TRABALHO CIENTÍFICO 2

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REPÚBLICA DE ANGOLA

UNIVERSIDADE KIMPA VITA

ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO UIGE

VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS NORMAS E REGULAMENTOS


APLICÁVEIS NA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELECTRICA PELA EMPRESA
NACIONAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ELECTRICIDADE (ENDE-EP)
«CASO DA CIDADE DO UÍGE EM ANGOLA»

Trabalho scientífico

Por

Kundakama Mpanda, MSc.

Ano 2017

i
RESUMO

A energia eléctrica apresenta inúmeros benefícios e tornou-se, com o decorrer dos tempos, numa parte
integrante e fundamental das actividades diárias do ser humano. Todavia, nem todos os países usufruem
da energia eléctrica da mesma forma, como é o caso da cidade do Uíge (Angola), na qual existe um
problema a este nível. Um dos principais problemas encontrados neste âmbito remete para os cortes
intempestivos em quase toda a cidade, condicionando fortemente todas as actividades humanas que se
encontram a eles associada.

A presente pesquisa tem como principal objectivo analisar as causas que estão na base destes cortes
intempestivos em alguns bairros na cidade do Uíge, verificar a aplicação dos regulamentos do sector
eléctrico angolano em vigor e projectar a potência necessária a consumir num horizonte até 2025.

Nesse sentido, através do simulador Power World analisamos duas fontes de tensão (Capanda com 220
kV e Luquixe com 15 kV), oito ramais, fluxos de potência e perdas de potência activa e reactiva. Cada
uma destas análises foi realizada em três casos com cargas previamente definidas: 20%, 60% e 100%.

Os principais resultados mostraram que a fonte de Capanda apresenta diferenças de potência nos três
casos analisados, sendo que a 20% existe um maior equilíbrio ao nível da tensão, com fluxo normal e
insignificantes perdas de potência. Já com uma carga de 60% observou-se um maior desequilíbrio do
nível da tensão, o fluxo torna-se mais intenso e com maiores perdas. Com uma carga de 100% o
desequilíbrio é mais acentuado ao nível da tensão, fluxo muito mais intenso e com perdas muito
significativas de potência. No que diz respeito à fonte de Luquixe esta apresenta-se equilibrada, pois há
uma tensão idêntica em todos os pontos do ramal, fluxos de potência normais e insignificantes perdas de
potência activa e reactiva, com as cargas previamente definidas. Verificou-se, também, que embora as
normas e regulamentos do sector eléctrico tenham uma obrigatoriedade de utilização, nem sempre estas
são aplicadas na prática. Por último, a projecção da potência necessária a ser consumida até 2025 deverá
passar de 23 MW para 36,6 MW.

Palavras-chave: estudo, normas, regulamentos, distribuição, electricidade.

2
Abstract

The electric energy presents numerous benefits and became, with time, a fundamental part of daily
activities human being. However, not all have electric energy report in the same way, as in the case Uíge
(Angola), on which there is a problem at this level. One of the major problems isthe sudden cuts in almost
all the city, heavily conditioning all associated human activities.

The present work has as its main objective to analyze the cause behind the sudden cuts of energy at Uíge,
verify the practical application of the Angolan electric sector regulations, and to design a necessary power
to consume in a horizon until 2025.

Accordingly, using the PowerWorld Simulator we analyzed two voltage sources (Capanda with 220 kV
and Luquixe with 15 kV), eight branches, power flows and active and reactive power losses. Each of
these analyses was conducted in three cases previously defined: 20%, 60% and 100%.

The main results showed that a source of Capanda presents power differences in the three cases analyzed;
being that with 20% there is a better balance at the level of tension, with normal flow and insignificant
losses of power. With a load of 60% was observed a higher voltage level do imbalance, the flow becomes
more intense and with major losses. With a 100% load imbalance is more pronounced at the level of
tension, much more intense and flow with very significant loss of power. Regarding Luquixe this presents
balanced, as there is a similar tension in all extension points, power flows and insignificant losses of
active and reactive power, with predefined loads. It was found that although the electric sector has a
mandatory, not always these are applied in practice. Finally, a projection of power required to be
consumed until 2025 will pass from 23 MW to 36.6 MW.
Keywords: study, rules, regulations, distribution, electricity

INTRODUCÇÃO

A eletricidade diz respeito a uma variedade de fenómenos resultantes da presença e do fluxo de


carga elétrica, nomeadamente de eletrões de átomo para átomo num condutor. Ela é assumida como a
chave socioeconómica, cultural e intelectual de um país.

Na cidade do Uíge, é usual haver falta de continuidade no fornecimento da energia elétrica, bem
como cortes intempestivos de energia, que colocam em causa muitas das atividades humanas. Verifica-se,
também, uma falta de distribuição adequada de energia elétrica e potenciais investimentos no setor,
incapacidade para alimentar zonas periféricas da cidade para atender toda a população e desenvolvimento
desta região norte de Angola.

A existência de uma linha de transporte de energia elétrica a partir da barragem de Capanda


(província de Malanje) e um micro central hídrica de Luquixe não consegue resolver estes problemas
delicatos que se apresentam à cidade do Uíge provocados pela má distribuição e dimensionamento da
rede de distribuição.

Paralelamente, a cidade do Uíge recebe uma tensão de 220/60 kV na subestação de Uíge I, que
posteriormente distribuiu a energia elétrica a uma tensão de 60/15 kV para Uíge II que, por sua vez,
abastece a maior parte da cidade. A cidade do Uíge recebe, também, energia a uma tensão de 15 kV
proveniente da central de Luquixi.

