9.HISTÓRIA DA BAHIA

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História do Brasil

Bahia

Mateus Souza da Silva - msouzadasilva43@gmail.com - IP: 168.181.143.200 1 I Página


SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................................3
Conjuração Baiana ...................................................................................................................4
Independência da Bahia...........................................................................................................5
Revolta dos Malês.....................................................................................................................7
Sabinada....................................................................................................................................8
Revolta de Canudos..................................................................................................................9

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Introdução

A História do Brasil começa na Bahia, sendo esta o mais antigo estado brasileiro marcada
pelo fato de em 22 de abril de 1500 chegar em terras baianas o navegador português Pedro Álvares
Cabral em Porto Seguro, sendo hoje chamada de Santa Cruz Cabrália. Assim, anos depois, tem
início o processo de colonização e exploração da região, sendo 26 de abril do mesmo ano,
celebrada a primeira missa no local pelo frei franciscano Henrique Soares Coimbra, caracterizando
essa fase inicial da História brasileira, de período pré-colonial.
Em 1530, com a vinda de Martim Afonso de Sousa para o Brasil, a Coroa Portuguesa da
início a sua estratégia colonizadora, primeiro com as capitanias hereditárias sendo do território
baiano as capitanias de Bahia de todos os Santos, doada para Francisco Pereira Coutinho; Porto
Seguro, para Pero de Campos Tourinho; Ilhéus, doada a Jorge de Figueiredo Correia.
Posteriormente, com o Governo-Geral, instalado em 1549, Tomé de Souza como governador-geral
fundou em 1549 a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. Com isso, a Bahia vai se
consolidando e alcançando importância no cenário nacional e internacional, principalmente devido
sua economia extrativa, seja inicialmente com o pau-brasil e depois com o açúcar, este último já
presente na fase chamada de Brasil colônia, também marcada pelo ciclo do ouro nas regiões de
Rio de Contas, Jacobina e Caetité.
A partir do século XVII a capitania da Bahia vai perdendo protagonismo motivado pela crise
do açúcar que era o principal produto que girava a economia na época, pelas expedições entradas
e bandeiras que favoreceram a descoberta de jazidas de ouro e a interiorização do território e, por
último, a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Em 1821, logo após
a mudança de status do Brasil de colônia para Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, surge a
província da Bahia após a união das capitanias Bahia de todos os Santos; Porto Seguro e Ilhéus.
A Bahia na primeira República Brasileira sofre com problemas devido a crise política da
república recém implantada, com a crise econômica por não conseguir engrenar um novo produto
de exportação capaz de trazer riquezas e com a crise social com a população insatisfeita devido a
fome, a ausência ou carestia dos alimentos e por causa das desigualdades sociais. Por fim, a Bahia
será palco de importantes acontecimento como a Conjuração Baiana (1798), Independência da
Bahia (1823), Revolta dos Malês (1835), Sabinada (1837 - 1838) e a Revolta de Canudos (1896 –
1897) que veremos a seguir.

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Conjuração Baiana

❖ Contexto

Em 1798 a História do Brasil colônia fica marcada através de um fato histórico ocorrido na
Bahia denominada de Conjuração Baiana, também conhecida por Inconfidência Baiana, Revolta
dos Alfaiates, Sedição dos Mulatos ou Conspiração dos Búzios. O movimento de contestação
política foi liderado, principalmente, pelos alfaiates João de Deus e Manuel Faustino, pelos militares
Luís Gonzaga e Lucas Dantas e pelo médico Cipriano Barata, sendo duramente reprimidos no final
do século XVIII, antes mesmo de chegar a eclodir o movimento.
A Capitania da Bahia vivia naquele momento um período de prosperidade econômica, devido
ao aumento significativo da produção açucareira o que por consequência necessitava de grande
quantidade de mão-de-obra escrava. Enquanto uma pequena parcela de produtores de açúcar se
beneficiava dessa situação, a maior parte da sociedade sofria com a escassez de alimentos e com
as más condições de vida, fatores que agregavam para tensões no local gerando lutas por melhores
condições sociais, contra as injustiças e as desigualdades. Além disso, para acirrar ainda mais o
ânimo dos baianos, a Coroa Portuguesa tentava cada vez mais controlar sua capitania seja através
do exclusivismo comercial (a Bahia só podia comprar e vender produtos para Portugal) ou impondo
suas leis e impostos.

