Material 1
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Material 1
PENHA
Paula Sant’Anna
Machado de Souza
Defensora Pública do Estado de São Paulo
Atuação nas Varas de Violência Doméstica e Familiar dos Foros Regionais de São Miguel Paulista e Itaquera
2022
Avanço normativo:
mudança de paradigma
Constituição Federal de 1988
É o 1º texto constitucional brasileiro a prever expressamente igualdade formal
entre mulheres e homens:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição”
Avanço normativo:
mudança de paradigma
Pré- Constituição de 1988
Código Penal
VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II e
VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior, se cometidos sem
violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou
e tratados
formas de Discriminação
contra a Mulher (ONU)
Para fins da presente Convenção, a expressão "discriminação contra a mulher" significará toda distinção,
Artigo 1º exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do
homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social,
cultural e civil ou em qualquer outro campo.
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero,
Artigo 1º que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera
privada.
Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica: (...) b. ocorrida na comunidade
Artigo 2º e cometida por qualquer pessoa, incluindo, entre outras formas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres,
prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no local de trabalho, bem como em instituições educacionais, serviços
de saúde ou qualquer outro local;
Artigo 3º Toda mulher tem direito a ser livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera privada.
Artigo 6º O direito de toda mulher a ser livre de violência abrange, entre outros:
a. o direito da mulher a ser livre de todas as formas de discriminação;
b. o direito da mulher a ser valorizada e educada livre de padrões estereotipados de comportamento e costumes sociais e
culturais baseados em conceitos de inferioridade ou subordinação.
Violência de gênero em números
5º pais no Raking global de assassinatos de mulheres no contexto doméstico e familiar. Essa taxa só é maior em El Salvador,
na Colômbia, na Guatemala e na Rússia.
-Os homicídios de mulheres nas residências cresceram 10,6% entre 2009 e 2019, os assassinatos fora das residências
apresentaram redução de 20,6% no mesmo período, indicando um provável crescimento da violência doméstica;
-De 2009 a 2019, o total de mulheres negras vítimas de homicídios apresentou aumento de 2%; enquanto número de mulheres
não negras assassinadas caiu 26,9%;
-Raça e sexo são categorias que justificam discriminações e subalternidades, construídas historicamente e que produzem
desigualdades, utilizadas como justificativas para as assimetrias sociais, que explicitam que mulheres negras estão em
situação de maior vulnerabilidade em todos os âmbitos sociais (CARNEIRO, 2017, p. 19).
Violência de gênero
e Os impactos sociais e econômicos da
pandemia pandemia de Coronavírus são diferentes
para homens e mulheres. Especialistas e
organizações alertam que é preciso levar
Relatórios e recomendações: em conta essas diferenças na hora de se
pensar as respostas para esta emergência
global. No Brasil, as mulheres, sobretudo
- Relatório do Fundo de População das Nações
as negras, estão entre os grupos mais
Unidas (UNFPA)
vulneráveis aos efeitos desta crise.
- Recomendações da ONU Mulheres
- Comunicados da Organização Mundial da Saúde
Fonte: Leda Antunes, para o Globo.
(OMS)
- Resoluções da Comissão Interamericana de
Direitos Humanos
- Portarias do Ministério da Saúde
- Notas Técnicas da Secretaria de Saúde do Estado
de São Paulo
Opinião
pública Dados da Pesquisa IPEA 2013 mostram como o
assunto é visto pela sociedade:
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as esporadicamente agregadas;
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ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Quais são os tipos de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher previstos na
Lei? (Art. 7º)
I - a violência física entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
II - a violência desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
psicológica humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação à intimidade,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação;
entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante
III - a violência intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a
sexual impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
patrimonial documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência
moral entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Medidas protetivas (art. 18 e ss)
Qual Natureza Jurídica?
