Adamastor
Adamastor
Adamastor
= 5 dias
= Condies
atmosfricas favorveis
Novo cenrio
O que veem,
O que ouvem,
o que sentem,
os marinheiros?
Discurso direto
Vasco da Gama
invoca Deus
(apstrofe)
APARECIMENTO DO GIGANTE
39
No acabava, quando ua figura
Se nos mostra no ar, robusta e vlida,
De disforme e grandssima estatura;
O rosto carregado, a barba esqulida,
Os olhos encovados, e a postura
medonha e m, e a cor terrena e plida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
Descrio do
GERAL
para o particular
40
To grande era de membros que bem posso
Ref. a uma
Certificar-te que este era o segundo
das sete
maravilhas do
De rodes estranhssimo Colosso,
mundo antigo
Que um dos sete milagres foi do mundo,
C'um tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Presente
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
permanncia da
A mi e a todos, s de ouvi-lo e v-lo!
sensao
Pirmides de Giz
147 m (2550 a.C.) Egipto
Esttua de Zeus- 12 a
15m (sc. V a.C.) Grcia
- Mausolu de Halicarnasso
(350 a.C) - Turquia
- Jardins suspensos da Babilnia
(sc. VI a.C.)- Sul do Iraque
O farol de Alexandria
130m (280 a.C.) Egipto
DISCURSO DO GIGANTE
41
E disse: - gente ousada, mais que quantas
Apstrofe
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vos nunca repousas,
Pois os vedados trminos quebrantas
Desafio dos
portugueses
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo h j que guardo e tenho,
Nunca arados de estranho ou prprio lenho:
Metfora
Sindoque
42
Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do hmido elemento,
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos por mi que apercebidos
Esto a teu sobejo atrevimento,
Por todo o largo mar e pola terra
Que inda hs-de sojugar com dura guerra.
complexo verbal valor de CERTEZA
Perfrase (=mar)
Desafio dos
portugueses
PROFECIA
42
Ouve os danos (v.5)
de mi que apercebidos (v.5)
O que significadanos?
- perigos
- males
- estragos
de mi quer dizer:
- por mim
- para mim
- de mim
Qual o significado de
apercebidos?
- preparados
- percebidos
- apreendidos
PROFECIAS do gigante
sobre as desgraas dos portugueses
43
Sabe que quantas naus esta viagem
Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,
Inimiga tero esta paragem,
Com ventos e tormentas desmedidas.
E da primeira armada que passagem
Fizer por estas ondas insofridas,
Eu farei de improviso tal castigo
Que seja mor o dano que o perigo.
PROFECIAS do gigante
sobre as desgraas dos portugueses
44
Aqui espero tomar, se no me engano,
De quem me descobriu suma vingana.
E no se acabar s nisto o dano
De vossa pertinace confiana:
Antes, em vossas naus, vereis, cada ano,
Se verdade o que o meu juzo alcana,
Naufrgios, perdies de toda a sorte,
Que o menor mal de todos seja a morte!
PROFECIAS do gigante
sobre as desgraas dos portugueses
45
E do primeiro Ilustre, que a ventura
Com fama alta fizer tocar os Cus,
Serei eterna e nova sepultura,
Por juzos incgnitos de Deus.
Aqui por da Turca armada dura
Os soberbos e prsperos trofus;
Comigo de seus danos o ameaa
A destruda Quloa com Mombaa.
Cidades destrudas por D.
Francisco de Almeida em 1505
E do primeiro ilustre..
A presena portuguesa na ndia ia ganhando terreno e
D. Manuel compreendeu que, devido ao grande espao,
era necessrio haver coordenao e autoridade, para
garantir o comrcio das especiarias. Decidiu enviar um
Vice-Rei que permaneceria no cargo durante trs anos.
neste contexto que surge a figura de D. Francisco de
Almeida.
Durante a viagem de ida para o Oriente, tomou
QULOA, onde fez fortaleza e substituiu o sulto local
por um mais favorvel aos intentos portugueses no
ndico
D. FRANCISCO DE ALMEIDA
1450-1510
Em 1508 infligiu uma dura derrota armada turca.
O final do seu vice-reinado ficou conhecido pela recusa em ser substitudo por
Afonso de Albuquerque. J no regresso a Portugal acabou por morrer numa
escaramua junto do Cabo da Boa Esperana.
PROFECIAS do gigante
sobre as desgraas dos portugueses
46
Outro tambm vir, de honrada fama,
Liberal, cavaleiro, enamorado,
E consigo trar a fermosa dama
Que Amor por gro merc lhe ter dado.
Triste ventura e negro fado os chama
Neste terreno meu, que duro e irado,
Os deixar dum cru naufrgio vivos,
Pera verem trabalhos excessivos.
Outro...
Fidalgo e militar portugus, nascido em 1500,
veio a servir na ndia. Em Junho de 1552,
juntamente com a sua famlia, naufragou a bordo
do galeo So Joo, perto do Cabo da Boa
Esperana. Foi capturado por indgenas, acabando
por morrer passado pouco tempo, atacado pela
fome e por doenas. O relato do seu infortnio
constitui uma das mais apreciadas narrativas da
Histria Trgico-Martima de Bernardo
Gomes de Brito.
