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Corrupção no Brasil: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Eduardo_Cunha_recebe_uma_"chuva_de_dólares".jpg|miniatura|300px|[[Eduardo Cunha]], à época presidente da [[Câmara dos Deputados do Brasil|Câmara dos Deputados]], recebendo banho de dólares falsos contendo o seu rosto em forma de protesto contra a corrupção|alt=Imagem mostra [[Eduardo Cunha]], à época presidente da [[Câmara dos Deputados do Brasil|Câmara dos Deputados]], recebendo banho de dólares falsos contendo o seu rosto em forma de protesto contra a corrupção.]]
Em seu respeitado relatório anual ''Assuntos de Governança'', que vem sendo publicado desde [[1996]], o [[Banco Mundial]] assinala uma curva descendente no índice que mede a eficiência no combate à '''corrupção no [[Brasil]]'''. O índice, que avalia 212 países e territórios, registra queda contínua da situação brasileira desde [[2003]], tendo atingido seu pior nível em [[2006]], quando atingiu a marca de 47,1 numa [[escala]] de 0 a 100 (sendo 100 a avaliação mais positiva). Mesmo se comparado a outros países da [[América Latina]], o Brasil ficou numa posição desconfortável: [[Chile]], [[Costa Rica]] e [[Uruguai]] obtiveram nota 89,8.<ref>[http://siteresources.worldbank.org/INTWBIGOVANTCOR/Resources/1740479-1150402582357/2661829-1158008871017/gov_matters_5_tables.pdf Tabelas Básicas]. Em [[Banco Mundial]]. Acessado em [[20 de julho]] de [[2007]].</ref>


A '''corrupção no Brasil''' afeta diretamente o [[Estado de bem-estar social|bem-estar]] dos cidadãos ao diminuir os investimentos públicos na saúde, na educação, em infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à vida, e fere a [[Constituição Brasileira de 1988|Constituição]] ao ampliar a [[exclusão social]] e a [[desigualdade econômica]].<ref>{{citar web|url=https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/139906808/o-custo-da-corrupcao-no-brasil|titulo=O custo da corrupção no Brasil|acessodata=29 de Junho de 2017|publicado=JusBrasil|autor=Luiz Flávio Gomes}}</ref> Geralmente, a corrupção ocorre por meio de recursos dos [[Lei de Diretrizes Orçamentárias|orçamentos públicos da União, dos Estados e dos Municípios]] destinados à saúde, à educação, à previdência e à programas sociais e de infraestrutura, que são desviados para financiar campanhas eleitorais, corromper [[funcionários públicos]], ou mesmo para contas bancárias pessoais no exterior. Em 13 de outubro de 2020, a [[Transparência Internacional]] apontou uma “progressiva deterioração do arcabouço institucional anticorrupção no país” e sérios retrocessos no combate a corrupção no Brasil.<ref>{{Citar web|url=https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/10/13/transparencia-internacional-aponta-em-relatorios-retrocessos-no-combate-a-corrupcao-no-brasil.ghtml|titulo=Transparência Internacional aponta em relatórios 'retrocessos' no combate à corrupção no Brasil|acessodata=2020-10-15|website=G1|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=|primeiro=|url=https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/apos-bolsonaro-dizer-que-acabou-com-a-lava-jato-transparencia-internacional-aponta-progressivo-desmanche-do-arcabouco-legal-e-institucional-anticorrupcao-no-brasil/|titulo=Após Bolsonaro dizer que ‘acabou com a Lava Jato’, Transparência Internacional aponta ‘progressivo desmanche do arcabouço legal e institucional anticorrupção’ no Brasil|data=13-10-2020|acessodata=2020-10-15|website=Estadão|publicado=|lingua=pt-br}}</ref>
==Combate à corrupção brasileira==


Uma forma de corrupção comum no Brasil é o desvio de fundos públicos por meio de [[superfaturamento]]. Essa técnica permite que o indivíduo se enriqueça e também financie campanhas políticas e está intimamente ligada aos contratos públicos com empresas privadas.<ref>{{Citar periódico |titulo=“Não há uma cidade, um Estado no Brasil, sem obra superfaturada” |url=https://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/18/politica/1416338061_677570.html |jornal=EL PAÍS |acessodata=2020-10-15 |lingua=pt-br |ultimo=Novaes |data= |publicado= |primeiro=Marina}}</ref> Além disso, também é comum a propina e suborno na polícia.<ref>{{Citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,corrupcao-na-policia,70002653955 |titulo=Corrupção na polícia |data=21-12-2018 |acessodata=2020-10-14 |website=Estadão |publicado= |lingua=pt-BR}}</ref>
O índice do Banco Mundial mede a percepção dominante entre [[organização não governamental|ONG]]s e agências internacionais de análise de risco, sobre a corrupção vigente num determinado país <ref>[http://www.diretoaoassunto.com.br/noticias.php?subaction=showfull&id=1184631594&archive=&start_from=&ucat=18& Ex-ministro da CGU qualifica de 'ridículo' estudo do Banco Mundial sobre corrupção]. Em [[Jornal O Dia]]. [[16 de julho]] de [[2007]].</ref>. Por isso alguns questionam a influência no índice de uma maior atuação fiscalizadora da imprensa e dos órgãos policiais, em especial a [[Polícia Federal]], que desde [[2003]] realizou mais de 300 operações.<ref>{{cite web |url=http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG82402-9306,00.html |title= Por que o Brasil pode vencer a corrupção| author= Wálter Nunes |publisher= [[Revista Época]] | date= [[18 de março]] de [[2008]] | accessdate= [[26 de outubro]] de [[2008]]}}</ref>


Estudos da [[Fundação Getúlio Vargas]] (FGV) de 2009 estimam que economia brasileira perde com a corrupção, todos os anos, de um a quatro por cento do [[Produto Interno Bruto]] (PIB), o equivalente a um valor superior a 30 bilhões de reais.<ref name="terra_fgv">{{citar web|url=https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/fgv-corrupcao-custa-r-30-bi-ao-ano-para-a-economia-do-pais,d6aa6f7d7fc4b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|publicado=Terra|título=FGV: corrupção custa R$ 30 bi ao ano para a economia do País|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref> No ano seguinte, um estudo da [[Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]] (Fiesp) apontou que o custo anual da corrupção no país é de 1,38 por cento a 2,3 por cento do PIB.<ref name="Correio_FIESP"/> Em 2013, um estudo da [[Confederação Nacional da Indústria]] (CNI) mostrou que cada um real desviado pela corrupção representa um dano para a economia e para a sociedade de três reais.<ref name="exame_danos_da_corrupcao">{{citar web|url=https://exame.abril.com.br/brasil/5-efeitos-danosos-da-corrupcao-que-voce-nao-ve/|publicado=Abril|obra=Exame|título=5 efeitos danosos da corrupção que você não vê|acessodata=19 de maio de 2018|autor=Marina Pinhoni}}</ref>
Por parte da [[sociedade civil]], instituições como a [[Transparência Brasil]] fazem o seu papel de denunciar e combater as manifestações de corrupção.<ref name="Epoca">NUNES, Wálter e LEITÃO, Matheus. ([[2007]]). ''O Brasil está mais corrupto?''. "[[Revista Época]]". [[16 de julho]] de [[2007]]. P.41.</ref>


A [[Polícia Federal do Brasil|Polícia Federal]] considera a [[Operação Lava Jato]] a maior investigação de corrupção da história do país,<ref>{{citar web |url=http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2016/03/saiba-porque-lava-jato-e-considerada-maior-investigacao-sobre-corrupcao-da |titulo=Saiba por que a Lava Jato é considerada a maior investigação da história do Brasil |data=17 de Março de 2016 |autor=Noelle Oliveira |acessodata=29 de Junho de 2017|publicado=[[Empresa Brasil de Comunicação|EBC]]}}</ref> e o [[Departamento de Justiça dos Estados Unidos]] considera o esquema de corrupção do Grupo Odebrecht (atual [[Novonor]]), investigado pela Lava Jato, como o maior pagamento de [[Suborno|propina]] da história mundial.<ref name="suborno"/> A Lava Jato revelou um quadro de [[Corrupção#Corrupção sistêmica|corrupção sistêmica]] no Brasil, mostrando que a corrupção passou a fazer parte do próprio sistema.<ref>{{citar web|título=A corrupção sistêmica no Brasil|url=http://domtotal.com/noticia/1125239/2017/03/a-corrupcao-sistemica-no-brasil/|acessodata=11 de maio de 2017}}</ref> Em 2015, uma pesquisa de opinião realizada pelo [[instituto Datafolha]], indicou que a corrupção é o maior problema no Brasil.<ref>{{citar web|título=Pela 1.ª vez, corrupção é vista como maior problema do país, diz Datafolha|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/11/1712475-pela-1-vez-corrupcao-e-vista-como-maior-problema-do-pais.shtml|acessodata=10 de maio de 2017}}</ref> Em junho de 2017, a [[Polícia Federal do Brasil#Diretoria de Combate ao Crime Organizado - DICOR|Diretoria de Combate ao Crime Organizado (DICOR/PF)]] totalizou que, a partir de 2013, as perdas com diversos desvios atingiram perto de 123 bilhões de reais.<ref name="1st">{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,organizacoes-criminosas-deixam-rombo-de-r-123-bi,70001846542 |título=''Organizações criminosas deixam rombo de R$ 123 bi'' |data=18-06-2017 |autor=Alexa Salomão, Daniel Bramatti e Marcelo Godoy |publicado=''[[O Estado de S. Paulo]]'' |acessodata=21-06-2017 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20170621065045/http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,organizacoes-criminosas-deixam-rombo-de-r-123-bi,70001846542 |arquivodata=21-06-2017}}</ref><ref name="2nd">{{citar web |url=http://odia.ig.com.br/brasil/2017-06-17/pais-perdeu-r-123-bi-com-esquemas-de-corrupcao-diz-pf.html |título=''País perdeu R$ 123 bi com esquemas de corrupção, diz PF'' |data=17-06-2017 |publicado=''[[O Estado de S. Paulo|Estadão Conteúdo]] + [[O Dia]]'' |acessodata=21-06-2017 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20170621031757/http://odia.ig.com.br/brasil/2017-06-17/pais-perdeu-r-123-bi-com-esquemas-de-corrupcao-diz-pf.html |arquivodata=21-06-2017}}</ref>
Um dos principais problemas que dificultam o combate à corrupção é a ''[[impunidade|cultura de impunidade]]'' ainda vigente no país. A justiça é lenta e aqueles que podem pagar bons [[advogado]]s dificilmente passam muito tempo na cadeia ou mesmo são punidos. O fato de os políticos gozarem de direitos como o [[foro privilegiado]] e serem julgados de maneira diferente da do cidadão comum, também contribui para a [[impunidade]].
Em estudo divulgado pela [[Associação dos Magistrados Brasileiros]] (AMB), foi revelado que entre [[1988]] e [[2007]] (18 anos), nenhum agente político foi condenado pelo [[STF]]. Durante este período, o [[Superior Tribunal de Justiça]] (STJ) condenou apenas cinco autoridades.<ref>[http://congressoemfoco.ig.com.br/UserFiles/Image/estudo_corrupcao.pdf AMB-Estudo sobre a Corrupção no Brasil]. Acessado em [[20 de julho]] de [[2007]].</ref> Segundo o [[ministro da Justiça]], [[Tarso Genro]], "a demora no processo está vinculada à natureza contenciosa, que assegura direitos para as partes de moverem até o último recurso."<ref>[http://congressoemfoco.ig.com.br/Ultimas.aspx?id=17768 STF não condena agentes públicos há 18 anos, diz AMB] por Soraia Costa. Em [http://congressoemfoco.ig.com.br/ Congresso em Foco]. Acessado em [[20 de julho]] de [[2007]].</ref>


