teste avaliação executiva 2

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e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 01/03/2025, 17:19:21
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO PRESSUPOSTOS TEÓRICOS EMBASAMENTO TEÓRICO DETALHAMENTO DOS TESTES AS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS BIBLIOGRAFIA
EMBASAMENTO TEÓRICO DO PROCESSO DE SELEÇÃO

E CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DA BATERIA FREE
3.1 | Sobre os testes Duan et al., 2010; Wu et al., 2011; Xu et al., 2013). Destaca-se que a
A maioria dos estudos nesse campo de pesquisa utilizou tarefas que

exploram habilidades cognitivas que não são de inibição, alternân-
cia e atualização conforme conceituados por Miyake et al. (2000) e por
cultura de origem e o NSE foram basicamente ignorados como fatores
que poderiam ter desempenhado um papel na variabilidade entre os
resultados de diferentes estudos. A despeito de os domínios executivos
estudos subsequentes desse grupo de pesquisadores. A maior parte parecerem tornar-se mais dissociáveis à medida que os adolescentes
das publicações de fato confunde esses domínios com outros (ver Morra envelhecem (Wu et al., 2011; Lee et al., 2013; Xu et al., 2013) os estu-
et al., 2018) e/ou incluiu domínios extras (por exemplo, Hartung et al., dos que avaliaram essa questão, em geral, tinham amostras com muito
2020). Mais especicamente, é comum na literatura que a retenção de menos variabilidade em termos de NSE do que se observa no Brasil.
informações na memória operacional (mensurada com testes de capa- Portanto, esse fator não pode ainda ser totalmente descartado como
cidade de memória operacional) seja considerada sinônimo de atualiza- fonte de variabilidade em desempenho em testes de FEs.
ção, e que a flexibilidade cognitiva seja considerada sinônimo de alter-
nância (Theodoraki et al., 2019). Aventamos que parte da razão disso é Considerando o acima exposto, a falta de uniformidade entre estudos
uma influente publicação de Diamond et al. (2013) que, contudo, mis- na trajetória de separabilidade dos domínios executivos na adolescên-
tura esses conceitos de domínios executivos como bem discutido por cia acima mencionada pode ter decorrido do fato de que pouquíssimos
Morra et al. (2018). Ainda, o tipo de inibição avaliado pelo modelo de estudos nessa área consideraram que:
unidade e diversidade de FEs é apenas um entre vários tipos de inibição
(por exemplo, veja Friedman e Miyake, 2017), o que também causa con- 1) é importante o cuidado na seleção das tarefas de FEs, já
siderável diculdade de comparação direta de resultados obtidos em que muitas delas empregadas na literatura não são de fato
estudos que avaliam essas diferentes habilidades. representativas dos domínios estudados pelos autores do
modelo de unidade e diversidade de FEs, como discutido acima;
Os artigos que testaram o modelo de unidade e diversidade e que se- 2) a cultura e/ou o NSE poderiam ter interferido no desenvolvimento
lecionaram tarefas com base no estudo de Miyake et al. (2000) foram executivo, uma vez que pouquíssimos desses estudos foram
mais raros (exemplos: Xu et al., 2013; Huizinga et al., 2006) e poucos realizados em adolescentes de países não desenvolvidos
foram realizados em países que não são de primeiro mundo (exemplo: (Nyongesa et al., 2019); e
11 Livro 1 | A bateria de testes de funções executivas adaptada para uso no Brasil (bateria FREE - Free Research Executive Evaluation)
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3) é necessário fornecer evidências de validade e das propriedades O segundo critério deniu que os testes fossem de acesso aberto (sem
psicométricas das baterias de testes empregadas (Nyongesa et direitos de uso) e que não requeressem necessariamente o uso de equi-
al., 2019), o que é indispensável, por exemplo, para determinar pamentos ou softwares complexos para medir o tempo de reação para
em que medida a distribuição de dados e os efeitos solo e teto cada estímulo (veja mais sobre isso a seguir). A ideia geral por trás disso
podem distorcer os resultados. era disponibilizar a avaliação para uma gama mais ampla de pesquisa-
dores ou clínicos com pouco nanciamento e permitir adaptações para
Diante dessas questões, pareceu-nos oportuno propor uma bateria diferentes tipos de população. O terceiro critério supunha que as tarefas
de testes que inclua tarefas que exploram os domínios propostos por pudessem ser usadas com respostas vocais (e não apertando botões) e
Miyake et al. (2000) e que podem ser adaptadas para uso em diferen- que possibilitassem que os escores fossem medidos como conjuntos de