Dada a necessidade, localização estratégica e geopolítica da cidade do Uíge, colocam-se as


seguintes questões de partida:

 Quais serão as causas dos cortes intempestivos de energia elétrica na cidade do Uíge?
 Será que as normas e os regulamentos do Sistema Elétrico (SE) são aplicados com rigor à
rede elétrica?
 Será possível aumentar a potência elétrica atual utilizada na cidade do Uíge, até 2025?

3
 Será possível analisar a rede elétrica existente a partir de um simulador como o Power
World?

- As principais causas de cortes e quedas de tensão elétrica em alguns bairros da cidade do Uíge devem-se
à insuficiência das infraestruturas da distribuição elétrica.
- As normas e os regulamentos do SE não são aplicados na prática com rigor.
- É possível potenciar o consumo da rede elétrica até 2025.
- É possível utilizar o Power World na simulação da análise da rede elétrica.

Os principais objetivos da presente pesquisa são: (i) analisar as causas que estão na base destes cortes
intempestivos na cidade do Uíge, (ii) verificar a aplicação dos regulamentos do setor elétrico angolano em
vigor e (iii) projetar a potência necessária a consumir num horizonte até 2025.

I. BREVE DESCRIÇÃO DA PROVÍNCIA DO UÍGE

A Província do Uíge situa-se na parte norte da República de Angola, limitando-se a norte e a


Leste com a República Democrática do Congo (ex. Zaire) e a sul com as Províncias do Zaire e Bengo.
Sob o ponto de vista morfológico distinguem-se duas zonas: o planalto a leste e a mata cafeícola a
ocidente.

A extensão do território compreende uma superfície de 64022 km2estendendo-se entre os


paralelos 5 500 e 8 200 de latitude Sul e os meridianos 14 500 e 17 100 de longitude Este de Greenwich.
Com uma população de 1426354 habitantes.

I.1. CIDADE DO UÍGE

Uíge é uma cidade eprovínciasituada no extremo norte deAngola. Tinha, comocapitalnaépoca


colonial, acidade de Carmona. Esta designação foi criada em 1955 como homenagem ao ex-presidente
darepública portuguesa (Óscar Carmona), falecido em 18 de abril de 1951. A cidade manteve este nome
até àindependência de Angolaem1975. Nessa altura, o nome "Carmona" foi substituído por "Uíge", seu
nome inicial. O território do Uíge, tem uma extensão de 58 698 km2e uma distância a cerca de 317 km até
Luanda(capital angolana).

Figura 1: Mapa da província do Uíge

I.2. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ENDE-EP – CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DO UÍGE

A ENDE-EP sob a Tutela do Ministério de Energias e Aguas é vocacionada na comercialização e


distribuição de energia eléctrica aos consumidores. A ENDE-EP é uma empresa pública fundada em 20
de Novembro de 2014 sobre o decreto presidencial publicado sob o nº 305/14, e o início das suas
actividades foi no dia 01 de Abril de 2015 com a denominação de ENDE. É uma empresa de interesse
estratégico, dotada de personalidade jurídica e de autonomia administrativa, financeira, patrimonial, e de
gestão. A ENDE-EP tem a sua sede em Luanda, podendo por deliberação do conselho de administração
estabelecer filial sucursais, agências ou outras formas de representação em qualquer parte do território
nacional ou no estrangeiro. A ENDE-EP Uíge está localizada na Província do Uíge, município do Uíge,
com a sede no centro da cidade, na Rua Comandante Bula no prédio Rimaga.

4
I.3. SITUAÇÃO JURÍDICA

AENDE-EP é uma empresa de interesse público, dotada de personalidade jurídica e de


autonomia e de gestão administrativa, financeira e patrimonial e rege-se pelo Estatuto Orgânico aprovado
através do Decreto n.º 29/98 de 4 Setembro, pelas normas complementares e pela legislação aplicável às
empresas públicas.

I.4. OBJETIVOS DA EMPRESA

A ENDE-EP tem como objectivos estratégicos os seguintes:

 Aumento da eficiência e eficácia comercial


 Melhorar a qualidade e a regularidade do fornecimento de eletricidade e expandir o acesso
 Otimizar a aplicação dos recursos, visando o equilíbrio económico e financeiro da empresa
 Aumentar o ritmo de crescimento de clientes
 Prosseguir o esforço de melhorar a faturação e cobranças
 Reduzir as perdas comerciais e técnicas na rede
 Considerar o pré-pagamento como solução futura
 Aumentar a taxa de eletrificação (maior numero de cidadão com energia elétrica)

5
I.5. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Figura 2: Organigrama da empresa ENDE

6
A ENDE-EP rege-se pelo seu estatuto orgânico, aprovado pelo Conselho de Ministros em Junho
de 1998, que define os órgãos que a compõem, bem como a descrição das suas atribuições.
Segundo o estatuto orgânico fazem parte da ENDE-EP:

 Conselho de Administração: é o órgão de gestão estratégica da Empresa pela qual


responde perante o governo (acionista);
 Direção Geral: é o órgão de gestão operacional da empresa, devendo assegurar a realização
dos objetivos, planos e programas aprovados pelo Conselho de Administração;
 Conselho Fiscal: é o órgão de fiscalização da empresa.

