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Explorao sustentvel dos recursos pesqueiros da Albufeira de Cahora Bassa

INDICE CONTEUDOS
CONTEUDOS

PGINAS
PGINAS...............................................................................................1

1. INTRODUO...........................................................................................................................3 2. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA..........................................................................5 3. PROBLEMA................................................................................................................................6 4. HIPTESES................................................................................................................................7 5. OBJECTIVOS.............................................................................................................................8 5.1. OBJECTIVO GERAL..........................................................................................................8 5.2. OBJECTIVOS ESPECFICOS......................................................................................8 QUADRO 1: COMBINAO OBJECTIVO ESPECFICO E RESULTADO ESPERADO......9 QUADRO 2: DETERMINAO DAS ACTIVIDADES POR ACES A REALIZAR........10 6. METODOLOGIAS...................................................................................................................11 7. RELEVNIA DO TEMA.....................................................................................................12 8. ENQUADRAMENTO GEOGRFICO E ASTRONMICA DA REA DE ESTUDO.......13 Tabela 1 Dados tcnicos da albufeira de Cahora Bassa.............................................................13 8.2. ASPECTOS FISICOGRFICOS......................................................................................16 9. FUNDAMENTAO TERICA............................................................................................20 9.1 Populao de peixes antes e durante o primeiro enchimento da albufeira de Cahora Bassa ....................................................................................................................................................20 9.2 A populao de peixes do mdio Zambeze antes do represamento...................................20 9.3 Variedades de espcies pisccolas existentes na albufeira de Cahora Bassa......................21 Tabela 2 Espcies de peixes existentes no rio Zambeze............................................................22 Tabela 3 Espcies de peixes existentes na albufeira de Cahora Bassa......................................23 9.4. A pesca na albufeira de Cahora Bassa...............................................................................24 Figura 4: Peixe tigre (Hydrocynus vittatus), uma das espcies mais abundantes na albufeira de Cahora Bassa.................................................................................................................................26 Figura 5: Peixe kapenta (Limnotrissa Miodom) a espcie que corresponde a pesca semiindustrial........................................................................................................................................26 9.5. Captura do pescado no Zambeze e seu impacto socio-econmico....................................26 10. CONSERVAO E EXPLORAO SUSTENTVEL DOS RECURSOS PESQUEIROS ........................................................................................................................................................28 10.1. O conceito da sustentabilidade dos recursos pesqueiros.................................................28 10.2. Crise ambiental e recursos pesqueiros.............................................................................31 10.3. Indicadores de sustentabilidade na pesca artesanal.........................................................31
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10.4. Pesca sustentvel. Aspectos fundamentais ......................................................................32 10.5. Como deve ser a pesca sustentvel na albufeira de Cahora Bassa?................................34 10.6. Prticas de pesca destrutivas ...........................................................................................34 11: SITUAO ACTUAL DA EXPLORAO DOS RECURSOS PESQUEIROS DA ALBUFEIRA DE CAHORA BASSA E SUA REENTABILIDADE..........................................35 11.1. Pesca Semi Industrial ...................................................................................................35 11.2. Pesca Artesanal ................................................................................................................35 11.3. Pesca Recreativa e Desportiva ........................................................................................35 12. FISCALIZAO E MONITORIA DA ACTIVIDADE DA PESCA ..................................35 12.1 Pesca artesanal ..................................................................................................................35 12.2 Pesca semi-industrial ........................................................................................................35 13. Co - Gesto .............................................................................................................................36 14. Tecnologia de pesca ...............................................................................................................36 15. Tecnologia de pescado ...........................................................................................................36 16. Poupana e Crdito Rotativo ..................................................................................................36 17. PAPES DOS INTERVENIENTES NO PROCESSO DE EXPLORAO DOS RECURSOS PISCCOLAS...........................................................................................................37 17.1. Ministrio de Pescas e instituies afins..........................................................................37 17.2. Pescadores.........................................................................................................................37 19. CONSEQUNCIAS RESULTANTES DA PROBLEMTICA...........................................39 20. CONCLUSO.........................................................................................................................40 21. RECOMENDAES (PROPOSTAS E SUGESTES).......................................................42 REFERNCIA BIBLIOGRFICAS............................................................................................44 ANEXOS E APNDICES............................................................................................................47

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1. INTRODUO A pesca uma das mais antigas e principais actividades realizadas pelo homem. Dentre os sectores mais afectados pela crise ambiental global est a pesca extractiva realizada em ambiente martimo e em guas interiores. A actividade pesqueira se caracteriza em diversas modalidades, sendo a que mais vem sendo impactada pela demanda dos mercados e aco antrpica ao meio ambiente a pesca artesanal, realizada por grupos de pescadores autnomos. A pesca artesanal se distingue pelas prticas desenvolvidas em pequena escala de produo e comercializao, com frota de pequenos barcos (canoas) e apetrechos sem sofisticao, alm de ser agregado social nas comunidades. A pesca de pequena escala praticada por pescadores individuais ou associados, e que inclui a pesca artesanal e a pesca semi-industrial. Nas comunidades tradicionais pesqueiras, se destaca o que denominamos de Conhecimento Ecolgico Tradicional (CET) nas localizaes e capturas do pescado. Ultimamente, este conjunto de prticas e de saber acumulado pelas comunidades vem colaborando com estudos e pesquisas cientficas, orientadas, sobretudo para desenvolver prticas saldveis e sustentveis no tocante ao uso e conservao dos recursos pesqueiros. A necessidade de construo de uma pesca sustentvel deve orientar-se pelo Relatrio Brundtland, ONU (1987), tendo o desenvolvimento sustentvel como um processo dinmico, destinado a satisfazer as necessidades actuais sem comprometer as necessidades das geraes futuras. Na albufeira de Cahora Bassa, a actividade de pequena escala com finalidade comercial exercida por produtores autnomos ou com relao de trabalho com base em parceria, que utilizam tanto embarcaes adquiridas em pequenos estaleiros, com propulso motorizada ou no, como embarcaes construdas pelos prprios pescadores, usando matrias-primas locais. No existe nenhuma sofisticao nos apetrechos e insumos utilizados nas actividades de pesca e as tcnicas de capturas e localizao de cardumes so baseados em conhecimentos empricos e sem uso de aparelhos. As embarcaes (canoas) realizam viagens curtas, geralmente a locais prximos costa da albufeira, com pequena demanda de capital e so capazes de produzir volumes pequenos ou mdios de pescado que so comercializados por meio de atravessadores no mercado local ou em menor escala, para alguns comerciantes vindos da Zmbia e da Repblica Democrtica do Congo. Historicamente a pesca se desenvolveu em todos os quadrantes do planeta e responsvel pela alimentao e desenvolvimento de diversas comunidades humanas at os dias actuais. No incio a capitalizao da actividade e os recursos tecnolgicos deram condies para o desenvolvimento do modo de produo capitalista na actividade pesqueira. O homem-pescador e todo seu saber baseado no conhecimento tradicional so separados da natureza, quando da apropriao dos recursos pesqueiros e dessa forma modifica o paradigma da relao homemrecurso pesqueiro, agora utilitarista e produtivista Marrul Filho (2001).

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Para Maciel (1996, apud SOUZA & PIT, 2004) em um cenrio historicamente adverso do ponto de vista ambiental, [...] o pescador artesanal foi a maior vitima da explorao irracional do pescado, acarretando impactos negativos para a sobrevivncia de comunidades dos pescadores artesanais, dado que as transformaes ocorridas no ambiente aqutico reflectem-se nas mesmas comunidades. Por outro lado, definindo a situao do sector pesqueiro na esfera da crise ambiental global, a questo ambiental nos ltimos anos tem ocupado o quotidiano das pessoas, dos movimentos organizados, das empresas e do mundo cientfico, com a preocupao de compreender e proteger o meio ambiente, conscientizando outras parcelas da sociedade civil a respeito da esgotabilidade dos recursos naturais, agora dentro de um novo paradigma, de reconhecimento do mundo e suas complexidades, como a ambiental (MORIN, 2006). O principal objectivo da construo da barragem de Cahora Bassa a produo de 3.870 MW de electricidade, tornando a barragem de Cahora Bassa a maior produtora de electricidade de frica (Jackson & Davies, 1976). No s a gerao da energia elctrica, esta barragem, teria objectivo do controle de inundaes a jusante do rio Zambeze (Silva et al, no publicado). No entanto, como sempre acontece com obras artificiais dessa magnitude, a barragem teria outras aplicaes para o vale do rio, a montante e a jusante da barragem (Hall & Davies, 1974; Davies, 1975a, b; Davies, Hall & Jackson, 1975; Bowmaker, Jackson & Jubb, no publicado). Mas, apesar disso, a pesca tornou-se rapidamente numa actividade de grande valor econmico e de grande importncia para a subsistncia das comunidades locais. Na albufeira de Cahora Bassa so praticadas trs tipos de pescarias, a artesanal, a semi-industrial e a pesca desportiva. A pesca artesanal uma actividade antiga, que praticada pelas populaes locais ao longo de toda a albufeira usando principalmente redes de emalhar (Mafuca, 2005). A pesca semiindustrial explora mananciais do peixe de Limnothrissa miodom vulgarmente conhecido por kapenta, que conheceu um crescimento rpido nos ltimos 10 anos devido ao xodo de farmeiros zimbabweanos, sendo a mais importante actividade piscatria, do ponto de vista econmico, na albufeira de Cahora Bassa (Mafuca, 2005). EXPLORAO SUSTENTVEL DOS RECURSOS PESQUEIROS DA ALBUFEIRA DE CAHORA BASSA, o tema deste trabalho e surge no contexto de realizao de trabalho de diploma para obteno do grau de licenciatura em ensino de Geografia na Universidade Catlica de Moambique. Trata-se de uma abordagem que pretende contribuir na procura de solues para se garantir uma explorao sustentvel dos recursos pesqueiros existentes na albufeira de Cahora Bassa. O trabalho destaca o problema de explorao sustentvel, tendo como rea de estudo a albufeira de Cahora Bassa, geralmente nas suas principais bacias, isto , desde a garganta at o Zumbo e de forma particular, as bacias de Garganta e Chicoa por se localizarem perto do investigador, relativamente as bacias de Mgo, Mucanha, Carinde, Mussenguezi e Zumbo.

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2. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA A Pesca uma actividade do sector primrio (actividades econmicas que extraem e ou produzem matria-prima, implicando geralmente a transformao de recursos naturais em produtos primrios.) que consiste na captura de peixes e outros mariscos com objectivo de fornecer alimentos a populao e a matria-prima a indstria. uma das actividades econmicas mais antigas de Moambique, praticada antes do tempo colonial, nessa poca era maioritariamente artesanal com finalidade de satisfazer as necessidades locais. [A partir dos anos 60 desenvolveu-se a pesca industrial e semi-industrial, mais virada para o mercado externo (Chapata, 2009)]. luz do Artigo 2 do 9 Suplemento do Boletim da Repblica de 30 de Dezembro de 2008, define-se guas interiores as que se encontram a montante do mangal, fora da aco das mars, os rios, lagos e lagoas sem comunicao com o mar somente nas mars vivas, albufeiras e outras massas aquferas e, de um modo geral, os reservatrios naturais de gua susceptveis de criao de peixe. As guas interiores com recursos pesqueiros significativos, so constitudas pela albufeira de Cahora Bassa, Lago Niassa, lagoas costeiras, pequenos lagos e rios em cerca de 15.000 km de rios. A explorao de recursos pesqueiros das guas interiores de grande importncia para a populao rural. a chamada pesca de pequena escala praticada por Pescadores individuais ou associados, e que inclui a pesca artesanal e a pesca semi-industrial. A pesca artesanal, por sua vez, subdivide-se em pesca de subsistncia e pesca comercial. Usam redes, pequenos barcos (canoas) e ocasionalmente barcos a motor. No lago Niassa e na albufeira de Cahora Bassa, este tipo de pesca tem experimentado um certo progresso. A actividade pesqueira registou nos ltimos cinco anos uma produo global de cerca de 121.357 toneladas de pescado de kapenta e tilpia (pende) nas guas do rio Zambeze, com maior destaque para a regio da Albufeira de Cahora Bassa, que inunda reas dos distritos de Zumbo, Mgo, Marvia e Cahora Bassa, na provncia de Tete. Calcula-se que a albufeira de Cahora Bassa possui um potencial suficiente para suportar o desenvolvimento da pesca de pequena escala e industrial, sendo o seu potencial de cerca de 50.000 toneladas/ano. Ver tabela em anexo. Em Moambique, actualmente o sector das pescas participa com 4% no PIB e com 28% nas exportaes totais do pas, cifras que o tornam num sector econmico de importncia significativa. A pesca semi-industrial do kapenta praticada na albufeira de Cahora Bassa que a terceira pescaria mais exportada depois do camaro e gamba, tem estado a registar flutuaes sazonais e anuais que no encontram explicao na variao do esforo de pesca. No s, a captura desta espcie, no sustentvel para as comunidades que habitam nos distritos abrangidos pela albufeira de Cahora Bassa, isto , populaes dos distritos de Cahora Bassa, Marvia, Mgo e Zumbo, pelo que seja necessria a adopo de cleres polticas conducentes a garantir que a explorao deste e de outros recursos pesqueiros, seja sustentvel para esta e para as geraes vindouras.

