P.s.forense - Chimuco

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« SE APRENDER A SER UM PROFISSIONAL FORENSE É

UMA VIAGEM LONGA E COMPLEXA, REPLETA DE


DESAFIOS E EMOÇÕES, INICIA-SE COM AS DIFICIENCIAS
QUE TEMOS COM OS NOSSOS PAIS E IRMÃOS.

PROSSEGUE A MEDIDA QUE VAMOS OBSERVANDO A


PROFiSSÃO APÔS PROFiSSÃO, AO LONGO DOS TEMPOS
E OU NA NOSSA VIVENCIA. CULMINANDO
FORMALMENTE COM A FORMAÇÃO PROFISSIONAL,
CONTÍNUA NAS EXPERIENCIAS QUE VIVEMOS POR QUE
VAMOS PASANDO AO LONGO DA VIDA»
«Os Criminólogos que,
principalmente a partir do início do
século XX, estudaram o assunto
identificaram uma série de fatores
Criminogênicos que, combinados em
proporções e situações específicas,
poderiam explicar a causação do
crime»
MISSÃO GERAL

Ajudar a tornar mais eficiente a


acção do psicólogo forense, ao
mesmo tempo tornar mais
interessante e proveitoso no que
fazemos

Participativo
O Psicólogo Criar condições interviniente
De ajuda psicológica
Forense aos órgaos de justiça
Produtivo
A IDEIA CENTRAL
Transformar a personalidade do estudante, de psicologia
forense atingindo níveis qualitativamente úteis no seu
desempenho profissional integral. Isto expressa-se em:

• Eficiência e coerência na actividade de psicólogo forense


• Equipamentos e recursos de apoio com parceiro
• Gestão optimizada no que queremos como psicólogos
Forenses;
• Ligação com a comunidade Forense envolvente;

Tudo isso para se alcançar as três faculdades


preciosas: intelecto; Vontade e profissionalidade .-
OBJECTIVO GERAL
Que os estudantes sejam capazes
de aplicar os conhecimentos das
teorias psicológicas da
criminalidade aprendidos em
psicologia forense no
aperfeiçoamento da sua prática,
com fito a obtenção de uma
bagagem profissional e cultural
sobre o comportamemto humano
para que, as decisões tomadas em
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS :

 Born, M. (2005). Psicologia da Delinquência. Lisboa: Climepsi


Editores.
 Figueira, A. (2009/2010). Teorias Psicológicas da Criminalidade,
Comunicação apresentada na disciplina de Teorias Psicológicas
da Criminalidade de 1º ano de Mestrado de Psicologia Forense
de Exclusão Social, na Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, Lisboa, Portugal;
 Huss, M. (2011) Psicologia Forense – Pesquisa, Prática e
Aplicações, Brasil: Artmed.
 Machado, C. (2006). Psicologia Forense:
Desenvolvimentos, Cientificidade e Limitações. In RMP –
Revista do Ministério Público;
 Machado, C., & Gonçalves, R. (2005). Avaliação
Psicológica Forense: Características, problemas técnicos
e questões éticas. In. Gonçalves, R. A & Machado, C.
(Coords.), Psicologia Forense, (p. 19-31). Coimbra:
Quarteto.
 Manita, C. (2001). O Conceito de Perigosidade, Implicações para
o Dialogo Interdisciplinar entre Psicologia e Direito Penal; Sub
DESENVOLVIMENTOS:

 “A psicologia Forense deve ser entendida como um


campo interdisciplinar, cuja especificidade é a
interface entre a psicologia e o direito.

 Assim, Blackburn (1996) defende que psicologia


forense consiste na aplicação do conhecimento
psicológico (não restrito ao conhecimento sobre o
crime ou desvio) ao serviço da tomada de decisão
judicial” (Gonçalves e Machado, 2005).

 A palavra “forense” alude a uma relação directa com o


sistema jurídico, sendo muito deste trabalho levado a
cabo numa grande diversidade de contextos,
instituições ou locais (Fonseca, 2006).
 Nos anos 60 a psicologia forense definiu de forma
clara o plano da sua investigação e a traçou
orientações bem definidas para a formação e a prática
dos seus profissionais (Otto & Heilbrun, 2002; Packer
& Borum, 2003), o que a torna uma disciplina com um
vasto leque de domínios do saber, onde é possível
identificar ou definir sub-especialidades mais
homogéneas (e.g. psicologia policial, psicologia
criminal ou criminologia, psicologia correccional)
Bartol e Bartol (2004) (cit in Fonseca, 2006).

 “Em França a partir dos anos 70 os psicólogos


começaram a dar o seu parecer de forma
independente nos tribunais”(Viaux, 2003; cit in
Fonseca, 2006).
 “Segundo Fonseca (2006) é uma das disciplinas da
psicologia mais dinâmica e produtiva, tanto do ponto
de vista da investigação como do ponto de vista da
intervenção”.
 Existe uma ideia errónea, quase como que
estigmatizada, acerca do trabalho do psicólogo
forense julgando que este tem um trabalho
relativamente mais facilitado do que outros
especialistas de outras áreas de psicologia, devido ao
facto de o seu trabalho ocorrer conjuntamente com o
sistema jurídico.
 Ou seja, é usual que a sociedade abone
negativamente em relação ao papel de neutralidade
que o Psicólogo tem de manter devido a esta parceria.
 A área da Psicologia Forense está em visível
expansão. Em diversos países sua aplicação
vem sendo estudada, cada qual com sua
própria legislação e organização estatal.
Segundo Bartol e Bartol (2008);

