Trabalho de Conclusao - Monografia Print
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Impacto do uso dos meios didácticos na disciplina de Matemática, caso dos professores da
8ª classe da Escola Secundária Eduardo Silva Nihia no Distrito Malema - Nampula, (2021-
2023)
Impacto do uso dos meios didácticos na disciplina de Matemática, caso dos professores
da 8ª classe da Escola Secundária Eduardo Silva Nihia no Distrito de Malema -
Nampula, (2021-2023)
Orientado por:
Índice
Declaração .................................................................................................................................. v
Agradecimentos ......................................................................................................................... vi
Dedicatória ............................................................................................................................... vii
Listas (quadros e figuras) ........................................................................................................ viii
Resumo ...................................................................................................................................... ix
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO.............................................................................................. 10
1.1 Introdução ........................................................................................................................ 10
1.2 Problematização .............................................................................................................. 12
1.3 Relevância do estudo ....................................................................................................... 12
1.4 Objectivos ........................................................................................................................ 13
1.4.1 Objectivo geral .......................................................................................................... 14
1.4.2 Objectivos específicos................................................................................................ 14
CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA .................................................................... 15
2.1 Contextualização histórica............................................................................................... 15
2.2 Utilização dos materiais didáticos: Os professores e os materiais didáticos ................... 15
2.2.1 Materiais didácticos .................................................................................................. 25
2.3 Materiais didácticos: impacto no ensino - aprendizagem da disciplina de Matemática.. 23
CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................ 25
3.1 Abordagem do estudo ...................................................................................................... 25
3.1.1 Abordagem quali-quantitativa................................................................................... 25
3.2 Tipologia de estudo ......................................................................................................... 27
3.2.1 Pesquisa descritiva .................................................................................................... 25
3.2.2 Quanto aos procedimentos ........................................................................................ 25
3.3 Participantes do estudo .................................................................................................... 27
3.4 Técnicas de recolha de dados .......................................................................................... 27
3.4.1 Observação ................................................................................................................ 25
3.4.2 Entrevista ................................................................................................................... 25
3.5 Métodos de tratamento de dados ..................................................................................... 27
3.5.1 Método estatístico-matemático .................................................................................. 25
3.5.2 Procedimentos de análise dos resultados .................................................................. 25
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................. 29
4.1 Apresentação dos resultados............................................................................................ 29
4.2 Análise e interpretação dos resultados da observação ..................................................... 30
4.3 Análise e interpretação dos resultados da entrevista ....................................................... 30
4.4 Análise e interpretação dos resultados do inquérito por questionário ............................. 32
4.5 Análise de consistência dos dados ................................................................................... 32
CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................. 37
CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................. 38
6.1 Conclusão ........................................................................................................................ 38
6.2 Sugestões ......................................................................................................................... 39
Referências Bibliográficas........................................................................................................ 40
Apêndices ................................................................................................................................. 43
Apêndices 1: Roteiro de entrevista com Membro de Direcção – Pedagógico da Escola ......... 43
Apêndices 2: Questionário dirigido aos Professores ................................................................ 44
Anexos ...................................................................................................................................... 47
iv
Declaração
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição para a obtenção de
qualquer grau académico.
____________________________
v
Agradecimentos
Primeiramente agradecer a Deus pelo dom da vida, pela minha saúde e da minha família,
agradecimentos a todos que de uma maneira directa ou indirecta contribuíram para a realização
deste trabalho.
Na poderia deixar agradecer ao meu orientador o MSc. Éric Keivan Badrudine Manaque, muito
obrigado pelas orientações, pelo suporte durante a realização deste trabalho. A sua enorme
disponibilidade em ajudar, a simplicidade, o carinho, a amizade foi o que marcou e serei
eternamente grata!
A todos os colegas, amigos, familiares que não foram nominalmente mencionadas, que de uma
forma directa ou indirecta participaram e colaboraram neste trabalho. Gratidão!
vi
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família, por todo apoio e pelo carinho.
Aos meus pais Assane Amisse Maconde e Amina Latifa Adamo, pela minha existência e pela
confiança desde sempre, pela transmissão de valores e paciência depositada em mim para que
eu alcançasse o meu sucesso.
Ao meu filho Assane Alde e o meu irmão Dinho, minhas irmãs Zita e Letícia por todo apoio e
amizade constante, assim como pela disponibilidade e paciência sempre.
vii
Listas de quadros e figuras
Índice de quadros
Índice de figuras
viii
Resumo
ix
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
O presente capítulo apresenta as principais motivações e problema da pesquisa, que a
posterior foram enunciadas questões de pesquisa, a justificativa e objectivos que espelham as
possíveis respostas ao problema levantado.