❖ Composição social e objetivos

Os conjurados da Bahia tinham uma composição social bastante ampla, eram: alfaiates,
mestiços, comerciantes, afrodescendentes, clérigos, militares, negros, médicos, membros da
maçonaria, intelectuais, pobres, brancos, forros pardos e, sobretudo, escravos. Seus objetivos
tentavam atender a todos aqueles que participavam do movimento:
▪ Defendiam a proclamação de uma república;
▪ O fim da escravidão;
▪ Aumento da remuneração dos soldados;
▪ Criação de uma sociedade sem a separação jurídica, a partir do critério étnico e de
cor, colocando um fim nas diferenças raciais;
▪ Liberdade de comércio;
▪ Melhores condições de vida.

❖ Influências e características

Animai-vos povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo
em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais (RUY, 1942, p. 68).
Acima temos um trecho de um dos panfletos que foram distribuídos durante o movimento no
qual podemos perceber a influência da Revolução Francesa nos termos sublinhados.

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O movimento recebeu influência do iluminismo (que pregava defesa de liberdades
individuais, econômicas e políticas) e forte influência da Revolução Francesa (seus ideais eram
Liberté, égalité e fraternité – liberdade, igualdade e fraternidade), da Revolução Haitiana e
Revolução Americana com seus processos de independência e pela Inconfidência Mineira. As
características identificadas na Conjuração Baiana foram:
▪ Republicana;
▪ Emancipacionista/ separatista;
▪ Caráter popular;
▪ Radical/ revolucionário;
▪ Local.
Por fim, cabe destacar, que a dureza com que foi reprimida o movimento fez parte das
estratégias da Coroa de torná-lo um exemplo a não ser seguido, tendo em vista que na Capitania
da Bahia estava se tornando cada vez mais frequente a realização de motins. Ademais, o
movimento ocorrido na Bahia, não pregava independência da América, nem a construção de um
estado brasileiro, mas foram sintomas das transformações que estavam ocorrendo em Portugal e
em outras partes do mundo.

Independência da Bahia

Iniciado em 19 de fevereiro de 1822 e finalizado em 2 de julho de 1823, o movimento de


independência da Bahia marca a expulsão das tropas portuguesas de Salvador, deixando a
primeira capital brasileira “livre” para a ocupação dos patriotas que possuíam um sentimento
emancipacionista e federalista. Durante esse período de conflito, houve uma grande mobilização
popular, diferente do que aconteceu na região sudeste do país no qual o processo de ruptura de
Dom Pedro I com Portugal foi pacífico. Foram recrutados importantes setores da sociedade baiana
para combater os portugueses em Salvador, dentre os recrutados, podemos destacar, estudantes,
a milícia parda e negra e os negros escravizados.
A independência da Bahia já vinha sendo reivindicada desde 1798 com a Conjuração
Baiana, mas o movimento separatista volta a ganhar força a partir da Revolução do Porto ocorrida
em 1820, quando a população de Portugal exigiu o retorno do rei dom João VI para o país. Dom
João VI atendeu ao clamor e retornou a Portugal, deixando seu filho Pedro como príncipe regente
do Brasil. Mas, para manter e reforçar o controle sobre a colônia brasileira, foram enviados novos
comandantes militares, sendo todos portugueses para diversas províncias, entre elas a Bahia, a
que foi destinado o brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo que substituiu em 11 de fevereiro de
1822, o brigadeiro Manuel Pedro que era favorável aos brasileiros da Bahia.
Como forma de demonstrar poder e provocar os brasileiros baianos, as tropas lideradas por
Madeira de Melo saiu pelas ruas de Salvador, invadindo casas, inspecionando fortificações e
revistando pessoas. Um dos principais acontecimentos nesse instante foi a invasão do Convento
da Lapa em 19 de fevereiro de 1822, onde havia se refugiado alguns opositores de Madeira de
Melo, gerando como resultado o assassinato da abadessa Joana Angélica que resistiu as tropas
portuguesas na invasão contra o Convento, se tornando uma das heroínas da independência.

