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Administração Financeira e Orçamentária

Instrumentos de Planejamento e Orçamento : PPA, LDO e LOA

1. INTRODUÇÃO

Para realizar a gestão governamental, o Governo tem à disposição vários instrumentos para
o planejamento de suas políticas. De iniciativa privativa e indelegável do chefe do Poder
Executivo, os instrumentos orçamentários são as ferramentas que materializam as atividades
de planejamento e execução orçamentária. Cada um desses possui suas especificidades e
funções, formando um todo harmônico que tem por objetivo maximizar a eficiência do gasto
público na busca pelo máximo possível de bem-estar social para toda sociedade.

2. PLANO PLURIANUAL – PPA

2.1. Definição de PPA

Inovação da Constituição Federal de 1988, o Plano Plurianual é o plano estratégico de médio


prazo da Administração Pública. É um instrumento de programação governamental
idealizado como guia plurianual para as autorizações orçamentárias (anuais). Dentro do
sistema de planejamento e orçamento da União, estados, Distrito Federal e municípios, esse
é o principal instrumento de planejamento. Concebido para ter vigência quadrienal (quatro
anos), esse plano representa o mais alto nível de planejamento do setor público em cada
esfera governamental que o utiliza como referência para as realizações executadas, ano a
ano, pelos entes federativos, por meio de seus orçamentos anuais (LOA).

Com o PPA se pretende:

• Gestão orientada para resultados;

• Integração do planejamento e do orçamento;

• Organização das ações de Governo em Programas;

• Promoção da gestão empreendedora.

2.2. Função do PPA

O PPA é o instrumento constitucional de planejamento governamental que reflete as


diretrizes do governo. Nos termos do § 1º do art. 165 da Constituição Federal, o PPA
“estabelecerá, de forma regionalizada, as Diretrizes, Objetivos e Metas (DOM) da
Administração Financeira e Orçamentária

Administração Pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para
as relativas aos programas de duração continuada”.

No § 4º do art. 165, a Constituição também define que “os planos e programas nacionais,
regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o
Plano Plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional”.

Vejamos o que descreve o mandamento constitucional:

1) Forma regionalizada:

Dois pontos a serem esclarecidos:

No âmbito da União, essa regionalização não necessariamente deverá obedecer à divisão


tradicionalmente estabelecida no mapa político brasileiro (norte, nordeste, centro-oeste, sul
e sudeste), deve levar em consideração a lógica da necessidade a ser atendida; o problema a
ser resolvido; o objetivo a ser alcançado, sendo estabelecida de forma racional para cada
programa implementado, se for o caso. Por exemplo, o norte de Minas Gerais sofre com a
seca, consequentemente, o estabelecimento de uma política para o Nordeste em razão do
combate aos efeitos da seca poderá incluir a região norte de Minas Gerais, assim como excluir
municípios do Nordeste que não passem por este problema.
A regionalização deve ser observada por todos os entes federativos, na elaboração do PPA
de cada um, ou seja, Estados e Municípios deverão propor seu PPA levando em consideração
as peculiaridades de suas regiões.

2) Diretrizes: são direcionamentos gerais que orientarão todas as atividades


relacionadas para um determinado período, sendo a vigência do PPA fixada em quatro anos.
Diretrizes são balizadores para a destinação dos recursos financeiros, sua gestão e dispêndio,
visando alcançar determinados objetivos.

3) Os objetivos: partindo-se de um problema a ser resolvido, os objetivos consistem em


especificação do resultado que a ação governamental pretende alcançar.

4) Metas: tradução quantitativa e qualitativa dos objetivos, ou seja, os números


relacionados ao dispêndio público (valores a serem empregados ou quantidade de bens
públicos a serem disponibilizados) e as mudanças reais que devem ser atingidas e que
representarão a resolução dos problemas ou as minimizações desejadas.
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5) Despesas de capital:

Como expresso no texto constitucional, o PPA estabelecerá, de forma regionalizada, as


diretrizes, objetivos e metas para despesas de capital e outras delas decorrentes, e para as
relativas aos programas de duração continuada. Assim, pode-se identificar as despesas sobre
as quais o PPA deve versar, sendo estas:

1) Despesas de capital;

2) Outras delas decorrentes, ou seja, despesas correntes que decorram das despesas de
capital, por exemplo, despesas correntes necessárias a investimentos a serem realizados
durante mais de um exercício financeiro;

3) Despesas correntes relativas aos programas de duração continuada.

Cumprindo seu papel constitucional, o PPA tem por função servir de guia plurianual para as
proposições anuais, estabelecendo, para a elaboração do orçamento geral da União, as metas
e prioridades do governo para um período de quatro anos. As metas e prioridades para o
exercício orçamentário subsequente são definidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Objetivos do PPA:

1) Definir com clareza as metas e prioridades do governo, bem como os resultados


esperados. Organizar, em programas, as ações que resultem em incremento de bens ou
serviços que atendam demandas da sociedade.

2) Estabelecer a necessária relação entre as ações a serem desenvolvidas e a orientação


estratégica de governo.

3) Possibilitar que a alocação de recursos nos orçamentos anuais seja coerente com as
diretrizes e metas do Plano.

4) Explicitar a distribuição regional das metas e gastos do governo. Dar transparência à


aplicação dos recursos e aos resultados obtidos.