1.1 Introdução
Ao utilizar o apoio dos recursos didáticos, o educador além de estar inovando, pode
trabalhar com nova didática. Silva (2015) ainda classifica os materiais como: “material
permanente de trabalho, estes são os mais comuns em sala e são quadro de giz, cadernos, réguas,
projetores, flanelógrafo e etc”. São considerados também materiais didáticos de pesquisa
usados tanto por alunos como pelo professor que reforçam as aulas comumente por imagens:
“dicionários, mapas, livros, enciclopédias, revistas, jornais, fichários, modelos, entre outros”.
(SILVA, 2015 p.23).
10
semi-estruturada e o inquérito por questionário dirigido aos professores e alunos da Escola
Secundária Eduardo Silva Nihia no Distrito de Malema, escolhidos pelo processo de
amostragem não probabilística, na modalidade de conveniência ou intencionalidade.
Quanto a estrutura, o trabalho está dividido em seis (6) capítulos, começando pela
introdução do mesmo, assim sendo, segue-se abaixo a apresentação dos capítulos:
11
1.2 Problematização
O uso de materiais didácticos nas aulas de Matemática não é uma ideia recente (Smolle,
1996) e a sua presença nas aulas tem sido constantemente incentivada porque é “difícil imaginar
o ensino e a aprendizagem da Matemática sem qualquer material didáctico” (Gellert, 2004:163).
12
situações de trabalho que envolvam contextos diversificados (nomeadamente, situações da
realidade e da História da Matemática) e a utilização de materiais que proporcionem um forte
envolvimento dos alunos na aprendizagem, nomeadamente, materiais manipuláveis,
calculadoras e computadores” (APM. IIE, 1998).
Tem-se também presente que no nosso país escasseiam investigações que se debrucem
sobre os materiais didácticos no processo ensino aprendizagem da Matemática, embora
algumas delas refiram o interesse destes materiais para a aprendizagem. Pois, para a autora
parece pertinente contribuir com esta investigação para aprofundar alguns aspectos
relacionados com utilização dos materiais didácticos nas aulas de Matemática da 8ª classe,
tendo como motivação principal melhorar as técnicas e recursos utilizados para o processo de
ensino e aprendizagem na Escola Secundária Eduardo Silva Nihia.
Ao ensinar Matemática, o professor deve promover e criar situações onde o aluno possa
falar e interagir de formas diferentes durante a aula, nomeadamente “quando os alunos pensam,
respondem, discutem, elaboram, escrevem, lêem e escutam sobre assuntos matemáticos, obtêm
benefícios duplos: comunicam para aprender matemática e aprendem a comunicar” (Huang
2001).
O que nos motivou a escolha deste tema é que durante a assistência de aulas da disciplina
de Matemática na 8ª Classe na Escola Secundária Eduardo Silva Nihia – Malema, verificamos
que os alunos e os professores não usam máquinas calculadoras na aula de Análise
Combinatória concretamente na aula que fala de arranjos, o que dificulta a assimilação da
matéria por parte desses. Verifica-se que o próprio professor não usa máquina calculadora
durante a leccionação dessas aulas influenciando assim negativamente no processo de ensino –
aprendizagem. Como profissionais de Educação assim, sentimos a necessidade de estudo deste
tema.
1.4 Objectivos
Referentes aos objectivos do trabalho, foi traçado objectivo geral e específicos que abaixo
se seguem:
13
1.4.1 Objectivo geral
Compreender o impacto do uso dos meios didácticos na leccionação da disciplina de
Matemática na Escola Secundária Eduardo Silva Nihia.
14
CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo faremos a revisão da literatura, partindo da visão focalizada, e avançado
para a teórica e empírica.
Segundo Silva (1997), sustenta que a matemática é a ciência dos números e dos cálculos.
Desde a antiguidade, o homem utilizou a matemática para facilitar a vida e organizar a
sociedade. Ela foi usada pelos egípcios nas construções de pirâmides, diques, canais de
irrigação e estudos de astronomia. Os gregos antigos também desenvolveram vários conceitos
matemáticos. Actualmente esta ciência está presente em várias áreas da sociedade, como por
exemplo, arquitectura, informática medicina, física, química.