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Madeira de Melo conseguiu consolidar seu poder mediante opressão na capital baiana o que
fez com que muitas pessoas fugissem para outras regiões da Bahia. Era no recôncavo baiano,
principalmente da cidade de Cachoeira, que recebia grande parte dessas pessoas o que só
aumentava o clima de tensão e insatisfação entre brasileiros contra portugueses. No decorrer desse
processo, Dom Pedro I e os baianos brasileiros se aproximavam cada vez mais, fortalecendo os
laços políticos e militares, quando em junho de 1822 as vilas de Cachoeira, Santo Amaro e São
Francisco do Conde se mostraram favoráveis a que a província baiana ficasse submetida à
regência de D. Pedro I, se separando oficialmente da metrópole portuguesa.
Após a formação de um novo governo em Cachoeira dirigida por Miguel Calmon e com a
Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, começa ser organizada uma estratégia de
resistência na Bahia contra o domínio dos portugueses. Em outubro de 1822 chega no Brasil Pedro
Labatut, um general francês, contratado por Dom Pedro I para ser o comandante do Exército
pacificador que combateria as tropas de Madeira de Melo localizadas em Salvador. Cabe destacar,
que o exército brasileiro era composto por negros (escravos e alforriados), soldados (que vieram
de outras regiões do Brasil, como de Pernambuco), voluntários e os caboclos que representam a
figura dos povos indígenas, compondo as forças baianas no processo de luta pela independência.
A primeira batalha entre o Exército Pacificador contra as tropas de Madeira de Melo foi a
Batalha de Pirajá ocorrida em 8 de novembro de 1822. Nessa batalha, os brasileiros cercaram a
cidade de Salvador impedindo que alimentos, armamentos e soldados portugueses chegassem na
cidade. Em reposta, Madeira de Melo tenta furar o bloqueio, mas sofre a primeira derrota. Nessa
batalha, duas figuras importantes se destacam: a primeira é Maria Quitéria, uma mulher que se
disfarçou de homem para participar do exército brasileiro no chamado de Batalhão dos Periquitos;
e o Corneteiro Lopes, com uma história bastante presente no imaginário popular, este no qual por
um erro de toque, acabou favorecendo os brasileiros na vitória sobre os portugueses em Pirajá.
A segunda batalha, também perdida pelos portugueses, foi a Batalha de Itaparica ocorrida
em 7 de janeiro de 1823 na Baía de Todos os Santos. Nessa batalha, destaca a figura de Maria
Filipa de Oliveira uma mulher negra, pescadora e que liderou um grupo de pessoas contra as tropas
portuguesas, queimando suas embarcações, favorecendo no enfraquecimento da força militar
lusitana. Já em junho de 1823, as tropas brasileiras ganham o reforço do almirante Thomas
Cochrane que liderou o bloqueio marítimo na orla baiana. A essa altura, o português Madeira de
Melo estava enfraquecido militarmente, sem suprimentos e encurralado, quando em 2 de julho de
1823 ordena a saída de suas tropas da Bahia para Portugal. Essa data marca a consolidação da
Independência da Bahia, um processo composto por camadas populares, mas que recebeu apoio
da elite e no qual houve um grande protagonismo feminino em sua ocorrência.

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Revolta dos Malês

❖ Contexto

Após a abdicação de Dom Pedro I do trono do império brasileiro em 07 de abril de 1831,


seria seu filho, Dom Pedro II, que assumiria como seu sucessor. Entretanto, na ocasião, Dom Pedro
II não podia assumir ao trono por ter apenas cinco anos de idade. Inaugurou-se, assim, o Período
Regencial, momento em que se formou uma Regência que governou o país até a maioridade de
Dom Pedro II. Durante o período regencial no Brasil (1831 a 1840), inúmeras revoltas ocorreram
como a Cabanagem na província do Grão-Pará, a Farroupilha na província de São Pedro do Rio
Grande do Sul e a Balaiada na província do Maranhão.
No decurso das regências, aconteceu também a revolta dos Malês em 1835 na província da
Bahia, mais especificamente na cidade de Salvador e é considerada a maior rebelião de escravos
africanos da História brasileira. Nesse período, a região baiana presenciava a prosperidade da
economia açucareira e contava com muitos engenhos de açúcar e que, por consequência,
necessitava de grande quantidade de mão de obra para trabalhar. Essa mão de obra era composta
basicamente por escravos africanos das etnias nagôs e hauçá que praticavam a religião islâmica e
eram conhecidos como malês, termo utilizado para designar os negros muçulmanos que sabiam
ler e escrever o árabe.

