Documento sem nome (2)
Documento sem nome (2)
Documento sem nome (2)
Joguei minha bolsa por cima do ombro e fiz um último aceno na direção de Mark, o cara
que trabalha lá no presídio.
ー Vê se aprende a se comportar, senão a gente vai se rever mais cedo do que imagina! ー
ele exclamou.
ー Não se preocupa, velhote. Agora que eu paguei pelos meus crimes, eu me sinto uma
nova pessoa. Sério, estou pronto para ajudar velhinhas a atravessarem a rua e salvar gatos
de árvores, me tornei um bom samaritano ー falei com a mão no coração, e mark revirou os
olhos.
Olhei para o fim da rua e notei um carro preto acelerando até onde eu estava.
ー Adoraria ficar jogando conversa fiada com você o dia todo, mas minha carona chegou,
até nunca mais, otário! ー o carro parou ao meu lado e eu entrei, me aconchegando no
banco do passageiro.
ー Saudade da gente? Acho que a cadeia te mudou cara, tá mais coração mole... ー Sam
riu da minha cara.
ー Saudade de você não, babaca. Com saudade da minha belezinha ー acariciei o carro
como se fosse meu bichinho de estimação.
ー Claro que mudei, antes eu só queria derrubar a ditadura, queria bombardear essa merda.
Mas depois de anos preso, agora eu não quero mais destruição ー ri sem humor.
ー Destruição... E vingança. Quero ver aquele miséri queimar. Vou me vingar de todos eles.
❤️🔥❤️🔥❤️🔥
ー Como andam as bombas? ー perguntei entrando na nossa sala de reuniões secreta.
ー Enquanto você esteve na cadeia nos explodimos mais de trinta lugares pre-escolhidos
perto da prefeitura ー Cold andava atrás de mim, me atualizando do trabalho feito.
ー Ótimo, já tivemos muitos inocentes feridos por aqueles desgraçados ー o maior motivo de
querer uma revolução é o fato de que eu não aguento como as pessoas vivem.
Só de ouvir mais uma dessas regras imbecis ou que alguém morreu por não cumpri- las, um
desconforto já sobe pelo meu estômago, meus olhos que só enxergam preto e branco
começam a ver vermelho.
ー Ótimo, já que eles estão esperando a gente agir, nós temos que fazer isso rápido e de
uma forma inesperada, vamos usar o efeito surpresa ー levantei e fui até o armário buscar
um mapa antigo, logo depois o abri na mesa.
ー Como eu disse, nós temos que usar o efeito surpresa ao nosso favor e por isso vamos
parar de atacar a prefeitura e mostrar para o nosso inimigo que estamos mais perto que
nunca.
ー Esse é o mapa da casa dos ditadores, Sr. E Sra. Morana não podem esperar pela nossa
visitinha ー Sam cruzou os braços com um sorriso lascivo? no rosto.
ー É isso galera, hora de atacar ー nós passamos o resto do dia planejando como faríamos
nossa entrada triunfal, garantindo que tudo seria perfeito na nossa operação noturna.
Olhei para o lado e vi um quadro enorme, uma foto minha de anos atrás. Eu tinha cabelos
rebeldes, um sorriso no rosto, ainda não havia ganhado a cicatriz que cruza o meu pescoço
e ainda tinha o meu bracelete.
Quando fui preso, os malditos ditadores fizeram questão de pegar meu bracelete de mim, o
único resquício de humanidade que eu tinha foi tirado brutalmente das minhas mãos, e eu
queria de volta.
Mal podia esperar para invadir aquela mansão infeliz e pegar o que é meu.
❤️🔥❤️🔥❤️🔥
Me abaixei atrás dos grandes portões da mansão Morana e fiz um sinal para o grupo atrás
de mim manter silêncio. Acenei com a cabeça para as câmeras de segurança antes de
invadir a casa.
Sr e Sra. Morana não sabem quem é o líder da revolução e eu não quero que descubram
que eu já saí da cadeia, então, ao invés de entrar pela porta da frente junto com os outros,
eu fui por trás.
Joguei uma corda em uma das janelas mais altas e escalei, em pouco tempo, eu já estava
dentro dos corredores escuros e sombrios.
Andava com calma, segurando uma arma na frente do corpo e abrindo cada porta que via.
