Power 2 Historia Da Escrita 2022 2

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● Conceitos que nortearam o ensino da leitura

e da escrita: um passeio pela história;


● As primeiras Cartilhas;
● O Duelo dos Métodos
Alfabetização

Quem inventou a escrita inventou ao mesmo tempo as


regras da alfabetização, ou seja, as regras que
permitem ao leitor decifrar o que está escrito, entender
como o sistema de escrita funciona e saber como usá-
lo apropriadamente. A alfabetização é, pois, tão antiga
quanto os sistemas de escrita. De certo modo, é a
atividade escolar mais antiga da humanidade.

Cagliari (1998, p. 12)


Alfabetização

A história nos mostra que a escrita surgiu do


sistema de contagem feito com marcas em
cajados ou ossos que provavelmente eram
usados para contar o gado, na época em que o
homem já domesticava os animais e possuía
rebanhos. Essas marcas eram utilizadas,
também, para as trocas e vendas,
representando a quantidade de animais ou
produtos negociados. Além dos números, era
preciso inventar símbolos para os produtos e os
nomes dos proprietários.
Alfabetização

O sistema de escrita mais antigo que se tem


registro foi criado na Suméria
aproximadamente 4.000 anos a. C. onde foram
encontrados peças feitas de argila com sinais
que são chamados de pictográficos, ou seja,
sinais que são baseados em desenhos que
representam coisas reais.
Esta forma de escrita ficou conhecida como cuneiforme (do grego, em
forma de cunha) e era escrita em placas de argila molhada, usando-se uma
espécie de caneta de madeira com a ponta na forma de cunha. Quando estas
placas endureciam, forneciam um meio quase indestrutível de
armazenamento de informações.
Escrita hieroglífica

A escrita hieroglífica é o sistema de escrita do Antigo


Egito que melhor se conhece. Tal como os antigos
sistemas de escrita, ela recorria à interpretação de
símbolos e figuras para expressar palavras difíceis ou
impossíveis de desenhar.
Os hieróglifos egípcios formavam um tipo de escrita baseada em sinais
pictográficos, que eram adaptados para diferentes objectivos. Este sistema
foi usado durante cerca de 3 mil anos, mantendo sempre a sua forma
pictórica. Por exemplo: o hieróglifo para a palavra "olho", era o desenho de
um olho; para "choro" era um olho acrescido de linhas representando as
lágrimas. Os hieróglifos eram bem adaptados à arte de entalhe (a palavra
hieróglifo significa "gravação sagrada") e eram amplamente usados para
gravações em documentos e paredes de túmulos. Mas eram difíceis de
escrever e os escribas egípcios desenvolveram um outro estilo, mais prático
e rápido de escrever à caneta, sobre o papiro.
Embora os hieróglifos egípcios constituíssem um alfabeto perfeitamente
funcional, a origem do alfabeto ocidental está na escrita dos povos da região
do Mediterrâneo, nos fenícios, que viveram ao longo da costa da Síria e do
Líbano (século XII a.C. ).
–A letra A tem sua origem mais remota no pictograma do
hieróglifo egípcio que representa a cabeça de um boi. A letra
Aleph hebraico moderno é o “alp”, a palavra para "boi ...
Escrita proto-cananeia

Inscrições proto-cananeias foram encontradas num


pequeno número de lugares da Palestina. Datam dos
séculos XVII e XVI a.C., e são os textos mais antigos que
se conhecem em escrita alfabética.
Para algumas letras, os cananeus tomaram como
modelos não hieróglifos, mas os objetos importantes
de seu próprio mundo. Por exemplo, um desenho da
palma da mão representa "K, KAF", em Canaã, não há
pictograma de uma palma de mão em hieróglifos egípcios.
Nesse caso, as letras são figuras, e a maioria delas utiliza o
princípio “acrofônico”. O “k”, por exemplo, era
representado pelo desenho de uma mão (kaf). Apenas se
escreviam as consoantes e a direção da escrita variava.
Princípio Acrofônico