2.3. Prazos para o PPA

De acordo com o mandamento constitucional, art. 35, §2º, I, ADCT, este esclarece que:
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“[...]o projeto do plano plurianual[...]será encaminhado até quatro meses antes do


encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
da sessão legislativa;”

Dois pontos devem ser observados:

1) Segundo o § 2º do art. 35 do ADCT, até a entrada em vigor, da lei complementar a que


se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidos os prazos nesse mandamento. Porém, estes
prazos poderão ser alterados na edição dessa nova lei complementar.

2) Os prazos aqui previstos se referem à União, não sendo a regra para outros entes
federativos, desde que haja previsão de prazos diversos nas constituições estaduais ou leis
orgânicas.

Tais prazos são:

1) Elaboração e encaminhamento do projeto de lei do PPA ao Poder Legislativo


O Poder Executivo tem prazo de até quatro meses, antes do encerramento do primeiro
exercício financeiro, ou seja, 31 de agosto, para encaminhar o projeto de lei do PPA ao Poder
Legislativo para apreciação, sendo essa data o prazo máximo para envio. Fique atento, porque
em relação ao PPA, este encaminhamento só ocorre no primeiro ano de mandato, diferente
da LDO e da LOA, em que o encaminhamento é anual. Portanto, sob as regras atuais, o chefe
do Poder Executivo tem até oito meses, a partir da posse, para elaborar seu PPA.

2) Prazo para apreciação pelo Poder Legislativo e devolução para sanção ou veto
Segundo o mandamento constitucional, o projeto de lei do PPA deverá ser devolvido para
sanção até o encerramento da sessão legislativa.

Mas o que vem a ser sessão legislativa?

O mandato do parlamentar é denominado legislatura e tem duração de quatro anos.

a) Legislatura: composta de quatro sessões legislativas e compreende o período de quatro


anos.

Constituição Federal

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
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Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

b) Sessão Legislativa: composta de dois períodos legislativos e compreende de 2 de


fevereiro a 22 de dezembro (CF, art. 57 – EC nº 50).

Constituição Federal

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de


fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.

c) Período da Sessão Legislativa:

1º período: de 2 de fevereiro a 17 de julho (CF, art. 57 - EC nº 50).

2º período: de 1º de agosto a 22 de dezembro (CF, art. 57 - EC nº 50).

Diante do exposto, compreende-se que o Poder Legislativo tem até 22 de dezembro, do


primeiro ano de mandato, para apreciar o PPA e devolvê-lo ao chefe do Poder Executivo para
sanção ou veto. Porém, apesar da determinação, não há nenhuma consequência prevista na
Constituição caso este prazo não seja cumprido.

Estados, Distrito Federal e municípios poderão ter prazos distintos, desde que assinalados em
suas constituições e leis orgânicas.

2.4. Vigência do PPA

Segundo o inciso I do § 2º do art. 35 do ADCT, o projeto do Plano Plurianual, para vigência


até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será
encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e,
devolvido para sanção, até o encerramento da sessão legislativa.

A vigência do PPA não coincide com a do Chefe do Poder Executivo, isso se dá porque ele
será elaborado no primeiro ano de mandato para viger no segundo, estendendo-se até o
término do primeiro ano de mandato subsequente. Ou seja, sabendo que o mandato
presidencial é de quatro anos, o PPA vigorara por três anos do mandato em que é elaborado,
e por mais um ano no subsequente.

A não coincidência com o mandato propicia ao chefe do Poder Executivo ter o primeiro ano
de seu mandato livre para elaborar todo seu planejamento, inclusive o PPA. Preserva-se,
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ainda, a continuidade dos serviços públicos, ao não deixar à mercê das conveniências políticas
a interrupção de um programa importante para a população, que poderia se dar em função
da troca das facções que se encontram no poder, sem que houvesse, ao menos, um exame
por parte do Poder Legislativo para alteração da lei do Plano Plurianual. Assim, o Plano
Plurianual (PPA) garante minimamente a continuidade de ações de um governo para o
governo seguinte.

2.5. Elaboração do projeto de lei do PPA

Sendo algo personalíssimo de cada governante, para que haja um direcionamento único, a
cada nova gestão, a área de planejamento do ente federativo deve elaborar regras
orientadoras para aqueles que, de alguma forma, desejam ou têm obrigação de contribuir
para elaboração do plano.

No âmbito federal, cada governo vem estabelecendo suas regras. Para elaboração do PPA
2016 a 2019, o governo federal publicou uma cartilha contendo orientações para participação
social. Já o Decreto Federal nº 2.829/98 disciplinou a elaboração do PPA 2000-2003 e dos
Orçamentos da União daquele período.

2.6. Conteúdo do PPA

O Plano Plurianual (PPA) estabelece os projetos e os programas do governo, definindo


objetivos e metas da ação pública para um período de quatro anos. Fique atento à expressão
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“longa duração”, pois o PPA é um plano de médio prazo composto, basicamente, por
programas de trabalho do governo.

Mas o que vem a ser programa neste contexto?


