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Aula 5 - Farmácia Clínica Hospitalar

Apresentação

Os sistemas de saúde, em todo o mundo, têm enfrentado desafios relacionados a restrições


orçamentárias, à alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e ao aumento dos
problemas relacionados à farmacoterapia, os quais levam à mortalidade e a morbidades
relacionadas aos medicamentos.

A farmácia clínica tem como principal premissa a utilização dos conhecimentos dos farmacêuticos
sobre os medicamentos para promover o cuidado centrado no paciente, por meio da cultura do uso
racional de medicamentos. Essa é uma atividade que surgiu no ambiente hospitalar, visto que há a
possibilidade de vigilância contínua do paciente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), os farmacêuticos devem estar mais envolvidos em resolver problemas dos sistemas de
saúde, partindo de uma abordagem centrada no cuidado ao paciente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá quais são as ações mínimas para o funcionamento da
farmácia clínica e as atividades desenvolvidas na prática de atuação do farmacêutico nessa área.
Além disso, reconhecerá a aplicação da farmácia clínica na segurança do paciente.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Listar os aspectos necessários para implantação da farmácia clínica.


• Apontar as principais atribuições clínicas do farmacêutico hospitalar.
• Reconhecer o papel do farmacêutico na segurança do paciente.
Desafio

As farmácias têm como principal função a dispensação dos medicamentos de acordo com a
prescrição médica, nas quantidades e nas especificações solicitadas, de forma segura e no prazo
requerido, promovendo o seu uso seguro e correto. No entanto, mesmo assim, podem ocorrer
reações adversas ou interações medicamentosas.

Diante desse contexto, no papel de farmacêutico, imagine que você foi chamado para avaliar o
seguinte caso:

A fim de solucionar o problema, responda:

a) O quadro de hipotensão, tremores, taquicardia e hipotermia é comum de acontecer nesses


casos? Justifique.

b) A não administração do corticoide na paciente pode ter prejudicado a terapia? Se sim, como?

c) Qual deve ser a conduta do farmacêutico nesse caso?


Infográfico

A análise farmacêutica no âmbito hospitalar deve ter início desde o momento de admissão do
paciente e ser verificada periodicamente, dependendo da classificação de risco do paciente. Em
síntese, essa análise começa com os aspectos legais da prescrição, já que, na prática, esse é o
principal item a ser verificado.

Alguns conceitos são mais empregados na prática clínica e podem ser aplicados em vários
momentos da internação do paciente. Ou seja, com o objetivo de resolver problemas relacionados
aos medicamentos, os farmacêuticos desenvolvem muito a conciliação medicamentosa, a
classificação do escore de risco e as intervenções farmacêuticas.

No Infográfico, veja, detalhadamente, como esses conceitos são aplicados na prática clínica.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do Livro

"O farmacêutico é o profissional do medicamento." Na análise dessa frase, o farmacêutico só


estaria em contato com comprimidos e ampolas. No entanto, na farmácia clínica, o farmacêutico
tem a oportunidade de desenvolver suas habilidades clínicas em prol do paciente, pois, na verdade,
ele é o profissional com conhecimento sobre todos os aspectos do medicamento e suas interações
com o organismo humano.

Assim, entregar o medicamento é algo que qualquer profissional treinado pode fazer, mas dispensar
o medicamento, com conhecimento adequado e correto para o seu uso, apenas o farmacêutico
pode fazer. Por isso, atualmente, esse profissional está supervalorizado.

Leia o capítulo Farmácia Clínica Hospitalar, da obra Farmácia hospitalar, para entender a atuação do
farmacêutico nessa área, reconhecendo sua importância e desenvolvendo seu pensamento crítico a
respeito das habilidades clínicas desse profissional.

Boa leitura.
FARMÁCIA
HOSPITALAR

Nayara Maria Siqueira Leite


Farmácia Clínica Hospitalar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Listar os aspectos necessários para implantação da farmácia clínica.


„„ Apontar as principais atribuições clínicas do farmacêutico hospitalar.
„„ Reconhecer o papel do farmacêutico na segurança do paciente.

Introdução
O farmacêutico clínico é, no ambiente hospitalar, o profissional de saúde
responsável por levar as informações sobre os medicamentos tanto para
a equipe de saúde quanto para o paciente. Sua principal função é prever,
detectar, evitar, identificar, atuar, checar constantemente os problemas
relacionados aos medicamentos (PRMs) e corrigi-los junto com a equipe
de saúde.
A sua atuação vem se desenvolvendo ao longo dos anos e tem cada
vez mais impacto positivo em vários aspectos no âmbito hospitalar. Uma
boa comunicação entre a farmácia e o restante da equipe é essencial para
o cuidado do paciente, assim como também o são os conhecimentos
básicos de farmacologia, farmacoterapia, semiologia farmacêutica e co-
municação profissional-paciente.
A farmácia clínica é transversal à farmácia hospitalar; por isso, o farma-
cêutico precisa ter domínio sobre as áreas da farmácia hospitalar e muita
proatividade, a fim de elevar a qualidade no atendimento do paciente
de forma integral.
Neste capítulo, você vai ler sobre a atuação do farmacêutico na prática
clínica e sobre como é possível implantar essa atividade no ambiente
hospitalar, visando à aplicação de conceitos e ao reconhecimento das
principais atribuições do farmacêutico; pretende-se, assim, promover a
segurança do paciente na utilização dos medicamentos.
2 Farmácia clínica

1 Aspectos básicos para implantação


da farmácia clínica
A farmácia clínica é a área da farmácia voltada à ciência e à prática do uso
racional de medicamentos; nela, os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente
aspirando à otimização da farmacoterapia, à promoção da saúde e do bem-
-estar e à prevenção de doenças (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA,
2013). Os seus objetivos vão desde evitar eventos adversos relacionados aos
medicamentos, até promover uma melhor adesão ao tratamento pelo paciente.
Além disso, elementos da filosofia da atenção farmacêutica perpassam o de-
senvolvimento das atividades na clínica, já que esse é um modelo de prática
farmacêutica desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica. A farmácia
clínica compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades,
compromissos e corresponsabilidades tanto na prevenção de doenças quanto
na promoção e na recuperação da saúde de forma integrada à equipe de saúde.
Como teve início a farmácia clínica? O que desencadeou a demanda por
esse atendimento especializado em relação aos medicamentos? Muito da
história do início da farmácia clínica se confunde com o fim da Primeira
Guerra Mundial e o processo de industrialização por que passou a nossa
civilização. São frutos desse processo uma maior oferta de medicamentos à
população e um acesso mais facilitado a eles, o que trouxe como consequência
a sua utilização em grande escala. Nesse contexto, ficou restrito à área da
farmácia o conhecimento dos medicamentos, como formas de administração,
efeitos colaterais ou interações medicamentosas — ou seja, os PRMs estavam
acontecendo, embora a população não dispusesse de conhecimento suficiente
sobre a sua utilização. Assim, começaram a surgir nos Estados Unidos da
América (EUA) os primeiros farmacêuticos que trabalhavam exclusivamente
com informação sobre medicamentos nos hospitais. Cada vez mais eles foram
se especializando nas intervenções realizadas e na otimização da terapêutica,
cultivando a confiança das equipes e dos pacientes.
No Brasil, o crescimento do movimento clínico ocorreu nas últimas déca-
das, tendo como marcos a publicação da mudança das Diretrizes Curriculares
Nacionais do curso de Farmácia, a Conferência Nacional de Medicamentos
e Assistência Farmacêutica e a Política Nacional de Assistência Farmacêu-
tica. Isso resultou nas mais recentes resoluções do CFF — Resoluções CFF
nº. 585/13 e nº. 586/13 —, que regulamentam a prescrição farmacêutica e as
atribuições clínicas do farmacêutico. Esses fatos confirmam que a profissão
Farmácia clínica 3

está passando pela transição anteriormente citada: ela vem abandonando


a incumbência pela gestão do produto para se dedicar à assunção de mais
responsabilidades no cuidado.
Além de todo esse arcabouço legal para a atuação do farmacêutico na
clínica, um conjunto de conhecimentos e habilidades deve ser desenvolvido
pelo profissional a fim de se garantir que sua atuação seja exercida de forma
plena e com qualidade — conforme pode ser visto na Figura 1, a seguir.

