Aula 20 - Segurança Jurídica

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Direito

Constitucional II
Segurança Jurídica

Professor Eduardo de Carvalho Rêgo


eduardo.rego@faculdadecesusc.edu.br
Segurança Jurídica
Segurança jurídica é um princípio fundamental do Direito que visa
garantir estabilidade, previsibilidade e confiança nas relações jurídicas.
Ele assegura que as pessoas possam confiar na aplicação das leis e das
decisões judiciais, sem receio de que normas ou decisões previamente
estabelecidas sejam alteradas de maneira arbitrária ou retroativa.
Segurança Jurídica
São manifestações da segurança jurídica:

- Direito Adquirido;
- Ato Jurídico Perfeito; e
- Coisa Julgada.
Garantias Processuais
Art. 5º
[...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada;
Direito Adquirido
Conceito: É aquele direito que já foi perfectibilizado sob a égide de uma
determinada lei, não podendo ser suprimido pela lei nova.
De acordo com Celso Bastos, “constitui-se num dos recursos de que se vale a
Constituição para limitar a retroatividade da lei. Com efeito, esta está em
constante mutação; o Estado cumpre o seu papel exatamente na medida em
que atualiza as suas leis. No entretanto, a utilização da lei em caráter
retroativo, em muitos casos, repugna porque fere situações jurídicas que já
tinham por consolidadas no tempo, e esta é uma das fontes principais da
segurança do homem na terra”. (CELSO BASTOS)
Direito Adquirido
Por exemplo: a pessoa que cumpriu todos os requisitos para se
aposentar sob a égide da lei anterior, mas não se aposentou por
qualquer razão, tem o direito adquirido à aposentadoria mesmo se os
critérios aposentatórios forem alterados por lei posterior.
Direito Adquirido
(Aposentadoria)
MANDADO DE SEGURANÇA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. DIREITO
JÁ ADQUIRIDO NA DATA DA PUBLICAÇÃO DA EC 103/2019. Mesmo que a aposentadoria
por tempo de contribuição tenha sido concedida após a entrada em vigor da EC nº
103, de 12.11.19, se os requisitos legais foram implementados em momento pretérito,
o trabalhador tem direito adquirido à aplicação do regramento anterior. Não se pode
confundir direito adquirido com o seu efetivo exercício. O direito adquirido, mesmo não
exercido, não se transforma em expectativa de direito. O que vale é o preenchimento
dos requisitos legais durante a vigência da norma regente.
(TRT-4 - MSCIV: 00217959420215040000, Data de Julgamento: 14/12/2021, 1ª Seção de
Dissídios Individuais)
Direito Adquirido (Férias)
ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CÓDIGO DEPROCESSO CIVIL.
INEXISTÊNCIA. SERVIDOR. DEMISSÃO. FÉRIAS NÃO GOZADAS. INDENIZAÇÃO. DIREITO
ADQUIRIDO. 1. Inexistente ofensa ao art. art. 535 do Código de Processo Civil, porquanto a Corte
de origem enfrentou a controvérsia posta ao seu crivo de maneira devidamente fundamentada.
2. O direito de férias é garantido constitucionalmente e compreende tanto a concessão de
descanso como também o pagamento de remuneração adicional. Assim, consumado o
período aquisitivo, caracterizado está o direito adquirido às férias, motivo pela qual deve a
Administração indenizar o servidor que não usufruiu desse direito ainda que em razão de sua
demissão. 3. Recurso especial a que se nega provimento.
(STJ - REsp: 1145317 PR 2009/0116284-1, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
Data de Julgamento: 22/08/2011, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/08/2011)
Direito Adquirido (Regime
Jurídico)
DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR
PÚBLICO. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. DECESSO REMUNERATÓRIO.
SÚMULAS 279 E 280/STF. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 563.965-RG, Relª.
Minª. Cármen Lúcia, reafirmou sua jurisprudência no sentido de que não há direito adquirido a
regime jurídico, assegurada a irredutibilidade de vencimentos. 2. Quanto à inexistência de
decesso remuneratório, dissentir da conclusão do Tribunal de origem demandaria nova análise
da legislação infraconstitucional pertinente, assim como dos fatos e do material probatório
constantes dos autos, providência inviável neste momento processual (Súmulas 279 e 280/STF).
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(STF - RE: 1302190 AC 0014215-66.2011.4.05.8100, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de
Julgamento: 29/03/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 08/04/2021)
Por qual razão não há direito
adquirido a “regime jurídico”?
- Entende-se por “regime jurídico” as normas que regem as condições de trabalho do
servidor público.
- Geralmente, o regime jurídico, contemplando critérios para gozo de férias,
percebimento de auxílios e gratificações, etc., está previsto no Estatuto do Servidor,
que pode ser alterado pelo Poder Legislativo, sem que configure ofensa ao Direito
Adquirido.
- Como visto, só configura direito adquirido aquele benefício já exaurido, como o
preenchimento dos requisitos para a aposentadoria. Ou seja, se os critérios de
aposentadoria mudam no meio da carreira do servidor, ele precisará preencher os
novos requisitos para poder se aposentar.
Ato Jurídico Perfeito
Conceito: Refere-se a um ato que foi realizado em conformidade com a
legislação vigente no momento de sua realização e que já produziu
todos os seus efeitos.
“É aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos
necessários a sua formação, debaixo da lei velha. Isto não quer dizer,
por si só, que ele encerre em seu bojo um direito adquirido. Do que está
o seu beneficiário imunizado é de oscilações de forma aportadas pela
lei nova.” (CELSO BASTOS)
Ato Jurídico Perfeito
Por exemplo: o casamento entre pessoas do mesmo sexo, devidamente
celebrado e registrado em cartório, configura ato jurídico perfeito, não
sendo possível a sua revogação posterior caso sobrevenha legislação
proibindo a realização de casamentos desse tipo.

