Conformação Dos Metais. Laminação (Importânte)

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Conformação dos Metais

Francisco Boratto

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 1


Índice

Página
1. Introdução 3
2. A temperatura na conformação 11
3. Classificação dos processos 34
4. O ensaio de tração 40
5. Propriedades mecânicas dos metais 57
6. Forjamento Conformação 65
7. Extrusão dos Metais 88
8. Trefilação 104
9. Laminação 120
10. Laminação de tiras a partir de arames 138
11. Estampagem de chapas 145
Apêndices 168
Literatura para consultas 178

Conformação dos Metais, 2


1. Introdução

A importância dos metais deve-se, em grande parte, à facilidade com que podem
ser conformados em formas úteis tais como, tubos, barras, chapas, parafusos,
arames etc. Na história da civilização peças conformadas de metais puros, cobre
prata e ouro, são encontradas desde mais de três mil anos antes de Cristo. Veja
alguns exemplos nas figuras 1.1 e 1.2.

Conformação
dos Metais

Figura 1.1: Ponta de flecha e de machadinha, Figura 1.2: Máscara mortuária do rei Egípcio
achados na Síria, feitos de cobre, e datados do 3 Tutankhamon, forjada pacientemente de 11 kg
milênio antes de Cristo. de ouro puro. Datada de 1300 AC.

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1. Introdução

Mais impressionante ainda, tecnologicamente falando, é o punhal que foi encontrado


nos pertences do Rei Tutankhamon, pois o mesmo contém lâmina de ferro que
resistiu à corrosão nestes anos todos. Não se sabe como o ferro foi obtido,
suspeitando-se tratar-se de material retirado de meteorito.

Conformação
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Figura 1.3: Punhal de ferro com cabo e bainha de ouro


achado na tumba do rei Egípcio Tutankhamon.

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1. Introdução
Na tecnologia moderna outras propriedades importantes dos metais são utilizadas,
tais como a condutividade elétrica, condutividade térmica, brilho metálico, ferro-
magnetismo (ferro, níquel e cobalto), mas a facilidade com que os metais são
moldados (conformados) é ainda a grande vantagem deste tipo de material.

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Figura 1.4: Fixadores de diversos formatos Figura 1.5: Chapas finas laminadas e
fabricados a partir de forjamento a frio de estampadas, bem como arames trefilados
metais. encontrados no dia-dia de todas as pessoas.

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1. Introdução
Devemos reconhecer que os metais têm ainda outras vantagens, pois podem se
moldar peças de várias maneiras que não a conformação. Veja o quadro abaixo:

F u n d iç ã o
C o n fo rm a ç ã o p o r
S o lid ific a ç ã o L in g o ta m e n to
S o ld a g e m
P r o c e s s o s M e ta lú r g ic o s
A p lic a ç ã o d e T e m p e r a t u r a s
C o n fo r m a ç ã o p o r
S in t e r iz a ç ã o M e ta lu r g ia d o P ó

Conformação
dos Metais C is a lh a m e n t o
F u ra ç ã o
C o n fo rm a ç ã o p o r T o rn e a m e n to
C o r te d e U s in a g e m
F re s a m e n to
P la in a m e n to
R e t ific a ç ã o

P r o c e s s o s M e c â n ic o s FForjamento
o r ja m e n t o

Área deste curso


A p lic a ç ã o d e T e n s õ e s E x tru s ã o
Extrusão P
C o n fo rm a ç ã o p o r L a m in a ç ã o
D e fo r m a ç ã o P lá s tic a TLaminação
r e fila ç ã o
DTrefilação
o b ra m e n to
C a la n d r a g e m
RLaminação
e p u x a m e ndet o tiras S
EEstampagem
s t a m p a g e m de P rchapas
o fu n d a

Figura 1.6: Os vários métodos que podem ser usados para se moldar os metais.

Conformação dos Metais, 6


1. Introdução

Enquanto que a crosta da Terra é constituída principalmente dos elementos O, Si,


Al, Fe, Ca, Na, K e Mg, combinados em silicatos e aluminosilicatos de baixa
densidade, tabela 1.1, a produção mundial dos metais não é proporcional a suas
abundâncias, mas têm a distribuição mostrada na tabela 1.2.

Elemento Porcentagem % acumulada


Oxigênio 47,0 47,0
Silício 28,0 75,0
Conformação
Alumínio 8,0 83,0
Ferro 4,5 87,5
dos Metais
Cálcio 3,5 91,0
Magnésio 2,5 93,5
Sódio 2,5 96,0
Potássio 2,5 98,5
Titânio 0,4 98,9
Hidrogênio 0,2 99,1
Carbono 0,2 99,3
Fósforo 0,1 99,4
Enxofre 0,1 99,5

Tabela 1.1: Distribuição dos elementos químicos na crosta terrestre.

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1. Introdução

O elemento mais usado é então o ferro pois, combinado com o carbono, forma o
aço, que exibe as mais diversas propriedades mecânicas dependendo do
tratamento termo-mecânico que se dá a ele e, além disto, tem o custo mais baixo de
todas das ligas comerciais.

Ordem de grandeza Metal


Conformação
1000 Fe
dos100Metais (nenhum)
10 Al, Cu, Zn, Pb
1 Cr, Ni, Sn, Mg
0,1 Mo, U, W, Co, Cd, V,Nb
0,01 Hg, Ag
0,001 Au, Pt

Tabela 1.2: Ordem de grandeza da produção anual mundial dos metais


principais, em milhões de toneladas. O preço de mercado aumenta com a seta.

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1. Introdução - resumo

MATERIAIS METÁLICOS

FERROSOS NÃO FERROSOS


Ligas Al
Ferros fundidos
Ligas Ti
Ligas leves
Ligas Fe-C Conformação
• Carbono Ligas Mg
Aços
dos Metais
• Ligados
Ligas Be
Bronzes
• Ferríticos
• Austeníticos Ligas Cu Latões
Fe-Cr
• Martensíticos
(- Ni) •Duplex Cu - Ni
(INOX) • PH Ligas Ni
Outras Fe Fe- Ni Ligas Tm

Fe-C- Mn Ligas Tm


(REFRATÁRIOS)

Conformação dos Metais, 9


1. Introdução - exercícios

1) Liste os objetos pessoais metálicos que está usando no momento. Tente listar o
método de conformação utilizado para a fabricação de cada um. Utilize a fig. 1.6.

2) Liste exemplos de peças ou objetos de ferro(aço), alumínio, cobre e ouro que


façam utilização das propriedades elétricas, magnéticas, ópticas ou mecânicas dos
metais, como propriedade principal do objeto.
Conformação
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Conformação dos Metais, 10


2. A temperatura na conformação - escalas

A temperatura é parâmetro dos mais importantes, se não o mais importante, na


conformação de metais. Um técnico lidando nesta área tem de conhecer bem as
escalas de temperatura usadas e saber converter valores entre elas. Três escalas
são as mais usadas:
a) Escala Celsius, que é a escala padrão no Brasil. Indicação: ºC
b) Escala Fahrenheit, que é a escala usada nos EUA. Indicação: ºF
Conformação
c) Escala Kelvin, ou absoluta, que é a escala científica. Indicação: K
dos Metais
Convertendo uma em outra:
ºC = 5(ºF-32)/9 ºF = 9ºC/5 + 32 K = ºC +273,15
Exemplos:
0ºC é igual a 32ºF ou 273,15K
100ºC é igual a 212ºF ou 373,15K
0ºF é igual a -17,8ºC ou 255,35K

Conformação dos Metais, 11


2. A temperatura na conformação - escala prática internacional

Existe ainda uma “escala prática internacional”, que tem a finalidade de definir
pontos de aferição para os equipamentos de medição de temperatura
(termômetros e termopares) Esta escala é baseada em 6 pontos fixos, que são
reproduzíveis sob a condição de 1 (uma) atmosfera de pressão:

-182,97ºC Ponto de ebulição do oxigênio


Conformação
0,0ºC Ponto de liquefação da água (gelo e água )
dos Metais
100,0ºC Ponto de ebulição da água (água e vapor)
444,6ºC Ponto de ebulição do enxofre
960,8 ºC Ponto de liquefação da prata
1063,0 ºC Ponto de liquefação do ouro

Conformação dos Metais, 12


2. A temperatura na conformação - temperatura homóloga

Como os diversos metais têm temperatura de fusão diferentes, é comum a


comparação entre eles através do uso do conceito de temperatura homóloga.
Esta é a temperatura onde se está expressa em fração da temperatura de fusão
em graus Kelvin.
Por exemplo uma temperatura homóloga de 0,6 significa para o cobre, que tem
ponto de fusão de 1083ºC, um a valor de
Conformação
dos Metais
0,6 x (1083+273) = 814 K, ou (814 -273) = 541ºC

A tabela 2.1 mostra a temperatura homóloga de 0,6 para os metais comuns.

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2. A temperatura na conformação - as cores do aço

O aço ao ser aquecido adquire T (ºC)


diferentes cores, que indicam a Branco 1370
temperatura atingida.

Cores no tratamento térmico


Branco amarelado 1250
Amarelo 1090
Estas cores são devido a oxidação Alaranjado 970
superficial do aço sob influência do
Vermelho claro 810
calor. Quanto mais elevada a
Conformação
temperatura, ou quanto maior o tempo Vermelho cereja 750

dos Metais
de aquecimento, mais espessa será a Vermelho escuro 690
camada oxidada e mais acentuada Vermelho muito escuro 530
será a modificação da cor. Existem Preto 360
diferenças também entre ambientes
claros e ambientes escuros de Azul claro 300

Cores iniciais
maneira que os valores mostrados são Violeta 280
apenas muito aproximados (olho não Palha escuro 250
é pirômetro...).
Palha 220

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2. A temperatura na conformação - trabalho a quente

Trabalho

a frio a morno a quente


Acima de Th=0,6 o material se amacia
imediatamente após a deformação.
É comum se chamar esta temperatura de
Trabalhabilidade

temperatura de trabalho a quente ou


temperatura de recristalização, mas isto é
Conformaçãoapenas uma aproximação pois a recristalização
dos Metais depende também do tempo, conforme
mostrado na figura 2.2.

0 0,25 0,50 0,75 1,0


Temperatura homóloga
.

Figura 2.1: Facilidade de conformação Obs.: “Wrought” significa material já trabalhado e


(trabalhabilidade) como função da recristalizado (grão fino) e “cast” significa material
temperatura homóloga dos metais. fundido (grão grosso).

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2. A temperatura na conformação - recristalização

Percentagem recristalizada
Objetivos da recristalização:
Amaciamento
Conformação
• Recuperação de ductilidade
dos Metais
• Diminuição da energia necessária
para deformações subsequentes

Tempo (minutos)
Figura 2.2:Curvas de % recristalizada como função
do tempo e temperatura para aço.

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2. A temperatura na conformação - encruamento a frio

A estrutura do material trabalhado a frio, ou imediatamente após deformação a quente


antes da recristalização, fica modificada pela presença de defeitos lineares chamados
de “discordâncias”. Diz-se que o material está “encruado”.

Conformação
dos Metais

Figura 2.3: Metalografia de Fe-Si em três estágios da recristalização. As áreas


escuras estão encruadas e as areas claras estão recristalizadas.

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2. A temperatura na conformação - temperatura homóloga

Na tabela 2.1 estão listados os metais industriais principais, bem como suas
temperaturas de fusão. As temperaturas homólogas (0,6) são também mostradas. A
última coluna indica a estrutura na temperatura ambiente.
Nome Símbolo T fusão (°C) T fusão (K) 0,6T(K) T h=0,6(ºC) Estrutura
Alumínio Al 660 933 560 287 CFC
Antimônio Sb 630 903 542 269 ROM
Berílio Be 1350 1623 974 701 HEX
Cádmio Cd 320 593 356 83 HC
Chumbo Pb 327 600 360 87 CFC
Cobalto Co 1495 1768 1061 788 HC
Conformação
Cobre
Cromo
Cu
Cr
1083
1890
1356
2163
814
1298
541
1025
CFC
CCC
Tabela 2.1: dos Metais
Algumas propriedades Estanho
Ferro
Sn
Fe
232
1539
505
1812
303
1087
30
814
TETRA CC
CCC
físicas dos metais principais. Tabela Irídeo Ir 2454 2727 1636 1363 CFC
em ordem crescente do nome do Magnésio Mg 650 923 554 281 HEX
Manganês Mn 1245 1518 911 638 CUB
metal. Molibdênio Mo 2625 2898 1739 1466 CCC
Níquel Ni 1455 1728 1037 764 CFC
Noóbio Nb 2415 2688 1613 1340 CCC
Ouro Au 1063 1336 802 529 CFC
Platina Pt 1773 2046 1228 955 CFC
Prata Ag 960 1233 740 467 CFC
Silício Si 1430 1703 1022 749 CUB
Tântalo Ta 2996 3269 1961 1688 CCC
Titânio Ti 1820 2093 1256 983 HC
Tungstênio W 3410 3683 2210 1937 CCC
Vanádio V 1735 2008 1205 932 CCC
Zinco Zn 419 692 415 142 HC
Zircônio Zr 1750 2023 1214 941 HC

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2. A temperatura na conformação - temperatura homóloga

Aqui foi feita uma reordenação, de maneira que as temperaturas de fusão estão em
ordem decrescente. Note que as estruturas dos materiais de maior temperatura de
fusão são do tipo CCC enquanto que os CFC ocorrem no terço inferior da tabela.
Nome Símbolo T fusão (°C) T fusão (K) 0,6T(K) T h=0,6(ºC) Estrutura
Tungstênio W 3410 3683 2210 1937 CCC
Tântalo Ta 2996 3269 1961 1688 CCC
Molibdênio Mo 2625 2898 1739 1466 CCC
Irídeo Ir 2454 2727 1636 1363 CFC
Noóbio Nb 2415 2688 1613 1340 CCC
Cromo Cr 1890 2163 1298 1025 CCC
Conformação
Titânio
Platina
Ti
Pt
1820
1773
2093
2046
1256
1228
983
955
HC
CFC
Tabela 2.2: Algumas propriedades dos Metais
Zircônio
Vanádio
físicas dos metais principais. Tabela em
Zr
V
1750
1735
2023
2008
1214
1205
941
932
HC
CCC
Ferro Fe 1539 1812 1087 814 CCC
ordem decrescente da temperatura de Cobalto Co 1495 1768 1061 788 HC
Níquel Ni 1455 1728 1037 764 CFC
fusão do metal.
Silício Si 1430 1703 1022 749 CUB
Berílio Be 1350 1623 974 701 HEX
Manganês Mn 1245 1518 911 638 CUB
Cobre Cu 1083 1356 814 541 CFC
Ouro Au 1063 1336 802 529 CFC
Prata Ag 960 1233 740 467 CFC
Alumínio Al 660 933 560 287 CFC
Magnésio Mg 650 923 554 281 HEX
Antimônio Sb 630 903 542 269 ROM
Zinco Zn 419 692 415 142 HC
Chumbo Pb 327 600 360 87 CFC
Cádmio Cd 320 593 356 83 HC
Estanho Sn 232 505 303 30 TETRA CC

Conformação dos Metais, 19


2. A temperatura na conformação - temperatura homóloga

Já a figura 2.4 mostra estes mesmos valores, mas agora em forma de diagrama. É
curioso ver que os metais chumbo, cádmio e estanho, quando conformados na
temperatura ambiente, podem ser considerados que estão em regime de trabalho a
quente.
2000
Indústria
1800 especializada

1600
T trabalho a quente (°C)

1400 Conformação
Produtos Indústriais
1200 dos Metais comuns

1000

800

600
Produtos artesanais
400

200

0
W Ta Mo Ir Nb Cr Ti Pt Zr V Fe Co Ni Si Be Mn Cu Au Ag Al Mg Sb Zn Pb Cd Sn
Figura 2.4: A temperatura de trabalho a quente dos diversos metais de uso comum.

