INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Departamento de Engenharia Mecânica/Secção de Matemática

Análise Matemática I
Exame 2 - 18/07/2007
Duração - 2h 00m

Leia atentamente o enunciado antes de iniciar a sua resolução e apresente todos os cálculos que efectuar.

(2.0) 1. Determine o interior, a fronteira e o conjunto dos pontos de acumulação do conjunto

A = {x ∈ R : 2x2 − 50 ≤ 0}\{0}.

2x − 1
2. Considere a função f (x) = .
x2 − 1
(2.0) (a) Mostre que f ′ (x) = 0 não tem solução no intervalo [0, 2].
(2.0) (b) A alínea anterior contradiz o Teorema de Rolle? Justifique.
ex
(2.0) 3. Considere as funções f (x) = x2 sin(x3 ) e g(x) = . Para cada uma delas obtenha, se
ex + 1
possível, a primitiva que se anula em x = 0 e a primitiva que tende para 1 quando x → +∞.
Nos casos em que não seja possível obter uma primitiva nas condições requeridas, explique
a razão da impossibilidade.
Z 1
5
(2.0) 4. Calcule o integral e5x cos(2x) dx.
0
e
1
Z
(2.0) 5. Estude a convergência do integral dx.
1 x(1 − ln x)
(2.0) 6. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação em torno do eixo dos yy da região limitada
pelo referido eixo e pelos gráficos y = x3 , y = 1 e y = 27.
+∞
X 2n2
(2.0) 7. Estude quanto à convergência simples e absoluta a série (−1)n+1 .
n!
n=1

x2 x3 xn
(2.0) 8. Usando a derivação e integração determine a soma da série x + + +···+ +···.
2 3 n
(2.0) 9. Determine a série de potências da função f (x) = ln(x2 + 3x + 2), em torno de x = 0.
 INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Departamento de Engenharia Mecânica/Secção de Matemática
Análise Matemática I
Resolução do Exame 2 - 18/07/2007

1. Determine o interior, a fronteira e o conjunto dos pontos de acumulação do conjunto

A = {x ∈ R : 2x2 − 50 ≤ 0}\{0}.
Resolução. Como
2x2 − 50 ≤ 0 ⇔ x2 ≤ 25 ⇔ −5 ≤ x ≤ 5,
temos que A = [−5, 5]\{0}, e int A =] − 5, 5[\{0}, fr A = {−5, 0, 5} e A′ = [−5, 5].
2x − 1
2. Considere a função f (x) = .
x2 − 1
(a) Mostre que f ′ (x) = 0 não tem solução no intervalo [0, 2].
Resolução. Observemos que D = R\{−1, 1}.
−2x2 + 2x − 2
Temos que f ′ (x) = . Como −2x2 + 2x − 2 = 0 não tem solução (em
(x2 − 1)2
R), f ′ (x) = 0 não tem solução no intervalo [0, 2].
(b) A alínea anterior contradiz o Teorema de Rolle? Justifique.
Resolução. Como D = R\{−1, 1}, a função não está definida em [0, 2] e logo o
Teorema de Rolle não é aplicável a esta função neste intervalo. Logo, a alínea anterior
não contradiz o Teorema de Rolle.
ex
3. Considere as funções f (x) = x2 sin(x3 ) e g(x) = x . Para cada uma delas obtenha, se
e +1
possível, a primitiva que se anula em x = 0 e a primitiva que tende para 1 quando x → +∞.
Nos casos em que não seja possível obter uma primitiva nas condições requeridas, explique
a razão da impossibilidade.
Z 1
5
4. Calcule o integral e5x cos(2x) dx.
0
e
1
Z
5. Estude a convergência do integral dx.
1 x(1 − ln x)
6. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação em torno do eixo dos yy da região limitada
pelo referido eixo e pelos gráficos y = x3 , y = 1 e y = 27.
+∞
X 2n2
7. Estude quanto à convergência simples e absoluta a série (−1)n+1 .
n=1
n!
2n2 2n2
Resolução. Sendo an = (−1)n+1 , temos que |an | = . Aplicando o critério da
n! n!
razão, obtemos
2(n + 1)2
|an+1 | (n + 1)! 2(n + 1)2 n! (n + 1)2
lim = lim = lim = lim = 0 < 1,
|an | 2n2 2n2 (n + 1)! n2 (n + 1)
n!
e portanto a série é absolutamente convergente.

