9.HISTÓRIA DA BAHIA
9.HISTÓRIA DA BAHIA
9.HISTÓRIA DA BAHIA
Bahia
A História do Brasil começa na Bahia, sendo esta o mais antigo estado brasileiro marcada
pelo fato de em 22 de abril de 1500 chegar em terras baianas o navegador português Pedro Álvares
Cabral em Porto Seguro, sendo hoje chamada de Santa Cruz Cabrália. Assim, anos depois, tem
início o processo de colonização e exploração da região, sendo 26 de abril do mesmo ano,
celebrada a primeira missa no local pelo frei franciscano Henrique Soares Coimbra, caracterizando
essa fase inicial da História brasileira, de período pré-colonial.
Em 1530, com a vinda de Martim Afonso de Sousa para o Brasil, a Coroa Portuguesa da
início a sua estratégia colonizadora, primeiro com as capitanias hereditárias sendo do território
baiano as capitanias de Bahia de todos os Santos, doada para Francisco Pereira Coutinho; Porto
Seguro, para Pero de Campos Tourinho; Ilhéus, doada a Jorge de Figueiredo Correia.
Posteriormente, com o Governo-Geral, instalado em 1549, Tomé de Souza como governador-geral
fundou em 1549 a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. Com isso, a Bahia vai se
consolidando e alcançando importância no cenário nacional e internacional, principalmente devido
sua economia extrativa, seja inicialmente com o pau-brasil e depois com o açúcar, este último já
presente na fase chamada de Brasil colônia, também marcada pelo ciclo do ouro nas regiões de
Rio de Contas, Jacobina e Caetité.
A partir do século XVII a capitania da Bahia vai perdendo protagonismo motivado pela crise
do açúcar que era o principal produto que girava a economia na época, pelas expedições entradas
e bandeiras que favoreceram a descoberta de jazidas de ouro e a interiorização do território e, por
último, a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Em 1821, logo após
a mudança de status do Brasil de colônia para Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, surge a
província da Bahia após a união das capitanias Bahia de todos os Santos; Porto Seguro e Ilhéus.
A Bahia na primeira República Brasileira sofre com problemas devido a crise política da
república recém implantada, com a crise econômica por não conseguir engrenar um novo produto
de exportação capaz de trazer riquezas e com a crise social com a população insatisfeita devido a
fome, a ausência ou carestia dos alimentos e por causa das desigualdades sociais. Por fim, a Bahia
será palco de importantes acontecimento como a Conjuração Baiana (1798), Independência da
Bahia (1823), Revolta dos Malês (1835), Sabinada (1837 - 1838) e a Revolta de Canudos (1896 –
1897) que veremos a seguir.
❖ Contexto
Em 1798 a História do Brasil colônia fica marcada através de um fato histórico ocorrido na
Bahia denominada de Conjuração Baiana, também conhecida por Inconfidência Baiana, Revolta
dos Alfaiates, Sedição dos Mulatos ou Conspiração dos Búzios. O movimento de contestação
política foi liderado, principalmente, pelos alfaiates João de Deus e Manuel Faustino, pelos militares
Luís Gonzaga e Lucas Dantas e pelo médico Cipriano Barata, sendo duramente reprimidos no final
do século XVIII, antes mesmo de chegar a eclodir o movimento.
A Capitania da Bahia vivia naquele momento um período de prosperidade econômica, devido
ao aumento significativo da produção açucareira o que por consequência necessitava de grande
quantidade de mão-de-obra escrava. Enquanto uma pequena parcela de produtores de açúcar se
beneficiava dessa situação, a maior parte da sociedade sofria com a escassez de alimentos e com
as más condições de vida, fatores que agregavam para tensões no local gerando lutas por melhores
condições sociais, contra as injustiças e as desigualdades. Além disso, para acirrar ainda mais o
ânimo dos baianos, a Coroa Portuguesa tentava cada vez mais controlar sua capitania seja através
do exclusivismo comercial (a Bahia só podia comprar e vender produtos para Portugal) ou impondo
suas leis e impostos.
Os conjurados da Bahia tinham uma composição social bastante ampla, eram: alfaiates,
mestiços, comerciantes, afrodescendentes, clérigos, militares, negros, médicos, membros da
maçonaria, intelectuais, pobres, brancos, forros pardos e, sobretudo, escravos. Seus objetivos
tentavam atender a todos aqueles que participavam do movimento:
▪ Defendiam a proclamação de uma república;
▪ O fim da escravidão;
▪ Aumento da remuneração dos soldados;
▪ Criação de uma sociedade sem a separação jurídica, a partir do critério étnico e de
cor, colocando um fim nas diferenças raciais;
▪ Liberdade de comércio;
▪ Melhores condições de vida.
