Os Maias
Os Maias
Os Maias
Capítulo I
Localização espacial de temporal da ação
Descrição do Ramalhete
- a “felicidade de novela”;
- a viagem por Itália;
- o fastio e medo da “velha Itália clássica”;
- a viagem a Paris:
. o suspirar por uma “boa loja de modas, sob as chamas do gás, ao rumor do Boulevard”;
. a cidade de Paris agitada, revolucionária, conflituosa, ao som da “Marselhesa”, triste; o
medo dos “operários, corja insaciável”;
. a vida luxuosa e faustosa;
. o ciúme de Pedro por causa da “admiração absurda de Maria pelos novos uniformes da
Garde Mobile”;
. a gravidez de Maria e...
- o regresso a Arroios:
Maria:
- exige que Pedro escreva ao pai;
- odiou Afonso por a rejeitar, por isso apressou o casamento e a partida para Itália
como forma de vingança e de lhe demonstrar que valia mais o seu poder de sedução
do que as tradições familiares e os graus de parentesco;
- com o regresso a Lisboa deseja a reconciliação para se poder mostrar à sociedade
“pelo braço desse sogro tão nobre e tão ornamental”;
- perante nova afronta, injuria-o, chamando-lhe “D. Fuas” e “Barbatanas”;
- recusa-se a amamentar a filha, embora a adore e acarinhe em êxtase de idolatria;
- detém grande poder sobre Pedro e usa-o astutamente;
Pedro:
- demonstra não ter vontade própria, pois a carta que escreve ao pai “Fora um
conselho, quase uma exigência de Maria”;
- demonstra grande ternura e amor pelo pai, mas a partida do pai para Santa Olávia
deixa-o indignado e enfurecido, não lhe comunicando o nascimento da filha e
declarando a Vilaça que já não tinha pai;
- deixa-se seduzir e influenciar/manipular facilmente por Maria;
A filha de Pedro e Maria:
- o narrador omite o seu nome para que não seja explícito antes do momento
escolhido que Carlos e Maria Eduarda são irmãos;
- em termos de caracterização ficamos a saber que se trata de “uma linda bebé, muito
gorda, loura e cor-de-rosa, com os belos olhos negros dos Maias”.
1.2. O ambiente romântico de Arroios – “festança, atravessada pelo sopro romântico
da Regeneração”:
1.2.1. Maria:
- recebe e vive requintadamente;
- vive rodeada de luxo, fausto e ostentação;
- fuma e joga;
- “nunca fora tão formosa”;
- escolhe a túlipa, “opulenta e ardente”, para flor que a simbolize, flor que sugere a
sua sensualidade;
- desperta paixões em todos os amigos do marido;
- apazigua os ciúmes de Pedro, sábia e sedutoramente, com carícias e beijos;
- muito sensual e sedutora;
- lê novelas românticas, deixando-se influenciar de tal forma por elas que o nome do
segundo filho é escolhido a partir do nome de uma personagem duma dessas
novelas;
- revela indícios de cultivar uma paixão por Tancredo:
. a excitação e a noite mal dormida perante a ideia de ter “um príncipe entusiasta,
conspirador, condenado à morte, ferido agora, por cima do seu quarto”;
. os ciúmes que sente perante as idas constantes da arlesiana ao quarto de Tancredo;
. a pergunta a Pedro se “era necessária (...) constantemente a sua própria criada no
quarto de Sua Alteza!”;
. a sua palidez e a sua cólera quando Pedro lhe responde que Tancredo achava
“picante” a arlesiana;
. o choro da arlesiana após uma conversa com Maria;
. os suspiros sem razão (p. 43);
- em determinado momento opera-se nela uma grande mudança:
. troca o vestuário luxuoso por um vestuário preto;
. suspende as soirées mundanos por outras singelas onde faz crochet, estuda música
clássica e falta de política com sisudez, apenas com alguns íntimos;
. é adepta da Regeneração;
. organiza uma associação de caridade, a Obra Pia dos Cobertores;
. visita os pobres;
. torna-se devota;
. a “deusa” transforma-se em terna Madona e vai adiando para o inverno a visita
reconciliadora a Afonso.
1.3. Presságios:
® a associação de Maria a Helena e Troia, ambas adúlteras e causadoras de “guerras
trágicas”;
® a referência ao “luxo sombrio do luto oriental de Judite”;
® a escolha do nome do segundo filho, feita a partir de uma novela romântica “... de que
era herói o último Stuart, o romanesco príncipe Carlos Eduardo; e, namorado dele, das
suas aventuras e desgraças, queria dar esse nome a seu filho... Carlos Eduardo da
Maia! Um tal nome parecia-lhe conter todo um destino de amores e façanhas.”:
. a influência perniciosa da literatura romântica em Maria Monforte;
. tal como a personagem da novela era “o último Stuart”, também Carlos será o último
dos Maias;
. tal como o príncipe, Carlos irá levar uma vida de “aventuras e desgraças”;
. a presença do destino.
3. NOTAS
4. Linguagem
. Duplo advérbio de tempo + verbo no futuro: “– Sim, mais tarde, depois pensarás nisso,
filho...” ® a preocupação de Afonso em eliminar de Pedro uma ideia fixa.
. Uso do discurso indireto livre, intercalado entre o discurso direto e o discurso
indireto → sugere a personagem a falar em voz alta, confundindo-se com o narrador, e
a interpretar uma pergunta, não formulada, de Afonso: “Ainda lá tinha a sua cama, não
é verdade? Não, não queria tomar nada...”.
. Advérbio expressivo: “O pai ouviu-lhe os passos por cima e o ruído de janelas
desabridamente abertas.” ® revela a falta de autodomínio e o conflito emocional que
marcam Pedro naquele instante.
Capítulo III -