Apostila (20)
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Autor:
Ricardo Torques
09 de Julho de 2024
Ricardo Torques
Aula 19
Sumário
1 - Introdução ................................................................................................................................................. 2
3 – Dos Mediadores...................................................................................................................................... 12
6 – Da autocomposição de conflitos em que for parte pessoa jurídica de direito público ........................... 24
6.2 – Dos conflitos envolvendo a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações .... 26
Resumo............................................................................................................................................................. 33
Gabarito ............................................................................................................................................................ 56
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LEI Nº 13.140/2015
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos a Lei nº 13.140/2015. Não veremos todos os dispositivos, veremos apenas a
parte que trata de direito processual civil.
LEI Nº 13.140/2015
1 - Introdução
Na aula de hoje estudaremos sobre a Lei Nacional de Mediação. Você lembra o que é mediação? Vamos
revisar!
A mediação é um meio alternativo para a solução de conflitos. Ela figura ao lado de institutos como a
autotutela, a transação, a arbitragem e, até mesmo, os tribunais administrativos. Veja:
Autotutela
Transação
Arbitragem
Tribunais administrativos
Para não ser muito repetitivo, vou trazer para vocês, aqui, o resumo com os principais conceitos relativos a
esses institutos. Vamos dar uma lida neles e depois já seguir para a análise da lei propriamente dita. Vejamos:
Trata-se da resolução de conflito pelo exercício da força. Vence o direito quem detém a força,
não o direito. Como se trata de instrumento que contraria os princípios do Estado Democrático
autotutela
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Hipóteses legais:
c) art. 1.210, §1º, do CC [uso da força para manutenção ou restituição da posse]. Por
exemplo, se você for agredido na sua posse, poderá proteger a posse por vias próprias.
Solução de conflitos pela vontade das partes, por intermédio da conciliação (transação), da
submissão ou da renúncia.
Autocomposição (renúncia e
Tanto na renúncia como na submissão temos um sacrifício integral da parte por uma
manifestação unilateralmente. Por isso são chamadas de formas altruístas de resolução do
submissão)
● em renúncia, quando uma das partes abdica do seu interesse para pôr fim ao conflito; e
● em submissão, quando uma das partes se submete à pretensão da outra com o intuito
de resolver o conflito.
Muitos se valem da expressão conciliação como sinônimo de transação. Essa associação não é
correta tecnicamente. A palavra “conciliação” pode assumir vários significados.
Pode, por exemplo, significar a manifestação bilateral intermediada por terceiros, diferindo da
negociação, que não é intermediada por ninguém.
Transação
Outra forma de conceituar a conciliação é aquela que se refere à conciliação como a técnica de
transação que conta com a participação de um conciliador. Nesse ponto, a conciliação difere da
mediação, cuja transação conta com a participação de um mediador, porque esse mediador tão
somente atua na remoção dos obstáculos que levarão ao acordo, não opinando nem trazendo
sugestões de soluções para o conflito, como o conciliador faz.
Conforme a doutrina1, a conciliação implica na constatação pelo próprio litigante de que ele não
tem direito a toda a pretensão, mas a parte dela. Logo, constitui ato de vontade da parte, em
consenso com o outro litigante, reduzir a pretensão.
Essas hipóteses de transação podem ocorrer antes ou dentro do processo. No primeiro caso, o
Poder Judiciário permanecerá inerte e não tomará conhecimento do conflito e do acordo
1
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil: teoria geral do processo. Vol. 1, 16ª edição, reformulada e
ampliada de acordo com o novo CPC, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 115.
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Aqui também temos a solução do conflito a partir da vontade das partes. A grande característica
da mediação é a inexistência de sacrifício de interesses. Na mediação a análise se dá sobre as
causas que levaram ao conflito. Identificadas as causas, é possível resolver o conflito
Por exemplo, duas pessoas estudam na biblioteca. Maria está confortável estudando com ótimo
Mediação
rendimento, ao passo que João tem dificuldade de se concentrar pelo calor. Este abre a porta, o
que o deixa confortável. O barulho ocasionado pela abertura da porta, entretanto, prejudica a
concentração de Maria. Instaurou-se, portanto, uma lide. Se chamarmos um conciliador ele irá
orientar: “vamos deixar a janela meio aberta” ou “durante a manhã fica aberta, durante a tarde,
fechada”. Cada um cede um pouco para a solução do conflito (sacrifício parcial e bilateral de
interesses). O mediador, por sua vez, pedirá que ambas as partes desconsiderem o conflito, e
foquem nas causas. Para o homem o problema é o calor, para a mulher o problema é o barulho.
Nesse contexto, buscam-se formas de solucionar o problema de cada parte. No exemplo: “buscar
um ventilador para o homem” ou “um fone de ouvido para a mulher”. O problema não é a janela,
é o calor e o barulho.
● Na mediação são trabalhadas as causas do conflito e não apenas a resolução dele, como
é na conciliação.
● O conciliador atua, preferencialmente, nos processos em que não haja vínculo prévio entre as
partes (acidente de trânsito), ao passo que a mediação visa processos de relação continuada,
por intermédio dos quais há vínculos entre as partes (relações de família ou relação de
vizinhança).
Solução de conflitos por intermédio da nomeação consensual (prévia ou posterior ao conflito)
de árbitros que tenham a confiança das partes para a solução do conflito de interesses. Essa
solução decorre da imposição da decisão pelo terceiro (árbitro), independentemente da
Arbitragem
Arbitragem não se confunde com jurisdição estatal, pois além de ser possível a revisão judicial
de uma sentença arbitral (com decretação de invalidade), a fonte de legitimação de uma e de
outra é diferente. O que legitima a jurisdição é a soberania estatal e o que legitima a arbitragem
é a autonomia da vontade.
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1º - o art. 515, VII, CPC, prevê que a sentença arbitral é título executivo judicial; e
Segundo a doutrina2, “a opção pela arbitragem será admissível toda a vez que não houver
norma impondo a necessidade da intervenção do juiz estatal (como já, por exemplo, para o
julgamento de causas criminais, para a decretação de falência, para a solução de questões
relativas ao estado da pessoa, para a aplicação das penas de improbidade ao agente pública,
etc.)”.
administrativos
equivalente jurisdicional para parte da doutrina. São exemplos o CADE (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) e o CARF (Conselho Administrativo da Receita Federal).
Vamos em frente!
2 – Disposições Gerais
O art. 1º da Lei é bem direto, trazendo a sua finalidade e alguns conceitos importantes. Vamos dar uma lida
nele para depois fazermos alguns comentários:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre
particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial
sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
Em primeiro lugar, é importante destacar que a Lei é dividida em três capítulos: um sobre a mediação, outro
sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública e um terceiro que traz as
disposições finais. Essa divisão fica bem clara no caput do art. 1º quando a Lei diz dispor (i) sobre a mediação
2
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil: teoria geral do processo. Vol. 1, 16ª edição, reformulada e
ampliada de acordo com o novo CPC, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 117.
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como meio de solução de controvérsias entre particulares e (ii) sobre a autocomposição de conflitos no
âmbito da administração.
Em segundo lugar, é importante destacar que, aqui, a Lei traz a definição de mediação. De acordo com o art.
1º, parágrafo único, mediação é a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que,
escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para
a controvérsia.
1) Exercida por terceiro imparcial: a mediação é uma forma de composição que se exerce por meio
de um terceiro. Duas pessoas que, em regra, já possuem um vínculo anterior (ex.: um contrato
que as duas cumprem a anos, uma relação duradoura de vizinhança, etc.), elegem um terceiro
imparcial para ajudá-las a chegar a uma solução para um conflito que as duas não conseguem
resolver sozinhas.
2) Sem poder descisório; auxilia e estimula: o mediador não decide nada. Ele auxilia e estimula as
partes a identificarem por si mesmas uma solução. Ele não sugere soluções e nem, muito menos,
às impõe. O trabalho do mediador é o de facilitar a comunicação entre os conflitantes, para que
eles, a partir desse auxílio, possam chegar sozinhos a uma solução consensual para o seu
problema.
Aprofundando um pouco, é aqui que residem as principais diferenças entre a mediação e a arbitragem e
entre a mediação e a conciliação. Enquanto na conciliação o conciliador pode sugerir soluções, na mediação
ele não pode; e, enquanto na arbitragem o árbitro pode impor a sua decisão, tanto na mediação como na
conciliação os mediadores/conciliadores apenas podem facilitar o processo de composição, não havendo
que se falar em substitutividade (aquela característica da jurisdição na qual o julgador – árbitro ou juiz –
substitui a vontade das partes pela sua, lembram?).
3) Escolhido ou aceito pelas partes: por fim, o mediador é escolhido pelas partes ou aceito pelas
partes. Mas fiquem atentos! Apesar de a definição do art. 1º, parágrafo único, falar nessa escolha,
nem sempre o mediador precisará dessa chancela das partes para exercer o seu papel no
processo. Como veremos mais à frente, há dois tipos de mediação: a judicial e a extrajudicial. Na
mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das partes, por expressa
previsão legal (art. 25, da Lei 13.140/15). Esse é um ponto polêmico. Mas nós vamos destrincha-
lo mas à frente. Não se preocupem.