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3. PROBLEMA A provncia de Tete distrito de Cahora Bassa possui uma das maiores bacias hidrogrficas da frica, nela est instalada a 5 maior barragem hidroelctrica do mundo, a barragem de Cahora Bassa. A economia do distrito de Cahora Bassa se caracteriza sobretudo para alm da produo de electricidade, a pesca, actividade que desenvolvida na albufeira de Cahora Bassa, concretamente nos distritos de Cahora Bassa, Marvia, Mgo e Zumbo. sobre as prticas piscatrias que o tema se assenta, no que se refere as prticas de explorao dos recursos lacustres da albufeira de Cahora Bassa, pois o actual ritmo de pesca, no que se refere aos nveis de esforo de pesca e a artes nocivas, podem de certa forma conduzir a um rpido esgotamento destes recursos. Entende-se que o presente trabalho, ser uma contribuio no que se refere ao traar de recomendaes e prticas amigas do ambiente lacustre, indo ao alcance do desenvolvimento sustentvel. O uso de artes nocivas (artes no recomendas) como a rede mosquiteira, de arrasto de uma (1) polegada mais conhecida por (Khocota), a no considerao do perodo de veda (perodo de interdio da pesca em reas ou pocas com vista proteco de juvenis), no saudvel para o ambiente aqutico, porque podem extinguir com as espcies existentes na albufeira de Cahora Bassa, alis, luz do Artigo 2 do 9 Suplemento do Boletim da Repblica de 30 de Dezembro de 2008, proibido o uso de redes de arrasto de praia, rede envolvente ou similar. No obstante, os distritos ao Sul da albufeira so propensos seca e estiagem e a pesca aparece como uma alternativa de sobrevivncia das populaes destes distritos. Ento se a pesca desenfreada agudizar-se, estar em causa a sobrevivncia destas populaes na medida esta a base de sua sobrevivncia. De referir que se a explorao desordenada continuar em ritmo exacerbado, vai resultar em reduo e, no final, colapso das pescarias. Verificada esta situao, h necessidade de se ter grandes responsabilidades para que se possa evitar o uso de artes nocivas para a pesca que muito importante para sade humana, e tambm para economia do pas. Deste modo, pertinente o trabalho de incentivo s comunidades ribeirinhas ou pescadores artesanais e semi-industriais no que tange ao uso de redes e prticas de pesca, recomendadas explicando a importncia da melhor conservao dos recursos aquticos e tomar as devidas medidas de prticas malficas a preservao da biodiversidade aqutica com o objectivo de minimizar este problema. Consciente dessa realidade o governo nas ltimas dcadas aprovou diversas normas de regulao da arte, das tcnicas, dos apetrechos de pesca e do tipo de embarcao, mas a dificuldade de fiscalizao do sector pesqueiro pelos rgos administrativos que passam por falta de recursos humanos e operacionais, dificulta a capacidade de evitar o incumprimento sistemtico das normas pesqueiras. Face a esta constatao acima referida, levanta-se a seguinte questo:

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Como assegurar uma explorao sustentvel dos recursos pesqueiros da Albufeira de Cahora Bassa?

4. HIPTESES Para se garantir uma explorao sustentvel dos recursos aquticos da albufeira de Cahora Bassa so colocadas as seguintes hipteses: Promovendo-se cada vez mais palestras por parte da entidade competente, nas comunidades ribeirinhas, para que estes possam pautar por prticas de pesca sustentveis, e que se garanta a conservao dos recursos aquticos da albufeira de Cahora Bassa; Havendo a instalao de bases navais ao longo da albufeira com mais meios como barcos e helicpteros para se controlar e fiscalizar a pesca ilegal protagonizada por pescadores furtivos e ilegais; Alocando-se mais meios de pesca para os pescadores artesanais a pesca tornar-se- cada vez mais sustentvel para esta camada da sociedade e seus dependentes; Se aplicando o fundo de iniciativa local para fazer transcender a pesca artesanal, para que os pescadores associados possam adquirir adequados materiais de pesca; Uma pesca por unidades populacionais de peixes atravs de uma gesto baseada no rendimento mximo sustentvel (RMS) seria benfica ao ecossistema da albufeira de Cahora Bassa.

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5. OBJECTIVOS 5.1. OBJECTIVO GERAL Analisar a explorao dos recursos pesqueiros na albufeira de Cahora Bassa e propor medidas que contribuam para uma explorao sustentvel.

5.2. OBJECTIVOS ESPECFICOS Descrever as principais pescarias e recursos explorados na albufeira de Cahora Bassa; Descrever e analisar a importncia da conservao e explorao sustentvel dos recursos aquticos existentes na albufeira de Cahora Bassa; Identificar formas nefastas de explorao de recursos pesqueiros na albufeira de Cahora Bassa e falhas na gesto de pescarias; Descrever e propor medidas de combate de prticas nocivas na explorao dos recursos pesqueiros na albufeira de Cahora Bassa; Discutir caminhos viveis para que a pesca seja uma actividade que beneficie as comunidades dos distritos banhados pela albufeira de Cahora Bassa;

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QUADRO 1: COMBINAO OBJECTIVO ESPECFICO E RESULTADO ESPERADO

OBJECTIVO ESPECFICO RESULTADO ESPERADO Descrever os principais pescados existentes Esclarecer as potencialidades existentes na na albufeira de Cahora Bassa. albufeira de Cahora Bassa. Identificar formas nefastas de explorao de recursos pesqueiros na albufeira de Influenciar os pescadores a utilizarem boas Cahora Bassa e falhas na gesto de prticas e meios de pesca permitidos pela lei. pescarias. Descrever e propor medidas de combate de prticas nocivas na explorao dos Garantir a conservao da biodiversidade recursos pesqueiros na albufeira de Cahora aqutica existente na albufeira. Bassa. Propor caminhos viveis para que a pesca seja uma actividade que beneficie as Tornar a pesca, uma actividade para a comunidades dos distritos banhados pela melhoria da vida das populaes ribeirinhas. albufeira de Cahora Bassa. Propor a entidade de direito a desenhar linhas mestras para que os pescadores Levar a compreenso de que o uso de prticas possam enveredar por prticas de pesca nocivas, biodiversidade existente na albufeira. Analisar a importncia da conservao e explorao Bassa. sustentvel dos recursos aquticos existentes na albufeira de Cahora pode perigar e extinguir a que no seja nociva ao ambiente aqutico e biodiversidade aqutica da albufeira.

Garantir explorao

uma

melhor

conservao dos

sustentvel

recursos

pesqueiros da albufeira de Cahora Bassa.

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QUADRO 2: DETERMINAO DAS ACTIVIDADES POR ACES A REALIZAR

RESULTADOS ESPERADOS Esclarecer as potencialidades existentes na albufeira de Cahora Bassa.

ACES Descrever as principais potencialidades de biodiversidade aqutica existentes na

albufeira. Influenciar os pescadores a utilizarem boas incentivar os pescadores, tanto artesanais prticas e meios de pesca permitidos pela como semi-industriais de forma a abdicarem lei. as prticas nocivas que podem perigar a biodiversidade aqutica. Persuadir as estruturas competentes para que Garantir a conservao da biodiversidade aqutica existente na albufeira. haja clere fiscalizao, de modo que no pululem ao longo da albufeira, pescadores ilegais, capturando o nosso pescado de forma

furtiva. Tornar a pesca, uma actividade para a Fazer transcender a pesca artesanal, com melhoria da vida das populaes aplicao do fundo de iniciativa local, para ribeirinhas. aquisio de adequados materiais de pesca. Levar a compreenso de que o uso de Equacionar e desenvolver aces preventivas prticas nocivas, pode perigar e extinguir a conducentes preservao da biodiversidade biodiversidade aqutica da albufeira. Garantir uma melhor conservao dos aqutica da albufeira. Sensibilizar as comunidades por forma a e valorizarem a importncia da conservao e existentes na albufeira e que estes venham servir para esta e as geraes vindouras.

explorao

sustentvel

recursos explorao sustentvel dos recursos aquticos

pesqueiros da albufeira de Cahora Bassa.

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6. METODOLOGIAS 6.1. Hipottico Dedutivo: Toda a pesquisa de facto tem, a sua origem num problema. Entretanto, a partir deste mtodo foi-se a busca de solues atravs das hipteses levantadas pelo autor, enfim, procurando eliminar os erros anteriormente descobertos. Tratando-se de uma realidade foram feitas inferncias dedutivas para conseguir uma concluso sobre esta problemtica de explorao sustentvel dos recursos pesqueiros. 6.2. Pesquisa bibliogrfica: A partir deste mtodo, efectuou-se a recolha de informaes contidas em livros e em algumas pginas da internet que versam sobre a questo da actividade pesqueira na albufeira de Cahora Bassa e no s. Para alm desta busca, permitiu a anlise e coleco de obras, revistas, relatrios e artigos que conferem o suporte terico do trabalho; 6.3. Observao directa: Consistiu na observao in loco do objecto ou fenmeno a observar (a explorao dos recursos pesqueiros da albufeira de Cahora Bassa), entrei em contacto directo com os pescadores artesanais e semi-industriais sedeados na albufeira de Cahora Bassa. Este mtodo ajudou o autor a ver e a viver de perto as vrias dificuldades que os pescadores vm enfrentando no seu dia-a-dia; 6.4. Tcnica de Entrevista: Foi feita a partir de um guio de troca de impresses absolutamente informal o que facilitou at certo ponto a origem do problema. Permitiu a aquisio de informaes relacionadas com o tema, envolveu pescadores artesanais, semiindustriais, vendedores de peixe e populaes ribeirinhas; 6.5. Estatstico: consistiu na recolha, processamento, agrupamento, anlise e interpretao de dados observados com vista a esclarecer aces humanas e fazer progredir o conhecimento atinente a actividade pesqueira desenvolvida na albufeira de Cahora Bassa. Permitiu a comprovao das relaes de fenmenos entre si e obter generalizaes sobre a sua ocorrncia ou significado. Assim facilitou na elaborao de tabelas e grficos, e, em paralelo permitir a quantificao de nmero de pescadores artesanais e semi-industriais que vo desenvolvendo a actividade pisccola na albufeira de Cahora Bassa.