❖ Composição social e objetivos

A cidade de Salvador nesse período possuía quase metade de sua população de negros
escravos e libertos. E grande parte dos participantes na revolta eram escravos de ganho, que eram
negros alfabetizados e que possuíam mais liberdade para circular pela cidade desempenhando
serviços urbanos remunerados (pedreiros, sapateiros, alfaiates, ferreiros, armeiros, barbeiros,
vendedores ambulantes, carregadores de cadeira, entre outras atividades) o que favorecia tanto na
compra de cartas de alforria, como também no planejamento da revolta. Houve também a
participação dos escravos das lavouras de açúcar, mas em pequena quantidade.
Dentre os líderes da revolta, em sua maioria da etnia nagô temos Manuel Calafate, Aprígio
e Pai Inácio, sendo todos muçulmanos. A revolta mobilizou cerca de 600 escravos e foi programada
para acontecer no dia 25 de janeiro de 1835 que é quando acontece o Ramadã, o mês sagrado
para os mulçumanos. Seus objetivos eram:
▪ Fundar um governo islâmico em na Bahia;
▪ Libertar todos os escravos africanos de origem mulçumana;
▪ Assassinar brancos e mulatos considerados inimigos;
▪ Fim da escravidão e da intolerância religiosa.

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❖ Influências e características

A revolta dos Malês teve forte influência de revoltas anteriores ocorridas em solo baiano,
mas principalmente da Revolução Haitiana, esta na qual se destaca por ter sido composta por
negros e escravos que expulsaram os franceses e declararam a independência do Haiti em 1804.
Sobre suas características, foi um movimento com grande expressão religiosa, devido a
predominância da religião islâmica entre seus líderes; e foi uma revolta popular, pois na sua
composição não existiu membros da elite, mas apenas negros libertos ou escravizados.
Por fim, a revolta acabou sendo denunciada, mas mesmo assim os revoltosos se rebelaram.
A revolta foi duramente reprimida para se tornar um exemplo a não ser seguido, tendo seus
participantes presos, mortos ou deportados para a África. Todavia, cabe destacar que a revolta dos
Malês foi um movimento bastante expressivo e exerceu forte influência no desgaste do regime
imperial existente no Brasil na época.

Sabinada

❖ Contexto

A Sabinada ocorrida na província da Bahia entre os anos de 1837 e 1838 também se insere
dentro das revoltas decorridas durante o período regencial (1831 a 1840) da História brasileira que
sucede a abdicação de Dom Pedro I e antecede o golpe da maioridade de Dom Pedro II. A revolta
teve como principais líderes o advogado João Carneiro da Silva e o médico e jornalista Francisco
Sabino, sobrenome que deu nome ao movimento.
A Bahia naquele momento vivia uma decadência na economia açucareira devido esse
produto começar a ser produzido e comercializado em outras localizadas o que diminui o valor do
açúcar afetando diretamente os comerciantes baianos. Para agravar a situação, a Bahia
presenciava um momento de seca e a existia o predomínio da monocultura, gerando a escassez
de alimento e a inflação de produtos básicos – o caos econômico e social estava instalado. Além
disso, existia uma insatisfação política contra o governo regencial que era considerado ilegítimo, a
Bahia não possuía autonomia política e administrativa e os militares começaram a se aborrecer
com as convocações obrigatória para lutar na Guerra dos Farrapos.

❖ Composição social e objetivos

A Sabinada foi um movimento composto sobretudo pela classe média urbana, como
jornalistas, funcionários públicos, militares, advogados, artesãos, pequenos comerciantes e
médicos. A elite latifundiária, bem como as classes mais pobres não participaram de forma
significativa da revolta. A Sabinada tinha como objetivo a formação de uma república provisória na
Bahia até que a maioridade de Dom Pedro II fosse alcançada. Cabe, destacar que os sabinos não
desejavam a abolição da escravidão, mas a manteve condicionada caso os escravos participassem
do movimento.