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No art. 2º, importantíssimo para a sua prova, a Lei traz os princípios que orientarão a mediação. Alguns deles
já são bastante conhecidos. Outros são bem específicos. Vamos, então, dar uma lida no art. 2º para depois
explicarmos um a um3.
I - imparcialidade do mediador;
III - oralidade;
IV - informalidade;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé.
Vejamos:
1) Imparcialidade do mediador:
A imparcialidade costuma ser definida como o dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou
preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho,
compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou
presente.
É por conta desse princípio, por exemplo, que se aplicam ao mediador e ao conciliador as mesmas hipóteses
de impedimento e de suspeição que se aplicam aos juízes (art. 148, II, do CPC e art. 5º da Lei de Mediação,
que veremos mais a frente).
Tal como ocorre na interpretação desse dispositivo constitucional, cabe relembrar que o que se busca, aqui,
é a isonomia material e não apenas a isonomia formal. Em casos de visível desequilíbrio de poder entre as
3
Conceitos extraídos do Manual de Mediação e Conciliação da Justiça Federal (de fevereiro de 2019).
Disponível em: https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/
outras-publicacoes/manual-de-mediacao-e-conciliacao-na-jf-versao-online.pdf
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partes, não basta o terceiro facilitador dar o mesmo tempo de fala, oferecer um lugar na mesma mesa-
redonda e usar os mesmos termos técnicos. É importante que, sem perder a imparcialidade, sejam tomadas
medidas para que as partes fiquem minimamente em posições isonômicas, no sentido material da isonomia.
3) Oralidade:
Além disso, nota-se que, em procedimentos em que predomina a oralidade, há maior diálogo e discussão
das possibilidades de acordo pelas partes. As propostas escritas, em contrapartida, costumam vir em valores
fechados e sem possibilidade de negociação.
4) Informalidade:
O procedimento de mediação e conciliação é flexível, não devendo ser adotada postura rígida e
burocratizada. Há uma flexibilidade procedimental, o que permite que os envolvidos se sintam mais livres
para buscar uma solução conjunta sem se prender a questões meramente de forma. É nesse sentido que se
pode dizer que se valoriza a informalidade.
No entanto, informalidade NÃO significa a ausência de qualquer regra. O que existe nos meios consensuais
é aquilo que Marc Galanter (1989, p. 13-15) chama de formalismo de forma breve (short form formalism).
Não se trata de uma ausência de regras legais e processuais, mas de uma aplicação mais flexível. Em outros
termos, flexibilidade procedimental não significa ausência de devido processo legal, ainda que mínimo.
O devido processo legal, positivado pela Constituição Federal de 1988 (“art. 5º, LIV – Ninguém será privado
da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”), pode ser entendido como uma salvaguarda do
cidadão contra abusos no exercício de poder pelo Estado ou pela própria parte. Assim sendo, respeitada a
flexibilidade própria dos meios consensuais, é importante que haja um conjunto de condições, ainda que
mínimas, que impeçam a prática de arbitrariedades no procedimento. Tais contornos processuais mínimos
são dados pelas normas constitucionais (garantias processuais), fazendo que as formas consensuais de
solução de conflitos também possam ser tratadas à luz da teoria geral do processo.
É dentro desses limites que o princípio da informalidade deve ser compreendido. Busca-se uma flexibilidade
que permita maior liberdade de atuação das partes e do terceiro facilitador, sem que isso signifique abrir
mão de qualquer regra.
A autonomia de vontade das partes é uma das vantagens mais comumente lembradas quando pensamos
nos meios consensuais de solução de conflitos. Isso porque, em mecanismos como a conciliação e a
mediação, as partes são protagonistas de seu destino, participando ativamente da construção da decisão
para o conflito que as envolve. Como se costuma dizer, há maior satisfação quanto ao resultado quando se
participa do procedimento.
Assim sendo, o conciliador e o mediador devem tomar cuidado para não invadir a autonomia de vontade das
partes, zelando para que sua concepção de Justiça não interfira indevidamente durante o procedimento.
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6) Busca do consenso:
No entanto, tanto na mediação como na conciliação, o acordo não deve ser buscado a todo custo.
Dependendo do tipo de conflito, nem sempre o acordo é a melhor opção. A busca pelo consenso não deve
ignorar os interesses dos envolvidos, bem como sua autonomia de vontade. Se as partes, devidamente
informadas, não desejam realizar qualquer acordo, é um direito delas.
A busca pelo consenso não pode nunca significar a imposição a qualquer custo de um acordo para fins tão
somente estatísticos, ignorando a qualidade.
7) Confidencialidade:
O princípio da confidencialidade é um dos mais lembrados nos textos sobre mediação e conciliação,
referindo-se ao dever de manter sigilo acerca do ocorrido durante a sessão de conciliação ou de mediação.
A confidencialidade traz vantagens para as partes, para o terceiro facilitador e para o próprio processo
consensual. Para as partes, a confidencialidade ajuda a criar o espaço necessário para uma comunicação
franca e livre. Para o terceiro facilitador, o princípio ajuda a preservar sua imparcialidade, na medida em que
impede que ele seja testemunha do caso em que tenha atuado e, assim, possa acabar tendo que tomar
partido de um dos lados; também faz que ele não fique eternamente vinculado a um caso, à espera que
determinada informação obtida durante a sessão seja exigida em outro processo. Em relação ao próprio
mecanismo consensual, a confidencialidade traz uma qualidade adicional muitas vezes inexistente em
processos judiciais e que pode ser decisiva na escolha: empresários, por exemplo, podem optar por uma
mediação para que não sejam obrigados a revelar seus segredos industriais em juízo.
Um exemplo é a proposta preparada pela Caixa ou pelo INSS que, por causa do princípio da
confidencialidade, não pode servir como prova no processo judicial. Ainda por conta da confidencialidade, o
conciliador não pode, em caso de ter não havido acordo, relatar o comentário do segurado que afirma estar
se sentindo melhor de uma moléstia que o perito médico judicial qualificou como incapacitante em perícia
anterior, sob o pretexto de que assim estaria auxiliando o juiz que irá julgar a causa. Do mesmo modo, é
vedado ao juiz coordenador que exija esse tipo de revelação dos conciliadores e/ou mediadores que
supervisiona.
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A própria Lei de Mediação, nos arts. 30 e 31, ressalva, a aplicação da confidencialidade nas situações em que
(i) as partes expressamente decidirem de forma diversa, (ii) quando a divulgação for exigida por lei ou
necessária ao cumprimento do acordo, (iii) quando houver informação de ocorrência de crime de ação
pública e (iv) quando a informação for necessária para a administração tributária.
É possível questionar essas previsões normativas. O que seria “ordem pública” e “leis vigentes”? Haveria
confidencialidade em crimes de ação privada (como injúria, difamação e calúnia)? Documentos não
preparados unicamente para fins da mediação estariam abrangidos sempre pela confidencialidade,
permitindo que, estrategicamente, alguns se valham do procedimento consensual para tornar determinado
documento sigiloso? Seja como for, a existência dessas ressalvas confirma que não se está diante de um
postulado absoluto.
No caso de procedimentos que envolvam o Poder Público, a questão é ainda mais tormentosa, tendo em
vista o princípio da publicidade a que está sujeita a Administração Pública (art. 37, caput, da Constituição
Federal).
Enfim, diante de tantas nuances, mostra-se fundamental que o terceiro facilitador deixe claro, logo no início
da sessão, quais são os limites da confidencialidade, para que os participantes não sejam surpreendidos no
futuro com a revelação de algo que achavam ser confidencial.
8) Boa-fé:
A boa-fé pode ser subdividida em subjetiva e objetiva. Segundo Pablo Stolze Gagliano e Salomão Viana
(2012), a boa-fé subjetiva “consiste em uma situação psicológica, um estado de ânimo ou de espírito do
agente que pratica determinado ato ou vivencia dada situação, sem ter ciência do vício que a inquina”. Por
sua vez, a boa-fé objetiva “trata-se de uma norma de comportamento, de fundo ético, juridicamente exigível
e independente de qualquer questionamento em torno da presença de boa ou de má intenção”.
Isso quer dizer que, para a boa-fé subjetiva, é importante saber qual foi a intenção do agente. Na boa-fé
objetiva, a intenção é irrelevante. Como princípio da mediação e da conciliação, entende-se que não basta
apenas a boa-fé subjetiva, cabendo zelar também pela boa-fé objetiva.
A boa-fé objetiva refere-se a um parâmetro, a um standard de conduta. É tida, no campo processual, como
uma das bases do processo cooperativo. Alguns exemplos práticos de ausência de boa-fé objetiva seriam: a)
durante a sessão de conciliação, uma das partes fala para a outra aceitar sua proposta de acordo, ameaçando
que, se isso não ocorrer, irá recorrer; ainda assim o acordo não é aceito e, proferida a sentença desfavorável
àquela que fez a ameaça, não é apresentado recurso; b) o ente público apresenta proposta de acordo por
escrito no processo que, todavia, não é aceita pela outra parte; o juiz considera a apresentação da proposta
do ente público como fundamento para a sua sentença; c) um dos envolvidos aceita o acordo e depois, sem
qualquer motivo aparente, busca anular a decisão judicial homologatória.