O presidente da Petrobras, [[Aldemir Bendine]], estimou em 2015 as perdas da empresa com escândalos de corrupção em R$ 6,2 bilhões.<ref>{{citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2015/04/petrobras-teve-perdas-de-r-62-bilhoes-com-corrupcao.html |titulo=Petrobras teve perdas de R$ 6,2 bilhões com corrupção |data=22-04-2015 |acessodata=14-10-2020 |website=Época Negócios}}</ref> As ações da empresa caíram, embora depois tenham começado a se recuperar lentamente.<ref>{{Citar web |url=https://oglobo.globo.com/economia/acoes-da-petrobras-se-recuperam-bolsa-fecha-em-alta-22743658 |titulo=Ações da Petrobras se recuperam e Bolsa fecha em alta |data=2018-06-04 |acessodata=2020-10-14 |website=O Globo |lingua=pt-BR}}</ref>
Um outro instrumento eficaz no combate à corrupção é a [[transparência]]. Conforme indica o [[economista]] Marcos Fernandes da [[Fundação Getúlio Vargas]] de [[São Paulo]], "para combater a corrupção, é preciso ter políticas de longo prazo, preventivas, é preciso fazer uma reforma administrativa(...). Disseminar a bolsa eletrônica de compras, informatizar os processos de gestão, permitir que o cidadão fiscalize a execução orçamentária on-line".<ref name="Epoca"/>


O "[[jeitinho brasileiro]]" é tido como forma de prática das "pequenas corrupções", como por exemplo sonegar imposto, furtar sinal de TV a cabo, furar a fila, simular ou dissimular negócios, entre outros.<ref>{{citar web|url=https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/veja-10-exemplos-de-corrupcao-no-cotidiano-do-brasileiro,880b6c891fd2c410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html|publicado=Terra|acessodata=10 de maio de 2017|título=Veja 10 exemplos de corrupção no cotidiano do brasileiro|autor=Fábio Santos}}</ref><ref>{{citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2013/12/04/sociedad/1386197033_853176.html|publicado=El País|acessodata=10 de maio de 2017|título=A corrupção nossa de cada dia|autor=Talita Bedinelli}}</ref><ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/legis-ativo/o-suposto-jeitinho-brasileiro/|publicado=Estadão|acessodata=10 de maio de 2017|título=O suposto “jeitinho brasileiro”|autor=Vítor Sandes}}</ref>
==Fundamentos da corrupção brasileira==
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== História ==
Entender a origem da [[corrupção]] brasileira é essencial para combatê-la. Do ponto de vista do [[nepotismo]], sua origem está nas nomeações que ocorriam na época colonial e do [[Brasil Imperial]], em que, justamente, os cargos públicos não tinham origem [[democrática]]. Quem era mais próximo aos poderosos é que tinha mais chance de ser nomeado para cargos políticos e burocráticos. Por conseguinte, havia uma oligarguia de poder público, passando de pai para filho.
[[Imagem:Reading of the letter of Caminha.jpg|miniatura|140px|[[Pero Vaz de Caminha]] lê para o comandante [[Pedro Álvares Cabral]] a carta que será enviada ao rei [[Manuel I de Portugal|D. Manuel I]].|alt=Quadro que mostra [[Pero Vaz de Caminha]] lendo para o comandante [[Pedro Álvares Cabral]] a carta que será enviada ao rei [[Manuel I de Portugal|D. Manuel I]].]]
Conforme ensina Fernando Filgueiras: a tolerância à corrupção não é um desvio de caráter do brasileiro, uma propensão e culto à imoralidade, nem mesmo uma situação de cordialidade, mas uma disposição prática nascida de uma cultura em que as preferências estão circunscritas a um contexto de necessidades, representando uma estratégia de sobrevivência que ocorre pela questão material.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Filgueiras|primeiro=Fernando|data=2009-11-01|titulo=A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social|jornal=Opinião Pública|volume=15|numero=2|paginas=386–421|issn=0104-6276|doi=10.1590/S0104-62762009000200005|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-62762009000200005&lng=en&nrm=iso&tlng=ES}}</ref> O [[nepotismo]] já teria desembarcado no Brasil a bordo da primeira [[caravela]], sendo apontado como exemplo a [[Carta de Pero Vaz de Caminha|Carta a El-Rei D. Manuel]] escrita por [[Pero Vaz de Caminha]], na qual solicita ao rei que mandasse "vir buscar da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro".<ref>{{citar web|url=http://bancopublicacoes.espm.br/arquivos/201208021044_009044nepotismo_na_empresa_familiar_bom_ou.pdf|título=Nepotismo na Empresa Familiar: bom ou ruim?|autor=José Carlos Fonseca Ferreira|editor=Gestão & Negócios|data=Junho de 2012|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref> Para ocupar e administrar o novo território, tarefa bastante complicada pela distância geográfica e precariedade das comunicações, a [[coroa portuguesa]] teve de oferecer incentivos e relaxou na vigilância de seus prepostos. Isso gerou um ambiente de tal modo favorável à prática da corrupção,<ref name="BBC">{{citar web|url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121026_corrupcao_origens_mdb.shtml|título=Corrupção no Brasil tem origem no período colonial, diz historiadora|autor=Mariana Della Barba|editor=[[BBC Brasil]]|data=04-11-2012|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref> que já no [[século XVII]], o [[António Vieira|padre Antônio Vieira]] denunciou-o através do ''[[Sermão do Bom Ladrão]]'', onde expõe corajosamente os desmandos praticados por colonos e administradores no Brasil:<ref name="Espaco">{{citar web|url=http://www.espacoacademico.com.br/085/85esp_gruman.htm|título=A atualidade de Padre Antônio Vieira|autor=Marcelo Gruman|editor=Revista Espaço Acadêmico|data=Junho de 2008|acessodata=11 de julho de 2014}}</ref>


{{cquote|O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (...) os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. - Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.<ref name="Espaco"/>}}
Passada a fase imperial, o país ainda não se adaptou totalmente ao padrão [[democrático]] [[republicano]], em que a coisa pública deve ser totalmente separada da coisa privada. Boa parte das pessoas que ocupam cargos públicos, principalmente, na [[política]], não tem em si uma distinção de que aquilo não lhe pertence, tomando decisões com foco pessoal, e não pelo povo.


Há relatos também de corrupção nas mais altas esferas de poder desde o início do [[século XIX]]. Naquela época, os seguintes versos corriam as ruas da [[Rio de Janeiro|capital nacional]]{{nota de rodapé|As fontes divergem sobre o período exato destes versos, se no [[João VI de Portugal|período joanino]] - nos anos da [[Transferência da corte portuguesa para o Brasil|permanência da família real portuguesa no Brasil]]<ref>{{citar web|url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0306200707.htm|titulo=Folha de S.Paulo - Do ladrão ao barão - 03/06/2007|acessodata=2018-09-01|obra=www1.folha.uol.com.br}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=2015-09-05|titulo=Historiadores resgatam episódios de corrupção no Brasil Colônia e na época do Império|url=https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/historiadores-resgatam-episodios-de-corrupcao-no-brasil-colonia-na-epoca-do-imperio-17410324|jornal=O Globo|lingua=pt-BR}}</ref> -, ou se no [[Império do Brasil|período imperial]].<ref>{{citar web|título=Quais são as raízes da corrupção no Brasil|url=https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/04/13/Quais-s%C3%A3o-as-ra%C3%ADzes-da-corrup%C3%A7%C3%A3o-no-Brasil|acessodata=11 de Maio de 2017}}</ref>}}:
Ainda assim, uma forma de entender os fundamentos da corrupção brasileira é simplesmente fazendo a seguinte pergunta: ''Eu, como [[cidadão]], tenho um comportamento [[moral]]?''


{{cquote|Quem furta pouco é ladrão<br /> Quem furta muito é barão<br /> Quem mais furta e esconde<br /> Passa de barão a visconde}}
A pessoa cidadã é que será a pessoa que ocupará cargo na política ou cargo de servidor público. Logo, quem é da área pública é, antes de tudo, uma pessoa comum, uma pessoa cidadã. E como é a moral das pessoas comuns no Brasil? Aqui, pode-se elencar alguns ensaios da pessoa comum no seu dia a dia, que um dia poderá se tornar uma pessoa política ou servidora pública. Esses pequenos gestos são ensaios para a [[corrupção]], típica do [[Brasil]]:


Segundo [[Raymundo Faoro]], a corrupção é um "vício" herdado do [[Península Ibérica|mundo ibérico]], resultado de uma relação [[patrimonialismo|patrimonialista]] entre [[Estado]] e [[Sociedade]].<ref>{{citar web|url=http://www.consocial.cgu.gov.br/uploads/biblioteca_arquivos/151/arquivo_eed91c6bbe.pdf|título="A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social"}}</ref>
#No trânsito, avançar sob o sinal pare do semáforo ou acelerar no atenção.
#No trânsito, andar na contramão.
#No comércio, comprar produtos de origem ilegal.
#No comércio, inventar defeitos nos produtos para substituí-los.
#No comércio, abrir e consumir produtos sem pagá-los.
#No trabalho, sendo encarregado, preferir alguém com parentesco do que abrir concorrência para algum cargo.


