Planejamento Estratégico - Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.
Planejamento Estratégico - Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.
Planejamento Estratégico - Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.
PLANO ESTRATÉGICO:
Empresa Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.
CAMPO GRANDE
2008
1. APRESENTAÇÃO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO
Nos idos 1690 o setor canavieiro começa a encontrar dificuldades dada a escassez de
metais preciosos, todos drenados pela metrópole. Na mesma década acontece a descoberta do
ouro em Minas Gerais, tirando a mão-de-obra da produção de cana-de-açúcar. Este período foi
a primeira grande crise na indústria açucareira no Brasil e passa a marcar o setor pela
dependência da produção e do mercado mundial (AZEVEDO, 2002).
A guerra pela independência dos Estados Unidos, entre 1775 e 1776, fecha o mercado
centro-americano para o país, passando o Brasil suprir essa falta. O sucesso alcançado encontra
obstáculo no início do século 17, onde é feita a descoberta do processo de produção de açúcar
com base na beterraba, a qual pode ser produzida em ambientes frios (AZEVEDO, 2002).
Alguns eventos ocorridos no século XIX trazem certo desenvolvimento ao setor, onde
podemos citar a abertura dos portos em 1808, a independência em 1822 e de forma mais
marcante a revolução tecnológica de 1870, a qual trouxe modernidade ao sistema produtivo
através do engenho a vapor, das ferrovias e dos consórcios ferrovia indústria, bem como o
desenvolvimento de forma integrada do comércio, da indústria e da agricultura (AZEVEDO,
2002).
Em 2008 o governo do Estado realizou visita técnica em Sertãozinho, SP, com o objetivo
de conhecer o desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local – APL do Setor Sucroalcooleiro e
seus impactos naquela economia, verificando as ações e projetos que integram os diversos
1
Existem 6 usinas sem dados confirmados. SUCITEC (2007)
2
Existem 24 usinas sem dados confirmados. SUCITEC (2007)
segmentos da economia (metal mecânico, indústria de base e tranformação, usinagem,
fundição, injeção plástica e de borracha, produção de equipamentos e produtos de bens de
capital e de consumo para os setores) (SUCITEC, 2008). A equipe de visita técnica foi composta
por integrantes da prefeitura municipal de Costa Rica-MS, SEBRAE-MS, Secretaria de Ciência e
Tecnologia (SUCITEC), USP, SENAI Dourados-MS e empresários locais.
“Nós da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. temos por missão atuar de forma segura e
sustentável nas atividades da indústria açucareira e de bio-energia, fornecendo produtos e
serviços de qualidade, considerando os interesses de acionistas, colaboradores, clientes,
sociedade e governos”.
3. VALORES
Os valores são crenças básicas nas quais a maioria das pessoas da organização acredita.
Esses valores são a fonte de orientação e inspiração no local de trabalho, servindo para motivar
e direcionar as ações das pessoas na organização. Dentro dessa idéia, a Rio Brilhante Açúcar e
Álcool S.A. valoriza:
4. VISÃO DE FUTURO
A visão de futuro é definida por ENAP (2008) como a descrição de um estado futuro
ambicioso difícil, porém passível de ser alcançado – expressando uma conquista estratégica de
grande valor para a organização. A visão de futuro deve criar uma imagem que desafie e
mobilize todas as pessoas envolvidas na construção dessa conquista.
“Em 2020, a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. será uma empresa reconhecida no
Centro-Oeste pela adequabilidade de seus meios de trabalho, por sua produção sustentável e
pela utilização de tecnologia inovadora”.
Para cumprir as declarações feitas na missão da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.,
respeitando os valores cultuados, fins de alcançar a visão de futuro traçada, a empresa
apresenta como seus objetivos estratégicos as seguintes diretrizes:
6. SEGMENTAÇÃO ESTRATÉGICA
Para que a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. decidir sua atuação no mercado, foram
realizados estudos de segmentação estratégicas que contemplaram as análises dos critérios de
segmentação, dos critérios de atratividade de cada segmento, a verificação do ciclo de vida de
cada segmento, bem como criação da matriz BCG desses produtos, para análise de
possibilidades de fluxo financeiro entre eles.
A Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. considerou a análise da tabela 1 abaixo para
determinar sua atuação:
Pode-se verificar que os segmentos estudados são todos de commodities, o que permite
a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. focar sua estratégia de atuação sobre os custos, uma vez
que não são necessários altos investimentos em publicidade e marketing, bem como no
desenvolvimento de novos produtos. Corroboram para a estratégia, as exigências legais de
atuação em canais de distribuição indiretos, isto é, através de distribuidores devidamente
registrados nas agências de controle, o que desonera a empresa com gastos promocionais junto
ao consumidor final.
3
Baseado no estudo: “uma proposta para um plano estratégico de produção e uso de álcool carburante em Cuba”
de Heidy Rodriguez Ramos, São Paulo, 2003.
6.2. CRITÉRIOS DE ATRATIVIDADE
Os dados que orientam a escolha dos ramos de negócios para atuação são apresentados
na tabela 2, que elenca os critérios de atratividade de cada segmento.
Portanto, pode-se concluir com base nos dados apresentados na tabela 2 que os
melhores negócios para que a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. atue são os de produção de
açúcar e produção de álcool. Ambos apresentam elevada taxa de crescimento, tanto em nível
nacional quanto estadual.
4
Fonte: UNICA (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar). Média do crescimento entre os anos de 2003 e 2008. Em
relação à produção de energia, foi utilizada a participação na matriz elétrica do Brasil.
rápida da documentação. Outros fatores que contribuem como barreira são o valor do
investimento em si e a escassez de mão-de-obra especializada.
O segmento C possui pequeno ticket de entrada, porém as barreiras para entrantes são
muito grandes, sendo o principal empecilho observado a necessidade de linhas de transmissão
de alta tensão (linhões), ainda distantes da localidade de Rio Brilhante-MS. Além do exposto, o
segmento C apresenta atualmente pouca participação na matriz elétrica brasileira, apenas 3%.
O desenvolvimento do segmento deve ser monitorado, pois as projeções para 2015 são que a
participação na matriz elétrica seja de 15%. O segmento C é uma alternativa a considerar caso o
estado fomente o desenvolvimento do arranjo produtivo da cana-de-açúcar, a exemplo do
ocorrido em Ribeirão Preto-SP, local onde realizou visita técnica para estudar a estrutura
desenvolvida. Por enquanto, é viável a produção de bio-eletricidade para sustentação própria.
Tempo
Fonte: Autores
Gráfico 2: Ciclo de Vida do segmento de Açúcar
Volume de
Vendas Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.
Custos
Rentabilidade
Produção
P&D
Comunicação
Tempo
Fonte: Autores
Rentabilidade
Produção
P&D
Comunicação
Tempo
Fonte: Autores
A Matriz BCG, criada pelo grupo americano da qual herda o nome, o Boston Consulting
Group, foi concebida para permitir que as empresas visualizem seus negócios e consigam
projetar estratégicas, principalmente quanto ao fluxo financeiro entre negócios.
Para determinação da matriz BCG da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. devemos
considerar as variáveis taxa de crescimento do mercado, participação relativa no mercado e
representação no faturamento da empresa. Os dados dos segmentos de atuação da empresa
são apresentados conforme tabela 3 a seguir, o que nos permite montar a figura 2:
5
Ranking da UNICA com base na safra 2006/2007. Considerando os estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Paraná.
Figura 2: Matriz BCG
20%
Estrela Ponto Interrogação
B
10%
Vaca leiteira Peso morto
C
0%
Alta Baixa
Participação no mercado
Fonte: Autores
Como se pode verificar através da tabela 3 e da figura 1, o segmento que mais contribui
para o faturamento da empresa é o de produção de álcool, o qual se enquadra em um ponto de
transição entre um produto estrela e um ponto de interrogação. O produto estrela tende a se
transformar em uma vaca leiteira caso o mercado reduza sua taxa de crescimento. O objetivo
deve ser ampliar a produção de álcool, fins de alcançar a liderança, bem como acompanhar o
acelerado crescimento do mercado. Os excedentes financeiros desse segmento devem ser
reinvestidos para que possa aumentar a participação de mercado.