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Esses dispositivos são muito interessantes. No § 1º, percebemos um nítido prestígio à autonomia da vontade
das partes. Se, em um contrato, existir uma cláusula dizendo que as partes, antes de discutir a lide
judicialmente, devem comparecer à mediação (cláusula de mediação) é isso o que deve ocorrer. Quer dizer,
como na arbitragem, uma vez firmado o “compromisso”, primeiro as partes devem submeter a contenda à
mediação, depois, se for o caso, à apreciação judicial. Mas essa obrigação se refere apenas à primeira
reunião: não é obrigatória a presença no procedimento completo.
No § 2º, temos a reafirmação da regra constitucional de que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II, CF).
Para finalizar essa parte inicial, confiram o art. 3º, que é de extrema importância para a sua prova:
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos DISPONÍVEIS OU
sobre direitos INDISPONÍVEIS que admitam transação.
Ora, professor, mas o que seria isso? Apesar de inexistir expressa conceituação legal no ordenamento
jurídico brasileiro, pode-se dizer que existe uma compreensão generalizada no sentido de que "direitos
indisponíveis" é uma expressão que serve para tratar de uma especial categoria de direitos na qual o
interesse público de efetiva proteção tornaria esses direitos irrenunciáveis, inalienáveis e intransmissíveis
por parte de seus próprios titulares.
Contudo, a lei fala em “direitos indisponíveis que admitam transação”. Isso não seria um contradição
essencial? Não. A inapropriada e automática correlação entre indisponibilidade e inalienabilidade
corresponde a um sofisma presente na cultura de diversos países, como ocorre no Brasil, mas não
corresponde, essencialmente, aos conceitos de “direitos indisponíveis” e “inalienabilidade”.
A transação não importa necessariamente renúncia ou alienação dos direitos. Até porque negociar os
direitos - inclusive os indisponíveis - pode se revelar a melhor ou a única opção para sua efetiva proteção.
Um exemplo de direito indisponível que admite transação é o próprio interesse público. Quando o Ministério
Público, por exemplo, firma um compromisso ou termo de ajustamento de conduta (CAC ou TAC), o que ele
está fazendo é, justamente, transacionar um direito indisponível (o interesse público).
Imagine que houve um grande vazamento de óleo em determinada localidade. A empresa responsável deve
reparar os danos e pagar uma multa. Para que isso ocorra de forma que, ao final, os danos sejam reparados
e a multa seja paga, é preciso que haja uma negociação entre a empresa e o poder público (ex.: é preciso
que se limite o que deve ser indenizado; é preciso que se divida a multa em parcelas; é preciso que seja dado
um tempo para que a empresa apresente um plano de recuperação da área afetada; etc.). Se o poder público
sair penhorando o patrimônio da empresa, muito provavelmente a dívida não será integralmente paga, o
meio ambiente não será restaurado e a empresa ainda vai falir, gerando desemprego, redução no
recolhimento de impostos, etc.
Observe que a negociação de direitos indisponíveis, em alguns casos, não só é possível como é necessária
para a própria proteção desses direitos.
Veja outras situações que envolvem a transação de direitos indisponíveis: cessão dos direitos de imagem;
disposição de tecidos, órgãos e partes do corpo humano para transplante; mudança de sexo; direito a
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Se a discussão puder ser separada em pontos, é possível que a mediação alcance apenas alguns dos aspectos
do direito discutido. Não se exige que o conflito inteiro seja submetido à mediação.
Por exemplo, é possível que um casal que pretende se divorciar promova a mediação tão somente para
definir a partilha dos bens.
§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser
homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público.
Vimos que a mediação pode dizer respeito a direitos indisponíveis, quando for viável a transação. Nesse caso,
de acordo com o § 2º, eventual acordo deve ser homologado em juízo, com a oitiva do Ministério Público.
Assim...
Vamos em frente!
3 – Dos Mediadores
Em regra, o mediador será escolhido pelo tribunal ou pelas partes e conduzirá o procedimento de mediação
buscando o entendimento e o consenso, de modo a facilitar a resolução do conflito, como já vimos. Além
disso, em caso de pessoas necessitadas, será assegurada a gratuidade de mediação, tudo de acordo com o
art. 4º da Lei. Veja:
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Ao mediador, aplicam-se as mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição do juiz (arts. 144 e 145 do
CPC). Para esse estudo, não é necessário que vocês conheçam essas hipóteses, mas é necessário que vocês
conheçam o comando do art. 5º.
Além disso, conforme o parágrafo único, o mediador deve revelar qualquer fato ou circunstância que possa
suscitar dúvida sobre a sua imparcialidade. A mediação é um procedimento consensual, e para que haja
consenso, é necessário que as partes tenham pleno conhecimento de qualquer elemento que possa afetar
o procedimento:
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar às
partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar
dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade
em que poderá ser recusado por qualquer delas.
Além das hipóteses específicas de impedimento e suspeição, existe uma hipótese genérica na qual o
mediador fica impedido, pelo prazo de 01 (um) ano, de atuar em qualquer processo. Isso ocorre caso ele
assessore, represente ou patrocine (defenda) qualquer das partes, sendo que o prazo deve contar da última
audiência em que ele atuou. Confiram
Art. 6º O mediador fica impedido, pelo prazo de um ano, contado do término da última
audiência em que atuou, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes.
Para encerrar esse tópico, vale destacar que o mediador não poderá atuar como árbitro e nem funcionar
como testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em que tenha atuado como
mediador. Além disso, o mediador e todos aqueles que o assessoraram no procedimento de mediação,
quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são equiparados a servidores públicos, para os
efeitos da legislação penal (art. 327, do Código Penal). Veja:
Art. 7º O mediador não poderá atuar como árbitro nem funcionar como testemunha em
processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em que tenha atuado como mediador.
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Como você já deve ter percebido, existem duas grandes formas de mediação: a mediação extrajudicial e a
mediação judicial. A mediação extrajudicial poderá ser operada por qualquer pessoa capaz que tenha a
confiança das partes e seja capacitado para fazer mediação. Essa pessoa, o mediador, não precisará integrar
nenhum conselho, entidade de classe ou associação, nem, muito menos, estar inscrito nesses órgãos. O
necessário, mesmo, é que a pessoa seja: (i) capaz, (ii) tenha a confiança das partes e (iii) seja capacitado para
fazer mediação. Vejam:
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a
confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de
integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se.
Apesar de estarmos falando de mediação extrajudicial, a Lei de Mediação deixa claro que as partes poderão
ser assistidas por advogados. Não tendo recursos para pagar um advogado e querendo ser assistida de forma
técnica, a parte pode, ainda, solicitar a assistência de um Defensor Público. O importante é que não haja uma
parte com advogado e a outra sem (o importante é que não haja desequilíbrio). Se o mediador verificar que
uma das partes compareceu acompanhada de advogado (ou defensor público) e a outra não, ele deve
suspender o procedimento, até que a paridade de armas seja reestabelecida (art. 10):
Art. 10. As partes poderão ser assistidas por advogados ou defensores públicos.
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois
anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação
e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores,
reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados -
ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho
Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.
Detalhe interessante, e que muitas pessoas não sabem, é o de que o mediador NÃO precisa ser formado em
Direito. Isso mesmo. Para ser mediador judicial a pessoa precisa: (i) ser capaz, (ii) ser graduada há pelo menos
(02) DOIS anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo MEC e (iii) ter obtido capacitação
em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela ENFAM ou pelos tribunais.
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remuneração devida aos mediadores judiciais será fixada pelos tribunais e custeada pela partes, observada
a gratuidade, em caso de necessidade. Confira:
Art. 12. Os tribunais criarão e manterão cadastros atualizados dos mediadores habilitados
e autorizados a atuar em mediação judicial.
Art. 13. A remuneração devida aos mediadores judiciais será fixada pelos tribunais e
custeada pelas partes, observado o disposto no § 2º do art. 4º desta Lei.
Seguindo!
4 – Do procedimento de mediação
A mediação, como técnica de composição (solução) de conflitos, deve seguir um método, um procedimento,
sendo que existe um procedimento específico para a mediação extrajudicial e um procedimento específico
para a mediação judicial. Apesar dessa distinção, existem, também, algumas disposições comuns, que se
aplicam aos dois casos. Nessa parte da aula, vamos dar uma olhada nessas disposições comuns. Vejamos.
No início da primeira reunião de mediação, seja ela judicial ou extrajudicial, o mediador deverá alertar as
partes acerca das regras de confidencialidade aplicáveis ao procedimento. Então, há uma explicação inicial
sobre a confidencialidade, no entanto, se entender necessário, o mediador pode fazer novo alerta a respeito.
Além disso, a requerimento das partes ou do mediador, mas sempre com anuência das partes, poderão ser
admitidos no procedimento outros mediadores, quando isso for recomendável. Veja a literalidade dos arts.
14 e 15:
Art. 14. No início da primeira reunião de mediação, e sempre que julgar necessário, o
mediador deverá alertar as partes acerca das regras de confidencialidade aplicáveis ao
procedimento.