Figura3: Organigrama do Centro de Distribuição do Uíge (CDU)

II. REDE DE DISTRIBUIÇÃO MT/BT DO CDU

II.1. DESCRIÇÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO MT/BT

7
Figura 4: Esquema da rede de distribuição MT/BT de CDU

II.2. DESCRIÇÃO DAS LINHAS (RAMAIS) DE DISTRIBUIÇÃO

A distribuição da energia MT/BT na cidade do Uíge tem oito (8) ramais e cada com tensão de 15
kV com 151 PTs e com as seguintes designações:

 LD zona industrial (DJ 52CB-4)


 LD mercado municipal (DJ 52CB-5)
 LD papelão (DJ 52CB-6)
 LD jardim Malanje(DJ 52CB-7)
 LD popular (DJ 52CB-12)
 LD pedreira (DJ 52CB-13)
 LD candomblé (DJ 52CB-16)
 LD anexo (DJ 52CB-15)

8
II.2.1. REPARTIÇÕES DOS PTS E NÚMERO DE PTS EM TODOS OS RAMAIS

Tabela 1: Repartições dos PTs e número de PTs em todos os ramais

1000 630 400 250 160 150 112 100


Ramais
(kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA)
DJ 1 8 2 15 3 - - 1 30
52CB-4
DJ - 4 1 1 - - - - 6
52CB-5
DJ - 3 - 24 - - - 1 28
52CB-6
DJ 1 17 - 23 1 - - 2 44
52CB-7
DJ - 3 - 7 - 2 - - 12
52CB-
12
DJ - 4 - 11 - 5 - - 20
52CB-
13
DJ - 1 - - - - - - 1
52CB-
15
DJ - 1 - 8 - - 1 - 10
52CB-
16
TOTAL 2 41 3 89 4 7 1 4 151

50
40 45
30
30 28
20 21
10 12 10
6 1
0
LD Zona LD Mercado LD Papelão LD Jardim LD Popular LD Pedreira LD Anexo LD
industrial municipal malanje Candombe

Figura 5:Numéro de PTs em cada ramal

100
80 89
60
40 41
20 2 3 4 7 1 4
0

Figura 6: Numéro de PTs segundo a potência em kVA

9
Tabela 2: Repartições das cargas nos ramais em função de número dos PTs

Linhas V (kV) S (kVA) P (kW)


DJ 52CB-4 15 11170 8936
DJ 52CB-5 15 3170 2536
DJ 52CB-6 15 7990 6392
DJ 52CB-7 15 17820 14256
DJ 52CB-12 15 3940 3152
DJ 52CB-13 15 6920 5536
DJ 52CB-15 15 630 504
DJ 52CB-16 15 2742 2194
TOTAL 54382 43506

20000
17820

15000
11170
10000
7990
6920
5000 3170 3940
2742
630
0
DJ 52CB-4 DJ 52CB-5 DJ 52CB-6 DJ 52CB-7 DJ 52CB-12 DJ 52CB-13 DJ 52CB-15 DJ 52CB-16

Figura 7: Repartições das cargas em cada linha em função de número dos PTs

II.2.2. CONSUMIDORES DA ENDE-EP DA CIDADE DO UÍGE


A Tabela 5 descreve o número de consumidores em função das tensões e segundo o método de
pagamento da energia.

Tabela 3: Tipo de pagamento dos consumidores

CONSUMIDORES
Consumidores post-pago Consumidores pré-pago
Consumidores Consumidores Consumidores Consumidores Consumidores
baixa tensão baixa tensão média tensão baixa tensão baixa tensão
(CBT-PO) (CBTE-PO) (CMT-PO) (CBT-PR) (CBTE-PR)
27345 988 33 2998 746
Total 32110
Nota. CBT-PO-Consumidores BT com sistema de post-pago;CBTE-PO: Consumidores BT especial com
sistema de post-pago;CMT-PO: Consumidores MT com sistema de post-pago;CBT-PR: Consumidores
BT com sistema de pré-pago e CBTE-PR: Consumidores BT especial com sistema de pré-pago.

10
30000 27345
20000
10000
988 33 2998 746
0
CBT-PO CBTE-PO CMT-PO CBT-PR CBTE-PR

Figura 8:Tipo dos consumidores

II.2.3. NÚMERO DE LIGAÇÃO DOS CONSUMIDORES POR PT


Tabela 4: Número de ligação dos consumidores por PT

1000 630 400 250 160 150 112 100


PTs
(kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA) (kVA)

Consumidores 310 190 120 75 50 45 30 25

400 310
190
200 75 120
25 30 45 50
0
PTs de PTs de PTs de PTs de PTs de PTs de PTs de PTs de
100 kVA 112 kVA 150 kVA 160 kVA 250 kVA 400 kVA 630 kVA 1000 kVA

Figura 9: Número das ligações por PT

II.2.4. PARÂMETROS DOS RAMAIS


A. TIPO DE CONDUTORES UTILIZADOS

Em MT são os cabos eléctricos aéreos e subterrâneos respectivamente:

 XLPE 1*50mm2 e 1*70 mm2


 LXHIOV 95 mm2 e 120 mm2

Em BT são os cabos eléctricos aéreos e subterrâneos os seguintes:

 LXS: 2*16 mm2, 4*16 mm2, 4*25 mm2, 4*35 mm2, 4*50 mm2, 4*70 mm2, 4*95 mm2
 LVAV: 4*16 mm2, 4*25 mm2, 4*35 mm2, 4*70 mm2, 4*95 mm2, 4*120 mm2, 4*150 mm2,
4*185 mm2, 4*240 mm2

B. COMPRIMENTOS DAS LINHAS ENTRE DIFERENTES PTS

 Com cabos XLPE 50mm2 e 70 mm2 são os seguintes: 10 m; 30 m; 70 m; 80 m; 100 m; 300 m;


400 m; 500 m; 700 m; 900 m; 1 km; 1,1 km; 1,2 km; 1,5 km; 1,7 km; 2 km; 2,2 km; 2,5 km; 3
km; 3,5 km, 4 km, 5 km.
 Com cabos LXHIOV Tripolar 95 mm2 e 120 mm2 são os seguintes:10 m; 80 m; 100 m; 400 m;
500 m; 700 m; 1 km; 2 km; 2,2 km; 2,5 km.