==Períodos==
{{ref-section}}
=== Ditadura militar ===
[[Ficheiro:Castelobranco.jpg|thumb|200px|[[Humberto de Alencar Castelo Branco|Castelo Branco]]: o udenismo fardado chega ao poder.<ref>{{citar web|url=http://www.dhi.uem.br/publicacoesdhi/dialogos/volume01/vol6_mesa2.htm|título=Afinidades eletivas entre a União Democrática Nacional (UDN) e as forças armadas brasileiras|autor=André Moysés Gaio|editor=Revista Diálogos|acessodata=07-09-2014}}</ref>]]
O combate à corrupção foi uma das grandes bandeiras do [[golpe militar de 1964]]. Este alvo específico, assim como a denúncia da "infiltração comunista" na vida brasileira e o discurso moralista, pode ser encarado como fruto da vinculação entre os militares, as classes médias urbanas, e partidos políticos de cunho [[Conservadorismo|conservador]], como a [[União Democrática Nacional]] (UDN, da qual originou-se o termo "udenismo"), fundada em 1945, pouco antes do fim da [[Estado Novo (Brasil)|ditadura do Estado Novo]]. A UDN, que após três derrotas consecutivas em eleições presidenciais (1945, 1950 e 1955), havia vencido com [[Jânio Quadros]] em 1960, viu seus planos de poder serem abortados quando o presidente renunciou poucos meses depois, em 1961. Portanto, não é de estranhar o apoio dado pela UDN ao golpe de 1964: isto apenas ressalta que, embora o movimento tenha sido militar, teve amplo apoio dos setores conservadores da [[sociedade civil]].<ref name="UDN">{{citar web|url=https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/u/uni_demo_nacional.htm|título=União Democrática Nacional (UDN)|editor=Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro CPDOC|acessodata=06-09-2014}}</ref><ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/apoio-editorial-ao-golpe-de-64-foi-um-erro-9771604|título=Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro|editor=[[O Globo]]|data=31-08-2013|acessodata=07-09-2014}}</ref>


Imbuído deste espírito moralizante, logo no início de sua administração o marechal [[Humberto de Alencar Castelo Branco|Castelo Branco]] prometeu que faria ampla investigação e divulgação sobre a corrupção vigente no governo deposto de [[João Goulart]].<ref>{{citar web|url=http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/04071964/040764_3.htm|título=Reforma agora. Eleições em 65.|editor=[[O Cruzeiro (revista)]]|data=04-07-1964|acessodata=06-09-2014}}</ref> Um dos principais instrumentos criados com este fim foi a [[Comissão Geral de Investigações]] (CGI), órgão encarregado de conduzir os [[Inquérito Policial Militar|Inquéritos Policiais Militares]].<ref>{{citar web|url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0359.htm|título=Decreto-Lei n° 359|autor=Presidência da República do Brasil|data=17-12-1968|acessodata=06-09-2014}}</ref> Os malfeitos averiguados seriam reunidos num "livro branco da corrupção", ao qual seria dado grande divulgação. Tal livro, contudo, jamais chegou a ser produzido, muito menos publicado. É presumível que os militares tenham concluído que não poderiam dar publicidade à corrupção alheia sem revelar àquela que existia em suas próprias fileiras. Em 1978, a CGI foi extinta pelo general-presidente [[Ernesto Geisel|Geisel]].<ref name="BN">{{citar web|url=http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/moralismo-capenga|título=Moralismo capenga|autor=Heloisa Maria Murgel Starling|editor=Revista de História da Biblioteca Nacional|data=23-03-2009|acessodata=06-09-2014}}</ref>
=={{Ver também}}==
* [[Foro privilegiado]]
* [[Impunidade]]


Rapidamente, não só os militares tiveram que reconhecer que o combate à corrupção era atividade estranha à corporação, como aprenderam a conviver e até a beneficiar-se dela.<ref>{{citar web|url=http://www.cev.pb.gov.br/index.php/noticias-lista/117-carta-revela-corrupcao-na-ditadura|título=Carta revela corrupção na ditadura|autor=Adelson Barbosa dos Santos|editor=[[Correio da Paraíba]]|data=18-08-2013|acessodata=06-09-2014}}</ref> Os generais-presidentes buscavam isolar-se do comportamento delituoso de alguns de seus subordinados através de demonstrações públicas de austeridade em suas vidas pessoais. O que seus comandados faziam em causa própria, desde que não representasse um risco à imagem das forças armadas, raramente era investigado.<ref name="BN"/>
=={{Ligações externas}}==
* [http://www.transparencia.org.br/index.html Transparência Brasil]. Visitado em [[18 de novembro]] de [[2007]].


Apesar do empenho moralizante da [[ditadura militar]], não somente a corrupção era "muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar" do que a subversão (como reconheceu o próprio marechal Castelo Branco), como a CGI tão somente não era o instrumento capaz de impedi-la pela mera intimidação.<ref name="BN"/> Por sua própria natureza [[Autoritarismo|autoritária]], o regime inviabilizava a fiscalização de seus atos por parte da sociedade civil, da imprensa e do [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]]. Não havia transparência, muito menos órgãos fiscalizatórios. Conforme diz o juiz [[Márlon Reis]], um dos autores da [[Lei da Ficha Limpa]], "obras faraônicas como [[Usina Hidrelétrica de Itaipu|Itaipu]], [[Transamazônica]] e [[Ferrovia do Aço]], por exemplo, foram realizadas sem qualquer possibilidade de controle. Nunca saberemos o montante desviado. Durante a ditadura, a corrupção não foi uma política de governo, mas de Estado, uma vez que seu principal escopo foi a defesa de interesses econômicos de grupos particulares."<ref name="Ditadura">{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/03/22/10-motivos-para-nao-ter-saudades-da-ditadura.htm|título=Dez razões para não ter saudades da ditadura|autor=Carlos Madeiro|editor=UOL|data=22-03-2014|acessodata=11-07-2014}}</ref>
[[Categoria:Política do Brasil]]

[[Categoria:Cultura do Brasil]]
=== Governo Sarney ===
[[Categoria:Criminalidade no Brasil]]
{{AP|Governo Sarney}}
Notabilizaram-se as acusações de [[corrupção]] endêmica em todas as esferas do governo, sendo o próprio presidente José Sarney denunciado, embora as acusações não tenham sido levadas à frente pelo Congresso Nacional. Foi no período entre 1987 e 1989, que eclodia a crise política, aliada à crise econômica. Foram citadas suspeitas de superfaturamento e irregularidades em concorrências públicas, como a da licitação da [[Ferrovia Norte-Sul]].<ref>{{citar web |url=http://www.desempregozero.org.br/editoriais/ferrovia_nortesul_entre_a_prioridade_e_a_ideologia.php |titulo=Editorial sítio ''Desemprego Zero'' |acessodata=2018-05-13 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20081004180634/http://www.desempregozero.org.br/editoriais/ferrovia_nortesul_entre_a_prioridade_e_a_ideologia.php |arquivodata=2008-10-04 |urlmorta=yes }}</ref> As denúncias ainda afirmavam que José Sarney praticava o [[nepotismo]], ou seja, favorecia amigos e conhecidos com concessões em rádios e TVs. A insatisfação numa ala do [[Partido do Movimento Democrático Brasileiro]] (PMDB), atual MDB, fez com que fosse fundado o [[Partido da Social Democracia Brasileira]] (PSDB). O auge da crise ocorreu durante a [[Assembleia Nacional Constituinte de 1987|Assembleia Nacional Constituinte]], onde os membros do partido votaram pelos quatro anos de mandato para Sarney, apesar de a tese dos cinco anos ter prevalecido, capitaneada pela maioria da bancada do PMDB e de políticos conservadores.

A CPI da corrupção apontou o ex-presidente como um dos responsáveis do esquema, por ter liberado dinheiro de fundos controlados pela Presidência a municípios, sem critérios. Assim que a verba acabava, Sarney utilizava a chamada reserva de contingência e contava com a ajuda do ministro do Planejamento, Aníbal Teixeira.<ref name="Videos e fotos">{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/infograficos/rede-escandalos/perfil/jose-sarney.shtml|título="Tesoureira da Igreja Universal nos Estados Unidos é condenada"|publicado=''Rede de escândalos''|acessodata=21 de Fevereiro de 2014|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140307203739/http://veja.abril.com.br/infograficos/rede-escandalos/perfil/jose-sarney.shtml|arquivodata=2014-03-07|urlmorta=yes}}</ref>

=== Governo Collor ===
[[Imagem:Fernando Collor deixa a presidência.jpg|miniatura|Fernando Collor saindo do [[Palácio do Planalto]] após sofrer impeachment como consequência de escândalos de corrupção]]
{{Artigo principal|Esquema PC|Processo de impeachment de Fernando Collor|alt=Imagem que mostra Collor saindo do Palácio do Planalto sendo seguido por aliados.}}
Nas últimas duas décadas do [[século XX]], particularmente após o fim do [[Regime militar no Brasil|regime militar]], casos de corrupção notórios obtiveram grande destaque na mídia, tendo inclusive resultado no afastamento do presidente [[Fernando Collor|Fernando Collor de Mello]] — primeiro presidente da [[América Latina]] a sofrer ''[[impeachment]]''.<ref>{{citar web|url=http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/impeachment-collor-foi-primeiro-alvo-de-impeachment-na-america-latina.jhtm|editor=Uol Educação|título=Collor foi o primeiro alvo de impeachment na América Latina|autor=Carlos Ferreira}}</ref>

A partir de 1993, a extensão das denúncias abalou a crença nas instituições e no futuro do país e provocou a instalação de uma [[Comissão Parlamentar de Inquérito]] (CPI), que ficou conhecida como a [[Anões do Orçamento|CPI do Orçamento]], presidida pelo então senador [[Jarbas Passarinho]] e tendo como relator o governador de [[Pernambuco]] à época, [[Roberto Magalhães (político)|Roberto Magalhães]]. Em [[2014]], o ex-presidente Collor foi inocentado pelo [[Supremo Tribunal Federal]] das denúncias de corrupção que lhe foram imputadas e que resultaram no seu "impeachment",<ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/04/28/apos-absolvicao-collor-pergunta-quem-me-devolvera-o-que-me-foi-tomado.htm|título=Após absolvição, Collor pergunta: 'Quem me devolverá o que me foi tomado?'|publicado=Uol|data=28-04-2014|acessodata=11 de julho de 2014}}</ref> mas tornou a ser novamente condenado por corrupção pelo mesmo [[Supremo Tribunal Federal|STF]], por outras acusações, em [[2023]].<ref>{{citar web|url=https://veja.abril.com.br/coluna/radar/maioria-condena-collor-por-corrupcao-e-lavagem-de-dinheiro-no-stf/|título=Maioria condena Collor por corrupção e lavagem de dinheiro no STF|publicado=Veja|data=18-05-2023|acessodata=18 de maio de 2023}}</ref>

=== Governo Itamar Franco ===
O novo governo assumido pelo vice-presidente [[Itamar Franco]] foi, no início, apoiado por todas as forças políticas do Congresso, exceto o [[Partido da Frente Liberal]] (PFL), que também começou a sofrer denúncias de envolvimento de ministros em corrupção. Vários dos seus ministros, entre eles [[Henrique Hargreaves]] e Alexandre Costa.

