reversão pela naloxona (antagonista dos receptores opioides)
• Rigidez muscular torácica e abdominal (dose e velocidade de administração
dependente) → reversão com o curare para voltar a ventilar
– Fentanil e alfentanil
• Maior acúmulo no organismo
– Remifentanil
• Ação ultra-curta e não acumulativa (utilização em pacientes obesos)
• Muito usado pois proporciona grande estabilidade cardiovascular
• Associar fármacos analgésicos devido a sua rápida ação
• Sempre usar em bomba de infusão, não em bolus → causa depressão respiratória e
contratura torácica
– Potência
• Fentanil: 100x maior que morfina
• Sufentanil: 1000x maior que morfina
• Alfentanil: 1/10 potência do fentanil
• Alfentanil e remifentanil devem ser administrados de forma contínua
ANESTESIA CONDUTIVA
! Definição
" Produção de insensibilidade localizada, de caráter reversível e sem alteração dos níveis de
consciência (pode-se fazer sedação para conforto do paciente)
! Tipos de anestesia condutiva
" Anestesia tópica/local/infiltrativa
o Exemplo: anestesia de mucosa oral no dentista
NUTRIÇÃO EM CIRURGIA
INTRODUÇÃO
! Conceitos
" Desnutrição risco para sepse e infecções
o Não existe doença que se beneficie da desnutrição
o Epidemiologia
– Prevalência hospitalar: em média, 50%
– Estado nutricional é desvalorizado nos adultos pelos médicos
– Hospitalização prolongada está diretamente relacionada com desnutrição, tanto como
causa como consequência
" Falência nutricional: ocorre quando a desnutrição do paciente crítico é inevitável enquanto não for
tratada a doença de base e controlar a inflamação do paciente
o A nutrição não corrige as alterações nutricionais no doente grave, mas sim evita a maior
desnutrição para permitir uma melhor cicatrização e recuperação
o A perda de massa muscular é progressiva e inevitável, pois o paciente fica em catabolismo,
mesmo em pacientes nutridos e é determinante da mortalidade
– Reservas endógenas: glicogênio hepático, gordura e músculo (principal fonte do paciente
desnutrido)
o A causa principal da falência nutricional são as alterações do metabolismo durante a agressão
jejum
– Sintomas gastrointestinais
• Náusea, vômitos, diarreia, anorexia
– Capacidade funcional
• Doenças mais graves, como trauma grave, cirurgia, infecções graves pontuam mais
– Edema e sinais de deficiência (achados do exame físico)
• Problemas na boca, dentes e gengivas
• Problema na mastigação e deglutição
• Estomatite angular (deficiência de riboflavina)
• Dor óssea e fraturas
• Glossite → espessamento da língua (deficiência de B12)
• Queilite
• Alterações na pele
• Gengiva (escorbuto)
• Alopecia (deficiência de biotina)
• Acrodermatite enteropática → descamação de extremidades, lesões periorais e lesões
em dobras (deficiência de zinco) DEFICIÊNCIA DE ZINCO É A MAIS FREQUENTE EM PACIENTES DESNUTRIDOS
• Pelagra (deficiência de niacina)
• Perda de tecido gorduroso subcutâneo
• Diminuição de tecido muscular
• Edema de tornozelo ou sacral (pacientes acamados) → diminuição de proteínas séricas
• Ascite
– Relação entre doença e requerimentos nutricionais EDEMA E ASCITE OCORREM PORQUE
o Classificação do paciente BAIXA PROTEINA — BAIXA
– Bem nutrido
ALBUMINA — MENOR PRESSÃO
ONCOTICA — EDEMA E ASCITE
– Moderadamente desnutrido ou com suspeita de desnutrição
– Gravemente desnutrido
! Avaliação nutricional
" Definição: exame detalhado das variáveis nutricionais, metabólicas e funcionais realizadas por
profissionais especializados
o Feita após a triagem para avaliar o quão desnutrido o paciente está
o Inclui o exame físico, história clínica e cirúrgica, peso e recordatório alimentar e exames
diagnósticos e laboratoriais
o Consiste em uma avaliação antropométrica, laboratorial e metabólica
" História clínica: completa da doença atual e pregressa, detalhamento da ingestão alimentar e
questionamento sobre perda de peso