Meu bracelete só podia estar guardado em algum cofre dentro desse lugar desprezível.
ー Ainda não ー falei morrendo de raiva ao tacar um quadro no chão e não achar nenhum
cofre atrás.
ー Que p**** é essa? ー perguntei segurando o livro: "50 tons de cinza", comecei a me
controlar para não soltar uma gargalhada e acordar o inimigo.
Usando os ensinamentos que eu ganhei nesses anos de prisioneiro, eu não tive dificuldade
nenhuma de achar a senha do cofre.
Não esperava que ao abri-lo uma sirene fosse soar pela casa toda, silenciosa como um
trovão.
ー Senhor! Os Montana descobriram que estamos aqui, mandei todos evacuarem, você
precisa sair daí agora ー a voz de Cold soou apressada como se ele estivesse correndo
para longe dalí.
ー Se o exército te achar, o nosso plano vai por água abaixo! Use o bom senso e saia daí
agora!
ー resmunguei um xingamento e ignorando totalmente o Cold, eu enfiei a mão no cofre.
Tirei de lá de dentro um ursinho de pelúcia e nada mais.
No ursinho tinha um bilhete: "Seu bracelete está junto com quem o deu a você no inferno,
sim sabíamos que você viria"
Joguei o urso pela janela e sai correndo do quarto a tempo de ouvir o som da explosão e
ver a luz.
Tentei sair pela janela mas notei um grupo de caras armados lá embaixo, eu não
conseguiria lutar contra todos sozinho.
Me virei e corri pelo corredor só para ver mais um grupo de caras armados subindo as
escadas.
Exclamei um xingamento ao notar que não tinha saída para mim, iria voltar para a cadeia e
tudo isso porque sou um idiota e fiquei desesperado para ter meu bracelete de volta.
O exército estava vindo na minha direção, eu conseguia ouvir o som dos seus passos
pesados se aproximando e o barulho de armas sendo recarregadas com munição pronta
para ser atirada em mim.
Voltei correndo para o corredor macabro e entrei na primeira porta que vi.
Entei rápido e tranquei a porta me encostando nela, suspirei aliviado ao ouvir os passos
passando reto por mim e indo até a sala do cofre no final do corredor.
Me virei para analisar o lugar em que eu estava e notei algo muito importante.
Aquele ali era o quarto de alguém, eu sabia porquê tinha uma mulher na cama.
Nunca tinha a visto antes, eu me lembraria de uma pessoa tão bonita se a conhecesse.
Ela estava deitada em meio aos lençóis, usava somente uma camisola fina que me permitia
ver sua pele por baixo, seus cabelos escuros estavam jogados pelo travesseiro de forma
poetica e seu rosto estava tão calmo e angelical que até eu que estava sendo caçado vivo
me acalmei.
Me sentia um filho da p*** por simplesmente não conseguir controlar os meus olhos que
analisavam cada parte dela.
Era uma beleza que ia além do exterior, tinha algo na alma dela que chamava a minha
atenção.
Finalmente voltei ao meu senso e me perguntei o que estava fazendo dentro do quarto de
uma linda mulher aleatória a assistindo dormir, como um psicopata.
Ela começou a se mexer e acordar e eu entrei em pânico, não tive tempo de me esconder
em lugar nenhum antes dos aguçados olhos castanhos notarem a minha figura na
escuridão.
No início ela pareceu pensar que estava sonhando, o que me deu vontade de rir.
Mas ela notou que não era um sonho e ameaçou começar a gritar.
ー Cala a boca ー corri até onde ela estava e subi na cama, coloquei minha mão na sua
boca.
A boca dela era muito macia, dava para sentir através da minha luva grossa, era mais como
se o meu cérebro estivesse imaginando como a boca dela é.
Foi assim que eu baixei minha guarda por um segundo e ela, que não é burra, se aproveitou
disso para fugir de mim e ir até a porta.
ー Aonde pensa que vai? ー segurei a porta com as minhas duas mãos. Ela ficou entre os
meus braços, presa entre mim e a porta.
Ameaçou gritar de novo, e mais uma vez eu coloquei minhas mãos em sua boca.
O olhar amedrontado deu lugar a um raivoso que ela me deu antes de morder minha mão.
ー Aí! Você é um cachorro? ー sussurrei raivoso. As tropas ainda estavam lá fora, eu não
podia fazer barulho.