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❖ Influências e características

A Sabinada foi bastante influenciada pelos ideais republicanos da Revolta dos Farrapos
ocorrida no Rio Grande do Sul entre 1835 a 1845 liderado por Bento Gonçalves que inclusive estava
preso em Salvador e a sua fuga foi um estopim da Sabinada. Entretanto, uma das características
que diferencia a Sabinada da Revolta dos Farrapos é que a primeira não possuía um caráter
separatista, era queria apenas implementar um regime republicano na Bahia até que Dom Pedro II
pudesse assumir o trono do Brasil.
Os Sabinos conseguiram depor o governante da província da Bahia, controlaram Salvador
por quatro meses e instalaram um novo governo republicano em 7 de novembro de 1837. Todavia,
o movimento revoltoso não recebeu apoio da população e ficou isolado, adicionado a isso, o regente
Araújo Lima enviou tropas militares para oprimir o movimento por terra e por mar. Cercados e sem
alimentos, os sabinos foram duramente atacados deixando milhares de mortos, um grande rastro
de destruição por Salvador e os que sobreviveram foram presos ou degredados.

Revolta de Canudos

A partir de 1889 com o golpe dos militares e instauração de um regime republicano,


transformações estavam acontecendo na política brasileira. A nova forma de governo que se
implementou não foi desejada por todos e as promessas que o Brasil viveria um momento de ordem
e progresso com os cidadãos possuindo maior participação não se concretizou. As concepções de
desenvolvimento que se alastrou no país foram mais uma forma de materializar e garantir que o
golpe militar se instalasse, dando continuidade e instaurando uma política autoritária que reprimia
quem fosse contrário as suas decisões; enquanto isso, localidades centrais estavam vivendo o
status de modernidade, mas o interior ficou esquecido em um profundo atraso.
No ano de 1894 entra em vigor o primeiro governo representante dos cafeicultores de São
Paulo sendo eleito Prudente de Morais, em um período crítico de disputas políticas, bastante
marcante no período da República Oligárquica (1894 – 1930) caracterizada pelo coronelismo,
política dos governadores e pela política do café com leite. Enquanto parte dos brasileiros eram
favoráveis às concepções republicanas lideradas por Prudente de Morais, havia também grupos
contrários ao governo, como Florianistas e o próprio Manuel Vitorino que era vice-presidente na
época, mas um opositor de Prudente de Morais. Já na economia, o país ainda sofria com as
consequências do Encilhamento.
Neste contexto surge a Revolta de Canudos (1896 – 1897) no sertão da Bahia que passou
a ser conhecida quando Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio
Conselheiro ou como o “messias brasileiro”, passou a viver ali e atrair muita gente para ouvir seus
sermões e também em busca de "milagres" – Antônio Conselheiro chamou Canudos de Arraial de
Belo Monte. Canudos era um ponto turístico, viajantes que por ali passavam, desenvolviam o
comércio de ferreiro, criadores de bode que desenvolviam trabalhos com o couro sendo esta a base
da economia e o comércio era desenvolvido com outras cidades como Euclides da Cunha.

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Quando Conselheiro chegou naquele local era um lugar comum como tantos outros. Com o
passar do tempo foram aumentando o contingente de pessoas, ao passo que eles eram atraídos,
devido a peregrinação de Conselheiro. A classe social ali presente era de gente pobre sem trabalho,
sem alimento e esquecidas pela república, sendo na maioria das vezes camponeses explorados
por fazendeiros que aproveitavam dessa da estrutura agrário latifundiária para explorá-los. Eram
pessoas vindas de todas as partes do Brasil, muitas delas sendo consideradas fanáticas religiosas
por desfazerem de seus bens e de suas terras distantes para ir até Canudos em busca de Antônio
Conselheiro, atraídos pelos seus sermões, "milagres" e a promessa de uma vida nova. Assim,
Canudos vai sendo construído com base num sistema comunitário no qual tudo era repartido seja
a terra, o rebanho ou a colheita.
Conselheiro era contrário aos republicanos e não permitia que eles pisassem os pés no
vilarejo bem como maçons e protestantes, pois eles eram considerados inimigos do arraial. Os
conselheiristas eram a favor da monarquia e não aceitava a ideia de república, bem como a taxação
de impostos, nem uma outra religião que não fosse a católica. Além disso, eram contrários ao
casamento civil e a separação da Igreja do Estado. A população de Canudos foi aumentando cada
vez mais, chegando até mesmo a organizarem uma guarda para segurança da população. Em
Canudos o terreno era gratuito para todos os que iam chegando, desde que eles não tivessem
dúvida em relação à fé católica e a defesa de uma monarquia.
A guerra de Canudos em 1896 surgiu de consequências da crise econômica que atingiu a
Europa. Sobretudo impactou as importações do café brasileiro, causando fome, miséria e altas
taxas infracionais em várias localidades do país. Houve quedas nas exportações de café,
desvalorização monetária e perda do prestígio dos militares. Com a saída de Floriano Peixoto do
governo aumentaram a opressão e a exploração, sobretudo as injustiças sociais, fome e a miséria,
em decorrência do coronelismo, agravados ainda mais pela seca. Surgiu então no sertão baiano o
sentimento de libertação popular, marcado pela intensificação religiosa da oratória de Antônio
Conselheiro no arraial do Belo Monte.
O governo baiano não aceitava que os canudenses não pagassem impostos e o governo
republicano estava temeroso que essa contestação se espalhasse pelo país. Se junta a causa
contra Canudos os latifundiários que estavam insatisfeitos com a falta de trabalhadores e
preocupados em perder terras, somasse-se também o apoio da Igreja Católica descontente com a
perda de fiéis para Conselheiro. Assim, a impressa sensacionalista começa a veicular a imagem
de Antônio Conselheiro como um perigo para o Brasil favorecendo que a população alheia aos
fatos apoiasse o massacre. São a soma desses fatores que ocorre a destruição de total de Canudos
junto ao exército. Foram enviadas quatro expedições: as três primeiras foram derrotados pela
resistência e luta dos conselheiristas, entretanto, a quarta expedição enviada em 1897, composta
por milhares de soldados fortemente armado, devastou Canudos chegando ao seu fim.