Gardiner corretamente viu que cada ideograma tem um


valor acrofônico único: A imagem não está representada
pela palavra, mas apenas para o seu som inicial. Assim, o
pictograma bêt, "casa", desenhada como as quatro
paredes de uma habitação, representa apenas a primeira
consoante b.
Este princípio engenhoso é a raiz de todos os nossos
sistemas alfabéticos. Cada signo neste script representa
uma consoante na língua. (Vogais não estavam
representadas. A representação das vogais veio mais
tarde, e de diferentes formas em diferentes sistemas
alfabéticos).
Princípio Acrofônico

princípio acrofônico  o som inicial do nome da letra é


o som que a letra representa.

O princípio acrofônico permitiu uma grande simplificação


no número de letras e trouxe a forma óbvia de como se
devia proceder para ler e escrever. Uma vez identificada
a letra pelo nome, já se tinha um som para ela. Juntando
os sons das letras das palavras em seqüência tinha-se a
pronúncia de uma dada palavra – o que, feitos os devidos
ajustes, dava o resultado final de sua pronúncia; e,
pronunciando-a, o significado vinha automaticamente.
Princípio Acrofônico

Os romanos assimilaram tudo o que puderam da cultura


grega, inclusive o alfabeto.
Práticos como sempre, acharam interessante o
princípio acrofônico do alfabeto grego, mas
perceberam que as letras não precisavam ter nomes
especiais: era mais simples ter como nome da letra o
próprio som dela. Dessa forma, mantinha-se o princípio
acrofônico e ficava ainda mais fácil usar o alfabeto e se
alfabetizar. Foi assim que alfa, beta, gama, delta, épsilon,
etc. transformaram-se em a, bê, cê, dê, e, etc.
As primeiras cartilhas

Os semitas, os gregos e os romanos nos deixaram alguns


“alfabetos”: tabuinhas ou pequenas pedras ou chapas de
metal onde se encontravam todas as letras na ordem
tradicional dos alfabetos. Na verdade, serviam de guia
para as pessoas aprenderem a ler e a escrever, ou
mesmo quando fossem escrever. Tais documentos foram,
por assim dizer, as mais antigas “cartilhas” da
humanidade: uma cartilha que continha apenas o
inventário das letras do alfabeto.
As variações gráficas

Com o uso cada vez maior da escrita na sociedade e com


a produção crescente de livros escritos à mão (e depois
impressos), o alfabeto passou a ter um problema a mais:
foram surgindo formas variantes de representação
gráfica das letras (sem modificar o inventário do
alfabeto). Isso fez com que uma letra passasse a ser
apenas um valor abstrato do alfabeto, que podia ser
representado por muitas formas gráficas, as quais, agora,
o usuário do sistema de escrita tinha de conhecer.
As variações gráficas

A partir daí, o usuário da escrita precisava saber que “A”


e “a” são a mesma letra e, portanto, “CASA” equivale a
“casa”.
Isso trouxe um problema novo e complicado para a
alfabetização e para os leitores em geral. Não bastava
saber o alfabeto, seu princípio acrofônico e a
ortografia: era preciso, ainda, saber fazer a
categorização correta das formas gráficas,
reconhecendo a que categoria pertence cada letra
encontrada nas diferentes manifestações gráficas da
escrita.
Um pouco de história... as cartilhas...

Jan Hus (1374-1415) propôs uma ortografia padrão para a


língua tcheca e, juntamente com este trabalho, apresentou o
ABC de Hus: um conjunto de frases de cunho religioso,
cada qual iniciada com uma letra diferente, na ordem do
alfabeto. Essa obra era voltada para a alfabetização do povo.