Conhecimento Habilidade

Informação sobre
Doenças
medicamentos
Farmacoterapia
Monitoramente de
Terapias não pacientes
medicamentosas
Planejamento
Análises clínicas farmacoterapêutico
Informática Comunicação em saúde

Figura 1. Conjunto de conhecimentos e habilidades para o exercício da farmácia clínica.

Para a realização das atividades do farmacêutico, é de fundamental impor-


tância o conhecimento sobre as doenças e suas formas de tratamento. Na hora
do atendimento, conhecer e compreender acerca do tipo de paciente que que
frequenta as enfermarias, as emergências e os ambulatórios é pré-requisito
primário para a implantação do serviço. Uma vez que muitas unidades têm
uma linha de atendimento específica — como oncologia, hemodiálise, cirurgia
geral, pediatria, doenças infectocontagiosas, entre outras —, faz-se necessário
que o farmacêutico tenha uma visão gerencial da unidade onde estiver atuando.
Faz parte da rotina do farmacêutico presente no ambiente hospitalar a
prestação de informações sobre o uso racional de medicamentos, bem como
detectar e agir de acordo com a resolução dos PRMs. Situações como transição
de cuidado, alta hospitalar e mudanças de tratamento a nível ambulatorial
exigem do farmacêutico um amplo conhecimento sobre a condição do paciente.
4 Farmácia clínica

Ao farmacêutico também são necessárias habilidades para eleger os pacien-


tes que precisam ou não de acompanhamento, pois, a depender da demanda
do hospital, não será possível oferecer atendimento a todos os pacientes,
devendo-se, por isso, eleger alguns pacientes para avaliação. Um dos parâme-
tros utilizados para selecionar pacientes é a sua classificação mediante uma
estratificação por score de risco (MARTINBIANCHO; ZUCKERMANN;
ALMEIDA, 2013). No Quadro 1, é apresentado um modelo de score com essa
classificação, que leva em conta o perfil de utilização de medicamentos pelo
paciente, faixa etária e suas condições clínicas.

Quadro 1. Classificação de fatores de risco para definição de acompanhamento em pa-


cientes hospitalizados

Condições do paciente Pontuação

Paciente faz uso de:

0–5 medicamentos 1

6–10 medicamentos 2

11–15 medicamentos 3

> 16 medicamentos 4

Medicamentos de uso intravenoso

Nenhum 0

1–3 1

4 ou mais 2

Paciente faz uso de medicamentos potencialmente perigosos

Não faz uso 0

Faz uso de 1 1

Faz uso de 2 ou mais 2

Paciente

Não está com sonda 0

Está com SNE, SNG, VJ, SOE ou VG 1

Está com nutrição parental total (NPT) 2

(Continua)
Farmácia clínica 5

(Continuação)

Quadro 1. Classificação de fatores de risco para definição de acompanhamento em pa-


cientes hospitalizados

Condições do paciente Pontuação

Idade do paciente

0–14 anos 2

15–65 anos 1

> 65 anos 2

Paciente apresenta problemas renais e/ou hepáticos

Sim 1

Não 0

Paciente apresenta problemas cardíacos e/ou pulmonares

Sim 1

Não 0

Paciente é imunossuprimido e/ou imunocomprometido

Sim 2

Não 0

TOTAL

Aplicação aos critérios de definição para acompanhamento

> 9 Alto risco: pacientes com fatores de risco elevados, necessitando de


prioridade no acompanhamento.

5–8 Risco moderado: pacientes intermediários; necessitam de


acompanhamento, mas não emergencial.

<4 Baixo risco: pacientes que devem ser apenas observados e monitorados.

Fonte: Adaptado de Martinbiancho, Zuckermann e Almeida (2013).


6 Farmácia clínica

Importa frisar que esse score de risco apresentado no quadro não é o


único que pode ser utilizado. As instituições podem acrescentar ou retirar
itens selecionadores dos pacientes, conforme a realidade da unidade e com a
colaboração do farmacêutico. Dependendo do somatório de pontos do Score
de Risco do paciente, a equipe de farmácia clínica pode submetê-lo a uma
avaliação diária ou apenas semanal.
Nesse primeiro contato e após a primeira prescrição liberada, o Score
do paciente pode ser calculado, e as próximas avaliações serão periódicas
de acordo com o grau de risco do paciente. Em muitos hospitais, a implan-
tação da farmácia clínica pode começar com apenas um farmacêutico, o
que demanda um volume de trabalho muito grande; devido a isso, muitos
começam a implantação por setores mais críticos, como UTI, pediatria, salas
de quimioterapia, entre outros.
Além das competências que estão diretamente ligadas à profissão, tam-
bém são fundamentais para a continuidade do serviço conhecimentos em
informática e comunicação em saúde. A comunicação que pode ser realizada
pelo farmacêutico é a comunicação com o paciente, a qual, mesmo sendo
norteada por um checklist de perguntas, pode variar um pouco, pois cada
paciente é único. O importante é que o farmacêutico sempre seja empático e
saiba conduzir a conversa de forma respeitosa e objetiva, independentemente
de com quem ele esteja tratando.
Já para a continuidade do serviço, a evolução e as consultas farmacêuticas
devem ser registradas no prontuário do paciente — o que, na maioria das
instituições, já é feito de forma eletrônica. Conhecido como PEP (prontu-
ário eletrônico do paciente), nele é permitido que o farmacêutico evolua os
pacientes, consulte e solicite exames, avalie as prescrições e até prescreva de
acordo com a legislação.
Entre os métodos de registro de evolução em prontuário, o mais conhecido
e amplamente difundindo entre os profissionais de saúde é o SOAP. O acrô-
nimo SOAP (S = subjetivo, O = objetivo, A = avaliação e P = plano) é uma
metodologia de raciocínio clínico para evolução em prontuário que padroniza
o registro, tornando-o claro, completo e conciso. No Quadro 2, a seguir, é
possível ver o passo a passo do raciocínio clínico utilizando-se o método SOAP
como referência para evolução dos pacientes no PEP.
Farmácia clínica 7

Quadro 2. Aplicação do método SOAP para registro de evolução farmacêutica

Letra Significado Como utilizar Exemplo

S Subjetivo São dados subjetivos Dificuldades e percepções


acerca da situação do paciente sobre sua
do paciente. São as condição de saúde
impressões subjetivas (“tenho dificuldade de
que coletamos aceitar a doença”, “tenho
durante a entrevista dificuldade de aceitar os
com o paciente. medicamentos”, “estou
me sentido triste”).