Para Gellert (2004), material didático pode ser qualquer objeto usado na aula de
Matemática (histórias, perguntas, desenhos), desde que seja aplicado pelo professor com a
intenção de desenvolver atividades matemáticas. Ou, ainda, um mediador entre a intenção do
ensino e os resultados obtidos pelos alunos.
Para Zabala (1998), todos os meios que auxiliam os professores a responder aos
problemas concretos que surgem em qualquer momento da planificação, execução ou avaliação
das aprendizagens são materiais curriculares. Isto é, são "meios que ajudam a responder aos
problemas concretos que as diferentes fases do processo de planeamento, execução e avaliação
lhes apresentam" (p. 168). Por isso, a sua função ou intenção centra-se em finalidades como
"orientar, guiar, exemplificar, ilustrar, propor, divulgar" (p. 168). Segundo este autor, a noção
de ‘material curricular’ é bastante ampla porque inclui todos os materiais usados pelo professor,
tais como:
15
De modo a clarificar a função e as características dos materiais curriculares, Zabala
(1998) faz uma tipologia tendo por base quatro parâmetros: i) o âmbito de intervenção; ii) a
intencionalidade; iii) os conteúdos; e iv) o tipo de suporte.
Um pouco similar à definição de material curricular apresentada por Zabala, surge o que
Graells (2000) considera recursos educativos. Este autor afirma que quase tudo o que pode
facilitar a aprendizagem, se for utilizado num contexto de formação específica, pode ser
considerado um recurso educativo. Ou seja, recursos educativos são todos os materiais que são
16
usados de modo a facilitar os processos de ensino e de aprendizagem. Para além de definir
recursos educativos, este autor destaca e distingue desse conjunto os materiais didáticos,
considerando-os materiais criados especificamente para facilitar a aprendizagem. Para Graells
(2000), um material didático pode ser um recurso educativo, mas o contrário já não acontece.
Uma vez que os materiais didáticos são construídos com uma intencionalidade, Graells
(2000) organiza as funções que os materiais didáticos podem desempenhar no ensino,
salientando as seguintes: fornecer informação; constituir guiões das aprendizagens dos alunos;
proporcionar o treino e o exercício de capacidades; cativar o interesse e motivar o aluno; avaliar
as capacidades e conhecimentos; proporcionar simulações, com o objetivo da experimentação,
observação e interação; criar ambientes (contextos de expressão e criação). Como os materiais
didáticos podem ser vários, este autor classifica-os em três tipos: materiais convencionais,
materiais audiovisuais e novas tecnologias, como é possível verificar na Figura 1.
Chamorro (2003) apresenta uma definição que vai ao encontro do que Zabala (1998)
considera ‘material curricular’ e do que Graells (2000) nomeia de ‘recursos educativos’. Para
esta autora, todos os meios que o professor usa para ensinar são designados por ‘recursos
didáticos’. Isto é, todos os recursos que sejam criados, produzidos e aplicados na ação educativa
e que promovam o desenvolvimento do processo cognitivo são recursos que servem de apoio
ao professor enquanto leciona. Estes podem ser esquemas, instrumentos, mecanismos que são
traduzidos pela atitude que o professor assume perante os alunos no momento que ensina.
Chamorro (2003) salienta que o recurso didático não é em si um conhecimento, mas o meio que
auxilia a construção do conhecimento e a sua compreensão. Por exemplo, um recurso didático
na área da Matemática pode ser a atribuição de nomes intuitivos aos objetos ou aos conceitos
matemáticos, de modo a aproximá-los das formas de comunicação dos alunos. A diferença entre
17
recursos didáticos e materiais didáticos também é estabelecida por esta autora. Os materiais
didáticos são todos os materiais que podem ser manipulados e trabalhados de forma a permitir
aos alunos obterem resultados finais relativamente à atividade que se está a tratar na sala de
aula.
Outro autor que se debruça sobre os materiais didáticos é Hole (1977). Este diferencia
‘materiais didáticos’ de ‘materiais estruturados’. Em relação aos primeiros, o autor define-os
como meios de aprendizagem e ensino, enquanto descreve os segundos como "uma colecção
de objectos, configurados de maneira a corporizarem, de uma forma apropriada, uma ou mais
estruturas matemáticas" (p. 150), incluindo neste grupo os jogos e os modelos demonstrativos.