PROFECIAS do gigante
sobre as desgraas dos portugueses
47
Vero morrer com fome os filhos caros,
Em tanto amor gerados e nacidos;
Vero os Cafres, speros e avaros,
Tirar linda dama seus vestidos;
Os cristalinos membros e perclaros
calma, aos frio, ao ar, vero despidos,
Despois de ter pisada, longamente,
C'os delicados ps a areia ardente.
PROFECIAS do gigante
sobre as desgraas dos portugueses
48
E vero mais os olhos que escaparem
De tanto mal, de tanta desventura,
Os dous amantes mseros ficarem
Na frvida e implacbil espessura.
Ali, despois que as pedras abrandarem
Com lgrimas de dor, de mgoa pura,
Abraados, as almas soltaro
Da fermosa e misrrima priso.
Hiprbole
Eufemismo
(morrero)
Histria Trgico-Martima
Embora com o miolo avariado, Manuel de Sousa ainda
cuida de ir ao mato colher frutos para alimentar a
esposa e os filhos. Um dia regressa e um dos meninos
est morto. Enterra-o. No dia seguinte regressa e
morta est a sua esposa, tambm o outro filho. Afasta
as trs escravas que choram sobre o corpo da sua
esposa. Senta-se a seu lado. Com o rosto apoiado numa
das mos, sem dizer nada, nem chorar, durante meia
hora queda-se de olhos postos nela. Depois, com a
ajuda das escravas, abre uma cova na areia onde
enterra D. Leonor e o filho. Levanta-se, no diz uma
palavra, abala, mete-se pelos matagais adentro. Nunca
mais ningum o v.
49
Mais ia por diante o monstro horrendo,
Dizendo nossos fados, quando, alado,
Lhe disse eu: Quem s tu? Que esse estupendo
Corpo, certo, me tem maravilhado!
()
CARACTERIZAO DO DISCURSO DO
GIGANTE
No primeiro momento, o Gigante faz um discurso de carter
proftico e ameaador e assume duas posies: por um lado, o
elogio pico dos Portugueses; por outro, a atitude vingativa e
consequentes profecias. num tom de voz horrendo e grosso,
anuncia os castigos e os danos por si reservados para aquela
"gente ousada", que invadira os seus domnios. Promete-lhe
castigos como a morte de algumas pessoas que l vo passar:
Bartolomeu Dias; D. Francisco de Almeida e famlia Seplveda.
SIMBOLISMO DO
ADAMASTOR
Geograficamente: simboliza o Cabo das
Tormentas, posteriormente chamado da Boa
Esperana.
Simbolicamente:
srie
de
perigos
e
dificuldades que os Portugueses tiveram de
enfrentar e vencer. O smbolo das foras
csmicas que continuamente limitam o
homem. A vitria sobre o obstculo que este
gigante constitui significa o completo domnio
dos mares pelos portugueses.
O EPISDIO
Como se trata da personificao do cabo da Boa Esperana,
pode dizer-se que se trata da vingana da Natureza sobre os
portugueses, sob a forma dos medos que os marinheiros
portugueses tinham de monstros horrorosos que faziam
naufragar as naus e tirar as vidas a muitas pessoas. Eram os
monstros que simbolizavam o desconhecido, mas tambm o
fantstico. Eram ainda os guardies dos tesouros, pois para l
deles situava-se a ndia, fonte de riquezas e sonhos. Era
portanto necessrio haver um guarda realmente muito
poderoso para que s conseguissem passar os mais
merecedores, os mais valentes e ousados.
O EPISDIO
Por isso ele comea por dirigir-se aos portugueses de uma forma
muito agressiva e imperiosa, com a inteno de os amedrontar. Esta
primeira parte do encontro uma espcie de julgamento sumrio: o
gigante comea por acus-los dos crimes de irem aonde era proibido,
de invadirem o seu territrio, de tentarem desvendar os segredos
que ele guarda, o que a nenhum humano era permitido fazer, por
mais heroico ou poderoso que fosse (os vedados trminos
quebrantas / E navegar meus longos mares ousas; Pois vens ver
os segredos escondidos; A nenhum grande humano concedidos /
De nobre ou imortal merecimento).No h lugar para defesa,
Adamastor passa logo a ditar a sentena: sero castigados pelo seu
atrevimento, pois todas as naus que ali passarem sofrero enormes
tempestades.
O EPISDIO
FIM
&
FICHA DE TRABALHO: A SUBORDINAO
1. Atenta nos excertos retirados do episdio do Adamastor, divide e classifica
as oraes neles presentes:
a) Orao 1: cortando / Os mares nunca de outrem navegados/
Prosperamente os ventos assoprando
ORAO SUBORDINANTE
TEMPORAL
CONSECUTIVA
&
FICHA DE TRABALHO: A SUBORDINAO
COMPARATIVA
FIM