O Objetivo Dados objetivos, Elaboração de lista de


dados clínicos e medicamentos que estão
informações sobre sendo utilizados pelo
os medicamentos paciente e de resumo dos
que o paciente usa. principais exames clínicos.

A Avaliação Analisamos todos os Nesse momento, o


(ou ação) dados subjetivos e farmacêutico avalia
objetivos e traçamos se é necessária uma
um plano de ação intervenção farmacêutica,
para o paciente. que deve ser descrita na
evolução do paciente.

P Plano Planejamento de Esse é um dos principais


como a conduta indicadores em farmácia
do farmacêutico clínica, em que são
proposta na avaliadas quantas
avaliação foi aceita intervenções farmacêuticas
ou não pela equipe; foram propostas e quantas
assim ela deverá dessas foram aceitas.
ser monitorada.

Fonte: Adaptado de Martinbiancho, Zuckermann e Almeida (2013).

Realiza-se a avaliação da prescrição quando da admissão do paciente e


periodicamente, de acordo com a classificação de risco; saliente-se que ela
deve ser realizada em local específico, e não à beira do leito em que estiver
o paciente. No momento inicial do internamento do paciente, o farmacêutico
pode fazer a primeira visita, realizando uma anamnese farmacêutica — isto
é, o procedimento de coleta de dados sobre o paciente, por meio de entrevista,
com a finalidade de conhecer seu histórico de saúde e elaborar seu perfil
8 Farmácia clínica

farmacoterapêutico. A anamnese é estruturada, no ambiente hospitalar, em


forma de uma checklist que deve ser preenchida com informações sobre o pa-
ciente — seus hábitos, a lista de medicamentos utilizados por ele, a conciliação
medicamentosa — para que, no fim, o farmacêutico elabore um planejamento
para o paciente, chamado de seguimento farmacoterapêutico.
O seguimento farmacoterapêutico tem como principal objetivo evitar um
PRM. Os PRMs podem ser reais (quando são manifestados) ou potenciais
(quando há possibilidade de ocorrência); além disso, eles podem ter causas
múltiplas, as quais podem estar relacionadas aos medicamentos, ao paciente
ou ao sistema de saúde (profissionais, protocolos, rotinas de atendimento,
entre outros). Também, cabe observar que os PRMs implicam um acompa-
nhamento contínuo, sistematizado e documentado do paciente (HEPLER;
STRAND, 1990).
No Quadro 3, a seguir, é apresentada a classificação de Cipolle, Strand e
Morley (2000) para os PRMs.

Quadro 3. Classificação dos PRMs

Necessidades farmacoterapêuticas

Indicação Medicamento desnecessário


Necessita de medicamento adicional

Efetividade Medicamento não efetivo


Dose baixa

Segurança Reação adversa ao medicamento


Dose alta

Adesão Sem adesão ao tratamento

Fonte: Adaptado de Cipolle, Strand e Morley (2000).

A análise da prescrição consiste em uma análise feita pelo farmacêutico


de forma estruturada sobre cada medicamento em uso pelo paciente. Essa
revisão tanto avalia aspectos legais e éticos da prescrição quanto faz a revisão
clínica, que é o ponto crucial na área hospitalar, pois visa a acompanhar a
evolução clínica do paciente e garantir a segurança do uso dos medicamen-
tos na internação. A solicitação e a análise de exames laboratoriais, com a
Farmácia clínica 9

finalidade de monitorar e individualizar os resultados da farmacoterapia,


auxiliam o farmacêutico nesse processo, o que não pode ser confundido com
fins diagnósticos, pois apenas os médicos solicitam exames com esse fim.
A partir dos dados de exames como hemograma, o farmacêutico pode avaliar
se um antibiótico está sendo efetivo; por outro lado, exames de creatinina
podem ser base para a avaliação da função renal do paciente.
Outro ponto no desenvolvimento da prática clínica pelo farmacêutico é a
sua habilitação para a prescrição farmacêutica, conforme legislação específica
no âmbito de sua competência profissional. No mundo, há dois tipos de pres-
crição voltadas a profissionais não médicos: a dependente e a independente.
A dependente ocorre quando o médico delega essa função a outro profissional,
que pode ser o farmacêutico; já para a prescrição independente, o profissional
precisa ser habilitado a prescrever. No Brasil, a prescrição é somente depen-
dente, e o profissional farmacêutico deve ser legalmente habilitado para esse
fim, com cursos de especialização específicos para prescrição farmacêutica
(BRASIL, 2013).
As regras são basicamente as mesmas passadas aos médicos: é vedada a
prescrição sem a identificação do farmacêutico responsável, que deve conferir
tanto a receita e a medicação prescrita quanto a identificação do paciente.
Essas informações não podem estar de forma secreta, codificada, abreviada,
ilegível ou com assinaturas de folhas de receituários em branco. Todos esses
detalhes são verificados e conferidos posteriormente pela vigilância sanitária,
cabendo ao farmacêutico a responsabilidade (BRASIL, 2013).
A farmácia clínica deve ser implantada de forma institucionalizada, ou seja,
de modo que todo o corpo clínico esteja ciente da conduta do farmacêutico na
análise das prescrições, pois muitas vezes ela pode não ser aceita pelo médico
se não apresentar embasamento científico. Logo, muitos hospitais estabelecem
protocolos que listam as atividades, os exames que o farmacêutico pode ou não
solicitar e as prescrições que ele pode fazer para manejo de reação adversa.

2 Principais atribuições nos serviços clínicos


A Regulamentação das atribuições do farmacêutico clínico foi publicada
pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) mediante a Resolução 585, de 29
de agosto de 2013. A seguir, você vai ler sobre algumas aplicações na prática
das principais atribuições clínicas prestadas pelo farmacêutico nos hospitais.
10 Farmácia clínica

Da implementação das intervenções farmacêuticas


A intervenção farmacêutica (IF) é um ato documentado e realizado junto ao
usuário e aos profissionais de saúde que visa a resolver ou prevenir problemas
que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte integrante
do processo de trabalho do farmacêutico (IVAMA, 2002).
Assim, uma IF sempre parte da premissa de que seja feita uma análise da
prescrição de medicamentos dentro dos parâmetros éticos e farmacoterapêuti-
cos. Alguns pontos a serem observados durante a análise são listados a seguir.

„„ Identificação do paciente: nome, data de nascimento, registro de


internação, sexo, peso e altura.
„„ Aspectos inerentes ao paciente: alergias e uso de outros medicamentos.
„„ Aspectos da administração do medicamento: diluição, forma farma-
cêutica, tempo de fusão, estabilidade e possíveis incompatibilidades.
„„ Dose: avaliação de determinada dose no que diz respeito ao seu caráter
apropriado à condição clínica de saúde que estiver sendo analisada;
ajuste de dose para pacientes com alterações renais e hepáticas; ajuste
para crianças, idosos e lactantes; dose máxima diária de cada fármaco.
„„ Frequência: intervalo correto entre as administrações de uma dose
e de outra, sendo esse termo também conhecido na prática hospitalar
como aprazamento.
„„ Medicamentos: avaliação da existência de padronização de um de-
terminado medicamento em uma determinada instituição — dose,
interações, medicamentos e incompatibilidade em diluições.
„„ Vias de administração: avaliação da via, se é correta, se há necessidade
de mudança da forma farmacêutica.