tes contextos culturais. Para isso, buscamos na literatura testes de FEs respostas em vários ensaios (bloco de testes). Dessa forma, não seria
capazes de atender a vários critérios embasados nas questões acima necessário medir o tempo de resposta por estímulos, que é da ordem
expostas e detalhados abaixo, no passo em que se aborda de milissegundos (ms) e geralmente marcado por aperto
“Pareceu-nos oportuno
a diculdade de mensurar FEs que satisfaçam a conceitu- propor uma bateria de
de botões/teclas em sistemas automatizados. Com isso, vi-
alização teórica dos domínios executivas e que sejam viá- testes que inclui tarefas sávamos evitar a necessidade de uso de softwares para de-
veis em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. que exploram os domínios tecção de tempo de reação a acertos ao apertar teclas, aos
propostos por Miyake
et al. (2000) que podem quais a maior parte dos pesquisadores/clínicos no mundo
O primeiro critério estabeleceu que os testes deveriam ter ser adaptadas para serem não têm acesso. Além disso, respostas vocais permitem
utilizadas em diferentes
sido usados em publicações sobre funcionamento executivo contextos culturais.”
obter medidas de FEs menos “contaminadas” por diferen-
que envolviam análises fatoriais confirmatórias para es- ças individuais em fatores como velocidade perceptiva/
tudar o fracionamento dessas funções cognitivas em três domínios psicomotora, coordenação, destreza e lateralidade, que variam entre os
conceituados por Miyake et al. (2000): alternância, atualização e inibi- sexos, mudam ao longo do desenvolvimento cerebral e podem ser afe-
ção (para uma visão geral mais recente, ver Friedman e Miyake, 2017). tadas pelo NSE (Sullivan et al., 2016), independentemente do funcio-
Optou-se por duas tarefas que refletem cada uma dessas três habili- namento executivo em si (mais detalhes sobre isso será dado adiante).
dades executivas que deveriam exibir carga fatorial em seus domínios Isso, no entanto, inviabiliza o uso da bateria FREE em pessoas que têm
em modelos com índices de ajuste adequados e que assim permitis- prejuízo na nomeação.
sem a determinação de fatores latentes prováveis1.
Assim, selecionamos testes por meio dos quais seria possível medir a
velocidade com que os examinandos completavam blocos/tarefas com
vários ensaios. Em cada ensaio, o tempo levado para responder incluiria
1 A única exceção em relação a este primeiro critério foi a tarefa Stroop Feliz Triste (Kramer et al., 2015), usada para
avaliar a inibição de respostas prepotentes (o motivo de sua inclusão é detalhado abaixo). o tempo necessário para identicar o estímulo, pensar na resposta e
vocalizá-la; a adição de todos esses tempos por ensaio em cada bloco, velocidade perceptiva e de nomeação. Diferentemente, para o domínio
somado ao tempo para passar de ensaio para ensaio até concluir cada atualização não foram encontradas tarefas adequadas com blocos de
bloco, é a medida de tempo que os testes da bateria FREE mensuram. controle para a velocidade basal. Isso não é surpreendente já que esse
Isso pode ser feito por aplicadores com o uso de cronômetros manuais, tipo de controle para esse domínio não foi feito nos trabalhos de Miyake,
pois a soma de todo o tempo levado em todos os ensaios é da ordem de Friedman e colaboradores (por exemplo, Miyake et al., 2000).
dezenas de segundos a minutos, de modo que diferenças entre aplicado-
res no tempo para ativar e desativar o cronômetro têm pouca influência 3.2 | Processo de adaptação de testes
nos escores. Esse procedimento é empregado até hoje na maior parte
dos testes neuropsicológicos, portanto, não deve ser considerado uma
limitação da bateria FREE. Mas é fato que dá mais trabalho aos aplica-
A seleção dos estímulos e elaboração das instruções foram sempre
feitas por painéis de especialistas em psicologia cognitiva. O núme-
ro de ensaios foi sempre baseado em estudos anteriores que usaram
dores, que precisam monitorar continuamente a execução dos testes, cada um dos testes e foi ajustado com base em estudos piloto. Os es-
anotar as respostas e o tempo para concluir cada bloco/teste. tímulos foram também cuidadosamente selecionados de acordo com
os critérios gerais descritos a seguir. Detalhes de cada teste podem ser
Priorizamos também testes que incluem blocos diferentes que permi- obtidos na seção 4. A seguir apresentaremos uma visão geral sobre a
tem separar componentes executivos de outras habilidades envolvidas adaptação dos testes que se aplica à maioria deles.
nos testes, ou seja, tarefas com blocos de ensaios sem demandas exe-