Art. 15. A requerimento das partes OU do mediador, e com anuência daquelas, poderão
ser admitidos outros mediadores para funcionarem no mesmo procedimento, quando isso
for recomendável em razão da natureza e da complexidade do conflito.
Outro ponto importante, aqui, é a possibilidade de SUSPENSÃO de processo judicial ou arbitral em curso.
Segundo o art. 16, ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-se à
mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por prazo suficiente para
a solução consensual do litígio. Vale apontar que essa decisão que suspende o processo é irrecorrível (já que
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não há interesse recursal da parte de recorrer contra uma medida com a qual ela própria consentiu) e, além
disso, ela não obsta (impede) a concessão de medidas de urgência.
Art. 16. Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-
se à mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a SUSPENSÃO do processo
por prazo suficiente para a solução consensual do litígio.
Mas quando podemos dizer que teve início o procedimento de mediação? Segundo o art. 17, considera-se
instituída a mediação na data para a qual for marcada a primeira reunião do procedimento.
Art. 17. Considera-se instituída a mediação na data para a qual for marcada a primeira
reunião de mediação.
E por que essa data é tão importante? Porque enquanto transcorrer o procedimento de mediação, ficará
SUSPENSO o prazo prescricional (art. 17, parágrafo único). Confiram:
Art. 17 (...)
Sendo assim, quando então acaba o procedimento de mediação? Segundo o art. 20, com a lavratura do seu
termo final, que deve ocorrer quando for celebrado o acordo ou quando não se justificarem mais os esforços
para a obtenção de um consenso. Veja:
Art. 20. O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu termo final,
quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos esforços para a
obtenção de consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido ou por
manifestação de qualquer das partes.
O parágrafo único tem uma regra importante: quando for celebrado acordo, esse acordo constitui título
executivo, que pode ser executado em juízo independentemente de processo de conhecimento judicial
prévio. A princípio, o acordo é um título executivo extrajudicial, mas se o acordo for homologado
judicialmente, passa a ser título executivo judicial, sujeito a cumprimento de sentença:
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Art. 18. Iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a presença das partes somente
poderão ser marcadas com a sua anuência.
Além disso, com o início do procedimento, o mediador pode se reunir separadamente ou em conjunto com
as partes. A possibilidade de reunião em separado não prejudica a imparcialidade, desde que essa reunião
tenha a finalidade exclusiva de solicitar informações sobre o caso:
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as partes, em
conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informações que entender
necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas.
Aqui, vale destacar que o mediador pode se reunir com as partes em conjunto, ou separadamente, a
depender da situação concreta.
Nessa parte da aula, vamos cuidar do procedimento de mediação extrajudicial. Os arts. 21 a 23, basicamente,
cuidam do ato pelo qual se dá início ao procedimento (o convite), disciplinando como esse convite deve ser
feito, os seus requisitos, a sua previsão contratual, etc. Vejamos.
Inicialmente, devemos dizer que o convite pode ser feito por qualquer meio de comunicação (telefone, carta,
e-mail, etc.). O que faz com que essa mensagem seja um convite, para fins de deflagrar o procedimento de
mediação extrajudicial, é a presença dos requisitos listados no art. 21, quais sejam: (i) o escopo proposto
para a negociação; (ii) a data da primeira reunião; e (iii) o local da primeira reunião. Vejam:
Art. 21. O convite para iniciar o procedimento de mediação extrajudicial poderá ser feito
por qualquer meio de comunicação e deverá estipular o escopo proposto para a
negociação, a data e o local da primeira reunião.
Esse convite, deverá ser respondido em até 30 dias. Caso ele não o seja, considera-se que não há interesse,
por parte do convidado, no procedimento de mediação extrajudicial. Ou seja, a aceitação do convidado deve
ser expressa. Caso ele não se manifeste, por consequência, considera-se que houve uma rejeição tácita.
Confiram (art. 21, parágrafo único):
Parágrafo único. O convite formulado por uma parte à outra considerar-se-á rejeitado se
não for respondido em até trinta dias da data de seu recebimento.
Esse procedimento de mediação extrajudicial também pode vir estabelecido em contrato, no que se
convencionou chamar de cláusula de mediação. Essa cláusula deverá conter, no mínimo: (i) prazo mínimo e
máximo para a realização da primeira reunião de mediação, contado a partir da data de recebimento do
convite; (ii) local da primeira reunião de mediação; (iii) critérios de escolha do mediador ou equipe de
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mediação; e (iv) penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de
mediação. Vejam:
Não havendo a previsão contratual completa, deverão ser observados os critérios do art. 22, § 2º, quais
sejam: (i) prazo mínimo de dez dias úteis e prazo máximo de três meses, contados a partir do recebimento
do convite; (ii) local adequado a uma reunião que possa envolver informações confidenciais; (iii) lista de cinco
nomes, informações de contato e referências profissionais de mediadores capacitados (a parte convidada
poderá escolher, expressamente, qualquer um dos cinco mediadores e, caso a parte convidada não se
manifeste, considerar-se-á aceito o primeiro nome da lista) e (iv) o não comparecimento da parte convidada
à primeira reunião de mediação acarretará a assunção por parte desta de cinquenta por cento das custas e
honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que
envolva o escopo da mediação para a qual foi convidada. Confiram:
Art. 22 (...)
I - prazo mínimo de dez dias úteis e prazo máximo de três meses, contados a partir do
recebimento do convite;
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É possível, ainda, que a previsão contratual não traga todos os apontamentos exigidos pelo art. 22, caput,
mas faça referência a regulamento publicado por instituição idônea prestadora de serviços de mediação.
Veja:
Art. 22 (...)
§ 1º A previsão contratual pode substituir a especificação dos itens acima enumerados pela
indicação de regulamento, publicado por instituição idônea prestadora de serviços de
mediação, no qual constem critérios claros para a escolha do mediador e realização da
primeira reunião de mediação.
Quer dizer, a lei deixa as partes bem livres para estipular como será esse procedimento no intuito de facilitar
ao máximo a composição do litígio. Ao mesmo tempo, ela se preocupa em estipular alguns critérios mínimos
para o caso de ausência de determinação específica por parte do contrato.
1) Os critérios do art. 22, § 2º, não são critérios mínimos a serem obedecidos em qualquer caso, mas
critérios subsidiários que devem ser aplicados em caso de omissão.;
2) Esses critérios do art. 22 e §§ caem muito em provas e vocês precisam estar com eles na ponta da
língua. Beleza?
Portanto, lembre-se:
Critérios do art. 22
A previsão contratual de mediação deverá conter, no mínimo:
• prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, contado a partir da
data de recebimento do convite
Não havendo previsão contratual completa, deverão ser observados os seguintes critérios para a realização
da primeira reunião de mediação:
• prazo MÍNIMO de DEZ dias úteis e prazo MÁXIMO de três meses, contados a partir do recebimento
do convite
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Temos uma regra bastante específica no art. 23: se as partes tiverem se comprometido a não iniciar
procedimento arbitral ou judicial durante certo prazo ou até o cumprimento de uma condição, essa previsão
deve ser observada pelo árbitro ou pelo juiz, que devem suspender o processo até o implemento do prazo
ou condição.
Essa regra não impede a concessão de medidas de urgência, de acordo com o parágrafo único:
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas de urgência em que o acesso
ao Poder Judiciário seja necessário para evitar o perecimento de direito.
Os Tribunais devem criar centros de solução de conflitos. Esses Centros são conhecidos como NUPEMEC:
Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos. Nesses núcleos, realizam-se sessões
e audiências de conciliação e mediação. Os núcleos também fazem outras atividades relativas a programas
que auxiliam, orientam e estimulam a autocomposição:
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O art. 25 é dos artigos dessa lei que mais aparece em provas e não é à toa. Como vimos ao estudar o art. 1º
parágrafo único, da Lei de Mediação, o mediador deve ser um terceiro imparcial escolhido ou aceito pelas
partes. Ocorre, contudo, que aqui há uma exceção para essa regra. Na mediação judicial os mediadores NÃO
estarão sujeitos à prévia aceitação das partes. O que elas podem fazer, no máximo, é impedir que esses
mediadores atuem no processo utilizando como argumento o impedimento ou a suspeição (art. 5º, da Lei
de Mediação). Confiram:
Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das
partes, observado o disposto no art. 5º desta Lei.
Apesar dessa afirmação categórica, esse ponto está longe de ser pacífico. O problema é que no art. 168, do
CPC (que é norma posterior à Lei de Mediação), vem expresso que as partes podem escolher, de comum
acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação, sem se fazer nenhuma
distinção entre mediação judicial ou mediação extrajudicial. Isso é complicado porque, de um lado, temos
uma lei específica, mas mais antiga, dizendo que os mediadores não estarão sujeitos a prévia aceitação das
partes; de outro, temos uma lei geral, mas mais moderna, dizendo que as partes podem escolher, de comum
acordo, quem será o mediador, o que cria um impasse que deverá ser resolvido pela doutrina e pela
jurisprudência.
Para a sua prova, contudo, eu sugiro que você siga a literalidade da Lei de Mediação. Isso já foi cobrado em
provas e a literalidade do art. 25 foi considerada correta, sem ressalvas.