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Questões
01) (FCC – 2021) Em 2 de julho de 1823, a Bahia celebrou mais um triunfo nas lutas em prol
da independência do Brasil, em um processo que envolveu pronunciamentos, articulações,
aclamações e batalhas. Muitos indivíduos combateram pela libertação, da qual nem todos
usufruíram plenamente. Sobre esse episódio,
a) o Dois de Julho representou o processo de lutas na Bahia em prol da liberdade político-
econômica que se almejava no período, não contemplando a liberdade social, pois os negros
escravizados não se tornaram cidadãos após o vitorioso desfecho.
b) a chegada do brigadeiro Ignácio Madeira de Melo foi um reforço para os habitantes de Salvador,
que tiveram que pegar em armas para lutar contra o jugo português em fevereiro de 1822,
vencendo as batalhas sob a liderança da sóror Joana Angélica.
c) a Batalha de Pirajá, ocorrida em 8 de novembro de 1822, foi um revés na campanha do Exército
Libertador, pois os baianos sofreram uma dura derrota para as tropas lusitanas, devido às
ações do cabo corneteiro Luís Lopes.
d) a batalha em Cachoeira ocorreu em 25 de junho de 1822, quando os baianos venceram os
lusos e aclamaram Pedro I como regente do Brasil, seguindo-se um ciclo de vitórias finalizado
com a batalha de Dois de Julho, na capital, selando definitivamente a independência.
e) a Batalha de Itaparica, em 7 de janeiro de 1823, foi liderada pela negra Maria Filipa, que
incendiou navios lusitanos, conseguindo com essa proeza mais uma vitória para os baianos,
sendo por isso alforriada junto com os escravizados da Ilha “Intrépida e Denodada”.

02) (FCC – 2016) A Revolta dos Búzios


a) pautou-se por bandeiras liberais, dentre as quais a abertura dos portos, a diminuição de
impostos, a ampliação do direito à cidadania; tendo sido conduzida por soldados e alfaiates
negros, inspirados pela Independência das Treze Colônias inglesas e a conquista do fim da
escravidão obtida nesse episódio.
b) iniciou-se em reuniões integradas por intelectuais e membros da elite baiana, como Cipriano
Barata, que pregava a independência do Brasil nos mesmos moldes da Inconfidência Mineira,
e foi rapidamente disseminada entre a população escravizada, que a revestiu de uma pauta
mais radical.
c) foi organizada pela loja maçônica denominada Cavaleiros da Luz, em nome da igualdade racial
e social, da democracia e dos fins dos privilégios da elite letrada, tendo sido rapidamente
reprimida com a imputação da pena capital ao conjunto dos líderes e simpatizantes.
d) contou com participação de escravizados, bem como profissionais liberais e militares de baixa
patente, e pregava o fim da escravidão e a formação de uma República Bahiense, em parte
inspirada nos ideiais da Revolução Francesa e na experiência da Revolução Haitiana.
e) ganhou rápida difusão por meio de panfletos distribuídos à população e do apoio de grande
parte da imprensa à causa independentista e abolicionista, resultando em motim com ampla
adesão de militares baianos, que resistiram belicamente até serem completamente derrotados.