cutivas especícas (blocos controle) e outros blocos equivalentes em 3.3 | Sobre instruções e estímulos
tudo, exceto que incluem demandas executivas. Dessa forma, a com-
paração de desempenho em ambos os tipos de bloco é uma forma de
isolar habilidades não executivas (usadas em ambos os tipos de blo-
N o Brasil, país em que há vasta desigualdade socioeconômica e de
qualidade de ensino, muitas vezes não é adequado usar testes de
FEs desenvolvidos em outros países. Talvez o principal motivo para isso
co) de habilidades executivas (presente em somente um dos blocos). tenha relação com habilidades de linguagem receptiva, ou vocabulário
Ou seja, deve ser mais difícil para os examinandos realizar o bloco com reduzido (Fernández and Abe, 2018). Muitos brasileiros não conhecem o
demandas executivas e o aumento de erros e/ou do tempo para com- signicado de muitas palavras e termos usados em instruções de testes
pletar esse tipo de bloco em relação a blocos controle pode ser deter- e/ou os nomes de muitos tipos de estímulos usados nesses testes. Não
minado com medidas de “custo executivo”. Essas medidas puderam ser é surpreendente, portanto, que nessas circunstâncias pessoas de famí-
calculadas para os testes de inibição e alternância. Nesses casos, as lias carentes tenham desempenho baixo, pois podem ter diculdade de
medidas de custo foram o custo absoluto calculadas pelo método de entender o que devem fazer (instruções não claras) e/ou diculdade de
subtração: subtrai-se o desempenho em condições de controle (blocos lembrar estímulos que não conhecem ou que representam construtos
de controle) dos blocos executivos, assumindo que isso “isola” com- complexos que não tiveram a oportunidade de conhecer profundamen-
ponentes executivos da tarefa de outros processos cognitivos, como a te (sejam eles palavras e/ou guras). Além disso, muitos brasileiros têm
diculdades em leitura. Sendo assim, na bateria FREE um esforço con- as respostas vocais, há vários motivos e vantagens para esse modo de
siderável foi feito para simplicar ao máximo as instruções, buscando aplicação como explicado a seguir.
sempre usar palavras de alta frequência na língua. Essas instruções po-
dem ser lidas pelos examinandos ou ser lidas para eles caso preram. A velocidade de processamento das informações varia entre pessoas que
apresentam diversas condições clínicas e muda ao longo do desenvolvi-
Para reduzir possíveis confusões de percepção e nomeação, todas as ta- mento, portanto isso pode impactar medidas de acurácia e tempo das
refas envolvem estímulos visuais e, em geral, respostas a estímulos indivi- respostas. Os tempos de reação diminuem acentuadamente da primeira
duais, um de cada vez (com exceção das tarefas Stroop empregadas para à meia-infância, continuam a diminuir, embora não tão rapidamente, no
avaliar o domínio inibição). Buscou-se também priorizar estímulos bran- nal da infância e início da adolescência e atingem valores máximos na
cos, pretos e cinza e incluir alto contraste entre o fundo e os estímulos, adolescência média tardia (Rose et al., 2011). Essas mudanças na velo-
pois muitas pessoas apresentam problemas na discriminação de cores. cidade ao longo das idades (e também presentes em condições clínicas)
podem também levar a distorções nos achados do funcionamento exe-
Ainda, priorizou-se o uso de estímulos que representam construtos con- cutivo em estudos em que as tarefas envolvem exposição limitada no
cretos e comuns, de alta frequência em nosso idioma, evitando ao máximo tempo a estímulos, o que é bastante comum, especialmente para tarefas
o uso de estímulos escritos. Isso foi feito priorizando o emprego de guras de atualização: se os estímulos estiverem disponíveis por muito pouco
e números ao invés de letras. Ademais, guras lineares sem movimenta- tempo, os mais jovens ou mais lentos podem ser impedidos de proces-
ção parecem também ser mais fáceis de processar, então somente ima- sar e responder a alguns ou muitos ensaios. A ausência de respostas
gens com essa característica foram empregadas. Detalhes sobre todos é em geral considerada erro executivo ou tratada como dado ausente
esses aspectos para cada teste podem ser encontrados na seção 4. (missing), o que distorce os escores. Isso não precisa ser assim. Lawlor-
-Savage e Goghari (2016) mostraram que tarefas em que o próprio exa-
3.4 | Sobre a forma de apresentação de estímulos minando tem a possibilidade de responder em seu próprio ritmo (testes
e de resposta chamados de self-paced) podem funcionar tão bem quanto aquela na
N a bateria FREE os examinandos são instruídos a realizar os tes-

