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AIRTONBORTOLUZZI

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UFSM

Dissertação de Mestrado

GERENCIAMENTO AMBIENTAL DOS POSTOS

DE REVENDA DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS:

UM ESTUDO DE CASO

Airton Campanhola Bortoluzzi

PPGEP

Santa Maria, RS, Brasil

2004
GERENCIAMENTO AMBIENTAL DOS POSTOS

DE REVENDA DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS:

UM ESTUDO DE CASO

Por

Airton Campanhola Bortoluzzi

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa


de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial
para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia de Produção

PPGEP

Santa Maria, RS, Brasil

2004
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,


aprova a Dissertação de Mestrado

GERENCIAMENTO AMBIENTAL DE POSTOS


DE REVENDA DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS:
UM ESTUDO DE CASO

elaborada por
Airton Campanhola Bortoluzzi

Como requisito parcial para obtenção do grau de


Mestre em Engenharia de Produção

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________
Dr. Alberto Souza Schmidt
(Presidente/Orientador)

___________________________
Dr. Neverton Hofstadler Peixoto

___________________________
Dr.ª Leoni Pentiado Godoy

Santa Maria, 29 de março de 2004


iv

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações".

Constituição Federal, capítulo VI, art. 225, 1988


v

AGRADECIMENTOS

Aos Professores Doutores Leoni Pentiado Godoy e Alberto Souza


Schmidt, pessoas as quais tive a oportunidade de trabalhar e que passei
a admirar pela maneira ética como conduzem a missão de professor,
também agradeço a confiança e apoio na orientação deste trabalho e a
amizade sincera que foi sendo construída no decorrer destes anos.

À Universidade Federal de Santa Maria e ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Produção, pela oportunidade de realizar o
mestrado.

Aos meus pais, Lenir Campanhola Bortoluzzi e Enio Antonio


Bortoluzzi, pelo incentivo ao estudo e, principalmente, pelos valores que
me ensinaram a respeitar.

Aos meus colegas de Mestrado, Márcia Regina Kaiser Zanini e


Nilton José Zanini Júnior, que sempre colaboraram para meu
aprimoramento acadêmico e pessoal.

E a todos os amigos que direta ou indiretamente colaboraram para


a realização deste trabalho.
vi

SUMÁRIO

EPÍGRAFE ................................................................................. iv
AGRADECIMENTOS ................................................................. v
SUMÁRIO ................................................................................... vi
LISTA DE QUADROS ................................................................ viii
LISTA DE FIGURAS .................................................................. ix
LISTA DE SIGLAS ..................................................................... x
RESUMO .................................................................................... xii
ABSTRACT ................................................................................ xiii
1 INTRODUÇÃO .............................................................. 1
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................ 2
1.2 OBJETIVOS .................................................................... 2
1.2.1 Objetivo Geral .................................................................. 2
1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................... 3
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................... 3
1.4 JUSTIFICATIVA .............................................................. 4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................... 6
2.1 ASPECTOS LEGAIS ....................................................... 7
2.1.1 Política nacional de recursos hídricos ................................ 11
2.1.2 Resolução Conama nº 20, de 18 de Junho de 1986 ............ 12
2.1.3 Portarias nº 36/GM de 19 de janeiro de 1990 e nº 1.469, de
29 de dezembro de 2000 - Ministério da Saúde .................. 13
2.1.4 Proposta CONAMA nº 02000.004177/98-05 E
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 273/2000 ............................... 14
2.1.5 O licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul ................ 16
2.2 GERENCIAMENTO AMBIENTAL ........................................ 23
2.2.1 Benefícios da Gestão Ambiental ........................................... 29
2.2.2 Princípios de Gestão Ambiental ............................................ 30
vii

2.2.3 Principais Contaminantes ..................................................... 33


2.2.4 Regulamentações da EPA .................................................... 38
2.2.5 Normas da ABNT .................................................................. 39
3 METODOLOGIA ................................................................. 45
3.1 A NATUREZA DA PESQUISA ............................................. 45
3.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ............... 47
3.3 PERGUNTAS DE PESQUISA .............................................. 48
3.4 DESENHO DA PESQUISA ................................................... 48
3.4.1 Desenho e Perspectivas da Pesquisa .................................. 48
3.5 COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 51
3.5.1 Tipos de dados utilizados ...................................................... 52
3.5.2 Coleta dos dados................................................................... 52
3.5.3 Análise e interpretação dos dados ........................................ 53
3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .............................................. 54
4 O CONTEXTO DOS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS
NO BRASIL ................................................................... 55
4.1 CARACTERÍSTICAS DO SETOR ........................................ 55
4.2 OS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS EM SANTA MARIA –
RS ......................................................................................... 55
4.3 OS RISCOS E PERIGOS DA ATIVIDADE ........................... 57
5 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................ 60
5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................... 60
5.2 PROPOSTA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO
AMBIENTAL ......................................................................... 66
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................... 72
6.1 CONCLUSÕES ..................................................................... 72
6.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....... 74
BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 75
ANEXO .............................................................................................. 80
viii

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Benefícios da Gestão Ambiental....................................... 27


QUADRO 2 - Compostos analisados, segundo a classificação de
compostos cancerígenos pela EPA. ................................. 34
ix

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Mudanças na Empresa através da conscientização


Ambiental.......................................................................... 26
FIGURA 2 - Classificação etária dos postos. ....................................... 56
FIGURA 3 - Postos que possuem poços de monitoramento de águas
subterrâneas..................................................................... 56
x

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANP Agência Nacional do Petróleo
BTEX Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xileno
CCI Câmara de Comercio Internacional
CETESB Companhia de Tecnologia e Saneamento Básico do Estado
de São Paulo
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPA Evironmental Protection Agency (Agência de Proteção
Ambiental)
IARC International Agency for Research on Cancer
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
ISO International Standard Organization (Organização
Internacional de Padronização)
ISR Instalações de Sistema Retalhista
FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental
LI Licença de Instalação
LNAPL Light Non-Aqueous Phase Liquid (Líquido com Fase Não
Aquosa mais Leve que a Água)
LO Licença de Operação
LP Licença Previa
MEC Ministério da Educação e Cultura
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
OSHA Occupational Safety and Health Administration
xi

PA Postos de Abastecimento
PAH Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos
PCB Bifenis Policlorados
PF Postos Flutuantes
PPCI Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio
PR Postos de Revenda
RIMA Relatório de Impacto sobre Meio Ambiente
SASC Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustíveis
TPH Total Petroleum Hydrocarbon (Total de Hidrocarbonetos de
Petróleo)
VOC Volatile Organic Compound (Composto Orgânico Volátil)
xii

RESUMO

Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

GERENCIAMENTO AMBIENTAL DE POSTOS DE REVENDA DE


COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS: UM ESTUDO DE CASO

Autor: Airton Campanhola Bortoluzzi


Orientador: Prof. Dr. Alberto Souza Schmidt
Local e Data de Defesa: Santa Maria, 29 de março de 2004

Este trabalho analisou os aspectos relacionados ao gerenciamento


ambiental de postos de revenda de combustíveis, através de um estudo
de caso único. Esses empreendimentos sofrem influência direta da
legislação ambiental pertinente, que deve ser atendida a fim de
possibilitar a continuidade das atividades, por meio de licenciamento
ambiental operacional. O presente trabalho analisou a adequação à
legislação ambiental vigente, bem como identificou os aspectos
ambientais da atividade de revenda de combustíveis, o que possibilitou a
análise da adequação dos aspectos ambientais à legislação ambiental
para o caso em estudo. Os dados primários foram coletados na empresa,
por meio de questionário e entrevistas com o proprietário, o que
possibilitou perceber do ponto de vista do empreendedor em relação aos
aspectos ambientais do empreendimento, da legislação e fiscalização
sobre o mesmo. Concluiu-se que existem instrumentos legais adequados
às necessidades de proteção do meio ambiente em relação a esses
empreendimentos, porém não há uma cultura gerencial consciente dos
danos em potencial da atividade que coordenam. Também pôde se
constatar a falta de fiscalização ambiental nesses empreendimentos, o
que permite falhas operacionais e gerenciais que degradam o meio
ambiente, sem que sejam aplicadas sanções e punições aos
responsáveis.
Palavras-chave: Gerenciamento ambiental, regulamentação ambiental,
postos de combustíveis.
xiii

ABSTRACT

Mastership Dissertation
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

ENVIRONMENTAL MANAGEMENT OF PUT OF RESALE OF


LIQUID FUELS: A STUDY OF CASE

Author: Airton Campanhola Bortoluzzi


Adviser: Prof. Dr. Alberto Souza Schmidt
Local and Date of Defense: Santa Maria, march 29st 2004

This work analyzed the aspects related to the environmental


administration of put of resale of fuels, through a study of only case. Those
enterprises suffer direct influence of the pertinent environmental
legislation, that it should be assisted in order to make possible the
continuity of the activities, through operational environmental licensing.
The present work analyzed the adaptation to the effective environmental
legislation, as well as it identified the environmental aspects of the activity
of resale of fuels, what made possible the analysis of the adaptation of the
environmental aspects to the environmental legislation for the case in
study. The primary data were collected in the company, through
questionnaire and interviews with the proprietor, the one that made
possible notice of the entrepreneur's point of view in relation to the
environmental aspects of the enterprise, of the legislation and fiscalization
on the same. It was ended that appropriate legal instruments exist to the
needs of protection of the environment in relation to those enterprises,
however no there is a managerial culture conscious of the damages in
potential of the activity that you/they coordinate. Also the lack of
environmental fiscalization could be verified in those enterprises, what
allows operational and managerial flaws that degrade the environment,
without they are applied sanctions and punishments to the responsible.
Key-words: Environmental administration, environmental regulation, put of
fuels.
1 - INTRODUÇÃO

As transformações ocorridas no final do século passado e as


mudanças originadas pelo processo de globalização dos interesses
econômicos e da revolução tecnológica provocaram o surgimento de
novos paradigmas relacionados à questão ambiental, dentre eles, o
desenvolvimento sustentável, que hoje aparece diretamente relacionado à
sobrevivência em curto e longo prazos das organizações. Nesse contexto,
o maior desafio para as organizações se tornou conciliar competitividade
e gestão ambiental, isto é, gerenciar as relações com o meio ambiente
assim como com seus clientes, concorrentes e fornecedores.
O impacto da variável ambiental na continuidade das operações da
organização está diretamente associado ao potencial poluidor de suas
atividades. Desse modo, se o potencial é alto, seu gerenciamento é uma
questão de sobrevivência, em curto e em longo prazos. Se o potencial é
baixo, o gerenciamento ambiental aparece em segundo plano, mas não
deixa de influenciar a política de investimentos e as operações da
organização.
Embora vital às organizações, o investimento no meio ambiente
resulta, atualmente, da pressão de algumas organizações não
governamentais ligadas ao meio ambiente e de uma pequena fiscalização
de órgãos públicos envolvidos com a preservação ambiental.
Paralelamente, a crescente conscientização da população e a busca por
uma melhor qualidade de vida, aliadas aos esforços que vêm sendo
desenvolvidos na busca de soluções para uma série de problemas
relacionados com a preservação do meio ambiente, principalmente nas
áreas urbanas, estão atrelados os impactos ambientais gerados pelos
postos de revenda de combustíveis líquidos, que demonstram falhas na
gestão e operação dos mesmos, o que pode ser constatado através dos
2

acidentes ambientais ocorridos, como contaminações em canais de


escoamento pluvial, contaminações de lençol freático e do solo, entre
outros (GUIGUER, 1996).
A gestão adequada de empresas com potencial poluidor é um
desafio inadiável para os gestores desses negócios, principalmente para
aqueles localizados em áreas urbanas, onde pode ocorrer impacto
negativo significativo ao meio ambiente e à comunidade local.
Desse modo, existe a necessidade dos postos de combustíveis se
adequarem às normas e instrumentos legais pertinentes, pois a
continuidade do negócio depende de licenciamento ambiental, o qual
implica no atendimento aos requisitos mínimos de gerenciamento dos
aspectos ambientais da atividade.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA


A questão principal reside em saber como um posto de revenda de
combustíveis deve gerenciar os aspectos ambientais de forma a atender a
legislação vigente e garantir a sobrevivência da organização em longo
prazo?

1.2 OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho se dividem em objetivo geral e
objetivos específicos, conforme apresentados a seguir.

1.2.1 Objetivo Geral


Propor um plano de gerenciamento ambiental para um posto de
revenda de combustíveis líquidos no município de Santa Maria - RS.

1.2.2 Objetivos Específicos


- Analisar a adequação dos postos de revenda de combustíveis à
legislação ambiental vigente;
3

- Identificar os aspectos ambientais da atividade de revenda de


combustíveis líquidos;
- Analisar a adequação dos aspectos ambientais à legislação
pertinente;
- Propor um plano de gerenciamento ambiental para um posto de
revenda de combustíveis líquidos.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO


Este trabalho foi estruturado da seguinte maneira:
No primeiro capítulo, após uma breve introdução têm-se a
especificação do problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos,
a justificativa e a estrutura do trabalho.
No segundo capítulo, procedeu-se a uma revisão teórica sobre o
tema, abordando os aspectos legais e gerenciais do empreendimento em
estudo, visando subsidiar a análise do gerenciamento ambiental de
postos de revenda de combustíveis líquidos.
O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada para responder ao
problema de pesquisa e alcançar os objetivos propostos. Nesse caso, o
procedimento adotado foi a seleção de um posto de revenda de
combustíveis líquidos para levantamento de dados na forma de
questionário e entrevista direta junto ao proprietário da empresa.
No capítulo 4, intitulado “O contexto dos postos de combustíveis no
Brasil”, buscou-se, primeiramente, fazer uma caracterização geral do
setor em nível nacional e, principalmente, na região onde o estudo se
desenvolveu.
O capítulo 5 apresenta a análise dos dados e a apresentação dos
resultados obtidos na pesquisa, de acordo com o questionário e as
entrevistas realizadas na empresa objeto deste estudo.
O Capítulo 6 apresenta as conclusões do trabalho e algumas
recomendações para trabalhos futuros.
4