11
C. CARGAS

Tabela 5: Potências aparentes e reactivar de diferentes cargas consideradas em função dos PTs existentes

20% de carga 60% de carga 100% de carga


PTs
P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar) P(MW) Q(Mvar)
100 0,016 0,012 0,048 0,36 0,08 0,06
112 0,017 0,013 0,053 0,04 0,089 0,067
150 0,024 0,018 0,072 0,054 0,12 0,09
160 0,024 0,019 0,076 0,057 0,12 0,096
250 0,04 0,03 0,12 0,09 0,2 0,15
400 0,064 0,048 0,19 0,14 0,32 0,24
630 0,1 0,074 0,3 0,226 0,54 0,37
1000 0,16 0,12 0,48 0,36 0,8 0,6

As resistências e reactâncias são indicadas nos catálogos dos fabricantes de cabos, tendo sido
calculadas com as seguintes fórmulas:

𝑅 = 𝑥𝑟 . 𝐿

𝑋 = 𝑥𝑥 . 2𝜋. 50. 𝐿

Onde: R: resistência do cabo; X: reactância do cabo; 𝑥𝑟 : valor da resistência indicado no catálogo; 𝑥𝑥 :


valor da reactância indicado no catálogo; L: comprimento

II.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para realizar as análises da rede de distribuição da energia eléctrica na cidade do Uíge utilizou-se
o aplicativo Power World Simulator e o Microsoft Excel.

O Power World Simulator é um pacote interactivo de simulação de sistemas de potência,


desenhado para simular a operação de sistemas eléctricos. O programa contém um pacote de análise
altamente eficiente capaz de solucionar sistemas com até 100000 barramentos. Para os sistemas eléctricos
de potência, constituídos pela geração, transmissão e distribuição de energia eléctrica, podem ser
realizados vários estudos, sendo os mais importantes os fluxos de cargas, os despachos económicos, as
perdas, entre outros.

No presente estudo a análise recai sobre as tensões, o fluxo de potência e as perdas da rede.

Figura 10: Rede de distribuição realizada com Power World / Luquixi

12
Figura 11: Rede de distribuição realizada com Power World/Capanda

13
II.3. 1. CASO 1: FONTE DE CAPANDA (220 KV)
No caso 1 de Capanda existem oito (8) ramais cada um com uma tensão de 15 kV; os ramais
utilizam os cabos aéreos e subterrâneos (1000, 630, 400, 250, 160, 112 e 100 kVA).

A. TENSÕES

17,1
15,1
13,1
11,1

Figura 12: Tensões de diferentes pontos do ramal 1 com carga de 60% (kV)
17

16

15

Figura 13: Tensões de diferentes pontos do ramal 2 com carga de 60% (kV)

16
14
12

Figura 14: Tensões de diferentes pontos do ramal 3 com carga de 60% (kV)

16
14
12

Figura 15: Tensões de diferentes pontos do ramal 4 com carga de 60% (kV)

16,2
15,7
15,2
14,7

Figura 16: Tensões de diferentes pontos de ramal 5 com carga de 60% (kV)

14
17
16
15
14
13
12

Figura 17: Tensões de diferentes pontos de ramal 6 com carga de 60% (kV)

16
15,5
15

Figura 18: Tensões de diferentes pontos do ramal 7 com carga de 60% (kV)

18
17
16
15

Figura 19: Tensões de diferentes pontos do ramal 8 com carga de 60% (kV)

18

13

8
DJ 52CB-4 DJ 52CB-5 DJ 52cb-6 DJ 52cb-7 DJ 52cb-12 DJ 52CB-13 DJ 52CB-15 DJ 52CB-16

α=0,2 α=0,6 α=1

Figura 20: Comparação das tensões em todos os ramais com 20%, 60% e 100%

16,5
16
15,5
15
14,5

Figura 21: Média de tensões para todos ramais com carga de 20% (kV)

15
16
14
12

Figura 22: Média de tensões para todos ramais com carga de 60% (kV)

13,5

8,5

Figura 23: Média de tensões para todos ramais com carga de 100% (kV)

18
16
14
12

Figura 24: Comparação entre as diferentes médias de tensões (20, 60 e 100%)

Figura 25: Localização de diferenças de tensão entre ramais com carga de 20%/Capanda

Legenda:

 Cor vermelhazonas com tensão:15,4 – 16,4


 Cor amarela zonas com tensão: 15,3 – 15,4
exceto as zonas vermelhos das subestações

16
Figura 26: Localização de diferença de tensão entre ramais com carga de 60%/Capanda

Legenda:

 Cor vermelhazonas com tensão: 14,4 – 16,4


 Cor amarela zonas com tensão: 13,7 – 14,2
 Cor azul zonas com tensão: 11,1 – 13,6
exceto as zonas vermelhos das subestações

Figura 27: Localização de diferença de tensões entre ramais com carga de 100% /Capanda

Legenda:

 Cor vermelhazonas com tensão: 14,3 – 16,4


 Cor amarela zonas com tensão: 12,7 – 14,2
 Cor azul zonas com tensão: 6,4 – 12,6
exceto as zonas vermelhos das subestações
Obs: com 100% de carga o simulador Power World não funciona, indicando mensagem de erro.

B. FLUXOS DE POTÊNCIA

Para as simulações de fluxo de potência adoptou-se um factor de potência de 80% (𝑐𝑜𝑠𝜑 = 0,8)
em todos os transformadores, tanto das subestações onde a tensão e rebaixada do sistema de transmissão
(220 kV) para o sistema de sub transmissão (60 kV) ou para o sistema de distribuição (15 kV).