Programa é o plano de ação governamental, instrumento de organização da atuação do
governo que articula um conjunto de ações que concorrem para a concretização de um
objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visando à
solução de um problema ou o atendimento de determinada necessidade ou demanda da
sociedade 1
, por exemplo: Programa Sustentável Abastecimento e Comercialização,
Agricultura Familiar, etc.
O programa deve conter basicamente:
1) Objetivos: resultado pretendido pela ação governamental;
2) Indicadores: instrumento que permite identificar e aferir aspectos relacionados ao
programa, auxiliando o monitoramento da evolução de uma determinada realidade e
gerando subsídios para a sua avaliação;
3) Metas: tradução quantitativa e qualitativa dos objetivos, ou seja, os números que se
pretende atingir;
4) Responsável: órgão cujas atribuições mais contribuem para a implementação do Objetivo
ou da Meta;
5) Estimativa de custo, quando necessário;
6) Ações: desenvolvimento governamental do qual resultam produtos (bens ou serviços)
que contribuem para atender ao objetivo de um programa.

3. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO

3.1. Definição da LDO

A Lei de Diretrizes Orçamentária é o plano tático de curto prazo da Administração Pública,


sendo assim, como o PPA, esta também é uma grande inovação em matéria orçamentária
criada pela Constituição Federal, cujas atribuições foram reforçadas pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. Este instrumento de planejamento vem desempenhando relevante

1
. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Orçamento. Disponível em: <http://www.orcamentofederal.gov.br/glossario-
1/programa>. Acesso em: 10. jul. 2018.
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papel na normatização da atividade financeira do Estado e, por vezes, até preenchendo


lacunas na legislação permanente acerca da matéria. É a interface entre o PPA e a LOA que é
o instrumento que viabiliza a execução dos programas governamentais.

3.2. Função da LDO

Segundo o § 2º do art. 165 da Constituição Federal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias


compreenderá as metas e prioridades (MP) da Administração Pública Federal, estabelecerá
as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com a trajetória
sustentável da vida pública. Orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual, disporá sobre
as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.

Vejamos, ponto a ponto, as determinações contidas na Constituição Federal:

1) Compreender as Metas e prioridade da Administração Pública federal


Para melhor compreensão deste ponto, é importante entender que objetivo e meta são
expressões diferentes. Objetivo é a descrição daquilo que se pretende alcançar, enquanto
que meta é a definição em termos quantitativos, em um prazo determinado. Faz-se
necessário, também, entender o que é prioridade. Priorizar significa eleger o que deve ser
feito, o que vem em primeiro lugar, ou seja, o que mais importa.

2) Incluindo as Despesas de Capital


São despesas que, normalmente, concorrem para a formação de um bem de capital, assim
como para a expansão das atividades do órgão. Estas despesas estão relacionadas com
aquisição de máquinas, equipamentos, realização de obras, aquisição de participações
acionárias de empresas, aquisição de imóveis, concessão de empréstimos para investimento,
pagamento do principal de um empréstimo, etc. Segundo o art. 12, da Lei nº 4.320/64, são
despesas de capital os Investimentos, as Inversões Financeiras e as Transferências de Capital.

3) Orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual


Veja alguns dos pontos mais importantes que hoje são regulamentados pela LDO:

• Estabelecimento de limites de gastos para aqueles que detêm autonomia


administrativa e financeira (outros poderes) e autonomia funcional e
administrativa (Defensoria Pública e MPU)
Administração Financeira e Orçamentária

Como instrumento de independência em relação ao Poder Executivo, a Constituição Federal


deferiu autonomia aos Poderes Legislativo e Judiciário, Defensoria Pública e Ministério
Público, o que lhes permitiu a elaboração das suas partes do orçamento. Se não houvesse
limitações, ficaria impossível para o Poder Executivo preservar o equilíbrio orçamentário entre
receitas e despesas, pois estes estariam liberados para gastarem o quanto quisessem. Esta
atribuição é dada pela Constituição Federal à LDO.

Constituição Federal

Art. 99 - Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites


estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

Assim, a título de ajuste de valores, o Poder Executivo estaria autorizado a fazer cortes nos
orçamentos dos outros poderes e órgãos com autonomia, sem que isso implicasse em
interferência insuportável pelo desrespeito à independência destes?

A resposta é: sim, desde que dentro dos limites estabelecidos pela LDO.

Mas como os outros poderes e órgãos com autonomia administrativa e financeira saberão
quais valores poderão estabelecer em suas propostas orçamentárias?

Segundo o § 3º do art. 12 da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Poder Executivo de cada ente


colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias
antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as
estimativas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da receita corrente líquida, e
as respectivas memórias de cálculo.

Estabelecimento de Prazos para que os outros poderes e órgãos com autonomia


elaborem e encaminhem suas propostas orçamentárias parciais ao Poder Executivo

Sendo a iniciativa da LOA privativa e indelegável ao chefe do Poder Executivo, sobre ele recai
a responsabilidade de cumprir os prazos previstos na Constituição, obrigação que ficaria
comprometida se aqueles que detêm autonomia (outros poderes, Defensoria Pública, MPU)
não enviassem suas propostas parciais a tempo, provocando atrasos na consolidação do
projeto de Lei Orçamentária Anual e consequente prejuízo à execução orçamentária do
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exercício financeiro subsequente que, por sua vez, poderia causar a descontinuidade dos
serviços públicos.

Visando resolver essa situação, a Constituição Federal determina que cabe à LDO estabelecer
prazo aos poderes para que estes encaminhem suas propostas parciais, permitindo a
elaboração do projeto de Lei Orçamentária Anual a tempo.