1.4 JUSTIFICATIVA

A necessidade da melhoria da qualidade de vida, sobretudo nos


países em desenvolvimento, associadas às crescentes necessidades de
consumo de energia, especialmente de combustíveis fósseis, conduz ao
desenvolvimento tecnológico para a melhoria da eficiência de seu uso.
Pode se dizer que todas as atividades apresentam algum nível de
risco e, muitas vezes, essas transformam-se em fontes de contaminação
do solo, da água e do ar. Entre as principais fontes de contaminação na
área urbana estão os vazamentos em dutos e tanques de combustíveis
de postos de revenda, que, ao contrário da maior parte dos agentes
poluidores, estão disseminados no meio urbano, oferecendo, dessa
forma, um potencial poluidor de grande impacto à sociedade e ao meio
ambiente.
Como uma conseqüência inevitável do alto consumo de
combustível pela sociedade moderna e o aumento do número de postos
de revenda de combustíveis que cresce proporcionalmente com o
aumento da frota de automóveis, os vazamentos acidentais durante a
extração, refino, distribuição, transporte e estocagem do óleo cru e
produtos refinados têm sido e, infelizmente, continuarão a ser uma
ocorrência freqüente (CHEREMISINOFF, 1996).
Em Santa Maria-RS, onde foi desenvolvido o presente estudo de
caso, existem em torno de 54 postos de revenda de combustíveis, dos
quais aproximadamente 44 se encontram na área urbana, de acordo com
SILVEIRA et alii, (2001).
Os combustíveis comercializados são constituídos de
hidrocarbonetos derivados de petróleo, onde parte desses são compostos
aromáticos (substâncias nocivas com características mutagênicas,
teratogênicas e cancerígenas), que podem causar desde a acefalia até o
câncer, por esse motivo a sua presença na água é bastante preocupante.
Para efeito de análise dessa colocação, considerando, por
exemplo, uma contaminação por benzeno na água devido vazamento de
5

gasolina no solo, cujo limite de tolerância é de 10 µg/L, segundo os


padrões de potabilidade da água definidos pela Organização Mundial de
Saúde (OMS). No caso de ocorrência de um vazamento em um posto de
combustível envolvendo uma colher de sopa por dia (10 mL/dia), sendo a
densidade da gasolina igual a 0,8 kg por litro e 1,0 % a quantidade média
do benzeno na gasolina, teríamos em um ano (365 dias), 2,92 kg de
gasolina derramada que equivalem a 29,2 g de benzeno liberados no
ambiente, os quais poderiam contaminar aproximadamente 3 milhões de
litros de água subterrânea.
Esse exemplo demonstra uma possibilidade com conseqüências
desastrosas, impactando significativamente todo o meio ambiente a sua
volta de forma negativa. Diferente dessa possível realidade, esse tipo de
empreendimento é considerado de pequeno potencial poluidor
degradador, o que reflete um atraso na legislação, pois parte do
pressuposto que a contaminação de um posto de revenda de
combustíveis só se dará em nível local, desconsiderando a possibilidade
de lençóis freáticos e aqüíferos serem atingidos e disseminarem a
contaminação.
Diante do exposto, o presente trabalho justifica-se na medida que
propõe um plano de gerenciamento ambiental para o posto de revenda de
combustíveis líquidos em estudo, que se acredita, poderá contribuir para
adequar, não apenas o caso em questão, mas todos os postos de
combustíveis, tanto às exigências legais e à competitividade,
considerando-se as adaptações necessárias para cada caso.
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Diante do objetivo primordial das organizações que é o lucro, as


questões ambientais, assim como quaisquer outras adjacentes, foram
deixadas de lado em busca de uma maior produção e produtividade, sem
se preocupar com a sustentabilidade do crescimento econômico
conquistado. Essa visão imediatista provocou um grande desequilíbrio
nas questões sociais e ambientais. O que pode ser verificado
historicamente pelas catástrofes ambientais, que continuam ocorrendo até
hoje.
Embora consciente dos passivos ambientais, não se tem
observado mudanças significativas nos padrões produtivos para uma
produção mais limpa e sustentável, a não ser em decorrência de
exigências legais e de normas certificadoras que, na verdade interferem
diretamente na competitividade das organizações e, por isso, são
“aceitas” e implementadas, como forma de promoção do status da marca.
Da forma como vem sendo entendida a questão ambiental, isto é,
atendimento aos requisitos de mercado impostos por regulamentações,
órgãos governamentais e pressões de órgãos não-governamentais,
ressalta-se a importância da regulamentação e gerenciamento ambiental
mesmo que “obrigatórios”, mas com resultados positivos para o meio
ambiente e para qualidade de vida da sociedade, pois para atingirmos
outros fins (com maior ecoeficiência) faz-se necessário modificar os meios
(que regulam o processo).
Na tentativa de se obter subsídios para o gerenciamento ambiental
de postos de revenda de combustíveis, faz-se necessário o conhecimento
aprofundado dos diplomas e instrumentos legais que regulam a atividade,
seus parâmetros e os aspectos ambientais envolvidos na atividade de
revenda de combustíveis líquidos.
7

A seguir serão tratadas as regulamentações específicas para


instalação, operação, monitoramento e controle ambiental de postos de
gasolina, que dizem respeito ao gerenciamento ambiental dos mesmos.

2.1 ASPECTOS LEGAIS


Considerando a importância da questão da proteção da qualidade
do solo e das águas subterrâneas, as políticas de gerenciamento e
controle da poluição vêm alcançando uma perspectiva cada vez mais
ampla. A conscientização de que a redução do risco à saúde pública e ao
meio ambiente deve ser a meta principal a ser atingida, vem encontrando
respaldo em muitos países. No entanto, equilibrar os interesses
econômicos e ambientais, e obter o consenso sobre uma solução passível
de ser aplicada, que se revele sustentável em longo prazo, parece ser o
maior dos desafios.
Nesse contexto, pode-se citar os maiores problemas encontrados
pelos estados norte-americanos ao tentar implementar seus programas de
gerenciamento e controle da poluição, envolvendo postos de revenda de
combustíveis: número de vazamentos; grau de envolvimento com
questões ambientais; controle de custos; oferta de mão-de-obra
qualificada; seleção de tecnologias de recuperação apropriadas;
estabelecimento de limites de descontaminação apropriados (GUIGUER,
1996).
Em adição, no que se refere aos postos de revenda no Brasil, há
que se considerar as peculiaridades das atividades a eles ligadas que
dificultam o controle de qualidade dos procedimentos, como as citadas
por STUCKERT (1997):
a) para ser proprietário de um posto de serviço não é necessário
possuir qualquer conhecimento técnico, embora a atividade
envolva risco de incêndio e contaminação do solo e da água;
b) os postos de serviços são operados pelos donos dos
empreendimentos, que na maioria das vezes não são as
8

distribuidoras de combustíveis;
c) os proprietários do sistema de abastecimento subterrâneo de
combustíveis (as distribuidoras) não operam essa instalação;
d) as distribuidoras não operam nem os postos de sua propriedade;
e) o posto de revenda, em si, é uma empresa de pequeno porte;
f) os empreiteiros, prestadores de serviços de instalação e
manutenção, também são empresas de pequeno porte.
Preocupado com o número de ocorrências de vazamentos
constatados nos últimos anos, decorrentes de vários problemas, tais
como: da manutenção inadequada ou insuficiente, obsolescência do
sistema e equipamentos e da falta de treinamento de pessoal, bem como
da ausência ou uso inadequado de sistemas confiáveis para a detecção
de vazamentos e considerando ainda, a insuficiência e ineficácia de
capacidade de resposta frente a essas ocorrências, o Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) apresentou sua Proposta de Resolução nº
02000.04177/98, sobre licenciamento ambiental de postos revendedores
de derivados de petróleo e de outros combustíveis para fins automotivos,
a qual foi aprovada em 29 de novembro de 2000, como Resolução nº 273.
Especificamente para tanques subterrâneos de armazenamento,
nos Estados Unidos, há um programa federal de regulamentação, o qual
é implementado pelo Departamento de Tanques Subterrâneos de
Armazenamento da Agência de Proteção Ambiental (EPA) que
regulamenta cerca de dois milhões de tanques subterrâneos de
armazenamento, em sua maioria, para produtos derivados de petróleo. As
normas federais americanas de desempenho de tanques e os requisitos
dos programas estaduais foram promulgados e efetivados em 1988 e se
aplicam a qualquer tipo de tanque que armazena produtos derivados de
petróleo ou substâncias definidas como “perigosas”. Neste programa
define-se tanque subterrâneo como qualquer tanque que tenha pelo
menos 10% de seu volume enterrado no subsolo, incluindo a tubulação
conectada a ele.
9

No cenário nacional, a Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT) responde pela padronização das instalações do sistema de
estocagem e venda de combustíveis, através de edição de Normas
Técnicas, as quais foram elaboradas com os seguintes objetivos:
a) estabelecer as melhores técnicas dentro de padrões mínimos,
para garantir segurança e qualidade nos sistemas de
armazenagem e venda de combustíveis;
b) proporcionar melhores condições de proteção do meio ambiente
nas instalações dos postos de revenda;
c) criar padrões de qualidade para as instalações dos postos de
revenda, desde a fabricação dos equipamentos, passando pelo
transporte e a instalação, até a sua operação;
d) produzir, mesmo havendo uma norma genérica sobre
determinada técnica, nova norma tratando do tema de modo
específico e com riqueza de detalhes.
Considerando-se o aspecto macro do gerenciamento, envolvendo
toda a questão ambiental, cabe salientar a Política Nacional de Recursos
Hídricos, Lei nº 9.433/97, a qual visa a gestão integrada dos recursos
hídricos e ambientais, assegurando o uso integrado e harmônico dos
recursos hídricos, para a promoção do desenvolvimento e bem-estar da
sociedade brasileira. Dos princípios que a fundamentaram, destaca-se o
direito de todos de terem acesso aos recursos hídricos e a observação de
critérios econômicos, sociais e ambientais na distribuição destes recursos.
As políticas estaduais acham-se em fase de desenvolvimento na maioria
dos estados. No entanto, estado do Rio Grande do Sul essa legislação é
anterior a Lei Nacional, sendo que Sistema Estadual de Recursos
Hídricos foi instituído pela Lei nº 10.350 de 30 de dezembro de 1994.
Como a qualidade dos recursos hídricos acha-se intrinsecamente
relacionada com a qualidade do solo, do seu uso e cobrimento, o
gerenciamento ambiental através do gerenciamento de bacias surge
como a grande ferramenta para o desenvolvimento sustentável,
estabelecendo o marco estrutural de referência na adequação dos
10

procedimentos para a tomada de decisões no que diz respeito à utilização


dos recursos ambientais. A implementação desta política propicia
condições para o surgimento de alianças intersetoriais e
interinstitucionais, as quais poderiam integrar as informações e dados
produzidos nas mais diversas áreas, possibilitando a obtenção geral do
entendimento e a compreensão das relações dos empreendimentos com
o meio ambiente.
No entanto, a falta de dados em âmbito local e a ainda incipiente
integração dos diversos órgãos envolvidos, dificultando a
complementação dos dados necessários, faz com que o grande problema
encontrado na viabilização da aplicabilidade destas Leis, principalmente
no que se refere à fiscalização da qualidade dos recursos ambientais,
resida na falta de indicadores e parâmetros adequados para a
determinação dos riscos reais de contaminantes atingirem pontos de
exposição críticos e na falta de avaliação dos impactos decorrentes.
Com relação à caracterização dos recursos hídricos observam-se
os valores de referência adotados para a classificação das águas doces,
salobras e salinas do território nacional, segundo a Resolução CONAMA
nº 20, de 18 de junho de 1986. Os padrões de potabilidade de água
destinada ao consumo humano, os quais são observados para sistemas
de abastecimento, mas que não indicam as características naturais das
águas, encontram-se normatizados através da Portaria nº 36/GM, de 19
de janeiro de 1990, e de sua revisão, a Portaria nº 1.469, de 29 de
dezembro de 2000, ambas do Ministério da Saúde.
Apesar dessas Legislações, em se tratando de cursos de água
superficiais, poucos são os locais onde se disponibiliza dados históricos
de análises físico-químicas, e mesmo as existentes, são específicas para
o interesse de uso, não as caracterizando pontualmente frente a possíveis
lançamentos de contaminantes, o que poderia se tornar um indicador de
contaminação através da comparação das características locais originais
e as análises a posteriori. Este cenário mostra-se ainda mais deficitário no
que se refere ao solo e à água subterrânea.
11

Buscando solução para essa dicotomia e considerando a questão


da proteção da qualidade do solo e das águas subterrâneas como sua
atribuição legal, a Companhia de Tecnologia e Saneamento Básico do
Estado de São Paulo (CETESB) propôs valores orientadores para aquele
estado a serem utilizados na proteção da qualidade dos solos e águas
subterrâneas, da saúde pública, bem como no controle das áreas
contaminadas (CETESB, 2000).
Para maior compreensão das características e dos aspectos
ambientais das atividades de revenda de combustíveis, é necessário o
aprofundamento do conhecimento dos instrumentos legais pertinentes às
mesmas, tendo em vista o único meio de controle da qualidade ambiental
implantado no país até hoje.

2.1.1 Política nacional de recursos hídricos


Através da Lei 9.433 de 08 de janeiro de 1997, foi instituída no
Brasil, a Política Nacional de Recursos Hídricos e criado o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A Política Nacional de
Recursos Hídricos visa em seu artigo 2º o seguinte:

assegurar à atual e às futuras gerações a necessária


disponibilidade de água em padrões de qualidade
adequados aos respectivos usos; a sua utilização
racional e integrada; a prevenção e a defesa contra
eventos hidrológicos críticos, de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Especificamente, o Sistema Nacional de Gerenciamento de


Recursos Hídricos tem como objetivos: coordenar a atuação das
entidades intervenientes na gestão das águas; arbitrar
administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; planejar, regular e
controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; e
efetuar a cobrança pelo uso, contaminação ou dano destes recursos,
sejam superficiais ou subterrâneos. Em acordo com esta Política (Art.49,
II),
12

constitui infração das normas de utilização, a


implantação de empreendimento relacionado com o
uso de recursos hídricos, superficiais ou
subterrâneos, que implique alterações no regime,
quantidade ou qualidade dos mesmos, sem
autorização dos órgãos ou entidades competentes,
dentre outras.

Assim está prevista a cobrança pela introdução de efluentes e/ou


cargas poluidoras nos corpos d’água, tendo em vista sua diluição,
transporte e assimilação, dependendo da classe de enquadramento do
corpo de água em questão. Sempre que da infração cometida resultar
prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à
vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza
a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor
máximo cominado em abstrato (Art 50, IV, § 1º), o qual deverá ser
calculado com base em um produto entre “uma quantidade física”,
geralmente associada ao fator gerador da mudança nas condições físico-
química do corpo receptor, e “um coeficiente monetário”, o qual introduz a
dimensão econômica ou financeira do processo de cobrança.

2.1.2 Resolução CONAMA nº 20, de 18 de Junho de 1986


Considerando a necessidade de se criar instrumentos para avaliar
a evolução da qualidade das águas superficiais, o Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), através da Resolução CONAMA nº 20, de 18
de junho de 1986, estabeleceu a classificação das águas, doces, salobras
e salinas do Território Nacional.
Segundo o Art. 12 desta Resolução, os padrões de qualidade das
águas estabelecido constituem-se em limites individuais para cada
substância. Considerando eventuais ações sinergéticas entre as mesmas,
estas ou outras, não especificadas, não poderão conferir às águas
características capazes de causarem efeitos letais ou alteração de
comportamento, reprodução ou fisiologia da vida. No Art.17 consta que
13

não será permitido o lançamento de poluentes nos mananciais sub-


superficiais.
Somente serão permitidos lançamentos de efluentes de qualquer
fonte poluidora, direta ou indiretamente nos corpos de água que
obedeçam as condições estabelecidas no Art. 21.
Os efluentes, conforme o Art. 23, não poderão conferir ao corpo
receptor, características em desacordo com o seu enquadramento nos
termos desta resolução.
O índice de fenóis, em acordo com o Art. 24, deverá ser
determinado conforme o Standard Methods for Examination of Water and
Wastewater (APHA; AWWA; WEF, 1995).
Fica estabelecido, no Art.35, que a competência pela aplicação
desta Resolução, fiscalização do cumprimento da legislação, bem como a
aplicação das penalidades previstas, inclusive a interdição de atividades
industriais poluidoras, é dos Órgãos de Controle Ambiental Estaduais,
FEPAM no RS.
O Art.38 menciona que os estabelecimentos industriais, que
causam ou possam causar poluição das águas devem informar ao órgão
de controle ambiental, o volume e o tipo de seus efluentes, os
equipamentos e dispositivos antipoluidores existentes, bem como seus
planos de ação de emergência, sob pena das sanções cabíveis, previstas
na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Política Nacional de Meio
Ambiente), e sua regulamentação pelo Decreto nº 88.351, de 1º junho de
1983.

2.1.3 Portarias nº 36/GM de 19 de janeiro de 1990 e nº 1.469, de 29


de dezembro de 2000 – Ministério da Saúde
Enquanto na Portaria nº 36 eram apenas tratados as normas e o
padrão de Potabilidade da Água destinada ao Consumo Humano, a
serem observados em todo o território nacional, na Portaria nº 1.469,
esses padrões foram revisados e complementados e estão ainda
estabelecidos, os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle
14

e vigilância da qualidade da água de abastecimento. As instituições ou


órgãos terão o prazo máximo de 24 meses a partir da data da publicação
da Portaria nº 1.460 para promoverem as adequações necessárias a seu
cumprimento.
No período de transição deverão ser observados as normas e o
padrão estabelecidos na Portaria nº 36. Segundo esta portaria, dentre os
componentes de combustível de petróleo, apenas o Benzeno acha-se
enquadrado entre os componentes orgânicos que afetam a saúde e o seu
valor máximo de referência é de 10 µg/L.
Já na Portaria nº 1.460, o Benzeno acha-se enquadrado entre as
substâncias químicas que representam risco à saúde, tendo sido revisado
o seu valor máximo permitido para o padrão de potabilidade, o qual
baixou para 5µg/L. Nesta Portaria, os demais compostos, como os
hidrocarbonetos aromáticos cancerígenos ou potencialmente
cancerígenos, a saber: Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xileno (BTEX),
também são considerados, sendo que os valores máximos permitidos
para aceitação de consumo são: 0,2 mg/L para o Etilbenzeno; 0,17 mg/L
para o Tolueno e 0,3 mg/L para o Xileno.

