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Instituto Superior do Waku-Kungo
Serviços Académicos e Vida Estudantil
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Professor: Paulo Feio Sumário: Os fins do Direito A sociabilidade do Direito O Direito é um fenómeno humano e social, não é um fenómeno da Natureza. Sendo um fenómeno social, há uma ligação necessária e constante entre Direito e sociedade, precisamente por essa sociedade necessitar de regras de conduta e de órgãos que controlem a aplicação dessas regras (o Estado), recorrendo à força se necessário. Se não existissem pessoas no mundo, ou se existisse uma só pessoa, não poderia existir Direito. O Direito tem uma vocação estruturalmente social. – vide exemplo da ilha e Robinson Crusué. (O que não significa que quando os indivíduos se encontrem sozinhos não estejam cobertos pelo Direito.) Este pressupõe relação social, é indissociável da vida em sociedade. Ubi societas, ibi jus; ubi jus, ibi societas. Fins do Direito 1. Justiça (o primeiro e o mais importante fim do Direito, estando consagrado nos Art. 2º CRA, impondo ao Estado o dever de manutenção e garantia da justiça. O Direito tem de ser justo porque deriva da Justiça, bem como as leis, decisões administrativas e sentenças judiciais, uma vez que o Estado é um Estado de Direito); 2. Bem-estar económico, social e cultural (por meio da proteção dos Direitos Humanos, por exemplo); 3. Segurança – jurídica. Positivação do direito legislado pelas autoridades competentes e em obediência a procedimentos devidamente regulamentados. Mais precisa formulação das regras jurídicas legisladas - “garantia jurídica”, é, no fundo, o garantir do conhecimento prévio daquilo com que cada um pode contar para, com base em expectativas firmes, governar a sua vida e orientar a sua conduta. Materializa-se em leis que não deixem margem a ambiguidades de interpretação nem a lacunas; contudo, em muitos setores, o legislador utiliza conceitos indeterminados e cláusulas gerais, pelo que a insegurança jurídica aumenta. Expressões como bom pai de família, médico consciencioso, bons costumes, … contribuem para tal. • A sua prossecução harmónica com a do primeiro fim parece relativamente simples. No entanto, o Direito, por vezes, comporta medidas apenas justificadas por motivos de segurança/certeza jurídica e contrárias à justiça. Gera-se uma tensão dialética. O legislador tem o papel de limitar ao mínimo situações em que a segurança se sobrepõe à justiça, no entanto, acontecem algumas vezes: • ➢ a norma que fixa a idade do atingir da maioridade descurando, no caso concreto, o apurar do grau de maturidade do indivíduo; ( art.24..º CRA); • ➢ casos de prescrição (art. 310ºCC); • ➢ usucapião (art.1287.º e 1294ºCC); • ➢ caso julgado (insusceptibilidade de recurso ordinário contra as decisões judiciais transitadas em julgado); • ➢ prisão preventiva; • ➢ princípio da não retroatividade da lei; Assim sucede porque a própria praticabilidade do Direito pode exigir que o valor segurança prevaleça sobre o valor justiça. Uma justiça puramente ideal, desacompanhada de segurança, seria vazia de eficácia; e uma segurança sem justiça, pelo contrário, seria uma pura situação de força. Funções do Direito Dois patamares: ➢ 1º patamar: função política ou legislativa (cabe ao Governo e à Assembleia da República, esta com privilégio – arts.º. 125º e 161.º,164.º, 165º CRP); ➢ 2º patamar: funções secundárias - função jurisprudencial (porque a jurisprudência não cria direito, apenas concretiza a função legislativa. É levada a cabo por órgãos independentes, os Tribunais, com atuação passiva - só intervêm quando para tal são solicitados) e função administrativa (através de regulamentos administrativos). Art.º 174.º da CRA: • Duas perspetivas de Justiça • ➢ Justiça Comutativa – paridade de posições entre pessoas, equivalência, reciprocidade. • ➢ Justiça Distributiva – distribuição simétrica e não desproporcionada, atendendo ao mérito e às necessidades das pessoas. Função corretiva – correção das desigualdades. • Princípio da Justiça ➢ Princípio da Igualdade (art. 23ºCRA) – Todos são iguais perante a Constituição e a lei. • Este princípio decorre do princípio da dignidade humana. O núcleo de humanidade que possuímos torna-nos necessariamente iguais em dignidade. O princípio da igualdade envolve inevitavelmente duas dimensões: 1. A proibição de discriminar arbitrariamente entre pessoas colocadas em situações idênticas (Princípio da Não Discriminação – impossibilidade de conferir tratamento diferenciado a pessoas em situações idênticas); 2. A obrigação, não só de estabelecer regimes diferenciados para situações diferenciadas, como ainda de refletir proporcionalmente naqueles regimes as diferenças entre estas situações (no fundo, tratar de forma diferente quem é diferente na medida da diferença, ou seja, de forma proporcional, e tratar de forma igual quem é igual). • Proporcionalidade (exemplo: 483.º, art.562.º,564.º, e 566ºCC - “indemnização excessivamente onerosa para o devedor”) – É um princípio fundamental para existir justiça. Subdivide-se em necessidade (exemplo: restrição de liberdade, direito ou garantia apenas porque é necessário), adequação (a solução tem de ser a mais adequada para resolver o problema) e justa medida/proporcionalidade em sentido restrito (restrição de direito, liberdade e/ou garantia o mínimo possível e necessário). • Deste modo, afirmamos que a autotutela é a possibilidade que nós, sujeitos de Direito, temos de defender / fazer valer os nossos direitos, por nós próprios, sem recorrermos aos aparelhos do Estado. • Formalmente explicando, nos casos de autotutela, a lei faculta, em determinadas condições, ao titular de um direito, a possibilidade de o assegurar (o direito) ou realizar pela força, desde que o agente não sacrifique interesses manifestamente superiores aos que pretende conservar. • Exemplos: Meios de tutela privada (ação direta, legítima defesa, direito de resistência, estado de necessidade, …). • Exterioridade – Esta característica pretende inculcar a ideia de que, por lado, para o Direito só releva a actuação exterior do Homem – para o Direito, a simples intenção ou o mero pensamento, por si só, não origina a ilicitude. • Por outro lado, são irrelevantes para o Direito, a simples intenção com que a prática é realizada ou o pensamento que esteve na base da referida prática. • Mesmo quando as intenções são juridicamente relevantes, o Direito apenas interfere nas circunstâncias em que esses pressupostos se revelam externamente de qualquer das formas. • Próxima Aula • Sumário : 1. As Características da Norma Jurídica.