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03) (FCC – 2012) Considere as afirmações acerca de movimentos sociais ocorridos na Bahia,
nos séculos XVIII e XIX .
I. A Revolta dos Malês, liderada por escravos muçulmanos e contando com a adesão de mestiços
e intelectuais baianos, pleiteava o fim da escravidão.
II. A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, de 1798, inspirou-se nos ideais da Revolução
Francesa e pregava o fim da escravidão.
III. A Sabinada, rebelião liderada por escravos contra o governo central, contava com a participação
de comerciantes e artesãos de Salvador.
IV. A Guerra de Canudos ficou marcada pela resistência dos sertanejos, liderados por Antônio
Conselheiro, na luta contra as tropas enviadas para combatê-los.
Está correto o que se afirma em
a) I, II, III e IV.
b) I, somente.
c) II. somente
d) II e IV, somente
e) I, III e IV, somente.

04) (FCC – 2021) O episódio conhecido como a Revolta dos Malês


a) foi organizado por africanos muçulmanos de diferentes etnias, com protagonismo de nagôs e
hauçás, em um momento de expansão do islamismo, a força religiosa hegemônica na Bahia.
b) pautou-se por bandeiras radicais que previam a abolição da escravidão como sistema de
trabalho, a criação de uma república na Bahia e o fim das clivagens sociais entre escravos e
libertos.
c) representou uma conquista importante para os escravos urbanos, pois os rebeldes
conseguiram revogar a postura municipal que os obrigava a usar uma chapa de identificação.
d) expressou a solidariedade entre africanos, revelando laços étnicos e religiosos que serviram
de combustível à rebelião, desafiando o sistema escravista.
e) contou com a participação de irmandades católicas e ordens terceiras, organizações religiosas
leigas que atuavam na estratégia de ajuda coletiva e fortalecimento político dos seus
integrantes.

05) (UNEB – 2019) Em relação aos movimentos sociais ocorridos no Brasil do século XIX,
são verdadeiras as afirmativas:
I - Sabinada - movimento rebelde que ocorreu na Bahia liderado por Francisco Sabino, trouxe à
tona as tensões sociais que afligiram a sociedade brasileira.
II - Balaiada - liderada por homens pobres, mestiços e também escravos, lutavam contra a opressão
praticada pelos governos da província do Maranhão.
III - Revolta dos Malês - levante de escravos mulçumanos na cidade de Salvador.
IV - Revolta de Canudos - movimento popular de fundo sócio-religioso que ocorreu no sertão da
Bahia.
V - Revolução Farroupilha - levante de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil,
ocorrido na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.

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a) Apenas I e II são verdadeiras.
b) Apenas I, III e IV são verdadeiras.
c) Apenas a alternativa II é verdadeira.
d) Todas as alternativas são verdadeiras.
e) Todas as alternativas são falsas.

06) (UNEB – 2019) Muitos foram os movimentos sociais ocorridos no Brasil durante o século
XIX. Na Bahia, particularmente no sertão, a chamada Guerra de Canudos teve forte
repercussão nacional e envolveu tropas do governo que foram recrutadas para combater os
sertanejos liderados por um religioso. Sobre essa Guerra, é correto afirmar:
a) Foi um movimento caráter religioso liderado pelo beato Antônio Conselheiro, que criticava a
República e contestava as inovações impostas por ela.
b) Revolução do caráter comunista que defendia a manutenção da República.
c) Insurreição que defendia a queda da República e a manutenção do islamismo na Bahia.
d) Revolta popular que se alastrou do sertão baiano até o litoral.
e) Foi um conflito no sertão baiano ocorrido em 1896 e 1897, que terminou com a criação do
povoado de Canudos.

07) (VUNESP – 2017) A Revolta dos Malês, ocorrida em 1835 na Bahia, contou com ampla
participação popular e defendeu, entre outras propostas,
a) a rejeição ao catolicismo e a construção de uma ordem islâmica.
b) a manutenção da escravidão de africanos e a ampliação da escravização de indígenas.
c) o retorno de D. Pedro I e o restabelecimento da monarquia absolutista.
d) a ampliação das relações diplomáticas e comerciais com os países africanos.
e) o reconhecimento dos direitos e deveres de todo cidadão brasileiro.