O educador tcheco Jan Amos Komensky, mais conhecido


como Comênius (1592- 1670), fez de sua obra Orbis
sensualis pictus (“O mundo sensível em gravuras”),
publicada em 1658, um livro de alfabetização em que as
lições vinham acompanhadas de gravuras para ajudar a
motivar as crianças para os estudos.
• João de Barros (1496-1571) escreveu a gramática
portuguesa mais antiga, publicada em 1540. Junto com a
gramática, publicou a Cartinha, que é um outro
diminutivo de “carta”, ao lado da “cartilha”. O nome
“cartinha” ou “cartilha” tem a ver com “carta”, no sentido
de esquema, mapa de orientação.
• A Cartinha de João de Barros trazia o alfabeto (em letras
góticas, que eram as da imprensa da época); depois,
vinham as “taboas” ou “tabelas”, com todas as
combinações de letras que eram usadas para escrever
todas as sílabas das palavras da língua portuguesa. Em
• seguida, havia uma lista de palavras, cada uma
começando com uma letra diferente do alfabeto e
ilustrada com desenhos. Por último, vinham os
mandamentos de Deus e da Igreja, e algumas orações.
João de Barros incluiu, também, um gráfico que permitia
fazer todas as combinações de letras das “taboas”.
Cartinha de João de Barros - 1539
Cartinha de João de Barros - 1539
Um pouco de história... as cartilhas...

São João Batista de la Salle escreveu, em 1702, um


regulamento para as escolas que fundara, chamado “Conduite
des écoles chrétiennes” (“Conduta das escolas cristãs”),
publicado em 1720. Através dessa obra, pode-se ter uma
idéia bem detalhada de como eram as aulas naquela época,
inclusive a de alfabetização. O ensino era dividido em três
partes, uma destinada aos alunos principiantes, outra, aos
médios e a terceira, aos avançados. A primeira lição era a
“tábua do alfabeto”; a segunda, a “tábua das sílabas”; a
terceira, o silabário; a quarta, o segundo livro para
aprender a soletrar e a silabar; a quinta (ainda no
segundo livro) cuidava da leitura para quem já sabia
silabar perfeitamente, etc. No terceiro livro, os alunos
aprendiam a ler com pausas e entonação.
Um pouco de história... as cartilhas...

• Até a Revolução Francesa (século XVIII), o processo de


alfabetização tinha um caráter individual.
• Depois da Revolução Francesa, o processo de
alfabetização passou a ser coletivo: sala de aula.
• Sala de aula exige programa: 1 ano para alfabetizar. O
método das cartilhas, baseado no alfabeto, tabelas de
sílabas, exemplos de palavras e textos de leitura eram
os modelos usados pelos professores
• Material didático: painel com exemplos, lousa individual
para exercícios, livro de leitura
Um pouco de história... as
cartilhas...

• Após a Revolução Francesa, surgiu o Ensino Mútuo que


se espalhou, sobretudo, entre povos anglo-germânicos.
O pedagogo alemão José Hamel, em sua obra Ensino
Mútuo, descreve o método de alfabetização em
detalhes. Os alunos aprendem em aulas de 15 minutos,
estudando exercícios fáceis e em coro ao redor de
lousas colocadas nas paredes da sala. O ensino é
nitidamente coletivo, sendo dado para classes e não
mais com atenção individual.
Um pouco de história... as
cartilhas...

• Diante dessa nova realidade, as antigas cartilhas


sofreram uma modificação notável. Com a
escolarização, o processo educativo da
alfabetização tinha de acompanhar o calendário
escolar. Como as antigas cartilhas fossem
simples esquemas, passaram a ser mais
desenvolvidas. O estudo foi dividido em lições,
cada uma enfatizando um fato. O ensino silábico
passou a dominar o alfabético. O método do bá-
bé-bi-bó-bu começava a ser adotado. Com
poucas modificações superficiais, esse tipo de
cartilha iria ser o modelo dos livros de
alfabetização.
Antônio Feliciano de Castilho
Método Português - 1850