2.1.4 Proposta CONAMA nº 02000.004177/98-05 E RESOLUÇÃO


CONAMA Nº 273/2000
Esta Resolução visa a regulamentação das atividades de postos
revendedores de derivados de petróleo e de outros combustíveis para fins
automotivos, empreendimentos nela apontados como potencialmente
poluidores. Foram ainda considerados para a apresentação desta
Proposta:
a) os riscos de contaminação de corpos de água subterrâneos e
superficiais, do solo e do ar;
b) os riscos de incêndio e explosões decorrentes de vazamentos,
principalmente nos estabelecimentos localizados em áreas
densamente povoadas;
c) o aumento significativo de vazamentos nos últimos anos em
15

função da manutenção inadequada ou insuficiente, da


obsolescência do sistema e equipamentos e da falta de
treinamento de pessoal;
d) a ausência e/ou uso inadequado de sistemas confiáveis para
detecção de vazamento;
e) a insuficiência e ineficácia de capacidade de resposta frente a
ocorrências de derramamentos, bem como a dificuldade de
implementar as ações necessárias.
Segundo esta Resolução, a localização, construção, instalação,
ampliação e operação de postos revendedores, de postos de
abastecimento, instalações de sistemas retalhistas e postos flutuantes de
combustíveis dependerão de licenciamento prévio do órgão ambiental
competente. Os equipamentos e sistemas destinados ao armazenamento
e a distribuição de combustíveis, assim como sua montagem e instalação,
deverão ser avaliadas quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema
Brasileiro de Certificação, de acordo com as normas da ABNT citadas
anteriormente. Antes de entrar em operação e com periodicidade máxima
de cinco anos, todos os equipamentos e sistemas deverão ser testados e
ensaiados, tendo sua conformidade avaliada.
O órgão ambiental competente deverá exigir a Licença Prévia (LP),
concedida na fase preliminar de planejamento do empreendimento; a
Licença de Instalação (LI) autorizando sua instalação com as
especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo medidas de controle ambiental; e a Licença de Operação (LO),
autorizando o início da atividade. Os Postos Revendedores (PR), Postos
de Abastecimento (PA), Instalações de Sistema Retalhista (ISR) e Postos
Flutuantes que já estiverem em operação deverão apresentar os
documentos referidos nesta Resolução para a obtenção da Licença de
Operação, bem como o resultado da investigação de passivos ambientais,
quando solicitado.
Em caso de acidentes ou vazamentos de risco, bem como na
ocorrência de passivos ambientais, os proprietários do estabelecimento,
16

dos equipamentos, dos sistemas e os fornecedores de combustível


responderão solidariamente pela adoção de medidas para controle da
situação emergencial, bem como para o saneamento das áreas
impactadas.
Além destes itens estão ainda previstos, para o caso de ocorrência
de acidentes, a comunicação imediata ao órgão ambiental competente e a
adoção de medidas emergenciais requeridas pelo evento. Para tanto,
será responsabilidade dos proprietários dos estabelecimentos e dos
equipamentos e sistemas a promoção de treinamentos de seus quadros
funcionais, visando orientar as medidas de prevenção de acidentes e
ações cabíveis imediatas para controle de situações de emergência e
risco.

2.1.5 O licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul 1

O processo administrativo de licenciamento ambiental tem como


objetivo principal a análise das características do empreendimento e sua
relação com o meio ambiente, desde sua localização, passando pela
instalação e posterior posta em marcha, sendo que esse processo se
inicia ainda na fase de projeto impreterivelmente. Esse processo é
destinado às atividades potencial ou parcialmente poluidoras que
provoquem impactos ambientais, dependendo dos produtos, processos e
da forma de disseminação dos mesmos.
No caso dos postos de revenda de combustíveis, a Resolução nº
273/97 do CONAMA, em seu Anexo I, considera a localização,
construção, instalação, modificação, ampliação e operação de postos
revendedores como potencialmente poluidora, determinando a
dependência prévia do licenciamento ambiental para qualquer uma
dessas atividades.

1
Esta seção foi baseada principalmente na publicação: O LICENCIAMENTO
AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: conceitos jurídicos e documentos
associados. Desenvolvida pela FEPAM, publicada em junho de 2003.
17

2.1.5.1 Modalidades de licença


Existem três modalidades de licença ambiental expedidas no
estado pela FEPAM, que segue a classificação adotada pela Resolução
CONAMA 237/97.
2.1.5.1.1 Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do
planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua
localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos
nas próximas fases de sua implementação e operação.
Observe-se que o empreendedor não deverá, jamais, formalizar
qualquer iniciativa no sentido de comprometer-se com a aquisição ou
mesmo aluguel da área sobre a qual pretende executar o projeto
apresentado, antes de obtida a LP, pois que assim estaria invertendo o
procedimento e sujeitando-se a risco de prejuízo, em caso de
indeferimento. Para a obtenção desta primeira Licença, deverá o
empreendedor, também, apresentar certidão do Poder Público Municipal,
dando conta de que o local proposto para a instalação do
empreendimento é compatível com a legislação aplicável ao uso e
ocupação do solo municipal, ou seja, basicamente uma Certidão de
Zoneamento, de acordo com o Plano Diretor ou as Diretrizes Gerais de
Ocupação do Território.
Quando se tratar de pedido de ampliação da
atividade/empreendimento, o procedimento deverá retornar à fase de LP,
pois que o local pode não ser adequado à produção de determinado bem,
ou mesmo já estar saturado pela ocorrência de outras categorias de uso.
2.1.5.1.2 Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as
medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual
constituem motivo determinante. Da mesma forma que a anterior, o
empreendedor não poderá iniciar quaisquer obras na área, antes de
obtida a LI, pois que não há, ainda, ato homologatório da proposta
18

apresentada, sendo que a inobservância deste aspecto poderá implicar


não só na perda de tempo e recursos como, também, na imposição de
penalidades, indo desde a mera advertência, até a demolição do que já
tiver sido feito sem a correspondente licença.
2.1.5.1.3 Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da
atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento
do que consta das licenças anteriores, como as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação. Aqui também
cabe a observação feita acerca da LI quanto à possibilidade de imposição
de penalidades, podendo, porém, neste caso serem mais rigorosas, pois
que lá há apenas o início da implantação física do projeto – ainda que
nesta fase os danos locais possam ser de monta –, enquanto que aqui há
plena atividade, o que não poderá ser tolerado. Até mesmo para eventual
teste de equipamentos carece o empreendedor de anuência do órgão
licenciador.

2.1.5.2 O processo de licenciamento


Praticamente qualquer atividade humana utiliza-se de recursos
ambientais, causa alguma degradação ambiental ou é potencialmente
poluidora nos termos das definições legais dadas pelo Art. 3° da Lei n°
6.938/81.
Desta forma, grande parte dos estabelecimentos e atividades
devem, previamente à sua instalação, ampliação ou funcionamento, se
submeter ao licenciamento ambiental, perante o órgão estadual
competente (FEPAM no RS). O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tem competência
licenciadora supletiva, na inação do órgão estadual, ou originária no caso
de atividades e obras com significativo impacto ambiental de âmbito
nacional ou regional.
O processo de licenciamento ambiental é um único procedimento
administrativo, mas dividido em três fases: localização (quando é
expedida a Licença Prévia - LP), instalação (quando é expedida a Licença
19

de Instalação - LI, que autoriza a implantação do projeto aprovado e,


portanto, a intervenção física no meio ambiente) e de operação (quando é
expedida a Licença de Operação - LO, que permite, depois de testes, a
operação da atividade).
Cada uma das fases condiciona a posterior. Se a LP for negada,
interrompe-se o processo; da mesma forma a LI. Entretanto, se cumpridas
suas exigências e restrições, a LP confere ao empreendedor o direito
subjetivo de obter a LI. Cumpridas as exigências formuladas na LP e na
LI, adquire o empreendedor o direito subjetivo de obter a LO. Assim, em
termos da proteção ambiental, avulta a importância da LP, que não só
autoriza a instalação em determinado local, como, pelas restrições,
exigências e condicionantes impostas pelo seu alvará influencia as
demais fases. A LO é importante por permitir a operação do
empreendimento e de dar aos técnicos fiscalizadores parâmetros para o
exercício desta fiscalização segundo o que foi efetivamente autorizado.
Como, por definição, as licenças ambientais são emitidas a termo,
esgotado o prazo de validade do alvará, deve ser pedida a renovação da
licença.
Tal procedimento decorre da necessidade de tutela dos direitos
chamados transindividuais que não pertencem nem a indivíduos, nem a
coletivos, mas a categorias verdadeiramente difusas, pois que a forma de
apropriação dos recursos naturais está na base mesmo das relações
sociais e econômicas. A necessidade da tutela ambiental determinou, já
há algum tempo, o estabelecimento de um novo paradigma de
crescimento denominado desenvolvimento sustentável, que consiste na
possibilidade de usufruir dos bens ambientais de maneira a não esgotá-
los e, com isto, garantir sua disponibilidade para as futuras gerações,
compartilhando com eqüidade seu usufruto com as atuais gerações.
Licenciar uma atividade/empreendimento significa avaliar os
processos tecnológicos em conjunto com os parâmetros ambientais e as
necessidades sócio-econômicas, fixando medidas de controle, levando-se
em conta os objetivos, critérios e normas para a conservação, defesa e
20

melhoria do ambiente e, especialmente, as diretrizes de planejamento e


zoneamento territorial do Estado.
O licenciamento ambiental é o ato administrativo pelo qual a
FEPAM, no Estado do Rio Grande do Sul, estabelece as condições,
restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas
pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar,
ampliar, operar e desativar empreendimentos/atividades consideradas
efetiva/potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma,
possam causar degradação ambiental.

2.1.5.3 Prazos das licenças


Muito embora a Resolução CONAMA 237/97 preveja prazos mais
elásticos, no Estado do Rio Grande do Sul estes foram estabelecidos de
forma mais restritiva, pelo Código Estadual do Meio Ambiente – Lei
Estadual 11.520, de 03 de agosto de 2000 –, conforme se vê de seu
Artigo 56, Parágrafo Primeiro, ao dispor que: as licenças expedidas serão
válidas por prazo determinado, entre 1 (um) e 5 (cinco) anos, de acordo
com o porte e o potencial poluidor da atividade, critérios definidos pelo
órgão ambiental e fixados normativamente pelo Conselho Estadual do
Meio Ambiente.
Com relação a esse colegiado, registre-se que novos prazos foram
aprovados em reunião ordinária de 18 de julho de 2003, a partir de
estudos elaborados por técnicos da FEPAM, conforme segue: “...o prazo
de validade de uma Licença Prévia é de 2 (dois) anos, exceto para
empreendimentos com localização definida para Distritos Industriais já
licenciados, que terá validade de 5 (cinco) anos”.
A Licença de Instalação tem o seu prazo de validade fixado entre 1
(um) e 5 (cinco) anos, com base no cronograma proposto para execução
do empreendimento;
A Licença de Operação tem o seu prazo de validade fixado em 4
(quatro) anos.
21

Cumpre ressaltar que o órgão ambiental poderá estabelecer prazos


de validade específicos para a LO de empreendimentos ou atividades
que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento
ou modificação em prazos inferiores.

2.1.5.4 Renovação das licenças


A LP concedida não será renovada após o término de seu prazo de
validade, exceto para as antecedidas por Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA),
que poderão ser renovadas uma vez, desde que não haja mudanças
ambientais que indiquem a necessidade de novo EIA/RIMA.
Tenha-se em mente que apenas a LO poderá ser regularmente
renovada, o que deverá ser providenciado no prazo de 120 (cento e vinte)
dias antes de seu vencimento. Isto não quer dizer que, requerida em
tempo hábil, e expedida antes de esgotado aquele prazo, estaria em
prejuízo o empreendedor, pois que a nova Licença passaria a viger antes
de escoado todo o período de validade da anterior. A data a partir da qual
passará a viger a LO renovada é aquela imediatamente posterior à
caducidade da anterior, ou seja, a periodicidade da licença a renovar
deverá ser obedecida.
No caso de inobservância do prazo para pedido de renovação, ter-
se-á por ineficaz a licença a ser renovada, a partir de sua data de
vencimento, somente se restabelecendo seus efeitos quando da
expedição de sua renovação.
Diversamente, porém, se observado o prazo do pleito de
renovação, o órgão ambiental não se manifestar, considera-se
automaticamente prorrogado o prazo da Licença, até que aquele o faça,
conforme dispõe o Parágrafo Quarto, do artigo 18, da Resolução
CONAMA 237/97.
22

2.1.5.5 Prazo de tramitação do procedimento


Quando se tratar de procedimento administrativo para o qual não
haja necessidade de elaboração de EIA/RIMA, o prazo máximo para que
o pedido seja processado é de 6 (seis) meses. Já no caso de adoção
daquele instrumento, o prazo dobra, ou seja, 12 (doze) meses, nada
impedindo que o órgão ambiental, juntamente com o empreendedor,
ajuste prazo diverso, conforme prevê o artigo 14, Parágrafo 2 da
Resolução CONAMA 237/97.

2.1.5.6 Prazo para complementação


O prazo acima poderá ser suspenso quando, a pedido do órgão
ambiental, o empreendedor tiver de realizar estudos ambientais
complementares ou preparar esclarecimentos, situação que não poderá
ultrapassar o período de 4 (quatro) meses, salvo ajuste expresso em
contrário, entre aqueles, conforme dispõem, respectivamente, os artigos
14, Parágrafo Primeiro e 15, da Resolução CONAMA 237/97.

2.1.5.7 Penalidades pelo descumprimento dos prazos


Conforme visto acima, tanto o órgão ambiental quanto o
empreendedor têm responsabilidade pelo cumprimento de determinados
prazos com vistas à conclusão do procedimento administrativo e, tanto
quanto possível, expedição da respectiva Licença.
Assim, se o órgão ambiental, diante da apresentação, pelo
interessado, de todos os documentos exigidos, exceder o prazo de 6
(seis) meses, para manifestação acerca dos licenciamentos em geral, ou
aquele de 12 (doze) meses, para os casos que demandem EIA/RIMA, o
empreendedor poderá submetê-lo à ação do órgão que detenha
competência supletiva do IBAMA.
Já se a demora é do empreendedor, poderá o órgão licenciador
arquivar o procedimento administrativo, o que não impede a propositura
de novo pleito acerca do mesmo objeto, o que implicará no pagamento,
novamente, dos custos de análise.
23

2.1.5.8 Competência para o licenciamento no estado do Rio Grande do Sul


Conforme já referido, a competência para o licenciamento
ambiental está prevista na Constituição Federal como sendo comum à
União, aos Estados e aos Municípios, sendo que a atuação hegemônica
dos Estados Membros nesta seara decorre não só de fatores estruturais,
mas de condições históricas.
De forma sucinta, e relativizando-se os aspectos propriamente
jurídicos que dizem respeito à questão das competências, pode-se dizer
que há um certo acordo político-institucional no sentido da implementação
e gestão de políticas públicas aplicadas à comercialização de
combustíveis, possuindo os órgãos ambientais hoje em funcionamento no
Rio Grande do Sul as seguintes atribuições:
FEPAM: licenciamento de atividades potencial/efetivamente
poluidoras elencadas no Artigo 5º, da Resolução CONAMA 237/97, que
inclui os postos de revenda de combustíveis. A FEPAM possui atualmente
seis Gerências Regionais (Alegrete, Caxias do Sul, Rio Grande, Santa
Cruz do Sul, Santa Maria e Santa Rosa), as quais não têm competência
para processar pedidos de Licenciamento.
Municípios: hoje em torno de aproximadamente 50 Municípios têm
competência para o Licenciamento Ambiental daquelas atividades
consideradas como de impacto local, elencadas na Resolução CONSEMA
05/98, porém apenas o Município de Porto Alegre possui competência
para licenciar a atividade de revenda de combustíveis.

2.2 GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Sabe-se que são crescentes as exigências sofridas pelas


empresas especialmente as indústrias em relação a uma postura
responsável quanto a questão ambiental. Empresas são pressionadas por
organizações não governamentais, órgãos reguladores e fiscalizadores do
governo através da legislação existente, e até mesmo pelo mercado que
24

incluem as entidades financiadoras como bancos e seguradoras e


também pelos próprios consumidores. Cajazeira (1998) afirma que:

As preocupações globais em relação às questões


ecológicas foram transferidas para as indústrias sob
as mais diversas formas de pressão: Financeiras
(bancos e outras instituições financeiras evitam
investimentos em negócios com perfil ambiental
conturbado), Seguros (diversas seguradoras só
aceitam apólices contra danos ambientais em
negócios de comprovada competência em gestão do
meio ambiente), Legislação (crescente aumento das
restrições aos efluentes industriais pelas agências
ambientais), todavia a pressão dos consumidores,
notadamente em países mais desenvolvidos, reflete
uma autêntica paranóia por produtos
ambientalmente corretos e de certa forma
estabeleceu uma suposta ‘consciência verde’ ao
redor do mundo, se bem que, muitas vezes, esta
consciência é galgada em fatos irreais e incorretos.