1 Instrumento jurídico que visa proteger a integridade física e psicológica vida da mulher em
situação de violência doméstica;
Não é medida acessória - Natureza jurídica de tutela inibitória, visto que busca resguardar o direito
2 material da mulher em ter sua vida, integridade física e psicológica não violadas, de modo que a ofendida
busca um provimento judicial que visa inibir um ato ilícito ainda não praticado ou impedir a reiteração de
um ato já cometido ou a continuação de uma atividade ilícita em curso por parte do agressor.
Sobre o tema, Luiz Guilherme MARINONI pontua que "a tutela inibitória é voltada a impedir a prática de
ato contrário ao direito, assim como a sua repetição, ou ainda, continuação. Se a cautelar serve para
assegurar a tutela do direito, para prevenir a violação do direito não é necessária uma tutela de segurança,
mas apenas a tutela devida ao direito ameaçado de violação, ou seja, a tutela inibitória", para então
concluir que a medida protetiva produzirá efeitos enquanto existir o risco que fundamentou a
. judicial
decisão
(MARINONI, L. G.. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da Justiça. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2017, p. 60).
Medidas protetivas (art. 18 e ss)
Natureza Jurídica
Enunciado nº 37, do FONAVID (Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher), que
"A concessão da medida protetiva de urgência não está condicionada à existência de fato que configure, em tese, ilícito
.
penal."
Medidas protetivas (art. 18 e ss)
Natureza Jurídica
Embora, a mulher, nesses casos, esteja vulnerável e necessite de uma especial proteção por parte do Estado, não se
Assim, se a vítima não deseja representar criminalmente o agressor (por ainda possuir com o mesmo, relação de
dependência emocional ou mesmo temor de presenciar um membro da família condenado, criminalmente), não se
pode exigir como condição para a tutela de sua incolumidade física e psicológica (através das medidas protetivas), a
o registro da ocorrência ou representação criminal, sob pena de CONDICIONAR a proteção da mulher em situação
de violência.
Medidas protetivas
Quais os Requisitos?
violência de gênero; ( art. 1º e 5º da Lei 11.340/2006)
contexto de relação íntima de afeto; ( art. 7º da Lei 11.340/2006)
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas sempre que os direitos
reconhecidos na Lei forem ameaçados ou violados.
ENUNCIADO FONAVID Nº 18
A concessão de novas medidas protetivas, ou a substituição daquelas já concedidas, não se sujeita à
oitiva prévia do Ministério Público.
Medidas protetivas
Medidas que obrigam o/a ofensor/a (art.22)
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão
competente;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite
mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de
comunicação;
c) frequentar de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e
psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de
atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Medidas protetivas
Medidas que obrigam o/a ofensor/a (art.22)
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
RECURSO ESPECIAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. MEDIDA PROTETIVA. AFASTAMENTO DO EMPREGO. MANUTENÇÃO DO
VÍNCULO TRABALHISTA. COMPETÊNCIA. VARA ESPECIALIZADA. VARA CRIMINAL. NATUREZA JURÍDICA DO AFASTAMENTO.
INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. PAGAMENTO. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. PREVISÃO
LEGAL. INEXISTÊNCIA. FALTA JUSTIFICADA. PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO. AUXÍLIO DOENÇA. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO PARCIALMENTE. 1. Tem competência o juiz da vara especializada em violência doméstica e familiar ou, caso não
haja na localidade o juízo criminal, para apreciar pedido de imposição de medida protetiva de manutenção de vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de
afastamento do trabalho de ofendida decorrente de violência doméstica e familiar, uma vez que o motivo do afastamento não advém de relação de trabalho, mas de
situação emergencial que visa garantir a integridade física, psicológica e patrimonial da mulher. 2. Tem direito ao recebimento de salário a vítima de violência
doméstica e familiar que teve como medida protetiva imposta ao empregador a manutenção de vínculo trabalhista em decorrência de afastamento do emprego por
situação de violência doméstica e familiar, ante o fato de a natureza jurídica do afastamento ser a interrupção do contrato de trabalho, por meio de interpretação
teleológica da Lei n. 11.340/2006. 3. Incide o auxílio-doença, diante da falta de previsão legal, referente ao período de afastamento do trabalho, quando
reconhecida ser decorrente de violência doméstica e familiar, pois tal situação advém da ofensa à integridade física e psicológica da mulher e deve ser equiparada
aos casos de doença da segurada, por meio de interpretação extensiva da Lei Maria da Penha. 4. Cabe ao empregador o pagamento dos quinze primeiros dias
de afastamento da empregada vítima de violência doméstica e familiar e fica a cargo do INSS o pagamento do restante do período de afastamento
estabelecido pelo juiz, com necessidade de apresentação de atestado que confirme estar a ofendida incapacitada para o trabalho e desde que haja
aprovação do afastamento pela perícia do INSS, por incidência do auxílio-doença, aplicado ao caso por meio de interpretação analógica. 5. Recurso
especial parcialmente provido, para a fim de declarar competente o Juízo da 2ª Vara Criminal de Marília-SP, que fixou as medidas protetivas a favor da ora
recorrente, para apreciação do pedido retroativo de reconhecimento do afastamento de trabalho decorrente de violência doméstica, nos termos do voto.
(STJ - REsp: 1757775 SP 2018/0193975-8, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 20/08/2019, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 02/09/2019)
Medidas protetivas
Direcionadas à mulher em situação de violência (art. 9)
I - receber as informações da SMDHC e SMADS, sobre a necessidade de vaga educacional dos atendidos em acolhimento institucional sigiloso;
II - providenciar vaga próxima ao endereço para as modalidades de ensino de caráter obrigatório, inclusive com encaminhamento à Secretaria de Estado de
Educação, quando tratar de Ensino Fundamental, cujo atendimento é compartilhado entre as duas redes de ensino;
III - solicitar à Secretaria de Estado de Educação, se for o caso, vagas para o Ensino Médio;
IV - verificar as informações e indicar prioridade de atendimento para os cadastros de Educação Infantil – Creche;
V - providenciar o registro de sigilo dos dados cadastrais em seu Sistema Informatizado de Matrículas – Sistema EOL;
VI - encaminhar à Secretaria de Estado da Educação a necessidade de registro de sigilo no sistema Secretaria Escolar Digital, quando tratar de candidato/aluno
de Ensino Fundamental ou Ensino Médio;
VII - solicitar à SMDHC e SMADS todas as informações necessárias para cadastro e efetivação de matrículas.
Medidas protetivas
Direcionadas à mulher em situação de violência (art. 9)
RESOLVE:
Estabelecer os procedimentos para garantia de atendimento em saúde nos equipamentos da Rede Municipal de
Saúde durante período de acolhimento institucional sigiloso por meio da Secretaria Municipal de Saúde, com a
participação das Secretarias Municipais de Assistência e Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos, na
conformidade desta Portaria.
Implantar o cadastro sigiloso, visando garantir segurança às mulheres, e seus filhos quando necessário, em
situação de violência doméstica e familiar e que estejam expostas à violência física, mental ou sexual e risco de
morte, mantendo em sigilo os dados cadastrais em todos os serviços de saúde da rede Municipal.
Medidas protetivas
Quais Provas Apresentar?
Especial relevância da palavra da mulher
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. NOVOS ARGUMENTOS HÁBEIS A DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA. INEXISTÊNCIA.
CONTRAVENÇÃO PENAL. VIAS DE FATO NO ÂMBITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ABSOLVIÇÃO. NECESSIDADE DE AMPLO REEXAME DO
MATERIAL FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVÂNCIA NOS CRIMES PRATICADOS NO
ÂMBITO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AGRAVO DESPROVIDO. I - E assente nesta Corte Superior de Justiça que o agravo regimental deve trazer novos
argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos. II - Mostra-se
inviável o pedido absolutório, pois evidente a necessidade de amplo reexame do material fático-probatório dos autos, procedimento que, a toda evidência, é
incompatível com a estreita via do habeas corpus. III - Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica, a palavra da vítima possui especial
relevância, uma vez que são cometidos, em sua grande maioria, às escondidas, sem a presença de testemunhas. Precedentes. Agravo regimental desprovido.