17
Figura 28: Fluxo da potência com 20% de carga / Capanda

Figura 29: Fluxo de potência com 60% de carga / Capanda

C. PERDAS

Neste ponto vamos observar as perdas activas e reactivas para as três cargas consideradas.

Figura 30: Perdas com carga de 20% / Capanda

18
Figura 31: Perdas com carga de 60% / Capanda

Figura 32: Perdas com carga de 100% / Capanda

Tabela 6: Comparação das perdas de potências activas

Cargas (%) Perdas de Potências Activas (MW)


α = 0,2 0,15
α = 0,6 1,88
α=1 6,37

5,1

0,1

Figura 33: Comparação das perdas de potências activas com carga de 20, 60 e 100% (MW)

Tabela 7: Comparação das perdas de potências reactivas

Cargas (%) Perdas de Potências Reactivas (Mvar)


α = 0,2 0,45
α = 0,6 5,58
α=1 18,84

15,1
10,1
5,1
0,1

Figura 34: Perdas de potências reactivas com carga de 20, 60 e 100% (Mvar)

19
II.3. 2. CASO 2: FONTE DE LUQUIXE
Neste caso existe somente um ramal e todos os PTs são de 250 kVA. Todo o ramal utiliza
somente cabos aéreos.

A. TENSÕES

17
16
15

Figura 35: Ramal de Luquixe

Figura 36: Localização da diferença de tensão entre linhas com carga de 20, 60, 100% / Luquixe

Legenda:

 Cor vermelhazonas com tensão alta:U>16,5 kV


 Cor amarela zonas com tensão de 16,5.

B. FLUXOS DE POTÊNCIA

Para as simulações de fluxo de potência adoptou-se um factor de potência de 80% (𝑐𝑜𝑠𝜑 = 0,8)
com transformador, para o sistema de distribuição (15 kV).

Figura 37: Fluxos de potência com carga de 20% / Luquixe

Figura 38: Fluxos de potência com carga de 60% / Luquixe

20
Figura 39: Fluxos de potência com carga de 100% / Luquixe

C. PERDAS

Figura 40: Perdas com carga de 20% / Luquixe

Figura41: .Perdas com carga de 60% / Luquixe

Figura 42: Perdas com carga de 100% / Luquixe

De sublinhar que, nas três figuras, as perdas neste ramal de Luquixe são praticamente nulas.

Tabela 8: Comparação das perdas de potências activas

Cargas (%) Perdas de Potências Activas (MW)


α = 0,2 0,01
α = 0,6 0,01
α=1 0,01

21
0,02

0,01

Figura 43: Perdas de potências activas com as cargas de 20, 60 e 100% (MW)

Tabela 9: Comparação das perdas de potências reactivas

Cargas (%) Perdas de Potências Reactivas (Mvar)


α = 0,2 0,02
α = 0,6 0,02
α=1 0,02

0,4
0,2
0

Figura 44: Perdas de potências reactivas com carga de 20, 60 e 100% (Mvar)

II.4. ESTIMATIVA DA POTÊNCIA NECESSÁRIA NA CIDADE DO UÍGE NO HORIZONTE 2025


A carga num ponto da rede num instante t assume-se como o somatório das potências utilizadas
pelos diferentes aparelhos em funcionamento no instante t.

O objectivo deste parágrafo é determinar os parâmetros que intervêm nos cálculos das cargas e
na avaliação da quantidade de energia eléctrica a fornecer nas cargas diferentes das linhas.

Esta avaliação pode fazer-se a partir dos métodos seguintes:

 Analítico;
 Determinístico;
 Probabilístico;
 Previsão do pedido energético;
 De consumação específica...
Utilizaremos o método analítico.

II.4. 1. CARATERIZAÇÃO SOCIAL DOS CONSUMIDORES


Em função do nível de vida dos consumidores, iremos classificar duas classes/sectores:

 Setor doméstico;
 Setor terciário.

O setor doméstico constituiu um consumo ordinário ou de BT. O setor terciário são


essencialmente as instituições de utilidade pública, nomeadamente:
 Escolas, Igrejas, Hospitais, Serviços administrativos, Hotéis, etc.

As pequenas e médias empresas:


 Artesanato, Moagem, Oficinas elétricas e mecânicas, etc.
Atividades comerciais:
 Mercados públicos, Restaurantes, Câmaras frigoríficas, Padarias, etc.

22
Iluminação Pública:
No setor doméstico temos três subcategorias:
 Consumidores da classe social baixa (categoria I);
 Consumidores da classe social média; (categoria II);
 Consumidores da classe social alta (categoria III).
As realidades encontradas no terreno indicam-nos que 50% dos consumidores são de baixa
classe, 35% daclasse média e 15% daclasse social alta.
A. Categoria I: Baixa classe
Tabela 10: Receptores dos consumidores da classe social baixa.