Não se pode afirmar que a consciência ambiental é um fato


galgado em fatos irreais como afirma o autor acima citado, uma vez que
existem dados confiáveis a este respeito, teorias como o efeito estufa são
diariamente comprovadas por meteorologistas e cientistas renomados, e
outros problemas globais também são insistentemente alertados por
organismos de confiança internacional como a ONU (Organização das
Nações Unidas), além de que não se precisa sair de casa para observar a
qualidade do ar nas grandes cidades e outros problemas ambientais
urbanos.
Um aspecto importante de ser ressaltado é o grau de
comprometimento cada vez maior dos empresários e administradores em
buscar soluções ambientalmente mais corretas para os problemas da
produção. Esse comprometimento é justificado pelas relações econômico-
financeiras e de mercado que as empresas têm de manter, conforme
Souza (2000):

Apesar de a preocupação com as questões


ambientais no Brasil e no mundo não ser recente, e
de já ter sido tratada, no passado, como uma
25

questão ideológica de grupos ecologistas que não


aceitavam a sociedade de consumo moderna, hoje a
preocupação ambiental assume uma importância
cada vez maior para as empresas. Na verdade, as
dimensões econômicas e mercadológicas da
questão ambiental são cada vez mais relevantes.
Essas questões têm representado custos e/ou
benefícios, limitações e/ou potencialidades, ameaças
e/ou oportunidades empresariais.

Segundo Donaire (1995), o setor empresarial está cada vez mais


reconhecendo a importância das variáveis ambientais nas suas decisões,
e está

abandonando a postura de limitar a poluição e


purificar os resíduos apenas para cumprir com as
regulamentações governamentais, e adotando a
atitude de evitar a poluição e os resíduos no
interesse tanto da coletividade associada quanto na
busca de maior eficiência e competitividade.

Várias são as pressões que têm atuado sobre as empresas no


sentido de induzi-las a promover mudanças positivas nas suas condutas
ambientais, com resultados evidentes sobre as estratégias empresariais.
Essas pressões provêm, sobretudo, de quatro fontes: das
regulamentações ambientais crescentes, da sociedade civil organizada,
dos mercados de produtos, e das fontes de recursos naturais.
Percebe-se que existe uma mudança na maneira de empresários e
industrias enxergarem a questão ambiental e que estes problemas
ambientais globais, não se caracterizam como responsabilidade isolada
de algum setor, e sim de todos setores da sociedade. Autores como
Donaire (1995) e Valle (1995) concordam que a influência da questão
ambiental no mundo dos empreendimentos é inegável e que as empresas
que se aterem a esta realidade podem não só deixar de perder
econômica e estrategicamente como aproveitar inúmeras oportunidades.
Não se ignora as dificuldades de se incluir em qualquer organização
conceitos novos como os envolvidos na gestão ambiental, porém também
não se pode ignorar as pressões impostas pela sociedade e mercado.
26

Muitas são as interpretações para as mudanças nas organizações com


relação a inclusão da variável ambiental, entretanto a maior parte afirma
que existe uma influência determinante e crescente desta variável em
todos os tipos de organizações. A figura 1 abaixo ilustra a visão de Valle
(1995) a respeito dessa questão.

FIGURA 1 - Mudanças na Empresa através da conscientização


Ambiental.
Fonte: Adaptação de Valle (1995).

Segundo o Ministério da Educação e Cultura e o Instituto Brasileiro


do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (MEC\IBAMA,
1994), a gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e
conflitos entre atores sociais que atuam sobre o meio ambiente. Define e
redefine continuamente o modo como os diferentes atores através de
suas atitudes alteram a qualidade do meio ambiente e também como se
distribuem na sociedade os custos e benefícios decorrentes destas
atitudes.
Este conceito, ao se referir a “mediação de interesses e conflitos
entre os vários atores sociais...”, transmite a idéia de que há um aumento
27

do nível de exigência de seres humanos que não toleram a degradação


ambiental por conta do maior lucro do fabricante ou prestador de serviço.
A ameaça à sobrevivência da economia é uma forte fase motivacional
para a implantação de sistemas de gestão que mediam os interesses dos
atores sociais. A objetivação do meio ambiente ainda está presente nas
estratégias de muitas empresas que vêem a proteção ambiental como
uma vantagem competitiva.

QUADRO 1 - Benefícios da Gestão Ambiental.


BENEFÍCIOS ECONÔMICOS
Economia de custos:
- Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros
insumos.
- Economias devidos à reciclagem, venda e aproveitamento de
resíduos e diminuição de efluentes.
- Redução de multas e penalidades por poluição.
Incremento de receitas:
- Aumento da contribuição marginal de ‘produtos verdes’ que podem
ser vendidos a preços mais altos.
- Aumento da participação no mercado devido a inovação dos produtos
e menos concorrência.
- Linhas de novos produtos para novos mercados.
- Aumento da demanda para produtos que contribuam para a
diminuição da poluição.
BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS
- Melhoria da imagem institucional.
- Renovação do ‘portifólio’ de produtos.
- Aumento da produtividade.
- Alto comprometimento do pessoal.
- Melhoria nas relações de trabalho.
- Melhoria e criatividade para novos desafios.
- Melhoria das relações com órgãos governamentais, comunidade e
grupos ambientalistas.
- Acesso assegurado ao mercado externo.
- Melhor adequação aos padrões ambientais.
Fonte: Donaire (1995).

A nova visão a respeito das questões ambientais pelo setor


empresarial ainda se inicia e algumas empresas são pioneiras nesta
mudanças. Essa visão a respeito do meio ambiente leva a ver o meio
ambiente como oportunidade e não como um problema VALLE (1995).
Isso faz com que benefícios sejam observados onde só se via despesas,
28

processos judiciais, etc. Donaire (1995) afirma que existem benefícios


estratégicos e econômicos advindos da implantação de Gestão ambiental.
Ainda que exista dificuldade para se estimá-los especialmente quanto a
questão financeira estes podem ser detectados. O quadro 1 mostra quais
são estes benefícios na visão desse autor.
A posição pró-ativa das empresas em relação à questão ambiental
é um fato recente. Entretanto é recente também o impacto causado pela
atividade industrial humana no meio ambiente global. Paul de Baker
afirma que: “A empresa que até um século era insignificante em relação à
natureza, portanto irresponsável, tornou-se força dominante” (BACKER,
1995). Este mesmo autor esclarece que a postura do empresário ou
executivo não se pode figurar entre defender ou se colocar em
antagonismo àqueles que realizam movimentos em defesa do meio
ambiente. Afirma que não se trata de defender ou atacar os recursos
naturais e sim gerenciá-los, como segue:

A gestão empresarial do meio ambiente não é de


jeito nenhum a conseqüência de uma vontade de
dominar, destruir ou antagonizar. (...) Trata-se da
conseqüência lógica da responsabilidade coletiva
econômica que é atualmente a de todos os atores e
intervenientes no equilíbrio do planeta.

De acordo com Souza (2000), o que ocorre, na verdade, é que hoje


as empresas não buscam uma melhor gestão ambiental por algum
altruísmo que essas possam ter para com os habitantes da terra do
presente ou do futuro. A atual preocupação das organizações com os
problemas ambientais não é fruto de uma repentina consciência ambiental
que, de repente, acometeu os homens de negócio. Não, os objetivos das
empresas continuam e continuarão sendo os mesmos de sempre:
resultados, lucros, liderança, sobrevivência no longo prazo, ampliação do
mercado, dentre outros. Dessa forma, elas buscam melhorar seu
desempenho ambiental porque se vêem pressionadas a isso para que
possam continuar realizando esses objetivos.
29

2.2.1 Benefícios da Gestão Ambiental


Cada vez mais a questão ambiental está-se tornando matéria
obrigatória das agendas dos executivos da empresa. A globalização dos
negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade ambiental
descritivos na série ISO 14000 (International Organization for
Standardization), a conscientização crescente dos atuais consumidores e
a disseminação da educação ambiental nas escolas permitem antever
que a exigência futura que farão os futuros consumidores em relação à
preservação do meio ambiente e à qualidade de vida deverão se
intensificar. Diante disto, as organizações deverão, de maneira
acentuada, incorporar a variável ambiental na prospecção de seus
cenários e na tomada de decisão, alem de manter uma postura
responsável de respeito à questão ambiental.
Segundo Winter (apud Donaire, 1999), existem seis razões
principais pelas quais um gerente responsável deveria aplicar o princípio
da gestão ambiental em sua empresa:
- Sobrevivência ecológica: sem empresas orientadas para o
ambiente, não poderá existir uma economia orientada para o ambiente, e
sem esta ultima não se poderá esperar para a espécie humana uma vida
com o mínimo de qualidade;
- Consenso Público: sem empresas orientadas para o ambiente,
não poderá existir consenso entre o público e a comunidade empresarial,
e sem consenso entre ambos não poderá existir livre economia de
mercado;
- Oportunidades de mercado: sem gestão ambiental da empresa,
esta perderá oportunidades no mercado em rápido crescimento e
aumentará o risco de sua responsabilização por danos ambientais,
traduzida em enormes somas de dinheiro, pondo desta forma em perigo
seu futuro e os postos de trabalho dela dependente;
- Redução de riscos: sem gestão ambiental da empresa, os
conselhos de administração, os diretores executivos, os chefes de
departamentos e outros membros do pessoal verão aumentada sua
30

responsabilidade em face de danos ambientais, pondo assim em perigo


seu emprego e sua carreira profissional;
- Redução de custos: sem gestão ambiental da empresa, serão
potencialmente desaproveitadas muitas oportunidades de redução de
custos;
- Integridade pessoal: sem gestão ambiental da empresa e os
homens de negócios estarão em conflito com sua própria consciência, e
sem auto-estima não poderá existir verdadeira identificação com o
emprego ou a profissão.
Por outro lado, North (apud Donaire,1999), além de caracterizar os
benefícios da gestão ambiental que estão descritos no quadro 1, enumera
os seguintes argumentos para que uma empresa se engaje na causa
ambiental:
- Aceite primeiro o desafio ambiental antes que seus concorrentes
o façam;
- Seja responsável em relação ao meio ambiente e torne isso
conhecido. Demonstre aos clientes, fornecedores, governo e comunidade
que a empresa leva as questões ambientais a sério e que desenvolve
práticas ambientais de forma eficiente;
- Utilize formas de prevenir a poluição. Ser considerada uma
empresa amigável ao ambiente, especialmente se ela supera as
regulamentações exigidas, propicia vantagens de imagem em relação aos
concorrentes, consumidores, comunidade e órgãos governamentais;
- Ganhe o comprometimento do pessoal. Com o crescimento da
preocupação ambiental, as pessoas não querem trabalhar em
organizações consideradas poluidoras do meio ambiente. Ter
empregados interessados, dedicados e comprometidos depende também
de uma imagem institucional positiva.

2.2.2 Princípios de Gestão Ambiental


No relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, denominado “Nosso Futuro Comum”, ficou muito clara
31

a importância da preservação ambiental para que consigamos o


Desenvolvimento Sustentado. Nesse sentido, a Câmara de Comercio
Internacional (CCI), reconhecendo que a proteção ambiental se inclui
entre as principais prioridades a serem buscadas por qualquer tipo de
negócio definiu, em 27 de novembro de 1990, uma série de princípios de
gestão ambiental.
Assim, para ajudar as empresas ao redor do mundo a melhorar seu
desempenho ambiental, a Câmara de Comercio Internacional estabeleceu
o denominado Business Charter for Sustainable Development, que inclui
uma série de princípios que deverão ser buscados pelas organizações.
Eles compreendem 16 princípios para Gestão Ambiental que, sob a
ótica das organizações, são essenciais para atingir o Desenvolvimento
Sustentável:
1) Prioridade Organizacional
- Reconhecer que a questão ambiental está entre as principais
prioridades da empresa e que ela é uma questão-chave para o
Desenvolvimento Sustentado.
- Estabelecer políticas, programas e praticas no desenvolvimento
das operações que sejam adequadas ao meio ambiente.
2) Gestão Integrada
- Integrar as políticas, programas e praticas ambientais
intensamente em todos os negócios como elementos indispensáveis de
administração em todas suas funções.
3) Processo de melhoria
- Continuar melhorando as políticas corporativas, os programas e a
performance ambiental tanto no mercado interno quanto externo, levando
em conta o desenvolvimento tecnológico, o conhecimento cientifico, as
necessidades dos consumidores e os anseios da comunidade, tendo
como ponto de partida as regulamentações ambientais.
4) Educação do pessoal
- Educar, treinar e motivar o pessoal, no sentido de que possam
desempenhar suas tarefas de forma responsável em relação ao ambiente.
32

5) Prioridade de enfoque
- Considerar as repercussões ambientais antes de iniciar nova
atividade ou projeto e antes de construir novos equipamentos e
instalações adicionais ou de abandonar alguma unidade produtiva.
6) Produtos e serviços
- Desenvolver e fabricar produtos e serviços que não sejam
agressivos ao ambiente e que sejam seguros em sua utilização e
consumo, que sejam eficientes nos gastos de energia e de recursos
naturais e que possam ser reciclados, reutilizados ou armazenados de
forma segura.
7) Orientação ao consumidor
- Orientar e, se necessário, educar consumidores, distribuidores e o
publico em geral sobre o correto e seguro uso, transporte,
armazenamento e descarte dos produtos produzidos.
8) Equipamentos e operacionalização
- Desenvolver, desenhar e operar máquinas e equipamentos
levando em conta o eficiente uso da água, energia e matérias-primas, o
uso sustentável dos recursos renováveis, a minimização dos impactos
negativos ao ambiente e a geração de poluição e o uso responsável e
seguro dos resíduos existentes.
9) Pesquisa
- Conduzir ou apoiar projetos de pesquisas que estudem os
impactos ambientais das matérias-primas, produtos, processos, emissões
e resíduos associados ao processo produtivo da empresa, visando à
minimização de seus efeitos.
10) Enfoque preventivo
- Modificar a manufatura e o uso de produtos ou serviços e mesmo
os processos produtivos, de forma consistente com os mais modernos
conhecimentos técnicos e científicos, no sentido de prevenir as serias e
irreversíveis degradações do meio ambiente.
11) Fornecedores e subcontratados
33

- Promover a adoção dos princípios ambientais da empresa junto


aos subcontratados e fornecedores encorajando e assegurando, sempre
que possível, melhoramentos em suas atividades, de modo que elas
sejam uma extensão das normas utilizadas pela empresa.
12) Planos de emergência
- Desenvolver e manter, nas áreas de risco potencial, planos de
emergência idealizados em conjunto entre os setores da empresa
envolvidos, os órgãos governamentais e a comunidade local,
reconhecendo a repercussão de eventuais acidentes.
13) Transferência de tecnologia
- Contribuir na disseminação e transferência das tecnologias e
métodos de gestão que sejam amigáveis ao meio ambiente junto aos
setores privado e público.
14) Contribuição ao esforço comum
- Contribuir no desenvolvimento de políticas públicas e privadas, de
programas governamentais e iniciativas educacionais que visem à
preservação do meio ambiente.
15) Transparência de atitude
- Propiciar transparência e diálogo com a comunidade interna e
externa, antecipando e respondendo a suas preocupações em relação
aos riscos potenciais e impacto das operações, produtos e resíduos.
16) Atendimento e divulgação
- Medir a performance ambiental. Conduzir auditorias ambientais
regulares e averiguar se os padrões da empresa cumprem os valores
estabelecidos na legislação. Prover periodicamente informações
apropriadas para a alta administração, acionistas, empregados,
autoridades e o público em geral.

2.2.3 Principais Contaminantes


Frente ao potencial impacto negativo ao meio ambiente das
operações de revenda de combustíveis e para atender a legislação
ambiental vigente, faz-se necessário o conhecimento dos principais
34

agentes nocivos, suas formas de disseminação, danos à saúde e à


natureza, parâmetros de controle e, por fim, as regulamentações
nacionais e internacionais sobre os métodos de controle e gerenciamento
com o objetivo de prevenir, visando eliminar e/ou reduzir o impacto dessa
atividade.