tes o mais rápido que conseguirem evitando erros. Não há tempo
máximo para responder a cada estímulo, tampouco critérios de inter-
qual há tempos limitados para respostas. Existem também programas
que determinam tempos máximos de resposta individualizados. Não
consideramos essa alternativa aqui, pois isso requer não só a compra
rupção e todas as respostas são vocais. Isto é, os examinandos con- dos programas, mas também a realização de uma grande quantidade
trolam quando passar para o próximo estímulo (tarefas self-paced) e de ensaios para estabelecer essa linha de base para cada examinando,
dão as respostas oralmente até o m de cada bloco/teste. Embora isso somente após a qual se realiza o teste propriamente dito, o que cansa os
dê mais trabalho para os avaliadores, que devem cronometrar quanto examinandos e pode induzir o desenvolvimento de estratégias que reduz
tempo cada examinando leva para terminar cada teste/bloco e anotar o uso de FEs para realizar os testes, o que não é ideal.
Além disso, o uso de tarefas que exigem pressionamentos de teclas (por exemplo, Miller e Halpern, 2014). Ainda, algumas outras habi-
e respostas com tempo limitado pode levar a desempenho altamente lidades, como nomear cores e objetos, podem diferir entre os sexos
contaminado por potenciais diculdades motoras e de lateralização. em algumas populações/culturas, mas não em outras (Wolff et al.,
O uso de tarefas que minimizam as traduções de processos mentais 1983). Esses efeitos, no entanto, são sutis quando presentes. Assim,
em ação motora, como as aqui propostas (respostas vocais), poderia o fato de os testes da bateria FREE envolverem respostas vocais pode
controlar melhor esses efeitos. O curso temporal do acesso lexical ao minimizar a interferência de fatores psicomotores relacionados ao
nomear a imagem em condições com distratores, por exemplo, mos- sexo no desempenho executivo.
trou-se muito semelhante em crianças, adolescentes e adultos (Jerger
et al., 2002), ou seja, uma vez que a fala já está automati- Todos esses fatores que alteram a velocidade de pro-
zada, as respostas vocais parecem ser bem estáveis. Na bateria FREE todos cessamento e de respostas, portanto, têm impacto na
os testes devem ser
realizados do começo ao habilidade das pessoas de responder a cada ensaio in-
Além dos efeitos da idade, temos que considerar os efei- m, sem interrupção e dividualmente, em especial se a resposta for feita aper-
as respostas são vocais.
tos de sexo em FEs e os seus efeitos em velocidade de tando botões. É possível que muitas pessoas cometam
Note que devido ao fato
processamento e de respostas. Homens e meninos ten- que as medidas são erros porque têm pouco tempo para pensar a resposta
dem também a ter melhores habilidades psicomotoras realizadas à velocidade ou mesmo que muito ensaios fiquem sem resposta por
determinada pelos
do que pessoas do sexo feminino e isso parece ter a ver próprios examinandos, problemas de lentificação psicomotora ou dificuldade de
com hormônios sexuais (Schulte et al., 2019). Em relação erros e respostas faltantes lateralização ao selecionar teclas específicas. Esse pa-
são incomuns e tendem
às diferenças entre os sexos no funcionamento executivo a preponderantemente
drão pode não ser diretamente associado a dificuldades
em si, a literatura ainda não tem respostas, especial- acontecer quando executivas. Assim, deve-se considerar que respostas psi-
mente porque a maioria dos estudos não leva essa va- o examinando comotoras a cada ensaio e critérios de interrupção após
inadvertidamente pula um
riável em consideração. Quando são encontradas di- estímulo enquanto passa um certo número de erros (ou respostas faltantes) dis-
ferenças entre sexos, elas são de pequenos tamanhos de um ensaio a outro torcem consideravelmente a medida de interesse (veja
de efeito e/ou inconsistentes (Xu et al., 2013), algumas von Davier et al., 2019), a saber, a mensuração de ha-
das quais também têm a ver com hormônios sexuais (Schulte et al., bilidades executivas (e não motoras). Consequentemente, na bate-
2019) e não está claro até que ponto refletem diferenças executivas ria FREE todos os testes devem ser realizados do começo ao fim,
ou de outras habilidades cognitivas que contribuem para o desem- sem interrupção e as respostas são vocais. Note que devido ao fato
penho em testes de FEs. Normalmente, pessoas do sexo masculino que medidas são realizadas à velocidade determinada pelos próprios
superam as do sexo feminino em tarefas que envolvem cognição es- examinandos, erros e respostas faltantes são incomuns e tendem a
pacial, enquanto o oposto é verdadeiro para tarefas que envolvem preponderantemente acontecer quando o examinando inadvertida-
processamento verbal, mas esses efeitos geralmente são pequenos mente pula um estímulo enquanto passa de um ensaio a outro.
3.5 | Sobre os escores mente, na maior parte dos casos. Assim, nesse livro serão apresentados
A lém de diferenças entre idades e, potencialmente, de sexos, NSE