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7. RELEVNIA DO TEMA As comunidades que vivem volta da albufeira de Cahora Bassa, exploram os recursos naturais desde os anos que habitam na regio sem criar grandes prejuzos, e tendo em conta o futuro. Actualmente, devido a presena de Pescadores e outros, as pessoas exploram quer as florestas e tudo o que nela existe, quer sejam os recursos existentes na gua sem respeitar a natureza e o pior de tudo nem respeitam as comunidades locais. De acordo com o Plano Estratgico para o Sub-sector da Pesca Artesanal (PESPA) os problemas a serem resolvidos no sub-sector artesanal de pesca em Moambique so, em grande medida, os mesmos em vrias provncias do pas. O problema focal em todas as provncias consiste, indiscutivelmente, das condies de vida difceis prevalentes nas comunidades de pescadores artesanais, entre os quais h grandes bolsas de pobreza. Esta situao resultado de (A) desfavorveis condies sociais prevalecentes nas comunidades que dependem da pesca artesanal, (B) baixo retorno da pesca artesanal, (C) condies de comercializao pobres na pesca artesanal, de acesso (D) complexo e limitado por pescadores artesanais aos servios financeiros, e tambm, (E) mau desempenho por parte das instituies pblicas com a responsabilidade de promover o desenvolvimento da pesca artesanal. A situao complexa e est associada a questo de seca e estiagem e presena de cada vez mais compradores estrangeiros (especialmente zambianos) que tornam o negcio de pesca o mais lucrativo e, por via disso, leva ao aumento do esforo de pesca, que definido com o nmero de artes de pesca presentes na actividade. A regio da albufeira parece ser terra sem ningum, as comunidades locais perderam a posse das terras das margens da albufeira. As licenas para a explorao de kapenta (Limnothrissa miodom), no so somente passadas pelo sector de Administrao Pesqueira na DPAP de Tete, que simultaneamente devia ser o principal fiscalizador.

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8. ENQUADRAMENTO GEOGRFICO E ASTRONMICA DA REA DE ESTUDO 8.1. Situao geogrfica da albufeira de Cahora Bassa. A albufeira de Cahora Bassa um lago artificial localizado na provncia central de Tete, Moambique, no curso mdio do rio Zambeze, entre as coordenadas latitude 1529S e 1600S e longitude 3025E e 3244E. Este lago foi formado como resultado do represamento do Zambeze nas cascatas de Cahora Bassa nos finais dos anos sessenta com o nico propsito de produzir electricidade. Embora o potencial para a produo de peixe foi reconhecido a partir de grandes reservatrios tropicais, no momento, os estudos relacionados com a pesca em Cahora Bassa s comearam quando a barragem j estava fechada e, portanto, tarde demais para desempenhar qualquer papel influente na fase de planeamento do projecto da represa (Bernacksek & Lopes, 1984), citados por Bill & Mafuca (2008). A albufeira possui uma rea superficial de 2739 km2 e abrange 4 distritos, nomeadamente, Cahora Bassa, Marvia, Mgo e Zumbo (Fig. 2). A albufeira possui aproximadamente 292 km de comprimento, profundidade mxima de 157 m e profundidade mdia de 20,9 m, uma largura mxima de 39,8 km (Mafuca, 2002); tem uma orientao Este-Oeste. Tabela 1 Dados tcnicos da albufeira de Cahora Bassa Localizao Tipo de lago Entradas primrias Sadas primrias rea de captao Comprimento mximo Largura mxima rea de superfcie Profundidade mdia Profundidade mxima Volume de gua Elevao da superfcie Tete, Moambique Reservatrio Do Rio Zambeze Do Rio Zambeze 56,927 km 2246 km 39,8 km 2.665 km 18,5 m 133 m 55,8 km 314 m

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Para fins de gesto da albufeira, esta foi subdividida em sete bacias (fig.1), com base na morfologia costeira e consideraes administrativas: Bacia do Zumbo estende-se desde a confluncia do rio Zambeze e o rio Luangwa e se expande na bacia de Messenguezi a leste - uma distncia de 57,5 km. A bacia no particularmente grande e a quinta na rea de superfcie (339,5 km2). Bacia de Messenguezi estende-se da bacia do Zumbo entrada da bacia de Carinde. O maior comprimento da bacia de 38,4 km e a maior largura de 98,8 km. Bacia de Carinde pequena (82,6 km2) e tem entrada e sada altamente constrangidas. Seu comprimento mximo de apenas 17,6 km. Bacia de Mucanha estende-se da bacia de Carinde a uma constrio promontrio directamente ao sul da vila de Mucanha (costa norte), no leste. a terceira maior bacia com uma rea de 335,8 km2. O seu maior comprimento de 39,5 km. Bacia de Mgo estende-se da bacia de Mucanha a uma srie de grandes ilhas, desde a fronteira com a bacia de Chicoa no leste. a maior bacia (839,5 km2), com uma zona de gua aberta e ampla, uma forte inclinao da costa norte e um mais suave declive de costa sul. O comprimento mximo da bacia de 71,5 km. Bacia de Chicoa estende-se da bacia de Mgo para a entrada altamente apertada da garganta de Cahora Bassa (bacia de Garganta). Em 546,3 km3, a segunda maior bacia. O seu comprimento mximo de 55,7 km e sua zona de guas abertas extensa. A Garganta estende-se desde a entrada de Cahora Bassa para o desfiladeiro leste do reservatrio (ao sul de Mucangadzi) - uma distncia de 24,5 km. a menor (61,3 km2) e mais profunda (155 m +) das sete bacias. extremamente estreita em lugares com a costa constituda por espectaculares montanhas granticas precipitadas.

Figura 1. Mapa representativo da albufeira de Cahora Bassa, mostrando as suas bacias (Adaptado de Kelleher, 1996)

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Albufeira de Cahora Bassa

Figura 2. Provncia de Tete, mostrando a localizao da albufeira de Cahora Bassa. Fonte: http://imagensdetete.blogspot.com/2007/05/mapa-da-nossa-provncia.html

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8.2. ASPECTOS FISICOGRFICOS A regio da albufeira de Cahora Bassa abrange duas reas aproximadamente distintas sob os aspectos geolgicos, delimitadas ainda que grosseiramente pelo rio Zambeze. A que se estende esquerda (Sul) do rio (albufeira) constitui uma zona aplanada e/ou com relevo suave, com vegetao evidenciando sistemas de xerofilismo, quedas pluviomtricas baixas, e solos dominados por rochas do karoo (na maioria de muito fraca qualidade) e ainda de depsitos aluvionares e coluvionares e/ou rochas bsicas (de boa ou muito boa qualidade). A zona que se estende a direita da albufeira (Norte) constitui um macio montanhoso de muito maior altitude que a anterior, climaticamente diferente e com solos de um modo geral delgados, com grande frequncia de afloramentos rochosos sendo na generalidade de muita fraca aptido agrcola, estendendo-se desde Cahora Marvia at Zumbo. a) Geologia A grande maioria da rea da rea de estudo est includa na formao de Granitos de Zumbo Chipera, Mesandaluz [Geologia da Bacia do Rio Zambeze (Moambique), Fernando Real, Lisboa, 1966]. Inclui tambm em menores propores F, sistema do Fingo e Complexos gabro-anortositos e rochas ultrabsicas. A parte sul da rea est dominantemente includa em Ki e Ktp (Karro inferior no diferenciado, srie superior dominante, e Srie tiltica e srie produtiva, respectivamente). Segundo Da Barca (1992:19) Muitas formaes geolgicas dos pases limtrofes so idnticas a do nosso belo Moambique ou se prolongam at o interior deste. Nisto, salienta-se que a geologia das zonas que circundam as bacias de Chicoa e Garganta corresponde a era geolgica do precmbrico, que ocupa no nosso pas uma superfcie aproximada de 534.000 km2. De referir ainda, que o precmbrico divide-se em inferior e superior, fazendo parte a rocha da bacia de Garganta do precmbrico superior. As caractersticas que o precmbrico apresenta de ser constitudas por rochas mais antigas do territrio, formadas a mais de 600 milhes de anos. Particularmente o precmbrico superior constitudo por formaes antigas profundamente removidas por vrias orognias. Litologicamente, a zona da albufeira constituda por rochas eruptivas, magmticas e metamrficas, maioritariamente por rochas magmticas e metamrficas, visualizando-se algumas rochas sedimentares, concretamente a areia. Pelo que o relevo dos distritos que circundam a albufeira caracterizado por duas regies fsicas, sendo uma planltica e de montanha, na parte da albufeira abrangida pelos distritos de Cahora Bassa, Marvia e Zumbo, contrariamente a oposta parte sul que dominada pelo distrito de Mgo, com plancies onde se encontra a reserva ecoturstica do Projecto Tchuma Tchatho. Ver fotografias nos apndices (Figura A2).

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Em Moambique, na provncia de Tete, a Zona de Cisalhamento de Sanngo em Cahora Bassa (ZCS) constitui a fronteira entre os Terrenos do Gondwana Oeste e Sul. As duas janelas erosionais que formam grandes aprisionamentos na Suite de Tete compreendem a janela ocidental do soco, conhecida como o Domo do Rio Chacucoma e uma janela oriental, conhecida como o Domo do Rio Mazoe. Estando localizados a sul da Zona de Cisalhamento de Sanngo, ambos os domos pertencem ao Terreno do Gondwana Sul (Fig. 3). As litologias dos domos so atribudas ao Granito de Chacocoma e Formao de Chdu (GTK Consortium, 2006a). Na mesma provncia tambm ocorrem rochas arcaicas pertencentes ao Complexo de Mudzi (2713 22 Ma), que corresponde parte norte da margem oriental do Crato do Zimbabwe e ao Complexo de Mavonde, que a parte sul do mesmo crato.

Figura 3: Terrenos do Gondwana Este, Oeste e Sul na provncia nortenha de Tete (GTK Consortium, 2006a).