Dez escravos foram presos e incluídos na devassa realizada pelo desembargador do


Tribunal da Relação da Bahia, Francisco Sabino Alvares da Costa Pinto [...]. Mas a questão não é
a quantidade; a questão é que eram escravos. Escravos na maioria pardos e nascidos na Bahia
(o único escravo africano preso é o mina Vicente). Pelo que se acompanha nos autos da devassa
que os colheu, todos eles souberam de conversas e encontros conspirativos de homens livres,
alguns brancos, outros pardos; alguns militares, oficiais de baixa e média patente, outros, artesãos.
E ainda outros, intelectuais.
(TAVARES, 2003, p. 86).
08)O movimento descrito no texto, cuja participação de escravos indica a luta pelo fim da
escravidão se refere
a) à Inconfidência Baiana.
b) à Sabinada.
c) ao Cangaço.
d) ao movimento de Canudos.
e) à Revolta Tenentista.

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A uma estrutura agrária marcada em vastas áreas, somava-se o total descaso das elites e
do governo com as carências da população sertaneja. A tensão explodia com frequência, quase
sempre em momentos de seca prolongada, como nas duas últimas décadas do século XIX.
Durante as secas prolongadas, a população perdia suas fontes de sustento e muitas pessoas
procuravam sobreviver migrando para outra região. [...]. Também se disseminava, nessas épocas,
o misticismo religioso: uma vez condenados à miséria material, os sertanejos passavam a buscar
apoio no imaginário espiritual, levando uma vida de devoção religiosa e exaltação mística. O
misticismo religioso quase sempre se desenvolvia em torno de um líder carismático, cujo discurso
era capaz de mobilizar as populações com promessas, como a salvação eterna, em troca das
misérias terrenas.
(VICENTINO; DORIGO. 2010, p.556).
09)O texto pode ser corretamente relacionado ao movimento social, ocorrido no Brasil,
a) o Movimento Conselheirista de Canudos.
b) a Revolta da Vacina.
c) a Revolta dos Malês.
d) a Conjuração Baiana.
e) a Sabinada.

I. Os povos indígenas na Bahia estão inseridos em dois contextos históricos e regionais básicos e
bem definidos: o do semiárido nordestino ao norte do estado, praticamente todo ele conquistado
por frentes de expansão da pecuária durante o século XVII, e onde boa parte da população
indígena sobrevivente à conquista foi reunida até o século XVIII, em aldeamentos missionários
de ordens religiosas, como as dos jesuítas e franciscanos; e o da Mata Atlântica e litoral ao sul
e Extremo Sul do Estado, onde a conquista se iniciou ainda no século XVI e aldeamentos
missionários foram implantados já na segunda metade deste, mas em que o processo de
conquista, sobretudo das matas do interior, se fez de modo muito lento, prolongando-se até as
décadas iniciais do século XX, quando os dois últimos bandos indígenas ainda autônomos no
Estado — Hã-Hã-Hãe e Baenã — foram atraídos ao Posto Indígena Caramuru do SPI
(Serviço de Proteção aos Índios), no atual Município de Itaju da Colônia. (SAMPAIO, 2012).

II.

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10) O processo de independência da Bahia se insere em um contexto mais amplo do
processo separatista do continente americano. Contudo, esse processo nem sempre
ocorreu da mesma forma. A análise dos textos e os conhecimentos esse processo, permitem
afirmar:
a) A separação da Bahia destoou do resto do Brasil, devido ao fato de a independência baiana ter
ocorrido paralelamente à abolição da escravidão indígena e africana.
b) A independência da Bahia caracterizou-se por ter sido um movimento popular, fato simbolizado
nas figuras do caboclo e da cabocla, no desfile do 2 de Julho.
c) O processo de separação política baiana da metrópole possibilitou a alteração da estrutura
latifundiária e a doação de terras às comunidades indígenas baianas.
d) A forte participação dos elementos indígena e africano no processo de independência baiana
contribuiu para, após a separação política, se consolidar uma democracia racial na Bahia.
e) O caráter popular da independência baiana consolidou, no Estado, uma estrutura política
democrática, com ampla participação eleitoral das camadas populares.

GABARITO

01 A 06 A
02 D 07 A
03 D 08 A
04 D 09 A
05 D 10 B

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