Mas e se os poderes e órgãos não cumprirem os prazos previstos na LDO?

Prevê, então, a Constituição Federal que, em caso de atraso no encaminhamento das


propostas parciais por parte dos que têm autonomia, o Poder Executivo considerará, para
fins de consolidação, a proposta vigente como se fosse nova, atualizando-a com base nos
limites estabelecidos na LDO. Dessa forma, aquele que “atrasar” o envio de sua proposta
parcial, acaba por perder a oportunidade de elaborar, especificamente para aquele exercício,
a sua proposta parcial do orçamento.

Art. 98 da CF (...)

§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites


estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

(...)

§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas


orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária
anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os
limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.

Veja que, por conta do atraso, o Poder Executivo não fica autorizado a arbitrariamente
elaborar uma proposta parcial para o poder ou órgão que porventura tenha atrasado o envio.
Segundo a Constituição, os parâmetros para essa elaboração, para fins de consolidação da
proposta orçamentária anual, são:

• A proposta feita, no exercício anterior, pelo poder ou órgão que agora se atrasa
e que foi apreciada pelo Poder Legislativo

A base são os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ou seja, são os valores que, no
exercício anterior, foram apresentados como proposta parcial pelo mesmo órgão ou poder
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que agora se encontra atrasado. Esses valores compuseram o projeto de lei que foi
consolidado pelo Poder Executivo no exercício anterior e apreciado pelo Poder Legislativo,
na aprovação da LOA, que é vigente no momento da elaboração da próxima LOA;

Ajustes desses valores com base nos limites estipulados conjuntamente com os demais
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias

4) Orientar a execução da LOA


A título de exemplo, segue o dispositivo constitucional abaixo.

CF: Art. 127. (...)

(...)

§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites


estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

(...)

§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de


despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a
abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004).

5) Dispor sobre as alterações na legislação tributária


Serve de exemplo a Lei nº 13.707/18 (LDO 2019), em que na seção II do Capítulo IX, mais
precisamente no art. 117, caput, está estabelecido que na estimativa das receitas e na fixação
das despesas do Projeto de Lei Orçamentária de 2019 e da respectiva Lei, poderão ser
considerados os efeitos de propostas de alterações na legislação que sejam objeto de
proposta de emenda constitucional, de projeto de lei ou medida provisória que esteja em
tramitação no Congresso Nacional.

Lei nº 12.919/13 (LDO 2014)

CAPÍTULO VIII

DAS ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO E SUA ADEQUAÇÃO ORÇAMENTÁRIA


Administração Financeira e Orçamentária

(...)

Seção II

Alterações na Legislação Tributária e das Demais Receitas

Art. 118. Somente será aprovado o projeto de lei ou editada a medida provisória que
institua ou altere receita pública quando acompanhado da correspondente
demonstração da estimativa do impacto na arrecadação, devidamente justificada.

§ 1º A criação ou alteração de tributos de natureza vinculada será acompanhada de


demonstração, devidamente justificada, de sua necessidade para oferecimento dos
serviços públicos ao contribuinte ou para exercício de poder de polícia sobre a
atividade do sujeito passivo.

§ 2º A concessão ou ampliação de incentivos ou benefícios de natureza tributária,


financeira, creditícia ou patrimonial, destinados à região do semiárido incluirão a
região norte de Minas Gerais.

§ 3º As proposições que tratem de renúncia de receita, ainda que sujeitas a limites


globais, devem ser acompanhadas de estimativa do impacto orçamentário-financeiro
e correspondente compensação, consignar objetivo, bem como atender às condições
do art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

§ 4º Os projetos de lei aprovados ou medidas provisórias que resultem em renúncia


de receita em razão de concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza
tributária, financeira, creditícia ou patrimonial, ou que vinculem receitas a despesas,
órgãos ou fundos, deverão conter cláusula de vigência de, no máximo, cinco anos.

§ 5º O Poder Executivo adotará providências com vistas a:

I - elaborar metodologia de acompanhamento e avaliação dos benefícios tributários,


incluindo o cronograma e a periodicidade das avaliações, com base em indicadores
de eficiência, eficácia e efetividade; e

II - definir os órgãos responsáveis pela supervisão, acompanhamento e avaliação dos


resultados alcançados pelos benefícios tributários.

6) Estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento


São exemplos dessas agências no âmbito da União:

• Banco da Amazônia;

• Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES);


Administração Financeira e Orçamentária

• Banco do Brasil;

• Caixa Econômica Federal;

• Banco do Nordeste.

7) Disposições relativas às despesas da União com pessoal e encargos sociais


O art. 169 da Constituição Federal estabelece que a despesa com pessoal ativo e inativo da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar. Despesa com pessoal, com relação aos servidores ativos,
representa a parcela destinada aos servidores públicos em razão da contraprestação dada ao
Estado com mão de obra. Esses gastos envolvem todas as verbas remuneratórias, como
vencimentos, adicionais noturnos, horas extras, etc. Com relação aos inativos, estas despesas
representam o gasto com as aposentadorias e pensões.

Art. 169 - A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar.

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de


cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a
admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da
administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

I - Se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de


despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

II - Se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as


empresas públicas e as sociedades de economia mista.