No art. 26 existe uma disposição um tanto intuitiva. No procedimento de mediação judicial, as partes deverão
estar assistidas por advogados ou defensores. Ressalva se faz à mediação que esteja ocorrendo no âmbito
dos Juizados Especiais (Leis n. 9.099/95 e 10.259/01):
Art. 26. As partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos, ressalvadas
as hipóteses previstas nas Leis n º 9.099, de 26 de setembro de 1995 , e 10.259, de 12 de julho de
2001 .
Na sequência, podemos ver que a mediação judicial, de fato, não é uma faculdade das partes. Segundo o art.
27, se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do
pedido, o juiz designará audiência de mediação. Veja:
Art. 27. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de mediação.
Para finalizar, o procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até 60 (sessenta) dias, contados
da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requererem a sua prorrogação.
Se for obtido acordo, o juiz irá arquivar o processo. O juiz só vai homologar o acordo se houver pedido das
partes nesse sentido:
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Art. 28. O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até sessenta dias,
contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requererem sua
prorrogação.
Parágrafo único. Se houver acordo, os autos serão encaminhados ao juiz, que determinará
o arquivamento do processo e, desde que requerido pelas partes, homologará o acordo,
por sentença, e o termo final da mediação e determinará o arquivamento do processo.
Além disso, solucionado o conflito antes da citação do réu, não haverá que se falar em custas judiciais.
Confira:
Art. 29. Solucionado o conflito pela mediação antes da citação do réu, não serão devidas
custas judiciais finais.
Como visto nos comentários ao art. 2º, em especial, no que se refere ao seu inciso VII, a confidencialidade é
um tópico muito importante dentro do assunto “mediação”. Não por coincidência, os artigos 30 e 31 são
dois dos artigos dessa lei mais cobrados em concursos que abordam o tema e é fundamental que você
conheça o conteúdo desses dois dispositivos para a sua prova.
O art. 30, em seu caput, vem dizendo que toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação
será confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial,
SALVO se as partes expressamente decidirem de forma diversa OU quando sua divulgação for exigida por lei
ou necessária para cumprimento de acordo. Vejam:
As duas primeiras nós já vimos (art. 30, caput): a confidencialidade não se aplica (i) quando as partes
expressamente decidirem pela sua não aplicação ou (ii) quando a divulgação do conteúdo que seria
confidencial for exigida por lei ou necessária para cumprimento de acordo.
A terceira, é a que se faz em relação a informação relativa à ocorrência de crimes. Quer dizer, havendo no
processo qualquer informação que possa levar à compreensão de que uma das partes pode ter cometido um
crime, essa informação não será acobertada pelo princípio da confidencialidade. Veja:
Art. 30 (...)
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E a quarta, é a que se faz em relação às informações relevantes para a administração tributária (aquelas que
podem gerar a cobrança de impostos, por exemplo). Veja:
Art. 30 (...)
A própria Lei de Mediação, nos arts. 30 e 31, ressalva, a aplicação da confidencialidade nas situações em que
(i) as partes expressamente decidirem de forma diversa, (ii) quando a divulgação for exigida por lei ou
necessária ao cumprimento do acordo, (iii) quando houver informação de ocorrência de crime de ação
pública e (iv) quando a informação for necessária para a administração tributária.
São essas as quatro ressalvas que vocês devem levar para a prova.
Outro ponto importante é o de que esse dever de confidencialidade possui duas vertentes: uma subjetiva e
uma objetiva.
Subjetivamente, esse dever se aplica: (i) ao mediador; (ii) às partes; (iii) aos seus prepostos (representantes);
(iv) aos seus advogados; (v) aos seus assessores técnicos; (vi) e a quaisquer outras pessoas que tenham direta
OU indiretamente participado do procedimento.
Objetivamente, ele se aplica: (i) à declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma
parte à outra na busca de entendimento para o conflito; (ii) ao reconhecimento de fato por qualquer das
partes no curso do procedimento de mediação; (iii) à manifestação de aceitação de proposta de acordo
apresentada pelo mediador; e (iv) ao documento preparado unicamente para os fins do procedimento de
mediação.
Confira:
Art. 30 (...)
I - declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte à outra
na busca de entendimento para o conflito;
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Para proteger as partes e garantir que esse dever de confidencialidade seja respeitado, a lei deixa claro que
qualquer prova apresentada em desacordo com esses limites NÃO será admitida em processo arbitral ou
judicial (art. 30, § 2º). Veja:
Art. 30 (...)
§ 2º A prova apresentada em desacordo com o disposto neste artigo não será admitida em
processo arbitral ou judicial.
Por fim, em compasso com aquela ideia de que o mediador pode se reunir com as partes em conjunto OU
separadamente (art. 19), as informações prestadas por uma parte em sessão privada (aquela em que só está
uma parte e o mediador) não poderão ser reveladas às demais partes, exceto se expressamente autorizado.
Vejamos o dispositivo:
Art. 31. Será confidencial a informação prestada por uma parte em sessão privada, não
podendo o mediador revelá-la às demais, exceto se expressamente autorizado.
Como dito no início da aula, essa lei é dividida em três capítulos. O primeiro, que nós já vimos, trata sobre a
mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares. O segundo, que nós vamos ver agora,
trata sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração. E o terceiro, que nós vamos em ver
em seguida, traz as disposições finais.
Sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração, a primeira coisa que nós devemos saber
é que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar as suas próprias câmaras de
prevenção e resolução administrativa de conflitos. Esses órgãos devem ser criados no âmbito dos
respectivos órgãos da Advocacia Pública (ex.: Procuradoria Geral do Estado, Procuradoria Geral do
Município) e terão como competências: (i) dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração
pública; (ii) avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso
de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público; (iii) promover, quando couber, a
celebração de termo de ajustamento de conduta.
É exatamente isso o que dispõe o art. 32, caput, da Lei de Mediação. Veja:
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Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de
prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da
Advocacia Pública, onde houver, com competência para:
Nos §§ do art. 32, há também algumas informações importantes. Vamos ler o dispositivo:
Art. 32 (...)
Cabe aos próprios entes federados regulamentar as suas câmaras de mediação, que serão órgãos do próprio
ente.
Atenção para essa regra: é facultativa a submissão de conflitos à câmara de mediação. Além disso, só nos
casos previstos em regulamento é possível a realização da mediação.
§ 3º Se houver consenso entre as partes, o acordo será reduzido a termo e constituirá título
executivo extrajudicial.
Formando-se acordo no âmbito da câmara de mediação, o termo será título executivo extrajudicial.
A câmara de mediação é órgão do Poder Executivo e, por isso, não é possível deferir direito que depende de
autorização legislativa. Conflitos que demandem solução legislativa não devem ser submetidos à câmara.
Por fim, o § 5º traz regra de compreensão simples, prevendo que a câmara pode resolver conflitos a respeito
do equilíbrio econômico-financeiro de contratos administrativos:
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Enquanto não forem criadas essas câmaras de que trata o art. 32, os conflitos poderão ser dirimidos com
base no procedimento de mediação previsto para a mediação judicial. Veja:
Art. 33. Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação, os conflitos poderão ser
dirimidos nos termos do procedimento de mediação previsto na Subseção I da Seção III do
Capítulo I desta Lei.
Além disso, a Advocacia Pública pode instaurar, de ofício ou mediante provocação, procedimento de
mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços públicos (art. 33, parágrafo único).
Confira:
Parágrafo único. A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, onde houver, poderá instaurar, de ofício ou mediante provocação,
procedimento de mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços
públicos.
Para finalizar essa parte inicial do capítulo II da Lei, é importante destacar que a instauração de procedimento
administrativo para a resolução consensual de conflitos no âmbito da administração pública, tal qual
acontece na mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares, suspende o prazo
prescricional. A diferença é que, aqui, o termo inicial do procedimento não será a data marcada para a
primeira reunião, como acontece lá. Aqui, considera-se instaurado o procedimento quando o órgão ou
entidade pública emitir juízo de admissibilidade, retroagindo a suspensão da prescrição à data de
formalização do pedido de resolução consensual do conflito. A exceção é que, em se tratando de matéria
tributária, a suspensão da prescrição deverá observar o disposto no Código Tributário Nacional. Vejamos o
dispositivo:
Como vimos nos comentários ao art. 32, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar
suas próprias câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos seus respectivos
órgãos de Advocacia Pública e o modo de composição e funcionamento dessas câmaras será estabelecido
em regulamento de cada ente federado.
Apesar de possibilitar essa regulamentação fragmentada, o que a Lei de Mediação faz em seus arts. 35 a 40
é, basicamente, estabelecer algumas linhas gerais para esse procedimento em âmbito federal, dispondo, por
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exemplo, sobre como deverá ser realizada a transação por adesão ou a solução dos conflitos que envolvam
controvérsia jurídica entre órgãos ou entidades de direito público.