(STJ - AgRg no HC: 496973 DF 2019/0063913-8, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 07/05/2019, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 13/05/2019)
“No presente caso, apesar de somente a vítima ter apresentado a sua versão acerca dos fatos, importante destacar que a jurisprudência pátria tem
dado relevante valor probatório ao relato da vítima em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, notadamente porque neste tipo de
crime a vítima normalmente é a única pessoa a presenciar a conduta, eis que praticados na maior parte das vezes em ambiente doméstico”.
ENUNCIADO 45 FONAVID: As medidas protetivas de urgência previstas na Lei 11.340/2006 podem ser deferidas de forma autônoma, apenas com base na
palavra da vítima, quando ausentes outros elementos probantes nos autos. (Aprovado no IX FONAVID – Natal (RN)).
Medidas protetivas
Quais Provas Apresentar?
1) Declarações de testemunhas
´
Provimento nº CG 32/2000 TJ/SP
Art 2º ‑ Quando vítimas ou testemunhas reclamarem de coação ou grave ameaça, em decorrência de depoimentos que devam prestar ou tenham
prestado, Juizes de Direito e Delegados de Polícia estão autorizados a proceder conforme dispõe o presente provimento.
Art 3º‑ As vítimas ou testemunhas coagidas ou submetidas a grave ameaça, em assim desejando, não terão quaisquer de seus endereços e dados
de qualificação lançados nos termos de seus depoimentos. Aqueles ficarão anotados em impresso distinto, remetido pela Autoridade Policial ao
Juiz competente juntamente com os autos do inquérito após edição do relatório. No Ofício de Justiça, será arquivada a comunicação em pasta
própria, autuada com, no máximo, duzentas folhas, numeradas, sob responsabilidade do Escrivão.
2) Relatórios psicossociais/saúde
Não há previsão legal acerca do recurso cabível, e a falta de previsão expressa tem causado enorme dificuldade para as
mulheres em situação de violência e para o próprio Tribunal de Justiça, que diverge acerca do instrumento processual
adequado.
Diante dessa divergência, sem a definição sobre a forma de impugnação adequada, somam-se julgados com posicionamentos
díspares, prevendo o cabimento de 4 meios de insurgência: i) mandado de segurança, ii) recurso em sentido estrito, iii) apelação
ou iv) agravo de instrumento.
Poder-se-ia argumentar que parte das Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo aplica o Princípio da
Fungibilidade dos recursos quando da controvérsia sobre o meio de impugnação adequado nestas hipóteses. Entretanto, nem
sempre isso ocorre, agravando-se a situação de risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
Medidas protetivas
Qual o Recurso cabível do indeferimento?
O Mandado de Segurança, que possui a natureza de ação constitucional mandamental e que tem por objeto a
proteção de direito diverso da liberdade de locomoção e do livre acesso a registro de dados pessoais e sua retificação
foi frequentemente utilizado na vigência do CPC/39 como sucedâneo recursal.
Melhor sorte não possui o Recurso em Sentido Estrito. Previsto no CPP em seu artigo 581, o RESE se presta a
atacar decisões interlocutórias, sentenças e atos administrativos de natureza penal.
Por fim, deve ser afastado o cabimento do Recurso de Apelação como meio impugnativo. A Apelação é, segundo
definição da legislação e da doutrina, cabível em face do pronunciamento por meio do qual o juiz põe fim à fase
cognitiva do procedimento, ou seja, a sentença. Como o indeferimento de medidas protetivas é realizado através de
uma decisão interlocutória de caráter inibitório, não há que se falar em cabimento do Recurso de Apelação nestas
hipóteses, seja ela cível ou criminal.