No Quadro 4, a seguir, pode-se observar a análise farmacoterapêutica que


o farmacêutico deve fazer na prática da clínica.
Farmácia clínica 11

Quadro 4. Metodologia para realização da análise farmacoterapêutica da prescrição

Indicação do Avaliar se o medicamento é o mais


medicamento adequado para a condição do paciente.
Avaliar se não há duplicidade de
algum medicamento prescrito.
Avaliar se há necessidade de algum
medicamento adicional.

Dose Avaliar se a dose prescrita está de acordo com a


preconizada pela literatura, considerando idade,
peso ou superfície corpórea e a existência de
necessidade de ajustes para função renal,

Intervalo de Avaliar se os intervalos prescritos


administração estão de acordo com a literatura e se o
aprazamento é o mais adequado.

Vias de Avaliar características farmacocinéticas


administração do medicamento.
Avaliar características clínicas do paciente.
Avaliar medicamentos prescritos
por sonda nasoenteral.

Apresentação e/ou Avaliar idade do paciente.


forma farmacêutica Avaliar capacidade de deglutição/sonda.
Adequar, sempre que possível, à
padronização do hospital.

Reconstituição/ Avaliar se a reconstituição, a diluição e o tempo de


diluição/tempo infusão estão prescritas conforme recomendação
de infusão da literatura para os medicamentos injetáveis.

Estabilidade Verificar, para os medicamentos utilizados


em multidoses, se há estabilidade e se estão
sendo conservados da forma adequada.

Interações Avaliar o potencial para interações fármaco–


medicamentosas –fármaco e fármaco–nutriente, analisando o risco,
a significância clínica e a forma de manejo.

Incompatibilidades Avaliar a compatibilidade físico-química entre


medicamentosas os medicamentos injetáveis prescritos.
12 Farmácia clínica

O monitoramento terapêutico de fármaco (MTF) por meio da farmacoci-


nética clínica é outro tipo de serviço que também dá suporte às IFs. O MTF
pode ser definido como o serviço que compreende a mensuração e a interpre-
tação dos níveis séricos de fármacos, com o objetivo de determinar as doses
individualizadas necessárias para a obtenção de concentrações plasmáticas
efetivas e seguras. Pelo MTF, também é possível identificar concentrações
tóxicas e subterapêuticas.
Essas variações individuais podem ocorrer tanto por aspectos farma-
cocinéticos ou farmacodinâmicos quanto por fatores biológicos do próprio
paciente, como idade (idosos têm maior variabilidade biológica), gestação
ou, ainda, mudanças no organismo decorrentes da própria doença. O horário
de coleta das amostras varia conforme o objetivo da monitoração. Quando se
visa à verificação da eficácia do fármaco e de sua concentração terapêutica
satisfatória, a amostra deve ser coletada imediatamente antes da administração
da dose seguinte (nível de vale). Quando se objetiva verificar toxicidade, a
amostra deve ser coletada quando a concentração chega ao ponto máximo, de
1 a 2 horas após a administração de uma dose oral (nível de pico).
As principais indicações para o monitoramento laboratorial de fármacos são:

„„ fármacos com estreito intervalo terapêutico;


„„ medicamentos que podem diminuir a função renal ou hepática;
„„ suspeita de toxicidade;
„„ ajustes para mudanças fisiológicas; e
„„ avaliação de interação medicamentosa.

Técnicas laboratoriais de imuno-histoquímica podem ser empregadas e são


as de mais fácil aplicação, pois o laboratório do hospital pode adequar-se a esse
tipo de análise; já as técnicas cromatográficas são mais raras nos laboratórios, e,
sendo assim, a amostra deve ser enviada para algum laboratório de referência.
No Quadro 5, são apresentadas algumas classes de fármacos mais comu-
mente monitorados.
Farmácia clínica 13

Quadro 5. Principais fármacos com indicação para monitoramento dos níveis terapêu-
ticos

Agentes Anticonvul- Psicofár- Imunossu-


Antibióticos
cardíacos sivantes macos pressores

Digoxina Vancomicina Ácido valproico Haloperidol Ciclosporina


Lidocaína Gentamicina Carbamazepina Lítio Tacrolimus
Cloranfenicol Fenobarbital Sirolimus

Fonte: Adaptado de Martinbiancho, Zuckermann e Almeida (2013).

O momento de realização da IF pode ocorrer ao longo do processo do


internamento do paciente, seja na sua admissão, no internamento/seguimento
do cuidado ou na alta hospitalar.
Na admissão, outra atividade importante do farmacêutico no ambiente
hospitalar é a conciliação medicamentosa, que é definida como:

Serviço pelo qual o farmacêutico elabora uma lista precisa de todos os medica-
mentos (nome ou formulação, concentração/dinamização, forma farmacêutica,
dose, via de administração e frequência de uso, duração do tratamento) utili-
zados pelo paciente, conciliando as informações do prontuário, da prescrição,
do paciente, de cuidadores, entre outras. Este serviço é geralmente prestado
quando o paciente transita pelos diferentes níveis de atenção ou por distintos
serviços de saúde, com o objetivo de diminuir as discrepâncias não intencionais
(CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2016. documento on-line).

Os problemas mais comuns encontrados nesse caso são a duplicidade


terapêutica e a exclusão de medicamentos essenciais à condição do paciente;
nesse momento, também é importante averiguar a dose, forma farmacêutica.
Durante a conciliação, é possível identificar não apenas a automedicação,
mas também o uso inadequado de medicamentos que podem acarretar algum
efeito adverso.
Com essas informações, o farmacêutico pode fornecer importantes in-
formações à equipe multiprofissional que assiste o paciente. Essa atividade
é muito importante também nas transições do cuidado com o paciente, pois
ela é efetuada nas internações ou nas altas hospitalares. Muitas vezes o far-
macêutico pode elaborar uma tabela com todas as orientações necessárias a
essa transição do cuidado.
14 Farmácia clínica

Apesar de o termo “reconciliação” ser muito empregado como sinônimo


de conciliação, optou-se por não o utilizar, a fim de evitar dubiedade de
interpretação.
Realizar evolução farmacêutica e registro no prontuário do paciente, docu-
mentando as IF realizadas e outras recomendações pertinentes ao cuidado, é a
forma de o farmacêutico compartilhar suas tomadas de decisão a fim de garantir
uma boa reprodutibilidade do processo. O prontuário é um documento em que
ficam registradas todas as intervenções realizadas em determinado paciente,
desde a aferição da temperatura até os procedimentos cirúrgicos. Por seu turno,
evolução farmacêutica é o registro efetuado pelo farmacêutico no prontuário
do paciente, com a finalidade de documentar o cuidado em saúde prestado,
propiciando a comunicação entre os diversos membros da equipe de saúde.
O CFF disponibiliza uma plataforma on-line, a Registre, que pode ser
utilizada para o farmacêutico evoluir seus pacientes na prática, sobretudo para
aqueles que estão iniciando e ainda não têm a farmácia clínica completamente
implantada no hospital (BRASIL, c2020).
Lima (2017) avaliaram a percepção dos farmacêuticos em um hospital em
Porto Alegre acerca das suas atividades clínicas, tendo como um dos tópicos
abordados o registro documental de suas atividades. Os farmacêuticos dessa
instituição reconheceram a importância e a necessidade de se registrarem suas
atividades clínicas; no entanto, esse registro não ocorria devido à inexperiência
prática, à sobrecarga de atividades, à necessidade de elaboração de políticas
institucionais e à capacitação desses profissionais.