" Exame físico: incluindo antropometria (peso, altura, circunferências do braço e abdominal, pregas
cutâneas) → comparar dados antropométricos com padrões normais
" Avaliação bioquímica
o Albumina sérica: indica a reserva proteica
meia vida de 3/4 semanas;
– Avaliação da desnutrição crônica
o Pré-albumina sérica (meia-vida mais curta)
mais útil na internação; meia-vida de 3/4 dias
– Avaliação da desnutrição aguda
o Contagem de linfócitos totais
o Transferrina sérica
o Teste cutâneo (candidina, tuberculina)
controle radiológico
o Vantagens
radiológica
o Gastrostomia endoscópica (técnica de Pull): transiluminação do estômago por
– Em geral por punção de veia cefálica ou basílica com progressão até a veia
cava superior
– Custo alto, colocado pela enfermagem, longa duração
o Cateteres semi-implantáveis com cuff em túnel subcutâneo
AULA 3
CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA
INTRODUÇÃO
! Princípios gerais da técnica cirúrgica
" Princípios bioéticos
o Benevolência: utilização dos conhecimentos e habilidades a serviço do paciente
o Não maleficiência: garantia de que danos serão evitados em seu mais amplo sentido (ação
terapêutica menos danosa que o malefício da doença)
o Autonomia: respeito ao paciente, consentimento livre e esclarecido
o Justiça: expor fatos para o paciente, igual consideração dos interesses envolvidos na relação
médico-paciente
! Avanço da cirurgia: os princípios éticos que regem a medicina fazem desenvolver cada vez mais métodos
não invasivos → dilema da modernidade: incorporar ou não as novas tecnologias
" Cirurgias abertas (convencionais)
" Cirurgias laparoscópicas: visualização bidimensional
" Cirurgia robótica: permite visualização tridimensional
" Cirurgia 4.0: possibilidade de ser realizada à distância, via tablet
FUNDAMENTOS DA CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA P3: foco de trabalho
! Princípios (centro do vídeo)
" Visão em 2 dimensões
o Trabalhar com as duas mãos é uma forma
de compensar a tridimensionalidade
perdida → triângulo de trabalho P2: instrumento P4: instrumento
de trabalho de trabalho
P1: visão/iluminação
MICROCIRURGIA RECONSTRUTIVA
INTRODUÇÃO
! Conceitos
" Microcirurgia reconstrutiva: utilização de microscópio para realização de suturas em pequenas
estruturas (1-2,5 mm de diâmetro → artérias, veias, nervos)
o Utilizada por várias especialidades cirúrgicas (ortopedia, plástica, oftalmologia, neurocirurgia,
otorrinolaringologia, cirurgia geral)
o Transplante de tecidos: a microcirurgia utiliza o conceito de transplante de tecidos de um local
para outro, junto com a anastomose de vasos (pedículo vascular) e nervos
" Anastomose: ligação de vasos → uso do fio mononylon 10 zeros
o Anastomose término-lateral: ligação da porção terminal de um vaso na parede lateral de outro
o Anastomose com enxerto de veia: utilização de segmento de veia para anastomose de artérias
RETALHOS E ENXERTOS
! Conceitos
" Retalho: segmento de tecido vascularizado com artéria e veia (pedículo
vascular), podendo envolver nervo junto, retirado de uma área (doadora)
para outra área lesada (receptora)
o Tecido mantém comunicação entre a área doadora e a receptora →
áreas contíguas (vizinhas) → o pedículo permite a irrigação do enxerto e
a sobrevivência do tecido
" Enxerto: segmento de tecido retirado de local não acometido, com secção
do pedículo para reanastomose (microcirurgia) no local que sofreu injúria → áreas não contíguas
" Indicações: queimaduras, escalpelamento, injuria por ácido, trauma
! Cabeça e pescoço
" Revestimento cutâneo
o Revestimento do escalpo: retirada de segmento do músculo grande
dorsal junto com a pele e pedículo vascular correspondente para
recobrir a cabeça
" Reconstrução cartilaginosa
o Reconstrução de orelha: retirada da cartilagem costal e implantação no
antebraço, abaixo da pele → formação de segmento estruturado de
cartilagem + pele para promover o transplante do novo tecido com