Antes de mais nada, vamos explicar o que significa “transação por adesão”. A transação por adesão ocorre
quando, diante de um tema que está gerando muitos conflitos e envolve a Administração Pública, a
Administração faz uma proposta de acordo com os parâmetros fechados para todos os interessados. Vocês
devem imaginar um contrato de adesão, algo como uma solução já pronta que a Administração traz para
uma controvérsia e os administrados interessados aceitam ou não (ex.: vários servidores estão se
aposentando em determinadas condições e há uma discussão sobre a aplicação da regra X ou a aplicação da
regra Y, ao caso; nessa hipótese, a Administração propõe que seja aplicada a regra X e todos aqueles
servidores que concordarem com essa solução aderem à proposta da Administração e se aposentam; os
demais, vão discutir em juízo qual regra deverá ser aplicada).
No art. 35, caput, a Lei estipula que a transação por adesão depende de autorização do Advogado-Geral da
União, de acordo com jurisprudência pacífica do STF ou de outro Tribunal Superior, ou de parecer do
Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República:
Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública FEDERAL direta,
suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento
em:
Depois, no §§ do art. 35, a Lei traz mais algumas especificidades dessa técnica de solução de conflitos. Confira
o dispositivo:
Quando o interessado pretender aderir à transação, ele deve comprovar os requisitos e condições
estabelecidos pela Administração:
§ 3º A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos idênticos,
tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione apenas
parte da controvérsia.
A resolução por meio da administração tem efeitos gerais, estando disponível a todos os interessados
habilitados tempestivamente.
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Quando houver adesão à proposta da administração, essa adesão implica a renúncia de eventual processo
judicial ou administrativo em curso sobre o mesmo fato no que tangem aos pontos abrangidos pela
transação.
Por outro lado, o § 6º traz uma regra importante: a transação não implica renúncia tácita da prescrição, nem
implica interrupção ou suspensão:
A partir do art. 36, a Lei trata sobre os conflitos entre órgãos ou entidades de direito público federais. Vejam:
Art. 36. No caso de conflitos que envolvam controvérsia jurídica entre órgãos ou entidades
de direito público que integram a administração pública federal, a Advocacia-Geral da
União deverá realizar composição extrajudicial do conflito, observados os procedimentos
previstos em ato do Advogado-Geral da União.
Quando o conflito for entre órgãos da própria administração federal, deve ser realizada composição
extrajudicial do conflito, de acordo com procedimento previsto em ato do AGU.
Do mesmo modo como acontece no art. 35, nos §§ do art. 36 são trazidas algumas especificidades sobre o
tema:
Se não for obtida a composição extrajudicial do conflito, o AGU deve dar uma solução para a questão.
Observe-se que como a questão interna à administração federal, não seria viável a judicialização, pois a
União seria ao mesmo tempo autora e ré.
Os parágrafo a seguir trazem algumas regras adicionais para os casos em que o conflito interno envolver
alguma dívida: nesse caso, em razão do impacto orçamentário, há regras específicas:
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§ 4º Nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio esteja sendo discutida em ação de
improbidade administrativa OU sobre ela haja decisão do Tribunal de Contas da União, a
conciliação de que trata o caput dependerá da anuência expressa do juiz da causa ou do
Ministro Relator.
No art. 37, a Lei estipula que é facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e
fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista federais, submeter
seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para fins
de composição extrajudicial do conflito. Veja:
Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e
fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista
federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal
à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito.
No art. 38, a Lei trata sobre os casos em que a controvérsia versa sobre tributos federais: como o tributo é
uma prestação de caráter compulsório, não se admite a solução consensual da questão: a única medida
possível, nesse caso, será a formalização de termo de ajustamento de conduta.
Art. 38. Nos casos em que a controvérsia jurídica seja relativa a tributos administrados pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil ou a créditos inscritos em dívida ativa da União:
Também não é viável a solução consensual por ato do AGU quando se tratar de imposição tributária, pois os
tributos são devidos por força de lei, não cabendo o seu afastamento por mero ato administrativo.
III - quando forem partes as pessoas a que alude o caput do art. 36:
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Por outro lado, quando a discussão for entre órgãos da própria administração federal, cabe a solução
consensual, pois nesse caso não haverá redução do tributo, mas tão somente a destinação a outro órgão. De
todo modo, a resolução do litígio vai depender de manifestação conjunta do AGU e do Ministro do Estado
da Economia, que substituiu o Ministério da Fazenda.
Além disso, de acordo com o parágrafo único, esse poder não afasta o poder do AGU de uniformizar os
entendimentos da Administração Federal:
E nos arts. 39 e 40, a Lei traz mais duas disposições que merecem apenas a leitura:
Art. 39. A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo
e passivo órgãos ou entidades de direito público que integrem a administração pública
federal deverá ser previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União.
7 – Disposições finais
Chegando ao último ponto da nossa aula, sugiro que vocês deem apenas uma lida atenta nessas disposições
finais. Faço um destaque, apenas, para o art. 46, que dispõe que a mediação poderá ser feita pela internet
ou por outro meio de comunicação que permita a transação à distância, desde que as partes estejam de
acordo. Além disso, vale dizer que é facultado à parte domiciliada no exterior submeter-se à mediação.
Veja:
Art. 42. Aplica-se esta Lei, no que couber, às outras formas consensuais de resolução de
conflitos, tais como mediações comunitárias e escolares, e àquelas levadas a efeito nas
serventias extrajudiciais, desde que no âmbito de suas competências.
Parágrafo único. A mediação nas relações de trabalho será regulada por lei própria.
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Art. 43. Os órgãos e entidades da administração pública poderão criar câmaras para a
resolução de conflitos entre particulares, que versem sobre atividades por eles reguladas
ou supervisionadas.
Art. 44. Os arts. 1º e 2º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997 , passam a vigorar com a
seguinte redação:
§ 3º Regulamento disporá sobre a forma de composição das câmaras de que trata o § 1º,
que deverão ter como integrante pelo menos um membro efetivo da Advocacia-Geral da
União ou, no caso das empresas públicas, um assistente jurídico ou ocupante de função
equivalente.
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§ 3º O valor de cada prestação mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de juros
equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para
títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao da
consolidação até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento relativamente ao mês
em que o pagamento estiver sendo efetuado.
Art. 45. O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 , passa a vigorar acrescido do seguinte art.
14-A:
“Art. 14-A. No caso de determinação e exigência de créditos tributários da União cujo sujeito
passivo seja órgão ou entidade de direito público da administração pública federal, a
submissão do litígio à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral da União é
considerada reclamação, para fins do disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.”
Art. 46. A mediação poderá ser feita pela internet ou por outro meio de comunicação que
permita a transação à distância, desde que as partes estejam de acordo.
Art. 47. Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e oitenta dias de sua publicação
oficial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final de mais uma aula.
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RESUMO
A mediação é forma autocompositiva de solução de conflitos.
O conciliador atua, preferencialmente, nos processos em que não haja vínculo prévio entre as
partes (acidente de trânsito), ao passo que a mediação visa a processos de relação continuada, por
intermédio dos quais há vínculos entre as partes (relações de família ou relação de vizinhança).
Na mediação são trabalhadas as causas do conflito e não apenas a resolução dele, como é na
conciliação;
O mediador não propõe soluções, mas conduz as partes à solução do conflito. O conciliador, por
sua vez, sugere a solução.
A Lei de Mediação destina-se a relações entre particulares, entre a administração pública e entre
particulares e a administração pública.
A mediação é conduzida por terceiro imparcial, que não tem poder decisório, sendo escolhido ou aceito
pelas partes. A finalidade do mediador é auxiliar na identificação e desenvolvimento das soluções.
imparcialidade do mediador;
oralidade;
informalidade;
busca do consenso;
confidencialidade;
boa-fé.
A mediação é destinada a conflitos que versem sobre direitos disponíveis ou direitos indisponíveis que
admitam transação.
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A mediação pode versar sobre todo o conflito ou apenas sobre parte dele.
O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo,
exigida a oitiva do Ministério Público.
não pode ser árbitro ou testemunha na causa em que tiver atuado como mediador;
➢ o mediador extrajudicial pode ser qualquer pessoa de confiança das partes, para os quais
admite assistência por advogado.
* comparecendo uma das partes assistida, suspende-se o processo até regular assistência
por advogado da outra parte.
➢ o mediador judicial deve ser pessoa graduada em direito há, pelo menos, 2 anos, com
capacitação.
A mediação extrajudicial:
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A mediação judicial:
devem estar assistidos por advogados, exceto das dispensas decorrentes das Lei 9.099/1995 (20
salários-mínimos) e Lei 10.259/2001 (60 salários-mínimos).
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não podem ser objeto de mediação controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou
concessão de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo;
a resolução consensual pode se dar por transação por adesão ou solução de conflitos entre órgãos
ou entidades de direito público.
a transação por adesão envolve coletividade de interessados com decisão única para todos.
Admite-se essa modalidade quando:
Caso o litígio seja objeto de ação de improbidade administrativa ou sobre ele haja decisão do TCU,
o acordo depende da anuência expressa do juízo ou do Ministro Relator do tribunal de contas.
➢ não se admite a mediação com particulares (ou seja, apenas entre órgãos e entidades da
administração pública);
➢ não se estende às empresas públicas e sociedades de economia mista que exporem
atividade econômica ou comercialização de bens e de prestação de serviços em regime de
concorrência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos mais uma aula.