Da interação com a equipe de saúde e o paciente


A interação com a equipe de saúde e o paciente é parte crucial no desenvolvi-
mento das atividades clínicas. Isso porque, junto com a equipe, o farmacêutico
realiza a promoção, a proteção e a recuperação de saúde, além da prevenção
de doenças; com o paciente, por seu turno, é necessário estabelecer e conduzir
uma relação de cuidado.
Durante o desenvolvimento de suas atividades, o farmacêutico tem con-
tato com vários profissionais da equipe multiprofissional, entre os quais se
podem citar médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, auxiliares de
farmácia, técnicos de enfermagem, outros farmacêuticos, etc. Ao desenvolver
essas atividades com a equipe ou diretamente com o paciente, o farmacêutico
deve se adequar a uma linguagem coerente com o nível de entendimento dos
envolvidos, além de se portar de forma segura e conciliadora.
Farmácia clínica 15

No que diz respeito ao contato entre o farmacêutico e a equipe, vale ressaltar


a importância da aceitabilidade das intervenções, que podem ser consideradas
aceitas se alteram a prescrição, a tomada de decisão ou a conduta de outro
profissional. Além disso, para monitoramento, devem-se avaliar os motivos
e os desfechos das IFs não aceitas (SABATER, 2005).
Os desfechos clínicos das IFs podem ser classificados da seguinte forma.

„„ Melhora: quando o problema de saúde associado ao medicamento


melhorou após a IF.
„„ Estável: o problema de saúde associado ao medicamento não apresentou
evolução positiva ou negativa após a IF.
„„ Piorou: quando o problema de saúde associado ao medicamento piorou
após a IF.
„„ Prevenido: foi identificado um PRM, mas sem que o paciente tenha
apresentado um problema de saúde. A IF realizada teve por finalidade
prevenir a manifestação do problema.

3 Classificação dos serviços farmacêuticos


clínicos: fases para sua implantação
Os serviços farmacêuticos clínicos hospitalares podem ser classificados em
quatro classes, a depender da complexidade e da exigência de especialização.
Eles podem servir como parâmetro na implantação da farmácia clínica e,
assim, estruturar primeiramente o básico dos serviços de classe I até chegar
ao serviço de classe IV. A seguir, podem-se observar os tipos encontrados e
as ações mínimas para cada um deles (STORPIRTIS et al., 2008).

„„ Serviços de Classe I: são fundamentais na implantação da farmácia


clínica e não têm foco em nenhum paciente. São os serviços que estão
envolvidos apenas com a seleção da farmacoterapia e a educação. As-
sim, nesse tipo, desenvolvem-se atividades na Comissão de Farmácia e
Terapêutica, elaboração de boletins informativos, educação continuada
e estudos retrospectivos de utilização de medicamentos.
„„ Serviços de Classe II: são categorizados com base no seu papel na
comunicação com o paciente. Logo, neles ocorre contato direto com
o paciente na realização de atividades como obtenção de histórico
medicamentoso, aconselhamento de alta e de programas de educação
de grupos específicos de pacientes.
16 Farmácia clínica

„„ Serviços de Classe III: são mais estruturados, com foco em grupos


de pacientes ou em classes de fármacos, e objetivam a melhoria da
farmacoterapia por meio da educação de prescritores e pacientes. Por
isso, o farmacêutico pode atuar, nesses serviços, no Centro de Infor-
mação de Medicamentos (CIM), na pesquisa clínica, em clínicas de
adesão à farmacoterapia, ou até no fornecimento dos medicamentos
para utilização em domicílio.
„„ Serviços de Classe IV: são os mais especializados, que exigem pro-
fissionais altamente treinados em uma área específica. São servi-
ços especializados em áreas como UTI, emergência, transplantes e
onco-hematologia.

O farmacêutico e a segurança do paciente


Em 1 de abril de 2013, foi instituída a portaria nº. 529, que criou o Programa
Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), cujo objetivo geral é contribuir
para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de
saúde brasileiros. O PNSP visa principalmente à qualificação do atendimento
integral ao cuidado do paciente em todo o território nacional (BRASIL, 2013).
No entanto, a cultura de segurança do paciente não é discutida somente no
Brasil. Em contexto mundial, ela já vem sendo colocada em pauta desde 2006,
quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou o estabelecimento
de um protocolo universal contendo seis metas para a segurança do paciente,
as quais são apresentadas a seguir (WHO, 2006).

1. Identificação do Paciente: a finalidade deste protocolo é garantir a


correta identificação do paciente, para que se reduza a ocorrência de
incidentes. O processo de identificação do paciente deve assegurar que
o cuidado seja prestado à pessoa para a qual se destina.
2. Prevenção de úlcera por pressão: promover a prevenção de ocorrência
de úlcera por pressão (UPP) e outras lesões de pele.
3. Segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos:
promover práticas seguras no uso de medicamentos em estabelecimentos
de saúde.
Farmácia clínica 17

4. Cirurgia segura: a finalidade deste protocolo é determinar as medidas


a serem implantadas para reduzir tanto a ocorrência de incidentes e
de eventos adversos quanto a mortalidade cirúrgica, possibilitando o
aumento da segurança na realização de procedimentos cirúrgicos, no
local correto e no paciente correto, por meio do uso da Lista de Veri-
ficação de Cirurgia Segura desenvolvida pela Organização Mundial
da Saúde (OMS).
5. Prática de higiene das mãos em serviços de saúde: este protocolo ob-
jetiva instituir e promover a higiene das mãos nos serviços de saúde
do país com o intuito de prevenir e controlar as infecções relacionadas
à assistência à saúde (IRAS), visando à segurança do paciente, dos
profissionais de saúde e de todos aqueles envolvidos nos cuidados aos
pacientes.
6. Prevenção de quedas: o objetivo deste protocolo é reduzir a ocorrência
de queda de pacientes nos pontos de assistência e o dano dela decorrente,
por meio da implantação/implementação de medidas que contemplem
a avaliação de risco do paciente, garantam o cuidado multiprofissio-
nal em um ambiente seguro e promovam a educação do paciente, dos
familiares e dos profissionais.

Conhecendo, então, as seis metas, pode-se identificar que a terceira delas


está diretamente relacionada com os medicamentos. Além de promover o uso
racional de medicamentos, ela incentiva a melhoraria das práticas envolvendo
o seu uso, para que seja possível evitar incidentes. A dispensação do medica-
mento em unidades hospitalares envolve duas ações que se correlacionam: a
forma de distribuição do medicamento e a prescrição de acordo com as boas
práticas de prescrição. A seguir, você vai conhecer um pouco sobre práticas
seguras na distribuição e na prescrição de medicamentos.