 A Psicologia Forense é umas das muitas


especialidades da Psicologia, e que tem
ligação com o sistema jurídico. Estuda
aspectos do comportamento humano que se
relacionam com o sistema jurídico civil e
criminal.
 A origem da Psicologia Forense tem suas
raízes na psiquiatria forense, que possuía
como finalidade a realização de perícia,
avaliando indivíduos com algum envolvimento
legal.
 A psiquiatria forense esclarecia questões sobre
a saúde mental dos indivíduos, bem como a
possibilidade de responsabilização (Gomide,
2011).
 Actualmente, a Psicologia Forense possui
diversos campos de actuação, incluindo
investigação, estudo, avaliação, auxílio aos
operadores do Direito em consultorias,
depoimentos e intervenções (Bartol e Bartol,
2008).
 A importância em conhecer o ensino da Psicologia
nas Faculdades de Direito, decorre de uma busca
pela aproximação entre as duas áreas do
conhecimento que integram a Psicologia Forense,
quais sejam, a Psicologia e o Direito.
 Oportuno também salientar a publicação do
Conselho Nacional de Justiça sobre a
obrigatoriedade da matéria de Psicologia Judiciária
nos concursos para a magistratura;
 Neste sentido, verificar como é o ensino da
Psicologia nos vossos cursos, considerando sua
diversidade teórica, é relevante para que se possa
construir um conhecimento fidedigno em
Psicologia Forense.
 Um funcionário público encontrava-se a
dormir em sua casa com a família toda num
final de semana.
 De repente ouve um barulho na sala e sai
para constatar o que se estava a passar; ao
chegar na sala de estar depara-se com um
gatuno a tentar retirar o seu televisor e, este
ao ver o dono põe-se a correr deixando a casa
em direcção a rua.
 Quando chega à rua ao fazer a travessia a
correr é atropelado e morre!!!!!!!!

 QUEM É O CULPADO?
 Quintero e Lópes (2010) sugerem que em países de
língua inglesa são usados frequentemente os termos
Psicologia Forense (Forensic Psychology) e Psicologia
Legal (Legal Psychology).
 Já em países de língua espanhola, e em parte do
continente europeu, utiliza-se o termo Psicologia
Jurídica. No Brasil, o Conselho Nacional de Justiça,
adopta a expressão “psicologia judiciária”, outra
expressão que designa o mesmo conteúdo da
Psicologia Forense.
 De qualquer forma, o estudo da psicologia jurídica
(forense, legal) dedica-se à integração da Psicologia
com o Direito. “Psicologia e Direito, mesmo
constituindo-se disciplinas distintas, possuem como
ponto de intersecção o interesse pelo comportamento
humano” (Rovinski, 2007, p.12).
 De acordo com Wrightsman e Fulero (2004), foi
a partir de 1970 que psicólogos experimentais
e sociais passaram a se interessar pelas
questões jurídicas.
 Este facto se deu especialmente pela
necessidade de se fazer observações em
contextos naturais, a fim de compreender o
comportamento social e a memória.
 A psicologia social na década de 70 respondeu
a uma crise sobre sua importância, estendendo
seus conceitos para temas do mundo real,
incluindo a saúde e a lei.
 Neste contexto, a psiquiatria forense possui
uma grande influência na origem da
psicologia forense.
 O nascimento desta se deu com a finalidade
de realizar perícia, avaliando indivíduos
envolvidos com a lei. Esta avaliação informa
se é possível a compreensão e a
responsabilização do indivíduo pelos seus
actos.
 A avaliação destas questões específicas sobre
saúde mental e responsabilidade criminal do
indivíduo, cabia à psiquiatria forense
esclarecer (Gomide, 2011).
 Deste modo, a actuação dos psicólogos na área jurídica
teria iniciado antes mesmo do reconhecimento da profissão,
na década de 60, que dispõe sobre os cursos de formação
em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo.
 A inserção destes profissionais no Poder Judiciário iniciou de
forma lenta, muitas vezes de modo informal, mediante
estágios ou serviços de voluntariado.
 As questões criminais, voltadas ao estudo do perfil do
criminoso ou de crianças e adolescentes envolvidos em
actos infraccionais, foram as primeiras a serem estudadas,
seguindo-se a própria história da Psicologia Jurídica.
 Além das práticas, outro factor importante para o
reconhecimento do trabalho do psicólogo pela área jurídica,
foi a previsão legal dos exames de personalidade,
criminológico e parecer técnico pela Lei de Execução Penal
e da nova parte geral do Código Penal.
CONSTATAÇÕES

Caires (2003) pontuou duas diferenças básicas que


distinguiam o trabalho forense do trabalho clínico:
1. Os sujeitos não tinham uma “queixa clínica” a ser
examinada, e sim um fato jurídico recaindo sobre
eles (fosse de que natureza fosse), e só foram para
a perícia médica e psicológica, porque durante os
inquéritos (policial e/ou judicial) levantaram-se
dúvidas inespecíficas quanto à sua higidez mental;
Para serem tratados clinicamente, não
eram encaminhados com esse fito;
seriam “tratados”
sim,
Mas não por profissionais da saúde
mental naquele momento,
mas
Por profissionais aplicadores da Lei, que
procuravam a Psicologia para recorrer à
medida judicial mais adequada.
ÁREAS DE ACTUAÇÃO

 No tocante às áreas de actuação do psicólogo


forense, Bartol e Bartol (2008) afirmam que sua
aplicação inclui investigações, estudos,
avaliações, auxílio aos operadores jurídicos,
consultorias, depoimentos e testemunhos
para ajudar na resolução de litígios relativos
à vida ou à propriedade, perante os órgãos
judiciais.
 Os autores dividem a prática da Psicologia Forense
em 5 subespecialidades:
PSICOLOGIA POLICIAL:
Auxilia o departamento de polícia a
estabelecer programas de trabalho para seus
funcionários;
Auxilia a polícia no desenvolvimento do perfil
psicológico de criminosos em série;
Estabelece procedimentos adequados para
selecção de profissionais;
Capacita os profissionais para lidar com
pessoas portadoras de necessidades
especiais;
Aconselha profissionais após incidentes
traumáticos.
PSICOLOGIA DO CRIME E DELINQUÊNCIA:

Produz e avalia estratégias de


intervenção pré-escolares destinadas
a prevenir a comportamento violento
na adolescência;
Conduz pesquisas que avaliam o
desenvolvimento da psicopatia;
Atua como auxiliar em investigação
policial;
Desenvolve testes psicológicos para
avaliação de risco.
SERVIÇOS PARA VÍTIMAS E VITIMOLOGIA:
 Faz avaliação e tratamento de pessoas que são
vítimas ou testemunhas de crime;
 Presta assessoria psicológica para pessoas que
sofreram acidentes automobilísticos, assédio sexual,
discriminação, negligência médica, etc;
 Faz o treinamento de pessoal que presta serviço de
atendimento às vítimas (com estresse pós traumático,
por exemplo);
 Avalia, presta apoio e faz aconselhamento nos
serviços de notificação de morte;
 Treina os funcionários a lidar com as vítimas que
procuram os serviços de apoio, considerando o
impacto do multiculturalismo.
PSICOLOGIA LEGAL:

 Conduz avaliação de custódia infantil, presta


assessoria de visitas e avaliação de abuso sexual;

 Presta assistência à advogados na selecção de


jurados;

 Realiza avaliação do acusado em julgamento;

 Presta consultoria a advogados e à corte sobre


decisões de custódia e resolução de conflitos, bem
como faz avaliação das condições psicológicas nos
procedimentos.
PSICOLOGIA CORRECIONAL:
 Estabelece procedimentos de triagem e validação
para cargos de funcionários nas instalações
correccionais;

 Avalia e produz programas de recuperação para


jovens e adultos ofensores, reconciliação de vítimas
e ofensores, tratamento de autores de crimes
sexuais, e educação em saúde;

 Desenvolve programas para diminuir estresses dos •


funcionários correccionais;

 Desenvolve um sistema de classificação para •


colocação dos presos em uma instituição
correccional.
A aproximação entre a Psicologia e o Direito
iniciou envolvendo questões criminais e os
direitos da criança e do adolescente.

Porém, nos últimos anos, outras áreas como o


Direito de Família e o Direito do Trabalho vem
requisitando o trabalho especializado do
psicólogo, o que demonstra a importância em
desenvolver pesquisas que aproximem estas
duas áreas, a fim de contribuir para a
formação e actuação do psicólogo forense e
dos operadores do Direito.
• Gomide (2011) menciona ainda que a
actuação do psicólogo forense pode ser
definida em função do local que o psicólogo
trabalha.

• Neste caso, podem ser presídios, centros de


socio-educação, comunidades terapêuticas,
clínicas particulares, laboratórios, clínicas
escolas, justiça restaurativa, fóruns,
programas de liberdade assistida, ONGs,
etc.
• E também em relação ao tipo de cliente
atendido, como vítimas, agressores, e suas
famílias.
• A partir do exposto, pode-se dizer que
Psicologia jurídica e Psicologia forense não são
termos sinónimos, mas têm estreita ligação
temática e prática.

• Assim, a Psicologia forense é uma área


particular da Psicologia jurídica e que diz
respeito directamente às decisões e aos
trabalhos que ocorrem nas situações de
tribunais e de julgamentos.

• Já a Psicologia jurídica vai desde o estudo,


passando pelo tratamento e pelo
assessoramento de várias etapas da
actividade jurídica, até o cuidado com vítimas,
infractores e profissionais do Direito
Como foi visto, as actividades da Psicologia jurídica são
mais abrangentes do que geralmente se supõe,
envolvendo, especialmente:
1. A análise dos testemunhos (mormente o grau de
confiabilidade);
2. O exame das evidências delitivas;
3. A análise e interpretação de confissões;
4. A compreensão sociopsicológica dos delitos (desvendar
suas motivações);
5. O restauro psíquico e subjectivo do infractor;
6. Análise de medidas profilácticas de cunho sociocultural e
psicológico a serem aplicadas a grupos específicos de
delinquentes;
7. O trabalho psicológico preventivo a fim de evitar a
reincidência;
8. 8- trabalho com os profissionais do campo jurídico
acometidos de estresse, fadiga, depressão, desânimo,
temor, entre outros males psíquicos.
Já a Psicologia forense, para alguns
intelectuais, como diz Altavilla
(1955);

É uma sub-área da Psicologia jurídica, ao


passo que, para outros, em minoria, é um
ramo independente da Psicologia que
prima por oferecer pareceres aos
tribunais no sentido de propiciar decisões
e julgamentos mais justos.
PERÍCIA PSICOLÓGICA FORENSE:
CONTEXTUALIZAÇÃO E MÉTODOS

Alguns dos métodos utilizados em


Psicologia são a observação, a colecta
de histórias pessoais e a utilização de
instrumentos de avaliação de funções
cognitivas, como a inteligência e a
personalidade.
A psicologia jurídica procura entender melhor a
dinâmica psíquica e estabelecer conexões entre
fatos, por exemplo, relacionados a um
comportamento criminoso ou a sintomas e
sentimentos vivenciados por vítima de
violência. “A psicologia tem um longo passado,
mas uma curta história”.

Esta frase dita por um experimentalista alemão


chamado Hermann Ebbinghaus, resume bem a
história da psicologia.
Apesar dos primeiros pensadores e
filósofos já se debruçarem sobre
questões que fazem hoje parte do
estudo que hoje chamamos de
psicologia, foi somente no século XIX
que os pesquisadores, apoiados na
investigação e na experimentação,
puderam construir uma identidade
própria, aperfeiçoando os instrumentos,
técnicas e métodos de estudo da
psicologia.
A psicologia surgiu como uma disciplina
específica na Alemanha, na segunda metade
do século XIX. Atribui-se geralmente a
Wilhelm Wundt o título de fundador da
psicologia como ciência experimental.
A primeira edição do livro-texto de Wundt
“Grundüge der Phisiologische Psychologie“
(Fundamentos da Psicologia Física),
publicado em 1873, e a criação de um
laboratório em Leipzing, em 1879, foram os
primeiros esforços no sentido de estabelecer
a psicologia como ciência.
Para Wundt a psicologia seria uma
ciência intermediária entre as ciências
da natureza e as ciências da cultura e
seu objecto consistia na experiência
imediata dos sujeitos, ou seja, a forma
como o sujeito vive as experiências da
vida, mesmo antes de se pôr a pensar
sobre ela, antes de comunicá-la, ou
mesmo antes de “conhecê-la”.
Podemos dizer que a Psicologia estuda todos
os aspectos do funcionamento interno da
mente, como a memória, os sentimentos, o
pensamento e a percepção, bem como de
funções de relação, como o comportamento e
a fala.
Estuda também a inteligência, a aprendizagem
e o desenvolvimento da personalidade.
Alguns dos métodos utilizados em Psicologia
são a observação, a colecta de histórias
pessoais e a utilização de instrumentos de
avaliação de funções cognitivas, como a
inteligência e a personalidade.
Se a psicologia como ciência é recente, o
mesmo se aplica à psicologia forense.
É importante mencionar que Psicologia e
Direito, mesmo constituindo-se em disciplinas
distintas, possuem, como ponto de intersecção:
o interesse pelo comportamento humano.
Contudo, embora possuam o mesmo objecto
material, diferem quanto ao seu objeto formal:
Enquanto o Direito se dedica ao estudo do
dever ser, a Psicologia se preocupa com o
estudo do ser (Rovinski, 2013).
Assim a forma de compreender as
pessoas e suas condutas difere
significativamente quando analisada por
um psicólogo e quando estudada por um
legislador.