QUADRO 2 - Compostos analisados, segundo a classificação de


compostos cancerígenos pela EPA.
COMPOSTO CATEGORIA DESCRIMINAÇÃO
Benzeno A Carcinogênico, com evidência suficiente a
partir de estudos epidemiológicos.
Benzopireno B2 Provável carcinogênico, com evidências a
partir de estudos em animais e evidências
inadequadas ou sem dados a partir de
estudos epidemiológicos.
Etilbenzeno D Não classificado como carcinogênico, sem
evidência em animais e seres humanos.
Naftaleno D/E Não classificado como carcinogênico, sem
evidências em animais e seres
humanos/Evidências de não
carcinogênicos para seres humanos, sem
evidência de carcinogenidade em dois
testes realizados em diferentes espécies
de animais e em estudos epidemiológicos.
Tolueno D Não classificado como carcinogênico, sem
evidência em animais e seres humanos.
Xilenos D Não classificado como carcinogênico, sem
evidência em animais e seres humanos.
Fonte: Corseuil, 1999.

Os principais contaminantes capazes de poluir o meio ambiente em


casos de derramamentos de combustíveis são: os hidrocarbonetos
monoaromáticos (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno) e os policíclicos
aromáticos como o naftaleno e o benzopireno. No Quadro 2 estão
apresentados os critérios de classificação de compostos cancerígenos e a
avaliação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da
América (EPA - EUA) para estes compostos. As principais características
destes produtos, indispensáveis para o gerenciamento de postos de
combustíveis, estão discriminadas após a tabela.
As principais características destes contaminantes são:
35

a) Benzeno:

- quando puro, a temperatura ambiente, é um líquido claro, volátil e

transparente;

- facilmente detectável através de seu odor característico;

- é altamente inflamável;

- insolúvel em água e menos denso que a mesma;

- a exposição ao benzeno pode causar problemas respiratórios,

dermatites, irritações nos olhos e edema pulmonar.

- classificado como carcinogênico pela International Agency for

Research on Cancer (IARC);

- concentração máxima admissível de benzeno na água, fixado

pela EPA: 5 µg/L;

- concentração máxima admissível de benzeno no ar, em local de

trabalho, fixado pela OSHA (Occupational Safety and Health

Administration): 3 mg/m³;

- valor máximo admissível para água potável destinada ao

consumo humano, fixado pelo Ministério da Saúde, segundo a

Portaria nº36/GM 1990 era de 10 µg/L, tendo sido revisado pela


Portaria nº 1469/2000 e reduzido para 5 µg/L;

b) Tolueno:

- composto orgânico, destilado do óleo cru;

- quando puro é transparente, não corrosivo, bastante volátil;

- apresenta odor semelhante ao do Benzeno;

- insolúvel em água e menos denso que a mesma;

- a inalação do Tolueno pode causar problemas no sistema

nervoso central e prejuízos ao funcionamento do fígado e rins;

- a exposição ao Tolueno pode causar irritação da pele, confusão,

fadiga, fraqueza, euforia, desmaios, dores de cabeça, insônia e


36

pupila dilatada;

- concentração máxima admissível de Tolueno na água

subterrânea, fixado pela EPA: 1 mg/L;

- concentração máxima admissível de Tolueno no ar, em local de

trabalho, fixado pela OSHA: 375 mg/m³;

- anteriormente não citado nos valores de potabilidade da

legislação brasileira, passou a constar da Portaria nº 1.469/2000,

com valor máximo permitido igual a 0,17 mg/L.

c) Etilbenzeno:

- composto facilmente volatilizado em condições ambientais

normais;

- pouco solúvel em água;

- baixa capacidade de adsorção pelo solo;

- concentração máxima admissível de Etilbenzeno em água potável

para consumo humano, fixado pela EPA: 700 µg/L;

- concentração máxima admissível de Etilbenzeno em um corpo

d’água responsável pelo abastecimento de água e fornecimento de

vida aquática para consumo concomitantemente, fixado pela EPA:


1400 µg/L;

- concentração máxima admissível de Etilbenzeno em um corpo

d’água responsável apenas pelo fornecimento de vida aquática

para consumo, fixado pela EPA: 3.200 µg/L;

- Anteriormente não citado nos valores de potabilidade da

legislação brasileira, passou a constar da Portaria nº 1469/2000,

com valor máximo permitido igual a 0,2 mg/L.

d) Xilenos:

- líquido claro e aromático;

- altamente inflamável quando exposto à chama ou calor excessivo;


37

- podem causar edema pulmonar e irritações nos olhos e nariz,

quando em grandes concentrações no ar;

- concentração máxima admissível de Xileno no ar, em local de

trabalho, fixado pela OSHA: 100 ppm;

- concentração máxima admissível de Xileno em água subterrânea,

fixado pela EPA: 10 mg/L;

- anteriormente não citado nos valores de potabilidade da

legislação brasileira, passou a constar da Portaria nº 1469/2000,

com valor máximo permitido igual a 0,3 mg/L.

e) Naftaleno:

- substância cristalina, de cor branca ou marron, quando em

temperatura ambiente, fundindo-se quando exposto ao sol e

evaporando-se facilmente em locais quentes;

- apresenta um odor característico, facilmente identificável;

- pode ser explosivo quando em alta concentração;

- a forma mais comum de exposição ao naftaleno é por inalação,

que quando prolongada pode causar náuseas, vômitos e

desorientação;
- se ingerido, causa os mesmos efeitos que quando inalado;

- a exposição por contato pode causar reações alérgicas

(dermatites);

- concentração máxima admissível de Naftaleno no ar, em local de

trabalho, fixado pela OSHA: 50 mg/m³;

- não citado nos valores de potabilidade da legislação brasileira.

f) Benzopireno:

- substância sólida amarela, com cristais em forma de agulha ou

tabular, quando em forma pura e a temperatura ambiente;

- não possui odor nas concentrações encontradas no meio


38

ambiente;

- pouco solúvel em água, com forte tendência a se unir à matéria

orgânica presente;

- a exposição ao benzopireno pode causar problemas reprodutivos,

como defeitos de nascimento e redução do peso de recém

nascidos;

- a exposição por contato pode causar lesões cutâneas, enquanto

sua inalação pode causar bronquites;

- na classificação da EPA, o Benzopireno é considerado substância

carcinogênica, pertencente ao grupo B2;

- normalmente regulamentado como hidrocarboneto aromático

policíclico (PAH) ou como hulhas voláteis, da qual é o

representante mais tóxico;

- concentração máxima admissível de hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos (PAH) para água em uso doméstico, fixada pela OMS:

0,2 µg/L;

- PAH no ar, em local de trabalho, fixado pela OSHA: 0,2 µ/m³;

- Não citado nos valores de potabilidade da legislação brasileira.

2.2.4 Regulamentações da EPA


O maior objetivo das regulamentações da EPA é reduzir os riscos
que vazamentos em tanques subterrâneos de armazenamento
representam à saúde pública a ao meio ambiente. Para tanto, englobam
três estratégias principais:
a) identificação e reparo de tanques que apresentem defeitos ou
vazamentos;
b) redução da incidência de vazamentos futuros mediante
estabelecimento de padrões mínimos de desempenho e
operacionais;
39

c) estabelecimento de procedimentos padrão de investigação,


avaliação e ação corretiva visando a minimização dos riscos
provenientes de vazamentos.
As regulamentações da EPA incluem requisitos básicos de projeto,
construção e instalação, tanto de tanques novos como também daqueles
que passem por reforma, objetivando prevenir vazamentos causados por
falha na estrutura, corrosão, derramamento ou transbordamento. Os
procedimentos básicos operacionais são também regulamentados,
exigindo o desenvolvimento e a apresentação de padrões.
A detecção de vazamentos conjugada a técnicas preventivas, é
reconhecida pela EPA como medida de apoio essencial na operação de
tanques, segundo a qual, um monitoramento constante e eficiente é a
melhor maneira para se detectar rapidamente um vazamento e reduzir
danos ao meio ambiente. Em caso de suspeitas de vazamentos, a partir
de resultados de monitoramento; condições incomuns de operação, tais
como perda súbita de produto; presença de água no tanque; operação da
bomba de gasolina fora dos padrões, ou ainda, descoberta de
substâncias indicativas próximas ao local do tanque, os proprietários e
operadores devem seguir um protocolo e alertar o órgão competente em
24 horas. Além disso, as ações a serem tomadas após a confirmação do
vazamento encontram-se bastante detalhadas na legislação americana.

2.2.5 Normas da ABNT


Foram editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) as seguintes normas relativas a postos de serviço:
2.2.3.1 NBR 13212/97 – Tanques subterrâneos de resina termofixa
reforçada com fibra de vidro, para armazenamento de combustíveis
líquidos em postos de serviço. Onde as exigências mínimas requeridas de
tanques cilíndricos construídos em resina termofixa reforçada com fibras
de vidro, para armazenar combustíveis líquidos são estabelecidas.
Integram esta norma os procedimentos a serem observados em Ensaios
40

de Qualificação e para Determinação da composição de laminados


contendo cargas inertes e fibras de vidro.
2.2.3.2 NBR 13220/97 – Manuseio e instalação de tanques
subterrâneos de resina termofixa reforçada com fibra de vidro, para
armazenamento de combustíveis líquidos em postos de serviço. Onde as
condições mínimas exigíveis para manuseio e instalação de tanques
construídos conforme a NBR-13212 são estabelecidas.
2.2.3.3 NBR 13312/97 – Construção de tanque atmosférico subterrâneo
em aço-carbono, Esta norma se aplica à fabricação de tanques cilíndricos,
soldados, de chapa ou bobina, em aço carbono, de costado simples, para
instalação subterrânea em posição horizontal, operando à pressão
atmosférica, com capacidades nominais de 15.000 L, 30.000 L e 30.000 L
compartimentados. Dentro do aspecto gerencial do posto de serviço,
destaca-se o item relativo à documentação, identificação e embalagem.
Integram esta norma a ficha de acompanhamento do tanque e um
informativo com exemplos de berços.
2.2.3.4 NBR 13781/97 – Instalação de tanque atmosférico subterrâneo
em postos de serviço; onde são estabelecidos os princípios gerais de
segurança exigíveis para a instalação de tanques fabricados em acordo
com as normas NBR 13312 e NBR 13785. Esta norma não se aplica a
tanque fabricado exclusivamente em material não metálico. Esta norma
apresenta em seu anexo A, os procedimentos a serem observados em
Ensaio de Estanqueidade para tanque de parede simples.
2.2.3.5 NBR 13782/97 – Sistema de proteção externa para tanque
atmosférico subterrâneo em aço-carbono e suas tubulações para postos
de serviço, onde os princípios gerais para proteção anticorrosiva externa
destes tanques e de suas tubulações subterrâneas são estabelecidos.
Desta norma, do ponto de vista gerencial para postos de serviço de
distribuição de combustíveis líquidos, podemos destacar os Ensaios de
Recebimento.
2.2.3.6 NBR 13783/97 – Instalação hidráulica de tanque atmosférico
subterrâneo em postos de serviço, onde são estabelecidos os princípios
41

gerais de segurança, construção e montagem das tubulações que se


interligam ao tanque subterrâneo. Quanto à inspeção, a norma prevê a
realização de ensaios de estanqueidade nas tubulações e no conjunto
tanque/ tubulação. Esta regulamentação estabelece ainda as
especificações dos materiais admitidos para uso nas tubulações metálicas
e não metálicas das instalações.
2.2.3.7 NBR 13784/97 – Detecção de vazamento em postos de serviço,
a qual estabelece os procedimentos necessários à detecção de
vazamentos em Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustíveis
(SASC). Como condições gerais esta norma enuncia que métodos e
sistemas de detecção de vazamentos dos tanques e suas tubulações
devem ser adotados, mantidos e operados nos postos de serviço. A
constatação de vazamentos deve determinar uma ação imediata no
sentido de proceder aos ensaios de estanqueidade dos tanques e suas
tubulações, visando detectar o local do vazamento para a adoção de
medidas corretivas. Constatado o vazamento de combustível, o operador
do posto deve informar imediatamente à distribuidora, bem como aos
órgãos públicos competentes, como corpo de bombeiros, órgão de
controle ambiental, prefeitura, etc, para eventuais medidas de proteção à
população e ao meio ambiente. Acha-se prevista nesta norma, a
existência de um sistema supervisor sempre que o SASC possuir um
sistema de medição automática, o qual deve garantir a integridade da
operação de monitoramento contínuo, informando ao usuário qualquer
falha de funcionamento do sensor ou de outros componentes do sistema.
Integram esta norma os anexos A – Poço de monitoramento e B – Laudo
das condições de estanqueidade do tanque e de suas instalações
subterrâneas para armazenamento de combustíveis.
2.2.3.8 NBR 13785/97 – Construção de tanque atmosférico subterrâneo
em aço-carbono de parede dupla metálica ou não metálica (tanque
jaquetado), que estabelece os princípios gerais para a fabricação destes
tanques, os quais permitem o monitoramento intersticial. Esta norma se
aplica à fabricação de tanques com capacidade nominal de 15.000 L,
42

30.000 L e 30.000 L compartimentado e estabelece também, um sistema


de controle de qualidade que permite a detecção de falhas no processo
de fabricação, transporte e instalação do tanque. Dentro do aspecto
gerencial do posto de serviço, destaca-se o item relativo à documentação,
identificação e embalagem. Integram esta norma a ficha de
acompanhamento do tanque e um informativo com exemplos de berços.
2.2.3.9 NBR 13786/97 – Seleção de equipamentos e sistemas para
instalações subterrâneas de combustíveis em postos de serviço, a qual
estabelece os princípios gerais para seleção dos equipamentos para o
sistema subterrâneo de armazenamento e distribuição de combustíveis
líquidos destinados a postos de serviço. Os tópicos principais tratados
nesta norma são:
- A classificação dos postos de serviço em função da análise do
ambiente de entorno, a uma distância de 100 m a partir do seu perímetro,
visando a identificação do fator de agravamento o qual permitirá a seleção
dos equipamentos e sistemas a serem utilizados para o SASC;
- A partir da classificação do posto, encontra-se normatizada a
distribuição dos equipamentos ou sistemas mínimos necessários visando
que a contaminação do subsolo, devido a vazamentos, derramamentos e
transbordamentos dos produtos comercializados, seja evitada. Aqui se
considera que a possibilidade de derramamento de produto nos postos de
serviço está ligada tanto aos abastecimentos dos tanques subterrâneos
quanto dos tanques de veículos, devendo-se dificultar a contaminação do
sistema de drenagem de águas servidas ou pluviais procurando-se conter
um eventual derramamento.
2.2.3.10 NBR 13787/97 – Controle de estoque dos Sistemas de
Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis (SASC) nos postos de
serviço; a qual trata exclusivamente do controle de estoque dos tanques
do SASC, isto é, através de medição (com régua ou qualquer outro
equipamento de medição calibrado) e tabela de arqueação do tanque.
Esta norma apresenta todos os Procedimentos Operacionais para
determinação do Estoque Físico, do Volume Recebido, da Movimentação
43

do Estoque e das variações de Estoque. Integram esta norma os Anexos


A – Formulário controle de estoque e B – Instruções sobre o
preenchimento do formulário controle de estoque.
2.2.3.11 NBR 13788/97 – Proteção catódica para Sistemas de
Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis (SASC) nos postos de
serviço; onde os requisitos mínimos exigíveis para a adoção de proteção
catódica em sistemas de armazenamento subterrâneo de combustíveis
(SASC), são fixados, abrangendo especialmente tanques existentes
metálicos, revestidos ou não; tanques novos metálicos revestidos;
tubulações e conectores flexíveis metálicos; outros componentes
metálicos.
2.2.3.12 NBR 13895/97 – Construção de poços de monitoramento e
amostragem; que estabelece os métodos construtivos dos poços
destinados ao monitoramento de solo e de água subterrânea.
2.2.3.13 NBR 14623/00 – Posto de serviço – Poço de monitoramento
para detecção de vazamento; a qual fixa as condições mínimas exigíveis
para construção e instalações de poços de monitoramento preventivo
para inspeção e detecção da presença de combustíveis, seja na forma de
vapor – poço de monitoramento de vapores – seja na forma dissolvida ao
atingir o aqüífero freático – poço de monitoramento do freático. Destacam-
se os seguintes aspectos desta norma:
- Poço de Monitoramento de Fase Livre: deve ser utilizado em
locais onde o nível da água subterrânea esteja até 8 m de profundidade.
A presença de contaminação em fase livre anterior a instalação do poço
inviabiliza a sua utilização, devendo-se optar por outro método de
detecção. A instalação do(s) poço(s) deve ser limitada ao terreno do posto
de serviço, sendo que a quantidade de poços a instalar deve ser definida
de modo a assegurar a detecção de vazamento em qualquer elemento do
SASC e estabelecida de forma que nenhum tanque fique a mais de 6,5 m
de qualquer poço. A distância mínima de 4 m entre o poço e qualquer
tanque deve ser observada, exceto em locais onde as limitações de
terreno não o permitam.
44

- Poço de Monitoramento de Vapor: deve ser utilizado em locais


onde o nível da água subterrânea não atinja o tanque. A presença de
contaminação anterior à instalação do poço inviabiliza a sua utilização,
devendo-se optar por outro método de detecção. Deve ser instalado um
poço por tanque, em caso de implantação de um tanque por cava, ou
entre cada dois tanques quando estes forem implantados em uma mesma
cava. Para instalações pré-existentes deverá haver um poço por tanque.
A perfuração deve ser realizada até 0,30 m abaixo da geratriz inferior do
tanque.
3 - METODOLOGIA

Este capítulo descreve a metodologia utilizada para o estudo do


gerenciamento ambiental em um posto de abastecimento de combustíveis
líquidos na cidade de Santa Maria-RS.
Segundo Hirano et alii (1988), existem vários aspectos a serem
abordados ao se realizar uma pesquisa científica, onde, a partir dos
objetivos da pesquisa e do esquema proposto é que se seleciona a
metodologia a ser adotada, sejam as técnicas de observação, sejam as
fontes de dados e os métodos de interpretação e análise dos dados
obtidos.
O procedimento metodológico utilizado para a realização deste
estudo, baseou-se nos fundamentos teóricos abordados no capítulo
anterior e em uma pesquisa empírica. Neste capítulo será descrito
basicamente o caminho e o instrumental utilizado para o desenvolvimento
do trabalho.