Conformação dos Metais, 20


2. A temperatura na conformação - diagrama Cu-Sn

Esta propriedade do estanho fez com


que a primeira liga metálica utilizada na
humanidade fosse o bronze. Note no
diagrama de fases dos bronzes, figura
2.5, que a temperatura de fusão do
cobre vai de 1083ºC para 232ºC a
medida que o teor de estanho aumenta.
Assim os bronzes da Conformação
antiguidade
(estanho até 15%) podiam ser
dos Metais
trabalhados a quente com mais
facilidade do que cobre puro. Hoje a
disponibilidade de estanho é limitada
(tabela 1.1) e as ligas de bronze são na
realidade ligas de Cu-Sn-Zn. Dentro da
região alfa no diagrama a dureza e a
resistência da liga aumentam com o
teor de Sn. Bronze de 15%Sn pode ser
trabalhado a frio para uma resistência Figura 2.5: Diagrama de fases Cu-Sn (bronzes).
de 80kgf/mm2.

Conformação dos Metais, 21


2. A temperatura na conformação - bronzes

Os bronzes modernos tem diversas utilidades, mas a industria naval é a grande


consumidora deste material, devido a excelente resistência à corrosão em água
salgada destes materiais.

Nome comum %Cu %Sn %Zn Forma usual


Bronze para moeda 95 3 2 Conformado a frio
Metal de canhão 88 8 4 Fundido
Metal "admiralty" 70 1 29 Trefilado
Bronze naval Conformação
62 1 37 Conformado, usinado
Solda "spelter" dos Metais
51 3 46 Fundido

Tabela 2.3: Bronzes modernos e seus usos.

Obs.: A adição de chumbo (existem ligas com o teor de Pb variando de 1 a 25%) aos
bronzes confere uma maior facilidade de usinagem e também uma maior resistência
ao desgaste. Assim estas ligas são muito comuns em casquilhos e outras peças de
contato metal-metal.

Conformação dos Metais, 22


2. A temperatura na conformação - diagrama Pb-Sn

Outro uso interessante do


estanho é na combinação com o
chumbo. Veja o diagrama de
fases na figura 2.6.
A liga de 62% de Sn tem baixa
temperatura de fusão, 183ºC, e é
muito usada para confeccionar
varetas de solda branca Conformação
(solda
eutética), mas a liga dos 50-50Metais
também é muito usada para
solda.
Note que a temperatura de fusão
da “solda branca” é mais baixa
do que o Sn puro de maneira que
este material é facilmente
trabalhado a quente na Figura 2.6: Diagrama de fases Pb-Sn (solda
temperatura ambiente. branca).

Conformação dos Metais, 23


2. A temperatura na conformação - diagrama Cu-Zn

As ligas de cobre com zinco são


chamadas de latões e o
diagrama de fases do Cu-Zn é
muito similar ao diagrama de
fases do Cu-Sn. Compare as
figura 2.7 com a figura 2.5. A
fase alfa é bem maiorConformação
indo
aproximadamente até 40% de
dos Metais
Zn. As ligas com teor de Zn em
torno de 25-35% são chamadas
de “latão amarelo”, podendo
conter de 1 a 3 % de Pb para
melhorar usinabilidade

Figura 2.7: Diagrama de fases Cu-Zn (latões).

Conformação dos Metais, 24


2. A temperatura na conformação - diagrama Cu-Al

Outros tipos de bronze são possíveis tais como os ao alumínio (figura 2.8), ou com
outros metais que estão abaixo do cobre na tabela 2.2, com a filosofia sempre de
abaixar a temperatura homóloga da liga e facilitar sua trabalhabilidade.

Conformação
dos Metais

Figura 2.8: Diagrama de fases Cu-Al.

Conformação dos Metais, 25


2. A temperatura na conformação - diagrama Al-Si
As ligas de alumínio surgiram só recentemente pois o processo de se produzir
alumínio é complicado (processo eletro-térmico) e depende da eletricidade, mas desde
a segunda guerra mundial já é o segundo metal mais produzido, só perdendo para o
ferro. Veja tabela 1.1.
Em função de sua estrutura, CFC, e baixo
ponto de fusão, 660ºC, o alumínio é muito
fácil de conformar, mas sua propriedade
de destaque é a baixa densidade
Conformação
(2,7g/cm3) e, além disto, só perde para o
cobre no que se refere dos Metais
a condutividade
elétrica, entre os metais comuns.
Designação Elemento de adição
1xxx nenhum
2xxx Cu
3xxx Mn
4xxx Si
5xxx Mg
6xxx Mg+Si
7xxx Zn

Tabela 2.4: Nomenclatura das ligas de alumínio. Figura 2.9: Diagrama de fases Al-Si.

Conformação dos Metais, 26


2. A temperatura na conformação - diagrama Fe-C
O último diagrama de fases a ser apresentado é o do Fe-C. Note que o carbono
também reduz o ponto de liquefação do ferro. Isto facilita a fabricação dos ferro
fundidos, mas a diminuição da temperatura homóloga para trabalho a quente não
pode ser tão bem aproveitado como nas ligas de cobre e alumínio devido a fragilidade
que aparece quanto o carbono é maior que 2%.

Conformação
dos Metais

Figura 2.10: Diagrama de


fases do ferro-carbono

Conformação dos Metais, 27


2. A temperatura na conformação - resumo temperatura de fusão

Conformação
dos Metais

Figura 2.11: Correlação entre temperatura de fusão e densidade.

Conformação dos Metais, 28


2. A temperatura na conformação - resumo ligas de cobre

LIGAS DE COBRE - RESUMO


GENERALIDADES PROPRIEDADES

• Dos primeiros metais usados • Excelente condutibilidade eléctrica


• 3-4 vezes mais caro que o Al e 6 -7 • Elevada condutibilidade térmica
vezes mais caro que o aço -carbono • Elevada resistência à corrosão
• Forma ligas c/ Sn, Zn, Al, Be, Ni, Si • Algumas ligas podem atingir
• Existem 3 grupos básicos de ligas resistência elevada
Conformação
•Latões: ligas Cu-Zn (existem
ainda os latões de chumbo, Cu -
• Resist específica inferior ao aço e Al
• Resist/custo inferior ao aço e Al
dos Metais
Zn-Pb, de estanho, Cu -Zn-Sn...
•Bronzes: ligas Cu-Sn (existem
ainda os bronzes de alumínio,
Cu-Al, de silício, Cu -Si, de berílio, APLICAÇÕES
Cu-Be)
•Cuproníqueis: ligas de Cu -Ni • 70-80% de uso no estado puro
• Coloração boa para arquitetura,
TRATAMENTOS decoração e joalharia
• A boa resistência à corrosão leva a
• Todas as ligas podem sofrer aplicações na indústria naval
encruamento • Tem as mais variadas aplicações
• Algumas ligas podem ser tratadas em todo o tipo de indústria..
por envelhecimento

Conformação dos Metais, 29


2. A temperatura na conformação - resumo ligas de alumínio

LIGAS DE ALUMÍNIO - RESUMO


GENERALIDADES PROPRIEDADES

• O alumínio é o metal mais • Baixa densidade (1/3 do aço)


abundante na crosta terrestre • Boacondut. térmica e eléctrica
• O seu processamento é caro, tendo • Elevada resistência específica
restringido a sua aplica
ção até • Grande ductilidade
meados do século, mas é um dos •Fácil usinagem, fundição,
Conformação
materiais mais usados atualmente
• Forma ligas com Mn, Cu, Mg, Si,
e processamento em
geral
dos Metais
Fe, Ni, Li,etc • Boaresistência à corrosão
•Algumas ligas possuem resistência • Custo moderado
mec â nica superior aos aços
estruturais APLICAÇÕES

TRATAMENTOS •Construção civil e arquitetura


•Embalagens
•Recozimentos • Aeronáutica e aeroespacial
• Endurecimentopor precipitação e • Indústrias automóvel, ferroviária e
envelhecimento, apenas em naval
algumas ligas • Condutoreselétricos altavoltagem
• Endurecimentopor deformação • Utensílios de cozinha
plástica a frio (encruamento) • Ferramentas portáteis

Conformação dos Metais, 30


2. A temperatura na conformação- resumo ligas de ferro

AÇOS AO CARBONO - RESUMO

Baixo Carbono Médio Carbono Alto Carbono


(%C < 0,3) (0,3 < %C < 0,6) (%C > 0,6 )

• Grande ductilidade Conformação


• Temperados erevenidos • Fáceis de trefilar e
• Bons para extenso atingem boas podem produzir arames
trabalho mec ânico edos Metais
tenacidade e resist ência de alta resist ência
para soldagem • Usados em parafusos, • Cabos, arames,
•Construçã o de pontes, engrenagens, bielas, filamentos, cordoalhas
edif í cios, navios, molas,etc
caldeiras, e pe ças de
grandes dimens õ es em
geral
• Não temper áveis

Conformação dos Metais, 31


2. A temperatura na conformação- nomenclatura dos aços
ABNT ou SAE Tipo de aço Principal
10xx Carbono (faixa Belgo de 0,03 a 0,92 %) C
11xx Carbono - ressulfurado S
12xx Carbono - ressulfurado - refosforado S-P
15xx Carbono-Manganês (0,85-1,65%) Mn
13xx Carbono-Manganês (1,6-1,9%) Mn
23xx Níquel (3,5%) Ni
25xx Níquel (5%) Ni
Ligados-para beneficiamento

31xx Níquel (1,25%) - cromo (0,65 - 0,80%) Ni-Cr


33xx Níquel (3,5%) - cromo (1,55%) Ni-Cr
40xx Molibdênio (0,25%) Mo
41xx
43xx
Conformação
Cromo (0,95%) - molibdênio (0,20%)
Níquel (1,8%) - cromo (0,50-0,80%) - molibdênio (0,25%)
Mo
Mo
46xx
48xx
dos Metais
Níquel (1,8%) - molibdênio (0,25%)
Níquel (3,5%) - molibdênio (0,25%)
Mo
Mo
50xx Cromo (0,30-0,60%) Cr
51xx Cromo (0,70-1,05%) - manganês (0,70-0,90%) Cr
50xxx Cromo (0,5%) - alto carbono (1%) Cr
51xxx Cromo (1,0%) - alto carbono (1%) Cr
52xxx Cromo (1,45%) - alto carbono (1%) Cr
61xx Cromo (0,8-0,95%) - vanádio (0,10-0,15%) Cr-V
86xx Níquel (0,55%) - cromo (0,50%) - molibdênio (0,20%) Ni-Cr-Mo
87xx Níquel (0,55%) - cromo (0,50%) - molibdênio (0,25%) Ni-Cr-Mo
92xx Silício (1,2-2,2%) - manganês (0,55%) ou cromo (0,55%) Si
93xx Níquel (3,25%) - cromo (1,20%) - molibdênio (0,12%) Ni-Cr-Mo
94xx Manganês (1%)-níquel (0,45%)-cromo (0,40%)-molibdênio(0,12%) Mn-Ni-Cr-Mo
97xx Níquel (1,8%) - cromo (0,50-0,80%) - molibdênio (0,25%) Ni-Cr-Mo
98xx Níquel (1,0%) - cromo (0,80%) - molibdênio (0,25%) Ni-Cr-Mo

Conformação dos Metais, 32


2. A temperatura na conformação – resumo T homóloga

• A temperatura homóloga Th é a temperatura do material, expressa em


fração da temperatura de fusão deste material (em graus Kelvin).

• Acima de Th=0,6 o material se amacia imediatamente após a deformação e


diz-se que o material está sendo “trabalhado a quente”.

• Chumbo, cádmio e estanho podem ser trabalhados a quente na temperatura


Conformação
ambiente.
dos Metais
• Outros metais, que têm temperatura homóloga mais alta, podem ter sua
trabalhabilidade melhorada através de ligas com outros metais de ponto de
fusão mais baixo.

Conformação dos Metais, 33


2. A temperatura na conformação - exercícios

1) Consulte uma enciclopédia ou a internet e complete a lista da tabela 2.1 com a


densidade de cada um dos metais. Ordene a lista e veja quais são os metais de
baixa densidade. Compare com a figura 2.11.
2) Calcule a temperatura de trabalho a quente para solda branca.

3) Utilize as equações de conversão de unidades de 1300

Conformação
1200
temperatura e desenhe um eixo em Fahrenheit e 1100
1063
outro em Kelvin ao lado do eixo Celsius mostrado
dos Metais
1000
960,8
900
ao lado. Os pontos marcados são aqueles da 800

“escala prática internacional”. Calcule as 700

Temperatura (ºC)
600
temperaturas ºF e K nestes pontos e marque nos 500
eixos novos. 400
444,6

300
200
100 100,0
0 0,0
-100
-200 -187,97

-273
-300

Conformação dos Metais, 34


3. Classificação dos processos

Os processos de conformação dos metais podem ser classificados de várias


maneiras: quanto a temperatura, quanto a forma, quanto a geometria da peça sendo
deformada, quanto a localização do processo na história do metal etc...
No capítulo 2 foi visto, por exemplo, que pode-se classificar o processo como sendo
feito a frio, a morno ou a quente. Já nas tabelas 3.1 até 3.3 pode-se ver uma
classificação dos processos, com relação a forma inicial do metal sendo deformado.
É de se notar que um dado processo hora pode ser feito de uma maneira ora de
Conformação
outra. Veja que a laminação pode ser feita a quente ou a morno. Assim a
dosnão
classificação dos processos Metais
pode ser vista de maneira rígida e dependendo das
condições ele pode ser feito dentro de uma classificação ou de outra.
Uma maneira muito usada é a classificação entre processo primário e secundário.
Primário é aquele processo inicial na história do material e ocorre logo após a
solidificação (fundição) da peça. Já o secundário é aquele que acontece logo após
uma deformação primária.
Na figura 1.5 a letra p indica processos primários (usualmente a quente) e a letra s
indica processos secundários (usualmente a frio).

Conformação dos Metais, 35


3. Classificação dos processos

Conformação
dos Metais

Tabela 3.1: Processos de deformação de volumes.

Conformação dos Metais, 36


3. Classificação dos processos

Conformação
dos Metais

Tabela 3.2: Processos de deformação de volumes (continuação).