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Com isso, concluímos nosso curso. Espero que vocês tenham gostado e que o curso seja útil na jornada de
vocês rumo à aprovação.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou disponível no fórum do Curso e
por e-mail.
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Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 25, da Lei nº 13.140/15, na mediação judicial, os
mediadores não se sujeitam à prévia aceitação das partes. Mas, conforme prevê o art. 5º, se sujeitam às
mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição do juiz.
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar às
partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar
dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade
em que poderá ser recusado por qualquer delas.
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Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das
partes, observado o disposto no art. 5º desta Lei.
A alternativa C está incorreta. Com base no art. 19, da referida Lei, o mediador pode reunir-se em conjunto
ou separadamente com as partes.
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as partes, em
conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informações que entender
necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas.
A alternativa D está incorreta. Vejamos o que estabelece o art. 22, §2º, IV, da Lei nº 13.140/15:
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão, conforme dispõe o art. 23, da referida Lei:
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas de urgência em que o acesso
ao Poder Judiciário seja necessário para evitar o perecimento de direito.
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Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 32, §5º, da Lei nº 13.140/15, os conflitos que envolvem
equilíbrio econômico-financeiro de contratos celebrados pela Administração Pública com particulares
podem ser submetidos às câmaras de prevenção e resolução administrativa de litígios.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois está de acoro com o que dispõe o art. 37, da
referida Lei:
Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e
fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista
federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal
à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito.
A alternativa C está incorreta. As controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão
de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo não estão incluídas na competência das câmaras de
prevenção e resolução administrativa de conflitos, conforme prevê o art. 32, §4º, da Lei nº 13.140/15.
A alternativa D está incorreta, pois contraria o disposto no parágrafo único, do art. 33, da referida Lei:
Parágrafo único. A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, onde houver, poderá instaurar, de ofício ou mediante provocação,
procedimento de mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços
públicos.
A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 34, §2º, da Lei nº 13.140/15, a instauração de
procedimento administrativo para resolução consensual de conflito no âmbito da Administração Pública
suspende a prescrição.
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c) Não podem ser objeto de mediação os conflitos que versem sobre direitos indisponíveis, ainda que
admitam transação.
d) Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das partes.
Comentários
A alternativa A está correta, com base no art. 5º, caput, da Lei nº 13.140/15:
A alternativa B está correta. Os princípios orientadores da mediação estão previstos no art. 2º, da Lei nº
13.140/15. Entre eles estão os princípios da isonomia entre as partes, da informalidade, da confidencialidade
e da boa-fé. Vejamos:
I - imparcialidade do mediador;
III - oralidade;
IV - informalidade;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé.
A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 3º, da referida Lei, pode ser
objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que
admitam transação.
Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das
partes, observado o disposto no art. 5º desta Lei.
4. (IESES/TJ-CE - 2018) Ainda acerca da Mediação e segundo o disposto na Lei n. 13.140/15, é correto
afirmar:
a) Nenhuma das alternativas.
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b) A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo e passivo órgãos ou
entidades de direito público que integrem a administração pública federal deverá ser previamente
autorizada pelo Procurador Geral da República.
c) Observados os requisitos apontados na própria Lei de Mediação, as controvérsias jurídicas que envolvam
a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por
adesão.
d) É obrigatório aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem
como às empresas públicas e sociedades de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos ou
entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial
do conflito.
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, nos termos do art. 35, da Lei nº 13.140/15:
Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta,
suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento
em:
(...)
A alternativa B está incorreta, pois a autorização deve ser do Advogado-Geral da União. Vejamos o que
dispõe o art. 39, da Lei nº 13.140/15:
Art. 39. A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo
e passivo órgãos ou entidades de direito público que integrem a administração pública
federal deverá ser previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União.
A alternativa D está incorreta, visto que a submissão é facultativa – art. 37, da referida Lei:
Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e
fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista
federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal
à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito.
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c) por não ter poder decisório, não se aplicam ao mediador as hipóteses legais de impedimento e suspeição
do juiz.
d) o mediador fica impedido, por tempo indefinido, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das
partes, embora possa atuar como árbitro em conflito que as envolva.
e) no desempenho de sua função, o mediador deverá reunir-se com as partes sempre em conjunto, a fim de
não se levantar qualquer objeção quanto à sua imparcialidade.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme dispõe o art. 11, da Lei nº 13.140/15:
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois
anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação
e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores,
reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados -
ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho
Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o §2º, do art. 3º, da referida Lei, o consenso das partes
envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do
Ministério Público.
A alternativa C está incorreta. De fato o mediador não tem poder decisório, mas se aplicam a ele as hipóteses
legais de impedimento e suspeição do juiz, nos termos do art. 5º, da Lei nº 13.140/15:
A alternativa D está incorreta. O mediador fica impedido, pelo prazo de um ano, contado do término da
última audiência em que atuou, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes. É o que
estabelece o art. 6º, da referida Lei.
A alternativa E está incorreta. O art. 19, da Lei nº 13.4/1, prevê que no desempenho de sua função, o
mediador poderá reunir-se com as partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as
informações que entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas.
6. (FGV/COMPESA - 2016) Com relação à mediação, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a
falsa.
( ) Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, as partes deverão comparecer à
primeira reunião de mediação.
( ) Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação, com exceção de proposta formulada
por uma parte à outra na busca de entendimento para o conflito, será confidencial em relação a terceiros,
não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial salvo se as partes expressamente
decidirem de forma diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de
acordo obtido pela mediação.
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( ) Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-se à mediação,
hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por prazo suficiente para a solução
consensual do litígio.
As afirmativas são, respectivamente,
a) F, V e F.
b) V, V e V.
c) V, F e F.
d) V, V e F.
e) V, F e V.
Comentários
O item II é falso. A proposta formulada por uma parte a outra na busca do entendimento para o conflito
também é alcançada pela confidencialidade. Vejamos o que dispõe o art. 30, §1º, I, da referida Lei:
I - declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte à outra
na busca de entendimento para o conflito;
O item III é verdadeiro, nos termos do art. 16, caput, da Lei nº 13.140/15:
Art. 16. Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-
se à mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por
prazo suficiente para a solução consensual do litígio.
7. (IESES/TJ-MA - 2016) O Instituto da Mediação previsto na Lei 13140/15 estabelece que a pode ser
utilizada quando o objeto o conflito:
a) Verse sobre direitos disponíveis e indisponíveis que admitam transação.
b) Verse sobre intransigíveis.
c) Verse sobre direitos não patrimoniais.
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Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Trata-se de questão literal, que cobra a disposição
expressa no art. 3º, da Lei nº 13.140/15. Confira:
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre
direitos indisponíveis que admitam transação.
8. (FGV/TJ-RO - 2015) O ano de 2015 foi sem dúvida importante para a mediação no Brasil, na medida
em que foi sancionada a lei nº 13.140/2015 que dispõe sobre o seu uso entre particulares como meio de
solução de controvérsias e a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
Com relação à mediação, analise as afirmativas a seguir:
I - Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que,
escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para
a controvérsia.
II - A mediação será orientada pelos princípios de imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes,
oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé.
III - A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação da
função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua imparcialidade
para mediar o conflito, oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas.
Está correto o que se afirma em:
a) somente I;
b) somente II;
c) somente I e III;
d) somente II e III;
e) I, II e III.
Comentários
O item I está correto, com base no art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 13.140/15:
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial
sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
O item II está correto. Os princípios são normas, e não meras diretrizes ou sugestões estabelecidas pela lei.
Devem orientar a atividade dos mediadores e das partes envolvidas dentro da maior proximidade possível.
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I - imparcialidade do mediador;
III - oralidade;
IV - informalidade;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé.
Por fim, o item III também está correto, nos termos do art. 5º, da Lei nº 13.140/15:
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar às
partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar
dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade
em que poderá ser recusado por qualquer delas.
9. (IBFC/TRF-2ªR - 2018) Com relação à aplicabilidade dos meios consensuais de solução de conflitos
que envolvam o poder público, é correto afirmar que:
a) eles não se aplicam à administração pública. A inafastabilidade da jurisdição decorrente da soberania
impede a administração de negociar e firmar acordos com particulares.
b) o interesse público não pode ser objeto de transação pela administração. Nesse sentido, o campo de
atuação desses meios consensuais no direito administrativo é muito restrito pela indisponibilidade do
interesse público.
c) a supremacia do interesse público sobre o particular não legitima a realização de mediação e/ou
arbitragem em conflitos em que a administração pública é parte.
d) Lei n. 13.140 de 26.06.2015 - Lei de Mediação - permite a autocomposição de conflitos como meio de
solução de conflitos que envolvam a administração pública, incluindo no seu objeto os direitos disponíveis e
os indisponíveis que admitam transação.
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A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 1º, a Lei nº 13.140/15 dispõe sobre a mediação como
meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da
administração pública.
A alternativa B está incorreta. O interesse público não só pode ser objeto de transação, como ele é o maior
exemplo de direito indisponível que pode ser transacionado. A título de ilustração, deem uma olhada nesse
trecho do RE 253.885/MG:
A alternativa C está incorreta. Como vimos, a Lei de Mediação traz um capítulo inteiro só para falar sobre a
autocomposição em conflitos que envolvam a Administração Pública. Além disso, na Lei de Arbitragem, há
disposição expressa no sentido de que a administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da
arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis (art. 1º, § 1º, da Lei n. 9.307/96).