ー Quem é você?! O que está fazendo aqui?! O que quer?! ー perguntou e algo naquele tom
de voz me deixou extremamente atraído e interessado.
ー Eu adoraria sentar e conversar com você tomando um chá da tarde, mas tô ocupado
tentando não morrer.
ー Se você não falar, eu vou gritar e aqueles homens lá fora vão acabar com a cara
bonitinha.
Ela fez como prometeu e voltou a gritar. Eu escutei os passos voltando a se aproximar e
fiquei desesperado.
Não pensei direito, só fiz a primeira coisa que calaria aquela mulher.
Tirei a máscara que cobria o meu rosto e ela suspirou ao me ver, como se me achasse
bonito o que era impossível, ela deve ter suspirando de medo.
Coloquei uma mão em sua garganta e a outra em sua cintura e a puxei para mim. Aquele
corpo quente em baixo da camisola ficou totalmente grudado ao meu, sem um centímetro
nos separando enquanto eu a prensava na porta e roubava aqueles lábios para mim.
Eu a beijei, no início o nosso beijo foi forçado e sem graça ela me batia e tentava se soltar
de mim, seus soquinhos tinham a força de uma pena, eu quase comecei a rir.
O lance é que o beijo foi ficando mais profundo, acho que nós dois esquecemos de onde
estávamos e só deixamos rolar.
Eu inclinei minha cabeça para beija-la melhor e ela parou de me bater e ao invés disso
colocou seus braços ao redor do meu pescoço.
Nossas línguas dançavam juntas em um ritmo lento porém delicioso, meu cérebro parou de
funcionar e deu lugar ao instinto. Eu nem notei quando coloquei minhas mãos nas suss
coxas e fiz suas pernas abraçarem a minha cintura.
A apertei mais contra a porta e ela pareceu perceber o que estava fazendo e puxou meu
rosto para longe, eu me afastei na hora e a encarei.
Ela estava com os cabelos bagunçados, respiração acelerada que fazia seu peito subir e
descer com dificuldade, lábios vermelhos, olhos brilhantes, pescoço e clavícula totalmente
amostra já que sua camisola vermelha caiu um pouco...
Fiquei chocado ao olhar ao redor e o mundo que para mim sempre foi preto e branco se
tornar colorido.
Encarei a mulher a minha frente, algo também parece ter mudado para ela já que me olhava
com um misto de surpresa e felicidade como se tivesse achado algo que estava procurando
há muito tempo.
Eu nunca liguei para essa maldita profecia, nunca pensei que pudesse achar o tal amor
verdadeiro e sempre achei isso uma bobeira.
Mas agora ela está nos meus braços, e mas que inferno! Eu não quero solta-lá mais.
ー Hazel?! Meu amor, está tudo bem, filha? ー Odelia Morana, a ditadora que acaba com a
vida das pessoas, minha pior inimiga, gritou do outro lado da porta e meu mundo caiu.
Meu amor verdadeiro é filha dos meus inimigos? Tive vontade de procurar o destino e
chutar a cara desse desgraçado, só podia estar brincando comigo.
ー Estou bem, mamãe. Algo aconteceu? ー eu achei que ela disse me dedurar, mas ao
invés disso fingiu que eu não estava ali.
ー Nossa casa foi invadida... ー enquanto seus pais explicavam a situação, Hazel me levou
até o parapeito e abriu as portas, apontou para o lado de forma como se estivesse
mandando eu fugir.
No entanto, antes de ir embora, eu não consegui me parar de olhar para trás para onde
Hazel estava.
Ela me encarava do parapeito, parecia estar muito curiosa sobre mim e eu também estava
sobre ela.
Sabia que precisava fugir para não ir preso de novo, ou pior, morto, mas uma parte de mim
não queria se separar dela.
Uma parte de mim queria agarrar o amor que eu acabei de descobrir que tenho, sendo ela a
filha dos meus inimigos ou qualquer outra merda. Eu a queria, e nada podia me parar de
tê-la.
Talvez ela fosse como os pais, talvez fosse até pior que eles, eu estava morrendo para
descobrir.
Escutei uma buzina atrás de mim e vi Cold e Sam no meu carro, estavam parados na
esquina esperando eu correr até lá e fugir com eles.