Outra cartilha famosa foi a de Antonio Feliciano de


Castilho, chamada Metodo portuguez para o ensino de
ler e do escrever, publicada em 1850. Essa obra tinha
como uma de suas características mais importantes o
emprego dos chamados “alfabetos picturais ou icônicos”,
já usados na Grécia antiga e muito em voga durante o
Renascimento. Castilho apresentava, também, “textos
narrativos” para ensinar o uso das letras, fazendo uma
lição para cada uma delas e para os dígrafos.
Antônio Feliciano de Castilho
Método Português - 1850
• Além do método de Castilho, outra cartilha portuguesa
que ficou muito famosa inclusive no Brasil, foi a de João
de Deus (1830-1896) chamada Cartilha maternal ou
arte de leitura.
• A cartilha de João de Deus apresentava uma forte
tendência para o privilégio da escrita sobre a leitura,
embora, no título da obra, haja um destaque à leitura.
• No Brasil, depois da grande influência da Cartilha
maternal (1870) de João de Deus, apareceram inúmeras
outras.
• O mais antigo, o método sintético partia do alfabeto
para a soletração e silabação, seguindo uma ordem
hierárquica crescente de dificuldades desde a letra até o
texto. Este método foi utilizado até o aparecimento da
Cartilha maternal.
• O método analítico inicia-se com a Cartilha maternal e
vai assumir importância maior na década de 30, quando
a psicologia passa a fazer testes de maturidade
psicológica e a condicionar o processo a resultados
obtidos nesses estudos. Exemplos típicos desse caso é
a Cartilha do povo (1928) e o famoso Teste ABC (1934)
ambos de Lourenço Filho.
Cartilha do Povo de Lourenço Filho
Cartilha Sodré
Cartilha Vamos Sorrir
Cartilha Vamos Sorrir
Cartilha Vamos Sorrir
Cartilha Caminho Suave
Cartilha Caminho Suave
Cartilha – método fônico
Cartilha Eu gosto de aprender
Maria da Glória Mariano Santos. Eu Gosto de Aprender: período
preparatório e cartilha – Livro do Mestre. Editora do Brasil, São Paulo.
sem data.
Algumas idéias sobre alfabetização

O método fônico?

• O método fônico é baseado apenas no princípio


acrofônico
• Trata a escrita como se fosse uma transcrição
fonética (ou fonológica: grafemas)
• Cria dificuldades com a escrita ortográfica sem
saber como resolver
• Se o aluno erra, não sabe como resolver
Algumas idéias sobre alfabetização

O construtivismo

"[...] A minha contribuição foi encontrar


uma explicação segundo a qual, por
trás da mão que pega o lápis, dos
olhos que olham, dos ouvidos que
escutam, há uma criança que pensa."