A produção de açúcar da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. encontra-se em posição que
podemos caracterizar como um ponto de interrogação, dadas as incertezas que rodeiam o
negócio. Ao desenvolver o segmento A, a tendência é que o segmento B acompanhe o
crescimento, uma vez que a quantidade de matéria prima para produção irá crescer em mesma
proporção. O investimento nos dois segmentos permite a empresa ter um futuro mais
promissor, uma vez que poderá possuir duas vacas leiteiras, álcool e açúcar. Os excedentes
financeiros devem ser reinvestidos no segmento para acompanhar o crescimento da produção
de álcool e, havendo sobra, direcionados para o segmento A.
7. ANÁLISE EXTERNA
Projeção de cenários;
Cadeia produtiva da cana-de-açúcar;
Modelo “5 forças” de Porter;
Investimentos estruturantes;
Integração econômica com países vizinhos (MERCOSUL);
Expansão do sistema de transporte intermodal;
Expansão do agrobusiness;
Exploração da biodiversidade;
Regularização fundiária e reforma agrária,
Mudança da matriz energética (exploração energética e do gás natural) e aumento da
capacidade de oferta de energia elétrica;
Valorização e crescimento das comunidades indígenas;
Instalação de um pólo petroquímico;
Constituição de um novo grupo político no poder estadual;
Desemprego urbano e tecnológico;
Pólos industriais e novos eixos internos de desenvolvimento;
Expansão da economia da contravenção;
Instalação de um pólo mínero-siderúrgico;
Crescimento do turismo, particularmente do agro-ecoturismo;
I – Tipo bruto
Demerara;
Mascavo;
II – Tipo cristal
Standart;
Superior;
Especial;
Especial extra;
III – Tipo refinado
Almofo;
Granulado.
O tipo I é o produto mais bruto, sendo seu destino exclusivo as refinarias, que o transforma em
açúcar refinado. O tipo II pode ter vários destinos, onde podemos apontar refinarias (standart e
superior), para indústria (standart, superior, especial e especial extra). O tipo III é destinado ao consumo
final, sendo que o tipo almofo é o mais consumido no Brasil. (AZEVEDO, 2002)
Dentro da cadeia produtiva do álcool podemos determinar quem é formador de preço e quem é
tomador de preço. O litro do álcool hidratado sai para o produtor na média de R$ 0,7158, já na
distribuidora o preço é de R$ 1,45 e para o consumidor final o valor sai a R$ 1,69. Desse modo, podemos
inferir que a distribuidora é formadora de preço em suas duas pontas.
Num olhar mais expandido sobre a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, podemos inserir como
atores a indústria de insumo para plantação da cana-de-açúcar, os próprios agricultores e os varejistas
de postos de gasolina. Deste modo, resumidamente, podemos caracterizar a cadeia produtiva da cana-
de-açúcar da seguinte forma, conforme ilustra a figura 4:
Fonte: Autores
Por fim, o diagrama do processo produtivo de uma usina sucroalcooleira pode ser caracterizado
através da figura 5 a seguir:
Figura 5: Diagrama do processo produtivo de uma usina sucroalcooleira
O modelo 5 forças teorizado por Porter visa auxiliar o gestor na compreensão do ambiente
externo, possibilitando a determinação de estratégias empresariais melhor concebidas. A estrutura
industrial em que se atua exerce forte influência na determinação da competição.
O objetivo para empresa passa ser a compreensão da estrutura industrial e encontrar e formar
posições onde possa se defender ou influenciar as forças competitivas dentro desse ambiente. A
determinação das forças atuantes na estrutura industrial realça os pontos fortes e fracos da empresa,
permitindo a determinação de que ambientes são mais propícios para a entrada, bem como as
fraquezas que poderiam levar a empresa a perder determinada participação no mercado.
