Realismo e Naturalismo
Realismo e Naturalismo
Realismo e Naturalismo
Realismo e
Naturalismo
(séc. XIX)
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LITERATURA
(1601-1768) (1836-1881) VOCÊ ESTÁ AQUI
CONTEMPORÂNEA
REALISMO - Romance REALISTA
- Romance NATURALISTA
(1881-início do séc. XX) - Poesia PARNASIANA
- Poesia SIMBOLISTA
• A prosa realista tem como propósito captar o ser humano em sua totalidade, isto é, tanto
exterior quanto interiormente.
• O retrato interior das personagens, isto é, seus conflitos, pensamentos, anseios, reflexões,
desejos, etc., é chamado de introspecção psicológica.
• Positivistas: a ciência como modelo por excelência do conhecimento humano - tudo poderia e
deveria ser explicado e organizado pelo conhecimento científico.
• “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção cadavérica; vício grave, e
aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o
livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o
meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam,
urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” (Memórias Póstumas de Brás Cubas,
cap. 71)
• O trecho acima, em que Brás Cubas descreve o seu estilo de narrar, revela ainda outro traço da
obra machadiana: a digressão. O fio condutor da narrativa é cortado por memórias, introdução
de novos assuntos e ocorrências casuais, o que aproxima o texto do fluxo do pensamento. No
exemplo, Brás Cubas interrompe a história e passa a falar sobre o que pensa, sobre a maneira
como ele mesmo narra.
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
• O personagem principal é Brás Cubas, que decide escrever sua
autobiografia. O problema é que ele está morto. Livre da opinião
alheia, o falecido sente-se à vontade para contar episódios nada
positivos de sua trajetória.
• Então, temos outra questão: se alguém se propõe a escrever a
própria história, é porque entende que sua vida foi exemplar.
Mas não é o que acontece com Brás Cubas, que termina o livro
reconhecendo a inutilidade de sua existência. “Não tive filhos,
não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
• Logo, o pessimismo de Brás Cubas não leva ao desespero, como
acontece no Romantismo. Ele é transformado em ironia – outra
marca da linguagem machadiana.
• “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver
dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.”
Quincas Borba (1891)
• O personagem principal é Rubião, que recebe a herança de um
amigo filósofo, Quincas Borba. Para ficar com a herança, no
entanto, ele tem que cumprir uma condição: cuidar do cão do
falecido, também chamado Quincas Borba. Então, Rubião
deixa a vida pacata no interior e vai para a alta sociedade do Rio
de Janeiro, onde se torna uma presa fácil para o casal de
“alpinistas sociais” Cristiano e Sofia Palha. Rubião termina sem
nada, comprovando a tese do sistema filosófico criado por
Quincas Borba, o Humanitismo, segundo o qual a vida é um
campo de batalha onde só os mais fortes sobrevivem.
• Na verdade, o Humanitismo é uma sátira ao modo como o
darwinismo foi interpretado pelos intelectuais brasileiros. Na
teoria criada por Darwin, os indivíduos mais “fortes” são
aqueles com capacidade de adaptação ao meio. Mas, no
campo social, essa teoria serviu, equivocadamente, para
justificar a opressão das classes dominantes sobre as outras.
Dom Casmurro (1900)
• Enredo tipicamente romântico: uma história de adultério. Mas a
história é contada em primeira pessoa. Então, em lugar de um
narrador onisciente, que tudo observa e sabe, temos um narrador que
relata os fatos de um ponto de vista muito pessoal. Por isso não
podemos ter certeza da traição de Capitu, o que acaba frustrando as
expectativas do leitor tradicional, que não aceita a incerteza.
• Machado ironiza a tradição: o narrador-personagem (Bentinho) tenta
dar um tom de verossimilhança e tenta parecer objetivo, mas assume
suas fraquezas e deixa transparecer sua parcialidade.
• “Abane a cabeça, leitor; faça todos os gestos de incredulidade.
Chegue a deitar fora este livro, se o tédio já não o obrigou a isso antes;
tudo é possível.”
• Nessa passagem, observamos duas outras características
machadianas marcantes: o diálogo com o leitor e a metalinguagem
(o texto falando do próprio texto). O narrador parece zombar do leitor,
ansioso pela continuidade da história.
Aluísio Azevedo (1857-1913)
• Principal expressão da prosa naturalista no Brasil, o
escritor nasceu em São Luís do Maranhão e, em 1881,
ano de publicação de O mulato, transferiu-se
definitivamente para o Rio de Janeiro, onde trabalhou
como cartunista e jornalista, ao mesmo tempo que
escrevia seus romances.
• Com a publicação de O mulato, alcançou certa
popularidade, o que lhe permitiu viver exclusivamente da
literatura.
• O ponto alto nos escritos de Aluísio Azevedo,
principalmente em suas obras de maturidade, O cortiço
(1890) e Casa de pensão (1894), é a maneira como são
retratados ambientes, paisagens e cenas coletivas.