Numa tentativa de interpretar a classificação realizada por Hole, Ribeiro (1995) sugere que o
material estruturado corresponde ao material manipulável e "que subjacente à sua elaboração,
se identifica implícita ou explicitamente pelo menos um fim educativo" (p. 6). Ou seja,
materiais estruturados apresentam ideias matemáticas definidas, enquanto o restante material
utilizado nas aulas, que não se encaixa nas duas categorias apresentadas por Hole, pode
constituir o material não estruturado. Assim, o material não estruturado é aquele que, ao ser
concebido, não corporizou estruturas matemáticas e que não foi idealizado para trabalhar um
determinado conceito matemático, não apresentando, por isso, uma determinada função,
18
dependendo o seu uso da criatividade do professor. Sendo assim, Ribeiro (1995) conclui que
‘material manipulável’ é qualquer objeto concreto que incorpora conceitos matemáticos, apela
a diferentes sentidos, podendo ser tocado, movido, rearranjado e manipulado pelas crianças.
Acrescenta ainda que ‘material didático’ é qualquer recurso utilizado na sala de aula tendo como
objetivo promover a aprendizagem.
Mas Ribeiro (1995) acrescenta que material didáctico consiste em qualquer recurso
utilizado na sala de aula tendo como objectivo promover a aprendizagem. As perspetivas de
Ribeiro (1995), Mansutti (1993), Chamorro (2003) e Graells (2000) convergem quando
consideram que os materiais didáticos são todos os materiais a que se recorre durante o processo
de ensino-aprendizagem. No entanto, divergem em alguns pontos. Ribeiro (1995) apresenta
uma definição mais ampla porque considera todos os materiais, enquanto Mansutti (1993) e
Chamorro (2003) tornam essa definição mais restrita, abrangendo apenas objetos manipuláveis.
Daqui se pode inferir que a ideia de chegar a um conceito de ‘material didático’ pode ser
complexa e por vezes confundir-se com outro conceito, nomeadamente o de ‘material
manipulável’. Vide a Figura 2 abaixo.
19
têm de ter influência no modo como os professores ensinam Matemática. Por exemplo
Thompson (1984) em suas investigações verificou que “existem razões fortes para que as
concepções dos professores (as suas crenças, visões e preferências) acerca da Matemática e do
seu ensino joguem um papel importante afectando a sua eficácia como principais mediadores
entre o conteúdo e os alunos” (p.105). A mesma autora afirma ainda que “se os padrões de
comportamento característicos dos professores são na verdade uma função das suas visões,
crenças e preferências acerca da disciplina, então qualquer tentativa para melhorar o ensino da
Matemática deve começar pela compreensão das concepções dos professores e como elas estão
relacionadas com as suas práctica”(p.106). Assim é pertinente em primeiro lugar abordar as
ideias sobre a Matemática, e em seguida as ideias que os professores têm sobre a mesma através
da descrição de alguns estudos.
Ponte (1992) descreve várias concepções acerca da Matemática, que na sua opinião são
as mais prevalecentes, argumentando que estas têm uma explicação histórica e foram
construídas num período em que dominava um ensino elitista. Uma das concepções da
Matemática consiste nesta em considerar o cálculo uma parte substancial da Matemática. Nesta
concepção a perspectiva do saber como procedimento é uma ideia dominante. De acordo com
Ponte (1992) esta concepção reduz a Matemática a um dos seus aspectos mais elementares, que
não requer capacidades especiais de raciocínio, já que os cálculos podem ser executados através
de instrumentos tais como calculadoras e computadores. Outra concepção mencionada por este
autor explica que a Matemática se baseia na demonstração de proposições a partir de sistemas
de axiomas. Associada a esta está a ideia da Matemática aliada ao rigor absoluto. A visão da
Matemática isenta de erros e dúvidas. Em suma, estas duas concepções convergem na visão da
Matemática como estrutura axiomática que se define pelo rigor das demonstrações. Por último
a ideia da Matemática direccionada apenas aos génios, isto é, nada pode ser feito na Matemática
a não ser por estes. Na realidade estas concepções apelam a uma visão da Matemática dominada
por um conjunto reduzido de pessoas, tornando-a numa ciência selectiva, fechada e fora do
alcance da maioria.
20
ao aluno, uma vez que a utilização dos materiais, por si só, não é sinónimo ou garantia de uma
aprendizagem significativa, destacando assim o papel importante do professor na planificação
relativa aos materiais didáticos na aula.
