Os Fins do Direito- 2a Versão 2024

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Instituto Superior do Waku-Kungo

Serviços Académicos e Vida Estudantil

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO


Professor:
Paulo Feio
Sumário: Os fins do Direito
A sociabilidade do Direito
O Direito é um fenómeno humano e social, não
é um fenómeno da Natureza. Sendo um
fenómeno social, há uma ligação necessária e
constante entre Direito e sociedade,
precisamente por essa sociedade necessitar de
regras de conduta e de órgãos que controlem
a aplicação dessas regras (o Estado),
recorrendo à força se necessário. Se não
existissem pessoas no mundo, ou se existisse
uma só pessoa, não poderia existir Direito.
O Direito tem uma vocação estruturalmente social. – vide
exemplo da ilha e Robinson Crusué. (O que não significa
que quando os indivíduos se encontrem sozinhos não
estejam cobertos pelo Direito.) Este pressupõe relação
social, é indissociável da vida em sociedade.
Ubi societas, ibi jus; ubi jus, ibi societas.
Fins do Direito
1. Justiça (o primeiro e o mais importante fim do Direito,
estando consagrado nos Art. 2º CRA, impondo ao Estado
o dever de manutenção e garantia da justiça. O Direito
tem de ser justo porque deriva da Justiça, bem como as
leis, decisões administrativas e sentenças judiciais, uma
vez que o Estado é um Estado de Direito);
2. Bem-estar económico, social e cultural (por meio da
proteção dos Direitos Humanos, por exemplo);
3. Segurança – jurídica. Positivação do direito legislado
pelas autoridades competentes e em obediência a
procedimentos devidamente regulamentados.
Mais precisa formulação das regras jurídicas legisladas -
“garantia jurídica”, é, no fundo, o garantir do
conhecimento prévio daquilo com que cada um pode
contar para, com base em expectativas firmes, governar
a sua vida e orientar a sua conduta. Materializa-se em
leis que não deixem margem a ambiguidades de
interpretação nem a lacunas; contudo, em muitos
setores, o legislador utiliza conceitos indeterminados e
cláusulas gerais, pelo que a insegurança jurídica
aumenta.
Expressões como bom pai de família, médico
consciencioso, bons costumes, … contribuem para tal.
• A sua prossecução harmónica com a do primeiro fim parece
relativamente simples. No entanto, o Direito, por vezes,
comporta medidas apenas justificadas por motivos de
segurança/certeza jurídica e contrárias à justiça.
Gera-se uma tensão dialética. O legislador tem o papel de limitar
ao mínimo situações em que a segurança se sobrepõe à
justiça, no entanto, acontecem algumas vezes:
• ➢ a norma que fixa a idade do atingir da maioridade
descurando, no caso concreto, o apurar do grau de
maturidade do indivíduo; ( art.24..º CRA);
• ➢ casos de prescrição (art. 310ºCC);
• ➢ usucapião (art.1287.º e 1294ºCC);
• ➢ caso julgado (insusceptibilidade de recurso ordinário contra
as decisões judiciais transitadas em julgado);
• ➢ prisão preventiva;
• ➢ princípio da não retroatividade da lei;
Assim sucede porque a própria praticabilidade do Direito pode
exigir que o valor segurança prevaleça sobre o valor justiça.
Uma justiça puramente ideal, desacompanhada de segurança, seria
vazia de eficácia; e uma segurança sem justiça, pelo contrário,
seria uma pura situação de força.
Funções do Direito
Dois patamares:
➢ 1º patamar: função política ou legislativa (cabe ao Governo e à
Assembleia da República, esta com privilégio – arts.º. 125º e
161.º,164.º, 165º CRP);
➢ 2º patamar: funções secundárias - função jurisprudencial (porque
a jurisprudência não cria direito, apenas concretiza a função
legislativa. É levada a cabo por órgãos independentes, os
Tribunais, com atuação passiva - só intervêm quando para tal são
solicitados) e função administrativa (através de regulamentos
administrativos).
Art.º 174.º da CRA:
• Duas perspetivas de Justiça
• ➢ Justiça Comutativa – paridade de posições entre
pessoas, equivalência, reciprocidade.
• ➢ Justiça Distributiva – distribuição simétrica e não
desproporcionada, atendendo ao mérito e às
necessidades das pessoas. Função corretiva – correção
das desigualdades.
• Princípio da Justiça ➢ Princípio da Igualdade (art.
23ºCRA) – Todos são iguais perante a Constituição e a lei.
• Este princípio decorre do princípio da dignidade humana.
O núcleo de humanidade que possuímos torna-nos
necessariamente iguais em dignidade. O princípio da
igualdade envolve inevitavelmente duas dimensões:
1. A proibição de discriminar arbitrariamente
entre pessoas colocadas em situações idênticas
(Princípio da Não Discriminação –
impossibilidade de conferir tratamento
diferenciado a pessoas em situações idênticas);
2. A obrigação, não só de estabelecer regimes
diferenciados para situações diferenciadas,
como ainda de refletir proporcionalmente
naqueles regimes as diferenças entre estas
situações (no fundo, tratar de forma diferente
quem é diferente na medida da diferença, ou
seja, de forma proporcional, e tratar de forma
igual quem é igual).
• Proporcionalidade (exemplo: 483.º,
art.562.º,564.º, e 566ºCC - “indemnização
excessivamente onerosa para o devedor”) – É
um princípio fundamental para existir justiça.
Subdivide-se em necessidade (exemplo:
restrição de liberdade, direito ou garantia
apenas porque é necessário), adequação (a
solução tem de ser a mais adequada para
resolver o problema) e justa
medida/proporcionalidade em sentido restrito
(restrição de direito, liberdade e/ou garantia o
mínimo possível e necessário).
• Deste modo, afirmamos que a autotutela é a
possibilidade que nós, sujeitos de Direito, temos
de defender / fazer valer os nossos direitos, por
nós próprios, sem recorrermos aos aparelhos do
Estado.
• Formalmente explicando, nos casos de autotutela,
a lei faculta, em determinadas condições, ao titular
de um direito, a possibilidade de o assegurar (o
direito) ou realizar pela força, desde que o agente
não sacrifique interesses manifestamente
superiores aos que pretende conservar.
• Exemplos: Meios de tutela privada (ação direta,
legítima defesa, direito de resistência, estado de
necessidade, …).
• Exterioridade – Esta característica pretende
inculcar a ideia de que, por lado, para o Direito
só releva a actuação exterior do Homem – para
o Direito, a simples intenção ou o mero
pensamento, por si só, não origina a ilicitude.
• Por outro lado, são irrelevantes para o Direito, a
simples intenção com que a prática é realizada
ou o pensamento que esteve na base da
referida prática.
• Mesmo quando as intenções são juridicamente
relevantes, o Direito apenas interfere nas
circunstâncias em que esses pressupostos se
revelam externamente de qualquer das formas.
• Próxima Aula
• Sumário :
1. As Características da Norma Jurídica.

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