Conformação dos Metais, 37


3. Classificação dos processos

Conformação
dos Metais

Tabela 3.3: Processos de deformação de chapas.

Conformação dos Metais, 38


3. Classificação dos processos

Os processos de conformação a serem estudados mais a frente serão então


colocados na seguinte classificação:

Processos primários:
Forjamento Extrusão Laminação
Conformação
dos Metais
Processos secundários:
Trefilação Laminação de tiras Estampagem

Conformação dos Metais, 39


3. Classificação dos processos - exercício

Classifique segundo a força preponderante no processo de conformação final (última


etapa da conformação) e se este processo é primário ou secundário:
a) Prego
b) Parafuso
c) Elo de corrente
d) Lata de cerveja Conformação
dos Metais
e) Roda de carro
f) Colher de sopa

Conformação dos Metais, 40


4. O ensaio de tração

O ensaio de tração:
O ensaio de tração é regulamentado no Brasil pela ABNT - Associação Brasileira de
Normas Técnicas NBR ISO 6892
As definições a serem apresentadas neste capítulo são aquelas recomendadas pela
norma, na revisão de 2002.

Conformação
Definição:
dos Metais
“O ensaio consiste em solicitar o corpo-de-prova (CP) com esforço de tração,
geralmente até a ruptura, com o propósito de se determinar uma ou mais das
propriedades mecânicas descrita a seguir.”

Conformação dos Metais, 41


4. O ensaio de tração - definições principais

Símbolo Unidade Designação


L0 mm Comprimento de medida original
Lu mm Comprimento de medida final (após ruptura)
LC mm Comprimento paralelo (entre garras ou seção reduzida)
Le mm Comprimento de medida extensométrico
2
So mm Área da seção transversal original
2
Su mm Área da menor seção transversal após ruptura
Z % Conformação
Redução percentual de área = 100 x (So-Su)/So
A % Alongamento percentual após ruptura = 100 x (L u-Lo)/Lo
dos Metais
Fm N Força máxima
2
ReH N/mm Tensão de escoamento superior
2
ReL N/mm Tensão de escoamento inferior
2
Rm N/mm Resistência à tração (Limite de resistência) = F m / So

Rp 2 Tensão convencional de alongamento não proporcional


N/mm
..(Limite de escoamento ou Limite elástico)
2
Obs.: 1 N/mm = 1 MPa

Tabela 4.1: Definições principais para corpo-de-prova redondo, de acordo com NBR ISO 6892.

Conformação dos Metais, 42


4. O ensaio de tração - a execução do teste

A execução do teste:
O corpo-de-prova, veja figura 4.1, é inserido em uma máquina de tração (figuras 4.2
e 4.3). O cabeçote da máquina move-se com velocidade constante tracionando o
CP. A célula de carga registra a força aplicada F. A extensão do sistema (CP+célula
de carga) é registrada pelo movimento do cabeçote.
F
A extensão do CP, ou alongamento, deve ser medida
Conformação
através de um aparelho chamado extensômetro, que fica
doso corpo-de-prova
colocado diretamente sobre Metais .

Muitas vezes o extensômetro é dispensado, quando se L L0


deseja apenas valores de resistência e ductilidade finais
(teste de tração simplificado, onde a deformação não é
medida). Aqui monta-se um gráfico do tipo mostrado na
figura 4.4. So
F
ALONGAMENTO = (L-Lo) = L Figura 4.1: Corpo-de-prova
para tração.

Conformação dos Metais, 43


4. O ensaio de tração - o extensômetro

A figura 4.2 mostra o ensaio de tração de maneira esquemática e a figura 4.3 mostra
um retrato de uma máquina de tração do tipo “mecânica com parafuso sem fim”. No
desenho esquemático a “mola” representa a célula de carga.

Cabeçote móvel

Conformação Célula de
Cabeçote móvel

dos Metais carga


Garra superior
CP

Garra inferior

Figura 4.2: Desenho esquemático do


ensaio de tração. Figura 4.3: Máquina de tração mecânica.

Conformação dos Metais, 44


4. O ensaio de tração - gráfico carga-alongamento

Na figura 4.4 nota-se uma parte reta (de 0 até 1) que se recupera, caso a carga
seja relaxada. Esta é chamada de parte elástica do ensaio e envolve tanto a
deformação elástica do CP quanto a deformação elástica da célula de carga.
A deformação da célula de carga geralmente é maior que a deformação do CP,
uma vez que o extensômetro não está sendo usado aqui.
F
Início da estricção
Conformação
F
2

dos Metais
m

Ruptura
Início da
deformaçáo plástica 3
1

Figura 4.4: Gráfico de carga F versus


alongamento L.

0 L

Conformação dos Metais, 45


4. O ensaio de tração - deformação localizada

Do ponto 1 em diante acontece, além da deformação elástica, uma deformação


plástica, ou seja, se a carga é relaxada irá acontecer uma deformação residual
(plástica).
No ponto 2, por exemplo, tem-se uma deformação total que é a soma do
alongamento elástico Le com o alongamento plástico Lp.
Do ponto 2 (carga máxima) em diante aparece um pescoço no corpo-de-prova a a
Conformação
deformação passa de uniforme para localizada. Esta deformação localizada
acelera o ensaio e o CP acaba se rompendo no ponto 3.
dos Metais
A região de 0 até 2 é uma região onde o material se deforma de maneira uniforme
e a região de 2 até a ruptura é uma região onde o material se deforma não-
uniformemente (deformação localizada).

Conformação dos Metais, 46


4. O ensaio de tração - limite de resistência

A tensão convencional no ponto de carga máxima, ponto 2 na figura 4.3, dividida


pela área original define um dos parâmetros de maior uso do ensaio de tração, que
éo
LIMITE DE RESISTÊNCIA: Rm = Fm / S0

Note entretanto que o ponto de início de escoamento plástico, ponto 1 na figura


4.3, é de difícil determinação e na prática coloca-se uma deformação de 0,2% para
Conformação
a definição do
dos Metais

LIMITE DE ESCOAMENTO: Rp0,2= F / S0 , para Lp / L0 de 0,2%

Obs.: O Limite de Escoamento, que é também chamado de Limite Elástico, ou


Tensão Convencional de Alongamento não Proporcional, só pode ser
determinado com o uso do extensômetro. O valor de Lp / L0 tem de ser indicado
na frente do símbolo Rp, podendo ser outro valor que não 0,2%.
Conformação dos Metais, 47
4. O ensaio de tração - gráfico de tensão versus deformação

Se um extensômetro for usado para a medição da deformação do CP (neste caso


a deformação da célula de carga não é considerada) um gráfico de TENSÃO
versus DEFORMAÇÃO pode ser desenhado. Veja figura 4.5.

s
TENSÃO CONVENCIONAL: 2
Rm
Força aplicada F
s= Conformação
= 3
Área original dos Metais
So Rp 1

DEFORMAÇÃO CONVENCIONAL:

Aumento de comprimento L
e= = ep ee
Comprimento original Lo
0 e
Figura 4.5: Gráfico de tensão versus
deformação (convencional ou de
engenharia).
Conformação dos Metais, 48
4. O ensaio de tração - regiões plástica e elástica
Deformação
Observações:
1) É importante atentar para o fato
de que se o material sofrer tração
Plástica além do limite elástico, haverá um
Limite elástico
novo limite elástico, caso seja
original
tracionado novamente.
2) A existência de uma região
Tensão [s ]

Novo limite elástico plástica é o que permite que os


Conformação metais sejam conformados em
dos Metais diferentes formatos definitivos.
3) Em condições de deformação
nos processos de conformação
comuns as tensões são mais
complicadas do que no ensaio de
Elástica tração, mas o princípio geral de
escoamento elástico seguido de
Deformação [e ] deformação plástica ainda se aplica.
4) Deformações não-uniformes
Figura 4.6: Regiões plástica e elástica no ensaio de tração. também devem ser evitadas nos
processos de conformação.

Conformação dos Metais, 49


• Uma tensão de tração deve ser aplicada ao longo do eixo re
4. O ensaio de tração - tensão ededeformação
comprimento verdadeiras
um bastão cilíndrico de latão, que possui um diâm
mm. Determine a magnitude da carga exigida para produzir uma al
Se as áreas instantâneas forem usadas no lugar da área original do CP,
define-se: 2,5 x 10-3 mm no diâmetro. A deformação é puramente elástica
dS0
Dados: o

TENSÃO VERDADEIRA: dSii


d = 10 mm = 10-2 m
 = F/Si
d = 2,5 x 10-3 mm
Conformação
z
dos Metais
DEFORMAÇÃO VERDADEIRA:
z = l / l0 = (li - l0) / l0 li l0
 = ln(1+e) = ln (So/Si) = 2. ln (Do/Di)

x = d / d0 = (di - d0) / d0
Note que

 = F/Si = s(1+e)

Conformação dos Metais, 50


4. O ensaio de tração - unidades de medida

Para converter de
Grandeza Unidade Internacional Unidade prática Prática para internacional

Força Newton (N) Quilograma força (kgf) x 9,87

Área Metro quadrado (m2 ) Milímetro quadrado (mm2 ) x 0,000001

Tensão Mega Pascal (MPa) kgf/mm2 x 9,87


Conformação
Tensão Mega Pascaldos
(MPa)Metais kpsi x 6,9

Observações:
Pascal = N/m2
Libras por polegada quadrada = psi
kpsi = 1000 x psi

Tabela 4.2: Fatores para conversão entre as unidades de medida principais.

Conformação dos Metais, 51


4. O ensaio de tração - medidas de ductilidade

Além da medição da resistência dos materiais, o ensaio de tração fornece também


informação sobre a ductilidade, que é a “capacidade do material de sofrer
deformação plástica”.
As duas medidas de ductilidade principais são:

ALONGAMENTO:

Conformação
A(%)=100 x (Lu -L0)/L

Tensão
0

dos Metais
REDUÇÃO DE ÁREA: E=inclinação
Alongamento
Z(%)= 100 x (So -Su)/S0
Deformação

Figura 4.8: Curva de tensão-deformação, onde se


Note que : mostra o alongamento e o módulo de Young E.

A total = Auniforme + Alocalizado

Conformação dos Metais, 52


4. O ensaio de tração - frágil versus dúctil

Materiais frágeis são aqueles que têm deformação plástica menor do que 5%
(aproximadamente), ou seja o alongamento é menor do que 5%

Frágil
A estricção do material frágil (B)
Dúctil
também é muito menor do que a
Tensão

Conformação estricção do material dúctil (B´).


dos Metais Se B´chegar a cair para zero diz-se
que o material é “super-plástico”.

5%
Deformação
Figura 4.9: Comparação entre material dúctil e material frágil.

Conformação dos Metais, 53


4. O ensaio de tração- frágil versus dúctil

Exemplo.

Conformação
dos Metais

Figura 4.10: Aspecto de dois corpos de prova após ensaio de tração. O CP da esquerda é de
material frágil e o CP da direita é de material dúctil. Note a diferença na estricção e também no
alongamento.

Conformação dos Metais, 54


4. O ensaio de tração - tração versus compresão

Comparação de valores entre deformação convencional e deformação verdadeira.

a) TRAÇÃO b) COMPRESSÃO
L0=10 L0=10
Li l e l/lo e(%)  =ln(1+e) Li l e l/lo e(%)  =ln(1+e)
11 1 0,10 10 0,095 9,5 -0,5 -0,05 -5 -0,051
12 2 0,20 20 0,182 9,0 -1,0 -0,10 -10 -0,105
13 3 0,30 Conformação
30 0,262 8,5 -1,5 -0,15 -15 -0,163
14 4 0,40 40 0,336 8,0 -2,0 -0,20 -20 -0,223
15 5 0,50 dos Metais
50 0,405 7,5 -2,5 -0,25 -25 -0,288
16 6 0,60 60 0,470 7,0 -3,0 -0,30 -30 -0,357
17 7 0,70 70 0,531 6,5 -3,5 -0,35 -35 -0,431
18 8 0,80 80 0,588 6,0 -4,0 -0,40 -40 -0,511
19 9 0,90 90 0,642 5,5 -4,5 -0,45 -45 -0,598
20 10 1,00 100 0,693 5,0 -5,0 -0,50 -50 -0,693

Tabela 4.2: Comparação entre os valores de deformação convencional e deformação verdadeira para
dois casos: a) tração e b) compressão.

Conformação dos Metais, 55


4. O ensaio de tração - curvas reais

500
Figura 4.11: Ensaio de
tração, com extensômetro, 400

Tensão (MPa)
de um aço baixo carbono. 300

L0=50mm 200

100

0
0 5 10 15 20 25 30 35

Conformação Deformação (% )

dos Metais
500
Figura 4.12: Ensaio de
tração, sem extensômetro, 400
Tensão (MPa)

de um aço baixo carbono. 300


L0=75mm 200

100

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deformação (% )

Conformação dos Metais, 56


4. O ensaio de tração - exercício

1) Use a figura 4.10 e calcule a redução de área ocorrida no ensaio da direita.


2) Use a figura 4.12 e calcule o limite de resistência Rm
3) Use a figura 4.11 e calcule o limite de escoamento Rp à 1% de deformação
4) Use a figura 4.12 e calcule os alongamentos A total , Auniforme , Alocalizado

Conformação
5) Na figura abaixo coloque as equações para Rm, E, A e Z.
dos Metais

Conformação dos Metais, 57


5. Propriedades mecânicas dos metais

Ensaios de tração, na temperatura ambiente, de vários materiais de uso comum estão


mostrados nas figuras 5.1 e 5.2.
1260

1120
140

120 980
Resfriamento rápido
100
Conformação 840
Rm (kgf/mm2)

Tensão (MPa)
80

60 dos Metais 700

40 560

20 Resfriamento lento
420
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 280
Carbono (%)

140

Deformação verdadeira

Figura 5.1: a) Rm de aço ao carbono b) Comportamento sob tração de vários materiais comuns.

Conformação dos Metais, 58


5. Propriedades mecânicas dos metais

Aço alto carbono trefilado.

Aço temperado e revenido.


Tensão (MPa)

Conformação
Aço alto carbono patenteado.
dos Metais
Aço baixo carbono trefilado.

Aço baixo carbono recozido.

Alongamento (%)

Figura 5.2: Comportamento sob tração de arames de aço após tratamentos diversos.

Conformação dos Metais, 59


Propriedades Mecânicas x Temperatura
5. Propriedades mecânicas dos metais - efeito do aquecimento
A temperatura é uma variável que influencia as propriedades mecânicas
Com o aumento da temperatura a tensão de escoamento cai rapidamente,
dos materiais.
conforme ilustrado na figura 5.3. Isto então facilita a conformação a quente.
O aumento da temperatura provoca:
 Módulo de Elasticidade
Baixa temperatura
 Força de
Tensão de escoamento (MPa)

 ductibilidade
Conformação Alta temperatura

Tensão
dos Metais

Deformação

Figura 5.3: Variação do escoamento com a Figura 5.4: Curvas de tração esquemáticas
temperatura homóloga. Taxa de deformação de 1/s. a baixa e alta temperaturas.