Os poucos estudos realizados sobre o uso dos materiais didáticos pelo professor mostram
que os professores reconhecem a importância da utilização dos materiais didáticos (Associação
de Professores de Matemática [APM], 1998; Moyer, 2001). No estudo Matemática 2001 (APM,
1998), os professores foram inquiridos sobre a frequência com que utilizam os materiais na sua
prática letiva, constatando-se que a frequência de utilização de materiais no 3º e 2º Ciclos é
baixa, já que cerca de 90% dos professores afirmam que "raramente ou nunca" utilizam
materiais manipuláveis. No 1º Ciclo, o estudo aponta para uma frequência mais elevada na
utilização de materiais manipuláveis; todavia, de um modo geral, ainda reduzida. Relativamente
à importância da utilização de materiais na aprendizagem, o estudo refere que os professores
são unânimes e reconhecem que a aprendizagem é reforçada quando os alunos se envolvem
fortemente com materiais. Apura ainda o estudo que muitas das escolas não se encontram
convenientemente equipadas, e que uma percentagem elevada dos materiais utilizados pelos
alunos pertence ao professor (APM, 1998).
De acordo com Gellert (2004), a aprendizagem da Matemática poderia ser mais vantajosa
se os professores usassem materiais didáticos mais inovadores. Todavia, tal implicará uma
alteração da sua prática letiva diária, sendo, de acordo com o mesmo autor, a tensão entre a
inovação dos materiais e a forma como é usada que mantém alguns professores céticos quanto
à sua utilização. Neste sentido, Shutz, citado em Gellert (2004), afirma que os professores
tentam que o material didático se adapte às suas rotinas letivas e, neste sentido, tendem a ignorar
os novos materiais de modo a não contrariarem os seus estilos e manterem a sua zona de
conforto.
Shutz (1953) afirma que os professores tentam que o material didáctico se adapte às suas
rotinas lectivas e neste sentido tendem a ignorar os novos materiais de modo a não contrariarem
os seus estilos e manter a sua zona de conforto (citado em Gellert 2004).
Importa, no entanto, esclarecer que neste ponto não se pretende fazer uma lista extensiva
e explicativa de todos os materiais didácticos existentes, pois seria um pouco inadequada para
o presente estudo, mas optou-se por seleccionar alguns materiais tendo por base o que é mais
habitual encontrar-se nas escolas e a importância didáctica de alguns deles.
A importância dos materiais didácticos é fortemente veiculada por diversos autores que
salientam que os professores não podem apenas recorrer a apresentações no quadro
preto/branco para o ensino da matemática. O poder desta área de conhecimento desenvolve-se
nos alunos através da descoberta, do entendimento ou consolidação de conceitos através do
auxílio de diversos materiais (calculadoras, computadores, materiais manipulativos, entre
outros). Contudo, essa importância não se pode dissociar de uma certa prudência por parte do
professor, ou seja, devem existir alguns cuidados ou restrições no seu uso.
23
“…convenientemente seleccionados e utilizados permitem, entre
outros aspectos: (a) diversificar as actividades de ensino; (b) realizar
experiências em torno de situações problemáticas; (c) representar
concretamente as ideias abstractas; (d) dar oportunidade aos alunos de
descobrir relações e formular generalizações; e (e) envolver os alunos
activamente na aprendizagem”.
A eficácia dos materiais não depende apenas da sua utilização exaustiva, pois uma
confiança excessiva nestes recursos pode levar os professores a abordagens pobres dos
conteúdos. Por fim, o tempo dedicado à respectiva exploração deverá ser o adequado, por forma
a permitir aos alunos desenvolver a experimentação, a exploração e a descoberta.
24
CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada diz respeito as recomendações científicas e onde foi feita a
consulta bibliográfica de artigos, livros e trabalhos já desenvolvidos que se encontram
referenciados ao longo do trabalho.
26
dois Universos são iguais. Assim, a população é constituída por 13 professores que exercem a
sua actividade lectiva e não lectiva na sala de aulas.
Para esta pesquisa, a observação foi não participante, pois o pesquisador vivenciou a
realidade na sala de aulas sem se envolver nela. A concretização desta técnica foi por meio de
um guião de observação em que foram observados e registados os seguintes aspectos: uso dos
meios didácticos na resolução de exercícios Matemáticos, planos de aulas e metodologias
usadas na transmissão dos conteúdos matemáticos.