3.1 A NATUREZA DA PESQUISA

As pesquisas podem ser classificadas em dois grandes métodos, o


quantitativo e o qualitativo, a diferença reside na forma de abordar o
problema. O método escolhido precisa ser apropriado ao tipo de estudo
que se deseja realizar, assim, é a natureza do problema ou o seu nível de
aprofundamento que determinará a escolha do método (RICHARDSON et
alii, 1989).
Este estudo tem como questão central “como um posto de revenda
de combustíveis deve gerenciar os aspectos ambientais de forma a
atender a legislação vigente e garantir a sobrevivência da organização em
46

longo prazo?”, neste caso a pesquisa qualitativa é mais adequada para


alcançar a resposta, uma vez que dados quantitativos não responderiam
à questão.
Segundo Patton (1986), os pesquisadores que utilizam métodos
qualitativos possuem três características importantes:
Visão Holística - na medida em que procuram entender o fenômeno
e as situações em seu conjunto, considerando que este todo é maior que
a soma das partes tomadas individualmente. Além disso, consideram que
a descrição e o entendimento do contexto onde o fenômeno ocorreu é
crucial.
Abordagem Indutiva - buscando compreender os múltiplos inter-
relacionamentos entre as dimensões que surgem dos dados sem fazer
suposições a priori sobre tais relações.
Investigação Naturalística - não tentam manipular o ambiente
pesquisado, mas compreender o fenômeno no contexto onde ocorre
naturalmente.
A abordagem qualitativa é a mais apropriada, quando se procura
explicar o funcionamento de estruturas sociais, ou quando se propõe
analisar um fenômeno singular buscando verificar suas origens ou razões.
(RICHARDSON et alii, 1989).
Bogdan e Biklen (apud Triviños, 1992), indicam algumas
características da pesquisa qualitativa, são elas: a pesquisa qualitativa
tem como fonte direta dos dados o ambiente natural e o pesquisador
como instrumento-chave; os dados coletados são, na sua maioria,
descritivos; os pesquisadores qualitativos preocupam-se muito com o
processo e não apenas com os resultados e o produto; os pesquisadores
qualitativos tendem a analisar os dados de forma indutiva; o "significado"
que as pessoas dão às coisas e à sua vida é uma questão fundamental
na abordagem qualitativa.
Diante dessas colocações parte-se então para a formulação do
problema de pesquisa.
47

3.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

A pesquisa científica envolve várias etapas, após a escolha do


tema, a definição do problema se coloca como uma das mais importantes,
pois permite determinar quais serão os caminhos que tomarão o trabalho.
Gil (1988) define problema como qualquer questão não resolvida e
que é objeto de discussão em qualquer domínio do conhecimento.
Cervo (1978), se refere ao problema como uma questão que
envolve uma dificuldade teórica ou prática para a qual deve-se encontrar
uma solução. O autor destaca algumas vantagens da formulação do
problema: desencadeia a investigação; é uma via de acesso ao terreno do
conhecimento científico; fornece pistas para a investigação, coleta de
material e coleta de dados; e, condiciona os resultados que podem ser
interessantes ou banais. Além dessas vantagens o autor salienta a
importância do conhecimento prévio do assunto para a formulação do
problema, pois deste, depende toda a pesquisa, mesmo que ela não
chegue a uma solução.
A definição do problema de pesquisa não é fácil, sua formulação
requer alguns cuidados, assim, alguns autores sugerem algumas regras
práticas que podem ser seguidas para facilitar esse trabalho, dentre elas:
deve ser formulado em forma de pergunta, ser delimitado a uma
dimensão viável, ser claro, preciso e objetivo (SALOMON, 1991; GIL,
1993). Salomon (1991) alerta que poderão surgir mais de um problema,
devendo o pesquisador selecionar o que melhor responderá às suas
aptidões ou ao seu interesse futuro.
Nesse sentido, o presente trabalho tem por referencial a seguinte
questão de pesquisa: como um posto de revenda de combustíveis deve
gerenciar os aspectos ambientais de forma a atender a legislação vigente
e garantir a sobrevivência da organização em longo prazo?
48

3.3 PERGUNTAS DE PESQUISA

Segundo Triviños (1992) as perguntas de pesquisa representam o


que o investigador pretende esclarecer, orientando seu trabalho. Elas
devem reunir algumas condições, tais como: precisão, clareza,
objetividade (para que não se tenha dúvida sobre o seu significado) e
devem se referir a fenômenos observáveis (RICHARDSON et alii, 1989).
São originadas a partir das idéias colocadas na formulação do problema e
dos objetivos da investigação. Assim sendo, foi elaborado o questionário
apresentado em Anexo.
Assim, com o objetivo de responder ao problema de pesquisa e
alcançar os objetivos propostos, partiu-se para a delimitação da pesquisa,
a coleta, análise e interpretação dos dados coletados.

3.4 DESENHO DA PESQUISA

Esta seção traz o desenho e as perspectivas da pesquisa, como


serão feitas a coleta, análise e interpretação dos dados, os tipos de dados
utilizados, bem como as limitações da pesquisa.

1.4.1 Desenho e Perspectivas da Pesquisa

O desenho da pesquisa indica como os dados serão obtidos,


analisados e interpretados, ou seja, é ele que relaciona os dados a serem
coletados com as respectivas conclusões às questões iniciais do estudo
(YIN, 1990; BAILEY, 1982).
Triviños (1992) e Gil (1993) afirmam existir, em geral, três tipos de
pesquisa cujas finalidades são diferentes: exploratória, descritiva e
experimental (ou explicativa).
A linha geral que norteou o presente trabalho, além da pesquisa
bibliográfica, principalmente no que tange aos aspectos legais da
49

atividade em estudo, que deve existir em qualquer estudo científico,


utilizou a pesquisa descritiva, tendo por base a abordagem qualitativa.
A pesquisa bibliográfica constitui parte da pesquisa descritiva a ser
realizada, enquanto é feita com o intuito de colher informações e
conhecimentos prévios acerca do problema para o qual se procura
respostas.
A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos
ou fenômenos sem manipulá-los (RUDIO, 1992; TRIVIÑOS, 1992). Este
tipo de pesquisa pretende descrever os fatos e fenômenos de
determinada realidade. Isso vem a colaborar com a opinião de Cervo e
Bervian (1983) quando afirmam que, entre outros atributos, a pesquisa
descritiva procura descobrir, com a toda precisão possível, a relação e
conexão de um fenômeno com outros, sua natureza e suas
características.
A pesquisa descritiva admite várias formas, tais como estudos
exploratórios, estudos descritivos, pesquisa de opinião, pesquisa histórica,
estudos de caso, pesquisa documental, estudos causais comparativos,
experimentos, histórias e surveys, entre outros (CERVO e BERVIAN,
1983; RUDIO, 1990; TRIVIÑOS, 1992; YIN, 1990).
Para Yin (1990), a escolha da técnica mais apropriada para a
investigação que se deseja realizar vai depender basicamente de três
condições: (a) do tipo de questão de pesquisa; (b) do nível de controle
que o investigador possui sobre os eventos comportamentais reais; (c) do
grau de foco em eventos contemporâneos ou históricos.
Entre as várias formas que pode assumir a pesquisa qualitativa,
para este estudo adotou-se o design do estudo de caso simples, tendo
como unidade de análise uma única organização (YIN, 1990).
O estudo de caso foi escolhido, pois, segundo Yin (1990), é a
técnica de pesquisa mais apropriada quando se deseja estudar situações
complexas. Tal técnica permite que uma investigação mantenha as
características holísticas e significativas dos eventos da vida real. Para Gil
(1993) e Triviños (1992), o estudo de caso é caracterizado pela análise
50

profunda e exaustiva de uma determinada realidade, de maneira a


possibilitar o seu amplo e detalhado conhecimento. Esse autor observa
que esse tipo de estudo talvez seja um dos mais relevantes para a
pesquisa qualitativa.
Yin (1990) define tecnicamente o estudo de caso como uma
investigação empírica que: investiga um fenômeno contemporâneo dentro
de seu contexto real; não possui fronteiras claras entre o fenômeno e o
contexto; e, usa múltiplas fontes de evidência.
Para Lüdke e André (1986), o estudo de caso possui as seguintes
características: visam a descoberta; enfatizam a interpretação em um
contexto; buscam retratar a realidade de forma completa e profunda;
usam uma variedade de fontes de informação; revelam experiências e
permitem generalizações naturalísticas; procuram representar os
diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vista presentes numa
situação social; e, geralmente, utilizam uma linguagem e uma forma mais
acessível do que os outros relatórios de pesquisa.
Os autores apontam que geralmente o estudo de caso possui três
fases: a) uma fase exploratória (pode ter origem na literatura existente,
ser fruto de observações, surgir de um contato inicial com a
documentação existente, etc.); b) uma outra fase mais sistemática
(envolvendo a coleta de dados); e, finalmente, c) envolve análise e
interpretação dos dados e elaboração do relatório.
Gil (1993) adverte que a principal limitação do estudo de caso é
que não se pode generalizar o resultado alcançado para outras situações.
Porém, para Triviños (1992), é nesta característica que está o grande
valor do estudo de caso, pois ele fornece um conhecimento aprofundado
de uma determinada realidade, já que os resultados alcançados podem
permitir o encaminhamento de outras pesquisas.
Neste sentido, Lüdke e André (1986) afirmam que, em função de
cada caso ser tratado como único, singular, a questão da generalização
passa a ter menor relevância. A generalização do que foi apreendido num
51

tipo de contexto para outros contextos semelhantes vai depender do tipo


de usuário do estudo.
Outra preocupação sobre os estudos de caso é que eles tomam
muito tempo e resultam em documentos extensos e difíceis de ler. Yin
(1990) afirma que esta preocupação é verdadeira, mas que existem
outras maneiras de realizar estudos de caso que não levem tanto tempo e
cujos relatórios finais não sejam tão extensos. Gil (1993) opõe-se a essa
preocupação ao afirmar que os relatórios dos estudos de caso utilizam
uma linguagem e uma forma mais acessíveis do que outras formas de
pesquisa.
Gil (1993) afirma que o estudo de caso possui diversas vantagens,
tornando-o o design mais adequado em várias situações, as principais
vantagens são:
- O estímulo a novas descobertas: sendo o planejamento do estudo
de caso flexível, o pesquisador, ao longo do processo, mantém-se atento
a novas descobertas. Muitas vezes ele dispõe de um plano inicial e
durante a pesquisa pode ter seu interesse despertado por outros aspectos
a princípio não previstos.
- A ênfase na totalidade: no estudo de caso, o pesquisador
interessa-se pelas múltiplas dimensões de um problema, analisando-o no
todo.
- A simplicidade dos procedimentos: os procedimentos de coleta e
análise das informações utilizadas no estudo de caso, se comparados
com outros tipos de delineamento, são bastante simples. Também os
relatórios utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do que os
outros relatórios de pesquisa.

3.5 COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Uma vez identificados os elementos-chave e as delimitações do


problema de pesquisa, o pesquisador pode partir para a coleta
sistemática de informações, utilizando para isso instrumentos mais ou
52

menos estruturados, técnicas mais ou menos variadas; sua escolha deve


ser determinada pelas características próprias do objeto estudado
(LÜDKE e ANDRÉ, 1986; RUDIO, 1990).
No estudo qualitativo a coleta e análise dos dados são
desenvolvidas em interação dinâmica, retroalimentando-se, reformulando-
se constantemente, de maneira que, por exemplo, a coleta de dados num
instante deixa de ser coleta e se transforma em análise de dados, e esta,
em seguida, transforma-se em veículo para nova busca de informações
(TRIVIÑOS, 1992).

3.5.1 Tipos de dados utilizados

Os dados utilizados neste estudo originaram-se de várias fontes e


de maneira sistemática, de modo que se pode descrevê-los da seguinte
forma:
- Dados primários: obtidos em estudo de campo através de
entrevistas semi-estruturadas (Minayo, 1993), que possibilitaram ao
entrevistado discorrer sobre o tema proposto, sem respostas ou
condições pré-fixadas pelo pesquisador;
- Dados secundários: obtidos em jornais, revistas, livros,
dissertações, teses e publicações do governo, de associações ligadas ao
setor, além de documentos da própria organização.

3.5.2 Coleta dos dados

A coleta de dados surge como uma das atividades características


da pesquisa descritiva e pode ser realizada através de vários
instrumentos, tais como: observação, entrevista, questionário e formulário
(HIRANO et alii, 1988).
Na entrevista, valoriza-se a descrição verbal do entrevistado para a
obtenção de informação com relação aos estímulos ou experiências a que
está exposto (SELLTIZ et alii, 1974). Trata-se de uma conversa que tem
53

por objetivo, através das respostas fornecidas, recolher dados para a


pesquisa (CERVO e BERVIAN, 1983).
Segundo Honningmann (apud Minayo, 1993), a entrevista pode ser
classificada como: sondagem de opinião, entrevista aberta, entrevista
não-diretiva centrada ou entrevista focalizada e entrevista semi-
estruturada.
Como se tratou de um estudo de caso, a coleta de dados foi
efetuada com o proprietário da empresa, através de entrevistas semi-
estruturadas e em alguns momentos abertas, deixando o entrevistado
com liberdade para relatar os fatos. As entrevistas foram transcritas, e
tiveram duração aproximada de uma hora. Além disso, também foram
utilizados dados originados das observações feitas pelo pesquisador.
À medida que os dados foram sendo coletados através do
questionário e da entrevista, procurou-se identificar temas e relações,
construindo interpretações e gerando novas questões e/ou aperfeiçoando
as anteriores, o que, por sua vez, levou a busca de novos dados,
complementares ou mais específicos, que testassem as interpretações,
num processo de sintonia fina que foi até a análise final. Isto provocou o
retorno a novas entrevistas para que se pudessem validar alguns dados
relatados pelo entrevistado.
O posto objeto do presente estudo foi escolhido por apresentar as
características predominantes da maior parte das atividades de revenda
de combustíveis no município de Santa Maria-RS. Outro motivo relevante
na escolha do posto em estudo é que o mesmo já apresentou falha em
suas operações, gerando vazamento e contaminação do solo, o que será
discutido adiante neste estudo.

3.5.3 Análise e interpretação dos dados

A analise e interpretação dos dados obtidos foram balizados de


acordo com a legislação pertinente, bem como normas específicas para o
gerenciamento operacional da atividade, já discutidos no capítulo anterior.
54

Como já foi dito anteriormente, a pesquisa qualitativa, pelo tipo de


técnicas que emprega - neste caso a entrevista semi-estruturada - não
estabelece separações estanques entre a coleta e a interpretação das
informações. Existe um fluxo constante de informações que são
levantadas, logo após são interpretadas, podendo surgir novas questões,
o que requer uma outra busca de dados (TRIVIÑOS, 1992).