Mas não se pode negar que os planos do


ser e do dever ser se entrelaçam e se
justapõem, tornando um saber
complementar ao outro.
Nesse contexto, podemos definir a
Psicologia Forense como “aquela que
utiliza as áreas de saber da psicologia
para fazer frente aos questionamentos
formulados pela justiça, cooperando, a
todo o momento, com a administração da
mesma, atuando no Foro (Tribunal),
qualificando o exercício do Direito, sendo
seus limites estabelecidos pelos
requerimentos da lei e pelo vasto campo
de conhecimento da psicologia”.
(Rovinski, 2013, p.17)
ORIGEM
DA PSICOLOGIA FORENSE

A Psicologia Forense tem como um de


seus possíveis marcos de nascimento o
ano de 1911, no “Tribunal de Flandes”,
localizado na Bélgica, quando um juiz fez
a convocação de um especialista (que
usou de um saber diferente do universo
do Direito) para gerar um laudo
pertinente à validade do testemunho de
crianças sobre um caso de homicídio.
(Saunier, 2002)
Os primeiros registros da atuação de
psicólogos na área forense remontam ao
ano de 1930, com as atividades
desenvolvidas pelo psicólogo polonês
Waclaw Radecki (1887-1953), no
Laboratório de Psicologia da “Colônia de
Psicopatas de Engenho de Dentro”, no Rio
de Janeiro (Centofanti, 2003).

Nesse momento histórico, as áreas de


atuação dos psicólogos forenses eram
direcionadas apenas ao estudo de
questões criminais.
O profissional da Psicologia Forense atuava
com o objetivo de gerar uma compreensão
sobre a conduta humana ligada ao delito,
apontando as motivações e, quando possível, a
possibilidade de reincidência do agente no ato
criminoso.

Nos anos 1960-1970, com o crescimento da


elaboração e uso dos testes psicológicos, os
psicólogos forenses também passaram a usar
esses instrumentos para analisar o
funcionamento psicológico do delinquente e
tentar explicar como ocorria a produção do ato
ilícito.
Em 1962, com a regulamentação da profissão
de psicólogo em alguns países, delimitou quais
actividades que são de competência exclusiva
do psicólogo (actos privativos), ajudando a
consolidar a acção desse profissional em
questões jurídicas, ficando expresso que é da
competência do Psicólogo a colaboração
em assuntos psicológicos ligados a outras
ciências.

Estabeleceu-se ainda que é função privativa


do Psicólogo a utilização de métodos e
técnicas psicológicas com os objetivos de:
1.Diagnóstico psicológico;
2.Orientação e seleção profissional;
3.Orientação psicopedagógica;
4.Solução de problemas de ajustamento

Por fim, em 20 de dezembro de 2000, por


meio de uma resolução feita no Brasil,
instituiu o “título profissional de
especialista em Psicologia”, bem como o
reconhecimento oficial da especialidade
em Psicologia Jurídica.
DEFININDO A
PSICOLOGIA FORENSE
Como dito anteriormente, a Psicologia
Forense vem sendo entendida como
“aquela que utiliza as áreas de saber da
psicologia para fazer frente aos
questionamentos formulados pela justiça,
cooperando, a todo momento, com a
administração da mesma, atuando no
Foro (Tribunal), qualificando o exercício do
Direito, sendo seus limites estabelecidos
pelos requerimentos da lei e pelo vasto
campo de conhecimento da psicologia”.
(Rovinski, 2013, p.17).
Em outras palavras, a psicologia forense
se ocupa da avaliação e do tratamento
dos indivíduos dentro do contexto legal e
inclui conceitos como psicopatia,
inimputabilidade, avaliação de risco,
danos pessoais e responsabilidade civil.
O uso do termo “forense” sugere uma
relação equivocada e direta com o tribunal,
mas deve ficar claro que o trabalho do
psicólogo forense vai muito além desse
espaço, estendendo-se para uma grande
variedade de contextos, instituições ou
locais, como em serviços específicos do
sistema judicial, centros de tratamento ou
reeducação para infractores, unidades de
pesquisa do Ministério da Justiça, serviço de
apoio às crianças ou às vítimas,
universidades, estabelecimentos de saúde
mental ou prisional, entre outros. (Fonseca,
2006).
A Psicologia Forense é uma das atividades do
psicólogo, que é relativa à descrição dos
processos mentais e comportamentais,
conforme o uso de técnicas psicológicas
reconhecidas, respondendo estritamente à
demanda judicial, sem emitir juízo de valor.

Nesse sentido, vale a lembrança de que o


psicólogo responde judicialmente pelos efeitos
e resultados da medida judicial pautada pelo
seu trabalho.
É importante, ainda, distinguir a prática da
psicologia e da psiquiatria forense.