=== Governo FHC ===
{{VT|Governo Fernando Henrique Cardoso#Crises e acusações de corrupção}}

Mas a maior acusação do governo foi da compra de votos para a aprovação de uma emenda constitucional que permitiu a [[reeleição]] para os cargos do [[Poder Executivo do Brasil|poder executivo]]. Em [[1997#Maio|maio de 1997]], grampos telefônicos publicados pela [[Folha de S.Paulo]] revelaram conversas entre o então deputado [[Ronivon Santiago]] e outra voz identificada no jornal como ''Senhor X''. Nas conversas, Ronivon Santiago afirma que ele e mais quatro deputados receberam 200 mil reais para votar a favor da reeleição, pagos pelo então governador do Acre, [[Orleir Cameli]].<ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/marcos_do_jornalismo-01a.shtml|autor=RODRIGUES, Fernando|título=Deputado diz que vendeu seu voto a favor da reeleição por R$ 200 mil|publicado=Uol|obra=Folha de S.Paulo|data=13 de maio de 1997}}</ref>

O governo FHC é tambem conhecido pelo maiores esquemas de corrupção do Brasil e do mundo, o caso do Banestado [https://csalignac.jusbrasil.com.br/noticias/332167264/o-que-diferencia-o-caso-banestado-da-operacao-lava-jato] . Segundo jornalista Henrique Beirangê, o Banestado alcançou o volume desviado de 60 bilhoes de [https://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/19/politica/1418952566_793365.html reais] em valores atuais, superando outras investigações mais recentes, valor bem maior que os 18 bilhoes de [https://portal.tcu.gov.br/imprensa/noticias/tcu-aponta-que-cartel-causou-prejuizos-de-r-18-bilhoes-a-petrobras.htm reais] da LavaJato. Devido a grande diferença de valores, percebe-se que a atenção dada para denuncia e investigação do caso Banestado foi bem inferior em relação a LavaJato, tanto pelo poder judiciário, quanto jornais e midias conhecidas, causando uma falsa percepção que o volume movimentado pela Lavajato fosse maior, o que afetou a opinião pública que ainda não tem muito conhecimento dos valores desviados em esquemas denunciados em governos anteriores, alem de desconhecer que partidos envolvidos continuam em atividade em Brasília, como por exemplo o [https://www.conjur.com.br/2003-jun-15/mp_acusa_bornhausen_lavar_us_bilhoes_exterior PSDB] entre outros.

=== Governo Lula ===
{{Artigo principal|Escândalo do mensalão|Escândalo dos bingos|Escândalo do Dossiê}}

O mais notório escândalo de corrupção no [[governo Lula]] foi o [[Escândalo do mensalão|Mensalão]], tendo sido denunciado em [[2005]]. Se tratou de um esquema compra de votos por parte do [[Partido dos Trabalhadores]] (PT), denunciado pelo deputado [[Roberto Jefferson]], que posteriormente fez [[delação premiada]].<ref>{{citar web|url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-11-28/por-delatar-mensalao-roberto-jefferson-escapa-de-prisao-em-regime-fechado.html|publicado=iG|obra=Último Segundo|data=28-11-2012|acessodata=10 de maio de 2017|título=Por delatar mensalão, Roberto Jefferson se livra de prisão em regime fechado}}</ref> O escândalo levou a [[cassação]] de Roberto Jefferson<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u72362.shtml|título=Plenário da Câmara aprova cassação de Roberto Jefferson|publicado=Uol|obra=Folha de S.Paulo|data=14 de setembro de 2005|acessodata=10 de maio de 2017}}</ref> e José Dirceu, que era ministro da Casa Civil no governo Lula e que foi considerado pelo [[Supremo Tribunal Federal]] como um dos comandantes do esquema.<ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/ultnot/crise/ultimas/2005/12/01/ult3160u181.jhtm|publicado=Uol|acessodata=10 de maio de 2017|título=Por 293 votos a 192, Dirceu tem mandato cassado pela Câmara e perde direitos políticos por 10 anos}}</ref> O PT comprava votos de parlamentares do [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso]], dando a eles uma mesada, em troca de apoio para aprovar reformas que o partido desejava passar. Descobriu-se, por exemplo, que em [[2003]], a reforma da previdência proposta por Lula passou no Congresso devido a votos que foram comprados.<ref>{{citar web|título=Reforma da Previdência: o que Lula ensinou em 2003 (e o que o Brasil aprendeu em 2005)|url=http://veja.abril.com.br/blog/reveja/reforma-da-previdencia-o-que-lula-ensinou-em-2003-e-o-que-o-brasil-aprendeu-em-2005/|acessodata=10 de Maio de 2017}}</ref>

Antes do mensalão, em 2004, o governo Lula enfrentou crises políticas, no que foi denominado [[Escândalo dos Bingos]]. Nele [[Waldomiro Diniz]], assessor de [[José Dirceu]] aparece na divulgação de uma fita gravada pelo empresário e bicheiro [[Carlos Augusto Ramos]], o Carlinhos Cachoeira, extorquindo o bicheiro para arrecadar fundos para a campanha eleitoral do PT e do PSB no Rio de Janeiro. Em troca Waldomiro prometia ajudar Augusto Ramos numa concorrência pública. O [[Ministério Público Federal]] apresentou a denúncia acolhida pela Justiça Federal por conduta criminosa em negociações para renovação do contrato entre a [[Caixa Econômica Federal]] em 2003. Sendo inicialmente exigido por uma "consultoria" 15 milhões de reais, que foram fechados em 6 milhões de reais.<ref>{{citar web|url=http://www.prdf.mpf.gov.br/imprensa/22-01-2011-valdomiro-diniz-e-mais-sete-viram-reus-por-extorsao-e-corrupcao-no-caso-gtech|publicado=Ministério Público Federal|data=28-01-2011|título=Valdomiro Diniz e mais sete viram réus por extorsão e corrupção no caso GTech|acessodata=10 de maio de 2017|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120119011511/http://www.prdf.mpf.gov.br/imprensa/22-01-2011-valdomiro-diniz-e-mais-sete-viram-reus-por-extorsao-e-corrupcao-no-caso-gtech|arquivodata=2012-01-19|urlmorta=yes}}</ref><ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/tag/carlinhos-cachoeira/|título=O protagonista do escândalo que abriu o festival de horrores|publicado=Abril|obra=Veja|acessodata=10 de maio de 2017|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120329085052/http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/tag/carlinhos-cachoeira/|arquivodata=2012-03-29|urlmorta=yes}}</ref>

Em 2006, veio a tona o [[Escândalo do Dossiê]] ou Escândalo dos Aloprados, como também ficou conhecido, a repercussão da [[prisão em flagrante]], a 15 de setembro de 2006, de alguns integrantes do [[Partido dos Trabalhadores|Partido dos Trabalhadores (PT)]] acusados de comprar um falso [[dossiê]], de Luiz Antônio Trevisan Vedoin, com fundos de origem desconhecida. O dossiê acusaria o candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PSDB, [[José Serra]], de ter relação com o [[escândalo das sanguessugas]]. O suposto plano seria prejudicar Serra na disputa ao governo de São Paulo, no qual seu principal adversário na disputa era o senador [[Aloizio Mercadante]]. Supostamente, não só Serra era alvo, pois também haveria acusações contra o candidato à presidência [[Geraldo Alckmin]]. As investigações e depoimentos dos suspeitos demonstraram que o conteúdo do dossiê contra políticos do PSDB era falso. A expressão "aloprados" foi utilizado por [[Luiz Inácio Lula da Silva]] para designar os acusados de comprar o dossiê.<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,relembre-o-escandalo-dos-aloprados,737712|publicado=Estadão|data=28 de junho de 2011|acessodata=10 de maio de 2017|título=Relembre o escândalo dos 'aloprados'|autor=Jair Stangler}}</ref>

Em 2016, o ex-presidente Lula (PT) se tornou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, culminando em sua condenação e prisão por 12 anos e 1 mês em abril de 2018.<ref>{{citar web|url=https://exame.abril.com.br/brasil/lula-tem-ate-amanha-para-se-apresentar-na-pf-decide-moro/|titulo=Lula tem até amanha para se apresentar na pf decide moro|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Uma reviravolta ocorreu no ano seguinte: em 8 de novembro, a 12a. Vara Federal de Curitiba determinou a soltura do ex-presidente, um dia depois de o STF considerar que medidas de privação de liberdade sem [[Trânsito em julgado]]<ref>{{Citar web|url=https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/11/supremo-volta-a-barrar-prisao-apos-a-2a-instancia-e-lula-podera-ser-solto.shtml|titulo=Supremo volta a barrar prisão após a 2ª instância, e Lula poderá ser solto|data=2019-11-07|acessodata=2022-10-06|website=Folha de S.Paulo|lingua=pt-BR}}</ref> seriam inconstitucionais. A condenação de Lula foi anulada em março de 2021 pelo plenário do Supremo, num contexto em que a [[Vaza Jato]] revelou que o juiz Sérgio Moro cedia informações privilegiadas à acusação, dando margem ao entendimento de que a ação penal estaria sendo objeto de politização.<ref name=":0">{{Citar periódico |url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pris%C3%A3o_de_Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva&oldid=64289055 |titulo=Prisão de Luiz Inácio Lula da Silva |data=2022-08-27 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre |lingua=pt}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Vaza_Jato&oldid=64446123 |titulo=Vaza Jato |data=2022-09-23 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre |lingua=pt}}</ref> Pelo placar de 7 a 4, dois meses depois, a Corte declarou a [[Suspeição (direito)|suspeição do juiz]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57589331 |titulo=STF decide manter suspeição de Moro; processos contra Lula serão julgados de novo no DF |acessodata=2022-10-06 |jornal=BBC News Brasil |lingua=pt-BR}}</ref> Foi proclamada também a nulidade de todas as decisões tomadas na Vara do Paraná por incompetência de foro, depois que o Ministro [[Edson Fachin]] foi seguido pela maioria no entendimento de que as investigações sobre o ex-presidente não teriam relação com a Petrobras.<ref>{{Citar web|ultimo=Minas|primeiro=Estado de|ultimo2=Minas|primeiro2=Estado de|url=https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/04/14/interna_politica,1257042/maioria-do-stf-decide-levar-ao-plenario-anulacao-de-condenacoes-de-lula.shtml|titulo=Maioria do STF decide levar ao plenário anulação de condenações de Lula|data=2021-04-14|acessodata=2022-10-07|website=Estado de Minas|lingua=pt-BR}}</ref> Em seguida, o processo foi enviado à 12ª Vara Federal Criminal em Brasília, onde acabaria arquivado a pedido do Ministério Público, em 28/01/2022.<ref name=":0" />