27
3.4.2 Entrevista
A análise de conteúdo é considerada, ainda nos nossos dias, “uma das técnicas mais
comuns na investigação empírica pelas diferentes ciências sociais e humanas” (Vala, 1986:101)
que permite, também, deduzir informações decorrentes do tratamento das entrevistas. Nesta
pesquisa, utilizou-se a entrevista, com características fechadas e abertas, como instrumento de
colecta de dados foi usado o guião de entrevista. Teve como visados um (1) Pedagógico da
Escola. Esta técnica permitiu a flexibilidade na obtenção das informações, facilitou ainda, a
interação face – á – face de modo a obter a veracidade dos factos.
De referir que buscaremos nos certificar sobre a confiabilidade das respostas dos
participantes ao instrumento, procedendo a análise do alfa de Cronbach, bem como a realização
da estatística descritiva, por forma a obtermos os valores máximo e mínimo da escala, a média
e o desvio padrão, que nos facultarão perceber como é impactante em uma aula o uso dos meios
didácticos pelos professores a quando da sua leccionação na disciplina de Matemática.
28
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Diversos estudos (Pereira & Duarte, 1999; APM/IIIE 2001) apontam que, actualmente, o
manual escolar corresponde ao meio de ensino mais usado. No relatório de Matemática 2001
(APM/IIE, 2001), o manual escolar é indicado por 90% dos professores inquiridos do 1º ciclo
como sendo o elemento de trabalho mais utilizado para ensinar Matemática. Tendo em conta
que dos materiais usados pelos professores o manual escolar é o que ao longo dos tempos foi
preferido pelos mesmos, considerou-se essencial fazer uma referência mais aprofundada acerca
do mesmo.
Para melhor analisar a utilização dos materiais didácticos nas aulas de Matemática, bem
como perceber quais os materiais mais usados e perspectivar o futuro dos mesmos, assim como
conhecer o seu impacto no processo de ensino e aprendizagem, desenvolveu-se este estudo
recolhendo as opiniões dos professores.
29
Desconhece a existência de um inventário
Material Didáctico de
Não participa na selecção e aquisição do
Matemática e o
material
professor na escola
Participa na escolha e aquisição
Guia de planificação
Usado para a introdução e consolidação de
conteúdos
Manual escolar na
Manual escolar Condiciona as aulas
aula de Matemática
Instrumento de apoio
Livro de exercícios
Material de difícil selecção
Considerando o que foi observado, percebemos que os professores usam muito mais o
quadro preto/branco junto dos manuais de ensino em detrimento de meios didácticos adversos,
pela falta dos mesmos na Escola.
3 3
FEMININO MASCULINO
SEXO
Relativamente a variável sexo, podemos constatar que grande parte da amostra são
representadas pelo sexo masculino em torno de 69,23% e do sexo feminino em 30,77
Sexo dos professores
Feminino
31%
Sexo
Masculino
69% Feminino
Masculino
33
Destes, destacam-se maior parte dos professores com nível de Licenciatura, estando em
76,92%, com nível de Pós-graduado temos 15,38% do universo dos professores e 7,69% destes
correspondente a um (1) professor com nível de Mestrado.
Masculino N 9
Sexo % do Total 69,2%
Feminino N 4
% do Total 30,8%
Menos de 30 anos N 9
Idade das % do Total 69,2%
participantes Mais de 30 anos N 4
% do Total 30,8%
Licenciatura N 10
% do Total 76,9%
Habilitações Pós-Graduação N 2
Académicas % do Total 15,4%
Mestrado N 1
% do Total 7,7%
Nomeação Definitiva N 11
Situação % do Total 84,6%
Profissional Nomeação Provisória N 2
% do Total 15,4%
0 a 5 anos N 4
% do Total 31,3%
Tempo de Serviço 6 a 10 anos N 3
% do Total 20,8%
11 a 15 anos N 1
% do Total 8,3%
16 a 20 anos N 1
% do Total 6,3%
Mais de 21 anos N 4
% do Total 33,3%
34
maioria dos professores não frequentou acções de formação específica na área da Matemática.
E com o propósito de saber o que leva um professor a não frequentar acções de formação nesta
área, perguntou-se aos professores que não tinham frequentado as acções de formação na área
da matemática, isto é 61.22%, quais os motivos que frequentemente dificultavam a sua
participação. Pela análise do quadro 4 pode-se verificar os motivos e com que frequência
levaram os professores a não frequentarem as acções de formação.