Enquanto o psiquiatra forense analisa


aspectos ligados aos transtornos mentais e
suas conexões com um crime específico, o
psicólogo foca nos aspectos referentes à
subjectividade e personalidade dos indivíduos
avaliados, bem como a forma com a qual esse
sujeito significa suas experiências, visando
auxiliar o magistrado no seu processo de
tomada de decisão.
Com isso, o psicólogo forense busca
compreender o humano a partir dos
princípios da:
1. Ênfase na análise individual relacionada com o seu
contexto social, político, econômico;
2. Ideia de que os comportamentos devem ser
analisados em todos os âmbitos, não só no aspecto
criminal, mas também no ambiental e emocional;
3. Crença na ideia de que o ser humano orienta-se por
sua “escala de necessidades”, que vão desde a
subsistência à dimensão moral, religiosa etc.;
4. Avaliação da motivação psicológica e de como os
estímulos do ambiente são processados e
interpretados e de como adquirem significado
pessoal.
Por fim, vale mencionar que a Psicologia
Forense situa-se na confluência de vários
saberes. Há inúmeras conexões, por
exemplo, com o Direito, a Psiquiatria, a
Medicina, o Serviço Social, a Sociologia, a
Antropologia, entre outras.

Assim, a multiplicidade de saberes e de


competências é uma das marcas da
Psicologia Forense.
Podemos definir perícia psicológica no contexto
forense como o exame científico, desenvolvido
por um especialista, realizado com o uso de
métodos e técnicas reconhecidas pela
Psicologia, com o objetivo de elaborar análises
e conclusões sobre os fatos e pessoas,
apontando uma possível correlação de causa e
efeito, além de identificar a motivação e as
alterações psicológicas dos agentes envolvidos
no processo judicial.

A fundamentação legal da perícia psicológica


encontra-se definida em várias legislações.
Entre elas destacamos:
1. Auelas que passaram a prever os exames de
personalidade, criminológico e o parecer técnico das
Comissões Técnicas de Classificação.
2. A que trata do porte de armas e da avaliação do
candidato pelo psicólogo.
3. Relativamente ao estatuto da Criança e do
Adolescente, com orientações sobre o atendimento
psicossocial dessa população e sobre a atividade de
perícia e acompanhamento por parte do psicólogo.
4. A que dispõe sobre a atuação do psicólogo como
perito e assistente técnico no Poder Judiciário.
5. Aquela que trata da profissão de psicólogo e das
suas funções, entre elas a de realizar perícia e emitir
pareceres.
6. Entre outras vigentes no nosso país.
Para ser perito é necessário que o
profissional tenha nível superior, esteja
inscrito no seu Conselho de Classe e
comprove sua condição com certidão do
seu órgão profissional, por exemplo, a
carteira profissional.

Portanto, o psicólogo perito deve possuir


graduação em Psicologia e inscrição
regularizada no seu Conselho Nacional ou
Regional de Psicologia.
A lei não aponta a obrigatoriedade de o psicólogo
possuir especialização na área de perícia, basta que o
profissional tenha capacidade técnica para responder
as questões apontadas no processo judicial.
Mas, de modo geral, o psicólogo que possui formação
na área jurídica/forense é tido como mais capaz para
responder à demanda jurídica.
É importante destacar que o psicólogo perito responde
judicialmente por prestar informações inverídicas, seja
por dolo ou culpa.
Nesse caso, o profissional pode ser responsabilizado
pelos prejuízos que causar à parte, ficar inabilitado, por
dois anos, a conduzir outras perícias, incorrer na
sanção que a lei penal estabelecer, além de sofrer as
penalidades previstas pelo seu respectivo conselho de
classe.
CARACTERÍSTICAS DO CONTEXTO DA
AVALIAÇÃO FORENSE:

Uma das principais características da avaliação


psicológica pericial ou perícia psicológica
forense é que a mesma torna-se peculiar em
relação aos outros tipos de avaliação
psicológica, em função do seu objetivo final que
é o de subsidiar decisões legais, quando estas
dependem de um entendimento acerca do
funcionamento psicológico dos envolvidos (Jung
2014).
Importantes diferenças relacionadas à
dimensão do processo de avaliação
forense fazem com que a mesma se torne
distinta dos modelos de avaliação
psicológica clínica com fins terapêuticos,
e convocam o psicólogo (perito) a uma
compreensão da especificidade do seu
papel frente às demandas jurídicas, ou
seja:
1. Na avaliação forense há um maior
distanciamento emocional entre o sujeito a
ser periciado e o Psicólogo, uma vez que este
profissional não é visto pelo sujeito como
alguém que vai ajudá-lo.

2. A avaliação Psicológica forense dirige-se a


um foco específico geralmente determinado
pela autoridade Judicial.

3. Torna-se necessária a busca de informações


precisas e exatas, inclusive em outras fontes
como escolas, local de trabalho, clínicas etc.
4. O sujeito poderá não ser colaborativo e
apresentar resistência consciente à
avaliação, pois a procura do mesmo para
a avaliação não surge por sua vontade
própria, e, sim, pela sua dependência
com o marco legal.

5. No contexto forense o sujeito pode


distorcer consciente e
intencionalmente as informações.