3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Embora se tenha buscado todo rigor nas análises e procedimentos


utilizados neste estudo, alguns aspectos referentes às suas limitações
merecem destaque:
Em primeiro lugar, o método utilizado nesta pesquisa - o estudo de
caso - embora tenha permitido uma verificação completa e profunda das
variáveis escolhidas dentro da organização analisada, caracteriza-se por
estar limitado à situação estudada, não permitindo a generalização plena
de seus resultados e conclusões para outras organizações (YIN, 1990;
TRIVIÑOS; 1992; GIL, 1993). Entretanto, como já foi comentado
anteriormente, a generalização do que foi apreendido neste contexto para
outros semelhantes vai depender do tipo de usuário do estudo (POLANY
apud LÜDKE e ANDRÉ, 1986).
É importante salientar que, apesar de as categorias pesquisadas
serem significativas de acordo com o referencial teórico apresentado, não
esgotam as possibilidades do tema em estudo.
4 - O CONTEXTO DOS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS NO
BRASIL

4.1 CARACTERÍSTICAS DO SETOR

No Brasil, os combustíveis são produzidos pelas refinarias e


destilarias da Petrobrás e, a partir destas, transportados até as unidades
de distribuição de combustíveis, de propriedade de distribuidoras de
capital privado. Os combustíveis são então estocados e/ou aditivados e
distribuídos aos postos de revenda, onde são vendidos a varejo.
Geralmente é também ofertada por estes postos, a prestação de outros
serviços, tais como troca de óleo, borracharia, lavagem, oficinas
mecânicas, restaurante, lojas de conveniências e outras atividades
comerciais associadas ao complexo de venda de combustível.
Com o intuito de propor um modelo de gerenciamento ambiental
dentro da realidade da atividade de revenda de combustíveis, é
apresentado um estudo de caso realizado em um posto de revenda de
combustíveis líquidos da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul,
Brasil.

4.2 OS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS EM SANTA MARIA - RS

O número de postos cresce proporcionalmente com o aumento da


frota de automóveis. Através dessa relação pode-se prever a expansão
do número desses estabelecimentos. Outra questão importante é a idade
avançada dos postos de revenda de combustíveis (ver Figura 2), onde
57% têm mais de 20 anos de atividade e 30% acima de 10 anos,
totalizando 87% com mais de 10 anos, correspondendo a
56

aproximadamente 47 postos somente em Santa Maria, o que demonstra a


necessidade de um gerenciamento ambiental rigoroso para a grande
maioria dos postos de Santa Maria – RS.

Classificação Etária dos Postos

antigo (mais de
57
20anos)

30
intermediário (11 a
20anos)

13
recente (0 a 10anos)

%
0 10 20 30 40 50 60

FIGURA 2 - Classificação etária dos postos.


Fonte: SILVEIRA et alii (2001).

Postos que possuem Poços de Monitoramento de


Águas Subterrâneas

sim 83

não 17

0 20 40 60 80 100 %

FIGURA 3 - Postos que possuem poços de monitoramento de


águas subterrâneas.
Fonte: SILVEIRA et alii (2001).

Além disso, há regulamentações legais que obrigam o


monitoramento sistemático do solo e da água, visando à detecção de
contaminações devido a vazamentos de combustíveis em seu início. Por
outro lado, pode-se verificar um grande número de estabelecimentos
57

adequados à legislação, observando o número de postos que possuem


poços de monitoramento de águas subterrâneas (ver Figura 3).

4.3 OS RISCOS E PERIGOS DA ATIVIDADE

Basicamente, os postos de serviço são compostos pelos tanques


subterrâneos de armazenamento de combustíveis, bombas para
abastecimento e boxes para troca de óleo e para lavagem de veículos. As
principais fontes de contaminação nestes postos são caracterizadas por:
derramamentos durante as operações de transferência do produto para
os tanques; transbordamentos; vazamentos no sistema, devido à corrosão
dos tanques e/ou das tubulações subterrâneas; falhas estruturais dos
tanques, das conexões ou da tubulação; instalação inadequada.
A quantidade de falhas em um sistema de tanques é determinada
por: idade do tanque; materiais utilizados na construção; sistemas de
proteção contra a corrosão; e características da construção do sistema. A
melhor forma de se evitar os impactos ao meio ambiente e à saúde
humana é o tratamento criterioso dos problemas envolvendo
derramamentos, adotando-se a prevenção como a melhor alternativa.
Neste contexto, três estratégias fundamentais devem ser seguidas pelos
proprietários de tanques de armazenamento subterrâneo: seleção
cuidadosa dos novos equipamentos e instalações; instalação adequada
dos tanques; imediata detecção dos vazamentos.
Atualmente, já se encontram disponíveis técnicas e equipamentos
apropriados para as instalações do sistema de estocagem e venda de
combustíveis, muitos dos quais adequadamente normatizados,
proporcionando maior segurança contra acidentes. No entanto, as
possibilidades de derramamento do produto durante o abastecimento dos
tanques subterrâneos e dos veículos são elevadas e necessitam de
medidas que venham a conter seu escoamento para o sistema de galerias
de águas pluviais e/ou por meio da drenagem superficial da região, além
58

de impedir sua infiltração no solo. Agravando este cenário, conforme


dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) existem mais de 27.000
postos de serviço no Brasil, em sua maioria construídos na década de 60,
implantados sem os cuidados necessários para o monitoramento e
controle operacional dos processos, equipamentos e dispositivos que
integram estas unidades e com a vida útil dos tanques subterrâneos já
esgotada.
Outro fator a ser enumerado é que, até bem pouco tempo, o
gerenciamento ambiental de vazamentos de petróleo e seus derivados
limitava-se a ações corretivas, sendo que os programas de prevenção
ainda se apresentam bastante ineficientes.
Havendo vazamento, os combustíveis são liberados para a
subsuperfície como óleos na fase líquida, os quais são menos densos que
a água. Nesta fase, eles são comumente referenciados como Líquido com
Fase Não Aquosa mais Leve que a Água (LNAPL). Como o escoamento
subterrâneo se processa através das áreas de origem dos LNAPL, os
componentes solúveis se particionam penetrando no fluxo de água
subterrânea e gerando a pluma de contaminante dissolvido. Mesmo após
ter cessado a liberação, as massas de LNAPL que permanecerem
próximas às áreas fontes, tendem a se decompor lentamente, em
componentes solúveis.
A presença de etanol na fórmula da gasolina brasileira, atualmente
em uma proporção entre 24 e 26%, potencializa a probabilidade de
compostos hidrocarbonetos monoaromáticos (BTEX) atingirem o lençol
freático a partir de derramamentos de gasolina. Dentre estes compostos o
benzeno é considerado o mais nocivo devido ao seu elevado potencial
cancerígeno (CORSEUIL e MORENO, 1999).
Considerando-se a fragilidade dos recursos hídricos frente a uma
fonte de contaminação desta natureza, em especial, dos recursos hídricos
subterrâneos, e de todo o ecossistema neles presentes e deles
dependentes, incluindo os seres humanos, cuja existência está totalmente
vinculada à conservação e manutenção da qualidade do ciclo hidrológico,
59

verifica-se que a adoção de uma política ambiental, não apenas efetiva,


mas onde os atores se posicionem de forma comprometida e atuante.
Neste estudo priorizou-se analisar os cuidados dispensados com
os procedimentos operacionais, de estocagem e manuseio de
combustíveis, tendo em vista o alto potencial poluidor e degradador dos
produtos comercializados.
Para tanto, as normas, legislações e aspectos institucionais,
municipais, estaduais, nacionais e internacionais existentes, suas
aplicações, implementação, fiscalização e adequabilidade frente à
realidade nacional foram analisadas, procurando-se identificar as
necessidades reais, tanto em nível institucional quanto operacional, para
que um nível de gerenciamento que assegure a integridade da atividade
deste estabelecimento, bem como do ambiente onde o mesmo se insere,
possa vir a ser atingido.
5 - ANÁLISE DOS DADOS

Procurou-se apresentar, neste capítulo, os eventos e


procedimentos que devem fazer parte de um sistema de gerenciamento
ambiental em postos de revenda de combustíveis, segundo as leis e
normas técnicas em vigor, tomando como base as respostas obtidas
através de um questionário e de entrevistas realizadas com o proprietário
de um posto de combustível, nos meses de outubro e novembro de 2003,
conforme consta em Anexo.

5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

O estabelecimento aqui estudado caracteriza-se como um posto de


revenda de combustíveis, localizado ao lado de uma rodovia, próximo a
áreas residenciais. Assim, segundo a Portaria Intersetorial nº 01/92, está
classificado na listagem de atividades potencialmente perigosas,
apresentando o seguinte potencial poluidor/degradador:
a) Ar: pequeno;
b) Água: médio;
c) Solo: pequeno;
d) Geral: médio.
De acordo com as informações obtidas a partir do questionário
aplicado na unidade de revenda, constatou-se que o posto em estudo não
possui lavagem de veículos, portanto não há geração de efluentes nem a
necessidade de coleta e tratamento do mesmo de acordo com normas
expedidas pela FEPAM. Acrescenta-se ainda, que o posto não realiza
troca de óleo lubrificante, não gerando, portanto, resíduos de embalagens
e filtros a serem descartados.
61

De acordo com as recomendações da FEPAM, as áreas de


abastecimento e descarga de combustíveis estão cobertas por piso
impermeável, com canaletas coletoras de líquidos derramados, recolhidos
à caixa separadora de água, terra e óleo. Porém todo o lodo e óleo
recolhido na caixa separadora são destinados ao aterro municipal através
da coleta de lixo do município. Esses resíduos são classificados como
perigosos e deveriam ter seu acondicionamento, transporte e destino
adequados em atendimento aos instrumentos legais específicos, os quais
determinam a disposição final desses em aterro para resíduos perigosos
licenciado para tal atividade, conforme determina a FEPAM.
A falta de cuidados especiais com esses resíduos demonstra a
inexistência de um sistema de gerenciamento ambiental pelo posto, o que
evidencia a preocupação em atender somente o que os órgãos públicos
de fiscalização obrigam, como se percebe na colocação do proprietário
durante uma das entrevistas:

... é tanta burocracia para tocar um negócio, que


acabamos atendendo só o que é obrigatório,
conforme se pode [...] se fossemos fazer tudo o que
é cobrado teríamos que fechar o posto.

No que diz respeito aos tanques de armazenamento subterrâneo


de combustíveis existem três tanques de aço carbono, um para
armazenamento de gasolina, com capacidade de 15.000 L, instalado em
1990; um para armazenamento de álcool, com capacidade de 10.000 L,
instalado em 1990; e outro para armazenamento de diesel, com
capacidade de 15.000 L, instalado em 2000.
Em todos os tanques nunca foi realizado teste de estanqueidade,
em função dos custos e da falta de cultura voltada à prevenção, isto é, a
empresa demonstra mentalidade imediatista e visão de curto prazo. Esse
teste permitiria avaliar a resistência mecânica dos tanques, evitando
vazamentos devido a perfurações no casco dos mesmos, como ocorreu
no ano de 2000 com o tanque de diesel, tendo de ser substituído. Mesmo
com a detecção do vazamento, através da verificação do nível de
62

combustível por meio de régua de medição, aquém do esperado de


acordo com o estoque e a venda. Como deficiências em relação a esse
fato, pode-se constatar a inexistência de comunicação do ocorrido aos
órgãos ambientais e de um estudo da área de abrangência da pluma de
contaminação.
Embora exista legislação obrigando a comunicação da substituição
de tanques e a utilização de tanques de parede dupla com controle de
detecção de vazamentos intersticiais, chamados de tanques ecológicos,
tal prerrogativa não foi atendida. Acrescenta-se ainda, a obrigatoriedade
do estudo de avaliação da pluma de contaminação, notificado pelo órgão
ambiental estadual, quando detectado vazamento através de análise de
amostras do poço de monitoramento, o que também foi omitido pela
unidade estudada.
Analisando-se a legislação vigente que regula o funcionamento
desse tipo de empreendimento, pôde-se perceber a rigorosidade com que
é tratado o tema atualmente. Porém há uma lacuna muito extensa no
tocante ao cumprimento da referida legislação. A comprovação do
descumprimento da mesma é exatamente o exemplo do posto, que não
cumpriu com as obrigações legais, não sofrendo nenhuma punição.
A realidade dos postos de combustíveis deve ser reavaliada à luz
dos riscos e perigos inerentes à atividade, a qual não necessita de um
responsável habilitado para tratar dos riscos e peculiaridades, como: a
manutenção preventiva e preditiva; monitoramento sistemático de
possíveis vazamentos e contaminações; e, avaliações periódicas das
condições dos equipamentos de armazenagem, dutos e bombas para
movimentação dos combustíveis.
O proprietário do posto de revenda é o responsável legal pela
atividade, porém não é obrigatório um responsável técnico pelas
operações do empreendimento – e não há –, onde a unidade de revenda
pode não receber os cuidados técnico-operacionais necessários, tendo
uma probabilidade maior de apresentar falhas, como as verificadas no
posto.
63

O posto comercializa aproximadamente 20.000 L de combustível


por mês. Esse volume é considerado pequeno em relação a outras
unidades de revenda, o que se deve à interrupção das atividades por um
longo período e reinício recentemente.
O mais importante em relação ao volume comercializado, no que
diz respeito ao gerenciamento ambiental de um posto de revenda de
combustíveis, é que quanto maior o volume mensal armazenado de
combustível, maiores poderão ser os danos em caso de vazamento, pois
se torna mais difícil o controle, podendo levar algum tempo para ser
detectado qualquer vazamento, principalmente com o uso de régua de
medição, prática utilizada pelo posto. Quanto maior o tempo de detecção
e correção do vazamento, maior será a quantidade de combustível que irá
se transferir para o solo, podendo atingir o lençol freático, o qual pode
diluir o combustível (principalmente álcool e gasolina – devido ao álcool
anidro em sua composição em um percentual entre 24% e 26% –, por
serem polares como a água ocorre a miscibilização) e certamente irá
espalhá-lo ao longo do seu deslocamento.
Outra questão pertinente ao monitoramento e detecção de
vazamentos são os poços de monitoramento/visita. Esses poços podem
ser de dois tipos: poços de monitoramento de águas subterrâneas, que
são equipamentos que consistem em canais de visita ao lençol freático,
onde através desses é possível coletar amostras de água; e poços de
monitoramento de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs), que são
equipamentos que consistem em canais de visita à galerias do solo em
locais onde o nível do lençol freático se encontra abaixo do nível da
geratriz inferior dos tanques, onde através desses é possível analisar
vapores. Ambos analitos (água e vapor) podem revelar a presença ou não
de contaminantes, como os vistos anteriormente.
Embora conte com dois poços de monitoramento, a unidade
analisada no presente estudo não os utiliza, pois a fiscalização é
inexistente e os gastos com as análises elevados. E, por conseguinte,
demonstra de um lado a falta de cultura gerencial no que diz respeito ao
64

gerenciamento ambiental, e de outro, os custos elevados que


desestimulam o cumprimento da legislação.
Essa realidade evidencia o não comprometimento com as
condições mínimas de operabilidade da atividade, pois sem a avaliação
dos poços de monitoramento não é possível comprovar o vazamento,
nem identificar a fonte do mesmo, a fim de se proceder com medidas
corretivas.
Outro aspecto relevante, principalmente para a segurança pública,
é o monitoramento da explosividade na área de risco da atividade, bem
como bueiros da rede pluvial de esgoto e galerias subterrâneas
existentes, os quais podem ser contaminados por combustíveis líquidos e
em forma de vapor, onde esses podem explodir em função das condições
atmosféricas. Na unidade de revenda em estudo não existe preocupação
com esse tipo de procedimento, o que reforça a falta de comprometimento
com a segurança das operações.
De modo extensivo, a inflamabilidade dos combustíveis de baixo
peso molecular, como a gasolina e o álcool, é um risco que deve ser
gerenciado. Sob esse aspecto, em função das exigências do Corpo de
Bombeiros, o posto possui um Projeto de Prevenção e Combate a
Incêndio (PPCI), o qual existe apenas para a unidade em questão obter o
alvará do Corpo de Bombeiros e dar continuidade a atividade, pois em
caso de emergência não há recursos disponíveis e suficientes para o
atendimento a sinistros.
Segundo as normas vigentes encontradas na bibliografia
consultada, no que diz respeito à estrutura do posto em estudo,
identificou-se a falta dos seguintes equipamentos mínimos:

Proteção contra vazamentos:


- Uma única válvula de retenção;
- Amostragem e análise de água subterrânea;
- Controle de estoque automático;
- Monitoramento intersticial (dos tanques com parede dupla).
65

Proteção contra derramamento:


- Câmara de acesso à boca de visita;
- Câmara de contenção sob a unidade abastecedora (ilha de
abastecimento).