❖ Influências e características
Animai-vos povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo
em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais (RUY, 1942, p. 68).
Acima temos um trecho de um dos panfletos que foram distribuídos durante o movimento no
qual podemos perceber a influência da Revolução Francesa nos termos sublinhados.
Independência da Bahia
❖ Contexto
A cidade de Salvador nesse período possuía quase metade de sua população de negros
escravos e libertos. E grande parte dos participantes na revolta eram escravos de ganho, que eram
negros alfabetizados e que possuíam mais liberdade para circular pela cidade desempenhando
serviços urbanos remunerados (pedreiros, sapateiros, alfaiates, ferreiros, armeiros, barbeiros,
vendedores ambulantes, carregadores de cadeira, entre outras atividades) o que favorecia tanto na
compra de cartas de alforria, como também no planejamento da revolta. Houve também a
participação dos escravos das lavouras de açúcar, mas em pequena quantidade.
Dentre os líderes da revolta, em sua maioria da etnia nagô temos Manuel Calafate, Aprígio
e Pai Inácio, sendo todos muçulmanos. A revolta mobilizou cerca de 600 escravos e foi programada
para acontecer no dia 25 de janeiro de 1835 que é quando acontece o Ramadã, o mês sagrado
para os mulçumanos. Seus objetivos eram:
▪ Fundar um governo islâmico em na Bahia;
▪ Libertar todos os escravos africanos de origem mulçumana;
▪ Assassinar brancos e mulatos considerados inimigos;
▪ Fim da escravidão e da intolerância religiosa.
A revolta dos Malês teve forte influência de revoltas anteriores ocorridas em solo baiano,
mas principalmente da Revolução Haitiana, esta na qual se destaca por ter sido composta por
negros e escravos que expulsaram os franceses e declararam a independência do Haiti em 1804.
Sobre suas características, foi um movimento com grande expressão religiosa, devido a
predominância da religião islâmica entre seus líderes; e foi uma revolta popular, pois na sua
composição não existiu membros da elite, mas apenas negros libertos ou escravizados.
Por fim, a revolta acabou sendo denunciada, mas mesmo assim os revoltosos se rebelaram.
A revolta foi duramente reprimida para se tornar um exemplo a não ser seguido, tendo seus
participantes presos, mortos ou deportados para a África. Todavia, cabe destacar que a revolta dos
Malês foi um movimento bastante expressivo e exerceu forte influência no desgaste do regime
imperial existente no Brasil na época.
Sabinada
❖ Contexto
A Sabinada ocorrida na província da Bahia entre os anos de 1837 e 1838 também se insere
dentro das revoltas decorridas durante o período regencial (1831 a 1840) da História brasileira que
sucede a abdicação de Dom Pedro I e antecede o golpe da maioridade de Dom Pedro II. A revolta
teve como principais líderes o advogado João Carneiro da Silva e o médico e jornalista Francisco
Sabino, sobrenome que deu nome ao movimento.
A Bahia naquele momento vivia uma decadência na economia açucareira devido esse
produto começar a ser produzido e comercializado em outras localizadas o que diminui o valor do
açúcar afetando diretamente os comerciantes baianos. Para agravar a situação, a Bahia
presenciava um momento de seca e a existia o predomínio da monocultura, gerando a escassez
de alimento e a inflação de produtos básicos – o caos econômico e social estava instalado. Além
disso, existia uma insatisfação política contra o governo regencial que era considerado ilegítimo, a
Bahia não possuía autonomia política e administrativa e os militares começaram a se aborrecer
com as convocações obrigatória para lutar na Guerra dos Farrapos.
A Sabinada foi um movimento composto sobretudo pela classe média urbana, como
jornalistas, funcionários públicos, militares, advogados, artesãos, pequenos comerciantes e
médicos. A elite latifundiária, bem como as classes mais pobres não participaram de forma
significativa da revolta. A Sabinada tinha como objetivo a formação de uma república provisória na
Bahia até que a maioridade de Dom Pedro II fosse alcançada. Cabe, destacar que os sabinos não
desejavam a abolição da escravidão, mas a manteve condicionada caso os escravos participassem
do movimento.
