Unidade Zero
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Unidade Zero
Charles M. Dollar
Revista Acervo, v.7, n.12, p. 3-38, jan-dez 1994
O impacto das tecnologias de informação sobre
princípios e práticas de arquivos: algumas
considerações
• Década de 1990;
• O trabalho do arquivista e os impactos das TI
sobre este;
• Dividido em 2 partes:
– Como os imperativos tecnológicos influenciam no
trabalho em geral e como será seu uso no futuro;
– Como estes interferem nos princípios e práticas
arquivísitcas;
O impacto das tecnologias de informação sobre
princípios e práticas de arquivos: algumas
considerações (cont.)
• Arquivistas devem se tornar ativamente
envolvidos no tratamento da informação;
• Mudança global das comunicações:
I
– Informação Impressa Informação Eletrônica
• O trabalho deverá enfocar registros
eletrônicos que são e que serão criados;
• Diferenças nas visões arquivísticas européias e
norte-americanas;
Os Imperativos Tecnológicos
• Causaram impacto tão profundo quanto:
Revolução Industrial, Impressão, Escrita;
• São Eles:
– Natureza mutável da documentação:
• Mudança de suporte;
• Doc’s eletrônicos = não lineares/hipermídia;
• Bases de dados = alavancam negócios;
• Propriedade de documentos na rede;
Os Imperativos Tecnológicos (cont.)
– Natureza mutável do trabalho:
• Perda de um sentido de tempo;
• Extensão da participação com outros trabalhadores;
• Trabalho mais rápido = planilhas, editores de texto –
instantaneidade do trabalho;
• Descentralização do trabalho = interação;
– Mudanças de Tecnologia:
• Estimulam a inovação;
• Mais rápidas, flexíveis e baratas;
• Preço = obsolescência tecnológica;
Conceitos e Práticas Arquivísiticas
Preservação
Recuperar e modificar a retenção arquivísitca
permanente;
Extensão da vida útil dos doc’s por um período ilimitado;
Obsolescência tecnológica deve-se assegurar a
transferência dos registros;
Valor da continuidade = avaliar os custos da manutenção
da preservação dos doc’s que perdem valor com o tempo;
Finalidade nova assegurar a legibilidade e
intelegibilidade dos doc’s eletrônicos para facilitar a
permuta de dados através dos tempos;
Conclusão
Arquivistas devem repensar suas funções e
responsabilidades frente à revolução tecnológica
da informação;
Redefinir e adaptar seus princípios e práticas para
lidar com sistemas complexos de informação;
União com outros profissionais da informação,
assegurando que as NT’s atendam de modo
adequado interesses organizacionais e individuais
dos usuários da informação;
Gestão de Documentos: uma
renovação epistemológica no
universo da arquivologia
Seria uma grande ilusão imaginar que a cada problema histórico corresponde um tipo
único de documentos, específico para tal emprego. Quanto mais a pesquisa, [...], se
esforça por atingir os fatos profundos, menos lhe é permitido esperar a luz a não ser
dos raios convergentes de testemunhos muito diversos em sua natureza. (BLOCH,
2001, p.80)
A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas
pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. (FEBVRE,
1953, apud LE GOFF, 2004. p. 98)
Não há história sem documentos. [...] Há que tomar a palavra ‘documento’ no sentido
mais amplo, documento escrito, ilustrado, transmitido pelo som, a imagem, ou
qualquer outra maneira. (SAMARAN, 1961 apud LE GOFF, 2004. p. 98)
• Noção de fontes:
• Chamaremos de “fontes” todos os vestígios do passado
que os homens e o tempo conservaram,
voluntariamente ou não – sejam eles originais ou
reconstituídos, minerais, escritos, sonoros, fotográficos,
audiovisuais, ou até mesmo, daqui para a frente,
“virtuais” (contando, nesse caso, que tenham sido
gravados em uma memória) - e que o historiador, de
maneira consciente, deliberada e justificável, decide
erigir em elementos comprobatórios da informação
afim de reconstituir uma seqüência particular do
passado. (ROUSSO, 1996, p. 2, grifo nosso)
Michel Foucault:
O documento, pois, não é mais, para a história, essa matéria inerte
através da qual ela tenta reconstituir o que os homens fizeram ou
disseram, o que é passado e o que deixa apenas rastros; [...] ela é
o trabalho e a utilização de uma materialidade documental (livros,
textos, narrações, registros, atas, edifícios, instituições,
regulamentos, técnicas, objetos, costumes etc) que apresenta
sempre e em toda parte, em qualquer sociedade, formas de
permanências, quer espontâneas, quer organizadas. O documento
não é o feliz instrumento de uma história que seria em si mesma, e
de pleno direito, memória; a história é, para uma sociedade, uma
certa maneira de dar status e elaboração à massa documental de
que ela não se separa. (FOUCAULT, 2004, p.7-8, grifo do autor)
O problema da avaliação, tanto em seus princípios quanto em suas
práticas, sempre foi, e ainda, é muito pouco conhecido dos serviços
arquivísticos públicos.