b) Solos Nos distritos do norte da provncia de Tete ao longo do vale do Zambeze localizam-se algumas manchas dos solos delgados e pouco profundos, rochosos e no aptos para a agricultura. A sul predominam os solos Franco-Argiloso-Arenosos Acastanhados evoludos, fertilidade intermdia a boa, em partes delgadas; algumas manchas dos solos muito pesados, cor cinzenta e negra, mal drenados e difcil lavoura; solos fluviais-mal drenados. A norte, algumas manchas dos solos Franco-Argilosos-Arenosos Acastanhados e frteis favorveis a agricultura; Solos Argilosos Vermelhos e profundos - bem drenados e muito baixa fertilidade (nordeste).
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Na generalidade a separao efectuada da rea da albufeira de Cahora Bassa em duas zonas distintas, apresenta em relao aos solos aspectos igualmente diferentes. 1 Zona: a sul da albufeira Nas reas dentro desta que se apresentam aplanadas, em geral com perfil ligeiramente cncavo (definido sempre em linhas de gua) observam-se solos na maioria de boa aptido agrcola e derivados de depsitos aluvionares ou coluvionares nalguns casos. Os solos so tambm aplanados mas de perfil convexo, so solos geralmente de menor espessura, com predominncia de elementos grosseiros (notam-se essencialmente calhaus soldados de quartzo), apresentando-se muitas vezes com aroma mais elevado. So solos de fraca aptido agrcola, por vezes mesmo excludas. 2 Zona: a norte da albufeira Esta zona estende-se a norte da albufeira de Cahora Bassa, isto , desde Marvia at Zumbo, e apresenta as seguintes caractersticas de solos: Predominncia de zonas montanhosas com afloramentos rochosos e declives muito acentuados montanhoso escarpado; Zonas de relevo acentuado com predomnio de afloramentos e solos delgados, por vezes pedregosos. Foram igualmente excludos de qualquer aproveitamento agrcola; Zonas aplanadas mas de perfil nitidamente cncavo onde os declives de maior dimenso mais profundos as indicam como susceptveis de serem pelo menos parcialmente inaptas para a prtica agrcola. De qualquer modo, na sua maioria apresentam afloramentos dispersos e os solos delgados (por vezes pedregosos) que as inibem de um aproveitamento integral; Vales muito apertados com solos aluvionares de boa aptido mas de dimenses muito restritas. c) Fauna A Fauna Bravia existe em toda a provncia de Tete, porm, zonas existem com maior concentrao de animais das quais se pode destacar as seguintes: Samoa - Moatize; Zona do rio Lutera em Kambulatsitsi - Moatize; Zona do rio Panhane. Atinente a regio da albufeira de cahora Bassa, pode-se destacar as zonas de Chicoa Cahora Bassa; zona de Bawa - Mgo, habitada pela espcie de sitatunga (rarssima no pas) e a zona de Chiputo - Marvia. Nestas zonas abundam elefantes, bfalos, cudos, impalas, pala-palas, imbabalas, cabritos cinzentos, xipene grisalho, hirax, porcos bravos, facoceros, varanos, macacos de cara preta, lees, hienas, facoceros, gato serval, sitatunga, geneta ou simba, chitas, raposas orelhudas, leopardos, mabego, pangolim, cabrito de pedras, rinocerontes, etc.
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d) Aspectos scio-econmicos De acordo com o senso de 2007, a Provncia de Tete, possui uma populao total de 1.783.967 habitantes, dos quais 686.282 homens e 915.685 mulheres, encontrando-se distribuda de forma irregular pelos diferentes distritos, verificando-se maior concentrao na Regio Norte, com cerca de 71% do total da populao da Provncia. Por Distritos, registam-se maiores concentraes da populao nos Distritos de Angnia, representando cerca de 16.8% seguido de Moatize 12.1, Mutarrara com 11.6%, e Tsangano com 9.5. Os distritos menos populosos so Zumbo 3.2% e Mgo que concrentram apenas 3.9 % e Chita 4.2 %.
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e) Clima Identificam-se na Provncia de Tete trs tipos de climas: O Clima Tropical Seco Que ocupa uma pequena faixa a esquerda do rio Zambeze e toda a regio a direita excepto uma pequena faixa no distrito de Mutarara que possui o clima tropical hmido, com temperaturas mximas mdias anuais na ordem dos 32C e a precipitao mxima de 180 mm. O Clima Tropical Hmido Que , ocupa uma faixa alongada no sentido este-oeste no interior da regio norte de Tete, O Clima Modificado pela Altitude Desde o rio Arungua (Zumbo) ao distrito de Tsangano causado pelos planaltos da MarviaAngnia com temperaturas mximas mdias anuais na ordem dos 26C e com uma precipitao mxima mdia de aproximadamente 360 mm. A temperatura mdia mensal nos meses mais quentes: Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro cerca de 28 a 29C e nos meses mais frios, Junho e Julho de 22C.
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9. FUNDAMENTAO TERICA 9.1 Populao de peixes antes e durante o primeiro enchimento da albufeira de Cahora Bassa O represamento de um rio para formar um grande lago ir resultar em mudanas marcantes na fauna de peixes, e criar novos nichos ecolgicos, especialmente na zona pelgica, foi o primeiro indicado, na medida em que guas africanas esto em causa, por Jackson (1959) para o caso da barragem do Zambeze recm-construida em Kariba. Desde ento, essas mudanas tm sido extensivamente estudadas para a Barragem de Kariba, fechada em Dezembro de 1966, e a barragem Kaidji na Nigria, fechada em Dezembro de 1968, com alguns resultados publicados de outros grandes represamentos, tais como Lago Nasser, no Egipto, que foi fechada em sua nova forma em 1966, mas que no excepo para atingir o nvel de reteno total at os anos 80 (Raheja 1973). O ltimo dos grandes lagos artificiais Cahora Bassa (Figura.2), que foi fechada em Dezembro de 1974. As primeiras obras na bacia da barragem em 1973/74 aqui resumido com as mudanas nas populaes de peixes durante a represa nos primeiros oito meses e algumas comparaes so extradas da experincia em outros grandes represamentos africanos. Qualquer nova barragem , natural e principalmente colonizada e povoada pelos descendentes das populaes de peixes do rio antigo. Sua reproduo e sucessos so fundamentais para a pescaria comercial, que dever em breve ser um dos principais activos da nova barragem. A provenincia de crescimento, e a taxa de sobrevivncia dos juvenis so, portanto, uma necessidade de principal estudo, que enfatizada neste projecto. 9.2 A populao de peixes do mdio Zambeze antes do represamento Resultados de estudos de pr-represamento, a populao de peixes na bacia de Cahora Bassa so dadas por Morais (1974) e Davies et al. (1975). Estes so resumidos, com alguns dados adicionais recolhidos por (PBNJ), abaixo. Ao considerar a fauna neste momento, o efeito regulador da Barragem de Kariba, no rio Zambeze, em contraste com extremos de falta de gua e inundao que anteriormente prevalecia, assume grande importncia. Antes de Kariba, especialmente por causa de nveis de gua extremamente baixos durante a estao seca, houve uma ausncia quase completa de suas razes macrofsicas e aquticas, excepto algumas das formas resistentes tais como Phragmites mauritnia (Jackson 1961). O rio consistia principalmente de nus bancos de areia ou rocha. Mas na altura de 1973 e 1974 (estaes de seca), o trabalho na futura rea de Cahora Bassa revelou um muito maior fluxo de gua que era o caso de pr-Karinba; a gua estava muito mais turva; os bancos de areia e as bordas do rio foram cobertas por uma vegetao densa de Ludwigia sp., o capim panicum repens e aquticos e muitas outras plantas semi-aquticas, incluindo as duas pragas exticas Salvinia molesta e Eichhornia crassipes. A principal razo para esta mudana dramtica ambiental que Kariba, com a sua descarga contnua de gerao de electricidade de gua mesmo no perodo mais seco do ano, transformou o Mdio Zambeze a partir de um banco de areia em um rio reservatrio.
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Jubb (1974) foi o primeiro a estabelecer uma distino clara entre o Mdio e o Superior Zambeze, o ex-situado entre as cataratas ou quedas Vitria e das corredeiras de Cahora Bassa. Devido ao impacto Kariba, Bell-Cross (1972) redefiniu o Mdio Zambeze para incluir o rio Zambeze e seus afluentes (excluindo o Kafue superior) entre a barragem de Kariba e a Barragem de Cahora Bassa, um menor comprimento de cerca de 560 km. O habitat melhorado da Barragem de Kariba, agora permite a entrada de espcies do Alto Zambeze com origem no rio Kafue. As diferentes faunas do sistema do Zambeze so discutidas em detalhe por BellCross (1972); aqui suficiente dizer que a pesquisa do Mdio Zambeze na rea de Kariba mostrou a presena de apenas 28 espcies de peixes dentro da rea (Jackson 1961), mas 42 espcies so conhecidas a partir da Barragem de Kariba (Junior 1975). 9.3 Variedades de espcies pisccolas existentes na albufeira de Cahora Bassa A albufeira de Cahora Bassa apresenta uma variedade de espcies de peixes tabela 3. Esta diversidade tem atrado vrios pescadores semi-industriais nacionais e estrangeiros em sociedades ou individuais e pescadores artesanais. Estudos da biodiversidade de peixes no Mdio Zambeze a mais ampla regio do rio e a rea da albufeira de Cahora Bassa antes do represamento foram realizados por diversos autores Jubb (1961 & 1967) relatou 37 espcies e Bell-cross (1972) relatou 58 espcies da regio do Mdio Zambeze antes do represamento do rio em Cahora Bassa. Morais (1974) relatou 38 espcies para a rea do lago Cahora Bassa pouco antes do fechamento da barragem e Jackson & Rogers (1976) relatam 30 espcies imediatamente aps o encerramento da barragem. Oito anos aps o encerramento da barragem, Bernacsek & Lopes (1984) relatam 33 espcies de peixes (22 gneros, 13 famlias) e Vostradovsky (1984) relatou 20 espcies de uma pesquisa entre 1983 e 1984. Bernacsek & Lopes (1984) tambm observam que algumas espcies, como Opsaridium zambezensis e Pharyngochromis darlingi, que foram bastante comuns no rio antes do represamento, parecia no terem se estabelecido no reservatrio. Igualmente, estes autores sugeriram que algumas espcies que existiam na captao de Cahora Bassa podem colonizar o lago, no futuro, por exemplo, Serranochromis spp. Pelo menos uma espcie extica, o clupedeo (Limnothrissa miodon) foi relatado por vrios autores como ocorrendo no lago (Bell-cross, 1972, Bernacsek & Lopes, 1984, Vostradovsky, 1984, Marshall, 1994 and Kelleher, 1996) e, mais recentemente, uma outra espcie, Oreochromis niloticus tambm foi relatada a partir do lago (Cabanelas, 2005 e Mandlate, 2007). Relatrios anteriores sobre a fauna de peixes da rea do um fundo histrico valioso para apresentar alguns desenvolvimentos. Estes relatrios so, no entanto, significativamente datados ou imprecisos pelas seguintes razes. a) Alguns foram realizados antes do enchimento do lago (Jubb, 1961, Jackson, 1961) e a fauna mudou agora no ambiente lacustre.

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b) Vrias das pescas cientistas que conduziram os inquritos no estavam familiarizados com a taxonomia de peixes regionais e isso resultou em identificaes de peixes incorrectos e inconsistentes. c) Desde 1960 tem havido mudanas taxonmicas importantes para a fauna de peixes na regio Austral de frica. Isso resultou numerosos grupos de revises e mais coleces generalizadas (Skelton, 2001, Eschmeyer, 2008). d) Levantamentos anteriores depositados e poucas ou nenhumas coleces em museus tornando a verificao das identificaes das espcies impossveis. A literatura histrica para o Mdio Zambeze, incluindo diversos relatrios para o Lago de Cahora Bassa usam nomes de muitos peixes de espcies que hoje so considerados invlidos. A lista actual s d nomes vlidos tal como consta da de Skelton (2001) e o Catlogo de Peixes (Eschmeyer, 2008). A lista de espcies que ocorrem na regio do Zambeze e relevantes para este estudo dada na tabela 2. Para mais detalhes, ver imagens em anexo (Figura A1).

Tabela 2 Espcies de peixes existentes no rio Zambeze N de Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Nome vulgar Pende Tsimbo Nshenga Nchene/peixe tigre Mbzio/porco de gua Sambanenje/Nhanda Kolomokua Nhamidande Nkolokolo Nkunga/peixe cobra Nthinda/peixe elctrico Mulamba Nhume/vunda Kapenta/sardinha/calumbe Mphutha/kaboi Mberi Nome cientfico Tilapia Rendalli Labeos Altivelis Distichodus Shenga Hidrocynus vitattus Mormyrus longirostris Mormyrops deliciosus Distichodus Mossambicus Eutropios Depressirostris Sinodontis zambezensis Anguila Nebulosa labiota Malapteruros elctrico Clarias Gariopinus Heterobrancus longifilis Limnothrissa miodom Marcusenius Macrolepidotus Alestes imbiri

Fonte: Servios Provinciais de Administrao Pesqueira-Tete, 3 de Nov. 1997

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Tabela 3 Espcies de peixes existentes na albufeira de Cahora Bassa FAMLIA Characidae ESPCIE Brycinus imberi Hidrocynus vitattus Oreochromis mortimeri Oreochromis niloticus Serranochromis codringtoni Tilapia Rendalli Heterobrancus longifilis Clarias Gariopinus Limnothrissa miodom Labeos Altivelis Labeos congoro Barbus linelineomaculatus Barbus annectens Distichodus mossambicus Distichodus shenga Sinodontis zambezensis Hippopotamyrus dischorhynchus Mormyrus longirostris Mormyrops anguiloides Shilbe intermedius Protopterus annectens brieni Anguilla marmorata Anguilaa bicolor Anguilla bengalensis labiata Malapteruros electricus Leptoglanis rotundiceps Brycinus imberi OBSERVAES

Cichlidae Clariidae Clupeidae

Observado nas capturas dos pescadores Observado nas capturas dos pescadores

Observado na pesca semi-industrial

Cyprinidae Distichodontidae Mochokidae Mormyridae Shilbeidae Protopteridae Anguilidae Malapteroridae Amphiliidae Characidae

Reportado por pescadores Reportado por pescadores

Reportado por pescadores Reportado por pescadores Reportado por pescadores Reportado por pescadores Reportado por pescadores Reportado por pescadores Reportado por pescadores