Receptores Quantidade Potência nominal Potência nominal total


(W) (W)
Ferro de engomar 1 1200 1200
Lâmpada de 5 100 500
incandescência
Placa eléctrica 1 2500 2500
Aparelho de som 1 100 100
Televisor 1 150 150
Ventilador pequeno 1 50 50
Total 4500
B. Categoria II: Média classe
Tabela 11. Receptores dos consumidores da classe social média

Receptores Quantidade Potência nominal (W) Potência nominal total


(W)
Ferro de engomar 1 1200 1200
Lâmpada 10 26 260
florescente
Aparelho de som 2 150 300
Televisor 2 200 400
Ventilador 2 100 200
Ar condicionado 1 1400 1400
Computador 1 300 300
Micro onda 1 1300 1300
Secador de cabelo 1 700 700
Lavador de roupa 1 1500 1500
Geladeira 1 200 200
Total 7760
C. Categoria III: Alta classe
Tabela 12. Receptores dos consumidores da classe social alta

Receptores Quantidade Potência nominal Potência nominal total


(W) (W)
Ferro de engomar 2 1200 2400
Lâmpada 20 26 520
florescente
Aparelho de som 2 150 300
Televisor 2 200 400
Ventilador 2 100 200
Ar condicionado 3 1400 4200
Computador 4 300 1200
Micro ondas 1 2000 2000
Chuveiro eléctrico 1 3500 3500
Secador de cabelo 1 700 700
Lavador de roupa 1 2000 2000

23
Geladeira 2 200 400
Espremedor de 1 200 200
frutas
Aspirador de pó 1 600 600
Cafeteira 1 600 600
Total 16820
4500 + 7760 + 16820
Pmt = = 9693,3 W
3
Pmt = 9693,3 W seja 9,7 kW

Considerando o número dos consumidores por categoria temos:

1. Categoria I: Classe baixa


Com 16.055 consumidores e uma potência necessária 4500 W, temos:

Ptbc = 𝑁𝐶𝑏𝑐 . 𝑃𝑏𝑐 = 4500 ∗ 16055

Ptbc = 72247500𝑊 = 72247,5 𝐾𝑊

Onde:

Ptbc : potência total de baixa classe; 𝑁𝐶𝑏𝑐 : número de consumidores de baixa classe;

Pbc : potência de baixa classe.

Com coeficiente de avaliação da potência kf: como numa instalação eléctrica todos receptores não
funcionam simultaneamente neste caso devemos inserir este coeficiente.

𝑘𝑓 = 𝑘𝑢 . 𝑘𝑠 . 𝑘𝑟

𝑘𝑢 = 0,5

𝑘𝑠 = 0,4

𝑘𝑟 = 1,15

𝑘𝑓 = 0,5 ∗ 0,4 ∗ 1,15 = 0,276 ≅ 0,28

Onde:

kf: coeficiente de avaliação da potência; ku: factor de utilização maximal; ks: factor de simultaneidade;
kr: coeficiente de reserva.

Da mesma forma é possível considerar um consumo ligeiramente superior através de um


aumento dos receptores normalmente previstos na instalação.

Os factores ku, ks e kr, permitem determinar uma potência de utilização maximal tendo em conta
o dimensionamento da instalação.

Nesta categoria a potência é de:

Pbc = Ptbc ∗ 𝑘𝑓

Pbc = 72247,5 ∗ 0,28

Pbc = 20229,3𝐾𝑊

24
2. Categoria II: Classe média
Com 11238,5 consumidores e uma potência necessária 7760 W, temos:

Ptmc = 𝑁𝐶𝑚𝑐 . 𝑃𝑚𝑐 = 11238,5 ∗ 7760

Ptmc = 87210760𝑊 = 87210,8𝐾𝑊

Onde:

Ptmc : potência total de média classe;

𝑁𝐶𝑚𝑐 : número de consumidores de média classe;

Pmc : potência de média classe.

Nesta categoria a potência é de:

Pmc = Ptmc ∗ 𝑘𝑓

Pmc = 87210,8 ∗ 0,28

Pmc = 24419,2𝐾𝑊

3. Categoria III: Classe alta


Com 4816,5 consumidores e uma potência necessária 16820 W, temos:

Ptac = 𝑁𝐶𝑎𝑐 . 𝑃𝑎𝑐 = 4816,5 ∗ 16820

Ptac = 81013530𝑊 = 81013,5𝐾𝑊

Onde: Ptac : potência total de alta classe; 𝑁𝐶𝑎𝑐 : número de consumidores de alta classe; Pac : potência de
alta classe. Nesta categoria a potência é de:

Pac = Ptac ∗ 𝑘𝑓

Pac = 81013,5 ∗ 0,28

Pac = 22683,8𝐾𝑊
Pbc +Pmc +Pac
Neste caso a potência média de serviço será de: Pms =
3

20229,3 + 24419,2 + 22683,8


Pms =
3
Pms = 22444,1𝐾𝑊

Pms = 22,444𝑀𝑊

Onde: Pms : potência média de serviço (sector doméstico)

II.4. 2. ESTIMAÇÃO DA POTÊNCIA CONSUMIDA NA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Considerando a iluminação das grandes ruas dos bairros da cidade do Uíge a fim de facilitar a
segurança nocturna desta cidade e atendendo que a potência consumida neste sector será de 1% da
potência total do sector doméstico, temos:

25
1 ∗ 22444,1
Ptil = 1% ∗ Pms = = 224,4𝐾𝑊
100
Ptil = 0,2𝑀𝑊

Onde: Ptil : potência total de iluminação

II.4. 3. DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA DO SETOR TERCIÁRIO

O sector está ainda em progresso, o consumo pode representar 0,5% do consumo total:

0,5 ∗ 22444,1
PtT = 0,5% ∗ Pms = = 112,2𝐾𝑊
100
PtT = 0,1𝑀𝑊

Onde: PtT : potência total do sector terciário. Então, a potência activa total de todos sectores é de: PT =
Pms + Ptil + PtT

PT = 22444,1 + 224,4 + 112,2 = 22780,7𝐾𝑊

PT = 22,7𝑀𝑊

Considerando um factor de potência média de 0,8, temos uma potência aparente total de: ST =
𝑃𝑇 22780,7
= = 28475,9 𝑘𝑉𝐴
𝑐𝑜𝑠𝜑𝑚 0,8