Para Jardim (1995), a noção de memória não é problematizada como
referência teórica na literatura sobre a avaliação de documentos.
Para o autor, no Brasil, preconiza-se uma política de salvaguarda dos
documentos que, na maioria das vezes, ignora os parâmetros
científicos e confunde o histórico com aquilo que restou, num
processo de resgate daquilo que o Estado produziu e acumulou de
forma negligente, devido à ausência de normas e padrões de
gerenciamento. Acrescente-se nisso a falta de recursos humanos,
financeiros e materiais para o seu processamento técnico,
armazenamento adequado, disponibilização, acesso e uso.
[...] os estoques informacionais dos arquivos públicos
[...] tendem a ser considerados como parte de uma
memória coletiva tomada como produto, e não
como processo. Essa memória arqueologizável é
freqüentemente identificada sob a noção de
patrimônio documental arquivístico. Compostos por
acervos, mediante critérios teóricos e políticos
pouco explicitados, os arquivos públicos, geralmente,
promovem a monumentalização dos seus
documentos. (JARDIM, 1995, p. 8, grifo do autor)
Considerações Finais
No Brasil, somente a partir da introdução do conceito
de gestão de documentos disposto na Lei de Arquivos é
que se pode afirmar que a sua adoção começou a ser
identificada como forma de garantir o controle do ciclo
de vida dos documentos, permitindo uma avaliação
criteriosa e assegurando a organização de conjuntos
documentais que viessem alcançar a guarda
permanente. Essa recomendação já se encontrava
prescrita nos manuais norte-americanos, traduzidos
para a língua portuguesa, desde os anos de 1960.
O Estado não reconhece, ainda, na implementação
dessas atividades a possibilidade de uso dos recursos
informacionais produzidos como forma de estimular a
gestão participativa e de ampliar a conquista dos
direitos civis, propiciando a superação de muitas das
desigualdades sociais e a construção da cidadania plena.
As primeiras mudanças no cenário arquivístico brasileiro
pós-1990 ocorreram, em primeiro lugar, com a obtenção
do marco legal e, a seguir, com a sua regulamentação.
A adoção das normas arquivísticas vem esbarrando nas implicações
técnicas advindas das dificuldades de compreensão de uso dos
instrumentos, bem como a intensidade e o alcance de sua
observância apresenta implicações políticas.
A elaboração dos instrumentos técnicos de gestão de documentos
exigiu, dos produtores das normas, a realização de uma pesquisa
detalhada das funções e competências dos órgãos da administração
pública com relação à produção documental e uma análise do uso e
dos prazos de guarda desses documentos para o cumprimento dos
deveres e direitos do Estado na prestação de serviços públicos à
coletividade. Esses instrumentos são resultantes da produção de um
conhecimento arquivístico na área de gestão de documentos.
As dificuldades apresentadas para aplicação dos instrumentos
de classificação e avaliação devem-se, principalmente, ao fato
de uma longa tradição no serviço público de organização dos
documentos levando-se em consideração a tipologia e espécies
documentais, dissociadas do conteúdo informacional que
tratam, e privilegiando a ordenação numérico-cronológica.
Na elaboração de códigos de classificação e tabelas de
temporalidade e destinação de documentos é de fundamental
importância o conhecimento datotalidade da produção
documental, além de serem necessários a existência de
mecanismos de controle do fluxo informacional.
Arquivologia e informática: impacto
e perspectiva histórica das relações
entre as duas disciplinas