Entrada;
Ameaça de substituição;
Poder de negociação dos compradores;
Poder de negociação dos fornecedores;
Rivalidade entre os concorrentes.
O modelo de 5 forças de Porter pode ser apresentado como ilustração da figura 6 a seguir:
Figura 6: Modelo 5 Forças
ENTRANTES Ameaça de
POTENCIAIS
novos entrantes
Poder negociação
dos fornecedores
CONCOR-
FORNE- COMPRA-
RÊNCIA NA
CEDOR DOR
INDÚSTRIA
Poder negociação
dos compradores
Ameaça de
SUBSTITUTO
Produtos substitutos
A ameaça de entrada de novas empresas influencia a estrutura industrial, uma vez que as
empresas aumentam a capacidade de produção e entram para ganhar parcela do mercado existente.
Para impedir a entrada de novos competidores, a indústria depende das barreiras de entrada. Deste
modo, podemos apontar como principais barreiras a entrada as seguintes situações (PORTER, 1989):
Economia de escala: a entrante tem que optar por ingressar em larga escala (forte reação das
empresas existentes) ou operar em pequena escala (alto custo unitário);
Diferenciação do produto: a entrante, para barrar as marcas consolidadas e a lealdade do
consumidor, tem que arcar com altos investimentos em marketing;
Necessidade de capital: a entrante tem que investir vastos recursos financeiros na abertura da
planta ou no desenvolvimento de tecnologia para competir;
Custos de mudanças: o custo que o comprador arca com a mudança de fornecedor
(treinamento, adaptação da linha de produção, etc) por vezes inibe a mudança e barra nos
fornecedores (entrantes);
Acesso aos canais de distribuição: possibilidade de investimento elevado para que o canal de
distribuição aceite o novo fornecedor;
Desvantagem de custo independentes da escala: por vezes o entrante tem que arcar com
custos não relacionados com a escala, isto é, tecnologia patenteada, acesso favorável a matéria-
prima, localizações favoráveis, subsídios oficiais, curva de aprendizagem, dentre outros;
Política governamental: o governo pode limitar a entrada de novas empresas através do
controle de emissão de licenças de funcionamento e limitando o acesso a matérias-primas.
Na produção açucareira, diversas usinas estão optando pela diferenciação de seus produtos,
uma vez que grande parte da produção é destinada ao consumo direto, através de açúcar refinado, ou
exportação, também utilizando o mesmo produto.
O valor do investimento para abertura de uma planta industrial para processamento de cana-de-
açúcar é muito elevado, variando entre R$ 100 e R$ 700 milhões (SUCITEC, 2007). Contribuindo para o
aumento dos custos, surge a necessidade de pagar pela tecnologia patenteada de produção de álcool.
Dentro do setor sucroalcooleiro os fatores que mais contribuem para a competição são a
quantidade de concorrentes equilibrados, os custos fixos e de armazenagem elevados, a capacidade
aumentada em grandes incrementos, grandes interesses estratégicos, barreiras de saída elevada, e, em
termos, a ausência de diferenciação.
As usinas de processamento de cana-de-açúcar geralmente têm, em Mato Grosso do Sul, um
tamanho similar, em torno de 2.300.000 toneladas/ano (SUCITEC, 2007), o que permite a capacidade de
todos competirem pelo mercado sucroalcooleiro.
Na produção sucroalcooleira é inviável a armazenagem, por longos períodos, dos produtos, uma
vez que seriam imobilizados recursos financeiros de grande monta. Nesse sentido, a competição acaba
ocorrendo naturalmente no segmento, apesar da comoditização dos produtos.
Com o surgimento do Mato Grosso do Sul como nova fronteira agrícola para a cana-de-açúcar,
diversas empresas estão ampliando suas plantas industriais, fins de absorver parte do crescimento do
segmento e fazer frente às novas indústrias em instalação. Esse crescimento por parte das empresas
existentes, somado às novas capacidades de produção entrantes, pode gerar uma crise de
superprodução.