Conformação dos Metais, 60


5. Propriedades mecânicas dos metais - efeito do aquecimento

Uma temperatura baixa trás também uma perda de ductilidade com conseqüente
aparecimento de defeitos na peça sendo trabalhada. Veja exemplo na figura 5.5.

Conformação
dos Metais
Figura 5.5: Vista de cima de peças após estampagem
(recalque) em várias temperaturas de um material
contendo tungstênio-nióbio.

Conformação dos Metais, 61


5. Propriedades mecânicas dos metais - efeito do aquecimento

Note que o módulo elástico também diminui com a temperatura, e


consequentemente o material fica menos resiliente.

Conformação
Módulo elástico (GPa)

dos Metais

Temperatura (°C)

Figura 5.6: Variação do módulo elástico com a temperatura.

Conformação dos Metais, 62


5. Propriedades mecânicas dos metais

Outro parâmetro importante é a velocidade de deformação, que atua em sentido


contrário à temperatura: um aumento da velocidade de deformação é equivalente
a um abaixamento de temperatura.

V alta
T baixa

V baixa
Conformação
dos Metais

Tensão
V alta

V baixa T alta

Deformação

Figura 5.7: Influência da temperatura e


da velocidade de deformação

Conformação dos Metais, 63


5. Propriedades mecânicas dos metais

Para uma dada temperatura, a tensão de escoamento varia com a velocidade de


deformação de acordo com a equação abaixo. O parâmetro m é o cstvd (“coeficiente
de sensibilidade da tensão à velocidade de deformação”).

= K vm
O valor de m pode ser calculado fazendo-se mudanças de velocidades (v1 para v2)
durante o teste de tração eConformação
medindo-se a variação da tensão de 1 para 2
dos Metais
m = log(s2/s1)/log(v2/v1)

O valor de m na temperatura ambiente é da ordem de 0,01 para o caso dos aços.

Quando o material passa pela temperatura de fragilidade ao azul (deformação na


região de estricção quase nula) m cai para zero.

Em condições de superplasticidade m aumenta para valores na faixa 0,3-1,0

Conformação dos Metais, 64


5. Propriedades mecânicas dos metais

Os processos de conformação mecânica têm velocidades variadas e normalmente


muito mais altas do que aquelas obtidas nos testes de tração comuns. Alguns
valores de referência estão indicados na Tabela 5.1

Processo 1/s
Teste de tração 0,002
Prensa hidráulica 50
Conformação
Trefilação de tubos 100
dos Metais
Estampagem profunda 100
Laminação de chapas finas 500
Forjamento 5000
Trefilação fina 10000
Forjamento pneumático 40000
Conformação com explosivos 60000

Tabela 5.1: Velocidade de deformação (média) de diversos processos

Conformação dos Metais, 65


5. Propriedades mecânicas dos metais - exercícios

1) Construa uma tabela ordenada das tensões para deformar (= 0,2) os metais
listados na figura 5.1.
2) Qual deve ser o processo de conformação que requer mais energia para reduzir
na temperatura ambiente um cilindro em 50% na sua altura: prensa hidráulica
ou forjamento pneumático? (veja também os apêndices 1 e 2).
3) Para o caso do exercício anterior, qual será a tensão de escoamento do
Conformação
material sendo conformado no forjamento pneumático se a tensão de
escoamento do material em questão for de 1000MPa na prensa hidráulica
(considere m=0,01)?
dos Metais

Conformação dos Metais, 66


6. Forjamento

Forjamento é o nome genérico de operações de conformação mecânica efetuadas


com esforço de compressão sobre um material dúctil, de tal modo que o material
tende a assumir o contorno ou perfil da ferramenta de trabalho. Historicamente é
considerado o processo de conformação mais antigo tanto a frio (joalheria), quanto a
quente (espadas, ferraduras).
As ferramentas são em geral denominadas de matrizes ou estampas. Veja as figuras
6.1 e 6.2 onde se ilustra forjamento em matriz aberta.
Conformação
dos Metais

Matriz superior
Figura 6.1: Um forjamento em
matriz aberta (recalque). Peça forjada
Matriz inferior

Conformação dos Metais, 67


6. Forjamento

Normalmente a matriz inferior é fixa e a superior acionada através de um martelete


hidráulico ou mecânico. O material de confecção das matrizes deve ser resistente à
altas temperaturas e à abrasão, sendo fabricados de “aços ferramenta”, mas mesmo
assim o desgaste das matrizes é ponto de desvantagem do processo de conformação
a quente.

Conformação
dossuperior
Matriz Metais Matriz superior

Tarugo Peça forjada

Matriz inferior Matriz inferior

Figura 6.2: Um forjamento em matriz aberta (recalque), onde o perfil das matrizes é
diferente, gerando peça final de forma controlada.

Conformação dos Metais, 68


6. Forjamento

A maioria das operações de forjamento é realizada a quente, utilizando-se os valores


práticos indicados na Tabela 6.1, mas um ramo grande da industria utiliza o forjamento
a frio para a produção de fixadores (parafusos, porcas, pregos, prisioneiros, etc...).
Várias outras peças da indústria automobilística são também forjadas a frio.

Conformação
Material Faixa de temperatura (ºC)
Ligas de alumínio 400-550
dos
Ligas de magnésio
Metais 250-350
Ligas de cobre 600-900
Aço carbono 850-1150
Aço inox 1100-1250
Ligas de titânio 700-950
Ligas de tungstênio 1200-1300
Tabela 6.1: Faixas de temperaturas práticas para o forjamento a
quente de diveras ligas . Compare com os valores dos metais
puros listados na Tabela 2.1.

Conformação dos Metais, 69


6. Forjamento

Seqüência de operações em forjamento a quente:


1. Preparação da matéria prima através de limpeza.
2. Aquecimento da matéria prima em forno de temperatura controlada.
3. Descarepamento, quando necessário (aço carbono).
4. Pre-aquecimento e lubrificação das matrizes.
Conformação
5. Forjamento para o formato desejado.
dos Metais
6. Remoção do material excessivo (rebarbas).
7. Limpeza.
8.Conferência das dimensões
9. Desempeno (quando necessário)
10. Liberação para usinagem ou tratamento térmico.

Conformação dos Metais, 70


6. Forjamento

A seguir serão mostrados alguns tipos de forjamento usados industrialmente:

Estiramento:

Conformação
dos Metais
Matriz superior Matriz superior

Matriz inferior Matriz inferior

Figura 6.3: operação de estiramento. O movimento da


peça trabalhada é feito manualmente.

Conformação dos Metais, 71


6. Forjamento

Encalcamento:
.

Matriz superior

Tarugo
Matriz inferior

Conformação
Tarugo
dos Metais

Matriz superior
Tarugo

Matriz inferior Peça pronta

Figura 6.4: Encalcamento. A peça sendo trabalhada


pode ser girada no seu eixo longitudinal.

Conformação dos Metais, 72


6. Forjamento

Rolamento: . .

Matriz superior

Matriz inferior

Conformação
dos Metais .
.

Matriz superior

Matriz inferior

Figura 6.5: Rolamento. A peça sendo trabalhada pode


ser girada no seu eixo longitudinal.

Conformação dos Metais, 73


6. Forjamento

Cunhagem:

c
Matriz superior Matriz superior
Conformação
Peça pronta
dos Metais

Matriz inferior Matriz inferior

Figura 6.6: As matrizes contêm o relevo negativo da moeda.

Conformação dos Metais, 74


6. Forjamento

Caldeamento: . .
Fabricação de elo de corrente

Conformação
.
dos Metais .

Figura 6.7: O caldeamento necessita do preaquecimento das pontas, ou


aquecimento através de matrizes condutoras de eletricidade.

Conformação dos Metais, 75


6. Forjamento

Recalque:

.
Matriz superior
Matriz superior
Conformação Peça pronta
Tarugo
dos Metais Matriz inferior
Matriz inferior

Figura 6.8: O recalque em geral produz barrilamento, mostrado na figura da direita.

Conformação dos Metais, 76


6. Forjamento

Forjamento em matriz fechada:


Neste tipo de forjamento é usual que se deixe um orifício de escape do material
que fica em excesso. O material em excesso (rebarba) precisa então ser removido
em uma etapa posterior, chamada de rebarbamento.

.
Conformação Estampo
.

dos Metais
Estampo

Peça forjada
Peça bruta
Matriz inferior
Matriz inferior

Figura 6.9: Forjamento em matriz fechada. Neste caso um orifício de escape,


ou cálculo exato de enchimento, é necessário.

Conformação dos Metais, 77


6. Forjamento

De um modo geral, todos os materiais conformáveis podem ser forjados. Os mais


comuns são os aços, ligas de alumínio, de cobre (especialmente os latões), de
magnésio, de níquel (indústria aeroespacial) e de titânio.
O material de partida é geralmente fundido ou, mais comumente, laminado
(condição preferível pois possui estrutura mais homogênea).
Peças forjadas com peso não superior a 2/3 quilos são normalmente produzidas a
Conformação
partir de barras ou fio-máquina. As de peso maior são produzidas a partir de
tarugos ou chapas grossas.dos Exemplos
Metais corriqueiros são: chave-de-boca, alicates,
tesouras, tenazes, facas, instrumentos cirúrgicos. Veja figura 6.10.

Conformação dos Metais, 78


6. Forjamento - exemplos

Conformação
dos Metais

Figura 6.10: Exemplo de peças forjadas: engrenagem, coroa, pinhão, satélite, planetária, eixo, copo,
luva, cubo, anel, garfo, braço, alavanca, manga, cruzeta, flange, suporte, porca, terminal, olhal, etc...

Conformação dos Metais, 79


6. Forjamento

Parafuso estampado a frio:


A partir de um taruguinho cortado de ARAME, estampa-se a cabeça. Posteriormente
esta peça sofre mais três operações nas máquina sextavadeira, chanfradeira e
rosqueadeira. Veja desenho abaixo:
Estampagem a frio (maq. dupla-ação)

Conformação Sextavado Chanfrado Roscado


dos Metais

Figura 6.11: estampagem a frio de parafusos pelo método tradicional.

Conformação dos Metais, 80


6. Forjamento

Parafuso estampado a frio:


Algumas empresas possuem máquinas “bolt maker’ que executam todas as operações
anteriores em um máquina só, a partir de um taruguinho cortado de FIO-MÁQUINA.

Estampagem a frio – prensa 4 estágios + chanfro + rosca

Conformação
dos Metais

a
.

Figura 6.12: Estampagem a frio de parafusos utilizando-se “bolt maker”.

Conformação dos Metais, 81


6. Forjamento - teste do anel

Utilizado para medição do coeficiente de atrito entre matriz e peça, bem como para
escolha da melhor substância lubrificante.
Um anel, conforme mostrado na figura 6.13 a, é recalcado e então a variação do
diâmetro interno é medida. O coeficiente de atrito é calculado com o uso da curva de
calibração mostrada na figura 6.14. Pode ser usado a quente ou a frio.

Conformação
dos Metais

a) b) c) d)

Figura 6.13: Anel original e peças após recalque 50% na altura.


a) Anel original b) Atrito baixo. c) Atrito médio. d) Atrito alto.

Conformação dos Metais, 82


6. Forjamento - teste do anel

Decréscimo no diâmetro interno (%)


Os números são
valores de coeficiente
de atrito .

Conformação
dos Metais

Deformação (%)

Figura 6.14: Curva de calibração para o teste do anel. Anel original com as dimensões seguinte:
Diâmetro externo: 0,75” Diâmetro interno: 0,375” - Altura: 0,25”

Conformação dos Metais, 83


6. Forjamento

Defeitos mais comuns:


a. Barrilamento
Barrilamento, ou engordamento, é defeito de forma resultante do atrito na interface
matriz-matéria prima. Veja ilustração na figura 6.3.

Conformação
dos Metais Atrito

Peça Barrilamento

Figura 6.15: O efeito do barrilamento.

Conformação dos Metais, 84


6. Forjamento

Defeitos mais comuns:


b. Trincamento
Em função do aumento do diâmetro externo, existente uma tendência de aparecerem
trincas ao longo do perímetro da peça. Estas trincas podem ser a 45º (falta de
ductilidade do material para suportar tal deformação) ou 90º (riscos, dobras ou trincas
pré-existentes na matéria prima que são alargadas). Veja também figura 5.4.
Conformação
dos Metais Atrito

Peça Barrilamento

Trincamento

Figura 6.16: Trincamento na região de maior tensão (perímetro).

Conformação dos Metais, 85


6. Forjamento

Defeitos mais comuns:


c. Trinca interna
Materiais trabalhados a frio, com baixa ductilidade e com defeitos centrais na matéria
prima (rechupe, segregação, porosidade central ou inclusões), quando trabalhados
com lubrificação excessiva podem apresentar trincas centrais devido a combinação
de esforços demonstrada pelo teste do anel com baixo coeficiente de atrito, onde o
Conformação
buraco central tende a abrir.
dos Metais

Trinca central

Figura 6.17: Trinca central

Conformação dos Metais, 86


6. Forjamento

Defeitos mais comuns:


d. Flambagem
Podem aparecer em diversos pontos na peça sendo trabalhada em função de
excesso de material nos relevos das matrizes ou devido a flambagem dentro das
matrizes.

Conformação
dos Metais Flambagem Dobras

Figura 6.18: Formação de dobras devido a flambagem dentro da matriz.

Conformação dos Metais, 87


6. Forjamento

Defeitos mais comuns:


d. Cicatriz
Pode aparecer em diversos pontos na peça sendo trabalhada em função de
geometria com mudança brusca de curvatura.

Conformação
dos Metais

Figura 6.19: Formação de “cicatriz” em cabeça de parafuso.

Conformação dos Metais, 88


6. Forjamento

Muitas vezes uma dada peça pode ser fundida ou forjada. As propriedades finais
entretanto não são as mesmas e a tabela 6.2 mostra as diferenças principais entre
os dois métodos de fabricação. Normalmente as melhores propriedades mecânicas
das peças forjadas compensa o seu custo mais alto, principalmente se o uso final da
peça exige maior responsabilidade.

Conformação
Forjamento Fundição
dos Metais
Boas propriedades mecânicas Peças grandes e complexas
Vantagens Evita-se metal líquido Facilidade de projeto
Repetibilidade Alta produtividade

Defeitos (trinca, dobra, barril) Defeitos (porosidade, rechupe, óxidos)


Desvantagens Custo alto Temperatura alta
Passes múltiplos Periculosidade

Tabela 6.2: Comparação com a fundição de peças.