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme dispõe os arts. 1º e 3º, da Lei nº 13.140/15:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre
particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
--
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre
direitos indisponíveis que admitam transação.
A alternativa E está incorreta. Apesar de a arbitragem ser um técnica que pode ser utilizada pela
Administração, ela não poderá resolver conflitos que versem sobre atos de império (aqueles atos praticados
pelo Estado que decorrem diretamente da sua soberania, como por exemplo a declaração de guerra ou a
celebração de paz).
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A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o §1º, do art. 4º, da Lei nº 13.140/15,
o mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes, buscando o entendimento e o
consenso e facilitando a resolução do conflito.
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O item I está incorreto. Vejamos o que dispõe o art. 40, da Lei nº 13.140/15:
I - imparcialidade do mediador;
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III - oralidade;
IV - informalidade;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé.
O item III está correto, nos termos do art. 46, da Lei nº 13.140/15:
Art. 46. A mediação poderá ser feita pela internet ou por outro meio de comunicação que
permita a transação à distância, desde que as partes estejam de acordo.
O item IV está incorreto. De acordo com o art. 26, da referida Lei, na mediação judicial as partes deverão ser
assistidas por advogados ou defensores públicos, RESSALVADAS as hipóteses previstas nas Leis n º 9.099, de
26 de setembro de 1995 , e 10.259, de 12 de julho de 2001. A obrigação não é absoluta como faz crer a
questão.
12. (CONSULPLAN/TJ-MG - 2018) Sobre o procedimento administrativo que dispõe sobre a mediação
entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no
âmbito da administração pública, é INCORRETO afirmar que:
a) Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis
que admitam transação que deverá ser objeto de homologação pelo conciliador ou mediador indicado pelo
Tribunal ou pelas partes.
b) Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-se à mediação, hipótese
em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por prazo suficiente para a solução consensual
do litígio, não cabendo recurso dessa decisão que suspende o processo.
c) As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas autarquias e
fundações poderão ser objeto de transação por adesão e implicará renúncia do interessado ao direito sobre
o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, no que tange aos pontos
compreendidos pelo objeto da resolução administrativa.
d) Não havendo previsão contratual completa, deverão ser observados os critérios legais para a realização
da primeira reunião de mediação dentre eles o aviso de que o não comparecimento da parte convidada à
primeira reunião de mediação acarretará a assunção por parte desta de 50% (cinquenta por cento) das custas
e honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que
envolva o escopo da mediação para a qual foi convidada.
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Comentários
A alternativa A está incorreta e é o gabarito da questão. De fato, tanto os conflitos que versam sobre direitos
disponíveis quanto os que versam sobre direitos indisponíveis em que se admita transação podem ser objeto
de mediação. Porém, neste último caso, a transação deverá ser homologada judicialmente.
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre
direitos indisponíveis que admitam transação.
§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser
homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público.
Art. 16. Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-
se à mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por
prazo suficiente para a solução consensual do litígio.
A alternativa C está correta, com base no art. 35, caput, da Lei nº 13.140/15:
Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta,
suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento
em:
A alternativa D está correta, pois é o que estabelece o art. 22, §2º, IV, da referida Lei:
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caso venha a ser vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que envolva o
escopo da mediação para a qual foi convidada.
13. (UECE-CEV/SEAS-CE - 2017) Atente ao que se afirma a seguir sobre o processo de mediação de
conflitos: “O processo de mediação de conflitos pode ser compreendido como:
I. reconciliação entre as partes conflitantes;
II. administração de disputas;
III. um processo participativo e flexível conduzido por um terceiro imparcial.
Está correto somente o que se diz em
a) I e II.
b) I e III.
c) II.
d) III.
Comentários
Os itens I e II estão incorretos, conforme dispõe o art. 2º, VI, da Lei nº 13.140/15:
VI - busca do consenso;
O item III está correto, com base no art. 1º, parágrafo único, da referida Lei:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre
particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial
sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
Comentários
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A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme dispõe o art. 2º, §§1º e 2º, da Lei nº
13.140/15:
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4. (IESES/TJ-CE - 2018) Ainda acerca da Mediação e segundo o disposto na Lei n. 13.140/15, é correto
afirmar:
a) Nenhuma das alternativas.
b) A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo e passivo órgãos ou
entidades de direito público que integrem a administração pública federal deverá ser previamente
autorizada pelo Procurador Geral da República.
c) Observados os requisitos apontados na própria Lei de Mediação, as controvérsias jurídicas que envolvam
a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por
adesão.
d) É obrigatório aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem
como às empresas públicas e sociedades de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos ou
entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial
do conflito.
6. (FGV/COMPESA - 2016) Com relação à mediação, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a
falsa.
( ) Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, as partes deverão comparecer à
primeira reunião de mediação.
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( ) Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação, com exceção de proposta formulada
por uma parte à outra na busca de entendimento para o conflito, será confidencial em relação a terceiros,
não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial salvo se as partes expressamente
decidirem de forma diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de
acordo obtido pela mediação.
( ) Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-se à mediação,
hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por prazo suficiente para a solução
consensual do litígio.
As afirmativas são, respectivamente,
a) F, V e F.
b) V, V e V.
c) V, F e F.
d) V, V e F.
e) V, F e V.
7. (IESES/TJ-MA - 2016) O Instituto da Mediação previsto na Lei 13140/15 estabelece que a pode ser
utilizada quando o objeto o conflito:
a) Verse sobre direitos disponíveis e indisponíveis que admitam transação.
b) Verse sobre intransigíveis.
c) Verse sobre direitos não patrimoniais.
d) Verse sobre direitos contratuais.
8. (FGV/TJ-RO - 2015) O ano de 2015 foi sem dúvida importante para a mediação no Brasil, na medida
em que foi sancionada a lei nº 13.140/2015 que dispõe sobre o seu uso entre particulares como meio de
solução de controvérsias e a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
Com relação à mediação, analise as afirmativas a seguir:
I - Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que,
escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para
a controvérsia.
II - A mediação será orientada pelos princípios de imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes,
oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé.
III - A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação da
função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua imparcialidade
para mediar o conflito, oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas.
Está correto o que se afirma em:
a) somente I;
b) somente II;
c) somente I e III;
d) somente II e III;
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e) I, II e III.
9. (IBFC/TRF-2ªR - 2018) Com relação à aplicabilidade dos meios consensuais de solução de conflitos
que envolvam o poder público, é correto afirmar que:
a) eles não se aplicam à administração pública. A inafastabilidade da jurisdição decorrente da soberania
impede a administração de negociar e firmar acordos com particulares.
b) o interesse público não pode ser objeto de transação pela administração. Nesse sentido, o campo de
atuação desses meios consensuais no direito administrativo é muito restrito pela indisponibilidade do
interesse público.
c) a supremacia do interesse público sobre o particular não legitima a realização de mediação e/ou
arbitragem em conflitos em que a administração pública é parte.
d) Lei n. 13.140 de 26.06.2015 - Lei de Mediação - permite a autocomposição de conflitos como meio de
solução de conflitos que envolvam a administração pública, incluindo no seu objeto os direitos disponíveis e
os indisponíveis que admitam transação.
e) é cabível a utilização da arbitragem em conflitos decorrentes de contratos de concessões e permissões de
serviços públicos, cujo objeto envolvam atos de gestão e de império da administração.
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12. (CONSULPLAN/TJ-MG - 2018) Sobre o procedimento administrativo que dispõe sobre a mediação
entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no
âmbito da administração pública, é INCORRETO afirmar que:
a) Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis
que admitam transação que deverá ser objeto de homologação pelo conciliador ou mediador indicado pelo
Tribunal ou pelas partes.
b) Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-se à mediação, hipótese
em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por prazo suficiente para a solução consensual
do litígio, não cabendo recurso dessa decisão que suspende o processo.
c) As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas autarquias e
fundações poderão ser objeto de transação por adesão e implicará renúncia do interessado ao direito sobre
o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, no que tange aos pontos
compreendidos pelo objeto da resolução administrativa.
d) Não havendo previsão contratual completa, deverão ser observados os critérios legais para a realização
da primeira reunião de mediação dentre eles o aviso de que o não comparecimento da parte convidada à
primeira reunião de mediação acarretará a assunção por parte desta de 50% (cinquenta por cento) das custas
e honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que
envolva o escopo da mediação para a qual foi convidada.
13. (UECE-CEV/SEAS-CE - 2017) Atente ao que se afirma a seguir sobre o processo de mediação de
conflitos: “O processo de mediação de conflitos pode ser compreendido como:
I. reconciliação entre as partes conflitantes;
II. administração de disputas;
III. um processo participativo e flexível conduzido por um terceiro imparcial.
Está correto somente o que se diz em
a) I e II.
b) I e III.
c) II.
d) III.
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GABARITO
1. E
2. B
3. C
4. C
5. A
6. E
7. A
8. E
9. D
10. C
11. B
12. A
13. D
14. A
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