II.4. 4. ESTIMAÇÃO DA ENERGIA NECESSÁRIA NO HORIZONTE DE 2025

Considerando uma taxa de crescimento da electrificação de 7% e de algum crescimento


demográfico:

𝑆𝑁(2025) = 𝑆𝑇 (1 + 𝑖)𝑛−1

𝑆𝑁(2025) = 28475,9 (1 + 0,07)8−1

𝑆𝑁(2025) = 28475,9 (1,07)7

𝑆𝑁(2025) = 45726,1 𝑘𝑉𝐴 ≅ 36,6 𝑀𝑊

Onde: 𝑆𝑇 : potência aparente total; 𝑖 : taxa de crescimento da electrificação; 𝑆𝑁(2025) : potência aparente
necessária no horizonte 2025; 𝑛 : número de anos

40
35
30
25 36,6
20
15 23
10
5
0
Potência actual consumida Potência consumida horizonte 2025

Figura 44: Comparação entre a potência consumida e a potência consumida no horizonte de 2025 (MW)

26
II.4.5. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Os principais resultados permitem tecer algumas considerações, nomeadamente a existência de


uma tensão disponível, proveniente de Capanda (400 kV) passando por Lukala (220 kV) que chega à
subestação de Uíge I e reencaminha uma tensão de 60/15kV para a subestação de Uíge II.

Luquixe alimenta somente um ramal do bairro periférico (Kindenuco). A cidade tem actualmente
um número total de 32110 consumidores, onde 32077 (99,89%) são de baixa tensão e 33 (0,10%) são de
média tensão. A potência total disponível a partir da subestação de Uíge II é de 40MVA ou 32 MW
estando actualmente aproximadamente em 23 MW, ou seja 71,8% do consumo. A análise da rede de
distribuição de energia elétrica na cidade do Uíge permitiu a identificação dos seguintes pontos:

a. Ramais alimentados a partir da fonte de Capanda 400/220/60/15 kV


Existem oito (8) ramais (DJ 52CB-4; DJ 52CB-5; DJ 52CB-6; DJ 52CB-7; DJ 52CB-12; DJ
52CB-13; DJ 52CB-15; DJ 52CB-16) e cada um deles tem uma tensão prevista de 15 kV. Primeiramente
consideramos os parâmetros da rede (tipos de cabo, comprimento dos cabos, resistência e reactâncias dos
cabos utilizados na rede e também as cargas em cada PT incluído na rede). Após a simulação realizada no
Power World foram feitas as seguintes observações:

 Tensões: para observar o comportamento das diferentes tensões em cada PT, consideramos três
casos (1º caso - com uma carga de 20%; 2º caso - com uma carga de 60% e 3º caso - com uma
carga de 100%).
No 1º caso, onde consideramos a carga de 20%, todos os barramentos dos ramais têm uma
tensão maior a 15 kV (oscilam de 15,45 a 16,41 kV).
No 2º caso, onde consideramos a carga de 60%existe um desequilíbrio de níveis de tensões entre
os ramais, assim, o ramal 3 tem uma tensão média de 12,99 kV e o ramal 8 uma tensão mais alta
de 16,41 kV.
No 3º caso, onde consideramos a carga de 100%, existe um desequilíbrio de níveis de tensões
muito consideráveis. O ramal 3 tem uma tensão média de 9,18 kV e o ramal 8 uma tensão mais
alta de 16,41 kV.
 Fluxos de potência: para observar os fluxos de potência também foram considerados três casos:
Caso 1: com uma carga de 20%, o fluxo de potência é mais alto no início da rede (nas
subestações) mas também no início dos ramais (1) DJ 52CB-4; (3) DJ 52CB-6; (4) DJ 52CB-7;
(6) DJ 52CB-13.
Caso 2: com uma carga 60%, o fluxo de potência também é mais intenso no início da rede, mas
também em todos os ramais, exceto no ramal 7 (DJ 52CB-15).

Caso 3: com uma carga 100%, não representamos o fluxo de potência porque o Power World não
funcionou com os parâmetros inseridos.

 Perdas: para observar as perdas da rede, foram igualmente considerados três casos:
Caso 1: com uma carga de 20% obtivemos perdas em potência ativa de 0,15 MW e em potência
reativa de 0,45 Mvar;
Caso 2: com uma carga de 60% obtivemos perdas em potência ativa de 1,88 MW e em potência
reativa de 5,58 Mvar;
Caso 3: com uma carga de 100% obtivemos as perdas em potência ativa de 6,37 MW e em
potência reativa de 18,84 Mvar.

b. Ramal alimentado a partir da fonte de Luquixe15 kV


Neste caso existe apenas um ramal com três PTs de 250 kVA interligados com os cabos aéreos.

 Tensões: todas as tensões são maiores ou iguais a 15 kV e não constatamos as quedas de tensões.
Analisando as cargas consideradas nos três casos não foram observadas diferenças significativas.
 Fluxos de potência: para observar os fluxos de potência também consideramos três casos:
1º caso: com uma carga de 20%, observamos um fluxo de mais ou menos 58% no início da rede
até ao nível de kindenuco 2 e de 49% até kindenuco C;
2º caso: com uma carga de 60%, observamos um fluxo de mais ou menos 80% no início da rede
até ao nível de kindenuco 2 e de 60% até kindenuco C;

27
3º caso: com uma carga de 100%, observamos um fluxo de mais ou menos 98% no início da rede
até ao nível de kindenuco C;
 Perdas: para observar as perdas da rede, também consideramos os três casos:
1º caso: com uma carga de 20% obtivemos perdas em potência ativa de 0,01 MW e em potência
reativa de 0,02 Mvar;
2º caso: com uma carga de 60% obtivemos perdas em potência ativa de 0,01 MW e em potência
reativa de 0,02 Mvar;
3º caso: com uma carga de 100% obtivemos perdas em potência ativa de 0,01 MW e em potência
reativa de 0,02 Mvar.
Como podemos constar não há nenhuma diferença entre estes três últimos casos.

c. De notar ainda, a fragilidade da aplicabilidade das normas e dos regulamentos doSE por parte da
empresa.
Realizado um dimensionamento da rede em termos da potência necessária para alimentar a cidade do
Uíge até 2025, considerando o número dos consumidores actuais (32.110) e uma taxa de crescimento da
electrificação de 7% e certo crescimento demográfico, observou-se que a potência consumida passaria de
23MW para 36,6MW.