1
 x2 x3 xn
8. Usando a derivação e integração determine a soma da série x + + +···+ +···.
2 3 n
9. Determine a série de potências da função f (x) = ln(x2 + 3x + 2), em torno de x = 0.

10. Calcule uma primitiva de f (x) = sinh(2x) cosh(2x).

Resolução.
1 1
P sinh(2x) cosh(2x) = P 2 sinh(2x) cosh(2x) = cosh2 (2x).
2 4

11. Seja f uma função contínua em R. Mostre que, para quaisquer a, b, c ∈ R,

Z c−a Z b
f (c − x) dx = f (x) dx.
c−b a

Resolução. Consideremos a substituição ϕ(t) = c − t. Então ϕ′ (t) = −1, ϕ−1 (c − b) = b

e ϕ−1 (c − a) = a, e
Z c−a Z a Z b
f (c − x) dx = f (t)(−1) dt = f (x) dx.
c−b b a

+∞
2x ln x
Z
12. Estude quanto à convergência o integral dx.
1 (1 + x2 )2
2x 1
Resolução. Primitivando por partes, com u′ = 2 2
e v = ln x, vem u = − e
(1 + x ) 1 + x2
1
v′ = ,e
x
2x ln x ln x 1
P =− +P .
(1 + x2 )2 1 + x2 x(1 + x2 )
1
A função é uma função racional, e o denominador tem uma raíz real simples e
x(1 + x2 )
um par de raízes complexas de multiplicidade 1. Assim, f (x) pode ser escrita na forma
A Bx + C
f (x) = + . Resolvendo o sistema, vem que A = 1, B = −1 e C = 0. Logo,
x 1 + x2
 
1 1 x 1 x
P 2
=P − 2
= ln x − ln(1 + x2 ) = ln √ .
x(1 + x ) x 1+x 2 1 + x2

Assim,
+∞ b  b
2x ln x 2x ln x ln x
Z Z
x
dx = lim dx = lim − + ln √
1 (1 + x2 )2 b→+∞ 1 (1 + x2 )2 b→+∞ 1 + x2 1 + x2 1
1 1
= 0 + 0 − 0 − ln √ = ln 2.
2 2

1
13. Calcule a área da região delimitada pelas curvas y = , y = −x2 , x = 1 e x = 2.
x2
Resolução.

2
 4
3
2
1

-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-1
-2
-3
-4
-5
Z 2 2
1 x3
 
1 2 17
A= 2
− (−x ) dx = − + = .
1 x x 3 1 6

14. Estude a natureza das seguintes séries numéricas, e quando for possível, calcule a sua soma:
+∞ n
X 3
(a) .
n!
n=1
Resolução. Como

3n+1 (n + 1)! 3n+1 · n! 3

lim n
= lim n
= lim = 0 < 1,
3 n! 3 · (n + 1)! n+1
+∞ n
X 3
pelo critério da razão, a série é convergente.
n!
n=1
+∞
X 1 1
(b) √ −√ .
n=2
n+1 n−1
+∞
X 1 1
Resolução. A série √ −√ é uma série redutível convergente, com
n=2
n+1 n−1
soma
+∞ +∞
X 1 1 1 X 1
√ −√ = − √ −√ =
n=2
n+1 n−1 n=2
n−1 n+1
 
1 1 1
= − 1 + √ − 2 lim √ = −1 − √ .
2 n − 1 2
∞
X
15. Calcule o raio de convergência da série de potências (−1)n xn (1 − 2−n−1 ).
n=0

Resolução. Temos que an = (−1)n (1 − 2−n−1 ) e

an 1 − 2−n−1
R = lim = lim = 1.
an+1 1 − 2−n−2