Conformação dos Metais, 89


6. Forjamento - exercícios

1) Use a figura 6.14 para estimar os valores do coeficiente de atrito durante a


deformação de cada um dos anéis b,c, d da figura 6.13.
2) Se no processo de forjamento de uma medalha está acontecendo barrilamento
excessivo, quais são as sugestões que podem ser dadas para diminuir este
fenômeno?
3) Quais são as vantagens de se fabricar um parafuso no processo de
Conformação
conformação a frio (fig. 6.12) em relação a um parafuso usinado?
dos Metais

Conformação dos Metais, 90


7. Extrusão

Extrusão
É um processo de compressão indireta, que pode ser realizado a quente ou a frio, no
qual um metal é forçado a fluir através de uma matriz aberta, de modo a produzir
barras, tubos ou os mais variados perfis, ou seja, produtos com seção transversal
idêntica em todo o seu comprimento.

O esforço de compressão é exercido por meio


de um êmbolo que empurra o metal contra uma
Conformação Matéria prima
matriz que possui um orifício com a forma do
dosAMetais
perfil que se deseja fabricar. tensão aplicada, Matriz
portanto, tem que superar em muito a tensão
de escoamento do metal, para permitir um fluxo
regular e contínuo de produto através da
matriz.
O comprimento do produto extrudado é Cilindro
limitado, no entanto, pela diferença entre os
volumes do tarugo e do refugo que sobra no Figura 7.1: O processo de extrusão
cilindro.

Conformação dos Metais, 91


7. Extrusão

A figura 7.2 mostra alguns exemplos de peças extrudadas. É de se notar que o perfil
das peças é constante ao longo do seu comprimento e que este perfil é dado pelo
oriifício pelo qual a matéria-prima foi obrigada a passar.

Conformação
Figura 7.2: Exemplos de
peças extrudadas. dos Metais

Conformação dos Metais, 92


7. Extrusão

Normalmente a extrusão é usada para produzir barras cilíndricas ou tubos vazados,


mas podem ser produzidas seções transversais de forma irregular nos metais mais
facilmente extrudáveis como o alumínio. Devido às grandes forças necessárias para a
extrusão a maioria dos metais é extrudada a quente. As forças de reação do tarugo
com o cilindro e com a matriz resultam em tensões compressivas elevadas, as quais
são efetivas na redução do trincamento do material durante a redução primária do
tarugo. Essa é uma razão muito importante para o aumento da utilização da extrusão
na transformação mecânica dos metais de difícil conformação como os aços
inoxidáveis, ligas à base de níquel, e outros materiais para baixas temperaturas.
Conformação
Os dois tipos básicos de extrusão são a extrusão direta e a extrusão indireta (também
dos Metais
chamada de extrusão invertida ou reversa).
A figura 7.3 ilustra o processo de extrusão direta. O tarugo de metal é colocado num
cilindro e pressionado através de uma matriz por um êmbolo.
Matriz
Força (êmbolo)
Produto
Figura 7.3: Extrusão direta
a) sem lubrificante, b) com lubrificante Produto
(geralmente vidro moído). Força (êmbolo)
Matriz

Conformação dos Metais, 93


7. Extrusão

A figura 7.4. ilustra o processo de extrusão indireta. Um êmbolo vazado conduz a


matriz, enquanto no outro extremo do cilindro é fechado com uma placa (anteparo).
Freqüentemente, para a extrusão indireta, o êmbolo é mantido estacionário, e o
cilindro com o tarugo faz o movimento. Por causa disso, na extrusão indireta não há
um movimento relativo entre as paredes do recipiente e o tarugo, e com isso as forças
de atrito são menores e a potência necessária para a extrusão indireta é menor do que
para a extrusao direta. Entretanto, existem limitações práticas para a extrusão indireta
devido à necessidade de se usar um êmbolo vazado limitando a carga que pode ser
aplicada.
Conformação
dos Metais
A matriz fica no êmbolo
Cilindro
Força
Figura 7.4.: Extrusão indireta Produto
Anteparo
Força
.
Cilindro
Cilindro

Conformação dos Metais, 94


7. Extrusão

A extrusão foi originalmente aplicada para a produção de tubos de chumbo (ano de


1800, durante a revolução industrial na Europa) e, mais tarde, para capas de chumbo.
A figura 7.5 ilustra a extrusão de capas de chumbo em cabos elétricos. Este é um tipo
de extrusão lateral.

Êmbolo
Conformação
dos Metais Placa intermediária

Produto

Matriz
Cilindro

Figura 7.5: Extrusão de capas de Figura 7.6: Extrusão lateral.


chumbo para cabos

Conformação dos Metais, 95


7. Extrusão

Outra possibilidade interessante deste processo é a fabricação de tubos sem costura.


Este processo está esquematizado na figura 7.7. A primeira parte do processo é
chamada de mandrilamento e a segunda é a extrusão propriamente dita.

Conformação
Figura 7.7: Produção de tubos dos Metais
sem costura

Conformação dos Metais, 96


7. Extrusão

Existem outras maneiras de fazer mandrilamento, sendo que o processo Mannesmann


é utilizado aqui em Minas.

Conformação
dos Metais
Figura 7.8: Produção de tubos sem
costura através de laminação.
a) Laminador Mannesmann
b) Laminador - mandrilador
c) Laminador “piercing”
d) Retificadora -polidora

Conformação dos Metais, 97


7. Extrusão

As principais variáveis que influenciam a força necessária para fazer a extrusão são:
(1) o tipo de extrusão (direta ou indireta), (2) A deformação verdadeira entre entrada e
saída, (3) a temperatura de trabalho, (4) a velocidade de deformação (5) as condições
de atrito entre material e cilindro.
Na figura 7.9, a pressão de extrusão está colocada num gráfico em função do percurso
da êmbolo para a extrusão direta e a indireta. A pressão de extrusão é a força de
extrusão dividida pela área da seção transversal do tarugo. A subida rápida na pressão
durante o percurso inicialConformação
do êmbolo é devido à compressão inicial do tango para
preencher o cilindro de extrusão.
dos Para a extrusão direta o metal começa a escoar
Metais
através da matriz no valor máximo da pressão, a “pressão de rompimento”.
Conforme o tarugo é extrudado através da matriz, a pressão necessária para manter o
escoamento diminui com a redução do comprimento do tarugo no cilindro.
Para a extrusão indireta, não há movimento relativo entre o tarugo e as paredes do
cilindro e, além disso, a pressão de extrusão é aproximadamente constante com o
aumento do percurso do êmbolo e representa a tensão necessária para deformar o
metal através da matriz.

Conformação dos Metais, 98


7. Extrusão

No final da extrusão a tensão sobe rapidamente e o processo deve ser interrompido,


com resto de matéria-prima dentro do cilindro.

Pressão de extrusão (t/mm²)


Conformação
dos Metais

Percurso do êmbolo (mm)

Figura 7.9: Curvas típicas de pressão de extrusão em função


do percurso do êmbolo para extrusão direta e indireta.

Conformação dos Metais, 99


7. Extrusão

A pressão de extrusão está diretamente relacionada com a deformação


verdadeira de acordo com a seguinte equação:

P = k ln (Ao/Af)
onde k é a “constante de extrusão”, um fator que engloba a tensão de
escoamento do material, o atrito entre matriz e peça e a deformação heterogênea.
Note que com a deformaçãoConformação
a quente existe uma diminuição da tensão de
escoamento (figura 5.2) edos
portanto a pressão diminui. Assim a maioria dos metais
Metais
é extrudada a quente.
Para aço as pressões de extrusão a quente são da ordem de 80 a 130 kgf/mm2

Figura 7.10: Variáveis na extrusão:


P=pressão de extrusão
A0 = Área inicial
Af = área final
 = semi-ângulo da matriz

Conformação dos Metais, 100


7. Extrusão

A figura 7.11 mostra valores de k para diversas situações. Os valores de k podem


ser usados na equação P = k ln (Ao/Af) para cálculos de pressão de extrusão.

Conformação
dos Metais

Figura 7.11: Valor de k para vários metais e temperaturas

Conformação dos Metais, 101


7. Extrusão

Defeitos mais comuns:


a. Defeito de extrusão
Em função da diferença de velocidade entre centro e periferia podem surgir óxidos
internos ou buraco central na parte final. Este tipo de defeito é inerente ao processo
e um descarte de pontas é necessário.

Conformação
dos Metais

a) b)

Figura 7.12:. Defeito de extrusão em chumbo. a) Parte final da peça. b) seção transversal da parte
final mostrando a extensão do buraco.

Conformação dos Metais, 102


7. Extrusão

Defeitos mais comuns:


b. Ruptura central
Semi-ângulo da matriz grande, associado com redução de área pequena, podem
gerar rupturas centrais, conforme ilustrado. Este defeito será estudo com mais
detalhe no capítulo da trefilação.

Conformação
dos Metais

Figura 7.13: Rupturas centrais na peça e quebra no formato copo-e-cone.

Conformação dos Metais, 103


7. Extrusão

Defeitos mais comuns:


c. Defeitos superficiais
Material não deformado, ou com fluxo restringido, devido a deficiência de lubrificação,
baixa temperatura ou matriz com canto vivo. O resultado da situação c) é um defeito
de extrusão forte ou defeitos superficiais.

Conformação
dos Metais

Figura 7.14: Da esquerda para a direita a matéria-prima foi restringida no canto da matriz, devido
falha de lubrificação. Elementos perto do cilindro sofrem deformação cisalhante forte, que
requerem uma energia extra, chamada de “trabalho redundante”. O cisalhamento pode cortar o
metal sendo extrudado gerando defeitos superficiais.

Conformação dos Metais, 104


7. Extrusão

Resumo dos defeitos mais comuns:

Conformação
dos Metais

(a) (b) (c)

Figura 7.15: a) ruptura central (interno) b) defeito de extrusão (buraco central no final) c) trincas superficiais

Conformação dos Metais, 105


7. Extrusão - exercícios

Em uma extrusão de10,0mm para 8,5mm, calcule:


a) Redução de área no passe
b) Leia os valores de k para aço comum e cobre a 800°C da figura 7.11
c) Calcule a pressão de extrusão P = k ln (Ao/Af) deste dois metais a 800°C .

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 106


8. Trefilação

Trefilação
O processo de trefilação ocorre pelo tracionamento de fio-máquina, barra ou tubo
através de uma matriz, denominada fieira. Como a seção transversal do orifício da
fieira é sempre menor que a da peça trabalhada, o processo ocasiona uma redução de
área e um aumento no comprimento do material sendo trabalhado.
A finalidade do processo de trefilação é a obtenção de um produto final com
dimensões, acabamento Conformação
superficial e propriedades mecânicas controladas, chamado
de ARAME. dos Metais
A trefilação é um dos processos mais antigos de conformação de metais, perdendo
em antigüidade apenas para o forjamento. Enquanto que existe até uma referência na
Bíblia sobre arames de ouro (Livro do Êxodo, capítulo 39, “...cortou umas folhas de
ouro, que reduziu a fios muito delgados...”), na realidade a trefilação só aparece cerca
de 1300 DC, para fabricação de malhas de aço em armaduras. Veja Foto 8.1.
De 1850 a 1870, devido à difusão do telégrafo e à conseqüente demanda por fios
condutores, a trefilação sofreu um grande avanço

Conformação dos Metais, 107


8. Trefilação

(a) (b)

Conformação
dos Metais

Foto 8.1: a) Malha de aço para proteção de cabeça. b) armadura de malha de aço.

Conformação dos Metais, 108


8. Trefilação

Um desenho esquemático de um passe de trefilação é mostrado na figura 8.1 e um


retrato de uma fieira é mostrado na figura 8.2. A relação entre a área de entrada e a
área final é chamada de
Redução de Área, RA (%) =100 x (Ao-Af)/Ao

Conformação
Fieira
dos Metais

Ao Af
Força

Fieira

Figura 8.1: Um passe de trefilação. Figura 8.2: Uma fieira e seu corte.

Conformação dos Metais, 109


8. Trefilação

Semi-ângulo
da fieira
Zona
Cilíndrica

Ângulo de
entrada
I II III IV
Conformação Ângulo
dos Metais da fieira
Ângulo
de saída

I - Cone de entrada
II - Cone de trabalho
III - Zona cilíndrica
Figura 8.3: Nomenclatura usada para fieiras
IV - Cone de saída

Conformação dos Metais, 110


8. Trefilação

Uma trefilação industrial normalmente é consistida de vários passes de trefilação em


máquinas que não só fazem a trefilação em si, mas lubrificam o arame, refrigeram as
fieiras, e enrolam o produto final. O cálculo do plano de passagem (diâmetro de cada
fieira) pode ser feito conforme descrito no Apêndice 7.

Conformação
dos Metais

Figura 8.4: Máquina de trefilar.

Conformação dos Metais, 111


8. Trefilação

A figura 8.5 mostra a seqüência de passes na produção de filamentos finos de aço. O


fio-máquina inicial é geralmente decapado (eliminação do óxido de ferro superficial,
chamado carepa) através de dobramento em roldanas (remoção da carepa grossa)
seguido de banho em ácido (remoção da carepa fina residual). Após os passes iniciais
de trefilação (trefilação seca) os arames são aquecidos (900ºC) em fornos contínuos e
patenteados em banho de chumbo (560-600ºC), para que a estrutura se recupere e
possam ser dados novos passes de trefilação (trefilação submersa). Desta maneira
filamentos muito resistentesConformação
(acima de 3000 MPa) e abaixo de 0,30mm podem ser
obtidos com aços alto carbono.
dos Metais

5,50mm 1,70mm
Austenitização 0,30mm
Patenteamento

Fio-máquina Trefilação seca Trefilação submersa

Figura 8.5: Produção de filamentos de aço alto carbono.

Conformação dos Metais, 112


8. Trefilação

A figura 8.6 mostra a curva de encruamento de um aço alto carbono, onde se percebe
o ganho rápido de resistência que o arame adquire pela trefilação.

Rm (MPa x 1000)
Conformação
dos Metais
Z(%)

Figura 8.6: Curva de encruamento para aços alto carbono

Conformação dos Metais, 113


8. Trefilação

Defeitos mais comuns:


a. Fratura copo-e-cone
Esta é uma fratura típica que aparece como resultante de se usar ângulo de fieira
alto em combinação com uma redução de área pequena.

Conformação
dos Metais

(a) (b)

Figura 8.7: Fratura copo-e-cone em filamento de aço a) vista da fratura em microscópio de eletrônico
b) seção longitudinal em quebra durante processo de cabeamento. As lamelas da perlita estão torcidas
e ficaram perpendiculares ao plano da foto, na região dentro do círculo.

Conformação dos Metais, 114


8. Trefilação

A fratura copo-e-cone é conseqüência do aparecimento de rupturas centrais no


material sendo trefilado conforme ilustrado na figura 8.8. A figura 8.9 ilustra o
aparecimento de tensão central no arame, gerando as rupturas centrais. Compare
figura 8.9 com figura 8.1.

Fieira

Conformação
dos Metais Tensão central
Rupturas

Fieira

Figura 8.8: Rupturas centrais em arame. Figura 8.9: Ilustração do aparecimento de tensão
Direção de trefilação da esquerda para direita. central no arame, quando a redução é pequena.

Conformação dos Metais, 115


8. Trefilação

O diagrama da figura 8.10 mostra as condições de redução de área e de semi-ângulo


de fieira que devem ser usados para se evitar a formação de ruptura centrais. O
diagrama vale também para extrusão.