CONCLUSÃO

A presente pesquisa intitulada :Estudo sobre a verificação do cumprimento das normas e


regulamentos na distribuição de energia eléctrica pela empresa nacional de distribuição de electricidade
(ENDE-EP) «caso da cidade do Uíge em Angola», pretendeu analisar as causas que provocam cortes
intempestivos e quedas de tensão em algumas das áreas dos bairros da cidade do Uíge, condicionando o
seu desenvolvimento. Para além deste objectivo procurou-se analisar se, na prática, as normas e
regulamentos do SE são aplicados com rigor. Da mesma forma, foi ainda intuito da presente pesquisa
analisar a possibilidade de aumentar a potência eléctrica actual da cidade do Uíge, até 2025 e analisar a
rede eléctrica existente a partir do Power World.

Os principais resultados a que chegamos permitem concluir que as causas dos principais cortes
intempestivos e quedas de tensão em algumas das áreas dos bairros da cidade do Uíge passam pela má
configuração da rede que causa queda de tensão e perdas activas e reactivas, afectando o consumo de
energia por parte das populações. Essas perdas serão mais significativas quando a carga se encontra a
100%. Todavia, no caso da cidade do Uíge a carga ronda os ±65% o que reflete perdas significativas
devido à má distribuição da configuração da rede. Estes dados podem sugerir que existe alguma
debilidade no cumprimento prático das normas e dos regulamentos do SE.

Verificou-se, ainda, ser possível aumentar a potência eléctrica actual da cidade do Uíge para 36,6
MW, até 2025. O uso do Power World foi igualmente importante na análise dos indicadores da
distribuição eléctrica da cidade do Uíge.

Apesar de o presente estudo ter permitido chegar a estas conclusões subsistem algumas
limitações que se prendem com as opções metodológicas que foram tomadas. Uma outra limitação
prende-se com as dificuldades encontradas na recolha de alguns dados da ENDE-EP, o que acabou por
condicionar a realização da presente pesquisa.

Neste sentido, consideramos que é importante a implementação de um novo subestação com


novos ramais para alimentar a nova centralidade e projectos que estão a nascer nos bairros periféricos,
onde ainda se verifica muita falta de energia. Da mesma forma, um transformador de 220/60 kV em
reserva na subestação do Uíge I e dois transformadores de 60/15kV em reserva na subestação do Uíge II,
seriam importantes para permitir a continuidade de fornecimento em energia eléctrica em caso de avaria
ou de manutenção dos transformadores principais.

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REFERÊNCIAS

[1] ANGOLA ENERGIA 2025 (2017). http://www.angolaenergia 2025.com/pt-pt/conteudo/evolução-da-


procura

[2] B. Silva, “Projeto de linhas aéreas e subterrâneas de MT e BT,” Faculdade de Engenharia da


Universidade do Porto, Porto, 2007.

[3] Diário da República 29 de Novembro de 2013 – Regulamento da qualidade de serviço do sector


eléctrico em 13/05/16
[3] Direção Geral de Energia, " Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão
(RSLEAT) ". DGE, 1993.

[4] Direcção provincial da energia e águas do Uíge, 2013.


[5] EDP, "Especificações e condições técnicas - Obras de construção, reparação e manutenção de redes de
distribuição AT, MT e BT em regime de empreitada contínua" - Anexo VII - Postos de Transformação e
Seccionamento. Energias de Portugal, 2007b, p. 9-10.

[6] ERSE – Regulamento da qualidade do serviço do sector eléctrico em 13/05/16


[7] F. Gonçalves, “Projeto de execução de linhas de média tensão,” Instituto Superior de Engenharia de
Coimbra, Coimbra, 2011.

[8] GALLAUZIAUX.J., (2014), Grand livre de l’électricité, Dunod,Paris.


[9] H. Silva, "Projeto de postos de transformação", Electricista, 25, 2008.

[10] J. Antunes, “Conceção de redes de média e baixa tensão,” Instituto Superior de Engenharia de
Coimbra, Coimbra, 2012.

[11] J. Nunes, “Projeto de linhas de média tensão, redes de baixa tensão, iluminação pública e postos de
transformação,” Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2007.

[12] Livro verde da ENDE-EP, 2015


[13] Manual de Procedimentos da Qualidade de serviço do sector eléctrico em 07/05/16
[14] NEY H., 2003, Electrotechnique et normalisation, Nathan, Paris.
[15] Portal da ERSE em 07/05/16 http://www.erse.pt/pt/Paginas/home.aspx
[16] Projeto de regulamento do acesso às redes e às interligações republica de Angola 2011 consultado
em 04/06/16
[17] República de Angola- Regulamento das relações comerciais em 04/06/16
[18] Santos e Ferreira, 2004 – J. N. Santos e J. R. Ferreira, “Redes de Distribuição de Energia Eléctrica
em Baixa Tensão”, FEUP 2004.

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