As barreiras de saída no setor sucroalcooleiro são elevadas, uma vez que venda de uma planta
industrial de processamento de cana-de-açúcar não ocorre com facilidade, bem como os acordos
trabalhistas necessários para finalizar milhares de contratos são de grande monta. Não obstantes, existe
a pressão governamental que não quer abrir mão de impostos e fonte geradora de empregos.
Os concorrentes diretos no Estado são 11, os quais têm seus dados apresentados na tabela 7:
UNIDADE A B C D E F G H I J TOTAL
Diante disso, a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. deve preparar-se para a competição através da
dominação do mercado pela escala, uma vez que a capacidade de influenciar e defender são maiores
por parte de uma grande empresa. Os interesses da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. devem estar
alinhados às grandes forças do setor, fins de evitar retaliações.
Cabe a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. aproveitar o bom momento vivido pelo setor para
aumentar a participação no mercado, uma vez que o segmento pode estar futuramente na condição de
produto substituído, em especial o risco de troca do etanol pelo hidrogênio, biodiesel e células
fotoelétricas.
7.4. Poder de negociação dos compradores
Os compradores sempre competem para forçar o preço baixar, seja através de barganhas por
melhor qualidade, mais serviços ou jogando os concorrentes uns contra os outros. Um comprador é
considerado poderoso quando (PORTER, 1989):
Quanto à força de negociação dos compradores a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. tem suas
ações parcialmente limitadas, dada a regulação do setor pelo governo, o qual coloca a exclusividade de
fornecimento de álcool pelos distribuidores. A empresa deve procurar outras indústrias para escoar sua
produção de álcool, isto é, indústria química, farmacêutica, etc.
7.5. Poder de negociação dos fornecedores
É dominado por poucas companhias e é mais concentrado do que a indústria para qual vende:
a concentração do fornecimento dá poder a ponta vendedora, deixando a outra refém dos
preços e qualidades da primeira;
Não está obrigado a lutar com outros produtos substitutos na venda para a indústria: a falta
de competição com outros produtos torna a indústria refém do produto de determinados
fornecedores, dando poder para praticarem preços mais altos ou qualidades mais baixas;
A indústria não é um cliente importante para o grupo fornecedor: a exemplo dos compradores,
quando a indústria não é um cliente importante, essa se vê pouco motivada a ceder descontos
ou condições especiais;
O produto dos fornecedores é um insumo importante para o negócio do comprador: o
fornecedor que sabe da importância do seu produto tende a valorizá-lo e como o comprador
não tem escolha, dada a importância do produto para si, acaba por adquirir nas condições
estipuladas pelo fornecedor;
Os produtos do grupo de fornecedores são diferenciados ou o grupo desenvolveu custos de
mudança: quando os custos de mudança são altos, as indústrias ficam refém dos fornecedores;
O grupo de fornecedores é uma ameaça concreta de integração para frente: a possibilidade
dos fornecedores produzirem os bens finais da indústria acaba os enfraquecendo.
Nesse sentido, a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. deve manter-se integrada no plantio e
processamento da cana-de-açúcar.
8. ANÁLISE INTERNA
Para que seja realizada a análise interna da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. utilizaremos como
técnicas a análise do perfil estratégico da empresa (check list), através do levantamento de indicadores
de desempenho fundamentais para o entendimento das peculiaridades da empresa e os fatores críticos
de sucesso, bem como o levantamento dos pontos fortes e pontos fracos da empresa, para que
possamos num segundo momento cruzar com os dados da análise interna e realizar a integração do
cenário interno com o externo.
Podemos apontar os seguintes pontos fortes para a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.:
Flexibilidade da tecnologia;
Parcerias estratégicas;
Conhecimento do negócio;
Capacidade financeira;
Rendimentos agrícolas;
Escala de produção.