6. O tempo destinado à avaliação é menor


diminuindo a possibilidade de reflexão
das formulações feitas pelo sujeito.
Neste sentido, torna-se fundamental que o
psicólogo, ao exercer o seu papel na área
forense, tenha estabelecido às distinções do
seu trabalho do que é exercido na clínica
com fins terapêuticos, podendo, deste
modo, trazer contribuições efetivas ao
campo do Direito.
LIMITES DA AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA PERICIAL
É importante lembrar que, por intermédio da
avaliação, os psicólogos buscam informações que os
ajudem a responder questões sobre o funcionamento
psicológico das pessoas e suas implicações.
Como o comportamento humano é resultado de uma
complexa teia de dimensões interrelacionadas que
interagem para produzi-lo, é praticamente impossível
entender e considerar todas as nuances e relações a
ponto de prevê-lo sem margem de erro.
Sendo assim as avaliações têm um limite em relação
ao que é possível entender e prever (CFP, 2007, 10).
Comumente espera-se do psicólogo a capacidade de
fornecer informações sobre a veracidade dos factos, o
que extrapola – e muito – a capacidade da Avaliação
Psicológica.
Dessa forma, muitas vezes, espera-se da perícia
psicológica a resposta de questões que, até o momento,
estão incompreendidas, questões essas que não são
passíveis de ser respondidas por meio apenas do exame
psicológico.
Diferentemente do que muitos acreditam, o psicólogo
não lê pensamentos ou consegue arrancar a verdade
total sobre os fatos, mas trata-se de um profissional,
que, por meio de suas ferramentas, procura entender
melhor a dinâmica psíquica e estabelecer conexões com
os fatos, sejam essas conexões relacionadas ao
comportamento criminoso, seja aos sintomas e
sentimentos vivenciados pela vítima de violência.
Dessa forma, a atuação do psicólogo no
contexto forense tem muito a contribuir no
contexto judiciário.
Existem muitos outros campos nos quais o
psicólogo pode contribuir que não foram
citados nesse módulo, como a avaliação de
competência parental, o estudo do
comportamento violento e avaliação da
capacidade civil.
Contudo esperamos ter contribuído para um
melhor entendimento sobre a dinâmica da
avaliação psicológica pericial, suas
contribuições, limites e importância para
subsidiar os operadores do Direito no seu
processo de tomada de decisão.
PSICOLOGIA FORENSE: O QUE É E PARA
QUE SERVE?
Um estudante de Psicologia, no momento em
que precisa analisar qual caminho trilhar
dentro da área, depara-se com diversas
possibilidades. Dentre elas, há uma que ainda
gera algumas dúvidas, a chamada Psicologia
Forense.

Assim, para esclarecer as principais questões


que percorrem esse tema, neste artigo
separamos alguns pontos fundamentais
sobre a Psicologia Forense, um campo de
atuação essencial e muito promissor.
O QUE É PSICOLOGIA CRIMINAL E
FORENSE?

A Psicologia Forense é um ramo de estudo que


atua em conjunto com o Direito. Basicamente,
essa ciência analisa as capacidades psíquicas
dos réus, bem como seus comportamentos. Nesse
sentido, a Psicologia Forense atua, principalmente,
em processos jurídicos e investigativos.

Por meio de uma análise comportamental e


psicológica, o psicólogo forense pode auxiliar na
decisão judicial, pontuando se o réu é ou não capaz
de responder pelos próprios atos.
Por sua vez, a Psicologia Criminal é uma
ramificação mais específica que estuda o que
leva uma pessoa a cometer um crime, tentando
decifrar o comportamento criminoso.

Para isso, essa teoria investiga os pensamentos,


as razões, as emoções e as intenções que
marcam o momento da transgressão.

Assim como a Psicologia Forense, a Psicologia


Criminal também auxilia em investigações
policiais.
O QUE FAZ UM PSICÓLOGO FORENSE?
O psicólogo forense é o profissional especializado
responsável pelo estudo da mente de um indivíduo
que cometeu algum crime.
Dessa forma, ele analisa o comportamento, o histórico de
vida do sujeito, seu meio social e suas capacidades
psicológicas.
Essa análise é feita por meio de pesquisas, entrevistas e
testes psicológicos, com o objetivo de produzir
materiais que possam ser usados como evidências
do crime ou como provas de que o indivíduo não tem
aptidão para responder legalmente por seus atos.
Além disso, o psicólogo forense também observa se há
propensão do crime ocorrer novamente, guiando as
decisões do processo judicial.
Esse profissional também trabalha com o
acompanhamento de pacientes, tentando entender
seus anseios, inseguranças, traumas e desvios de
comportamento, a fim de aplicar um tratamento
adequado e poder ressocializar o indivíduo,
evitando também a reincidência criminal.

O psicólogo forense está apto para atuar analisando o


comportamento e todo o histórico de alguém que cometeu
um crime.
O QUE PRECISA PARA SER UM
PSICÓLOGO FORENSE?
Inicialmente, para se especializar em Psicologia
Forense, o estudante deve ter graduação completa
em Psicologia, bem como o registro no Conselho
Regional de Psicologia, a fim de garantir a
regularidade da sua atuação profissional. Após
concluída a graduação, é preciso fazer alguma pós-
graduação na área, como:
 Psicologia Forense e Jurídica;
 Investigação Criminal e Psicologia Forense;
 Investigação Criminal e Neuropsicologia Forense;
 Psicologia Judiciária;
 Psicologia Jurídica e Inteligência Forense.
A grade curricular básica das pós-graduações em
Psicologia Forense aborda disciplinas como:
 Avaliação Psicológica Criminal
 Neuropsicologia
 Psicologia Penitenciária
 Direito Penal e Investigação Judiciária
 Inteligência Policial, Perfis Criminais e
Comportamentais, dentre outras matérias
essenciais para a capacitação profissional.

Ainda que a maioria dos cargos exija um diploma


em Psicologia, essas pós-graduações também são
voltadas para profissionais da área da Saúde,
da Segurança Pública e do Direito.
ONDE O PSICÓLOGO FORENSE PODE
ATUAR?
Apesar da figura do psicólogo forense ser
comumente relacionada aos tribunais, os campos
de atuação são diversos, bem como os
ambientes em que esse profissional se faz
necessário.
Dentre os principais ramos, pode-se citar a
presença desse profissional em:
 centros socioeducativos,
 presídios e unidades de detenção,
 programas de reeducação,
 centros de apoio a vítimas,
 abrigos,
 perícia criminal etc.
A grande parte dos psicólogos forenses trabalham como
servidores públicos, ou seja, são concursados e atuam
em instâncias governamentais.

Contudo, também existem profissionais autônomos, que


prestam, por exemplo, serviços de consultoria.

É preciso ressaltar também que a figura do psicólogo


forense não está vinculada exclusivamente ao
Direito Criminal e Penal.

Além de atuar na esfera criminal, o psicólogo forense


pode, por exemplo, atestar a capacidade para os
atos da vida cível, como em casos de tutela e cura
em que pessoas com deficiência e idosos podem
discutir em juízo se eles são aptos a cuidar e gerir a
própria vida.
Nesse sentido, além da sua função principal de
análise comportamental e auxílio jurídico, o
psicólogo forense também tem uma
importante função social, assegurando os
direitos à ressocialização, ao tratamento
adequado e à dignidade da pessoa humana.