Proteção contra transbordamento:


- Descarga selada;
- Câmara de contenção de descarga Selada;
- Válvula de proteção contra transbordamento;
- Alarme de transbordamento;
- Válvula de retenção de esfera flutuante.

Proteção contra corrosão em tanques subterrâneos:


- Tanque de parede dupla, fabricado em material não metálico.

Proteção contra corrosão em tubulações subterrâneas:


- Tubulação fabricada em material não metálico.

A partir da análise do posto, constata-se a deficiência de


fiscalização no que se refere ao cumprimento da legislação existente. O
que incentiva o descumprimento dos dispositivos legais, colocando em
risco a saúde e a integridade física da população.
Para que o posto em estudo atenda integralmente a legislação
ambiental pertinente vigente, ofereça maior segurança e previna possíveis
acidentes, e, conseqüente, garanta a continuidade do negócio, evitando
multas, indenizações, custos de possíveis remediações e até mesmo
interdição de suas operações, propõe-se um plano operacional de
gerenciamento dos aspectos ambientais mais importantes, conforme
segue.
66

5.2 PROPOSTA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Em busca do controle dos aspectos ambientais para evitar


possíveis impactos negativos, tanto ao meio ambiente quanto ao homem,
propõe-se um plano de gerenciamento ambiental dos aspectos
significativos para controle operacional do posto. O plano considera o
caso em questão, conforme se observou anteriormente as deficiências
operacionais e gerenciais do posto, principalmente no que se refere ao
controle operacional e às proteções ao meio ambiente.

Monitoramento e proteção contra vazamentos e corrosões:


Quanto ao monitoramento de presença de hidrocarbonetos na
água subterrânea em volta dos tanques, sugere-se a instalação de outro
poço de monitoramento além dos existentes, e, principalmente, coleta de
amostras e realização de análises periódicas para verificar possíveis
vazamentos e contaminações no entorno dos tanques.
Levando em consideração que os vazamentos de combustíveis em
postos de combustíveis ocorrem, geralmente, a partir dos tanques
subterrâneos e nas junções e uniões das tubulações; considerando-se,
ainda: a idade avançada de dois dos três tanques subterrâneos de
armazenamento de combustíveis; a não realização de testes para verificar
a estanqueidade dos mesmos; não ser realizada uma limpeza periódica
no interior dos tanques para evitar corrosão, e visando a proteção
ambiental quanto a eventual ocorrência de vazamentos, propõe-se adotar
os seguintes equipamentos:
- tanques de parede dupla;
- sistema de monitoramento da presença de hidrocarbonetos entre
as paredes dos tanques, sob as bombas e as tubulações de
processo;
- tubulação contínua, flexível, em polietileno de alta densidade,
PEAD, com revestimento em nylon.
- controle de estoque informatizado.
67

Proteção contra derramamento e transbordamento:


Nos procedimentos de descarga de combustíveis devem ser
observados normas e procedimentos seguros, de forma a evitar
derramamentos e transbordamentos, como os que seguem:
- veículo deve ser corretamente estacionado, com motor e todo o
equipamento elétrico desligado;
- verificação do nível da carga;
- isolar a área de descarga com cones, contendo a placa de
indicação de perigo e os extintores de incêndio do veículo próximos
do operador de descarga;
- aterrar o caminhão durante toda operação, evitando o risco de
faíscas devido a eletricidade estática;
- o posto deverá apresentar descarga selada, com câmara de
contenção, garantindo maior proteção contra transbordamentos;
- capacitar pelo menos um funcionário por turno quanto aos riscos
de operação e manuseio, preparado para ações de emergência e
utilização dos equipamentos de proteção individual adequados;
- instalar válvula de proteção, alarme e válvula de retenção de
transbordamento (sistema antitransbordamento).

Cuidados no abastecimento:
O abastecimento de veículos no posto é uma atividade
extremamente simples, mas que pôr envolver o manuseio de produtos
inflamáveis requer a adoção de medidas de segurança e cuidados
especiais a prevenção de acidentes.
Cuidados pré-abastecimento:
a) Certificar-se que o motor do veículo está desligado;
b) No caso de motocicletas, o condutor deverá descer da mesma;
c) Certificar-se de que não há ninguém fumando, mesmo no interior do
veículo;
d) Certificar-se de que a mangueira não esteja torcida;
e) Certificar-se da não utilização de aparelho celular.
68

Cuidados durante o abastecimento:


a) Verificar se há possibilidade de ocorrer refluxo de combustível, o que
causaria transbordamento pela boca do tanque do veículo;
b) Checar o gatilho do bico da mangueira;
c) Ficar em posição lateral em relação ao bocal do tanque do veículo,
para evitar contaminações por projeções de combustível no caso de
refluxo;
d) Não colocar o ouvido próximo ao local do tanque do veículo para
controlar o enchimento pelo ruído do fluxo;
e) Encher o tanque até o bocal, para evitar transbordamento. Caso a
bomba possua bico automático, parar o seu abastecimento quando
ocorrer o desarme;
f) Não deixar o bico da mangueira cair no chão, pois uma queda poderá
causar danos que levam a vazamentos;
g) Não usar equipamentos de abastecimento com defeito. Qualquer
problema ou ocorrência de vazamentos devem ser comunicados e
resolvidos o mais breve possível.
Cuidados pós-abastecimento:
a) Caso tenha ficado resto de produto na mangueira, escorrê-lo para o
tanque do veículo;
b) Recolocar o bico na bomba e arrumar a mangueira na posição
adequada, evitando que a mesma fique torcida ou espalhada pela pista.

Segurança na descarga de combustíveis:


A segurança na descarga é um assunto de extrema importância,
pois uma pequena desatenção durante a operação pode acarretar danos
as instalações e ao meio ambiente. Por isso deve-se observar
atentamente as seguintes recomendações:
a) Na chegada do caminhão-tanque, orientar e auxiliar o motorista para
que estacione de maneira a permitir a imediata retirada do veículo em
caso de emergência, sem necessidade de manobras ou de marcha ré;
69

b) Solicitar ao motorista para desligar o motor e todo o equipamento


elétrico, inclusive o rádio e a chave geral;
c) Indicar ao motorista a boca de descarga do tanque que receberá o
produto. Este procedimento é a melhor garantia para evitar a
contaminação;
d) Verificar se existe espaço para receber todo o volume do produto;
e) Ao subir no tanque deverá estar usando calçados sem pregos ou
partes metálicas, pois estes podem causar faíscas;
f) O motorista deverá isolar toda a área com cones, colocar as placas de
advertência, colocar o extintor próximo à operação, ligar o cabo terra e
conectar o mangote para descarga, não permitindo a presença de
qualquer pessoa estranha no local, durante a descarga;
g) Em caso de tempestade com descarga elétrica ou raios a operação
deverá ser suspensa;
h) Depois de finalizada a operação, verificar se o tanque do caminhão-
tanque está vazio. A seguir o mangote deverá ser desconectado, as
tampas dos compartimentos deverão ser fechadas e desligado o cabo
terra. O caminhão-tanque estará pronto para partir.

Manutenção e conservação dos equipamentos:


Manutenção preventiva:
a) Vistoriar os equipamentos nas suas partes: hidráulica, mecânica,
elétrica e eletrônica corrigindo possíveis irregularidades, substituindo as
peças e subconjuntos defeituosos e eliminando causas potenciais de
defeitos.
b) Limpar internamente as bombas.
c) Aferir bombas.
d) Verificar, limpar e, se necessário, substituir a check-valve.
e) Verificar, limpar e, se necessário, substituir a válvula de pé quando
houver indícios de que a mesma esteja causando defeitos da bomba.
f) Pintar a tampa das caixas de chão das bocas de enchimento dos
tanques na cor do produto.
70

g) Vistoriar os bocais de enchimento dos tanques substituindo os anéis de


vedação e a própria tampa do bocal, se necessário.
h) Verificar possíveis obstruções de respiro.
i) Verificar a existência de água ou produto nos sump’s de bomba e
tanque, retirando o líquido e armazenando em recipientes adequados,
posteriormente identificar a origem da entrada e corrigir.
j) Drenar os tanques de gasolina e óleo diesel, armazenando a água
também em recipientes adequados.
Conservação:
a) Deixar as mangueiras das bombas enroladas em seus suportes
evitando assim passagem de veículos sobre elas;
b) Cuidado com os bico. Não deixe bater no piso. Seus mecanismos são
sensíveis e poderão sofrer danos causando vazamentos;
c) Concluído o abastecimento, desligar imediatamente o motor da bomba,
para não forçá-lo além das necessidades;
d) Vistoriar periodicamente o interior da base da bomba, para verificar a
existência de vazamentos ou a necessidade de alguma manutenção;
e) Manter, as mangueiras, os vidros e mostradores das bombas sempre
limpos.
f) Semanalmente, inspecionar as câmaras de calçadas e drenar a água
acumulada, evitando, assim, possíveis infiltrações para dentro do tanque.
Evitar a lavagem de automóveis nas proximidades dos locais de
descarga. Isto evitará a entrada de água nos tanques.
g) Mantenha sua pista sempre limpa, sem objetos jogados no chão. Não
utilizar a bomba de combustível para transferir produtos entre tanques;
h) A tubulação de respiro dos tanques de combustível deve ser
desobstruída, permitindo o livre fluxo dos gases. A saída da tubulação
deve estar em local seguro e com válvulas retentoras de vapor.

Manutenção da caixa separadora de água-óleo:


A caixa separadora de água-óleo funciona de acordo com o
princípio de imiscibilidade de fases (água e óleo) e diferença de
71

densidade (óleo é menos denso que a água), onde o óleo, após um


determinado tempo de residência calculado anteriormente, fica retido na
caixa, podendo ser retirado com relativa facilidade.
A única imprescindível ao bom funcionamento da caixa reside na
manutenção da mesma, o que deve ser feito com a limpeza periódica do
óleo sobrenadante e dos resíduos decantados no fundo da mesma (lodo).
Todos os resíduos removidos da caixa deverão ser armazenados em local
adequado e encaminhados para empresas autorizadas ao recolhimento e
destinação dos mesmos.
6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 CONCLUSÕES

Este estudo teve como proposta o controle dos aspectos


ambientais de um posto de revenda de combustíveis líquidos, de forma a
evitar possíveis impactos negativos ao meio ambiente, através de um
plano de gerenciamento ambiental, principalmente das operações-críticas
de descarga, abastecimento e manutenção dos equipamentos.
O desenvolvimento dessa pesquisa exigiu o delineamento de um
plano de investigação, isto é, o planejamento de um conjunto de decisões
e ações, que articuladas possibilitaram atingir os objetivos propostos.
Diante do contexto orientador desse estudo, e do que evidenciam
os dados coletados, entende-se que a falta de fiscalização no tocante ao
atendimento da legislação vigente é o fator determinante da ineficácia
identificada no que diz respeito à gestão ambiental dos postos de revenda
de combustíveis.
Tal constatação pode ser evidenciada à medida que os
proprietários desses empreendimentos restringem-se ao atendimento dos
requisitos mínimos de operabilidade necessários, denotando falta de
perspectiva de longo prazo influenciada pelo caráter gerencial imediatista.
A preocupação em atender apenas o que a legislação impõe,
embora sem fiscalização, pode ser conseqüência do excesso de
burocracia existente, aliada aos elevados custos relacionados à
implantação e implementação de um sistema de gerenciamento ambiental
eficaz.
Acrescenta-se ainda, que os métodos utilizados são tanto
defasados quanto imprecisos, na medida que o controle de estoque de
combustíveis realizado a partir de medição por régua é impreciso,
73

podendo não identificar vazamentos, impedindo a adoção de medidas


corretivas em tempo hábil, não evitando, portanto, a contaminação do
lençol freático.
A falta da exigência de um responsável técnico pela atividade de
revenda de combustíveis é um aspecto que precisa ser considerado pela
legislação que regula esta atividade, pois a atividade analisada trabalha
com produtos perigosos que oferecem riscos ambientais e,
conseqüentemente, à saúde humana. Essa falta de qualificação técnica
permite que a atividade seja gerenciada por pessoas não habilitadas. Tal
deficiência pôde ser verificada na unidade de revenda analisada, a partir
da falta de preocupação e de meios adequados para a avaliação do risco
de explosividade, aumentando o risco para sociedade.
Uma análise mais crítica a respeito dos riscos envolvidos na
atividade, demonstrou que o potencial poluidor é subestimado,
desconsiderando, portanto, as conseqüências ambientais no caso de um
acidente envolvendo contaminação do solo, do lençol freático e
contaminação de galerias subterrâneas com vapor combustível.
Constatou-se que o posto analisado utiliza tanques de aço-carbono
para o armazenamento dos combustíveis. Quando, de acordo com as
normas vigentes, o armazenamento deveria ser feito em tanques
ecológicos, que conforme visto no decorrer do trabalho permitem um
monitoramento sistemático de possíveis vazamentos.
Outro fato observado é que, em caso de emergências, tais como
derramamentos, vazamentos, incêndios, entre outros, não existem
recursos adequados e suficientes, bem como funcionários treinados para
atender esses casos. Quando, de acordo com a legislação especifica para
a atividade, diz que é obrigatória a manutenção de recursos e pessoal
treinado no local de trabalho em caso de emergências.
Finalmente, cabe ressaltar que a preocupação com o meio
ambiente não é moda ou oportunismo, é uma questão de sobrevivência
para as empresas.
74

6.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Os resultados obtidos a partir dos estudos realizados recomendam,


para trabalhos futuros, o aprofundamento das pesquisas nos seguintes
aspectos:
- Sistema de prevenção de vazamentos mediante análise de poços
de monitoramento do lençol freático e do solo;
- Formação de um banco de dados, onde sejam contempladas
informações sobre os postos de combustíveis, em nível local, regional e
nacional, conforme a Resolução Conama nº 273/2000, onde os dados
sejam processados e adequadamente tratados de forma a possibilitar
análises que possam definir as medidas de controle de qualidade
ambiental, sejam elas de caráter preventivo ou corretivo;
- Determinação dos indicadores ambientais locais, tais como
valores de referência e de intervenção;
- Avaliação dos reais impactos ambientais que estão ocorrendo
decorrentes de postos de revenda de combustíveis em operação;
- Análise do comprometimento gerencial em relação às questões
ambientais e da influência das mesmas nos resultados das organizações.
Sugere-se também, que o mesmo tipo de trabalho de pesquisa seja
realizado em outros postos de combustíveis no município de Santa Maria
e região, de modo a verificar em que nível de atendimento à legislação
pertinente os demais postos se encontram, tendo em vista que este é um
trabalho pioneiro na região.
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ANEXO

QUESTIONÁRIO

1. Possui lavagem própria de veículos? Se afirmativo, existe coleta e tratamento?

2. Realiza troca de óleo?


( ) Não ( ) Sim.
Qual o destino das embalagens e filtros?

3. Possui caixa separadores água/óleo? Se afirmativo, qual o destino do lodo?

4. Quanto aos tanques de armazenamento:


Tanque Tipo de Volume Tipo de Ano de Teste de Foi verificado
N° Combustível do tanque Tanque instalação estan- vazamento
(em litros) do tanque queidade no tanque?
01
02
03
04
05

5. Qual o volume aproximado de combustível comercializado por mês?

6. Existe poço de monitoramento/visita do lençol subterrâneo? Se afirmativo, qual a


periodicidade de coleta?

7. Existe monitoramento de explosividade?


( ) Não ( ) Sim
81

8. Quais os métodos de detecção de vazamentos em tanques adotados pelo posto?

9. Existe responsável pelo gerenciamento dos tanques e tubulações?


( ) Não ( ) Sim

10. Os trabalhadores são treinados para atuar em situações de emergência?


( ) Não ( ) Sim

11.Existe Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio?


( ) Não ( ) Sim

12. Existe equipamentos e recursos disponíveis em caso de emergência (vazamento,


derramamento, incêndio, etc)?

13.Existe piso impermeável na área de abastecimento e de descarga?


( ) Não ( ) Sim

14.Possui transporte próprio de combustíveis?


( ) Não ( ) Sim

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