=== Governo Dilma Rousseff ===
{{Artigo principal|Operação Lava Jato|Pasadena Refinery System Inc}}
[[Imagem:Dilma Lula Temer Convenção PT.jpg|miniatura|alt=Dilma e Lula vestidos de vermelho. Lula está com um microfone em uma mão e erguendo o braço da Dilma com a outra.|O presidente [[Luiz Inácio Lula da Silva|Lula]] na convenção nacional do PT, que confirmou a candidatura da ex-ministra [[Dilma Rousseff]] à Presidência da República]]
A [[Operação Lava Jato]], é uma operação que foi iniciada em [[2014#Março|março de 2014]], durante o [[governo Dilma Rousseff]], pela [[Polícia Federal do Brasil|Polícia Federal]], que desvendou um esquema de corrupção dentro da [[Petrobras]], e em outras estatais,<ref>{{citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/23/politica/1456182791_651085.html|publicado=El País|acessodata=10 de maio de 2017|título=Marcelo Bretas, o juiz Moro carioca}}</ref> para favorecer grandes empreiteiras que praticavam [[cartel]], que por sua vez realizava pagamentos de propina a políticos que defendiam os interesses destas construtoras envolvidas no esquema. Foi considerado pela PF o maior esquema de corrupção da história do País.<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,lava-jato-bate-recorde-de-bloqueio-em-contas-na-suica,10000022347|publicado=Estadão|acessodata=10 de maio de 2017|título=Lava Jato bate recorde de bloqueio em contas na Suíça}}</ref> O pagamento de propina ultrapassa dez bilhões de reais, e é considerado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos o maior caso de suborno internacional.<ref name="suborno">{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/brasil/para-eua-odebrecht-praticou-maior-caso-de-suborno-da-historia/|publicado=Abril|obra=Veja|acessodata=10 de maio de 2017|título=Para EUA, Odebrecht praticou ‘maior caso de suborno da história’|autor=Ricardo Helcias}}</ref> Ao longo da operação, mais de mil mandados judiciais foram autorizados,<ref>{{citar web|url=http://www.pf.gov.br/imprensa/lava-jato/numeros-da-operacao-lava-jato|publicado=Polícia Federal do Brasil|acessodata=10 de maio de 2017|título=Operação Lava Jato - Números}}</ref> mais de cem pessoas foram presas,<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/03/dois-anos-apos-primeira-fase-lava-jato-soma-penas-de-quase-mil-anos.html|publicado=Globo.com|obra=[[G1]]|título=Dois anos após primeira fase, Lava Jato soma penas de quase mil anos|autor=Adriana Justi, Bibiana Dionísio e Fernando Castro}}</ref> e políticos, como [[André Vargas]] e [[Eduardo Cunha]] foram cassados na [[Câmara dos Deputados do Brasil]], e presos.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/12/camara-cassa-o-mandato-do-deputado-federal-andre-vargas.html|publicado=Globo|obra=G1|data=10 de dezembro de 2014|acessodata=10 de maio de 2017|título=Câmara cassa o mandato do deputado federal André Vargas}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37346711 |titulo=Seis destaques da esmagadora cassação de Cunha |data=13-09-2016 |autor =Mariana Schreiber|publicado=BBC Brasil|acessodata=10 de maio de 2017}}</ref> A operação foi deflagrada durante o governo Dilma, mas os crimes iniciaram em 2004, no governo Lula, e perduraram até 2015, durante o governo Dilma. Os principais partidos envolvidos são PP, PT e PMDB,<ref>{{citar web|url=https://oglobo.globo.com/brasil/paulo-roberto-costa-afirma-que-pt-recebia-propina-de-areas-para-onde-indicava-diretores-na-petrobras-15319791|publicado=Globo.com|obra=O Globo|acessodata=10 de maio de 2017|título=Paulo Roberto Costa afirma que PT recebia propina de áreas para onde indicava diretores na Petrobras}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/costa-diz-que-pt-pmdb-e-pp-recebiam-dinheiro-de-esquema-na-petrobras-eeozad4cpk6i7v4pame2j3aku|publicado=Gazeta do Povo|título=Costa diz que PT, PMDB e PP recebiam dinheiro de esquema na Petrobras|autor=Kelli Kadanus, Katna Baran e Amanda Audi|data=9 de outubro de 2014|acessodata=10 de maio de 2017}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/2-iam-para-o-pt-diz-ex-diretor-da-petrobras-sobre-desvio,5a4c6fa0916f8410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html|publicado=Terra|acessodata=10 de maio de 2017|título=“2% iam para o PT”, diz ex-diretor da Petrobras sobre desvio|autor=Roger Pereira}}</ref> no entanto, envolve outros políticos de diferentes partidos.<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/janot-acusa-collor-por-30-crimes-de-corrupcao/|publicado=Estadão|data=20 de outubro de 2016|acessodata=10 de maio de 2017|título=Janot acusa Collor por 30 crimes de corrupção|autor=Mateus Coutinho, Julia Affonso e Beatriz Bula}}</ref><ref>{{citar web|url=http://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2017/04/lava-jato-aecio-e-romero-juca-acumulam-maior-numero-de-pedidos-de-investigacao.html|publicado=Globo.com|obra=Época Negócios|acessodata=10 de maio de 2017|título=Lava Jato: Aécio e Romero Jucá acumulam maior número de pedidos de investigação}}</ref>

Em 2014, membros do governo Dilma e a própria presidente, foram investigados pela compra da Refinaria [[Pasadena Refinery System Inc]], que rendeu um prejuízo de 790 milhões de dólares à Petrobras.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/10/delator-diz-que-delcidio-recebeu-propina-por-refinaria-de-pasadena.html|publicado=G1 Paraná|data=16 de outubro de 2015|acessodata=10 de maio de 2017|título=Delator diz que Delcídio recebeu propina por refinaria de Pasadena}}</ref> Em dezembro de 2014, a [[Controladoria Geral da União]] (CGU), através do ministro [[Jorge Hage]], apontou 22 responsáveis pelo negócio, entre eles, [[José Sérgio Gabrielli]] e os ex-diretores [[Nestor Cerveró]], [[Paulo Roberto Costa]], [[Renato Duque]] e [[Jorge Zelada]], e isentou a presidente [[Dilma Rousseff]], que presidiu o conselho de administração da Petrobras, e [[Maria das Graças Foster|Graça Foster]], de qualquer responsabilidade.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/cgu-revela-prejuizo-de-us-6594-milhoes-na-compra-de-pasadena-14859348|publicado=O Globo|acessodata=10 de maio de 2017|data=17 de dezembro de 2014|título=CGU revela prejuízo de US$ 659,4 milhões na compra de Pasadena}}</ref> Em 2016, após o STF liberar os depoimentos de [[delação premiada]] de Nestor Cerveró, tornou-se público que o delator acusava a presidente afastada, Dilma Rousseff, de ter conhecimento dos pagamentos de propinas a políticos do PT, na compra da refinaria.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/06/dilma-sabia-tudo-sobre-pasadena-afirma-cervero-em-delacao-premiada.html|publicado=Globo.com|obra=G1|título=Dilma sabia tudo sobre Pasadena, afirma Cerveró em delação premiada|data=2 de junho de 2016|acessodata=10 de maio de 2017}}</ref>

Em 2017, Dilma Rousseff teve seus bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por prejuízos à Petrobras, e outros cinco ex-membros do Conselho de Administração da estatal também foram atingidos. No entanto, em 2021, o TCU considerou a ex-presidenta inocente da acusação de que teria agido de má-fé ao concordar com a compra da refinaria<ref>{{Citar web|url=https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/04/15/tcu-inocenta-dilma-no-caso-da-compra-da-refinaria-de-pasadena.ghtml|titulo=TCU inocenta Dilma no caso da compra da refinaria de Pasadena|acessodata=2022-10-06|website=G1|lingua=pt-br}}</ref>

=== Governo Michel Temer ===
{{VT|Governo Michel Temer#Crises e controvérsias}}
[[Imagem:Michel Temer em posse de novo Ministro.jpg|miniatura|esquerda|[[Michel Temer]] em 2017.|alt=Michel Temer sorrindo. O fundo é azul e contém o símbolo de seu governo.]]
Os escândalos de corrupção apurados pela Operação Lava Jato continuaram sendo apurados após o [[Impeachment de Dilma Rousseff|''impeachment'' de Dilma Rousseff]]. Em pouco dias de existência, o [[governo Michel Temer]] enfrentou o seu primeiro caso de escândalo e a primeira saída de um ministro, após o jornal [[Folha de S.Paulo]] divulgar gravações do ministro do planejamento, [[Romero Jucá]], numa conversa telefônica de março de 2016 com o ex-presidente da [[Transpetro]], [[Sérgio Machado (político)|Sérgio Machado]]. Na conversa, quando ainda era senador pelo PMDB, Jucá sugeriu que uma mudança de [[governo Dilma Rousseff]] poderia paralisar a operação, que investigava ambos os interlocutores.<ref name=" Jucá " >{{citar web |autor= Rubens Valente |url= http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1774018-em-dialogos-gravados-juca-fala-em-pacto-para-deter-avanco-da-lava-jato.shtml |título= Em diálogos gravados, Jucá fala em pacto para deter avanço da Lava Jato |publicado= Folha de S.Paulo |data= 23 de maio de 2016 |acessodata= 15 de setembro de 2018}}</ref>