3.3. Prazos para LDO

Assim diz o Mandamento Constitucional em seu art. 35, §2º, II:


Administração Financeira e Orçamentária

Art. 35 (...)

§ 2º (...)

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e


meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa;

1) Segundo o § 2º do art. 35 do ADCT, até a entrada em vigor da lei complementar a que


se refere o art. 165, § 9º, I e II, da CF, serão obedecidas as normas que foram explicadas, sendo
assim, esses prazos, para União poderão ser alterados na edição dessa nova lei
complementar.

2) Os prazos aqui previstos se referem somente à União, não sendo a regra para outros
entes federativos, desde que haja previsão de prazos diversos nas constituições estaduais ou
leis orgânicas.

Vamos por partes para entender o que diz o mandamento constitucional:

1) Elaboração e encaminhamento do projeto de lei da LDO ao Poder Legislativo


Apesar de ser elaborado com a possível participação de todos os poderes, cada um se refere
à parte que lhe é cabível, contribuindo para uma devida adequação a toda Administração
Pública. Por ter iniciativa privativa e indelegável, a responsabilidade pela elaboração e
encaminhamento do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias é do Chefe do Poder
Executivo, que tem prazo determinado para encaminhamento desta ao Poder Legislativo.
Segundo o mandamento constitucional, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será
encaminhado em até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro, que
coincide com 15 de abril em todos os exercícios financeiros. O Presidente tem, então, os
primeiros três meses e meio de todos os anos de seu mandato para elaborar seu projeto de
lei de diretrizes orçamentárias, uma a cada mandato.

2) Prazo para apreciação pelo Poder Legislativo e devolução para sanção ou veto:
Uma vez aprovado, o Poder Legislativo deverá devolver projeto de Lei de Diretrizes
Orçamentárias ao Poder Executivo para sanção ou veto até o encerramento do primeiro
período da sessão legislativa, ou seja, 17 de julho.
Administração Financeira e Orçamentária

Importante estar atento ao fato de que, segundo o art. 57, § 2º da CF, a sessão legislativa não
será interrompida sem a aprovação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, o que
impedirá os parlamentares de entrarem em recesso (férias) até que tal lei seja aprovada.

3.4. Vigência da LDO

A vigência da LDO não é objetivamente definida como a do PPA e a da LOA, o que faz
provocar certa confusão, isso porque a cada ano será elaborada uma nova LDO, o que leva
alguns autores a afirmar que a LDO tem vigência anual, dando a falsa impressão de que a
vigência é de 12 meses. Porém, para que possa cumprir com suas finalidades
constitucionalmente estabelecidas, necessariamente, a LDO deve viger por mais de um ano.
A expressão “anual” se remete, então, à frequência de elaboração - uma a cada ano - pois é
certo que ela vigerá por mais de 12 meses, pelos motivos que se seguem:

1) Uma das funções da LDO, se não sua principal, é orientar a elaboração da Lei Orçamentária
Anual. Como a LOA é elaborada no exercício anterior à sua execução, consequentemente, a
LDO inicia a sua vigência no ano anterior também. Ao observar art. 156 da Lei nº 13.408/16
(LDO 2017), por exemplo, observa-se que ela passa a vigorar no momento de sua publicação,
ou seja, apesar de ser elaborada como sendo do exercício seguinte, ela vigora no mesmo
exercício em que é elaborada.

Lei nº 13.408/16 (LDO 2017)

“Art. 156. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.”

2) A LDO também tem por função orientar a execução orçamentária durante todo
exercício financeiro subsequente ao que é elaborada. A título de exemplo, seguem os §§ 3º e
6º do art. 127 da Constituição que versam sobre a execução orçamentária do Ministério
Público:

Art. 127. (...)

(...)

§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites


estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

(...)
Administração Financeira e Orçamentária

§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de


despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a
abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Chega-se à conclusão, então, que a LDO vigora desde o momento da sua publicação, a fim
de auxiliar a elaboração da próxima LOA, e por todo o exercício financeiro subsequente,
durante a execução orçamentária. Assim, certamente, a LDO vigora por mais de um ano.

3.5. Elaboração do projeto de lei da LDO

A elaboração da LDO, em cada ente federativo, segue as normas estabelecidas na


Constituição e nas leis, LRF, por exemplo, e tem por base o PPA respectivo. No âmbito Federal,
o órgão responsável pela elaboração da LDO é o Ministério da Economia. A secretaria
responsável dentro deste ministério é a SOF (Secretaria de Orçamento Federal).

3.6. Conteúdo da LDO

A título de exemplo:

LDO 2020 - LEI Nº 13.898, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2019 Art. 1º São estabelecidas, em


cumprimento ao disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e na Lei Complementar nº 101,
de 4 de maio de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, as diretrizes orçamentárias da União
para 2020, compreendendo:

I - as metas e as prioridades da administração pública federal;

II - a estrutura e a organização dos orçamentos;

III - as diretrizes para a elaboração e a execução dos orçamentos da União;

IV - as disposições para as transferências;

V - as disposições relativas à dívida pública federal;

VI - as disposições relativas às despesas com pessoal e encargos sociais e aos benefícios aos
servidores, empregados e seus dependentes;

VII - a política de aplicação dos recursos das agências financeiras oficiais de fomento;

VIII - as disposições sobre adequação orçamentária das alterações na legislação;


Administração Financeira e Orçamentária

IX - as disposições sobre a fiscalização pelo Poder Legislativo e sobre as obras e os serviços


com indícios de irregularidades graves;

X - as disposições sobre transparência; e

XI - as disposições finais.