FCS VARIÁVEIS 1 2 3 4 5
√ Automação da colheita;
√ Capacidade de produção
√ Capacidade financeira;
Comunicação
√ Conhecimento do negócio;
Custo do produto
√ Diversificação da produção açucareira;
√ Flexibilidade da tecnologia
Fontes de financiamento
Imagem da marca
√ Investimentos tecnológicos;
Liquidez
Localização
Margem de lucro
Mix de produtos
Nível de endividamento
√ Parcerias estratégicas
Política de capacitação
Política de promoção e recompensa
Política de salários
Prazo de entrega
√ Produção de álcool carburante.
Qualidade do produto
√ Qualificação da força de trabalho;
√ Rendimentos agrícolas;
Seleção e recrutamento
ONDE:
Média do Setor Sucroalcooleiro
Média da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A.
Fonte: Autores
Como podemos observar na figura 7, a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. possui algumas
variáveis onde se fazem necessários implementos para desenvolvimento do indicador. Dentro os mais
distantes da média do mercado pode-se destacar:
Imagem da marca;
Liquidez;
Mix de produtos;
Política de capacitação;
Política de promoção e recompensa;
Política de salários;
Qualidade do produto;
Qualificação da força de trabalho (FCS); e
Seleção e recrutamento.
AJUDA ATRAPALHA
Forças Fraquezas
(ORGANIZAÇÃO)
Oportunidades Ameaças
1. Crescimento da frota interna de 1. Superprodução de açúcar;
veículos flex; 2. Utilização da tecnologia por países
2. Pressões ambientais contra desenvolvidos (maior capacidade de
combustíveis poluidores; aprimoramento);
3. Segurança energética (independência 3. Desenvolvimento crescente de células
do petróleo); fotoelétrica. Tomado como mudança
(AMBIENTE)
A tabela 11, matriz SWOT desdobrada, mostra a relação entre oportunidades, ameaças, forças e
fraquezas, estipulando um grande de relação de 0 para nenhuma, 1 para moderado, e 2 para forte.
AMBIENTE EXTERNO
TOTAL
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
SOMA
SOMA
O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 T1 T2 T3 T4 T5 T6
S1 1 1 2 1 0 0 2 1 2 10 1 2 1 1 0 1 6 16
S2 1 1 0 1 1 1 2 2 2 11 1 1 0 1 1 1 5 16
FORÇAS
S3 1 1 0 1 0 0 1 0 2 6 2 0 0 0 2 1 5 11
AMBIENTE INTERNO
S4 0 1 0 1 0 0 1 0 2 5 1 1 0 0 1 2 5 10
S5 0 0 0 2 0 0 0 0 1 3 0 0 0 0 1 1 2 5
S6 2 0 1 2 0 0 2 2 2 11 0 2 0 0 2 0 4 15
SOMA 5 4 3 8 1 1 8 5 11 46 5 6 1 2 7 6 27
W1 0 1 0 2 0 0 1 0 2 6 0 1 0 0 0 0 1 7
FRAQUEZA
W2 0 1 0 2 0 0 1 1 2 7 0 1 0 0 1 0 2 9
W3 1 1 1 0 1 1 1 1 2 9 0 2 0 0 1 1 4 13
W4 0 0 0 1 0 0 0 0 1 2 2 0 0 0 1 1 4 6
W5 0 0 1 2 0 0 1 1 2 7 0 0 0 0 2 0 2 9
SOMA 1 3 2 7 1 1 4 3 9 31 2 4 0 0 5 2 13
TOTAL 4 1 1 1 0 0 4 2 2 3 2 1 2 2 4
Fonte: Autores
Pode-se verificar que a Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. possui potencialidade moderado-baixa,
grau de defesa baixo, debilidade moderado-alta e baixa vulnerabilidade. Traçado a situação da empresa,
podemos determinar que a capacidade ofensiva é de 8,15% (baixa) e a capacidade defensiva de 15,83%
(baixa). Apesar dos baixos graus de desempenho, a empresa possui um posicionamento estratégico
global moderadamente melhor, chegando a 23,98% (forças menos fraquezas) (ENAP, 2008).