O atual entendimento a respeito das hipóteses de cabimento do Recurso de Agravo de Instrumento é absolutamente
compatível com a aplicação deste às decisões interlocutórias, de caráter inibitório e de natureza cível, proferidas
quando do indeferimento de pedidos relacionados às medidas protetivas.
Medidas protetivas
Qual o Recurso cabível do indeferimento?
Ementa: “AGRAVO DE INSTRUMENTO Pedido de Medidas Protetivas de Urgência - Indeferimento Medida excepcional
Liminar concedida - Medidas protetivas previstas no artigo 22, inciso II, com a consequente recondução da agravante ao respectivo
domicílio, e inciso III, letras “a”, fixando-se o limite mínimo de distância entre estes e o agravado de 500 (quinhentos) metros e “b”, da
Lei nº 11.340/2006 Recurso provido, convalidando-se a liminar anteriormente deferida”. (TJSP; Agravo de Instrumento nº
2006811-20.2015.8.26.0000; Relator: Ricardo Sale Junior; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Criminal; Data do Julgamento:
22/02/2018).
Importante precedente sobre o cabimento do Agravo de Instrumento foi firmado na ocasião do julgamento do Recurso Em Sentido
Estrito nº 0088674-76.2015.8.26.0050, em 17/10/2017, pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. O
Desembargador Relator Ivan Sartori proferiu em seu voto o seguinte:
“Por primeiro, anote-se que as hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito são apenas aquelas dos arts. 581 do Código de Processo
Penal e 294, parágrafo único, da Lei 9.503/97. E nesse rol taxativo não está contemplada a decisão que indefere medidas protetivas da Lei Maria da
Penha a vítimas de violência doméstica e familiar. Desse modo, ter-se-ia por ausente condição de admissibilidade recursal. Aliás, há precedente
desta relatoria, entendendo cabível o agravo de instrumento na espécie, aplicada, por analogia, a Lei Processual Civil, em homenagem ao
princípio do amplo acesso à jurisdição (Agravo de Instrumento nº 217087921.2014.8.26.0000, julgado em 02.02.2016). De todo modo, a
jurisprudência não entrou em harmonia quanto ao recurso cabível em casos que tais ou se viável apenas mandado de segurança. Então, prudente que
se conheça do reclamo como agravo de instrumento, tendo em vista os princípios que dizem com o acesso à jurisdição, duplo grau e
instrumentalidade das formas com destaque para o princípio da fungibilidade.
Medidas protetivas
Qual o Recurso cabível do indeferimento?
INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS Nº 2044935-96.2020.8.26.0000
O RESE somente pode ser proposto nas hipóteses específicas do art. 581 do Código de Processo Penal e não há possibilidade de
ser ampliado, na medida em que se trata de rol taxativo. O princípio da especialidade impõe a necessidade de interposição do
RESE somente nas situações expressamente previstas em lei. Por fim, o RESE não é dotado, em regra, de efeito suspensivo. Dessa
forma, somente nas hipóteses dos arts. 584 e seu §3º, o RESE possuirá este efeito
Possibilidade de cabimento do agravo de instrumento fora das hipóteses previstas no art. 1015 do CPC. Em relação a isso, o
STJ através da sistemática dos Recursos Repetitivos, firmou em 05/12/2018 através do Tema 988 a seguinte tese: “O Rol do art. 1015
do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente
da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.”
Em relação aos efeitos de seu recebimento, deve-se destacar que o Agravo de Instrumento pode ser dotado de efeito suspensivo ou
em seu bojo pode haver a concessão de tutela antecipada, de forma liminar, nos termos do art. 1019, I do CPC. O/A Relator/a
definirá os casos em que o Agravo será dotado de efeito suspensivo, bastando para isso o requerimento das partes.
Delegacia de Polícia
Qual Atuação?
Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência (DDM ou DP), deverá a/o Delegada/o
adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
- remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas
protetivas de urgência; (art. 12, III).
-Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência
doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos
serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede
policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
- Orientação Jurídica
- Medidas Protetivas
- Ação de Família/Cível
- Ações Criminais
- Articulação com a rede de proteção e enfrentamento
Princípios Informadores do Atendimento às mulheres em
situação de violência doméstica e familiar (art. 27/28)
Sigilo
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por
esta Lei, o Juizado (LMP):
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados
pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei
nº 13.894, de 2019)
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo
onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta
Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Desafios na atuação - hibridez
Caso de violência contra a mulher tem competência para autorizar viagem de mãe com filho menor ao exterior. É de competência das varas especializadas em
violência doméstica ou familiar contra a mulher a análise de demandas relacionadas aos interesses da criança e do adolescente nas hipóteses em que os pedidos
estiverem ligados especificamente à prática de violência contra a mulher. Nesses casos, a competência é mantida inclusive nos pedidos de viagem internacional em
companhia de menor de idade.
O entendimento foi fixado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao reconhecer a competência de juizado de violência doméstica do Distrito
Federal para autorizar que uma boliviana vítima de violência familiar retorne para o seu país de origem com o filho de apenas um ano de idade.
Além de se opor à viagem da mãe, o pai da criança defendia a competência da Vara da Infância e Juventude para decidir sobre a questão, tese que foi acolhida pelo
Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), mas afastada pela maioria dos ministros do colegiado do STJ no julgamento do recurso especial interposto pela mãe.
Tal compreensão, em contrariedade à própria funcionalidade do sistema jurisdicional, ignora o propósito da lei de centralizar no Juízo Especializado de
Violência Doméstica Contra a Mulher todas as ações criminais e civis que tenham por fundamento a violência doméstica contra a mulher, a fim de lhe
conferir as melhores condições cognitivas para deliberar sobre todas as situações jurídicas daí decorrentes, inclusive, eventualmente, a dos filhos menores
do casal, com esteio, nesse caso, nos princípios da proteção integral e do melhor interesse da criança e demais regras protetivas previstas no Estatuto da
Criança e do Adolescente”, apontou o relator do recurso, ministro Marco Aurélio Bellizze.
Desafios na atuação - hibridez
O ministro Bellizze lembrou inicialmente que o artigo 14 da Lei Maria da Penha preceitua a competência híbrida (criminal e civil) das varas especializadas da
violência doméstica contra a mulher para o julgamento e execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Essa competência, segundo o ministro, foi estabelecida de forma ampla justamente para permitir ao mesmo magistrado o conhecimento da situação de
violência doméstica contra a mulher, permitindo-lhe analisar as repercussões jurídicas nas diversas ações civis e criminais advindas direta e indiretamente
desse fato.
Dessa forma, apontou o relator, para o estabelecimento da competência da vara especializada da violência doméstica nas ações de natureza civil, é imprescindível
que – como ocorreu no caso em análise – a causa de pedir da ação correlata consista justamente na prática de violência contra a mulher.
“In casu, como assinalado, a pretensão de retornar ao seu país de origem com o filho — que pressupõe suprimento judicial da autorização paterna e a
concessão de guarda unilateral à genitora, segundo o juízo a quo — deu-se em plena vigência de medida protetiva de urgência destinada a neutralizar a
situação de violência a que a demandante encontrava-se submetida”, concluiu o ministro, ao reconhecer a competência da vara de violência doméstica e
determinar que o TJDF analise apenas o mérito da decisão de primeiro grau.
Desafios na atuação - hibridez
ENUNCIADO 3 FONAVID: A competência cível dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é restrita às medidas protetivas de urgência
previstas na Lei Maria da Penha, devendo as ações cíveis e as de Direito de Família ser processadas e julgadas pelas varas cíveis e de família, respectivamente.
Para contribuir com esse debate, o Consórcio Lei Maria da Penha pelo Enfrentamento a todas as Formas de Violência de Gênero contra as Mulheres – grupo
formado pelas ONGs Feministas CEPIA, CFEMEA, CLADEM, THEMIS, ativistas e pesquisadoras que atuam em defesa dos direitos das mulheres – elaborou a
presente Nota Técnica sobre a importância dos juizados com competência cível e criminal para o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra as
mulheres.