A Lei de Responsabilidade Fiscal ampliou as atribuições da LDO, fazendo com que esta
ganhasse mais relevância, atribuindo a ela, funções de destaque no processo orçamentário.
A LRF estabeleceu que a LDO deverá dispor sobre:

1) Equilíbrio entre receitas e despesas;

2) Critérios e forma de limitação de empenho, a ser verificado no final de cada bimestre,


quando se observar que a realização da receita poderá comprometer os resultados nominal
e primário estabelecidos no anexo de metas fiscais e para reduzir a dívida ao limite
estabelecido pelo Senado Federal;

3) Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas


financiados com recursos dos orçamentos;

4) Demais condições e exigências para as transferências de recursos a entidades públicas


e privadas;

4. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

4.1. Definição da LOA

A Lei Orçamentária Anual é o orçamento propriamente dito. É o instrumento de efetiva


execução orçamentária, voltado para a previsão de receitas e fixação de despesas. É o
planejamento operacional de curto prazo da Administração Pública, executando aquilo que
foi planejado no PPA e estabelecido como meta e prioridade na LDO. Isso não quer dizer que
não haja planejamento na LOA, ao contrário; porém, este planejamento é de curto prazo e
de cunho operacional, devendo obedecer a uma dupla subordinação: ao PPA e à LDO.

4.2. Função da LOA

A LOA tem por função prever receita e fixar despesas públicas. É a materialização da atividade
financeira do Estado, concretizando aquilo que foi precipuamente planejado no PPA e
Administração Financeira e Orçamentária

estabelecido como meta e prioridade na LDO. Discrimina os recursos orçamentários e


financeiros para a realização das metas e prioridades estabelecidas pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias.

4.3. Prazos para a LOA

1) Elaboração e encaminhamento do projeto de lei da LOA ao Poder Legislativo


Como determina o texto constitucional, o prazo para encaminhamento do Projeto de Lei
Orçamentária Anual do chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo é de até quatro meses
antes do encerramento de todos os exercícios financeiros, ou seja, 31 de agosto. Insta
observar, que, diferente do PPA, cujo encaminhamento ocorre de quatro em quatro anos, o
Projeto da LOA é encaminhado anualmente.

2) Prazo para apreciação pelo Poder Legislativo e devolução para sanção ou veto
Mais uma vez, segundo o texto constitucional, o Projeto da Lei Orçamentária Anual deverá
ser devolvido ao Poder Executivo até o encerramento da sessão legislativa, ou seja, 22 de
dezembro, não havendo qualquer consequência prevista na Constituição para o Congresso
Nacional se tal prazo não for respeitado.

4.4. Vigência da LOA

A LOA tem vigência de um ano, ou seja, é efetivamente anual, coincidindo com o ano civil,
de 01 de janeiro a 31 de dezembro.

Constituição Federal

Art. 165 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: (...)

III. Os orçamentos anuais.

Lei nº 4.320/64

Art. 2° - A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma


a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo,
obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade.

(...)

Art. 34 - O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.


Administração Financeira e Orçamentária

Mais uma vez, vale lembrar que, na prática, o orçamento só é aprovado após o início do
exercício financeiro.

4.5. Organização da LOA

O § 5º do art. 165 da Constituição Federal estabelece que a Lei Orçamentária Anual


compreenderá:

1) O orçamento fiscal

Referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

2) O orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,


detenha a maioria do capital social com direito a voto

As empresas estatais são pessoas jurídicas de direito privado e estão organizadas, em sua
maioria, sob a forma de sociedades de capital por ações. Encontram-se, ainda, entre as
subsidiárias e controladas dessas empresas, sociedades civis ou por cotas de
responsabilidade limitada.

Esse orçamento contempla somente os investimentos, ou seja, não entrará aqui despesa com
profissionais ou de custeio.

3) O orçamento da seguridade social

Abrange todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta,


bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público, desde que
relacionadas à seguridade social.

Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...)

III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e


regionais;

Art. 165

(...)

§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o


Plano Plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais,
segundo critério populacional.
Administração Financeira e Orçamentária

4.6. Elaboração do projeto de lei da LOA

No âmbito Federal a elaboração do PLOA – Projeto de Lei Orçamentária Anual, que será bem
esmiuçado no capítulo sobre o ciclo orçamentário, ocorre de forma conjunta, com a
participação das unidades orçamentárias (subsetoriais), das setoriais de planejamento e
orçamento (nível ministerial), dos órgãos orçamentários dos Poderes Legislativo e Judiciário,
Ministério Público e da SOF – Secretaria de Orçamento Federal, do Ministério da Economia,
que coordenam todo o processo.

Com o fim de orientar a elaboração do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual), a SOF
elabora anualmente o MTO (Manual Técnico de Orçamento). Como esclarece esse
documento, o processo de elaboração do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) se
desenvolve no âmbito do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal e envolve um
conjunto articulado de tarefas complexas e um cronograma gerencial e operacional com
especificação de etapas, de produtos e da participação dos agentes. Assim, o PLOA é
elaborado “de baixo para cima”, com cada interessado atuando em sua área de
responsabilidade.