Redução de área na trefilação (%)


A equação abaixo estima o valor da Região Ruptura
segura central
tensão central como função da redução
de área e do semi-ânguloConformação
de fieira.
dos Metais
Valores de tensão central acima de 0,21
não são recomendados para o caso de
trefilação de aços.
T= 0,26 – 0,0233.RA + 0,0604.SA
Nesta equação SA é o semi-ângulo em
graus e RA a redução em percentagem.
Figura 8.10: região segura para evitar ruptura
central.

Conformação dos Metais, 116


8. Trefilação

Defeitos mais comuns:


b. Pé de corvo
O aparecimento de defeitos superficiais com o formato de triângulos, conforme
ilustrado na figura 8.11, é consequência de deficiência de lubrificação durante um
dado passe de trefilação. Este defeito é chamado de pé-de-corvo

Conformação
dos Metais

Figura 8.11: Defeito do tipo pé-de-corvo.

Conformação dos Metais, 117


8. Trefilação

Defeitos mais comuns:


c. Delaminação
A delaminação é defeito que pode aparecer em aço perlítico trefilado que sofre
esforço de torção posterior, por exemplo em um processo de cabeamento para
produção de cordoalhas.

Conformação
dos Metais

Figura 8.12: Ruptura em arame trefilado, durante torção


para fabricação de cordoalha. A trinca, longitudinal
característica da delaminação, está bem clara.

Conformação dos Metais, 118


8. Trefilação

A delaminação pode ser detectada no ensaio de torção, devido ao aparecimento de


fluxo serrilhado no eixo do torque . Veja ilustração na figura 8.13.

.
.

Delaminação

Torque

Conformação
dos Metais

Ângulo de torção (x1000)

Figura 8.13: Teste de torção de arame de aço perlítico. O


arame B sofreu delaminação e o arame A permaneceu íntegro.

Conformação dos Metais, 119


8. Trefilação

A delaminação ocorre apenas se o arame estiver com excesso de encruamento,


conforme ilustrado na figura 8.14, que é uma das causas mais comuns, junto com
deficiência de refrigeração durante passes finais.

.
.

Delaminação
Voltas em torção

Conformação
dos Metais

Deformação verdadeira por trefilação

Figura 8.14: Teste de torção de arame de aço perlítico como função


da deformação verdadeira aplicada em trefilação. Os pontos pretos
indicam os arames que sofreram delaminação no ensaio de torção.

Conformação dos Metais, 120


8. Trefilação

Produtos trefilados mais comuns:

.
.

Delaminação

Conformação
dos Metais

Figura 8.15: Da esquerda para a direita:


a) cabo trançado- b) arame fino - c) cordoalha para protensão - d) arame industrial
e) alma de cabos elétricos - e) treliça f) arame farpado g) reforço de pneus

Conformação dos Metais, 121


8. Trefilação - exercício

1) Em um dado passe de trefilação, semi-ângulo de 5 graus, a entrada é um


arame de 10,0mm e a saída uma arame de 8,5mm. Calcule a redução de área
no passe e verifique se existe tendência de aparecimento de fratura em cone
usando o diagrama 8.10

.
.
2) No passe acima qual é o valor da tensão central? Delaminação

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 122


9. Laminação

Laminação
É um processo de conformação, que pode ser realizado a quente ou a frio, no qual um
metal é conduzido para passar entre um par, ou pares, de cilindros, que através de
rotação exerce uma pressão sobre o metal sendo deformado. O atrito entre o cilindro e
o metal sendo deformado gera a força necessária para que o material passe de um par
de cilindros para outro par.

Conformação
A função básica da laminação é a redução da espessura da peça sendo trabalhada.
A laminação do ouro e da dos Metais
prata empregando métodos manuais data do século XIV.
Leonardo da Vinci projetou um dos primeiros laminadores em 1495, veja figura 9.1,
mas é pouco provável que seu laminador tenha sido construído, como foi o caso da
maioria de seus projetos.
Por volta de 1600, a laminação do chumbo e do estanho era realizada à temperatura
ambiente, por meio de laminadores operados manualmente, conforme ilustrado na
figura 9.2.

Conformação dos Metais, 123


9. Laminação

Conformação
dos Metais

Figura 9.1. O projeto de laminador Figura 9.2 O laminador manual do engenheiro


de Leonardo da Vinci em 1495. francês Solomon Caus no século XVII.

Conformação dos Metais, 124


9. Laminação

Hoje em dia os laminadores são extremamente sofisticados e são responsáveis pela


grande maioria da conformação primária dos metais. A foto 9.1 mostra parte de um
laminador moderno.

Conformação
dos Metais
Foto 9.1. Um laminador moderno.

Conformação dos Metais, 125


9. Laminação

Placas Blocos Tarugos


A laminação é o processo
de conformação mais
versátil e várias são as
possibilidades de produtos
finais. A laminação de
planos é a mais comum,
mas a laminação em
Conformação
canais pode gerar produtos Chapas Perfis Trilhos
de variados formatos. dos Metais Barras

Chapas Barras
Fio-máquina

Tubos com
Costura
Figura 9.3. As diversas
possibilidades da laminação. Trefilados
Tubos Folhas Tubos sem
Calandrados Costura

Conformação dos Metais, 126


9. Laminação

O processo industrial
Para produção em larga escala normalmente instala-se uma série de pares de
cilindros, um atrás do outro, formando assim um “trem de laminação”. Cada grupo de
cilindros é chamado de “cadeira de laminação”. Uma vez que a saída de uma dada
cadeira é de espessura menor do que a anterior a velocidade aumenta
progressivamente, pois o volume do material se conserva, o que é um princípio básico.
A sincronização das velocidades das cadeiras é fundamental no processo e somente
Conformação
com o advento da eletrônica é que foi possível o surgimento dos laminadores de alta
velocidade. dos Metais
Cadeiras iniciais
Cadeiras finais Cone formador
(bloco acabador) de espiras

Leito de resfriamento

Cadeiras iniciais

Figura 9.4. Desenho esquemático de um processo de laminação industrial de fio-máquina.


FIOMÁQUINA

Conformação dos Metais, 127


9. Laminação

Análise de um dado passe. A) estrutura


Durante laminação a quente os grãos irão se recristalizar dinâmicamente, ou seja
durante a própria deformação, ou imediatamente após a laminação, conforme
mostrado na figura 9.5.

Grãos Grãos Estrutura recuperada


originais Conformação
deformados
Novos grãos inteiramente com
Crescendo grãos novos.
dos Metais
Novos grãos

Grãos
deformados
remanescentes

Figura 9.5. Desenho esquemático mostrando a recristalização imediatamente após deformação


em um dado passe de laminação a quente.

Conformação dos Metais, 128


9. Laminação

Análise de um dado passe. B) velocidades


A velocidade aumenta a medida que o material vai sendo deformado dentro do passe.
A velocidade de entrada é Vo e a velocidade final é Vf, mas a velocidade periférica do
cilindro é constante e igual a Vr. Note que Vr está entre Vo e Vf, portanto o material
escorrega durante o passe, com relação ao cilindro.

Escorregamento a frente:
Conformação
E = (Vf-Vr)/Vr
dos Metais
O valor do escorregamento a frente Ponto
é da ordem de 7% para laminação neutro
a quente. Vo
Material
Vf
Se Ao é a área na entrada do passe
e Af a área na saída do passe, a Forças de atrito

conservação de volume garante


que: Figura 9.4. Velocidades durante um dado passe
de laminação. As setas em torno do ponto neutro
VoAo = VfAf indicam as forças de atrito atuando no material.

Conformação dos Metais, 129


9. Laminação

Análise de um dado passe. C) esforços Ponto


neutro
A figura 9.5 mostra a geometria do contato metal-
cilindro e a pressão exercida pelos rolos ao longo do
arco de contato.
Note que a pressão aumenta até um valor máximo
que ocorre no ponto neutro. Qualquer aplicação de
tensão a frente ou a ré diminui a pressão resultante,
Conformação
conforme indicado no diagrama.
dos Metais
A força vertical resultante é chamada de “força de
separação entre rolos”. Quanto menor o diâmetro do
cilindro menor vai ser o arco de contato e menor vai
ser a força de separação. Outros fatores que
reduzem a força de separação são: aumento da
temperatura de trabalho; redução da velocidade de
laminação; diminuição do atrito; diminuição da Figura 9.5. Distribuição das pressões ao
longo de um passe de laminação.
“mordida”.

Conformação dos Metais, 130


9. Laminação

Análise de um dado passe. d) atrito


Enquanto que o atrito é normalmente uma perturbação na maioria dos processo de
conformação, na laminação o atrito atua de uma maneira crucial para o processo, pois
é ele que puxa o material através do cilindro.

Na laminação a frio o coeficiente de atrito  é da ordem de 0,02 a 0,30, enquanto que


na laminação quente este Conformação
coeficiente chega a 0,70.

dos Metais
Quando a “mordida” (diferença de altura entre a entrada e a saída) é muito grande é
necessário aumentar o coeficiente de atrito artificialmente para se iniciar a laminação.
Condição para se evitar escorregamento:

 > tan 

Conformação dos Metais, 131


9. Laminação

A figura 9.6 mostra a geometria do contato metal-cilindro com dois cilindros hipotéticos.
Note que o cilindro de raio menor produz um ângulo  maior do que o cilindro grande.
Assim para este cilindro pequeno a condição de atrito  = tan  ocorre para mordida
menor.

É possível demonstrar que a mordida máxima


é dada por:
Conformação
hmax = 2R dos Metais

portanto para se aumentar a mordida máxima


é preciso aumentar o raio do cilindro ou
aumentar o coeficiente de atrito (uso de areia, Figura 9.6. Efeito do raio de contacto.
cilindro esmerilhado, temperatura mais alta...)

Conformação dos Metais, 132


9. Laminação

Exemplo de uma laminação de fio-máquina

Passe Tempo Entrada T(oC) V(m/S) RPM (m) taxa Tempo(s) RA(%) Hsaida
1 11,1 990 0,28 9,03 3,1 0,86 11,1 23,09 106,0
2 22,3 978 0,34 11,26 3,8 0,97 11,2 18,91 121,0
3 28,6 952 0,49 14,99 3,1 1,74 6,3 30,44 81,0
4 33,4 927 0,63 25,26 3 2,40 4,8 23,07 97,0
5 36,7 925 0,91 33,93 3 4,79 3,3 30,12 56,0
6 43,4 920 1,19 46,62 8 5,58 6,7 23,7 71,0
7 45,3 910 1,58 59,49 3 9,02 1,9 24,39 44,0
8 46,8 912 Conformação
1,97 91,83 2,9 10,84 1,5 20,13 55,0
9 47,8 919 2,67 117,11 2,9 19,35 1,1 26,06 33,0
10 49,5 925 dos Metais
3,34 152,02 5,5 20,32 1,6 20,06 43,0
11 50,9 932 3,95 207,16 5,5 30,85 1,4 15,44 29,0
12 54,2 960 4,71 248,93 15,5 30,11 3,3 16,25 36,0
13 55,1 960 5,87 298,11 5,5 55,50 0,9 19,7 22,0
14 56,6 968 6,97 363,94 10,7 51,40 1,5 15,84 30,0
15 57,3 979 8,23 422,62 5,5 82,32 0,7 15,28 19,0
16 60,5 977 9,59 504,59 30,8 75,94 3,2 14,19 25,0
17 60,8 990 11,41 753,47 2,6 128,41 0,2 15,92 17,0
18 63,6 999 13,43 892,64 37,8 127,32 2,8 15,02 21,0
19 63,6 980 15,88 1363,45 0,8 206,60 0,1 15,43 15,0
20 63,7 982 19,79 1689,50 0,8 231,40 0,1 15,7 18,0
21 63,8 986 25,7 2097,21 0,8 430,61 0,1 24,98 11,0
22 63,9 1000 30,3 2598,71 0,8 461,86 0,1 15,85 14,3

Conformação dos Metais, 133


9. Laminação

Defeitos mais comuns, na laminação de planos:


a. Ondulação
Defeito nas laterais devido a resfriamento diferenciado entre lateral e centro da
chapa ou flexão dos cilindros de laminação.

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 134


9. Laminação

Defeitos mais comuns , na laminação de planos :


b. Zipper
Defeito no centro de chapas devido a baixa ductilidade do metal, acoplado a flexão
dos cilindros de laminação.

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 135


9. Laminação

Defeitos mais comuns , na laminação de planos :


c. Trinca de borda
Defeito de lateral da chapa devido a baixa ductilidade e/ou temperatura diferenciada
entre lateral e centro da chapa..

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 136


9. Laminação

Defeitos mais comuns , na laminação de planos :


d. Boca de jacaré
Defeito de ponta em função do resfriamento nestes partes da peça sendo
deformada. Acontece também na laminação de longos. É eliminado através
descarte de pontas.

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 137


9. Laminação

Defeitos mais comuns , na laminação de longos:


e. Dobra
Defeito gerado por excesso de material na “luz” entre os cilindros, que é rebatida em
cilindro posterior. Em seção longitudinal aparece com angulação diferente de 90º
com relação a superfície do metal.

Conformação
dos Metais

a) b)

Figura 9.10. Dobra de laminação. a) aparência macroscópica b) corte transversal.

Conformação dos Metais, 138


9. Laminação

Defeitos mais comuns , na laminação de longos:


f. Trinca
Defeito que acontece durante a solidificação e que aparece posteriormente na
laminação. Normalmente aflora a 90 graus com a superfície.

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 139


9. Laminação

Defeitos mais comuns , na laminação de longos:


g. Canal quebrado
Defeito que aparece de maneira periódica na superfície da peça sendo laminada e
que é resultante de lascamento na superfície do cilindro. Freqüentemente aparece
uma trinca no fundo da impressão, conforme ilustrado na foto.

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 140


9. Laminação

Defeitos mais comuns , na laminação de longos:


h. Descarbonetação
Perda de carbono no forno de reaquecimento em função de excesso de tempo de
reaquecimento, agravada pela temperatura e atmosfera não adequadas. Pode
acontecer também durante a laminação ou no resfriamento pós laminação.

Conformação
dos Metais

a) b)

Figura 9.11. Descarbponetação. a) Tipo 1 (total) b) Tipo 2 (parcial).

Conformação dos Metais, 141


9. Laminação - exercício

1) Em um dado passe de laminação plana, largura 200mm, a altura de entrada é


10mm com velocidade de 20m/s e a saída é 8mm com velocidade a ser calculada.
Assumindo largura constante, calcule:
a) Redução de área no passe.
b) Velocidade de saída.
2) Faça um desenho (seção transversal) dos dois últimos passes de laminação (oval-
Conformação
redondo), mostrando como é que o defeito abaixo pode ter surgido.
dos Metais

Conformação dos Metais, 142


10. Laminação de tiras a partir de arames

Tiras chatas laminadas a partir de arames de aço são fabricadas desde 1871, com
aplicações comuns em estruturas de guarda-chuva. Durante a 1a. Guerra mundial o
desenvolvimento foi intensificado uma vez que tais tiras eram usadas nas estruturas
das asas dos aviões da época.