Única hipótese de desfazimento desse ato jurídico perfeito: declaração


de inconstitucionalidade (nulidade).
Ato Jurídico Perfeito
PEDIDO DE DEMISSÃO. ATO JURÍDICO PERFEITO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. Ausente
alegação ou prova de vício de consentimento no pedido de demissão formalizado
pelo empregado, tampouco demonstrado que o empregador forçou o desligamento
de alguma forma, o rompimento contratual a pedido é ato jurídico perfeito, praticado
por pessoa capaz. O que sobressai, em tal cenário processual, é que, após a
formalização da ruptura contratual por iniciativa obreira, o trabalhador se
arrependeu, fato que, no entanto, não tem o condão de transmudar a validade da
manifestação de vontade anteriormente expressada.
(TRT-18 - RORSum: 00108895920225180052, Relator: KATHIA MARIA BOMTEMPO DE
ALBUQUERQUE, 2ª TURMA)
Ato Jurídico Perfeito
CIVIL. PROCESSO CIVIL. CONSUMIDOR. APELAÇÃO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RESILIÇÃO.
NOVA LEI DO DISTRATO (LEI 13.786/2018). IRRETROATIVIDADE. SEGURANÇA JURÍDICA. 1. A novel Lei do
Distrato (Lei 13.786/2018) não poderá atingir os contratos anteriores à sua vigência, pois a retroatividade,
ainda que mínima, em regra, é vedada pela legislação pátria, salvo no caso das normas constitucionais
originárias. 2. O art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal determina que ?a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. De igual forma, o art. 6º da Lei de Introdução às normas do
Direito Brasileiro (LINDB) disciplina que a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada?. Aplicação do Princípio tempus regit actum. 2.1. Por ato jurídico
perfeito entende-se o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (art. 6º, § 1º, da
LINDB). 3. Apelação desprovida.
(TJ-DF 07266123220188070001 DF 0726612-32.2018.8.07.0001, Relator: ALFEU MACHADO, Data de
Julgamento: 15/05/2019, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 24/05/2019 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)
Ato Jurídico Perfeito
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXCESSO DE EXECUÇÃO.
ACORDO. EXTRAJUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO. ATO JURÍDICO PERFEITO.
Há que prevalecer os termos do acordo livremente celebrado e
homologado judicialmente, a caracterizar ato jurídico perfeito.
(TJ-MG - Agravo de Instrumento: 1541525-45.2023.8.13.0000, Relator:
Des.(a) Marco Aurélio Ferrara Marcolino, Data de Julgamento:
14/12/2023, 13ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 15/12/2023)
Coisa Julgada
Conceito: É o instituto jurídico que confere a uma decisão judicial o
atributo da imutabilidade e da definitividade.
“é a decisão judicial transitada em julgado”, ou seja, “a decisão judicial
de que já não caiba recurso” (LINDB, art. 6º, § 3º)”. (ALEXANDRE DE
MORAES).
Coisa Julgada
Coisa julgada formal: ocorre quando a decisão judicial torna-se
imutável no processo em que foi proferida, não podendo ser
modificada ou contestada dentro daquele mesmo processo.