4.7. Composição da LOA

A LOA é composta por créditos orçamentários ordinários e suas respectivas dotações.

• Créditos orçamentários ordinários: autorizações para a realização de despesas;

• Dotação: limite de gasto para cada crédito orçamentário, ou seja, o valor que poderá
ser gasto com cada tipo de despesa;

A LOA também é composta pela previsão de receita para suprir os créditos.

4.8. Conteúdo da LOA

Segundo a Lei nº 4.320/64, a LOA conterá a discriminação da receita e da despesa de forma


a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de governo, obedecidos os
princípios de unidade, universalidade e anualidade.

É na lei orçamentária que o governo prevê a arrecadação de receitas e fixa a realização de


despesas para o período de um ano. Para que seja obedecido o princípio da legalidade, o
Administração Financeira e Orçamentária

Poder Legislativo deve autorizar a Atividade Financeira do Estado, notadamente a execução


da despesa, por intermédio de uma lei.

Constituição Federal

Art. 165

(...)

§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo


regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias,
remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

Com relação à estrutura do Projeto de Lei Orçamentária Anual, o § 1° do art. 2° da Lei nº


4.320/64 estabelece que integrarão a Lei de Orçamento:
I- Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Governo;
II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas, na
forma do Anexo nº. 1;
III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;
IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da Administração.

4.8.1. Abrangência

1) Todas as receitas
Segundo o art. 3º da mesma lei, a Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas,
inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.

A despeito do mandamento legal, nem todas as receitas estarão contidas na Lei Orçamentária
Anual. Segue a baixo algumas exceções:

Exceções:

• Receitas orçamentária não previsíveis; e

• Receitas extraorçamentárias;

• Operações de crédito por antecipação da receita;

• Emissões de papel-moeda; e

• Outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros.


Administração Financeira e Orçamentária

Este assunto será adequadamente abordado no capítulo sobre Princípio e Receita, mais
especificamente sobre o princípio da Universalidade com discriminação das espécies de
despesa.

2) Todas as despesas
Segundo art. 4º da mesma lei, a Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias
dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se
devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.

A despeito do mandamento legal, nem todas as despesas estarão contidas na Lei


Orçamentária Anual, as quais se denominam despesas extraorçamentárias.

Esse assunto será detalhadamente abordado no capítulo sobre Princípio e sobre Despesa,
mais especificamente sobre o princípio da Universalidade com discriminação das espécies de
despesa.

Atenção!

Segundo o § 14. do art. 165 da Constituição Federal, a lei orçamentária anual poderá conter
previsões de despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos investimentos
plurianuais e daqueles em andamento.

4.8.2. Discriminação na LOA

Segundo o art. 15 da Lei nº 4.320/54, na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-


se-á no mínimo por elementos. Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com
pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a Administração Pública para
consecução dos seus fins. Para efeito de classificação da despesa, considera-se material
permanente o de duração superior a dois anos.

Aqui tratamos somente do texto legal, mas no capítulo sobre princípios, especificamente em
relação ao princípio da discriminação, este assunto será mais detalhadamente abordado.

4.8.3. Vedações relacionadas à LOA

1) Matérias estranhas à atividade orçamentária (Princípio da Exclusividade)


Administração Financeira e Orçamentária

Segundo o § 8º do art. 165 da Constituição Federal, a Lei Orçamentária Anual não conterá
dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na
proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações
de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Créditos adicionais são ajustes realizados durante a execução da LOA para realização de
despesas que não foram previstas ou que foram insuficientemente dotadas.

Existem três tipos de créditos adicionais, suplementares, especiais e extraordinários. A


Constituição somente permite a inserção na LOA de autorização para abertura de créditos
adicionais suplementares.

Nos capítulos sobre ajustes orçamentários e princípios orçamentários esmiuçaremos esse


dispositivo constitucional.

2) Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser


iniciado sem prévia inclusão no Plano Plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob
pena de crime de responsabilidade (§ 1º do art. 167 da Constituição Federal)

Isso quer dizer que um investimento pode estar inserido somente na LOA, sem prévia inclusão
no PPA, desde que cumpra os requisitos constitucionais desse dispositivo.

3) Dotações globais (Lei nº 4.320/64)


O art. 5º da Lei nº 4.320/64 determina que a Lei de Orçamento não consignará dotações
globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de
terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu
parágrafo único.

Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os


projetos de obras e de outras aplicações.

Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não
possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa
poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas entre as Despesas de
Capital.

O Decreto nº 200/67 também estabelece a reserva de contingência como exceção.


Administração Financeira e Orçamentária

Art. 91. Sob a denominação de Reserva de Contingência, o orçamento anual poderá


conter dotação global não especificamente destinada a determinado órgão, unidade
orçamentária, programa ou categoria econômica, cujos recursos serão utilizados para
abertura de créditos adicionais. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.763, de 1980).

Exceções

• Programas Especiais de Trabalho; e

• Reserva de contingência.

4) Consignar ajuda financeira, a qualquer título, a empresa de fins lucrativos (Lei nº


4.320/64, art. 19)
Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a
empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão
tenha sido expressamente autorizada em lei especial.

Exceção:

Subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei especial.