„„ Boas práticas para a distribuição segura de medicamentos:


■■ certificar-se de que os medicamentos estejam disponíveis para
administração ao paciente no tempo adequado, na dose correta,
assegurando a manutenção das características físicas, químicas e
microbiológicas e, dessa forma, contribuindo para o seu uso seguro;
18 Farmácia clínica

■■ os ambientes da farmácia onde serão dispensados os medicamentos


devem ser limpos, organizados, bem iluminados e com adequados
controle e registro de temperatura, umidade e controle de pragas, a
fim de garantir que todos os medicamentos e materiais dispensados
estejam de acordo com o padrão de qualidade exigido pela legislação;
■■ manter a estrutura organizada, com local reservado, fluxo de pessoas
restrito e sem fonte de interrupção e distração;
■■ é vedado o uso de rádio, televisão, celular na sala de distribuição e
armazenamento de medicamentos;
■■ deve haver dispensação segura com as etapas de seleção, padroni-
zação, aquisição, recebimento, armazenamento, fracionamento e
identificação segura dos medicamentos;  
■■ para a identificação dos medicamentos dispensados, devem ser utili-
zadas etiquetas impressas de cor branca, contendo as informações em
letra com fonte e tamanho legíveis, e deve-se realizar a conferência
do rótulo do medicamento com a etiqueta de identificação;  
■■ para a identificação dos Medicamentos Potencialmente Perigosos,
deverá ser utilizada etiqueta de cor vermelha nas embalagens e nos
locais de armazenamento;  
■■ deve-se adotar o uso de etiquetas de alertas para os medicamentos que
não podem ser triturados e disponibilizar listas desses medicamentos
nas unidades de saúde;
■■ devem ser disponibilizados alertas de medicamentos com embalagem
e/ou grafia semelhantes;
■■ diariamente, o serviço de farmácia deverá recolher os medicamentos
não administrados nas unidades assistenciais;
■■ a farmácia deve disponibilizar Manual de Boas Práticas de Arma-
zenamento e Distribuição de Medicamentos;
■■ a farmácia deve elaborar os procedimentos operacionais de cada
processo de trabalho, disponibilizar a equipe, e capacitar e trabalhar
a disseminação da cultura de segurança; e
■■ a gestão da farmácia deverá realizar educação permanente, de forma
sistemática e registrada, para farmacêuticos e auxiliares de farmácia,
com foco na segurança do uso de medicamentos, envolvendo os
processos de análise farmacêutica da prescrição, da dispensação e
do armazenamento dos medicamentos.
Farmácia clínica 19

„„ Os itens de verificação para a prescrição segura de medicamentos são:


■■ a identificação do paciente;
■■ a identificação do prescritor;
■■ a identificação da instituição-setor na prescrição;
■■ a identificação da data de prescrição;
■■ legibilidade;
■■ uso de abreviaturas — não se devem utilizar abreviaturas, sendo
necessário escrever por extenso “unidades” (U) e “unidades interna-
cionais” (UI), assim como não se devem utilizar fórmulas químicas
(KCl, NaCl, KMnO4 e outras) e nomes abreviados de medicamentos
(HCTZ, RIP, PEN BEZ, MTX, SMZ-TMP e outros);
■■ denominação dos medicamentos — os medicamentos devem ser
prescritos utilizando-se a denominação comum brasileira (DCB), com
o nome genérico, a concentração, a forma farmacêutica e a posologia;
■■ expressão de doses completa e por extenso;
■■ prescrição de medicamentos com nomes semelhantes — medica-
mentos cujos nomes são reconhecidamente semelhantes a outros
de uso corrente na instituição deverão ser prescritos com destaque
na escrita, e, para a parte do nome que os diferencia, deverá ser
empregada letra maiúscula.
„„ Exemplos de nomes semelhantes:
■■ DOPAmina e DOBUtamina;
■■ ClorproPAMIDA e ClorproMAZINA;
■■ VimBLASTina e VinCRIStina.

Outro aspecto que envolve a segurança do paciente e a farmácia clínica é a


racionalização do uso de antibióticos, pois atualmente a promoção do seu uso
racional é um dos principais desafios encontrados na terapêutica de infecções
em ambiente hospitalar. Os microrganismos resistentes são reconhecidos como
uma razão para longos períodos de internação, custos mais elevados e maior
morbidade e mortalidade nos hospitais.
Na maioria das vezes, a escolha da terapia é feita de forma empírica, o que
tem promovido o aumento da resistência antimicrobiana e tornado cada dia
mais desafiador realizar a escolha do antimicrobiano adequado.
20 Farmácia clínica

A racionalização de antimicrobianos é um componente essencial para uma


abordagem multifacetada na prevenção da resistência antimicrobiana. A boa
gestão de antimicrobianos envolve a seleção do medicamento apropriado a
fim de se otimizar sempre sua dose e sua duração de tratamento, minimizando
a toxicidade e as condições para a seleção de cepas bacterianas resistentes e
garantindo, assim, sucesso terapêutico.
A seguir, de acordo com Cabral et al. (2018), você vai ler sobre estratégias
para a racionalização de antimicrobianos que podem ser implementadas em
conjunto pela gestão, pelo CCIH e pelo farmacêutico.

Descalonamento da terapia
O descalonamento consiste na administração inicial de tratamento empírico de
amplo espectro, com o objetivo de cobrir os patógenos mais frequentemente
relacionados à infecção a ser tratada e, assim que o agente causador for identifi-
cado, ajustar o tratamento. O descalonamento também inclui alteração de terapia
combinada por monoterapia, ou suspensão da antibioticoterapia, assim que o
estado clínico do paciente permitir. O objetivo do descalonamento é reduzir
mortalidade e morbidade com o início precoce de terapia empírica ampla, além
de limitar o desenvolvimento de resistência bacteriana por meio da redução da
pressão seletiva, com a suspensão do antimicrobiano ou a redução do espectro.

Rotação de antibióticos
O objetivo desta estratégia é reduzir, mediante a troca frequente de antibióticos,
a ocorrência de resistência, preservando sua atividade para que possam ser
reintroduzidos em um ciclo posterior.

Terapia preemptiva
Consiste na administração de antibióticos a determinados pacientes com alto
risco de infecções oportunistas, antes mesmo do aparecimento dos sinais de
infecção. É sugerida a utilização de terapia preemptiva em pacientes críticos
com alto risco de candidemia, que é associada a altas taxas de mortalidade,
apesar do tratamento adequado.
Farmácia clínica 21

Restrição de medicamentos
O controle de quais drogas estarão disponíveis para prescrição é o método
mais direto de influenciar na utilização de antibióticos. O perfil de resistência
geralmente é considerado na decisão pelos medicamentos disponíveis, cuja lis-
tagem deve ser dinâmica e responder às mudanças de patógenos locais e novas
drogas disponíveis. Esse controle deve ser aplicado principalmente às drogas
de amplo espectro de ação, como, por exemplo, os carbapenêmicos, ou àquelas
relacionadas a um rápido surgimento de resistência, como as cefalosporinas.

Pré-autorização
Esta ferramenta tem impacto positivo no desfecho clínico e, particularmente,
no surgimento de resistência. A pré-autorização pode ser realizada de várias
formas: formulário de prescrição de antibióticos (com justificativa), contato
telefônico e suspensão automática da prescrição, entre outras.