Em 17 de maio, os proprietários do frigorífico [[JBS]] disseram, em delação, que gravaram o presidente [[Michel Temer]] autorizando a compra do silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, [[Eduardo Cunha]], quando ele já estava preso pela Lava Jato. O empresário [[Joesley Batista]], dono da JBS, teria entregue uma gravação feita em março de 2017 em que Temer indica o deputado [[Rodrigo Santos da Rocha Loures|Rodrigo Rocha Loures]] para resolver assuntos da J&F, uma ''[[holding]]'' que controla o frigorífico JBS. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com quinhentos mil reais, enviados por Joesley. Em outra gravação, também de março, o empresário teria dito a Temer que estava pagando uma "mesada" a Cunha e ao operador [[Lúcio Funaro]], a fim de que permanecessem calados na prisão.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/dono-da-jbs-gravou-temer-dando-autorizacao-para-comprar-silencio-de-cunha-diz-jornal.ghtml |titulo=Dono da JBS gravou Temer dando aval para comprar silêncio de Cunha, diz jornal |publicado=G1 |data=17 de maio de 2017 |acessodata=17 de maio de 2017}}</ref> Esse escândalo gerou vários protestos populares e fez com que se fosse questionado se Temer poderia continuar no cargo de presidente.{{carece de fontes}}
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=== Governo Jair Bolsonaro ===
{{Main|Controvérsias envolvendo o Governo Bolsonaro|Laranjal do Partido Social Liberal}}
No governo de Jair Bolsonaro iniciado em 2019, o Decreto n. 9.690/2019 assinado em janeiro causou a discussão e a preocupação dos órgãos que monitoram a corrupção brasileira,<ref name=transp>{{citar web|url=https://www.transparencia.org.br/blog/nota-sobre-o-decreto-n-9-6902019-que-altera-regras-de-classificacao-de-informacao/|titulo=Nota sobre o Decreto n. 9.690/2019 que altera regras de classificação de informação|data=2019-01-24|acessodata=2019-12-04|publicado=Transparência Brasil}}</ref> o decreto assinado pelo presidente em exercício, [[Hamilton Mourão]] e o ministro da Casa Civil, [[Onyx Lorenzoni]], autorizaria servidores comissionados a decretarem sigilo ultrassecreto a dados públicos; esse poder é restrito, até então, ao presidente da República, seu vice, ministros de Estado, comandantes das Forças Armadas e chefes de missões diplomáticas no exterior;<ref>{{citar web|url=https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/mourao-da-poder-a-comissionados-para-decretar-sigilo-de-informacoes-publicas-por-ate-25-anos-veja-o-decreto/|titulo=Governo autoriza comissionados a determinar sigilo de informações públicas por até 25 anos. Veja o decreto|data=2019-01-24|acessodata=2019-12-04|publicado=Congresso em foco|ultimo=Sardinha|primeiro=Edson}}</ref> no mês seguinte, em votação simbólica, os deputados derrubaram o decreto que seguiu para o Senado para nova deliberação,<ref>{{citar web|url=https://congressoemfoco.uol.com.br/legislativo/deputados-derrubam-decreto-sobre-transparencia-e-impoem-primeira-derrota-a-bolsonaro-na-camara/|titulo=Deputados derrubam decreto sobre transparência e impõem primeira derrota a Bolsonaro na Câmara|data=2019-02-19|acessodata=2019-12-04|ultimo=Congresso em foco}}</ref> sendo então arquivado.<ref name=sent>{{citar web|url=https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/02/27/com-revogacao-de-decreto-senadores-arquivam-o-texto-que-anularia-mudanca-na-lei-de-acesso-a-informacao|titulo=Com revogação de decreto, senadores arquivam projeto sobre sigilo de informações|data=2019-02-27|acessodata=2019-12-04|publicado=Senado Federal|ultimo=Brescianini|primeiro=Carlos Penna}}</ref> Na Câmara e no Senado foram apresentados projetos propondo a anulação do decreto por [[inconstitucionalidade]]: O PDL 3/2019, aprovado pela Câmara, onde recebeu pedido de urgência com 367 votos favoráveis e 57 contrários, e encaminhado ao Senado, na Casa já tramitavam duas propostas semelhantes (PDL 22/2019 e PDL 27/2019).<ref name=sent/>
A decretação por parte do governo Bolsonaro de sigilos de 100 anos para diversos documentos tem sido alvo de grande controvérsia. Entre esses documentos colocados sob sigilo, estão: o cartão de vacinação do Presidente Bolsonaro; as informações dos crachás de acessos dos filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro ao Palácio do Planalto; o processo interno do Exército contra o general Pazuello,<ref>{{Citar web|url=https://www.poder360.com.br/brasil/politicos-reagem-a-decisao-do-exercito-de-nao-punir-pazuello/|titulo=Políticos reagem à decisão do Exército de não punir Pazuello|acessodata=2022-10-07|website=Poder360|lingua=pt-br}}</ref> por infração do regimento disciplinar do Exército.<ref>{{Citar web|url=https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/08/30/bolsonaro-poe-sigilo-de-100-anos-sobre-seu-cartao-de-vacinacao-veja-casos.htm|titulo=Vacinação, processos, Covaxin: o que Bolsonaro já pôs em sigilo de 100 anos|acessodata=2022-10-07|website=noticias.uol.com.br|lingua=pt-br}}</ref> Alguns sigilos terminaram sendo derrubados, como os contratos referentes à aquisição da vacina indiana Covaxin. Advogados constitucionalistas já criticaram o uso da [[Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais|Lei Geral de Proteção de Dados]] (LGPD) para decretação de sigilos, pelo prejuízo à transparência pública.<ref>{{Citar web|url=https://oglobo.globo.com/politica/especialistas-criticam-sigilo-imposto-sobre-encontros-de-bolsonaro-com-pastores-lobistas-1-25475294|titulo=Especialistas criticam sigilo imposto sobre encontros de Bolsonaro com pastores lobistas|data=2022-04-14|acessodata=2022-10-07|website=O Globo|lingua=pt-BR}}</ref>

Em junho de 2021, o jornal Estado de São Paulo revelou que o Ministério da Saúde, comandado então pelo general Pazuello, havia concordado em pagar U$15,00 por unidade da dose da vacina indiana Covaxin, embora telegrama enviado pela embaixada brasileira na India ao Itamaraty informasse que o preço praticado pela empresa Bharat Biotech fosse de apenas U$1,34.<ref>{{Citar web|url=https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,governo-comprou-vacina-indiana-por-preco-1000-mais-alto-do-que-o-estimado-pelo-proprio-fabricante,70003754533|titulo=Governo comprou vacina indiana Covaxin por preço 1.000% mais alto do que o estimado pelo fabricante - Política|acessodata=2022-10-07|website=Estadão|lingua=pt-BR}}</ref> O sobrepreço praticado era de mais de 1.000%. No mesmo mês de junho, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda revelou que teria sido pressionado a assinar o contrato para compra de 20 milhões de doses da Covaxin, que seria representada no Brasil pela empresa Precisa.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57589327 |titulo=Covaxin: entenda as suspeitas sobre compra da vacina indiana por governo Bolsonaro |acessodata=2022-10-07 |jornal=BBC News Brasil |lingua=pt-BR}}</ref> O irmão de Luís Miranda, o deputado federal Luís Cláudio Miranda (DEM-DF), alegou que informara o próprio Presidente Bolsonaro a respeito dessas pressões em uma reunião no dia 20 de março de 2021,<ref>{{Citar web|url=https://www.poder360.com.br/governo/covaxin-talvez-seja-o-maior-esquema-de-todos-os-tempos-diz-miranda/|titulo=Covaxin talvez seja “o maior esquema de todos os tempos”, diz Miranda|acessodata=2022-10-07|website=Poder360|lingua=pt-br}}</ref> o que gerou suspeitas de prevaricação. O escândalo foi investigado na CPI da pandemia, que no seu relatório final, apresentado pelo relator Renan Calheiros em 26 de outubro de 2021, constatou que o trâmite para aquisição da Covaxin foi mais ágil e diferenciado em relação a outros imunizantes, e que a empresa responsável, Precisa, já tivera problemas com o Ministério da Saúde.<ref>{{Citar web|url=https://legis.senado.leg.br/comissoes/mnas?codcol=2441&tp=4|titulo=Relatório da CPI da Pandemia - Atividade Legislativa - Senado Federal|acessodata=2022-10-07|website=legis.senado.leg.br}}</ref> Em janeiro de 2022, a Polícia Federal pediu o arquivamento da acusação de prevaricação contra o Presidente Bolsonaro no caso da vacina Covaxin, por entender que não seria seu dever comunicar os órgãos de controle sobre as suspeitas que lhe foram repassadas<ref>{{Citar web|url=https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/01/31/policia-federal-diz-que-bolsonaro-nao-cometeu-prevaricacao-no-caso-covaxin.ghtml|titulo=Polícia Federal diz que Bolsonaro não cometeu prevaricação no caso Covaxin|acessodata=2022-10-07|website=G1|lingua=pt-br}}</ref> Ainda assim, o relatório da PF não nega que o Presidente tivesse conhecimento das suspeitas.

Foi preso pela Polícia Federal, em 22 de junho de 2022, o ex-ministro da Educação [[Milton Ribeiro (pastor)|Milton Ribeiro]]. Segundo a operação "Acesso Pago", Ribeiro estava sendo investigado por corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.<ref name="Não_nomeado-20230316144548">{{Citar periódico |url=https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61900067 |titulo=Milton Ribeiro é preso pela PF: entenda o escândalo no MEC envolvendo ex-ministro e pastores |acessodata=2022-10-06 |jornal=BBC News Brasil |lingua=pt-BR}}</ref> A PF encontrara indícios de que recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) tinham sido liberados mediante o pagamento de propina.<ref name="Não_nomeado-20230316144548"/> Num dos áudios captados pela operação, o então ministro comprometia diretamente o presidente [[Jair Bolsonaro]]. Na gravação, Ribeiro declarava que o chefe do poder executivo havia definido os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura como intermediários dessas verbas, ainda que não tivessem cargos oficias.<ref>{{Citar web|url=https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/03/audio-sobre-bolsonaro-e-balcao-de-negocios-do-mec-derrubaram-milton-ribeiro-entenda.shtml|titulo=Caso Milton Ribeiro tem elos diretos com Bolsonaro; entenda|data=2022-03-28|acessodata=2022-10-06|website=Folha de S.Paulo|lingua=pt-BR}}</ref> Segundo a PF, os lobistas atuavam a partir de um "gabinete paralelo" e também foram presos.<ref name=":1">{{Citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/propina-em-ouro-via-biblia-e-no-pneu-entenda-o-escandalo-dos-pastores-e-gabinete-paralelo-no-mec/|titulo=Propina em ouro, via bíblia e no pneu: entenda o escândalo dos pastores e ‘gabinete paralelo’ no MEC|acessodata=2022-10-06|website=Estadão|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=fabiomunhoz|url=https://www.cnnbrasil.com.br/politica/pelo-menos-44-prefeitos-foram-recebidos-por-pastores-no-ministerio-da-educacao/|titulo=Pelo menos 44 prefeitos foram recebidos por pastores no Ministério da Educação|acessodata=2022-10-06|website=CNN Brasil|lingua=pt-BR}}</ref> Três dos aspectos mais ruidosos do caso foram os pedidos de propina em barras de ouro,<ref name=":1" /> o uso de dinheiro público para imprimir bíblias estampadas com o rosto do ministro da Educação e dos lobistas<ref>{{Citar web|ultimo=Correia'|primeiro='Ingrid Soares, Luana Patriolino, Cristiane Noberto, Taísa Medeiros, Deborah Hana Cardoso, Victor|url=https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/03/4996590-crise-do-gabinete-paralelo-faz-milton-ribeiro-sair-queimado-do-mec.html|titulo=Crise do 'gabinete paralelo' faz Milton Ribeiro sair queimado do MEC|data=2006-03-29|acessodata=2022-10-06|website=Política|lingua=pt-BR}}</ref> e a fala de Bolsonaro sobre colocar "a cara no fogo<ref>{{Citar web|ultimo=carolinafarias|url=https://www.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaro-diz-que-bota-cara-no-fogo-por-milton-ribeiro/|titulo=Bolsonaro diz que "bota cara no fogo" por Milton Ribeiro|acessodata=2022-10-06|website=CNN Brasil|lingua=pt-BR}}</ref>" pelo então ministro, que acabaria exonerado ainda em maço de 2022 em reação à pressão da opinião pública. Em outubro de 2022, a ministra [[Cármen Lúcia]] (STF) determinou que a Polícia Federal deve se manifestar sobre o modo como irá investigar a participação do presidente Jair Bolsonaro no caso.<ref>{{Citar web|url=https://oantagonista.uol.com.br/brasil/carmen-lucia-manda-pf-indicar-como-planeja-investigar-bolsonaro-em-caso-milton-ribeiro/|titulo=STF manda PF indicar como planeja investigar Bolsonaro em caso Ribeiro|data=2022-10-04|acessodata=2022-10-06|website=O Antagonista|lingua=pt-BR}}</ref> Na imprensa, o caso também ficou conhecido como o [[Bolsolão do MEC]].