e na velocidade de processamento e de respostas psicomotoras,
um fator que deve ser considerado na construção de testes executivos
dados com base em RCS de uma amostra de 331 adolescentes de 9-15
anos (baseados na publicação de Segura et al., 2022b). Pesquisado-
res interessados nos tempos para completar os testes e/ou na acurá-
é que a maioria dos tarefas empregadas para tal requer que os exa- cia devem procurar os dados no banco de dados, que é de livre acesso
minandos respondam o mais rápido possível evitando erros. Ainda, o e pode ser encontrado em https://doi.org/10.17605/OSF.IO/DN82J.
desempenho é mensurado pelo número de respostas corretas ou pelo
tempo que os examinandos levam para responder a cada estímulo ou
a um bloco de estímulos com vários ensaios. Isto não leva em conta
que a precisão de respostas varia de acordo com o tempo para respon-
der a uma tarefa (Hedge et al., 2018). Em outras palavras,
são cometidos mais erros se as tarefas forem respondidas Como há um balanço
entre velocidade e
rapidamente, ao passo que a precisão pode ser aumenta- precisão (denominado na
da ao fazer as tarefas em um ritmo mais lento. Como há literatura internacional
de speed-accuracy
um balanço entre velocidade e precisão (denominado na
tradeoff), considerar
literatura internacional de speed-accuracy tradeoff), con- apenas a velocidade ou a
siderar apenas a velocidade ou a acurácia separadamente acurácia separadamente
pode levar a conclusões
pode levar a conclusões contraditórias (ver Vandierendonck, contraditórias.
2017). Para evitar isso e maximizar as chances de detec-
tar os efeitos de interesse, é possível combinar essas métricas, inte-
grando aspectos de velocidade e precisão do desempenho usando um
tipo de escore (Rate Correct Score: RCS) no qual o número de respos-
tas corretas é dividido pelo tempo total necessário para terminar cada
tarefa (ver Vandierendonck, 2017). Isto produz uma pontuação que
indica o número de respostas corretas por unidade de tempo (segun-
dos). Pontuações mais baixas signicam que são dadas menos respos-
tas corretas por segundo, ou que a tarefa é mais difícil do que quando
os valores RCS são mais altos. De acordo com Vandierendonck (2017),
a pontuação RCS permite detectar uma proporção maior de variação no
desempenho do que a velocidade e a acurácia pontuadas individual-
DETALHAMENTO DOS TESTES