Ainda, esse profissional também é essencial


para o estudo do quadro psíquico social, o
qual se agrava com o aumento da violência e da
desigualdade social.

Agora que você já sabe tudo sobre a


especialização em Psicologia Forense
No entanto, alguns estudiosos costumam ofertar
distinções.

O professor Leonard Lin Ching Céspedes, em seu livro


Psicología Forense. Principios Fundamentales, faz a
seguinte diferenciação:
1. A psicologia jurídica é a teoria que se vale dos
conhecimentos da psicologia e tem como objetivo
aplicá-los à prática do direito;

2. A Psicologia Criminal é a teoria que se volta para


as manifestações de determinados delitos e a
delinquência, em geral;

3. Psicologia forense é um tema mais amplo de


estudo que está circunscrito dentro do marco de um
processo policial, judicial entre outros.
TEORIAS PSICOLÓGICAS
DA CRIMINALIDADE
1. Teorias Focadas nas Patologias Individuais;
2. Teoria da Desorganização Social;
3. Teoria do Estilo de Vida;
4. Teoria da Associação Diferencial (Teoria do
Aprendizado Social);
5. Teoria do Controle Social;
6. Teoria do Autocontrole;
7. Anomia;
8. Teoria Interacional;
9. Teoria econômica da escolha racional;
 Uma teoria que explique o comportamento
social, em particular as ações criminosas,
deveria levar em conta pelo menos dois
aspectos:
 a) a compreensão das motivações e do
comportamento individual;
 b) a epidemiologia associada, ou como tais
comportamentos se distribuem e se deslocam
espacial e temporalmente (Cressey, 1968).
 De acordo com Cano e Soares (2002), é
possível distinguir as diversas abordagens
sobre as causas do crime em cinco grupos.
“a) teorias que tentam explicar o crime em
termos de patologia individual;
b) teorias centradas no homo economicus, isto
é, no crime como uma atividade racional de
maximização do lucro;
c) teorias que consideram o crime como
subproduto de um sistema social perverso ou
deficiente;
d) teorias que entendem o crime como uma
consequência da perda de controle e da
desorganização social na sociedade moderna;
e) correntes que defendem explicações do crime
em função de fatores situacionais ou de
oportunidades.” (2002:3).
Teorias Focadas nas Patologias Individuais
As teorias que explicam o comportamento
criminoso a partir de patologias individuais
poderiam ser divididas em três grupos: de
natureza biológica, psicológica e psiquiátrica.
Esses desenvolvimentos se encontram no limiar
da criminologia, sendo uma das abordagens
mais conhecidas, conforme já salientado,
aquela de Lombroso (1968), na qual a formação
óssea do crânio e o formato das orelhas, entre
outras características, constituiriam indicadores
da patologia criminosa.
Essa perspectiva lombrosiana inspirou ainda
trabalhos no campo da psiquiatria, cuja
hipótese era que criminosos seriam um tipo de
indivíduo inferior, que se caracterizaria por
desordens mentais, alcoolismo, neuroses, entre
outras particularidades (Hakeem, 1958).

Healy (1915), em The Individual Delinquent,


acentuou uma série desses traços e fatores,
considerados também por Glueck (1918) em
um estudo com 608 detentos da prisão de Sing
Sing.
Em anos mais recentes, essas análises focadas
nas patologias individuais se têm desenvolvido
no sentido de conjugar as características
biopsicológicas do indivíduo com seu histórico
de vida pessoal e relações sociais.

Daly e Wilson (1983; 1988; 1999) destacam-se


como estudiosos da corrente conhecida como
biologia social. Por esta visão, o crime,
particularmente o homicídio, decorreria da
necessidade consciente ou inconsciente do
indivíduo de preservar a sua linha genética.
Teoria da Desorganização Social
Trata-se de uma abordagem sistêmica cujo
enfoque gira em torno das comunidades locais,
sendo estas entendidas como um complexo
sistema de redes de associações formais e
informais, de relações de amizade, parentesco e
outras que, de alguma forma, contribuam para
o processo de socialização e aculturação do
indivíduo.

Essas relações seriam condicionadas por fatores


estruturais, como status econômico,
heterogeneidade étnica e mobilidade
residencial.
Além destes, a teoria tem sido estendida para comportar
outras variáveis, como fatores de desagregação familiar
e urbanização.

Sob esse ponto de vista, a organização social e a


desorganização social constituiriam laços inextricáveis
de redes sistêmicas para facilitar ou inibir o controle
social (Sampson, 1997)

Desse modo, a criminalidade emergiria como


consequência de efeitos indesejáveis na organização
dessas relações sociais comunitárias e de vizinhanças
(Entorf e Spengler, 2002) como, por exemplo, redes de
amizades esparsas, grupos de adolescentes sem
supervisão ou orientação, ou baixa participação social
Entre os fatores significativos figura a taxa de
desemprego, a heterogeneidade étnica, a mobilidade
residencial, o controle institucional e a existência de mais
de um morador por residência.

Uma estratégia de aferição empírica da desta teoria foi


implementada por Warner e Pierce (1993), que diz que a
partir de chamadas telefônicas para a polícia faz-se um
listagem de localidades como factor alternativo do
modelo levando em conta o efeito derivado da interação
das variáveis explanatórias.