As intervenções de Bolsonaro na [[Polícia Federal do Brasil|Polícia Federal]],<ref name=":2">{{Citar web|url=https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/08/20/intervencoes-de-bolsonaro-no-coaf-e-pf-aumentam-desgaste-de-moro.htm|titulo=Intervenções de Bolsonaro no Coaf e PF aumentam desgaste de Moro|acessodata=2022-10-11|website=noticias.uol.com.br|lingua=pt-br}}</ref> no [[Conselho de Controle de Atividades Financeiras|COAF]] (depois que [[Flávio Bolsonaro]] teve as suas movimentações investigadas pelo órgão)<ref name=":2" /> e a escolha de um [[Procurador-Geral|Procurador Geral da República]] por fora da lista tríplice<ref>{{Citar web|url=https://exame.com/brasil/bolsonaro-ignora-lista-triplice-e-escolhe-augusto-aras-para-assumir-a-pgr/|titulo=Bolsonaro ignora lista tríplice e escolhe Augusto Aras para assumir a PGR|data=2019-09-05|acessodata=2022-10-11|website=Exame|lingua=pt-br}}</ref> definida pelos membros do Ministério Público<ref>{{Citar web|url=https://congressoemfoco.uol.com.br/amp/temas/judiciario/escolha-do-pgr-entenda-como-funciona-a-lista-triplice-do-mpf/|titulo=Escolha do PGR: Entenda como funciona a lista tríplice do MPF|data=2019-09-09|acessodata=2022-10-11|website=Congresso em Foco|lingua=pt-BR}}</ref> são tidas como práticas que diminuem a independência dos órgãos que combatem a corrupção no Brasil. Em outubro de 2020, Bolsonaro declarou ter dado fim à Operação Lava-Jato.<ref>{{Citar web|ultimo=Povo|primeiro=Gazeta do|url=https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/bolsonaro-acabei-com-a-lava-jato/|titulo="Acabei com a Lava Jato": Brincadeira sem graça, ato falho ou confissão de Bolsonaro?|acessodata=2022-10-11|website=Gazeta do Povo|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://veja.abril.com.br/coluna/radar/bolsonaro-diz-que-foi-ele-que-acabou-com-a-lava-jato-e-a-pgr/|titulo=Bolsonaro diz que foi ele que acabou com a Lava-Jato — e a PGR? {{!}} Radar|acessodata=2022-10-11|website=VEJA|lingua=pt-BR}}</ref> A reorganização do grupo político "centrão" durante o período permitiu que o Congresso Nacional inflasse o [[orçamento secreto]] e abrandasse a lei de improbidade administrativa.<ref>{{Citar web|ultimo=null|url=https://www.gazetadopovo.com.br/republica/lei-de-improbidade-administrativa-ameacas-pontos-positivos-do-projeto-de-lei/|titulo=Lei de Improbidade: as ameaças (e alguns pontos positivos) do projeto aprovado na Câmara|acessodata=2022-10-11|website=Gazeta do Povo|lingua=pt-BR}}</ref>

== Índices e estatísticas ==
===Índice de Percepção da Corrupção===
{{Artigo principal|Índice de Percepção da Corrupção}}
[[Imagem:Corruption Perception index 2018.svg|miniatura|400px|Visão geral do [[Índice de Percepção da Corrupção]] de 2018, o Brasil obteve a nota 35 de 100]]
[[File:Ipcorrup-08-2018.svg|thumb|400px|Brasil no Índice de Percepção da Corrupção de 2008 a 2018]]
O [[Índice de Percepção da Corrupção]], criado pela [[ONG]] [[Transparência Internacional]], é uma ferramenta de medição da corrupção no mundo que existe desde 1995 e reúne resultados de 180 países e territórios. A pontuação indica o nível percebido de corrupção no setor público numa escala de 0 a 100, em que 0 significa que o país é considerado altamente corrupto e 100 significa que o país é considerado bastante íntegro.

Em 2014, o Brasil foi classificado na 69.ª posição entre 175 países e territórios, empatando com [[Bulgária]], [[Grécia]], [[Itália]] e [[Romênia]] mas ficando atrás de [[Cuba]] (63.°), [[Chile]] (22.°), [[Uruguai]] (19.°) e da maioria dos países da Europa e América do Norte. Este resultado classifica o Brasil como tendo a corrupção percebida pela sua população em um nível menor do que outras economias emergentes tais como [[Índia]] (83.°), [[República Popular da China]] (100.°) e [[Rússia]] (136.°) e que a maioria das nações sul-americanas, por exemplo, [[Peru]] (83.°), [[Colômbia]] (94.°) e [[Argentina]] (106.°).<ref>{{citar web|url=http://www.transparency.org/cpi2014/results|título=CPI 2014 table |publicado=Transparency International |língua=inglês|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref>

Em 2015, o Brasil ficou na 76.º e o índice brasileiro foi de 38, cinco pontos a menos que em 2014, quando o país ficou em 69.º lugar. Naquele ano, 175 países foram analisados –, ou seja, o Brasil piorou tanto sua posição quanto sua nota. Foi o pior resultado de uma nação no relatório 2015 comparando com o ano anterior.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/01/ranking-de-corrupcao-coloca-brasil-em-76-lugar-entre-168-paises.html|data=27 de janeiro de 2016|acessodata=10 de maio de 2017|publicado=Globo.com|obra=G1|título=Brasil piora 7 posições em ranking mundial de corrupção e fica em 76.º}}</ref>

Em 2017, o Brasil ficou em 96.º lugar no ranking de países menos corruptos de 2017. O estudo avaliou a percepção da corrupção no setor público de 180 países.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/mundo/noticia/brasil-fica-em-96-lugar-entre-180-paises-no-ranking-da-corrupcao-de-2017.ghtml|publicado=Globo.com|obra=G1|título=Brasil fica em 96º lugar em ranking de 2017 dos países menos corruptos|data=21 de fevereiro de 2018}}</ref>

Em 2018, o Brasil ocupou o 105.º lugar entre 180 posições, com nota de 35 pontos de 100 pontos.<ref name="ipc2018">{{citar web|url=https://www.transparency.org/cpi2018/results|publicado=Transparency International |obra=Transparency International |título=Corruption Perceptions Index 2018|data=2018|acessodata=18-10-2019}} {{en}}</ref> Atrás de países como [[Arábia Saudita]], [[Burkina Faso]], [[Sri Lanka]], [[Ruanda]] e [[Timor-Leste]] empatando com [[Costa do Marfim]], [[Egito]], [[El Salvador]], [[Peru]], [[Armênia]], [[Timor-Leste]], [[Argélia]] e [[Zâmbia]].<ref name="ipc2018"/> Este é o pior patamar de classificação, de 2012 até 2018 o país perdeu 8 pontos (um decréscimo de 18,6%) e caiu 36 posições, o que representa 52,17% se consider o lugar que ocupava em 2012; é abaixo da média global (43 pontos) e da média dos [[BRICS]] (37 pontos); dos 32 países da América, está em 20º lugar, enquanto em 2012 estava em 12º tendo sido ultrapassado por Jamaica, Suriname, Trinidad e Tobago, Argentina, Guiana, Colômbia e Panamá.<ref>Matheus Cunha, [http://www.lecnews.com.br/blog/indice-de-percepcao-da-corrupcao-2018-ainda-nao-e-o-bastante/ ''ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO 2018: AINDA NÃO É O BASTANTE.''], LEC Legal, Ethics & Compliance, 29 de janeiro de 2019</ref>

Em 2019, o Brasil passou a ocupar o 106.º lugar, pontuando 35 pontos de 100,<ref>{{citar web|titulo=Brasil repete nota e piora uma posição em ranking de percepção de corrupção|url=https://www.poder360.com.br/pesquisas/brasil-repete-nota-e-piora-uma-posicao-em-ranking-de-percepcao-de-corrupcao/|obra=Poder360|data=2020-01-23|acessodata=2020-03-10|lingua=pt-br}}</ref> o valor mais baixo desde 2012 — ano em que o índice passou por alteração metodológica e passou a permitir a leitura em série histórica; segundo a organização, o declínio se deve à falta de aprovação de reformas que atacassem as raízes da corrupção e retrocessos em série, por exemplo, uma decisão do presidente do [[Supremo Tribunal Federal]] (STF), [[Dias Toffoli]] que praticamente paralisou, durante metade do ano, o sistema de combate à lavagem de dinheiro do Brasil.<ref>{{citar web|url=https://medium.com/@transparenciainternacionalbr/brasil-em-desacordo-com-o-regime-internacional-de-combate-%C3%A0-lavagem-de-dinheiro-8d38df6f0394|titulo=Brasil em desacordo com o regime internacional de combate à lavagem de dinheiro|data=2019-08-21|acessodata=2020-01-23|publicado=Transparência Internacional - Brasil|ultimo=Martini|primeiro=Maíra}}</ref>

Em 2023, o Brasil caiu duas posições e ficou em 104º lugar entre 180 países no Índice de Percepção da Corrupção, na média, a pontuação brasileira caiu de 38 para 36 pontos em 2023, a pior queda desde 2017, quando o país perdeu 17 posições no ranking em relação a 2016 (foi de 79º para 96º lugar). De acordo com a Transparência Internacional, o declínio está associado à tentativa de neutralizar o sistema de freios e contrapesos da democracia durante os anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao mesmo tempo, a organização observa a falta de empenho da administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em restaurar esse sistema e os mecanismos de controle da corrupção durante seu primeiro ano de mandato.<ref name="bbc">{{Citar web|url=https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn0nv24r346o#:~:text=O%20Brasil%20caiu%20dez%20posi%C3%A7%C3%B5es,%2C%20a%20100%2C%20no%20melhor.|titulo=7 motivos que fizeram Brasil piorar em ranking de corrupção em 2023|acessodata=2024-02-02|website=BBC News Brasil}}</ref> A BBC News brasil elencou sete motivos que fizeram o Brasil cair no ranking, entre os motivos estão a ingerência e autonomia das instituições como o "desmanche do pilar de controle jurídico" de organismos como a [[Procuradoria-Geral da República]] (PGR), a [[Polícia Federal (Brasil)|Polícia Federal]] (PF), a Controladoria-Geral da União (CGU), o [[Conselho de Controle de Atividades Financeiras]] (COAF), a Advocacia-Geral da União (AGU), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Receita Federal, entre outros; a manutenção do [[Orçamento secreto]] e mecanismos de barganha como a reintrodução do loteamento das estatais; redução da transparência na forma de um "apagão de dados governamentais, "emprego de sigilos abusivos e restrições de acesso e "extinção dos espaços institucionalizados de participação social"; ''[[fake news]]'' e discurso de ódio "por meio de canais oficiais e de manifestações de autoridades públicas, da articulação e do financiamento oculto de milícias digitais e da alocação de verbas de publicidade oficial para veículos de desinformação e mídia oficialista"; ''[[lobby]]'' advocatício; exacerbação dos poderes do STF e TSE e aumento do [[Fundo Especial de Financiamento de Campanha
|fundão]] e flexibilização de mecanismos de transparência.<ref name="bbc"/><ref>{{Citar web|url=https://comunidade.transparenciainternacional.org.br/retrospectiva-brasil-2023|titulo=Retrospectiva Brasil 2023 - Sumário executivo, destaques e recomendações|data=|website=[[Transparência Internacional]]}}</ref>

=== Corrupção e Judiciário ===
No Brasil, a fim de se averiguar se os servidores públicos corruptos são ou não punidos judicialmente, elaborou-se um estudo<ref>{{Citar periódico |url=http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/revdireitogv/article/view/24041 |titulo=Corrupção e judiciário: a (in)eficácia do sistema jusicial no combate à corrupção |data=2011-01-01 |acessodata=2021-05-12 |jornal=Revista Direito GV |número=1 |ultimo=Alencar |primeiro=Carlos Higino Ribeiro de |ultimo2=Júnior |primeiro2=Ivo Teixeira Gico |paginas=075–098 |lingua=pt |issn=2317-6172}}</ref> que se valeu do sistema de responsabilidade tríplice (Administrativo, Penal e Cível) e buscou averiguar o desempenho do Judiciário frente à corrupção.