DA BATERIA FREE
4.1 | Aspectos comuns a todos os testes As instruções são impressas em tinta preta na fonte sans serif, Calibri
A té que atingissem sua forma atual abaixo descrita, os testes fo-

ram aplicados em diversos estudos-piloto, aprovados pelo Co-
mitê de Ética da UNIFESP, que não serão aqui detalhados. Nesses
24, que é fácil de ler na tela e contrasta bem com o fundo branco.
Após a instrução, na maior parte das tarefas há ensaios para praticar

estudos-piloto, todos os testes foram aplicados em pessoas de di- (exceto as tarefas Stroop, como de praxe). No entanto, as tentativas de
ferentes idades e NSEs para garantir que as instruções estivessem prática são reduzidas ao mínimo porque muito treino pode levar os exa-
claras e que os efeitos solo e teto fossem evitados. Este processo minandos a desenvolver estratégias e, consequentemente, depender
envolveu uma série de ajustes das tarefas em termos de instruções, menos das FEs à medida que o número de ensaios aumenta e eles se
número de ensaios e nas características dos estímulos em si (subs- tornam mais procientes (Spreen e Strauss, 1998).
tituição de estímulos, seu tamanho e disposição na apresentação
etc.). Mais detalhes podem ser encontrados em Zanini et al. (2020). Em seguida são apresentados os ensaios com estímulos propriamen-
te ditos, que foram todos visuais e representam construtos nomeáveis
Todas as tarefas foram construídas em slides do Power Point com (verbais) para padronizar a modalidade de apresentação. Os estímulos
fundo branco. Este formato foi escolhido para permitir que instru- são apresentados um de cada vez para reduzir a probabilidade de haver
ções e estímulos pudessem ser impressos em folhas de papel ou contaminação entre estímulo em termos da sua percepção e nomeação.
cartões, com baixo custo. Contudo, a eficácia desse modo de apre- A contaminação poderia interferir no desempenho sem que isso tivesse
sentação em papel não foi testada aqui (usou-se aplicação em telas diretamente a ver com as habilidades executivas, exceto no que tange
de tablets/computador), mas não há nenhum motivo para acreditar aos testes de inibição (explicados abaixo).
que o desempenho variaria consideravelmente se esse método de
aplicação fosse utilizado. Conforme detalhamento no capítulo 3.2.1. deste livro sobre a jus-
tificativa para os critérios utilizados para a seleção dos estímulos,
Cada teste começa com instruções, que foram trabalhadas para serem o as imagens priorizadas foram desenhos de linhas estáticas em preto
mais curtas, simples e claras possível com o propósito de garantir o en- e branco, ou seja, não representavam movimento e representavam
tendimento e de evitar sobrecarregar cognitivamente os examinandos. substantivos concretos altamente familiares. Evitamos o uso de le-
tras como estímulos, substituindo-as por números, que são mais fá- vocais. Os aplicadores são responsáveis por cronometrar o tempo
ceis de processar por aqueles com baixa ou inadequada escolaridade levado para realizar cada bloco/teste e marcar a acurácia e os er-
(Fernández e Abe. 2018). Quanto à cor dos estímulos, quando pos- ros. Assim, há considerável participação dos aplicadores na deter-
sível, utilizamos a cor preta, branca e cinza para permitir a testagem minação dos escores, que tem que ser feita de forma manual. Por
em populações com discromatopsia/daltonismo (até 8% das pessoas esse motivo, houve esforços para elaborar um manual que permi-
do sexo masculino - Chan et al., 2014). te que isso seja feito de modo adequado, o que foi determinado
em diversos potenciais aplicadores como discutido na seção 5.3.
Os testes do domínio inibição (tarefas de tipo Stroop) foram uma ex- O manual em si consiste no Livro 2.
ceção em relação a vários dos pontos acima. No teste Stroop Victoria
os estímulos são palavras que são coloridas. Nesse teste, bem como Uma ilustração dos testes da bateria FREE pode ser encontrada nas
no Stroop Feliz Triste, vários estímulos aparecem em uma única pági- páginas a seguir.
na, e, ainda, os testes não são precedidos de ensaios para a prática,
embora os estímulos sejam apresentados visualmente na instrução.
Ainda que estas tarefas divirjam de certa forma dos critérios de es-
colha de estímulos para a bateria, ambas se mostraram altamente
sensíveis à inibição executiva e possibilitaram a identificação de um
claro custo executivo, o que não encontramos em diversas outras ta-
refas disponíveis na literatura. Realizamos estudos-pilotos com mui-
tas outras medidas de inibição que eram monocromáticas e podiam
ser realizadas em formato de bloco e que não envolviam palavras e/
ou cores, incluindo várias versões de tarefas de Animal Stroop, ta-
refas de Stroop Numérico, Stroop Dia e Noite, entre outras. Todavia,
nenhuma dessas mostrou efeitos de custo de inibição confiável. As-
sim, não encontramos medidas de inibição de respostas automáticas
alternativas à tarefa Stroop Victoria e Stroop Feliz Triste que aten-
diam aos nossos critérios.
Como mencionado, em todas as tarefas os examinandos têm o con-