Como se pode observar no quadro 4, temos que 47,6% dos professores declaram que “às
vezes” não frequentaram devido à incompatibilidade de horário, 14,3% afirma que muitas vezes
e 9,5% sempre. Vê-se também que maioria dos professores declara que “às vezes “ 60,9% não
participa por frequentar acções de formação noutra área, 34,8 % admite “muitas vezes” e 4,3%
sempre. Cerca de metade considera “às vezes” 52,6% não frequentar as acções pois revelam
interesse por outras áreas e 36,8% “muitas vezes”. No entanto 10,6% declara que nunca ou
raramente o interesse por outras áreas constituiu um motivo impeditivo na sua participação. Por
outro lado, a esmagadora maioria dos professores 83,3% afirma que nunca ou raramente deixou
de frequentar as acções por revelar desinteresse pela área de Matemática e apenas 16,7%
admitiu “às vezes”. Também cerca de metade diz que nunca ou raramente não frequenta as
acções por não sentir necessidade dessa formação na sua prática pedagógica, 33,3% às vezes e
5,6% muitas vezes.
35
4.5 Análise de consistência dos dados
Ainda neste cenário, obteve-se um Alpha de Cronbach’s de 0.84 que se mostra ser consistente,
pois significa que o questionário entregue aos participantes foi consistente e os resultados
podem ser apresentados em qualquer fórum, uma vez que o questionário foi anónimo o que
contribuiu de grande maneira para que as respostas dos participantes fosse real.
36
CAPÍTULO V - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
37
CAPÍTULO VI - CONCLUSÕES E SUGESTÕES
6.1 Conclusão
O estudo realizado para a construção desse trabalho nos permitiu compreender que desta
análise depreende-se que para os professores o material didáctico desempenha um
importantíssimo papel nas aulas de Matemática porque melhora a compreensão dos conteúdos,
de forma motivante e permitindo ao aluno construir o seu próprio conhecimento. Tal como
Bruner (1962), os professores inquiridos encaram os materiais como sendo essenciais ao
desenvolvimento dos conceitos matemáticos, auxiliando os alunos a compreenderem as
situações abstractas.
Também estes resultados confirmam a ideia defendida por Reys (1982). Segundo este
autor o uso dos materiais didácticos nas aulas permite aos alunos uma aprendizagem motivada
e uma construção do conhecimento abstracto a partir do concreto. Relativamente aos dados do
inquérito destaca-se que a maioria dos professores sabia da existência do material considerando,
contudo, a sua quantidade insuficiente.
Outros autores reforçam ainda a ideia de que existem três aspectos determinantes no
desenvolvimento do conhecimento matemático: a concepção do material didáctico, a adaptação
e modificação do material pelo professor e a utilização na sala de aula. No entanto, os dois
últimos apresentam maior peso, visto que qualquer objecto pode ser material didáctico (Gellert,
2004).
38
6.2 Sugestões
39
Referências Bibliográficas
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MOYER, P.S. (2001). Are we having fun yet? How teachers use manipulative to teach
mathematics Educational Studies in Mathematics. Nº47 p.p 175-197.
41
SOWWELL, E (1989). Efects of manipulatives materials in mathematics instruction.
Journal for Research in Mathematics Education, 20 (5), 498-505
ZABALA, A (1998). A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes
Médicas Sul Lda.
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APÊNDICES
Apêndice 1: Roteiro de entrevista com Membro de Direcção – Pedagógico da Escola
A entrevista destina-se a recolha de dados que servirão de suporte para produção de
monografia cujo tema é: Impacto do uso dos meios didácticos na disciplina de Matemática,
caso dos professores da 8ª classe da Escola Secundária Eduardo Silva Nihia no Distrito
Malema - Nampula, (2021-2023).
O anonimato e sigilo das informações prestadas estão garantidos, e sua colaboração fidedigna
nas respostas da entrevista é louvável.
Questões
1. Sr. Pedagógico gostava de saber qual a sua opinião sobre os materiais didácticos na
Matemática?_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Relativamente ao programa e aos conteúdos, qual é a relação que estabelece com os materiais
didácticos. O que acha? Acha que os programas remetem para a utilização de materiais
didácticos, são esclarecedores? __________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Já agora, qual é o papel do material didáctico na Matemática? O que considera, qual é a sua
função na aprendizagem da Matemática? Nas suas aulas para que
serve?______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Pode destacar os aspectos positivos e negativos da utilização dos materiais didácticos na aula
de Matemática? ______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9. Então é capaz de me dar uma opinião sobre a relação dos professores com os materiais
didácticos?__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Muito obrigado pela colaboração!