5) Crédito com finalidade imprecisa (Lei Complementar nº 101/00 – LRF)


6) Crédito com dotação ilimitada (Lei Complementar nº 101/00 – LRF)

4.8.4. Forma da previsão de receita e fixação de despesa

Segundo o art. 6º da Lei nº 4.320/64, todas as receitas e despesas constarão da Lei de


Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. As cotas de receitas que uma
entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da
entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento daquela que as deva
receber.

4.8.5. Acompanham a LOA

Algumas informações específicas deverão acompanhar o projeto de Lei orçamentária anual.

1) Constituição Federal (Art. 165, § 6º)


Administração Financeira e Orçamentária

O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,


sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e
benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

2) Lei nº 4.320/64 (Art. 2°, § 2º)


Acompanharão a Lei de Orçamento:

I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais;

II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos ns. 6 a 9;

III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em termos

de realização de obras e de prestação de serviços.

OBSERVAÇÃO:
Fique atento, pois, esses quadros eram exigidos à época da elaboração da lei até a
informatização do sistema. Agora, os órgãos responsáveis pela elaboração do orçamento
utilizam ferramentas mais modernas para registrar essas informações.

3) Lei Complementar nº 101/00 (LRF)


LRF

Art. 4º

§ 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em


que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a
receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para
o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.

4.9. Estrutura da proposta orçamentária

O art. 22 da Lei nº 4.320/64 estabelece que a proposta orçamentária que o Poder Executivo
encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas Leis
Orgânicas dos Municípios, compor-se-á de:
Administração Financeira e Orçamentária

I. Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira,


documentada com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos
especiais, restos a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e
justificação da política econômico-financeira do Governo; justificação da receita e despesa,
particularmente no tocante ao orçamento de capital;

II. Projeto de Lei de Orçamento;

III. Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, constarão, em
colunas distintas e para fins de comparação:

a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se elaborou a
proposta;
b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;
c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;
d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;
e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e
f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.
IV. Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações globais,
em termos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos
serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social e
administrativa.

Constará, ainda, da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, descrição


sucinta de suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação.

Quadros comparativos entre os instrumentos orçamentários

PRAZOS PARA
ELABORAÇÃO E
PRAZO PARA DEVOLUÇÃO PARA
INSTRUMENTO ENCAMINHAMENTO
SANÇÃO OU VETO
AO PODER
LEGISLATIVO
Administração Financeira e Orçamentária

Até quatro meses


antes do Até o encerramento da sessão
PPA encerramento do legislativa do primeiro exercício
primeiro exercício financeiro – 22 de dezembro.
financeiro do mandato
– 31 de agosto.

Até oito meses e meio


antes do Até o encerramento do primeiro
LDO encerramento do período da sessão legislativa – 17 de
exercício financeiro - julho.
15 de abril.

Até quatro meses


antes do
Até o encerramento da sessão
LOA encerramento do
legislativa – 22 de dezembro.
exercício financeiro –
31 de agosto.

INSTRUMENTO VIGÊNCIA

4 (quatro) anos não coincidente com o mandato do


PPA
Chefe do Poder Executivo.

Até 17 (dezessete) meses, se os prazos


LDO
constitucionais forem respeitados.

LOA 1 (um) ano.

INSTRUMENTO FUNÇÃO CONSTITUCIONAL - ART. 165

§ 1º A lei que instituir o Plano Plurianual


estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
PPA
objetivos e metas (DOM) da Administração Pública
federal para as despesas de capital e outras delas
Administração Financeira e Orçamentária

decorrentes e para as relativas aos programas de


duração continuada.

$2 a Lei de Diretrizes Orçamentárias compreenderá


as metas e prioridades (MP) da Administração
Pública Federal, estabelecerá as diretrizes de política
fiscal e respectivas metas, em consonância com a
trajetória sustentável da vida pública. Orientará a
LDO
elaboração da Lei Orçamentária Anual, disporá sobre
as alterações na legislação tributária e estabelecerá
a política de aplicação das agências financeiras
oficiais de fomento.

§ 5º A Lei Orçamentária Anual compreenderá:


I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da
União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em
LOA que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
Poder Público.

5. PLANOS E PROGRAMAS NACIONAIS REGIONAIS E SETORIAIS

Os planos regionais de desenvolvimento também devem ser elaborados em consonância


com o Plano Plurianual, devendo, ainda, integrar os planos nacionais e ser com eles
aprovados.
Administração Financeira e Orçamentária

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não
exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
de competência da União, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - Plano Plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito,


dívida pública e emissões de curso forçado;

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento.

Assim como os instrumentos orçamentários (PPA, LDO e LOA), caberá à comissão mista
permanente de Senadores e Deputados examinar e emitir parecer sobre os planos e
programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição, bem como exercer o
acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais
comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.

Por fim, visando, mais uma vez, atender à parte final do inciso III de seu art. 3º, a Constituição
determina em seu art. 43 que, para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação
em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando seu desenvolvimento e redução
das desigualdades regionais.

Constituição Federal

Art. 165...

(...)

§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta


Constituição serão elaborados em consonância com o Plano Plurianual e apreciados
pelo Congresso Nacional.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao Plano Plurianual, às diretrizes orçamentárias,


ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do
Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

(...)
Administração Financeira e Orçamentária

II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e


setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização
orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional
e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.

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