9. ESCOLHA ESTRATÉGICA
Qualquer indústria que enfrente as cinco forças apontadas por Porter tem três alternativas
estratégicas potencialmente bem sucedidas para superar os concorrentes (PORTER, 1989), quais sejam:
Diferenciação;
Enfoque;
Liderança no custo total.
As três estratégias traduzem, basicamente, onde a indústria deve focar seus esforços para
ganhar vantagem competitiva sobre as demais, isto é, a diferenciação foca no produto, o enfoque no
cliente e a liderança no custo total nos processos.
Tomando por base o perfil estratégico da Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A., as ameaças,
oportunidades, forças, fraquezas, cenários e a própria cadeia produtiva da cana-de-açúcar, os seguintes
projetos estratégicos foram traçados para a melhoria a situação atual da empresa:
A Rio Brilhante Açúcar e Álcool S.A. resolveu implementar um programa de capacitação de sua
força de trabalho, com vistas a aumentar a qualidade de seus produtos, em especial os açucares, e o
aumento da produtividade.
II – GERENTE DO PROJETO, SUAS RESPONSABILIDADES E AUTORIDADE
O diretor de recursos humanos é o gerente do projeto. Sua autoridade é total para estipular
políticas de seleção, recrutamento e capacitação de colaboradores.
No aspecto financeiro sua autoridade é limitada ao recurso disponibilizado para este projeto,
devendo as aquisições e contratações ser executadas conforme normas vigentes da empresa. No caso
de relacionamento externo a diretoria de recursos humanos, sua autoridade é a funcional inerente a sua
cargo dentro da empresa.
IV – ESCOPO DO PROJETO
Planejamento Seleção e
Levantamento da Desenvolvimento
Didático Avaliação de Avaliação Encerramento
Demanda de Aulas
Metodológico Professores
Comunicação
Elaboração de Entrevista de Registro de lições
preliminar do Aula prática Teste prático
apostilas seleção aprendidas
projeto
Determinação de
critérios de
avaliação
Fonte: Autores
IV – PRAZO
Fonte: Autores
V – CUSTOS
Os custos do projeto são decompostos pelas atividades conforme descrito na tabela 15 a seguir:
Através dos dados apresentados nas tabelas 14 (prazo) e 15 (custos) podemos traçar a curva de
desembolso financeiro (curva “S”), conforme apresentado no gráfico
17340,00
18140,00
18460,00
20000,00
18000,00
12040,00
16000,00
14000,00
9920,00
9120,00
8320,00
12000,00
7520,00
6400,00
10000,00
4800,00
8000,00
3200,00
2400,00
6000,00
1600,00
800,00
4000,00
2000,00
0,00
Fonte: Autores
Completam os custos do projeto, como reservas gerenciais, R$ 3.540,00, onde estão incluídas as
reservas de contingência.
VI – QUALIDADE
Para assegurar a qualidade do projeto, visando o atendimento completo dos objetivos traçados,
os quesitos de qualidade relacionados na tabela 16 devem ser considerados para a aceitação dos
pacotes intermediários.
PACOTES QUESITO
Equipe de levantamento dos pontos críticos de capacitação
Levantamento da demanda deve possuir experiência prática de, pelo menos, 2 anos nas
áreas de produção.
Planejamento didático metodológico Profissional responsável pela montagem do curso deve
possuir experiência prática de, pelo menos, 1 ano, bem como
já ter atuado como docente.
O profissional contratado deve possuir, no mínimo,
Seleção e avaliação dos professores especialização na área de gestão da indústria
sucroalcooleira.
As aulas teóricas devem ser desenvolvidas em ambiente
climatizado e com mobiliário confortável. As aulas teóricas
Desenvolvimento das aulas devem ocorrer no ambiente real de trabalho, sendo
permitida a proposta pelo discente de sugestões de
melhoria.
As avaliações práticas e teóricas devem abordar todos os
Avaliação
assuntos ministrados, sendo 70% a nota mínima aceita.
As lições aprendidas devem ser realizadas pelos instruendos
e instrutor.