pedículo no local da orelha amputada
! Membro inferior
" Revestimento cutâneo: perna, tornozelo e pé
o Revestimento de pele: retalho paraescapular → apenas pele e pedículo vascular
o Revestimento de pele + músculo: retalho do grande dorsal → músculo, segmento de pele e
pedículo vascular
o Retalho muscular: retalho do grácil → retirada apenas de parte do músculo para implantar em
outro local, principalmente em locais com perda excessiva de tecido e exposição óssea e
articular
– Músculo tem características protetivas e curativas nas lesões em que preenche devido a
vascularização promovida pela anastomose
! Membro superior: braço, antebraço e mão
" Revestimento cutâneo
o Retalho de tensor da fáscia lata: tensor da fáscia lata + porções musculares → preenchimento
muscular
o Retalho de serrátil anterior: retirada de segmentos do serrátil com pedículo vascular
o Tecidos provenientes do hálux: a polpa digital do hálux pode ser utilizada para reconstrução dos
dedos da mão, o que permite o preenchimento e a sensibilidade adequada dos dedos
" Reconstrução óssea
o Metatarso falangeana: pode ser usada para reconstruir as falanges das mãos → o pé é uma
zona doadora para traumas ou defeitos na mão
o Reconstrução do polegar: dedo mais importante da mão → retirada de parte do hálux para
transplante no local do polegar na mão, quando a perda não é total, e retirada do segundo
dedo do pé para transplante no local do polegar, quando todo o dedo é perdido
REIMPLANTES
! Conceito
" Quando se perde a continuidade do tecido com o corpo (amputação de segmento) e se deseja
fazer a reimplantação do próprio tecido amputado
o Promove melhor resultado funcional → é a melhor opção terapêutica para amputação
o Reimplantes em crianças são indicados → o membro cresce normalmente com a preservação
da placa de crescimento
! Considerações importantes
" Tempo: quando o reimplante envolve músculos, quanto mais rápido for reimplantado, melhor, pois o
músculo em isquemia produz catabólitos que podem ser prejudiciais para o paciente quando
entrarem na circulação sistêmica (insuficiência renal) → na reanastomose, o segmento arterial é
unido mas a veia é unida depois de deixar parte do sangue ser drenado para fora do corpo
o Segmentos que envolvem grande quantidade de músculos: 6 horas (braço)
o Segmentos que envolvem poucos músculos: até 24h (dedo)
" Transporte: enrolar o segmento amputado em volta de um pano (evitar que o tecido queime com o
gelo), colocar dentro de um saco (evitar que o segmento entre em contato com a água do gelo
derretido), dentro de um recipiente com gelo
" Coto: curativo com pressão, cobrindo toda a lesão, mas sem necessidade de garrote
! Locais
" Membro superior: reimplante de braço, mão, dedos
" Membro inferior: reimplante de perna, pé, dedos
" Segmento cefálico: escalpo, lábio
PRINCÍPIOS DA NEUROCIRURGIA
NEUROCIRURGIA
! Mesa cirúrgica
" Características
o Mesa cirúrgica elétrica que permite movimentação de diferentes segmentos
! Cirurgia de epilepsia
" Eletrocorticograma: colocação de eletrodos para realizar mapeamento da atividade elétrica →
seleção de áreas epilépticas mais precisamente
" Mapeamento
o Estímulo elétrico do cérebro com 4 ou 5 mA
o Estímulo de 14 mA → se não houver reflexo, é uma área não funcionante e pode ser retirada
! Cranioplastia
" Materiais
o Tela de metal: menos frequente
o Cimento ósseo: mistura de pó e líquido → moldar enquanto estiver mole na calota craniana e
quando começar a endurecer, suturar com pontos inabsorvíveis para evitar desafixação
" Pontos de pele
o Técnica: entrar e sair com a agulha reta; penetrar a agulha na mesma
espessura da pele que vai ser suturada
o Ponto em trapézio invertido
– Maior quantidade de tecido em cima → quando aperta, fica sobrando
– Bordas desalinhadas, cicatriz mais aparente
o Ponto em trapézio (ideal)
– Maior quantidade de tecido embaixo
– Bordas alinhadas e melhor cicatriz