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Apêndice 2: Questionário dirigido aos Professores
O presente questionário integra-se num estudo académico relacionado com a utilização dos
materiais didácticos nas aulas de Matemática, caso dos professores da 8ª classe. Solicito-lhe
que responda consoante a sua opinião e prática pedagógica. O anonimato será garantido e
toda a informação recolhida é restritamente confidencial. Nas questões alternativas utilize X
para assinalar a sua escolha desde já, agradeço a sua colaboração.
Questões
1. Sexo: Masculino; Feminino
2. Idade: Menos de 30 anos; Mais de 30 anos;
3. Habilitações Académicas: Licenciatura; Pós-Graduação; Mestrado;
4. Situação Profissional: Nomeação Definitiva; Nomeação Provisória;
5. Tempo de serviço: 0 à 5 anos; 6 à 10 anos; 11 à 15 anos; 16 à 20 anos; + 21
anos
6. Enquanto professor frequentou formações na área dos materiais didácticos de
Matemática? Sim ______ Não ______
7. Caso a sua resposta seja NÃO, diga as razões da não participação nas acções de
formação.
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
Incompatibilidade de horário
Frequência de formação
noutra área de conhecimento
Interesse por outras áreas
Desinteresse pela área da
Matemática
Não sente necessidade para
as suas práticas pedagógicas
8. Por favor, assinale o seu grau de concordância em relação a cada uma das afirmações.
Nunca Raramente Às Muitas Sempre
vezes vezes
Material Didáctico é tudo o que conduz à
aprendizagem
Material didáctico é um conjunto de
objectos ou coisas que o aluno seja capaz
de sentir, manipular e movimentar
Material Didáctico corresponde a
objectos reais do dia-a-dia
Material Didáctico corresponde a
recursos que auxiliam a aprendizagem
desenvolvendo nos alunos uma atitude
positiva face à Matemática
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A Matemática corresponde a um
conhecimento acabado, perfeito, situado
num plano abstracto a transmitir ao
aluno.
A Matemática está associada à aquisição
de conhecimentos isolados e no domínio
de regras e técnicas.
9. Indique com que frequência utiliza os seguintes materiais didácticos na sua aula de
Matemática.
Nunca Raramente Às Muitas Sempre
vezes vezes
Material disponível na sala de aula (lápis,
papéis, caixas, mesas…)
Próprio corpo, Fita métrica
Calculadora, Computador
Manuais escolares, Geo-plano
Dominós, Blocos lógicos
Réguas, Compasso, Transferidor
10. Em relação aos materiais didácticos que utiliza menos, indique os motivos
responsáveis.
Nunca Raramente Às Muitas Sempre
vezes vezes
Desconhece o material
Conhece, mas sente dificuldade em
explorá-lo
Ausência desse material na escola
Não existem em quantidade suficiente
Gera muita confusão na sala de aula
Tem falta de formação pedagógica neste
âmbito
Não sente necessidade da utilização de
materiais nas suas práticas pedagógicas
A utilização dos materiais, implica um
processo burocrático (como requisitar
material) que não motiva o seu recurso
Sente dificuldade em integrar os
materiais didácticos nas aulas
11. Indique o grau de importância que atribui à utilização dos materiais didácticos na
aula de Matemática.
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Nunca Raramente Às Muitas Sempre
vezes vezes
Melhoram a compreensão dos conteúdos
Desenvolvem as competências na área de
Matemática
Permitem uma aula mais atractiva
Aumentam a motivação dos alunos na
realização das tarefas propostas
Permitem trabalhar conceitos abstractos
de uma forma concreta
Promovem diversas experiências de
aprendizagem na Matemática
Permitem ao aluno ser construtor do seu
conhecimento
Promovem o ensino por descoberta
Permitem a compreensão e consolidação
de conhecimentos matemáticos
12. Quando utiliza materiais didácticos na sua aula de Matemática, com que frequência
desenvolve as seguintes actividades?
Nunca Raramente Às Muitas Sempre
vezes vezes
Actividades investigação
Resolução de Problemas
Prática compreensiva de procedimentos
Jogos
Projectos
13. Em relação ao conteúdo do manual, como costuma proceder na preparação das suas
aulas?
Nunca Raramente Às Muitas Sempre
vezes vezes
Segue fielmente a sua organização e
conteúdo
Analisa e resolve antecipadamente as
actividades propostas
Recorre apenas ao índice para situar os
conteúdos
Não se preocupa, visto seleccionar as
actividades no momento da aula
Muito obrigado pela colaboração!
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ANEXOS
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48