Uso de parâmetros farmacocinéticos e


farmacodinâmicos para ajuste de dose
O regime posológico mais adequado deve ser estabelecido seguindo as ca-
racterísticas de farmacocinética e farmacodinâmica de cada antibiótico.
O efeito do medicamento é o resultado da exposição das bactérias à fração
do antibiótico livre, no sítio da infecção, de modo que a concentração sérica
total não reflete a fração ativa da droga.

Educação
Um programa educacional, com o objetivo de aumentar a compreensão dos
médicos sobre o uso adequado dos agentes antimicrobianos, é relativamente
barato e fácil de implementar. As diretrizes clínicas para manejo de infecções
específicas podem ser extremamente úteis no processo de tomada de decisão
e ajudam na implementação de estratégias para a racionalização no uso de
antibióticos. No entanto, é necessário que sejam constantemente revisadas e
atualizadas.
22 Farmácia clínica

BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Registros de atendimentos farmacêuticos. c2020.


BRASIL. Lei nº. 13.021, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a fiscalização
das atividades farmacêuticas. Diário Oficial da União, Brasília, 17 mar. 2020. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13021.htm. Acesso
em: 17 mar. 2020.
BRASIL. Portaria nº. 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Se-
gurança do Paciente (PNSP). Diário Oficial da União, Brasília, 1 abr. 2013. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html.
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CABRAL, L. G. et al. Racionalização de antimicrobianos em ambiente hospitalar. Rev. Soc.
Bras. Clin. Med., v. 16, nº. 1, p. 59–63, jan./mar. 2018. Disponível em: http://docs.bvsalud.
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CIPOLLE, R.; STRAND, L. M.; MORLEY, P. El ejercício de la atención farmaceutica. Madrid:
McGraw-Hill, 2000. 368 p.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº. 586 de 29 de agosto de 2013. Regula
a prescrição farmacêutica e dá outras providências. 2013. Disponível em: http://www.
cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/586.pdf. Acesso em: 17 mar. 2020.
HEPLER, C. D.; STRAND, L. M. Opportunities and responsibilities in the pharmaceutical
care. Am. J. Hosp. Pharm., v. 47, nº. 3, p. 533–543, mar. 1990.
IVAMA, A.M. et al. Consenso brasileiro de atenção farmacêutica: proposta. Brasília: Orga-
nização Pan-Americana da Saúde, 2002.
LIMA, E. D. de. Farmácia clínica em ambiente hospitalar: enfoque no registro das ativi-
dades. Rev. Bras. Farm. Hosp. Serv. Saúde, v. 8, nº. 4, 18-24 out./dez. 2017
MARTINBIANCHO, J. K.; ZUCKERMANN, J.; ALMEIDA, S. M. Definição e competências. In:
SANTOS, L. dos; TORRIANI, M. S.; BARROS, E. (org.). Medicamentos na prática da farmácia
clínica. Porto Alegre: Artmed, 2013.
SABATER, D. et al. Tipos de intervenciones farmacéuticas e seguimiento farmacote-
rapéutico. Seguimiento Farmacoterapéutico, v. 3, nº. 2, p. 90–97, 2005. Disponível em:
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STORPIRTIS, S. et al. Farmácia clínica e atenção farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara
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Farmácia clínica 23

Leituras recomendadas
BRASIL. Resolução nº. 338, de 06 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de
Assistência Farmacêutica, estabelecida em alguns princípios: a Política Nacional de
Assistência Farmacêutica, a Assistência Farmacêutica e ações referentes a esta. Diário
Oficial da União, Brasília, 6 maio 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html. Acesso em: 17 mar. 2020.
BRASIL. Resolução-RDC nº. 44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas
Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da
comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias
e drogarias e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 17 ago. 2009.
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/RDC_44_2009.
pdf/ad27fafc-8cdb-4e4f-a6d8-5cc93515b49b.html. Acesso em: 17 mar. 2020.
BOLETIM ISMP. Nomes de medicamentos com grafia ou som semelhantes: como evitar
os erros? v.3, n. 6, 2014.
CARDINAL, L.; FERNANDES, C. Intervenção farmacêutica no processo da validação da
prescrição médica. Rev. Bras. Farm. Hosp. Serv. Saúde, v. 5, nº. 2, p. 14–19, abr./jun. 2014.
Disponível em: https://www.santapaula.com.br/Arquivos/IEP_farmacia_trabalho021.
pdf. Acesso em: 17 mar. 2020.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Resolução
CNE/CES 2, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Farmácia. 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/
pdf/CES022002.pdf. Acesso em: 17 mar. 2020.
LEITE, S. N. et al. Assistência farmacêutica no Brasil: política, gestão e clínica. Florianópolis:
UFSC, 2016. 5 v.
MELO, A. C. de; FRADE, J. C. Q. P. (org.). Serviços farmacêuticos diretamente destinados ao
paciente, à família e à comunidade: contextualização e arcabouço conceitual. Brasília:
Conselho Federal de Farmácia, 2016. 200 p.
REIS, W. C. et al. Análise das intervenções de farmacêuticos clínicos em um hospital
de ensino terciário do Brasil. Einstein, v. 11, nº. 2, p. 190–6, 2013. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/eins/v11n2/pt_10.pdf. Acesos em: 17 mar. 2020.
SANTOS, N. S. et al. Intervenções para reduzir a prescrição de medicamentos inapro-
priados para idosos. Rev. Saúde Pública, v. 53, nº. 7, p. 1–16, 2019. Disponível em: https://
scielosp.org/pdf/rsp/2019.v53/7/pt. Acesso em: 17 mar. 2020.
24 Farmácia clínica

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Dica do Professor

As reações adversas ao medicamento (RAMs) podem exigir algum tratamento específico. Se os


elementos da farmacologia e da farmácia clínica forem bem utilizados pelos profissionais, é possível
chegar a um desfecho de melhora clínica do paciente.

Na Dica do Professor, você verá como manejar uma RAM, em um caso prático, no setor de
urgência de um pronto-socorro.

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Exercícios

1) O farmacêutico clínico deve ter algumas habilidades clínicas e conhecimentos específicos


para exercer a prática clínica. Diante disso, analise a seguinte situação:

O paciente Carlos, 38 anos, passou 5 dias internado devido a uma infecção urinária grave e
hoje está de alta. O farmacêutico Josias visitou o paciente antes da alta e fez algumas
orientações acerca dos cuidados fora do ambiente hospitalar. Explicou os horários da
tomada do antibiótico e incentivou a ingestão de água. A interação entre eles foi simples,
visto que Carlos não tem muito letramento, assim, ele ficou muito feliz por entender como
continuar seu tratamento em casa.

Na ação, qual habilidade o farmacêutico desenvolveu? Assinale a alternativa correta.

A) Monitoramento do paciente.

B) Conciliação medicamentosa.

C) Comunicação em saúde.

D) Planejamento farmacoterapêutico.

E) Análise de exames laboratoriais.

2) O uso racional de antibióticos permeia grande parte da rotina clínica hospitalar do


farmacêutico. O caso clínico descrito a seguir é um exemplo disso:

Paciente de 28 anos com sepse de foco urinário iniciou uso de ciprofloxacino 200mg
12/12h. Após analisar o exame de cultura bacteriana, o farmacêutico identificou que o
patógeno era resistente à ciprofloxacina, mas sensível à cafazolina e à cefuroxima. Em
seguida, ele alertou o médico assistente, sugerindo alteração de prescrição antimicrobiana.
O médico concordou, alterando a prescrição.