Dentre as actividades tcnicas levadas a cabo pela Delegao do Instituto Nacional de Investigao Pesqueira (IIP) durante o ano de 2008, o destaque vai para a realizao do levantamento da biodiversidade pisccola existente na albufeira de Cahora Bassa, quase trinta e cinco anos depois do fecho da barragem. Este estudo realizado em colaborao com o Instituto Sul Africano de Biodiversidade Aqutica (SAIAB), constitui uma contribuio valiosa para o conhecimento do estgio actual da composio pisccola da albufeira uma vez que, tendo mudado do seu estado ribeirinho inicial para o lntico actual, este ecossistema poder ter perdido parte da diversidade tpica, em virtude de falta de adaptao s novas condies criadas. De facto, duas espcies de peixes (Limnotrissa miodom e Oreochromis niloticus), estabeleceram-se na albufeira enquanto, pelo menos uma (Opsaridium zambezensis) parece
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virtualmente ausente da parte principal da albufeira e outras duas (Oreochromis mortimeri e tilapia rendalli), que outrora eram as principais espcies capturadas, parecem estar em vias de extino. 9.4. A pesca na albufeira de Cahora Bassa A pesca uma actividade econmica mais antiga em Moambique e praticada desde antes do tempo colonial, poca na qual se fazia a pesca artesanal ou pesca de subsistncia com objectivo de satisfazer as necessidades das comunidades locais, a partir dos anos 60, desenvolveu a pesca industrial e semi-industrial, mas virada para o mercado externo (Chapata, 2009). Esta actividade efectuada ao longo da costa assim como no interior, junto dos lagos e grandes rios que atravessam o territrio moambicano, e do ponto de vista de recursos pesqueiros de gua doce, albufeira de Cahora Bassa actualmente a mais importante na pesca artesanal como semiindustrial, representa de acordo com Falco (2000), citado por Buque (2007). As espcies mais importantes so: o Tigre (Hydrocynus Vitattus), Pende ou Tilpia (Oreochromis Mortimer), Nkolokolo (Synodontis Zambezens), Tchenga (Distichodontida e Shenga), Nzio (Mormyrus longirostris), Tsimbo (Labeo Altivelis) e Mulamba (Clariasgariepinus), c o m o s e p o d e v e r a d i a n t e , n o s a n e x o s (Figura A1) . o peixe kapenta (Limnotrissa Miodom) a espcie que corresponde a pesca semi-industrial. O peixe kapenta corresponde a uma pescaria industrial com enorme valor econmico da regio. uma espcie que foi introduzida na albufeira de Kariba (Zimbabwe) vinda do lago Tanganhyika, por volta dos anos 1967-1968, conhecido por sardinha do lago Tanganhyka. Segundo Mafuca (2000), acredita-se que esta espcie tenha sido introduzida naturalmente na Albufeira de Cahora Bassa, vinda do Lago Kariba. De cordo com o mesmo autor a barragem de albufeira de Cahora Bassa foi concebidacom objectivo principal de produzir energia elctrica, mas progressivamente a pesca se tornou uma actividade de grande valor econmico, com destaque a pesca semi-industrial, que explora mananciais de kapenta (Figura 5), que foi iniciada em 1994 depois da descoberta de mananciais explorveis dessa espcie e conheceu um rpido crescimento nos ltimos dez (10) anos devido ao xodo de farmeiros zimbaweanos, pesca esta que realizada em 3 das 7 bacias da albufeira, nomeadamente, Garganta, Chocoa e Mgo, as outras (Mucanha, Carinde, Messenguezi e Zumbo) no preferidas devido a dificuldades de acesso e maior turbidez da gua. As capturas de kapenta rondam a 20.000 T, receitas anuais de cerca de 18 milhes de Dlares Americanos. presentemente considerada como a terceira pescaria mais importante em termos de contribuio em divisas para o sector das pescas depois de camaro de superfcie e Gamba (Mafuca, 2005). A actividade de pesca na Provncia de Tete constitui a principal fonte de rendimento das populaes situadas ao longo da Albufeira de Cahora Bassa e do rio Zambeze, em que a pesca desempenha um papel importante na economia dos Distritos em termos de contribuio no abastecimento de protena animal, na fixao das populaes e gerao de emprego.

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No sector das Pescas, as medidas de poltica foram orientadas ao desenvolvimento da pesca artesanal, promoo da aquacultura, desenvolvimento de investigao pesqueira, reforo de inspeco e controlo de qualidade de pescado e na gesto das pescarias. Assim, os desafios para o presente ano, exigem a continuao de aces de combate a pobreza tendo em conta os objectivos definidos para o sector, nomeadamente, a melhoria do abastecimento do pescado no mercado interno com a finalidade de suprir uma parte do dfice alimentar das populaes e melhorar as condies de vida das comunidades pesqueiras. Os pescadores artesanais no constituem grande perigo na gesto e explorao da biodiversidade pisccola, tendo em conta que a populao nativa viveu sempre desse recurso. Nesses ltimos dias comeam conflitos entre os artesanais e os semi-industriais. A populao sente-se ameaada porque est certa de que um dia esse recurso vai esgotar. Os pescadores locais no necessitam de licena porque a comunidade a primeira beneficiria dos seus recursos locais, segundo afirma o projecto Tchuma Tchato. Mas o importante que eduquemos de modo a melhorar a sua capacidade de conservao e gesto sustentvel destes recursos aquticos, antes que esgotem. Os pescadores artesanais capturam a maior parte de espcies apresentadas na Tabela 1, em funo das tcnicas empregues e das necessidades do mercado consumidor. Estes tm uma capacidade econmica baixa e empregam canoas e redes malhadas para capturar o peixe. As actividades de monitoria da pescaria de kapenta iniciou em 2003 e j em 2006 foi iniciado o processo de implementao do sistema nacional de recolha de dados estatsticos da pesca artesanal, na albufeira de Cahora Bassa. Este processo consistiu no recrutamento, formao e fixao de amostradores nalguns centros de desembarque ao longo da albufeira. Foi tambm realizado, no mbito de estudos especficos e em colaborao com a Universidade Eduardo Mondlane, o estudo de diversidade pisccola da albufeira de Cahora Bassa. Igualmente foi negociado com sucesso, junto do principal financiador do ento terminado Projecto de monitoria e investigao de kapenta na albufeira de Cahora Bassa, uma segunda fase agora com a designao de Research, Monitoring and development of fisheries in the Cahora Bassa Reservoir, com a durao de 4 anos, com incio em 2007. Do estudo de diversidade de peixes realizado em 2006, foram identificadas um total de 26 espcies na albufeira de Cahora Bassa, das quais o tigre (Hidrocynus vittatus), figura 4, foi a mais abundante, tanto em nmero como em peso assim como a mais cosmopolita. Foi observado que o nmero de espcies reportadas anteriormente por diferentes autores tende a diminuir. Entretanto, se por um lado algumas espcies, como o caso de Opsaridium zambezensis, podem ter efectivamente desaparecido, a diferena no nmero de espcies reportadas pelos diferentes autores, pode ser atribudo intensidade de amostragem. Do estudo de 2006, no foram encontradas diferenas na composio especfica entre as espcies da parte Este (representada pelas bacias Garganta, Chicoa, Mgo e Mucanha) e a parte Oeste (representada pelas bacias Messenguezi, Carinde e Zumbo). Tendo em conta que a parte Este da albufeira tipicamente lacustrine enquanto a parte Oeste tipicamente ribeirinha, esta semelhana encontrada pode ter significado ecolgico de que a
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maior parte das espcies do sistema ribeirinho, anterior ao fechamento da barragem, conseguiram adaptar-se ao novo sistema lacustrine.

Figura 4: Peixe tigre (Hydrocynus vittatus), uma das espcies mais abundantes na albufeira de Cahora Bassa

Figura 5: Peixe kapenta (Limnotrissa Miodom) a espcie que corresponde a pesca semi-industrial.

9.5. Captura do pescado no Zambeze e seu impacto socio-econmico A actividade pesqueira registou nos ltimos cinco anos uma produo global de cerca de 121.357 toneladas de pescado de kapenta e tilpia (pende) nas guas do rio Zambeze, com maior destaque para a regio da Albufeira de Cahora Bassa, que inunda reas dos distritos de Zumbo, Mgo, Marvia e Cahora-Bassa, na provncia de Tete.

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Desta quantidade 60.585 toneladas foram de kapenta e outras 60.772 de tilpia, o vulgo pende, onde foram inspeccionados para o mercado da regio 11.006 toneladas de kapenta seco e 1367 de pende salgado, vulgarmente conhecido por chica. Para o mercado nacional, foram igualmente inspeccionadas 8041 toneladas de kapenta seco, 15.044 de pende salgado e seco e 1042 toneladas de pende fresco. A actividade da pesca na provncia de Tete tem um papel inegvel na componente econmica e social, possuindo todas as potencialidades para contribuir na soluo dos problemas alimentares, atravs do fornecimento da protena animal, assim como para o melhoramento da balana comercial, quer fazendo diminuir as importaes quer permitindo o aumento do volume das exportaes de produtos da pesca. O sector das Pescas constitui importante fonte de obteno de emprego e fixao das populaes ao longo das grandes massas de gua. Sendo a provncia de Tete detentora por excelncia de condies naturais favorveis para a prtica das actividades da pesca e a ela relacionadas, proporcionadas pela existncia da Albufeira de Cahora Bassa e uma extensa rede fluvial, a viso do sector a nvel da produo de pequena escala comea por introduzir e massificar a utilizao de tecnologias de produo viveis e de baixo custo e promover prticas de produo aqucola em sistemas integrados com vista ao incremento da disponibilidade de pescado de forma sustentvel de modo a proporcionar mximos benefcios para as comunidades. Esto em plena operao nas aguas da Albufeira de Cahora Bassa 52 empresas dedicadas pesca semi-industrial de kapenta utilizando um total de 247 embarcaes de pesca de diverso calibre e uma rede de 10 mil pescadores artesanais, dos quais 20 so mulheres, 5568 artes de pesca, com maior destaque para a arte de emalhar e 5520 embarcaes, das quais oito com propulso a motor, segundo dados do censo de pesca artesanal realizado em 2007. Sabe-se que a provncia de Tete, para alm da extensa rede fluvial, possui a Albufeira de Cahora Bassa, com uma rea estimada em 2700 quilmetros quadrados e com um potencial de pelo menos 27.000 toneladas de peixe diverso. Do total de 27.000 toneladas, 12.000 so constitudos pela kapenta, recurso que comercializado quer no pas quer nos pases vizinhos. Este recurso proporciona o maior volume de capturas do pas no que respeita a uma nica espcie alvo. As outras espcies de peixes mais frequentes no rio pertencem a cinco famlias, nomeadamente characidae (tigre), disctichodontae (tchenga), cyprinidae (barbos, lbios), clariidae (clrias) e cichlidae (tilpia-pende).

