WDR 2022 Capítulo 1

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28/08/2024, 14:12 WDR 2022 Capítulo 1

Relatório de Desenvolvimento Mundial 2022 Esta página em: Português 

Capítulo 1. Os impactos econômicos da crise da


Covid-19

    

A pandemia de Covid-19 causou choques na economia mundial e desencadeou a


maior crise econômica global em mais de um século. A crise levou a um aumento
drástico na desigualdade entre os países e dentro de cada um deles. Dados
preliminares indicam que a recuperação pós-crise será tão desigual quanto seus
impactos econômicos iniciais, e que as economias emergentes e grupos
economicamente desfavorecidos precisarão de muito mais tempo para recuperar
as perdas de renda e de meios de subsistência induzidas pela pandemiai.

Em contraste com muitas crises anteriores, os governos responderam, desde o


início da pandemia, com políticas econômicas amplas e decisivas. Em geral, essas
respostas foram bem-sucedidas e conseguiram mitigar os custos humanos mais
graves no curto prazo. No entanto, a resposta emergencial também gerou novos
riscos — como níveis excessivamente elevados de dívida pública e privada na
economia mundial — que podem ameaçar uma recuperação equitativa da crise se
não forem enfrentados de forma decisiva.

Agravamento da desigualdade entre os países e dentro


deles ×
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agravaram fragilidades econômicas preexistentes. À medida que a pandemia


avançava em 2020, ficou claro que muitas famílias e empresas não estavam
preparadas para resistir a um choque de renda de tamanha escala e duração.
Estudos baseados em dados pré-crise indicam, por exemplo, que mais de 50% das
famílias — tanto em economias emergentes quanto em avançadas — não tinham
capacidade financeira para sustentar seus gastos básicos por mais de três meses
caso sofressem perdas de rendaii. Da mesma forma, as reservas de caixa das
empresas médias eram suficientes para cobrir menos de 55 dias de despesasiii.
Muitas famílias e empresas em economias emergentes já estavam sobrecarregadas
com níveis de dívida insustentáveis antes da crise e passaram a enfrentar
dificuldades maiores para honrar as suas dívidas quando a pandemia e as medidas
de saúde pública associadas a ela provocaram um declínio acentuado na renda das
famílias e nas receitas das empresas.

A crise gerou impactos dramáticos na pobreza e na desigualdade globais. A


pobreza global aumentou pela primeira vez em uma geração, e as perdas
desproporcionais de renda entre as populações desfavorecidas levaram a um
aumento drástico da desigualdade entre os países e dentro deles. De acordo com
dados de uma pesquisa do Banco Mundial divulgada em 2021, entre os
trabalhadores com apenas o primeiro ciclo do ensino fundamental, o desemprego
temporário aumentou em 70% de todos os países em 2020iv. As perdas de renda
também foram maiores entre jovens, mulheres, trabalhadores autônomos e
trabalhadores temporários com níveis mais baixos de escolaridadev. As mulheres,
em particular, sofreram mais perdas de renda e emprego porque, em geral,
trabalhavam nos setores mais afetados por medidas de lockdown e distanciamento
socialvi.

Padrões semelhantes são observados no caso das empresas. As empresas


menores, informais e com acesso mais limitado ao mercado formal de crédito
foram as mais afetadas pelas perdas de renda decorrentes da pandemia. As
empresas maiores entraram na crise com capacidade para cobrir suas despesas
por até 65 dias, em comparação a 59 dias para empresas de médio porte, e 53 e 50
dias para pequenas e microempresas, respectivamente. Além disso, as micro,
pequenas e médias empresas estavam sobrerrepresentadas nos setores mais
afetados
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As respostas governamentais à crise no curto prazo


No curto prazo, as respostas governamentais à pandemia foram
extraordinariamente rápidas e abrangentes. Os governos adotaram muitas
ferramentas de políticas totalmente novas, ou que nunca haviam sido usadas nessa
escala em economias emergentes. Alguns exemplos são as amplas medidas de
apoio direto à renda, as moratórias da dívida e os programas de compra de ativos
por bancos centrais. Esses programas variaram muito em magnitude e escopo
(figura 1.1), em parte porque muitos países de renda baixa enfrentavam
dificuldades para mobilizar recursos devido ao acesso limitado aos mercados de
crédito e aos altos níveis de dívida pública pré-crise. Como resultado, a magnitude
da resposta fiscal à crise — como porcentagem do produto interno bruto (PIB) —
foi quase uniformemente ampla nos países de renda alta e uniformemente limitada
ou inexistente nos países de renda baixa. Nos países de renda média, a resposta
fiscal variou significativamente, refletindo diferenças marcantes na capacidade (ou
disposição) dos governos de investir em programas de apoio.