trole da velocidade da realização dos testes, passando eles mesmos
de um estímulo para outro à medida que vão dando suas respostas
A | Stroop Victoria
Controle, bloco 1 Não incongruente, bloco 2 Incongruente, bloco 3
(nomear cor) (nomear cor - não ler) (nomear cor - não ler)
cada nunca hoje tudo preto azul rosa verde

hoje tudo nunca cada azul verde preto rosa
nunca cada tudo hoje preto rosa verde azul
tudo hoje cada nunca verde azul rosa preto
cada nunca hoje tudo preto verde azul rosa
nunca tudo cada hoje rosa tudo verde preto
B | Stroop Feliz Triste

Controle, bloco 1* Controle, bloco 2 Executivo, bloco 3
(automatização de nomeação de emoção) (nomear emoção) (nomear emoção oposta)
C | Cor e Forma
Controle, bloco 1 Controle, bloco 2 Executivo, bloco 3

(nomear forma) (nomear cor) (alternar nomeação com pista)
quadrado preto quadrado
círculo cinza preto
quadrado preto círculo
círculo cinza cinza

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EMBASAMENTO TEÓRICO DO PROCESSO DE SELEÇÃO

A maioria dos estudos nesse campo de pesquisa utilizou tarefas que

N a bateria FREE os examinandos são instruídos a realizar os tes-

A lém de diferenças entre idades e, potencialmente, de sexos, NSE

DETALHAMENTO DOS TESTES

A té que atingissem sua forma atual abaixo descrita, os testes fo-

Após a instrução, na maior parte das tarefas há ensaios para praticar

Como mencionado, em todas as tarefas os examinandos têm o con-

cada nunca hoje tudo preto azul rosa verde

B | Stroop Feliz Triste

Controle, bloco 1 Controle, bloco 2 Executivo, bloco 3

quadrado preto quadrado

círculo cinza preto

quadrado preto círculo

círculo cinza cinza

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