Encerramento
Os contratos devem ser revisados pelo financeiro de modo a
assegurar o pagamento de todos os tributos devidos.
Fonte: Autores
Os integrantes da equipe do projeto Qualificação da Força de Trabalho são: João, José, Maria,
Marlena e Sebastião.
Após concluído o projeto, na fase de encerramento, deve ser realizada a avaliação dos
profissionais envolvidos, sendo o resultado submetido a chefia imediata dos avaliados, fins de compor a
avaliação final de desempenho do profissional.
VIII – COMUNICAÇÕES
(05/jan/09) Kick off meeting: realizado na reunião semanal da diretoria, visa apresentar o
objetivo do projeto, as principais entregas e dar suporte gerencial ao gerente de projeto e ao
seu time, de modo a construir um ambiente colaborativo e integrado.
(09/fev/09) Circular informando os matriculados no curso.
(23/fev/09) Comunicação ao comitê executivo informando o currículo do professor contratado.
(03/abr/09) Circular convidando envolvidos para participação do coquetel de encerramento.
(10/abr/09) Comunicação ao comitê executivo informando os resultados de desempenho dos
alunos, professor e profissionais envolvidos.
IX – RISCOS
O projeto possui como reserva de contingência o valor de R$ 2.000,00. Caso seja necessária
utilização de maior valor, o pedido deve ser formalizado ao comitê executivo com o devido fundamento
para não cumprimento do orçamento aprovado.
Com o
Número Risco Probabilidade Impacto Resposta
tempo
Atenuar: contatar a empresa
contrata solicitando a entrega
Problemas na entrega das dois dias antes. Levantamento
1 Baixa Alto Aumenta
apostilas de outras empresas capazes de
imprimir em 2 dias úteis. Valor
reservado: R$ 500,00.
Atenuar: comunicar o pedido
Nenhum professor que de contratação em jornal e
cumpra os requisitos empresas de recrutamento na
2 mínimos de qualidade ou Média Alto Aumenta capital do estado e grandes
não atendimento de centros sucroalcooleiros do
interessados a contratação estado de São Paulo. Valor
reservado: R$ 1.000,00
Atenuar: imprimir os slides do
Problemas com meios curso na apostila a ser
3 Baixa Baixo Constante
áudios-visuais distribuída aos instruendos.
Valor reservado: R$ 500,00.
Fonte: Autores
Fonte: Autores
X – AQUISIÇÕES
As aquisições relacionadas ao projeto devem ser solicitadas com vinte dias de antecedência a
seção de compras da empresa. As compras e contratações necessárias são as apresentadas na tabela 18.
XI – VIABILIDADE
AZEVEDO, H. J. Boletim técnico n° 6: Uma análise da cadeia produtiva da cana-de-açúcar na região norte
fluminense. Observatório Socioeconômico da região norte fluminense, Rio de Janeiro, abri/2002.
ENAP. Planejamento Estratégico. Campo Grande: Fundação Escola de Governo de Mato Grosso do Sul,
2008.
PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Ed. 18. São
Paulo: Campus, 1989.
RAMOS, H. R. Uma proposta para um plano estratégico de produção e uso de álcool carburante em
Cuba. Departamento de Administração, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
SEMAC, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia.
Cenários e estratégias de longo prazo para Mato Grosso do Sul: MS2020. Campo Grande, MS, 1999.
_______. Cenários e estratégias de longo prazo para Mato Grosso do Sul: MS2025. Campo Grande, MS,
2004.
_______. Relatório de missão técnica de Mato Grosso do Sul ao setor sucroalcooleiro de Sertãozinho -
SP. Campo Grande, MS, 2008.
YAMADA, M. C.; PORTO, A. J. V.; INAMASU, R. Y. Aplicação dos conceitos de modelagem e de redes de
Petri na análise do processo produtivo da indústria sucroalcooleira. Brasília, junho 2002. Disponível em:
< http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-204X2002000600010&script=sci_arttext>. Acesso em: 09
nov 2008.