O Superior Tribunal de Justiça tem reiterado, também, seu entendimento acerca da obrigatoriedade de que a competência híbrida seja implementada como regra nos
casos de violência doméstica contra as mulheres:
A amplitude da competência conferida pela Lei n. 11.340/2006 à Vara Especializada tem por propósito justamente permitir ao mesmo magistrado o conhecimento
da situação de violência doméstica e familiar contra a mulher, permitindo-lhe bem sopesar as repercussões jurídicas nas diversas ações civis e criminais advindas
direta e indiretamente desse fato. Providência que, a um só tempo, facilita o acesso da mulher, vítima de violência doméstica, ao Poder Judiciário, e confere-lhe real
proteção. Assim, se afigura absolutamente consonante com a abrangência das matérias outorgadas à competência da Vara Especializada da Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher o deferimento de medida protetiva de alimentos, de natureza cível, no âmbito de ação criminal destinada a apurar crimes de
violência doméstica e familiar contra a mulher. (…) Compreensão diversa tornaria inócuo o propósito de se conferir efetiva proteção à mulher, em situação de
hipervulnerabilidade. (RHC 100.446-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe 05/12/2018)[29].
Desafios na atuação – Conciliação – é
possível?
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
a) Informem às mulheres sobre seus direitos de utilizar mediação, conciliação, arbitragem e resolução
colaborativa de disputas;
b) Assegurem que procedimentos alternativos de resolução de disputas não restrinjam o acesso pelas
mulheres a remédios judiciais e outros em todas as áreas do direito, e não conduzam a novas
violações de seus direitos;
c) Assegurem que casos de violência contra as mulheres, incluindo violência doméstica, sob
nenhuma circunstância sejam encaminhados para qualquer procedimento alternativo de
resolução de disputas.
Desafios na atuação - Conciliação
Jurisprudência:
Jurisprudência:
“Segundo penso, o ideal buscado pelo Novo Código de Processo Civil, no sentido de evitar os litígios,
prestigiando as conciliações, não pode se sobrepor aos princípios consagrados pela Constituição
Federal, relativos à dignidade da pessoa humanada e dele derivados.
Assim, ao menos em princípio, não se mostra plausível obrigar a autora a comparecer a audiência de
conciliação e encontrar o réu, se alega ser vítima de violência doméstica (AI nº 2094427-
96.2016.8.26.0000, 2ª Câmara de Direito Privado, Des. Relator: José Carlos Ferreira Alves)”
Desafios na atuação – Guarda
Compartilhada?
Guarda Compartilhada - Código Civil:
Art. 1583. § 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém
que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao
poder familiar dos filhos comuns.
§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma
equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos
filhos:
Art. 1584. § 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho,
encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda
compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do
menor.
Desafios na atuação – Guarda
Compartilhada?
Artigo: “Justiça Penal e Justiça de Família: a Guarda Compartilhada e a Proteção Que Desprotege”
– Soraia da Rosa Mendes
“Em síntese, o instituto da guarda compartilhada é, como sói acontecer a qualquer um outro
instrumento jurídico, neutro. O que não é insípida, incolor e inodora, de outra banda, é a atuação
judicial que, a persistir compartimentada como vem sendo, além de apenas pôr fim a processos,
transforma-se em uma fonte potencializadora de mais violência não só contra a mulher, mas também
contra as crianças e adolescentes envolvidos”.
Rede de Enfrentamento à
Violência contra a Mulher – o
que significa?
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de
um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-
governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de
segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de
proteção aos direitos humanos das mulheres;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos
humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a
mulher.
Rede de Enfrentamento à
Violência contra a Mulher –
Quais serviços e políticas?