Diante do exposto, qual foi a estratégia aplicada para gerenciar a situação? Marque a
alternativa correta.

A) Terapia preemptiva.

B) Restrição de medicamentos.
C) Rotação de antibióticos.

D) Descalonamento da terapia.

E) Pré-autorização.

3) A revisão da farmacoterapia é uma das muitas atribuições clínicas do farmacêutico. Essa


revisão pode ser feita sob alguns aspectos específicos, dependendo do objetivo do
farmacêutico.

Dentro dessa temática, analise as alternativas a seguir e marque a opção correta quanto à
metodologia para análise da farmacoterapia da prescrição.

A) A análise de possíveis interações medicamentosas não é contemplada na revisão da


farmacoterapia.

B) A compatibilidade entre o medicamento e a via de administração prescrita deve ser avaliada


durante a análise da prescrição.

C) Idade, peso e função renal do paciente são parâmetros pouco relevantes para a análise da
prescrição.

D) O tipo de equipo indicado para medicamentos não é um parâmetro avaliado por


farmacêuticos.

E) Necessidades adicionais do paciente, como restrições ou intolerâncias, podem ser


desconsideradas durante a revisão da farmacoterapia.

4) A cultura de segurança é uma das propostas trazidas pela Portaria n.° 29, em 1° de abril de
2013, em que ficou instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).

Dentro do contexto de segurança do paciente, assinale a alternativa correta acerca de


práticas que o farmacêutico pode desenvolver para garantir essa segurança.

A) Para a identificação dos medicamentos não fracionados, utilizam-se etiquetas impressas de


cor branca, contendo as informações em letra com fonte e tamanho legíveis, e realiza-se a
conferência do rótulo do medicamento com a etiqueta de identificação; já os fracionados não
precisam seguir essa recomendação, visto que não é possível garantir a sua rastreabilidade.

B) Deve-se assegurar que os medicamentos estejam disponíveis para administração ao paciente


no tempo adequado, na dose correta, assegurando a manutenção das características físicas,
químicas e microbiológicas, contribuindo para o seu uso seguro, o que vem ao encontro com
o conceito de uso racional dos medicamentos.

C) Semanalmente, o serviço de farmácia deverá recolher os medicamentos não administrados


nas unidades assistenciais, evitando acumulá-los nos setores e promover o seu uso irracional,
a automedicação e a perda por avaria ou validade desses produtos.

D) Os medicamentos potencialmente perigosos estão entre os pontos críticos na distribuição


segura dos medicamentos, pois devem seguir um protocolo especifico: deve-se utilizar
etiqueta de cor amarela nas embalagens e nos locais de armazenamento para sua
identificação em toda a rastreabilidade no hospital.

E) O uso de abreviatura, em alguns casos, pode ser aceito pelo farmacêutico desde que seja
pactuado pela instituição. Dessa forma, esse profissional consegue seguir uma análise da
prescrição dentro dos critérios de boas práticas de prescrição.

5) O monitoramento sérico de fármacos consiste na análise dos resultados de dosagem de nível


sérico de medicamento no sangue para otimizar a farmacoterapia, permitindo o ajuste da
dose de medicamentos de acordo com as características individuais do paciente.

Das situações apresentadas a seguir, assinale aquela em que se aplicaria o monitoramento


de fármaco (MTF), de acordo com os critérios para tal.

A) Paciente, 40 anos, sepse de foco urinário, em uso de gentamicina 3mg/kg/dia, divididas em


três tomadas iguais a cada 8 horas, por mais de 7 dias. Após análise da concentração do
fármaco, verificou-se que o nível de vale do nível sérico foi superior a 1mg/L, indicando
toxicidade para o paciente. Com isso, o farmacêutico informou a CCIH para discussão do caso
e sugeriu diminuição dos intervalos entre as tomadas.

B) Durante reunião multiprofissional, a enfermeira informa à equipe que a paciente, 26 anos,


acompanhada pelo serviço para investigação de crises convulsivas, apresentou rash cutâneo.
O farmacêutico é questionado, com base na prescrição médica, sobre qual (ou quais)
medicamento que a paciente está utilizando poderia ter ocasionado tal reação adversa, bem
como quais as alternativas terapêuticas estão disponíveis para substituição do fármaco.

C) Paciente, 56 anos, em tratamento com antibioticoterapia com ciprofloxacino de 12 em 12


horas, para caso de Infecção do Trato Urinário (ITU). Logo após as duas primeiras tomadas,
apresentou prurido persistente. No dia seguinte, o farmacêutico, na avaliação da prescrição,
identificou o acréscimo de um antialérgico na prescrição e, assim, iniciou o processo de
análise de farmacovigilância para averiguar se ele está correlacionado com o antibiótico.
D) Paciente, 45 anos, com diagnóstico de artrite reumatoide em uso de metotrexato 2,5mg, 8
comprimidos às quartas-feiras, e ácido fólico 5mg, 1 comprimido na quinta-feira, é internada
com crise de gastrite, e o médico prescreve omeprazol 20mg todos os dias em jejum. O
farmacêutico avalia que o uso concomitante do omeprazol e do metotrexato pode resultar em
aumento da concentração de metotrexato, aumentando o risco de toxicidade por
metotrexato.

E) Paciente, 49 anos, com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica, em uso de Captopril


25mg, 1 vez ao dia. O farmacêutico avalia que a meta de pressão arterial, proposta no início
do tratamento, não foi atingida após início do tratamento hospitalar. Verifica o aprazamento
da enfermagem e conclui que ele está tomando o medicamento de forma correta. Após
discussão do caso com o médico do paciente, foi realizada uma adequação da dose diária do
Captopril para 25mg, a cada 8 horas.
Na prática

Na farmácia clínica, uma das maiores habilidades que o farmacêutico precisa ter é a análise
minuciosa da prescrição, tanto dos aspectos legais como dos aspectos clínicos. Além disso, a
comunicação com outros profissionais deve ser efetiva.

Na Prática, a partir de um caso fictício, veja como um erro de prescrição pode ser solucionado de
forma simples pelo farmacêutico.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Saiba mais

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Intervenção farmacêutica no uso racional de omeprazol


intravenoso
Neste artigo, veja, na prática, as intervenções farmacêuticas de um serviço farmacêutico clínico
vertical, para a promoção do uso racional do omeprazol intravenoso.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Monitoramento terapêutico de voriconazol no manejo de


infecções fúngicas invasivas
O monitoramento terapêutico de fármacos tem sido sugerido como um mecanismo para otimizar a
eficácia e a segurança do tratamento. Nesse contexto, este artigo objetivou analisar as evidências
da literatura sobre a importância clínica do monitoramento terapêutico do antifúngico voriconazol.
Confira.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Atuação do farmacêutico clínico hospitalar em pacientes


oncológicos frente ao avanço na legislação brasileira
Este artigo buscou identificar a importância da assistência farmacêutica clínica hospitalar em
pacientes oncológicos e sua evolução na legislação farmacêutica, descrevendo as atividades
atribuídas ao farmacêutico dentro de sua competência privativa. Confira.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Uso de medicamentos: saiba como prevenir incidentes


Este vídeo, do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), explica a atuação do
farmacêutico de forma simples e didática. Aproveite.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

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