Figura 1.1 Resposta fiscal à crise da Covid-19 em países selecionados, por


grupo de renda

Share of GDP (%)


f
in
wer middle income
income
high income
Kingdom
nited States
Bangladesh
Uzbekistan
Philippines
Indonesia
Senegal
Ethiopia
Mexico
Russia
Turkey
Ghana
Japan
China
Egypt
Brazil
Niger
Chile
India
Peru
Italy

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Fonte: Equipe do RDM 2022, com base em FMI (2021a). Dados do Fundo Monetário Internacional, Banco de

Observação: A figura apresenta, como porcentagem do PIB, o apoio fiscal total calculado como a soma das

Da mesma forma, a combinação de políticas selecionadas para enfrentar os


impactos de curto prazo diferiu significativamente entre os países, dependendo da
disponibilidade de recursos e da natureza específica dos riscos enfrentados por
cada um (figura 1.2). Além dos programas de apoio direto à renda, governos e
bancos centrais fizeram uso sem precedentes de políticas destinadas a fornecer
alívio temporário da dívida, como, por exemplo, moratórias da dívida para famílias
e empresas. Embora esses programas tenham atenuado os problemas de liquidez
de curto prazo enfrentados por famílias e empresas, eles também tiveram a
consequência involuntária de obscurecer a real situação financeira dos mutuários,
criando assim um novo problema: falta de transparência sobre a verdadeira
extensão dos riscos de crédito na economia.

Figura 1.2 Políticas fiscais, monetárias e financeiras em resposta à crise da


Covid-19, por grupo de renda do país

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Share of countries adopting policy (%)


All Fiscal Monetary Banking

Income Group High income Upper middle income Lower middle income Low income

Source: World Development Report 2022:

Fontes: Medidas fiscais: Lacey, Massad e Utz (2021); medidas monetárias: Banco Mundial, COVID-19 Finance

Observação: A figura apresenta a porcentagem de países em que cada uma das políticas listadas foi implem

A ampla resposta à crise, embora necessária e eficaz para mitigar seus piores
impactos, levou a um aumento global da dívida pública, o qual deu origem a
preocupações renovadas sobre a sustentabilidade da dívida e aumentou a
disparidade entre economias emergentes e avançadas. Em 2020, houve um
rebaixamento na classificação do risco da dívida pública (ou seja, a avaliação da
qualidade de crédito) de 51 países — entre os quais 44 economias emergentesvii.

Ameaças emergentes a uma recuperação equitativa


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repercutem na economia como um todo por meio de canais que se reforçam


mutuamente e que conectam a saúde financeira de famílias, empresas, instituições
financeiras e governos (figura 1.3). Devido a essa interconexão, riscos financeiros
elevados em determinado setor podem se espalhar e desestabilizar a economia
como um todo. Por exemplo, quando as famílias e as empresas passam por
estresse financeiro, o setor financeiro enfrenta um risco maior de inadimplência
nos empréstimos e tem menos capacidade de oferecer crédito. Da mesma forma,
quando a situação financeira do setor público se deteriora (por exemplo, como
resultado de um aumento da dívida pública e uma queda da receita tributária), a
capacidade do setor público de apoiar o resto da economia também diminui.

Figura 1.3 Riscos interconectados referentes ao balanço patrimonial

Fonte: Equipe do RDM 2022.

Observação: A figura apresenta os vínculos entre os principais setores da economia, por meio dos quais os

Essa relação não é predeterminada, e políticas fiscais, monetárias e financeiras


bem concebidas podem neutralizar e reduzir esses riscos entrelaçados. Dessa
forma, os vínculos entre os setores da economia podem deixar de ser um círculo
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Um exemplo de políticas que podem fazer uma diferença fundamental são aquelas
que se concentram nos vínculos entre a saúde financeira das famílias, das
empresas e do setor financeiro. Em resposta aos primeiros lockdowns e restrições
de mobilidade, por exemplo, muitos governos passaram a oferecer assistência a
famílias e empresas na forma de programas de transferência direta de renda e
ferramentas de política financeira, tais como moratórias da dívida. Esses programas
forneceram o apoio necessário às famílias e às pequenas empresas e ajudaram a
evitar uma onda de insolvências que poderiam ter ameaçado a estabilidade do
setor financeiro.

Governos, bancos centrais e órgãos reguladores também adotaram ferramentas de


políticas públicas para apoiar as instituições financeiras e evitar que os riscos se
propagassem do setor financeiro para outras partes da economia. Bancos centrais
reduziram as taxas de juros e flexibilizaram as condições de liquidez, facilitando o
refinanciamento de bancos comerciais e instituições financeiras não bancárias,
como credores de microfinanças, e permitindo que continuassem a fornecer
crédito a famílias e empresas.

A resposta à crise também precisará incluir políticas que tratem dos riscos
decorrentes de altos níveis de dívida pública para garantir que os governos
preservem sua capacidade de apoiar efetivamente a recuperação. Trata-se de uma
importante prioridade política, uma vez que altos níveis de dívida pública reduzem
a capacidade dos governos de investir em redes de proteção social, que são
capazes de neutralizar os impactos da crise na pobreza e na desigualdade e
fornecer apoio às famílias e empresas em caso de reveses durante a recuperação.
➜ Ler capítulo completo (.pdf): English
➜ Ler relatório completo (.pdf): English

RESUMOS DOS CAPÍTULOS


➜ Capítulo 1
➜ Capítulo 2
➜ Capítulo 3
➜ Capítulo 4
➜ Capítulo 5
➜ Capítulo 6

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