Atualmente as aplicações mais comuns são: reforço de palmilha de sapato, capa de


cabo de comando, mola (de relógio), haste de limpador de parabrisa e lateral de
corrente de motocicleta. Conformação
dos Metais

a) b) c)

Figura 10.1 a) Reforço de palmilhas de sapato, b) capa de cabo de comando e c) lateral de corrente.

Conformação dos Metais, 143


10. Laminação de tiras a partir de arames

O processo de laminação de arame de seção redonda para tiras chatas transforma


uma seção redonda para uma seção retangular, com redução de altura e aumento
de largura, conforme ilustrado na figura 10.2. O alargamento é produzido por tensões
de tração no centro da peça.

Conformação
Cilindro superior
dos Metais

Cilindro inferior

Figura 10.2 Vista de frente de uma laminação transformando


um arame de secção circular em uma tira chata

Conformação dos Metais, 144


10. Laminação de tiras a partir de arames

Os laminadores são em geral pequenos e contrastam com as grandes máquinas que


fazem a laminação a quente de tarugos. O número de passes varia de 1 a 6.

Conformação
dos Metais

Figura 10.3 Um laminador de tiras chatas a partir de arames.

Conformação dos Metais, 145


10. Laminação de tiras a partir de arames

As tensões de tração podem gerar trincas, do centro para superfície, quando o


material não tem ductilidade suficiente para absorver imperfeições centrais tais como
segregação, vazios e inclusões. Maneiras de se evitar trincas centrais:

• Limpar o lubrificante usado na trefilação do arame (aumentar o atrito).


• Evitar uso de lubrificante entre cilindro e material (aumentar o atrito).
• Fazer laminação a quente, onde ductilidade e atrito são maiores.
Conformação
• Utilizar restrição lateral (“edger”), fazendo esforços contrários aos da tração central
e impedindo o alargamentodos após um certo ponto.
Metais
• Fazer laminação em passes múltiplos com recozimento intermediário.
• Utilizar matéria prima com boa sanidade interna e boa ductilidade (estricção maior
que 52% ) capazes de absorver laminação maiores que 3:1 de largura sobre altura.

Sem restrição lateral e a frio, o número de passes é limitado através de diagrama


empírico como o mostrado na figura 10.4.

Conformação dos Metais, 146


10. Laminação de tiras a partir de arames

Espessura (milésimos de polegada)


Figura para clindros de 8”
Para cilindros de 6” x 0,75
Para cilindros de 11” x 1,37

Conformação
dos Metais

Largura (milésimos de polegada)

Figura 10.4 Diagrama empírico relacionando o número de passes a ser dado em uma
laminação de tira chata a partir de arame. Os encontros das linhas paralelas com a reta a 45
graus indicam os diâmetros de partida a serem usados. Veja também a figura 10.5 para fazer
esta estimativa de arame de partida com melhor precisão.

Conformação dos Metais, 147


10. Laminação de tiras a partir de arames

Para estimativa de qual arame utilizar a fim de se obter uma dada tira, utilize o
diagrama mostrado na figura 10.5. Por exemplo, para se obter uma tira de 8x2mm
(ponto preto), a bitola do arame deverá ser de 6mm (seta). Esta estimativa pode ser
alterada em função das condições de atrito e serve apenas para valor inicial de teste.

18
16
14 Conformação
12
dos Metais
Largura mm)

10
8
6
4
2
0
0,1 1 2 3 4 5 6 7 8 91010

Espessura (mm)

Figura 10.5. Diagrama para cálculo aproximado do diâmetro de partida.

Conformação dos Metais, 148


10. Laminação de tiras a partir de arames - exercício

1) Usando o diagrama 10.5, qual é a bitola de arame que deve ser usada para se
obter uma tira fina de 8x4mm?

2) Este arame pode ser feito em um passe de laminação só, ou são necessários
mais passes (use diagrama 10.4)?

3) A foto abaixo mostra um defeito no centro de uma tira laminada a frio e


enrolada para capaConformação
de cabo de comando (fig.10.1). O que pode ter
acontecido?
dos Metais

Conformação dos Metais, 149


11. Estampagem de chapas

Estampagem é o processamento de peças com espessuras abaixo de 10mm,


vindas de processamento anterior por laminação.

As características principais do produto final são:

Boa resistência mecânica;


Boa precisão dimensional;
Bom acabamentoConformação
superficial;
dos Metais
O material sendo trabalhado tem que ter boa conformabilidade a frio pois o processo
de conformação na maioria das vezes é feito na temperatura ambiente.

A seguir alguns aspectos da fabricação de latas (aço e alumínio) produzidas através


de estampagem profunda, ou embutimento, serão discutidos em vista da grande
importância prática deste processo.

Conformação dos Metais, 150


11. Estampagem de chapas

História da latas

1795 - O governo de Napoleão Bonaparte oferece prêmio de 12 mil francos a quem


inventar um novo método de preservação de alimentos para o Exército e Marinha
franceses.

1809 - Nicholas Appert recebe o prêmio de Napoleão Bonaparte por ter


desenvolvido um método de preservação através do processo de esterilização de
Conformação
alimentos, usando vidros fechados com rolhas, que fervia em água quente.
dos Metais
1810 - Peter Durand recebe a patente do Rei George III, da Inglaterra, pela criação
da lata feita de folha-de-flandres para esterilização no lugar de vidros.

1812 - O livro do francês Nicholas Appert , "Ato de Preservação de Todos os Tipos


de Substâncias Animais e Vegetais", é traduzido e publicado em Nova Iorque. Cada
artesão fabricava cerca de 10 latas por dia, através de dobramento em torno de
molde e soldagem manual. Era a lata de 3 peças: corpo, fundo e tampa.

Conformação dos Metais, 151


11. Estampagem de chapas

História da latas (cont.)

1825 - Thomas Kensett registra a patente da lata feita de folha-de-flandres na


América e monta a primeira enlatadora de alimentos em Nova Iorque. Fica
conhecido como o "pai" da indústria da lata.

1880-90 - É introduzida nos Estados Unidos a primeira máquina automática para


produzir latas com selagem por dobra dupla no fundo e tampa eliminado a solda
neste pontos. A produtividade subiu para 250 latas por minuto no final de 1920.
Conformação
1950 - Na década de 50, odos Metais
alumínio começa a ser usado na fabricação de latas. A
primeira lata de cerveja, feita de folha-de-flandres nos Estados Unidos, em 1935,
pesava 85 gramas. Hoje a lata para bebidas é feita de alumínio, pesa menos de 15
gramas e é de duas peças: corpo e tampa. Veja a tabela 11.2.

1960 - É inventada a lata de alumínio fácil de abrir (sistema “easy-open”).

1970 - Coca-Cola e Pepsi-Cola decidem enlatar o refrigerante em latas de alumínio.

1974 - Introduzida a tampa “stay-on-tab” (anel que não solta da tampa).

Conformação dos Metais, 152


11. Estampagem de chapas

A popularidade das latas de alumínio aumentou rapidamente, depois da decisão da


Coca e Pepsi de usarem este recepiente a partir de 1970. Veja figura 11.1. Nos EUA
a produção de latas de alumínio em 2003 foi cerca de 130 bilhões.

Latas de alumínio
Latas de alumínio
Bilhões de latas

Conformação
dos Metais
Latas de aço

Figura 11.1: Número de latas para bebidas produzidas nos EUA.

Conformação dos Metais, 153


11. Estampagem de chapas

Para o caso de bebidas, nas Americas a participação do alumínio é praticamente


100%, mas na Europa e Japão o aço também é muito usado. No Brasil estima-se a
fabricação de 10 bilhões de latinhas de alumínio em 2004.

Latas de alumínio

Conformação
dos Metais

Tabela 11.1: Consumo mundial de latas para bebidas em 1996.

Conformação dos Metais, 154


11. Estampagem de chapas

A espessura das latas de alumínio e aço tem diminuído gradativamente, como


mostra a figura 11.2 e tabela 11.2, resultando em diminuição do peso (a grande
vantagem do alumínio em relação ao aço) e conseqüente redução de custo da
matéria prima e do transporte.

0,6

0,5
Conformação
Espessura (mm)

0,4
dos Metais
0,3
0,2
0,1
0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano

Figura 11.2: Variação da espessura das latas de alumínio em função do tempo.

Conformação dos Metais, 155


11. Estampagem de chapas

A lata de aço apresenta resistência mecânica maior do que a de alumínio, quando


vazia, e no meio ambiente dura 10 anos para ser absorvida, enquanto a de alumínio
dura 100 anos. Assim a reciclagem é fundamental na industria da lata de alumínio,
mesmo porque o consumo energético para reciclar lata de alumínio é muito menor
do que para fabricar a lata a partir da matéria prima.

Conformação
dos Metais

Tabela 11.2: Peso das latas de duas peças para bebidas.

Conformação dos Metais, 156


11. Estampagem de chapas

A fabricação das latas de alumínio segue as seguintes etapas:

A prensa de copos inicia o


Folha de alumímio, ou aço, é a processo através de
matéria prima. “estampagem profunda” das
Conformação peças iniciais.
dos Metais

As latas são aparadas nas


A prensa de parede estica as pontas, onde as irregularidades
peças para o formato de latas. são removidas e a altura final
da lata é ajustada.

Figura 11.3: Etapas iniciais na fabricação de latas de alumínio.

Conformação dos Metais, 157


11. Estampagem de chapas

Uma lavagem seguida de Na parte externa é então


secagem é a etapa que prepara aplicada uma camada protetora.
o material para acabamento.

Conformação
dos Metais

As latas são levadas a um forno Nesta etapa é feita a decoração


para endurecimento da camada da parte externa com a grafia
protetora externa. do fabricante final.

Figura 11.4: Etapas intermediárias na fabricação de latas de alumínio.

Conformação dos Metais, 158


11. Estampagem de chapas

Na base é aplicada outra


resina. Nesta etapa é feita a aplicação
da camada protetora interna.

Conformação
dos Metais

A cura da camada interna é Aqui é feito o flangeamento do


feita novamente em forno. pescoço da lata.

Figura 11.5: Etapas intermediárias na fabricação de latas de alumínio.

Conformação dos Metais, 159


11. Estampagem de chapas

As latas são então


Aqui é feito teste de pressão. armazenadas, aguardando
envio para fabricante de
bebidas.

Conformação
dos Metais

O fabricante de bebidas enche


As latas e as tampas são então as latas e sela com as tampas,
enviadas para o fabricante de completando o processo.
bebidas.

Figura 11.6: Etapas finais na fabricação de latas de alumínio.

Conformação dos Metais, 160


11. Estampagem de chapas

Obs.:
Corpo: produzido em liga 3104 .
Tampa: fabricada em liga 5182 .
Anel: Também de liga 5182, mas outro
tratamento térmico.
Veja tabela 2.4

Conformação b)
b)
dos Metais

a) b)

Figura 11.7: a) Estrutura de uma lata de alumínio moderna e b) detalhe de fechamento da tampa.
Conformação dos Metais, 161
11. Estampagem de chapas

A figura 11.8 mostra esquematicamente o processo de “estampagem profunda”, a


partir de um disco inicial, chamado de “esboço”. Aqui o processo é caracterizado por
um estado plano de tensões (não existindo reduções
. grandes na espessura do
material sendo deformado). O anel de fixação é. também chamado de “anel anti-
rugas”.

Conformação
d
Anel de o
dos Metais
fixação

Figura 11.8: Desenho esquemático do processo de estampagem profunda


(embutimento).

Conformação dos Metais, 162


11. Estampagem de chapas

Operações mais comuns na estampagem de chapas finas são variações do


processo mostrado na figura 11.8, ou seja, através de combinações dos seguintes
modos de conformação, conforme ilustrado na figura 11.9.

a. Estampagem profunda: material do esboço flui debaixo do anel de fixação.


b. Estiramento: material do esboço não flui debaixo do anel de fixação.
c. Flangeamento: material do esboço não flui debaixo do anel de fixação.
Conformação
dos Metais

Figura 11.9: Os três modos básicos na estampagem de chapas.

Conformação dos Metais, 163


11. Estampagem de chapas

Estampagem profunda

Aqui é o caso de produção do copo a a partir de uma peça circular plana. O caso
visto anteriormente de produção de latas de refrigerante é um exemplo clássico.
Alguma pressão é aplicada no anel anti-rugas, para evitar o defeito da figura 11.6A,
mas não tanto para impedir que o material flua para dentro do copo. A profundidade
máxima obtida é função do diâmetro do disco inicial, D, e de do, o diâmetro final do
copo. Conformação
dos Metais
Estiramento

No estiramento o anel anti-rugas é modificado (colocando-se um ressalto) de


maneira a não deixar o material fluir para dentro da matriz e assim acontece
afinamento da parede do copo. O punção em geral tem raio de curvatura maior do
que no caso da estampagem. A profundidade máxima do copo é função da
ductilidade do material, que é o fator limitante deste processo.

Conformação dos Metais, 164


11. Estampagem de chapas

Flangeamento

Da mesma maneira que no estiramento, no “flangeamento” o anel anti-rugas é


modificado de maneira a não deixar o material fluir para dentro da matriz, mas como
o anel inicial de material a ser deformado é perfurado, ocorre apenas dobramento e
estiramento do flanco, conforme mostrado na figura 11.9C.

Conformação
dos Metais
Obs.: O processo de afinamento das paredes do copo,
através de uso de diâmetro de punção próximo ao
diâmetro da matriz (figura 11.3, etapa 3), chamado em
inglês de “ironing” (cuja tradução é “alisamento”)
muitas vezes é traduzido por “estiramento”, o que não
deve ser confundido com o estiramento mostrado na
figura 11.9B. No alisamento a parede do copo fica com
espessura final menor do que o fundo.
Figura 11.11: Alisamento das
paredes (flanco) do copo.

Conformação dos Metais, 165


11. Estampagem de chapas

Defeitos mais comuns:

A falha mais comum que acontece aqui é a separação do fundo do resto do copo
(figura 11.12C). Este defeito pode ser minimizado aumentando-se o raio do punção
ou diminuindo sua carga. Ondulação ou rugas (A e B) são resultantes de altas
tensões de compressão circunferenciais. Isto deve ser evitado através de pressões
no anel de fixação. A formação de “orelhas” , figura 11.6D, devido a textura de
laminação a frio, pode ser Conformação
corrigida através de recozimento do esboço, figura 11.13.
dos Metais

A) B) C) D)

Figura 11.12: Defeitos que podem surgir no processo de estampagem profunda.

Conformação dos Metais, 166


11. Estampagem de chapas

Conformação
dos Metais

Figura 11.13: Defeito de textura eliminado após recozimento do esboço.