No trabalho de Smith e Jarjoura (1988), com dados


longitudinais provenientes de pesquisa de vitimização, a
mobilidade apareceu como não significativa para explicar
a criminalidade.
TEORIA DO ESTILO DE VIDA
 Essa abordagem assume como hipótese implícita a
existência de três elementos: uma vítima em potencial,
um agressor em potencial e uma tecnologia de
proteção ditada pelo estilo de vida da vítima em
potencial. Nesse caso, quanto maior a provisão de
recursos por proteção, maiores os custos de se
perpetrar o crime e menores as oportunidades para o
agressor.
 Desse modo, indivíduos que possuem atividades de
lazer dentro de casa, relativamente àqueles que
costumam divertir-se em ambientes públicos,
tenderiam a ser menos vitimados. Da mesma forma,
pessoas que trabalham fora ou que moram sozinhas
também teriam maiores probabilidades de ser
vitimadas, em relação àquelas que ou não trabalham
ou trabalham em casa ou ainda àquelas que moram
com outros familiares.
Devemos observar,
entrementes, que tal Essa
perspectiva não abordagem
constitui, stricto sensu, não
considera Certamente,
uma teoria de causação
do crime. Isto porque, nenhum quanto maiores as
conforme já desses dois facilidades que a
salientamos, qualquer eixos e seu vítima em
teoria desse tipo foco é potencial venha a
deveria levar em conta direcionado oferecer, maiores
a compreensão das
para os serão as chances
motivações e do de haver um
hábitos e
comportamento delinquente
individual e a A rotina de
disposto a
epidemiologia vida das
perpetrar o crime.
associada, ou como tais vítimas.
comportamentos se
distribuem e deslocam
espacial e
temporalmente
Contudo, como o
Certamente é comportamento do
uma hipótese criminoso não é posto
implícita, diz em questão, se
Uma respeito ao poderia mesmo gerar
questão comportament interpretações
o maximizador bastante controversas,
vital que para não dizer
e racional do
não é criminoso ao absurdas, de que a
considerad escolher as responsabilidade sobre
suas vítimas, o delito terminaria
a na recaindo sobre a
segundo a
“teoria do oportunidade e vítima, na medida em
estilo de os baixos que a mesma
custos de “deveria” ter um
vida”,. operacionalizar comportamento mais
conservador, a fim de
a ação.
evitar o crime.
Não se esclarece com tal fato
as causas que levam alguns
indivíduos a cometer crimes

Estes
Nesse sentido, a
população não não podem se espalhar
sair à rua, por na
exemplo, sociedade
certamente,
levaria a uma
diminuição da E, tampouco, se se obteria com
Formas tais constatações (óbvias) pistas
criminalidade: para a elaboração de políticas
de segurança pública
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL
(TEORIA DO APRENDIZADO SOCIAL)
Essa abordagem, inaugurada por Sutherland (1973),
centra seu foco de análise no processo pelo qual os
indivíduos, principalmente os jovens, determinavam seus
comportamentos a partir de suas experiências pessoais
com relação a situações de conflito.

O comportamento favorável ou
desfavorável ao crime seria apreendido a
partir das interações pessoais, com base
no processo de comunicação. Nesse
sentido, a família, os grupos de amizade e
a comunidade ocupam papel central.
CONTUDO, OS EFEITOS DECORRENTES DA INTERAÇÃO
DESSES ATORES SÃO INDIRETOS, CUJAS INFLUÊNCIAS
SERIAM CAPTADAS PELA VARIÁVEL LATENTE
“DETERMINAÇÃO FAVORÁVEL AO CRIME (DEF)”, UMA VEZ
QUE ESTA NÃO PODE SER MENSURADA DIRETAMENTE MAS,
SIM, RESULTA DA CONJUNÇÃO DE UMA SÉRIE DE OUTRAS.

Dentre as variáveis mensuradas normalmente utilizadas


para captar essa variável latente DEF estão: grau de
supervisão familiar; intensidade de coesão nos grupos de
amizade; existência de amigos que foram, em algum
momento, pegos pela polícia; percepção dos jovens
acerca de outros jovens na vizinhança que se envolvem
em problemas; e se o jovem mora com os pais
MATSUEDA (1982) FOI O PRINCIPAL AUTOR QUE
BUSCOU ELEMENTOS EMPÍRICOS PARA ATESTAR A
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL, A PARTIR
DE ENTREVISTAS INDIVIDUAIS.

OUTROS ARTIGOS IMPORTANTES NESSE CAMPO


SÃO DE BRUINSMA (1992) E MCCARTHY (1996)
QUE, ALÉM DE ENCONTRAREM EVIDÊNCIAS
FAVORÁVEIS À EXISTÊNCIA DA VARIÁVEL,
ENFATIZARAM O FATO DE QUE, O QUE TAMBÉM
MOTIVA E LEGITIMA TAL COMPORTAMENTO É O
CONTATO E O APRENDIZADO EM MÉTODOS E
TÉCNICAS CRIMINOSOS.
TEORIA DO CONTROLE SOCIAL
Ao contrário das demais teorias que procuram explicar o
que leva pessoas a cometer crimes, a presente
abordagem busca entender por que algumas se abstêm
de cometê-los. Nesse sentido, a questão aqui é explicar
as razões que levam o cidadão a ser dissuadido de trilhar
o caminho do crime.
O enfoque utilizado – ao contrário da teoria do homem
econômico, por exemplo, de que tais elementos
dissuasórios seriam consubstanciados na probabilidade
de o criminoso ser descoberto cometendo o delito e o
custo associado à respectiva punição – baseia-se
inteiramente na idéia do controle social, a partir do
sentido de ligação que a pessoa tem com a sociedade ou,
dito de outra forma, a partir da crença (e concordância)
dessa pessoa no trato ou acordo social.
Desse modo, quanto maior o envolvimento do
cidadão no sistema social, quanto maiores forem os
seus elos com a sociedade e maiores os graus de
concordância com os valores e normas vigentes,
menores seriam as chances de esse ator se tornar
um criminoso. Do ponto de vista da literatura
empírica, normalmente, procura-se aferir a teoria do
controle social por meio de pesquisas domiciliares,
que fornecem informações para a elaboração de
modelos de variáveis latentes, uma vez que
atributos como “acordos”, “crenças nos valores”
etc. são sempre mensurados de maneira indireta.
Trabalhos
empíricos desenvolvidos
sob a orientação
Muitos desses do “controle
modelos empíricos social”
foram orientados
para explicar mais
especificamente a
delinquência juvenil, Relação com as
como foi o caso de variáveis “ligações
Agnew (1991), que
e afeições familiares”
utilizou as seguintes
variáveis
Relação com as
Variáveis
“compromissos
escolares”

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