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10. CONSERVAO E EXPLORAO SUSTENTVEL DOS RECURSOS PESQUEIROS 10.1. O conceito da sustentabilidade dos recursos pesqueiros O conceito da sustentabilidade dos recursos naturais nasceu no contexto da explorao florestal e pesqueira. Em termos simples, pesca sustentvel aquela cujas prticas podem ser mantidas indefinidamente sem com isso reduzir a capacidade das espcies alvo de manter nveis de populao saudveis e sem ter impactos negativos noutras espcies do ecossistema, ao remover as suas fontes de alimentao, prejudicar o seu ambiente fsico ou captur-las acidentalmente.
(http://pescaconsciente.blogspot.com/2009/09/pesca-sustentavel.html)

De acordo com a definio da Comisso Mundial para o Desenvolvimento Econmico, o desenvolvimento sustentvel aquele que atende s necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das geraes futuras em satisfazer as suas prprias. Na explorao pesqueira, o conceito de sustentabilidade estava inicialmente associado ao objectivo maior da administrao pesqueira que era obter o rendimento mximo (ou captura mxima) sustentvel. Posteriormente, ampliou-se esse objectivo incluindo a maximizao dos benefcios sociais e econmicos da pescaria. Por seu turno, em 1992 a FAO estimava que a renda dissipada por explorao irracional dos recursos pesqueiros marinhos era de 50 bilhes de dlares. Para tentar compreender as razes que levaram a esta situao prope-se examinar o problema sob dois enfoques. O primeiro, diz respeito s caractersticas prprias dos recursos pesqueiros. O segundo, tem a ver com um conjunto de factores como os modelos utilizados na gesto pesqueira, a viabilidade da sustentabilidade quando aplicada aos recursos pesqueiros e o processo de tomada de decises na gesto. a) Os recursos e as pescarias Entre as principais caractersticas dos recursos pesqueiros podem-se listar as seguintes: Existe uma grande diversidade de produtos (espcies e produtos) e meios de produo (embarcaes, artes de pesca, pescadores artesanais, semi-industriais ou industriais, etc); A produo biolgica dos recursos condicionada por um complexo de factores biticos e abiticos que esto fora do controle humano (forantes fsicos e climticos, competio inter e intraespecfica, interaces com outras pescarias, etc). Esses condicionantes tornam difcil estabelecer, com suficiente confiabilidade, mximos de produo e captura; O homem apenas pode controlar, embora muitas vezes com grande dificuldade, a quantidade, os tamanhos dos peixes, locais e pocas das capturas. No tocante a este aspecto, inequvoco salientar que a legislao vigente em Moambique, para esta matria define o perodosde veda e defeso que a interdio da pesca em reas ou pocas com vista proteco de juvenis e indivduos no perodo de reproduo; A maior parte das pescarias so multiespecficas. Embora possam estar direccionadas para uma espcie-alvo, os apetrechos capturam tambm outras espcies da fauna acompanhante, como o caso de redes de arrasto (j proibidas pela lei vigente) que arrastam um pouco de tudo, debaixo das guas da albufeira. comum que, junto com os adultos da espcie alvo,
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sejam capturados juvenis de outras espcies (problema comum na albufeira de Cahora Bassa; por exemplo, pescarias de tilapia que tambm, capturam juvenis desta e de outras espcies); Com frequncia existem interesses de diferentes sectores pesqueiros em conflito (por exemplo, os pescadores artesanais versus os pescadores semi-industriais quando disputam um mesmo recurso ou, ainda, pescadores de uma categoria explorando o mesmo recurso, porm usando artes diferentes, ou um sector explorando um recurso que, de alguma forma, interage com outro que explorado por outro segmento; pescadores novos vs. os antigos; desportivos vs. comerciais, etc.); Os pescadores artesanais que operam ao longo da albufeira de Cahora Bassa nos distritos de Cahora Bassa e Mgo, na provncia de Tete, queixam-se dos maus tratos que so submetidos pelos proprietrios das empresas de pesca semi-industrial de peixe kapenta nos ltimos dois anos1; As pescarias so actividades econmicas sendo, portanto, muito sensveis s demandas do mercado. Na verdade o que tem se passado na albufeira de Cahora Bassa, que cada vez mais vai escasseando o peixe e h uma demanda insatisfeita (em geral o mercado consumidor para produtos pesqueiros est a crescer continuamente), os preos sobem estimulando o aumento de esforo e maior explorao o que, num ciclo perverso, est a retro-alimentar o processo levando sobrexplotao do pescado; A actividade pesqueira altamente competitiva. O sistema vai estimulando que os pescadores se tornem rivais entre si, obtendo as capturas mais volumosas, descobrindo os fundos de pesca mais rentveis e os peixes maiores, desembarcando as capturas antes que o concorrente, etc. Por outro lado, quando a fiscalizao ineficiente, tende a premiar economicamente (a curto prazo), aqueles que violam as normas regulamentares da pesca e a castigar, os que as cumprem; O carcter de propriedade comum dos recursos pesqueiros e o livre acesso eles so factores que incentivam a competio entre os pescadores, a sobre-capitalizao dos armadores e das empresas pesqueiras (embarcaes maiores, recursos tecnolgicos avanados e sofisticados para navegao, uso de redes de arrasto, redes de emalhe de dezenas de quilmetros, cmaras de frio e congelamento eficientes, etc). Tudo isso aumenta os custos de produo e quando a sobrexplorao alcanada a capacidade de produo do manancial declina ou comprometida e o desperdcio econmico e biolgico dessas inverses resultam evidentes. Nesta etapa da evoluo da pescaria o problema alcana seu ponto crtico; Quando o manancial finalmente colapsa2, geralmente nada pode ser feito a no ser abandonar essa pescaria e procurar outra (se houver) ou ento, como ltima medida

Jornal Noticias. Maputo, Quinta-Feira, 5 de Maio de 2011

Por colapso entende-se a inviabilidade econmica da explorao porque a abundncia do recurso foi dizimada. No confundir com a extino da espcie, algo raramente registado em recursos aquticos. Rosendo Bulaque Silva Fote UCM/ENSINO DE GEOGRAFIA TRABALHO DE LICENCIATURA Pgina 29

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desesperada, estabelecer uma moratria o que acarreta grandes problemas sociais e econmicos. b) Os modelos de avaliao, a sustentabilidade, a gesto e a tomada de decises. A gesto pesqueira necessita das informaes bsicas que so fornecidas pelas avaliaes dos mananciais. Essas levam em conta os processos de dinmica populacional que afectam a biomassa das populaes. Temas clssicos deste ramo do conhecimento so os estudos das taxas de crescimento, mortalidade natural e por pesca, recrutamento, determinao da abundncia, migraes, reproduo, alimentao e outros. Certo nmero destes aspectos integrado em modelos de avaliao de mananciais visando prognosticar o efeito da pesca e sua intensidade sobre as capturas ao tempo que se objectiva a conservao do recurso em nveis sustentveis de produo ptima. Entretanto, os modelos de avaliao sofrem de uma srie de limitaes tericas e prticas, entre as quais se encontram as seguintes: Assumem estados de equilbrio nas pescarias; necessrio definir a unidade dos mananciais; No integram adequadamente os componentes scio-econmicos das pescarias; Os parmetros do modelo possuem um grau de incerteza associado de valor desconhecido (a maior parte dos parmetros dinmicos so calculados por mtodos sequenciais, ou seja que existe um efeito cascata na amplitude de erro associada a cada etapa do clculo); Para os modelos que empregam a relao CPUE (Captura por Unidade de Esforo), sua validade assumida como um dogma. A teoria clssica define que: Cqf
(onde C: captura; q: constante de capturabilidade ou vulnerabilidade; f: esforo de pesca)

Portanto, para uma determinada arte de pesca, a captura seria proporcional abundncia, ao esforo de pesca (f) e proporo de peixes capturveis, ou vulnerveis. Entretanto, essa proporcionalidade questionvel porque, o parmetro q, longe de ser uma constante, uma varivel denso-dependente, ou seja, uma funo da prpria abundncia e do comportamento dos peixes. Em situaes de baixa densidade populacional (por exemplo, quando o manancial est muito reduzido pela pesca excessiva, caso de kapenta) a vulnerabilidade maior que em situaes de alta densidade; Para encontrar o ponto de captura mxima sustentvel (em modelos de excedente de produo que utilizam CPUE), necessrio ultrapassar esse ponto e levar a pescaria ao estado de sobrepesca. S depois de isso acontecer sabe-se qual o limite de CMS do recurso. No nosso caso em estudo, pouco provvel que se consiga diminuir o esforo de pesca a um nvel anterior menor. Isto significa que a presso pesqueira que permite manter o nvel de sustentabilidade desejvel quase sempre menor que a realmente aplicada. Frente a estas consideraes, cabe perguntar quais so as possibilidades de alcanar a sustentabilidade na pesca em guas interiores de Moambique e particulaemente na albufeira de Cahora Bassa? Na modalidade presente, amplamente divulgada e defendida por muitos, a sustentabilidade um conceito multidimensional onde consideraes biolgicas ecolgicas,
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sociais, econmicas e tecnolgicas tm o mesmo peso. No entanto, resulta claro que sem a sustentabilidade biolgica as outras dimenses carecem de sentido. A sustentabilidade social e econmica no pode se sobrepor ecolgica, pois isso equivale a ignorar as limitaes naturais da produo biolgica. 10.2. Crise ambiental e recursos pesqueiros O processo de modificao do meio ambiente imposto pela sociedade moderna tornou-se to intenso e acelerado, que com o avassalador crescimento populacional e uso degradante e sem equidade dos recursos naturais, como p.ex. os recursos pesqueiros, voltados para alimentao humana, tem-se a descaracterizao e dizimao de ecossistemas naturais, levando a fragmentao de habitat ou a isolamento de pequenas populaes dependentes dos mesmos (PAR, 2003). Porm, foi com o crescimento da conscincia e sensibilizao ambiental na sociedade, no governo e nas empresas pesqueiras perante a tal modelo de crescimento econmico que surgiu a ideia de Desenvolvimento Sustentvel (DS) na construo de um novo paradigma para a ocupao e uso dos recursos naturais. Aps os debates e sugestes para o alcance do desenvolvimento sustentvel na 1. Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente (1972), a Comisso Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987), definiu desenvolvimento sustentvel como um processo dinmico, destinado a satisfazer as necessidades actuais sem comprometer as necessidades das geraes futuras. O termo consolidou-se na Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ou simplesmente, Eco-92, realizada no Brasil (ONU, 1987; PIRES, 2009). Apesar das divergncias existentes quanto ao conceito e dimenso de desenvolvimento sustentvel, pode-se assegurar que a sustentabilidade determinada por um conjunto de factores (econmicos, ambientais, sociais, etc.), e todos devem ser contemplados, dependendo do objectivo do estudo para o alcance das metas. Para Cotrim (2008), outro aspecto relevante na sustentabilidade quando tratada pela viso holstica atravs do enfoque sistmico : [...] a noo de sustentabilidade como sendo as aces no sentido da manuteno da capacidade do sistema de recuperao natural em um nvel de resilincia aceitvel frente a presses scioambientais, buscando evitar o seu colapso. Naturalmente estas aces esto baseadas na organizao social, levando, em ltima anlise, a uma discusso da relao Sociedade-Natureza. A sustentabilidade na actividade pesqueira propugnada pela FAO, pelo enfoque precatrio, onde em face de insuficincia de informaes cientficas no se devem protelar medidas e polticas que assegurem o uso sustentvel dos recursos pesqueiros. 10.3. Indicadores de sustentabilidade na pesca artesanal Cotrim (2008), em estudo numa comunidade pesqueira baseado na agroecologia, afirma que: Indicadores de sustentabilidade foram definidos como um conjunto de parmetros que possibilitam medir as intervenes realizadas pelo homem em um sistema, e comunicar de forma simplificada o estado deste em relao a um padro ou a outro sistema.

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Nesta perspectiva, h toda a necessidade de pesquisar mais do que bastante as actividades pesqueiras desenvolvidas na albufeira de Cahora Bassa, revelando a multiplicidade de dimenses da sustentabilidade, atravs dos indicadores relacionados a ela nas mais diversas comunidades banhadas pela albufeira onde a pesca artesanal desregrada sua identidade. 10.4. Pesca sustentvel. Aspectos fundamentais A pesca sustentvel deve ser administrada de modo a considerar todas as espcies de vida aqutica e/ou marinha de um ecossistema. Este critrio conhecido como perspectiva a partir do ecossistema. No faz sentido tentar manter o nvel dos mananciais (stocks) de uma nica espcie de peixe saudvel se, ao mesmo tempo, forem permitidas prticas de pesca que podem danificar o seu habitat (ou de outras espcies) ou pr em causa a fonte de alimentao desta ou de outras espcies que dela dependam. Em resumo, um ecossistema saudvel essencial para a manuteno eficaz dos recursos de peixe. O facto de sabermos muito pouco sobre ecossistemas marinhos torna muito difcil gerir as quotas de peixe sem prejudicar o delicado balano do ecossistema. fundamental investigar e conhecer as complexas relaes entre as espcies de um ecossistema, o modo como diferentes espcies respondem a mudanas no seu ambiente natural e os impactos negativos que as actividades humanas podem ter nestes meios sensveis, inclusive o aquecimento global. A soluo seguir o princpio da precauo, ou seja, quanto menos sabemos, mais cuidado devemos ter em relao quantidade de peixe de uma espcie alvo que capturamos e aos mtodos que usamos para captur-la. importante lembrar que, caso sejam cometidos erros na administrao de reas onde a pesca permitida, h melhores hipteses de reverter os danos causados caso existam reservas aquticas saudveis prximas da zona. Habitats sensveis so aqueles que incluem espcies nicas e/ou espcies particularmente vulnerveis ao impacto humano (como o caso do pende e da kapenta). Entre eles esto importantes reas de reproduo, locais de desenvolvimento de peixes juvenis e reas que contm espcies consideradas ameaadas. Em suma, atinente a pesca sustentvel, ressalta-se que: A pesca sustentvel apoia a proteco destas espcies e habitats ao cumprir todas as regulamentaes aplicveis, fornecer informaes comunidade cientfica e reportar problemas que surjam s entidades competentes. ainda indispensvel que os planos de administrao permitam o encerrar imediato da pesca caso sejam identificados impactos negativos. Pescas sustentveis retiram apenas uma pequena percentagem do stock da espcie alvo, permitindo que os stocks sejam mantidos em nveis abundantes e considerando o ecossistema no seu todo. Para os stocks que j so vtimas da pesca excessiva ou que esto empobrecidos, pode significar no retirar nenhum peixe, ou reduzir significativamente os nveis de captura de algumas espcies particulares at que o stock volte a atingir nveis saudveis. Uma populao de peixe tem mais hiptese de sobrevivncia caso seja retirada
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uma pequena quantidade de indivduos grandes e saudveis, do que se retirarmos uma grande quantidade de elementos pequenos e em declnio.