Aluísio Azevedo (1857-1913)
• Trazer as regras do romance naturalista europeu para o Brasil acarretou uma série de
problemas, já que a ciência da época considerava “verdades”, por exemplo, a superioridade
racial dos brancos sobre os negros e o caráter insalubre do clima tropical.
• O clima tropical, marcado pelo calor excessivo, também era prejudicial ao desenvolvimento
civilizado do ser humano. Nesse sentido, podemos ver uma espécie de inversão da
concepção da natureza brasileira: se, no período romântico, a natureza era enaltecida pela
sua exuberância sem igual, no romance naturalista ela é vista como um obstáculo ao
progresso do país.
• Assim, o romance naturalista vai abordar, de maneira bastante rígida e mecânica, os efeitos
que o meio, o clima, a raça e o sexo produzem sobre a saúde, a vida mental e o
comportamento dos indivíduos. Como, por exemplo, vivem e agem pessoas que moram em
um cortiço carioca, sob o forte calor tropical?
O cortiço (1890)
• O cenário do romance é um típico cortiço carioca da
época.
• Baseado nos princípios naturalistas, o livro mostra como a
influência do meio e a força dos instintos determinam o
comportamento dos personagens, como o português
Jerônimo. Afetado pelo “calor”, o personagem vai se
“abrasileirando”, tornando-se, inclusive, um tanto
indisposto para o trabalho.
• Na verdade, isso reforça uma ideia corrente entre os
intelectuais do período – a de que o clima tropical contribui
para a indolência. Vale lembrar que, hoje, essa é uma teoria
ultrapassada. Mas, voltando ao personagem, Jerônimo
abandona de vez a vida regrada que tinha quando se depara
com Rita Baiana dançando em um “pagode”. Então, é
dominado por um forte desejo sexual.
O cortiço (1890)
• O eixo central do romance é a história de enriquecimento do português João Romão no Rio de
Janeiro: ele começa como empregado de um vendeiro, depois proprietário de sua venda, de um
cortiço (onde passa a alugar casinhas) e de uma pedreira. Para alcançar seus objetivos de
ascensão social, não mede esforços.
• Torna-se amante de Bertoleza, uma negra escrava, a quem se junta, prometendo a ela comprar
sua carta de alforria (na verdade, não tinha intenção nenhuma de gastar dinheiro com isso).
• De certa maneira, Rita Baiana representa na vida de Jerônimo o fascínio que a natureza
brasileira exerce sobre o europeu:
• “Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando
aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o
aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira
virgem e esquiva que não se torce a nenhuma outra planta; era o veneno e o açúcar gostoso...”
• Envolvendo-se com Rita, Jerônimo vai se abrasileirando, torna-se “preguiçoso, amigo das
extravagâncias e dos abusos”; perde, enfim, o bom-senso e o caráter superior do europeu, em
um processo de progressiva decadência.
Realismo (prosa) Características
• oposição ao Romantismo
Período: séc. XIX (1881-1893)
• retrato fidedigno da realidade
Tem início na França com Madame Bovary,
• caráter descritivo
de Gustave Flaubert, publicado em 1857.
• análise de traços da personalidade e da
No Brasil, o Realismo surge em 1881, com a psique das personagens, com exibição
publicação de Memórias póstumas de Brás de falhas de caráter, derrotas pessoais
Cubas, de Machado de Assis. e comportamentos duvidosos
Machado é o principal representante da • tom crítico sobre as instituições e a
nossa prosa realista: seus romances da fase sociedade, sobretudo a elite
“madura” são considerados realistas, pois • valorização de conhecimentos
desmascaram os interesses por trás das científicos, propostos em teorias como
relações sociais e analisam os personagens o Darwinismo, Positivismo,
de um ponto de vista psicológico. Evolucionismo
• denúncia social
A produção literária desse movimento
preocupou-se em captar o real e, por isso,
era objetiva e repleta de descrições. Principais autores: Machado de Assis e
Raul Pompeia
Naturalismo (prosa)
Características
Período: séc. XIX (1881)
• romances como instrumento de análise
Produção literária: romances da sociedade brasileira, e não apenas
Surge em 1867, na França, com a como entretenimento para a classe
publicação da obra Thérèse Raquin, de média (como fizeram os autores
Émile Zola. No Brasil, o marco inicial foi a românticos)
publicação do romance O mulato (1881), • linguagem coloquial
• observação da realidade
de Aluísio Azevedo.
• evolucionismo, cientificismo e
Está intimamente relacionado com o positivismo
Realismo, pois a descrição e a percepção • descrição de ambientes e personagens
da realidade também são características • problemas humanos e sociais
marcantes. No entanto, é definido como • radicalização do realismo
uma radicalização do Realismo. • visão mecanicista do homem
As personagens dos romances naturalistas
Principais autores: Aluísio Azevedo,
costumam ter características patológicas,
Raul Pompeia, Adolfo Caminha, Inglês
são desequilibradas, mórbidas e doentias. de Sousa