Conformação dos Metais, 167


-good formability required since Tomorrow: local u
parts are difficult Integration of reinf
-resistance: crash , fatigue (hinge…): laser we
11. Estampagem de chapas
ex: Usiphase D450

Outra aplicação comum da estampagem de chapas é a fabricação de peças automotivas,


através de combinações dos três modos de estampagem (figura 11.9):

Door inner: stiffens the structure, Today: Usistamp/Usiphor Examples


absorbs also energy during crash Outer panel: indentation and stiffness:
-good formability required since Tomorrow: local use of HSS
WH et BH
parts are difficult Integration of reinforcements -Usistamp
-resistance: crash , fatigue - perfect
(hinge…): laser weldedsurface
blanks appearance
- high Ys on stamped part: Ind.~Ys x t 2,3 -Usiphor 22

Conformação ex: Usiphase- low Ys on/Usistamp


D450(600) delivered steel, high
elongation : control of deformations, -Usiplus 18

dos Metais formability -Usiplus 22

-Usiphase

Interior de porta automotiva. Exterior de porta automotiva. Examples of Painel


gains: de chão.
Outer panel: indentation and stiffness: thickness.
Ajuda na resistência da WH et BH Aço tem de ter boa resistência à Boa conformabilidade é
estrutura. Aço tem de ter boa identação -Usistamp
e boa aparência (liso). 0.80 mm
- perfect surface appearance fundamental pois desenhos
conformabilidade pois a peça é Ys on stamped part: Ind.~Ys x t
- high 2,3 podem
-Usiphor 220/235 0.73ser
mmcomplicados e com
Espessura típica: 0,65-0,75mm
difícil. - low Ys on delivered steel, high muito cantos vivos.
-Usiplus 180 0.71 mm
elongation : control of deformations,
formability -Usiplus 220 0.68 mm
Figura 11.14: Exemplo de peças produzidas através de estampagem de chapas.
-Usiphase D450 0.63 mm

Conformação dos Metais, 168


-rear axle
-engine craddle
-suspension cup
11. Estampagem de chapas ... .Difficult parts
.Dimensioning :
-exceptionals eff
-endurance (fatig
Front member: crash resistance, energy absorption
Today: Tomorrow:
- Formability (inc. geometry) Ys, Ts, formabil
Usistamp Usiform 450 to 600
- Energy absorption
Usiphor 220/280 Usiphase M800 à 1000
.lightening: Ys, Ts, residual
Usiphase D 450 à 780
El% on parts, high speed Usidur 280/320
Usiphase T800
behavior

Conformação
Theoritical
Theoriticallightening
lightening(axial
(axialenergy
energyabsorption)
Suspension arm in Usiform 550
absorption)
Réf. Usiphor 260 2,5 mm
dos Metais
Réf. Usiphor 260
Usiphase
UsiphaseD450
D450
2,5 mm
2.2
2.2mm
mm
Usiphase
UsiphaseD600
D600 22 mmmm
Usiphase D780
Usiphase D780 1.9 mm
1.9 mmBraço de suspensão.
Front member:
Reforço Usiphase D600
frontal. Para Usiphase
choques.
UsiphaseD/M1000
D/M1000 1.6
1.6mm
mm

Difficult structural parts (hinge reinforcement, A/B pillar...)

Today: Tomorrow:
-Formability
-Lightening: high Ys Usistamp Usiphase D450/600
on finished part Usiphor 220/280 Usiform 450 to 600
-Fatigue
Figura 11.15: Exemplo resistance
de outras Usidur
peças produzidas 280/320
através Usiphase
de estampagem T800
de chapas.
Usibor1500 hot formed -Weldability Usibor 1500 Alusi

Conformação dos Metais, 169


11. Estampagem de chapas

Alumínio e aço "batem de frente" pelos dólares do mercado automobilístico.  


Fonte: Infomet - 20/10/04

Os carros são o maior mercado para o aço e um mercado em alta para o alumínio. Isso significa que a U.S.
Steel e a Alcoa Inc., duas rivais de Pittsburgh, estão numa batalha por praticamente cada roda, porta e eixo
de transmissão que sai de Detroit. Essa é uma batalha que tem amplas conseqüências para os metais
rivais, a indústria automobilística e o ambiente.

Enfrentando uma concorrência cada vez mais intensa em todo o mundo, as montadoras estão extraindo
Conformação
centavos como nunca, o que as obriga a buscar não somente o material mais econômico em termos de
consumo de combustível, mas também o menos caro. Essa tensão provoca uma intensa concorrência entre
dos Metais
a U.S. Steel e a Alcoa, que contam com a indústria automobilística para seu lucro no longo prazo.

Liderado pela Alcoa, o alumínio ganhou uma participação no mercado automobilístico em cada ano da
última década, indo de 63 quilos para quase 135 quilos por veículo e gerando cerca de US$ 5 bilhões em
vendas para as fabricantes norte-americanas de alumínio.

Mas o aperto financeiro das montadoras ajudou a indústria do aço a reconquistar importância. A General
Motors Corp. disse recentemente que irá usar capôs e portas traseiras de vans feitos de alumínio em
somente 6 de seus 87 veículos no próximo ano, ante 9 este ano. ''É uma questão de custo'', diz Jody Hall,
um gerente de grupo de engenharia da GM. A Ford Motor Co. disse que metade dos 8 capôs de alumínio
que vinha usando voltaram ao aço nos últimos três anos.

Conformação dos Metais, 170


11. Estampagem de chapas

O aumento de 100% no preço à vista do aço este ano — alimentado pelo aumento da demanda global,
especialmente da economia em rápido crescimento da China — não ajudou a mudar esse quadro. O
alumínio, cujo processamento mais elaborado devora enormes quantidades de energia, ainda custa cerca
do dobro do aço. Cerca de 830 quilos de aço ainda são usados em cada carro, o que gera cerca de US$ 15
bilhões em vendas para a indústria siderúrgica americana.

A U.S. Steel e a Alcoa têm centros de pesquisa rivais dedicados às montadoras. A instalação da U.S. Steel
tem cinco anos e é do tamanho de um campo de futebol. Sem querer ficar para trás, o centro da Alcoa,
inaugurado este mês, tem quase o dobro do tamanho.
Conformação
dos
As duas atraem os engenheiros da rivalMetais
e xeretam os planos uma da outra. Em palestras para montadoras,
elas fornecem comparações detalhadas. A U.S. Steel apresenta fórmulas de álgebra que mostram que o
alumínio tem somente um terço da densidade do aço e roda acidentes simulados num laboratório de
informática para mostrar como a maior densidade do aço ajuda o pára-choque a resistir ao impacto.

A Alcoa mostra equações similares que mostram a vantagem da leveza de seu material — um capô de
alumínio pesa de 20% a 50% menos do que um feito de aço — e diz que seus engenheiros estão tentando
fechar a lacuna entre a firmeza de cada material com novos desenhos.

As duas concorrem mais no mercado de aproximadamente US$ 5 bilhões de lataria, como portas, capôs e
porta-malas. As fabricantes de alumínio dizem que oferecem uma vantagem de peso de 10% a 50% para
essas peças; as siderúrgicas dizem que suas peças são de 20% a 50% mais baratas.

Conformação dos Metais, 171


11. Estampagem de chapas - exercícios

1) Liste as principais vantagens da lata de alumínio em relação a lata de aço, para o


uso como recepiente de bebidas.

2) Liste duas razões de se usar a tampa da lata de alumínio para bebidas com
diâmetro menor do que o corpo da lata.

3) Se você tiver de projetar uma lata de alumínio para bebidas mais leve do que as
Conformação
atuais o que poderia ser feito?
dos Metais
4) Liste as vantagens da lata de aço em relação as latas de alumínio para uso como
recepiente de óleo automotivo?

Conformação dos Metais, 172


Apêndice 1 - Resiliência

Resiliência
É a capacidade de um material absorver energia quando este é
deformado elasticamente e depois, com o descarregamento, ter essa
energia recuperada.

A propriedade associada é dada pelo módulo deresiliência (Ur )

Conformação
Ur = 1/2 (s e x e edos
) = (sMetais
)2 /2E se Limite de escoamento
e

Tensão
Módulo de
A área sob a curva, que representa a resiliência

absorção de energia por unidade de volume,


corresponde ao módulo deResiliência Ur .
ee Deformação
Materiais resilientes são aqueles que têm alto limite de elasticidade e baixo
módulo de elasticidade (como os materiais utilizados para molas).

Conformação dos Metais, 173


Apêndice 2 - Tenacidade

Tenacidade
Corresponde à capacidade do material de absorver energia até sua ruptura.

Unidade  [Energia/volume]

Conformação

Tensão
Depende: da geometria do corpo de Tenacidade
dosa Metais
prova e da maneira como carga (força)
é aplicada.

Deformação
• Para pequenas taxas de deformação, a tenacidade é determinada pela
área da curva de tensão-deformação (teste de tração)

• A tenacidade à fratura é uma propriedade indicativa da resistência do


material à fratura quando este possui uma trinca.

Conformação dos Metais, 174


Deformação
Apêndice Elástica elástica
3 – Deformação

Precede a deformação plástica.


Deformação Elástica
A deformação não é permanente (reversível)  o material retorna à posição
inicial após retirada a força.
Precede a deformação plástica.
A Tensão é proporcional à deformação (Lei de Hooke)
A deformação não é permanente (reversível)  e o material retorna à posição
inicial após retirada a força.
 = tensão
S=Ee
=Ex
A Tensão é proporcional à deformação
Conformação
E =
(Lei
módulo de
de Hooke) (módulo
elasticidade de Young)

dos
 =Metais
deformação E é o módulo de elasticidade,
= tensão
ou módulo de Young.
=Ex E = módulo de elasticidade (módulo de Young)
 = deformação

Figura 4.7: Desenho esquemático da separação entre os átomos durante deformação elástica.

Conformação dos Metais, 175


Módulo de Elasticidade: Exemplos
Apêndice 4 – Módulo de elasticidade
 o módulo de elasticidade  mais rígido é o material
(menor é a sua deformação elástica)

MÓDULO DE ELASTICIDADE
[E]
GPa 10 6 Psi
• O comportamento elás
Magnésio 45 6.5
também é observado qua
AlumÍnio 69 10
forças compressivas, tens
Conformação
Latão 97 14
de cisalhamento ou de tor
Titânio
dos Metais 107 15.5
são aplicadas ao material
Cobre 110 16
Níquel 207 30
Aço 207 30
Tungstênio 407 59

* 1 psi = 6,90 x 10 -3 MPa = 7,03 x 10 -4 kg/mm 2

Tabela 4.2: Módulo de elasticidade dos metais principais.

Conformação dos Metais, 176


Apêndice 5 – Coeficiente de Poisson

Deformação Elástica: Coeficiente de Poisson


Quando o material é submetido a uma tensão de tração (ou compressão),
ocorre um “ajuste” (acomodação) nas dimensões perpendiculares à direção
da força aplicada.

O Coeficiente de Poisson () é definido como a razão (negativa) entre as


Conformação
deformações lateral (xdos
, y) Metais
e longitudinal (ou axial, z) do material.

Teremos x = y quando o material é isotrópico e a


tensão aplicada for uniaxial (apenas na direção “z”)

Conformação dos Metais, 177


Apêndice 5 – Coeficiente de Poisson (cont.)

Deformação Elástica: Coeficiente de Poisson

 Teoricamente, materiais isotrópicos devem apresentar um coeficiente de


Poisson de 0.25.

 O máximo valor para “” é 0.5 (valor para o qual não existe qualquer
alteração líquida no volume)
Conformação
 Para muito metais e ligas, este valor está entre 0.25 e 0.35
dos Metais
 O coef. de Poisson também é usado na relação entre os módulos de
cisalhamento ( G ) e e de elasticidade ( E ) de materiais “isotrópicos”, pela
relação:

E = 2G (1 + ) Para a maioria dos metais G  0,4E

Conformação dos Metais, 178


Apêndice 6 – Cálculo de fieiras

Cálculo de fieiras.
O cálculo da fieiras intermediárias em uma máquina de trefilação pode ser feita
graficamente. Os passos a seguir são para um exemplo de trefilação de fio-máquina
de 8mm para arame de 3 mm, em máquina de 7 passagens.
1. Calcule a deformação verdadeira total, usando a bitola de entrada Do e a bitola
desejada para o arame Df.
Conformação
T= 2. ln (Do/Di), para o exemplo T = 2. ln (8/3) = 1,962
dos Metais
2. Divida esta deformação total pelo número de passes da máquina, para calcular a
deformação média.
MT/n = 1,962 / 7 = 0,280

Conformação dos Metais, 179


Apêndice 6 – Cálculo de fieiras (cont.)

3. Desenhe um diagrama conforme mostrado baixo. O ponto central deve passar pela
deformação média (0,28). O outro ponto (último passe) é função da recomendação do
fabricante da máquina ou segundo observação de experiência para se evitar
aquecimento exagerado do arame e normalmente é da ordem de 0,20. Desenhe
então uma linha unindo o último ponto (0,20) ao ponto intermediário (0,28). Esta linha
irá determinar a deformação verdadeira dos outros passes.

0,50 Conformação
Deformação de cada passe.

0,45
0,40 dos Metais y = -0,02675x + 0,38722
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
0 . 1 2 3 4 5 6 7 8. .
.
Número do passe

Conformação dos Metais, 180


Apêndice 6 – Cálculo de fieiras (cont.)

Passe Def. verd.


4. Com a equação da linha (ou através de leitura no
1 0,3605
gráfico), calcule a deformação nos outros passes. Note 2 0,3337
que a soma das deformaçãos de todos os passes tem de 3 0,3070
fechar em 1,962, que é a deformação total: 4 0,2802
5 0,2535
6 0,2267
5. Aplique novamente a equação da deformação 7 0,2000
verdadeira, mas agora Conformação
para cada um dos passes. Soma 1,962
Para o início use a bitola do fio-maquina:
dos Metais
Passe 1: Passe Def. verd. Di
1 0,3605 6,68
0,3605 = 2 ln (Do/Di) = 2 ln(8/ D1) , ou seja 2 0,3337 5,65
3 0,3070 4,85
D1 = 8 / exp(0,3605/2) = 6,68 4 0,2802 4,22
5 0,2535 3,71
Aplique então para os outros passes considerando 6 0,2267 3,32
7 0,2000 3,00
sempre o diâmetro do passe anterior com Do .
Monte então uma tabela conforme ilustrado ao lado.

Conformação dos Metais, 181


Apêndice 7 – Software para trefilação

Exemplo de “software” para previsão de propriedades de arame de aço trefilado.

Conformação
dos Metais

Conformação dos Metais, 182


Literatura para consultas

1. Metalurgia Mecânica, G. E. DIETER, Editora Guanabara Dois, 1981.

2. Princípio de Ciência dos Materiais, L.H.VAN VLACK, Editora Edgard Blucher,


1970.

3. Fundamentos da Conformação Mecânica dos Metais, H. HELMAN e P. R.


Conformação
CETLIN, Fundação Christiano Otoni, 1993.
dos Metais
4. Transformação Mecânica dos Metais, R.DOMINGUES, Curso MET 242,
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, UFOP - Universidade
Federal de Ouro Preto, 2004.

Conformação dos Metais, 183

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