A pesca sustentvel adopta todas as precaues para apenas capturar a espcie pretendida. No caso de a captura acidental se tornar um problema numa regio, a pesca deve ser imediatamente suspensa. A pesca sustentvel opera sob leis e regulamentos locais, nacionais e internacionais, que incluem denunciar prticas ilegais testemunhadas durante as operaes pesqueiras s autoridades relevantes e, sempre que possvel, providenciar assistncia financeira a naes mais pobres para que monitorizem a rea e assegurarem que regulamentaes e planos de administrao esto a ser implementados. A pesca sustentvel respeita os direitos humanos e dos trabalhadores, paga salrios justos e assegura a sade e o bem-estar dos seus empregados. Este tipo de pesca contempla ainda as pessoas que podem ser impactadas pela pesca nas suas guas, garantindo que os acordos para a pesca so justos e garante que todos os afectados, em particular as comunidades locais tm nesta actividade uma fonte de alimentao e subsistncia e so envolvidos nas decises administrativas dos stocks de peixe. Nesta perspectiva, lamentvel o que tem acontecido na albufeira de Cahora Bassa, segundo reporta o Jornal Notcia do dia 5 de Maio de 2011: alguns pescadores referiram que passou a ser um grande risco pescar nas guas da albufeira, sobretudo nas reas de Nova Chicoa, Nhabandu, Calonda, Chipalapala e Cabzewe, onde esto localizadas algumas empresas de captura semi-industrial de kapenta, porque os proprietrios atacam brutalmente os pescadores artesanais no leito do rio. Sempre que vamos ao fundo do caudal do rio para recolher a nossa produo o medo maior porque os donos das empresas de captura de kapenta, na sua maioria sul-africanos e zimbabweanos da raa branca, quando cruzam connosco nos atacam e agridem-nos imediatamente at afundar as nossas canoas, situao que j provocou mortes de alguns pescadores artesanais - disse Lus Salicuchepa Reportagem do Jornal Notcias em Calonda. O entrevistado acrescentou que durante o ano passado (2010) mais de cinco pescadores perderam a vida por afogamento no rio, quando de regresso da pesca foram surpreendidos por um grupo de proprietrios de empresas de kapenta que trataram de provocar remoinhos e ondas em volta das canoas, originando o afundamento imediato da sua embarcao tradicional.

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10.5. Como deve ser a pesca sustentvel na albufeira de Cahora Bassa? Na perspectiva de se garantir a sustentabilidade na explorao dos recursos pesqueiros na albufeira de Cahora Bassa, a pesca deve ser: Deve ser administrada de modo a considerar todas as espcies de vida aqutica do ecossistema abundante na albufeira; Deve ajudar a proteger as espcies de peixes sensveis e os habitats vulnerveis, pautandose pela pesca que obedece os parmetros de artes de pesca admissveis; Deve manter os mananciais (stocks) de todas as espcies alvo num nvel saudvel; Deve usar mtodos de pesca selectivos e que no destruam os ecossistemas e os habitats; Deve operar de maneira social e economicamente justa e responsvel de modo a no prejudicar esta e as geraes vindouras;

10.6. Prticas de pesca destrutivas As actividades humanas ameaam a biodiversidade e o equilbrio dos ecossistemas marinhos de guas profundas. As prticas e artes utilizadas na pesca de fundo (pesca com redes de arrasto pelo fundo, dragas, redes de emalhar de fundo, etc.) podem degradar de forma irreversvel os habitats vulnerveis. A pesquisa aponta vrias prticas que contribuem para o estado vulnervel de ecossistemas aquticos na albufeira de Cahora Bassa. A pesca excessiva e prticas de pesca destrutivas como o arrasto, onde os pescadores arrastam uma rede pesada ao longo do leito e simplesmente apanham tudo o que h l em baixo, mesmo que no possam vender, esto a esvaziar algumas espcies at o ponto de colapso. Sabe-se que quando certas espcies no desempenham mais sua funo no ecossistema, o desequilbrio torna-o mais susceptvel a prejuzos, por exemplo, na forma de um crescimento excessivo de vida txica como fluorescncias de algas que exaurem o contedo de oxignio na gua. Contudo, o elevado nmero de pescadores artesanais na albufeira de Cahora Bassa pode provocar a competio sobre os recursos pesqueiros resultando que os pescadores enveredem por prticas de pesca destrutivas como o uso de explosivos, venenos, arrastos, redes de malhagem muito pequenas, armadilhas, barragens, pondo em risco a sustentabilidade dos recursos pesqueiros explorados e destruindo os diferentes habitats existentes (Perreira e Brito, 2008), citados por BETTENCOURT, Antnia M.C. (Junho, 2011). No obstante, a Lei de pescas e outros regulamentos como o REPMAR (Regulamento de Pesca Martima) e REPAI (Regulamento de Pesca em guas Interiores) penalizam todas prticas de pesca destrutivas e no sustentveis, conforme se apresenta em anexo a tabela de infraces e sanes de pesca. No obstante, inequvoco que tais sanes sejam divulgadas a todos o nveis de pescarias para que os recursos pesqueiros das guas moambicanas em geral e de Cahora Bassa em particular sejam salvaguardados.

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11: SITUAO ACTUAL DA EXPLORAO DOS RECURSOS PESQUEIROS DA ALBUFEIRA DE CAHORA BASSA E SUA REENTABILIDADE 11.1. Pesca Semi Industrial Em 2010, foram emitidas 222 licenas das 230 planificadas para a pesca de Kapenta e 3 licenas das 5 planificadas para operaes conexas, contra 191 licenas de pesca de Kapenta e 5 de operaes conexas emitidas no primeiro semestre do ano 2009. O cumprimento foi de 96% e 60% em relao ao planificado, respectivamente. A variao, comparativamente ao realizado em 2009 foi de 16,2% para pesca semi-industrial e 40% para operaes conexas. 11.2. Pesca Artesanal A actividade do licenciamento e fiscalizao da pesca artesanal foi descentralizada para os governos distritais no mbito da Lei dos rgos Locais do Estado. Assim sendo, foram emitidas 169 licenas das 250 planificadas contra 271 licenas emitidas em igual perodo do ano anterior, representando um cumprimento de 6% em relao ao plano e uma variao de - 38% comparativamente ao primeiro semestre de 2009. 11.3. Pesca Recreativa e Desportiva Na pesca recreativa e desportiva foram licenciadas 12 artes de pesca das 120 planificadas para o ano 2010, contra 30 artes licenciadas no primeiro semestre de 2009, representando uma realizao de 10% em relao ao planificado e uma variao de - 60% comparativamente a igual perodo de 2009. 12. FISCALIZAO E MONITORIA DA ACTIVIDADE DA PESCA 12.1 Pesca artesanal No mbito da fiscalizao da pesca artesanal foi realizada uma deslocao a Nhenda (Marvia) onde no se registou qualquer tipo de infraco. A deslocao ao distrito de Mgo resultou na apreenso de 7 redes de arrasto e 6 redes mosquiteiras (artes proibidas) e ainda foram confiscadas redes de secagem clandestinas em Cazindira e Daque. Ainda foram confiscadas 20 artes nocivas a pesca pelas organizaes de base comunitria (CCP`s) sendo 13 no distrito de Magoe e 7 no distrito de Cahora Bassa. Isto demonstra o envolvimento das comunidades em relao a gesto participativa dos recursos pesqueiros. 12.2 Pesca semi-industrial Em 2010 a monitoria da actividade de pesca semi-industrial resultou na instaurao de 22 (vinte e dois) processos de infraco de pesca cuja tramitao ainda est em curso. Dos processos instaurados destaca-se: 15 processos de infraco a pesca por falta de entrega de dados de captura e; 7 processos pelo exerccio da pesca sem o devido licenciamento.
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13. Co - Gesto Em relao a esta componente, foi criado formalmente um Conselho Comunitrio de Pesca na Localidade de Nhabando, Distrito de Cahora Bassa e foram assistidos os CCPs de Capseta, Cazindira, Cazewe e Caye no distrito de Magoe, assim como os CCPs de Zumbo sede e Caembua, no distrito de Zumbo. Tambm foi realizada a sesso zero do comit distrital de Cahora Bassa onde estiveram presentes todos intervenientes na actividade de pesca que tinha como objectivo introduzir aos intervenientes a abordem sobre a gesto participativa dos recursos pesqueiros e estabelecer o comit de Co-gesto no distrito de Cahora Bassa.

14. Tecnologia de pesca Em relao a tecnologia de pesca, as aces basearam-se fundamentalmente na sensibilizao dos pescadores artesanais no uso de boas prticas de pesca, desencorajando deste modo a prtica de artes nocivas ao nvel dos postos de extenso. Ainda ao longo deste perodo foram capacitados 14 tcnicos /extensionista em matria sobre a identificao de materiais de pesca no mbito do Sistema de Informao sobre Mercados Pesqueiros pelo tcnico do IDPPE sede e fez-se o levantamento tecnolgico no distrito de Cahora Bassa para definio das prioridades de interveno no mbito desta componente.

15. Tecnologia de pescado No mbito desta componente, foram capacitados 29 pescadores/processadores em matria sobre manuseamento e processamento do pescado na localidade de Nhabando, distrito de Cahora Bassa. A capacitao decorreu no centro de pesca de Matope, durante a qual houve sesses tericas e pratica sobre as diferentes tcnicas de processamento do pescado com maior enfoque a salga e secagem por serem prticas mais usuais naquela zona. Tambm levou-se a cabo as aces de promoo de boas praticas de processamento e conservao do pescado ao nvel dos postos de extenso, tendo se constatado que a maior dificuldade em termos de conservao do pescado tem se verificado no perodo chuvoso.

16. Poupana e Crdito Rotativo Em 2010, foram assistidos os grupos de PCR de Daque Distrito de Mago e Caembua distrito de Zumbo, ao nvel dos postos de extenso. O grupo de Caembua surgiu por iniciativa prpria e o de Daque foi criado em Dezembro 2010, com apoio de tcnicos do IDPPE sede, usando a metodologia de Ophavela.

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17. PAPES DOS INTERVENIENTES NO PROCESSO DE EXPLORAO DOS RECURSOS PISCCOLAS 17.1. Ministrio de Pescas e instituies afins Dar apoio a elaborao, publicao e difuso de prticas sustentveis de explorao dos recursos pesqueiros; Injectar mais fundos aos pescadores, sobretudo os artesanais para aquisio de insumos de pesca como redes adequadas, barcos, etc; Estabelecer mais critrios para fiscalizao e monitoria da actividade pesqueira; Planificar a formao de pescadores artesanais e comunidades, em prol da gesto sustentvel dos recursos pesqueiros; Fixar taxas de capturas que permitam s unidades populacionais de peixes reproduzir-se, a fim de assegurar a explorao em condies econmicas, ambientais e sociais sustentveis; Aplicar de forma severa, todas as sanes preconizadas na lei e sem iseno de qualquer nvel de pescadores. Ver sanes no anexo 1

17.2. Pescadores Organizarem-se em associaes (o mais moderno possvel); Buscar a planificao de suas actividades com base no preconizado em suas licenas; Seleccionar, sequenciar ou modificar as actuais tendncias de explorao do pescado; Fornecer dados fiveis de suas capturas mensais e/ou anuais s entidades competentes; Colaborar com as entidades competentes no mbito de explorao racional do pescado.