A Sabinada foi bastante influenciada pelos ideais republicanos da Revolta dos Farrapos
ocorrida no Rio Grande do Sul entre 1835 a 1845 liderado por Bento Gonçalves que inclusive estava
preso em Salvador e a sua fuga foi um estopim da Sabinada. Entretanto, uma das características
que diferencia a Sabinada da Revolta dos Farrapos é que a primeira não possuía um caráter
separatista, era queria apenas implementar um regime republicano na Bahia até que Dom Pedro II
pudesse assumir o trono do Brasil.
Os Sabinos conseguiram depor o governante da província da Bahia, controlaram Salvador
por quatro meses e instalaram um novo governo republicano em 7 de novembro de 1837. Todavia,
o movimento revoltoso não recebeu apoio da população e ficou isolado, adicionado a isso, o regente
Araújo Lima enviou tropas militares para oprimir o movimento por terra e por mar. Cercados e sem
alimentos, os sabinos foram duramente atacados deixando milhares de mortos, um grande rastro
de destruição por Salvador e os que sobreviveram foram presos ou degredados.
Revolta de Canudos
05) (UNEB – 2019) Em relação aos movimentos sociais ocorridos no Brasil do século XIX,
são verdadeiras as afirmativas:
I - Sabinada - movimento rebelde que ocorreu na Bahia liderado por Francisco Sabino, trouxe à
tona as tensões sociais que afligiram a sociedade brasileira.
II - Balaiada - liderada por homens pobres, mestiços e também escravos, lutavam contra a opressão
praticada pelos governos da província do Maranhão.
III - Revolta dos Malês - levante de escravos mulçumanos na cidade de Salvador.
IV - Revolta de Canudos - movimento popular de fundo sócio-religioso que ocorreu no sertão da
Bahia.
V - Revolução Farroupilha - levante de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil,
ocorrido na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
06) (UNEB – 2019) Muitos foram os movimentos sociais ocorridos no Brasil durante o século
XIX. Na Bahia, particularmente no sertão, a chamada Guerra de Canudos teve forte
repercussão nacional e envolveu tropas do governo que foram recrutadas para combater os
sertanejos liderados por um religioso. Sobre essa Guerra, é correto afirmar:
a) Foi um movimento caráter religioso liderado pelo beato Antônio Conselheiro, que criticava a
República e contestava as inovações impostas por ela.
b) Revolução do caráter comunista que defendia a manutenção da República.
c) Insurreição que defendia a queda da República e a manutenção do islamismo na Bahia.
d) Revolta popular que se alastrou do sertão baiano até o litoral.
e) Foi um conflito no sertão baiano ocorrido em 1896 e 1897, que terminou com a criação do
povoado de Canudos.
07) (VUNESP – 2017) A Revolta dos Malês, ocorrida em 1835 na Bahia, contou com ampla
participação popular e defendeu, entre outras propostas,
a) a rejeição ao catolicismo e a construção de uma ordem islâmica.
b) a manutenção da escravidão de africanos e a ampliação da escravização de indígenas.
c) o retorno de D. Pedro I e o restabelecimento da monarquia absolutista.
d) a ampliação das relações diplomáticas e comerciais com os países africanos.
e) o reconhecimento dos direitos e deveres de todo cidadão brasileiro.
I. Os povos indígenas na Bahia estão inseridos em dois contextos históricos e regionais básicos e
bem definidos: o do semiárido nordestino ao norte do estado, praticamente todo ele conquistado
por frentes de expansão da pecuária durante o século XVII, e onde boa parte da população
indígena sobrevivente à conquista foi reunida até o século XVIII, em aldeamentos missionários
de ordens religiosas, como as dos jesuítas e franciscanos; e o da Mata Atlântica e litoral ao sul
e Extremo Sul do Estado, onde a conquista se iniciou ainda no século XVI e aldeamentos
missionários foram implantados já na segunda metade deste, mas em que o processo de
conquista, sobretudo das matas do interior, se fez de modo muito lento, prolongando-se até as
décadas iniciais do século XX, quando os dois últimos bandos indígenas ainda autônomos no
Estado — Hã-Hã-Hãe e Baenã — foram atraídos ao Posto Indígena Caramuru do SPI
(Serviço de Proteção aos Índios), no atual Município de Itaju da Colônia. (SAMPAIO, 2012).
II.
GABARITO
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03 D 08 A
04 D 09 A
05 D 10 B