Coisa julgada material: vai além do processo específico, impedindo que


a mesma matéria seja discutida em qualquer outro processo futuro,
entre as mesmas partes e sobre o mesmo objeto.
Coisa Julgada
Por exemplo: O Ministério Público não pode processar novamente um
réu que foi considerado inocente pelo Tribunal do Júri.

O consumidor, após perder ação indenizatória, não pode ajuizar uma


nova ação com o mesmo pedido.
Coisa Julgada
PROCESSO CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. COISA JULGADA. PRINCÍPIOS DA
IMUTABILIDADE. SEGURANÇA JURÍDICA. PECLUSÃO DA MATÉRIA. TÍTULO JUDICIAL.
EXATIDÃO. COISA JULGADA. 1. Em sede de cumprimento de sentença, por força da coisa
julgada, devem ser respeitados o princípio da imutabilidade, da segurança jurídica e o
da preclusão da matéria, nos termos do artigo 507 do Código de Processo Civil. 2. O
magistrado deve-se restringir às questões decididas na fase conhecimento, sob pena de
violação à coisa julgada. 3. Recurso conhecido e desprovido.
(TJ-DF 07205293220208070000 DF 0720529-32.2020.8.07.0000, Relator: MARIA DE
LOURDES ABREU, Data de Julgamento: 16/09/2020, 3ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 30/09/2020 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)
Coisa Julgada
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. COISA JULGADA. Sentença de
extinção do processo, sem julgamento de mérito, nos termos do artigo 485, V, do
CPC, pela ocorrência de coisa julgada. Inconformismo da autora. Não acolhimento.
Pedido objeto de ação anterior transitada em julgado. Coisa julgada material.
Extinção do processo mantida. Má-fé. Litigância de má-fé configurada. Art. 80, I, CPC.
Sentença mantida. Honorários advocatícios majorados. Recurso não provido, com
observação.
(TJ-SP - AC: 10217100420208260602 SP 1021710-04.2020.8.26.0602, Relator:
Fernanda Gomes Camacho, Data de Julgamento: 14/05/2021, 5ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 18/05/2021)
Coisa Julgada (inconstitucional)?
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COISA JULGADA
INCONSTITUCIONAL. POSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO EM SEDE DE CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. O art. 535, § 7º, do Código de Processo Civil dispõe que a chamada "coisa
julgada inconstitucional" pode ser ventilada em impugnação ao cumprimento de
sentença se o trânsito em julgado da sentença exequenda ocorreu após a decisão do
Supremo Tribunal Federal. É o caso dos autos, em que o trânsito em julgado da sentença
se deu em 3 de setembro de 2022 e a decisão do Pretório Excelso foi proferida em 2 de
setembro de 2022. Recurso provido.
(TJ-SP - AI: 30000202320238269058 Santa Fé do Sul, Relator: Fabricio Augusto Dias, Data
de Julgamento: 21/05/2023, 3ª Turma Cível e Criminal, Data de Publicação: 21/05/2023)
Coisa Julgada (inconstitucional)?
COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL. INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO EXECUTIVO.
É inexigível a obrigação decorrente de título executivo judicial, fundado em
dispositivo normativo declarado inconstitucional pelo STF em data anterior à
prolação da decisão objeto da execução, mesmo que esta tenha transitado em
julgado, podendo a ausência de eficácia executiva respectiva ser reconhecida
em sede de embargos do devedor.
(TRT-3 - AP: 00110394520155030103 MG 0011039-45.2015.5.03.0103, Relator:
Marco Antonio Paulinelli Carvalho, Data de Julgamento: 30/11/2022, Decima
Primeira Turma, Data de Publicação: 02/12/2022.)
(Relativização da) Coisa
Julgada?
APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DE FAMÍLIA - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - COISA JULGADA - RELATIVIZAÇÃO - DEMANDA
ANTERIOR - REALIZAÇÃO DE EXAME GENÉTICO - IMPROCEDÊNCIA - NOVOS EXAMES E
PROCESSAMENTO - IMPOSSIBILIDADE - STF E STJ. - A jurisprudência do STF e do STJ
admite a relativização da coisa julgada nas ações de investigação de paternidade
apenas quando a impossibilidade de aferir o vínculo genético for decorrente da não
realização do exame de DNA.
(TJ-MG - Apelação Cível: 5050537-59.2022.8.13.0145, Relator: Des.(a) Alice Birchal,
Data de Julgamento: 02/02/2024, 4ª Câmara Cível Especializada, Data de Publicação:
05/02/2024)

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