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18. CONCEPO DO AUTOR EM RALAO A EXPLORAO SUSTENTVEL DOS RECURSOS AQUTICOS E/OU PESQUEIROS DA ALBUFEIRA DE CAHORA BASSA. A gesto da actividade da pesca deve basear-se na sustentabilidade e na estabilidade. Para o efeito, preconiza-se um equilbrio entre a actividade da pesca e a capacidade reprodutiva dos recursos pesqueiros. Para se atingir este objectivo, inequvoco definir, anualmente, as taxas de pesca adequadas para as diferentes unidades populacionais de peixes. O Instituto Nacional de Investigao Pesqueira j sublinhou a importncia de melhorar a tomada de decises em matria de gesto da pesca. O sucesso da transio para esta nova abordagem depende da capacidade de adaptao das empresas pesqueiras e pescadores artesanais a uma nova situao, bem como da realizao de consultas regulares entre o Ministrio de Pescas, o INIP e os interessados. Este perodo de adaptao progressiva pode conduzir a duas abordagens diferentes. No primeiro caso, o Ministrio pode promover o desenvolvimento de um sector da pesca mais pequeno, mais eficaz e mais lucrativo, isto , a formao de mais associaes de pescadores que origine a reduo do nmero de pescadores. No segundo caso, pode manter-se uma taxa de emprego elevada sem reduo da dimenso da frota de barcos, mas com uma baixa de rentabilidade para as empresas de pesca semi-industrial. O autor prope que durante os prximos anos uma srie de planos a longo prazo para que, no horizonte de 2015, os recursos explorados nas guas comunitrias da albufeira de Cahora Bassa atinjam o Rendimento Mximo Sustentvel (RMS). Cada plano definir a taxa de pesca adequada para as unidades populacionais em causa. Os princpios que regulam estes planos a longo prazo consistiro no seguinte: Assegurar a consulta dos pescadores, dos consumidores e de qualquer outra parte interessada; Reduzir os efeitos prejudiciais da pesca sobre o ecossistema; Prever medidas tcnicas para assegurar que a pesca das diferentes unidades populacionais aquando de capturas do pescado seja compatvel com os seus objectivos respectivos; Prever eventualmente a possibilidade de explorar certas unidades populacionais abaixo dos nveis de RMS a fim de obter certos ganhos de produtividade para outras espcies de peixe; Estabelecer os objectivos independentemente do estado biolgico das unidades populacionais aquando da entrada em vigor dos planos, desde que possam ser tomadas medidas de conservao mais estritas se o recurso se esgotar mais rapidamente do que previsto; Prever orientaes adequadas se, na ausncia de dados ou por outras razes, o parecer cientfico no permitir quantificar as aces requeridas para atingir as condies do rendimento mximo sustentvel.

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19. CONSEQUNCIAS RESULTANTES DA PROBLEMTICA Muitos ecologistas marinhos acreditam que, actualmente, a maior ameaa individual para os ecossistemas marinhos e/ou aquticos a sobrepesca. O nosso apetite por peixe est a ultrapassar os limites ecolgicos das guas, com impactos devastadores para os ecossistemas aquticos. Os cientistas tm avisado que a sobrepesca resulta em alteraes profundas nas nossas guas superficiais, modificando-os talvez para sempre. Sem mencionar as nossas receitas culinrias, que no futuro podero apenas apresentar o peixe e batatas como uma iguaria rara e dispendiosa. Na maioria dos casos, dado acesso aos recursos pisccolas indstria pesqueira sem que impacto dessa pesca possa ser avaliado, sendo os regulamentos da actividade, de qualquer forma, penosamente desajustados. A realidade da pesca moderna o facto de a indstria ser dominada por embarcaes de pesca que excedem largamente a capacidade da natureza em repor o peixe. Os gigantes barcos de pesca, que usam sonares de ponta e enormes redes na busca de peixe como o caso da kapenta, podem localizar cardumes com preciso, de modo rpido e exacto. Est na hora de parar com a sobreexplorao do pescado. As populaes de predadores de topo, indicador chave da sade dos ecossistemas, esto a desaparecer a um ritmo assustador, e 90 por cento dos peixes de grande dimenso que muitos de ns adoramos comer, caso do Pende, do peixe-tigre, do Nshenga, Mberi foram dizimados desde que a pesca de grande escala se iniciou na albufeira de Cahora Bassa. A produo e o consumo desregrados de recursos biolgicos tm consequncias negativas para os ecossistemas e tambm para as populaes humanas, como a destruio de habitats, a poluio e a extino de espcies. Um exemplo de extino de espcies o excesso de pesca. Apesar de podermos considerar as massas de gua como uma fonte inesgotvel de recursos alimentares, verifica-se anualmente a diminuio dos produtos de pesca em zonas antes ricamente povoadas. Este facto deve-se sobreexplorao explorao no sustentvel dos recursos pesqueiros, provocando a sua diminuio rpida, que poder levar a extino de algumas espcies. Se cada cidado produzir e consumir os recursos biolgicos de uma forma mais inteligente e sustentavel, estes podem ser explorados de modo a que no se esgotem.

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20. CONCLUSO Pelo menos 44 espcies foram identificadas ao longo da albufeira de Cahora Bassa, ou ao longo da sua bacia. Destas espcies, algumas so de ocorrncia recente como so os casos de Oreochromis niloticus, Limnothrissa miodon e Sargochromis codringtonii. Outras espcies que outrora foram importantes componentes da captura artesanal, esto gradualmente a desaparecer da albufeira por razes relacionadas com hibridizao e competio com a tilapia do Nilo. Tais so os casos de Oreochtomis mortimeri e Tilapia rendalli. Outras espcies nunca mais foram reportadas na zona onde se localiza a albufeira, desde que a barragem fechou. Tais so os casos das enguias (Anguilla mossambica, A. Bengalensis, A. Labiata e A. marmorata) e do tubaro do Zambeze (Carcharhinus leucas). De facto estas espcies so reportadas por autores que fizeram estudos antes da construo da barragem, na rea onde actualmente a albufeira, mas no encontrados, actualmente. As unidades populacionais de peixes de profundidade so constitudas por espcies que vivem a profundidades superiores a 400 metros. Estes recursos so particularmente vulnerveis sobrepesca ocasionada pelo uso de redes imprprias e captura sem precedentes. O seu crescimento lento e a sua fecundidade geralmente baixa. Recentemente, assistiu-se ao desenvolvimento das pescarias de espcies de profundidade. Essas pescarias caracterizam-se pela mistura de espcies e carece-se de dados cientficos fiveis para assegurar uma explorao sustentvel destes recursos pesqueiros. A sobrepesca pode conduzir as unidades populacionais de peixes de profundidade beira do esgotamento. Para assegurar uma explorao sustentvel destes recursos, devem-se adoptar medidas como a reduo dos Totais Admissveis de Capturas (TAC) ou do esforo de pesca. Nesta comunicao, a Comisso elabora o balano das medidas em vigor e reala a penria de informaes sobre as pescarias para melhorar a gesto das unidades populacionais de peixes de profundidade existentes na albufeira. Este problema agravado por uma m aplicao da regulamentao e pela falta de cooperao entre todas as partes interessadas, nomeadamente o Ministrio das Pescas, a Direco Provincial de Pescas e pescadores de vrios escales.

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O presente estudo considera que chegou o momento de mudar a gesto da pesca comunitria, e que o objectivo passe a ser alcanar a prosperidade e no apenas evitar o fracasso, reconstituindo as unidades populacionais de peixes atravs de uma gesto baseada no rendimento mximo sustentvel (RMS). O RMS uma abordagem a longo prazo, que consiste em fixar taxas de capturas que permitem s unidades populacionais de peixes reproduzir-se, a fim de assegurar a explorao em condies econmicas, ambientais e sociais sustentveis. O estudo considera que o exerccio da pesca no respeito do RMS contribuir para inverter esta tendncia de esgotamento dos recursos pesqueiros na albufeira de Cahora Bassa. Esta abordagem ser benfica para o ambiente lacustre em geral, pois permitir aumentar a disponibilidade dos recursos e reequilibrar os ecossistemas. As vantagens so igualmente de ordem econmica, dado que esta abordagem permitir reduzir os custos da actividade de pesca. A explorao das unidades populacionais tornar-se- menos rdua quando a disponibilidade dos recursos voltar a ser mais estvel. A pesca praticada no mbito do RMS permitir, por um lado, o aumento da proporo de capturas de grandes dimenses e de valor elevado e, por outro, a diminuio das devolues.

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21. RECOMENDAES (PROPOSTAS E SUGESTES) Para o melhoramento do processo da explorao dos recursos pesqueiros da albufeira de Cahora Bassa adianto as seguintes propostas e sugestes: Que se estabelea uma concordncia na comunidade, de normas para a prtica da pesca comercial, atravs de fiscalizao comunitria e a outros nveis que j se desenvolvem, criandose assim uma possibilidade de explorao sustentvel do pescado enquanto geradora de renda para as famlias que vivem ao longo da albufeira de Cahora Bassa e ainda diminuir os conflitos com os pescadores semi-industriais; Que haja um plano de manejo sustentvel proporcionando a cada famlia uma renda durante a estao de menor actividade pesqueira, aces estas que levaro a uma maior eficincia do sistema de gesto dos recursos pesqueiros na albufeira de Cahora Bassa; Sejam adoptadas medidas como a limitao do esforo de pesca ou dos totais admissveis de capturas, que, no entanto, so insuficientes, dado que a maior parte das espcies de peixe continuam a ser pescadas acima dos limites biolgicos sustentveis; Se aloquem mais embarcaes e bem equipadas, como barcos e helicpteros para a As actividades tais como fruns, reunies com as comunidades e capacitao dos Alm de projectos convencionais com quotas de pesca ou licenciamentos, se maximize o fiscalizao da actividade pesqueira ao longo da albufeira de Cahora Bassa; pescadores so os pontos-chave para a constituio de um manejo de pescado comunitrio; projecto de pesca desportiva de ecoturismo que poder gerar novas fontes de renda para as famlias que vivem ao longo da albufeira. Uma das modalidades experimentais seria a pesca e solta;

Quando possvel, aplicar explorao rotativa (remoo seguida de renovao); Se pertinente, aplicar polticas de pesca diferenciada por unidades espaciais dos mananciais; Favorecer as medidas de controlo de maior facilidade de aplicao.

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ANEXOS E APNDICES

ANEXO 1: Tabela de infraces e sanes de pesca APENDICE 1: Tabela A1 Esforo, rendimento e n de equipam. licenciados de 2007 a Agosto de 2011 Albufeira de Cahora Bassa-----------------------------------------------------------------i APENDICE 2: Tabela A2 Produo do Pescado (em toneladas) Em toda a provncia de Tete -------------------------------------------------------------------------------------------------------------i APENDICE 3: Tabela A3 Vistoria/licenciamento da actividade pesqueira---------------------i APENDICE 4: Figura A1 Variedades de espcies pisccolas existentes na albufeira de Cahora Bassa. -----------------------------------------------------------------------------------------------------ii APENDICE 5: Figura A2 Elefantes na Reserva do Projecto Tchuma Tchatho Bacia de Mgo.----------------------------------------------------------------------------------------------------v APENDICE 6: Figura A3: Pesca artesanal no Rio Zambeze.---------------------------------------vi APENDICE 7: Figura A4 Geomorfologia da Albufeira de Cahora (Bacia de Garganta at Zumbo).-------------------------------------------------------------------------------------------------viii APENDICE 8: Figura A5: Secura de kapenta nas margens da albufeira de Cahora Bassa------------ix APENDICE 9: Figura A6: Barco de pesca de kapenta----------------------------------------------ix

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