ABRIGOS SIGILOSOS
CENTROS DE REFERÊNCIA
CASA DE PASSAGEM
POLÍTICAS PÚBLICAS
Exigência de Atuação em REDE
Trama Rede
Rede de Enfrentamento à
Violência contra a Mulher
Exemplos de atuações em Rede:
Elaboração de materiais informativos (impressos e/ou virtuais) como: cartilhas, folders, guias de serviços para
mulheres em situação de violência (versão para mulheres e para profissionais);
Organização de eventos, como encontros intersetoriais, fóruns, seminários, congressos, manifestações, grupos
autoformativos (com ou sem convidadas) etc;
Estabelecimento de fluxos intersetoriais de encaminhamentos, de acordo com demandas específicas (ex.:
Violência Sexual, pedido de Medida Protetiva sem necessidade de B.O.);
Produção de campanhas temáticas e elaboração de pesquisas (ex. Delegacias), manifestos, moções de
repúdio, abaixo-assinados, cartas-compromisso, etc;
Criação de grupos virtuais de discussão (e-mail, facebook, whatsapp) e sites (ex.: Projeto - site das Redes de
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da cidade de São Paulo – reúne as 6 Redes).
Acesso à Justiça
Quais são os
OBSTÁCULOS?
Por parte do
Estado Por parte da
Sociedade
Obstáculos para o acesso à justiça
Falta de orçamento: sem dinheiro, não há como desenvolver as políticas para as mulheres, em
2 todas as esferas do poder público.
Melhorias nos atendimentos: falta de locais de atendimento (desde delegacias até varas
3 especializadas); insuficiência de formação para os profissionais; falta de articulação entre os serviços
Obstáculos para o acesso à justiça
1 Desinformação
Focando no acesso à justiça pelas mulheres que estão em situação de violência, a concretização desse direito fundamental torna-
se ainda mais complexa pelos fatores históricos e culturais que consideram a violência como um assunto privado. O
desconhecimento real por parte das mulheres acerca dos direitos de que é detentora é um dos fatores que as afasta das
informações que poderiam possibilitar uma reação diante de uma violação de direito. O desconhecimento da rede que atende
essa mulher – capacitação?
Descrença e Discriminação
2 Um outro empecilho que mantem as mulheres distantes de todo o sistema de acesso à justiça é a descrença em relação a ele. O
aparato judicial e a rede de atendimento é muito complicada na visão dessas mulheres que se deparam com prazos, muitas
formalidades e demora cada vez maior para a obtenção de uma decisão judicial e de um encaminhamento. Essa descrença também
é alimentada porque o Sistema de Justiça e a rede de atendimento ainda não se capacitaram para receber e atuar nos casos em que
há violações decorrentes da discriminação de gênero e continua com uma visão conservadora e antiquada sobre os papéis
das mulheres na sociedade atual. Ademais, a falta de empatia tem sido também responsável pelas mais graves ocorrências de
violência institucional contra mulheres que recorrem ao sistema de justiça e à rede de proteção.Não é incomum também os relatos
de mulheres que sentem que sua palavra é colocada “à prova” a todo momento.
Muito
Obrigada!
Paula Sant’Anna
Machado de Souza
Defensora Pública do Estado de São Paulo
Atuação nas Varas de Violência Doméstica e Familiar dos Foros Regionais de São Miguel Paulista e Itaquera
REFERÊNCIAS
Comentários Gerais do Comite para eliminação da discriminação contra as mulheres : i
b536382b-a0fd-465f-3e75-e92e454140b1 (sp.def.br)
Vara de violência contra a mulher tem competência para autorizar viagem de mãe com filho menor ao exterior (stj.jus.b
r)
Consórcio Lei Maria da Penha elabora nota técnica sobre competência híbrida dos Juizados de Violência Doméstica e
Familiar - Themis
enunciados-atualizados-xiii-fonavid-teresina-piaui-revisados-1.pdf (cnj.jus.br)
MARINONI, L. G.. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da JustiçaTutela
de urgência e tutela da evidência : solu... (tse.jus.br)
REFERÊNCIAS