Emília Ferreiro
Alfabetização com Letramento

Características da capa de um livro


A poesia invade a sala de aula

Texto poético- lacunado – hipótese pré-silábica


A poesia invade a sala de aula

Texto poético - lacunado – hipótese alfabética


Fichas de trabalho para texto
científico

Texto científico – hipótese alfabética


Fichas de trabalho para texto
científico

Texto científico – hipótese pré-silábica


Silhueta -
receita

Texto instrucional -
Receita - hipótese
alfabética
Re-escrita de texto narrativo

Estrutura textual narrativa - Reconto de conto de


fadas - hipótese alfabética
Criança de
seis anos

Texto biográfico a
partir da leitura do
livro O menino
maluquinho
2000

1990
Histórico-cultural
•sujeito da
linguagem
1980

Construtivismo
1970
sujeito ativo sujeito interativo

1966 Associacionismo
• Sujeito perceptivo
Associacionismo: Sujeito perceptivo

1966
1970 1980 1990 2000

 Importância da prontidão para alfabetização: Ganhos


• funções perceptivo motoras; início de um olhar
para o sujeito que
• não se ensina a ler e a escrever antes da prontidão; aprende;
percepção de que
 Escolha do melhor método: as crianças não
• cartilhas - caminhos sintéticos ou analíticos; aprendem da
mesma maneira
• se ensinava “do mais simples para o mais complexo”; (carência cultural)
• só era oferecido à criança textos que ela pudesse
dominar; “Engano”
• repetição e memorização; estabelecimento
• palavra geradora de relações
causais lineares
Construtivismo:
Sujeito ativo
1966 1970
1970 1980 1990 2000
Professor como organizador do ambiente
Ganhos
Aprendizado mais importante que ensino Permite entender escritas
não convencionais
 Psicogênese da língua escrita: Trabalho com escritas
• compreensão das escritas não convencionais; “reais”
• questionamento da graduação de dificuldade; “Engano”
• importância da função social da escrita; toda criança
• ambiente alfabetizador; espontaneamente volta
sua atenção para
• apresentação de diferentes tipos de texto; aspectos fonológicos
• entendimento do erro;
Construtivismo:
Sujeito interativo
1966
1970 1980 1990 2000

• Intervenção do professor passa a ser valorizada

• Foco no ensino/aprendizagem
1966
1970 1980 1990 2000
Histórico-cultural: Sujeito da linguagem
1966
1970 1980 1990 2000

• Diferenciação entre letramento e Ganhos


Trabalho com gêneros
alfabetização prepara a criança para
uso social da escrita
• Percepção da escrita como um outro modo
de falar (discurso monológico letrado);
“Engano”
• Atenção voltada para os gêneros de texto
?
• Questionamento da validade do trabalho
centrado no texto
Processo complexo e multifacetado
Alfabetização: Letramento:
•Domínio do sistema • conjunto de
alfabético-ortográfico conhecimentos, atitudes e
• relação entre pauta capacidades necessários
sonora e as letras para usar a escrita em
práticas sociais

O letramento antecede, acompanha e ultrapassa o movimento da


alfabetização.
Alfabetização
Alfabetização
Letramento

Letramento
Alfabetização

Alfabetização
SISTEMATIZAÇÃO
• Processos complementares e não
alternativos
• Não são seqüenciais
• Articulada e simultânea

Desafios do trabalho
Diferentes gêneros
“Pseudo leituras” de textos

Leitura do professor
Situações reais de
leitura e escrita
Projetos
temáticos

Escritas espontâneas
Projetos Construção
temáticos do sistema
alfabético
Produzir textos com finalidade social
Escrita espontânea (Professor aceita
escritas não convencionais, interpreta o
que as crianças escrevem, dá informação
sobre a escrita)
• Diferenciar escrita de desenho e outros sinais gráficos;
• Reconhecer e nomear as letras do alfabeto;
• Perceber letra inicial das palavras;
• Descobrir que o nome da letra é diferente de seu valor sonoro;
• Reconhecer unidades fonológicas como sílabas, rimas,
terminações de palavras,
• Escrever com as letras do alfabeto em imprensa maiúscula e
conhecer a escrita cursiva;
• Escrever alfabeticamente, mesmo não dominando as
convenções do sistema;
• Dominar as relações regulares entre fonemas e grafemas e
progressivamente conhecer relações irregulares;
• Compreender a orientação da escrita e a segmentação das
palavras
O desafio do educador é organizar as
atividades de sala de aula a partir dos
estudos e pesquisas atuais na área da
linguagem, possibilitando uma
aprendizagem da língua oral e escrita de
acordo com as características da época
que está vivendo. (FERNANDES, Maria.
Os segredos da alfabetização. São
Paulo: Cortez, 2008.)
E não me esquecer, ao começar o trabalho de me preparar
para errar. Não esquecer que o erro muitas vezes se havia
tornado o meu caminho. Todas as vezes em que não dava
certo o que eu pensava ou sentia – é que se fazia enfim
uma brecha, e, se antes eu tivesse tido coragem, já teria
entrado por ela. Mas eu sempre tivera medo do delírio e
erro. Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma
verdade, pois quando erro é que saio do que entendo. Se a
“verdade” fosse aquilo que posso entender, terminaria
sendo apenas uma verdade pequena, do meu caminho.

Clarice Lispector

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