Do ponto de vista teórico, a partir do modelo que aplica a Teoria Econômica do Crime aos casos de corrupção, limitando-se aos servidores públicos, concluiu-se que: (i) O nível de corrupção é contínuo e não discreto; (ii) um incremento na sanção judicial para o servidor tende a reduzir o nível de corrupção, uma vez que aumenta os custos do indivíduo caso seja pego; (iii) o incremento na probabilidade de punição também tende a reduzir a corrupção; (iv) um aumento na probabilidade de punição é a variável mais importante no estabelecimento do nível de equilíbrio atual de corrupção, já que o efeito de um aumento na probabilidade de punição é um aumento maior da renda necessária para que a corrupção seja realmente interessante para o agente corruptor.

Já do ponto de vista empírico, buscou-se mensurar a probabilidade de punição em casos de corrupção. Analisou-se o sistema de responsabilidade redundante nos casos de corrupção cometidos por servidores públicos, no qual o agente corrupto pode enfrentar cumulativa e independentemente sanções criminais, cíveis e administrativas por suas ações. Utilizando a suposição de que os servidores públicos punidos administrativamente são realmente corruptos como ''proxy'' - ou aproximação - para todos os casos de corrupção, verificou-se que o sistema judicial brasileiro - entendido de forma ampla - é altamente ineficaz no combate à corrupção.

Numericamente falando, apenas 4,5% dos servidores demitidos foram judicialmente reintegrados, inferindo-se que é um mito a afirmativa de que a maioria dos servidores públicos demitidos retornam à Administração Pública. Por outro lado, os resultados também demonstram que a chance de um servidor público corrupto ser criminalmente processado é muito menor que 34,01%. Além disso, a chance de ser efetivamente condenado criminalmente é de cerca de 3,17%.

===Outros===
Em 2010, um estudo da [[Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]] (Fiesp) apontou que o custo anual da corrupção no país é de 1,38 por cento a 2,3 por cento do [[Produto interno bruto]] (PIB).<ref name="Correio_FIESP">{{citar web|url=http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2010/05/13/interna_politica,192281/index.shtml|título=Corrupção no Brasil custa até R$ 69,1 bilhões por ano, diz estudo da Fiesp|editor=[[Correio Braziliense]]|data=10-05-2010}}</ref>

Levantamento divulgado pela [[Advocacia-Geral da União]] (AGU), com dados do trabalho desenvolvido pela instituição até agora durante este ano em defesa do patrimônio público, mostra que as execuções de condenações do [[Tribunal de Contas da União]] (TCU) e de ações judiciais de improbidade administrativa, em 2.763 processos, resultaram na cobrança de um total de R$ 1,68 bilhão a políticos, agentes públicos e empresários. Dados da [[Controladoria-Geral da União]] (CGU), por sua vez, apontam que o setor da saúde é o recordista em desvios no País - foram 613 milhões de reais detectados de 2003 a 2007. A área da educação vem em seguida, com desvios de cerca de 470 milhões de reais no mesmo período.

Em 2013, um relatório do [[Conselho Nacional de Justiça]] (CNJ) mostrou que dos 3.742 processos por [[improbidade administrativa]] que ingressaram na Justiça em 2012, apenas 1.074 foram julgados. Além disto, em dois anos {{mdash}} 2011 a 2012 {{mdash}}, 2,9 mil ações por [[corrupção]] e [[lavagem de dinheiro]] [[Prescrição|prescreveram]].<ref>{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/em-dois-anos-justica-deixa-prescrever-29-mil-acoes-por-corrupcao-e-lavagem-02xl7tgfjl8clitb31ck1yfda|publicado=Gazeta do Povo|título=Em dois anos, Justiça deixa prescrever 2,9 mil ações por corrupção e lavagem|data=15 de abril de 2013|acessodata=20 de maio de 2018|autor=Karlos Kohlbach}}</ref>

Em 2018, um projeto da [[Universidade de São Paulo]] (USP) mapeou as redes de relacionamento entre os escândalos de desvio de dinheiro público que assolaram o Brasil após a redemocratização. Foram mapeados 404 nomes – entre políticos, empresários, funcionários públicos, doleiros e laranjas –, de pessoas envolvidas em 65 escândalos de corrupção entre 1987 e 2014. "Essas redes criminosas operam de forma similar ao [[tráfico de drogas]] e às redes terroristas", explica Luiz Alves, pós-doutorando no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, e um dos cinco pesquisadores do projeto.<ref name="brasil.elpais">{{citar web|url=https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/28/politica/1522247105_599766.html|publicado=El País|título=Por trás do verdadeiro mecanismo de corrupção do Brasil|data=29 de março de 2018|acessodata=19 de maio de 2018|autor=Regiane Oliveira}}</ref>

==Práticas de corrupção==

=== Extorsão ===
A extorsão é semelhante ao roubo porém a diferença é que no roubo, não importa a cooperação da vítima o criminoso pode conseguir seu objetivo sem que a vítima coopere, enquanto na extorsão, o criminoso apenas consegue subtrair a coisa alheia se a vítima coopera.<ref>{{citar web|url=http://direito.folha.uol.com.br/blog/extorso|titulo=Extorsão|data=2010-04-14|acessodata=2019-11-10|publicado=Para entender Direito - Folha de S. Paulo}}</ref> Exemplos de extorsão que ocorrem no Brasil são a prática de fiscais corruptos exigir propinas de fiscalizados,<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2019/10/13/policia-prende-agente-de-fiscalizacao-suspeito-de-extorsao-no-ma.ghtml|titulo=Polícia prende agente de fiscalização suspeito de extorsão no MA|data=2019-10-13|acessodata=2019-11-10|publicado=G1 - Maranhão|citação="Jorge Henrique Brito Moraes teria exigido R$ 5 mil para a liberação de um caminhão que transitava em um posto fiscal de Santa Inês."}}</ref> guardadores não-solicitados de veículos ou "flanelinhas"<ref>{{citar web|url=https://vejasp.abril.com.br/cidades/flanelinhas-abusos-regulamentacao/|titulo=A extorsão dos flanelinhas continua, apesar da lei|data=2018-05-18|acessodata=2019-11-10|publicado=Veja São Paulo|ultimo=Quintella|primeiro=Sérgio}}</ref> e [[sequestro]]s.<ref>{{citar web|url=https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/06/13/interna_gerais,1061464/policia-rastreia-28-extorsoes-mediante-sequestro-comandadas-por-presos.shtml|titulo=Polícia Civil rastreia 28 extorsões mediante sequestro comandadas por presidiários|data=2019-06-13|acessodata=2019-11-10|publicado=Estado de Minas|ultimo=Paranaiba|primeiro=Guilherme}}</ref>

;Extorsão sexual
A extorsão sexual é uma das formas mais significativas de corrupção baseada em gênero; as mulheres são mais propensas a pagar propina por assistência médica e educação em escolas públicas, enquanto os homens são mais propensos a pagar propina para a polícia, serviços de utilidade pública e documentos de identidade 33 algumas mulheres são forçadas a oferecer favores sexuais para receber serviços públicos, no Brasil, o percentual de cidadãos que sofrem extorsão sexual ou conhecem alguém que sofreu é de 20 por cento.<ref name="bar"/>

=== Fraudes===
==== Fraudes a licitações====
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;Exemplos de fraudes
* De 2013 a 2019 , cinco cidades na região de [[Ribeirão Preto]] (SP) registraram esquemas de fraudes em licitações que, juntos, desviaram ao menos R$ 531 milhões dos cofres públicos.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2019/06/28/especialista-em-gestao-publica-diz-que-fraude-em-licitacao-e-a-porta-de-entrada-para-corrupcao.ghtml|titulo=Especialista em gestão pública diz que fraude em licitação é a 'porta de entrada' para corrupção|data=2019-06-28|acessodata=2019-12-04|publicado=G1|ultimo=Oliveira|primeiro=Adriano}}</ref>
* O ex-prefeito de [[São Bernardo do Campo]], Luiz Marinho e mais 21 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal por fraudes nas licitações, desvios e superfaturamento de recursos destinados à obra do Museu do Trabalho e do Trabalhador<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-07/ex-prefeito-e-denunciado-por-fraude-e-superfaturamento-em-obra-de-museu|titulo=Ex-prefeito é denunciado por fraude e superfaturamento em obra de museu|data=2017-07-13|acessodata=2019-12-04|publicado=Agência Brasil|ultimo=Maciel|primeiro=Camila}}</ref>
* A Máfia dos concursos liderada pela família Ortiz, além de fraudar concursos, atuava na falsificação de diplomas, certificados de pós-graduação e fraudes em vestibulares de medicina.<ref name=ortiz/>
}}

Em junho de 2019, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto da nova Lei de Licitações (PL 1292/95, do Senado), até então a atual Lei de Licitações é de 1993 (8666/93), o projeto aprovado sucedeu a diversos outros que trataram, desde 2013, de propostas de revisão da Lei de Licitações; o projeto inicial, PLS 559/2013, teve sua redação final aprovada pelo Senado em dezembro de 16, seguindo para a Câmara dos Deputados (onde recebeu o número 6814/2017).<ref>{{citar web|url=https://caubr.gov.br/leidelicitacoes/|titulo=Tudo sobre a discussão da nova Lei de Licitações|data=|publicado=Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil}}</ref>

Para o procurador da República Leonardo Andrade Macedo, que integra um grupo de trabalho sobre licitações do MPF, o [[superfaturamento]] de obras é um dos principais mecanismos para desvio de recursos públicos no Brasil. Esse mesmo procurador propôs, em 2018, que fosse criada uma lei específica para esse tipo de crime.<ref>{{citar web |título=Ministério Público propõe que crime de superfaturamento seja especificado em nova lei de licitações |url=https://www.camara.leg.br/noticias/534719-ministerio-publico-propoe-que-crime-de-superfaturamento-seja-especificado-em-nova-lei-de-licitacoes/ |obra=Câmara.leg.br |acessodata=11 de Novembro de 2019}}</ref>

No [[Brasil]], a [[Polícia Federal do Brasil]] apontou, em relatório emitido em 2010, que foi constatado superfaturamento de cerca de 700 milhões de [[real (moeda)|reais]] em 303 [[obra pública|obras públicas]] inspecionadas. A cada 100 reais desembolsados, 29 reais, em média, são superfaturados. Em valores absolutos, [[Rio de Janeiro]], [[Goiás]] e [[São Paulo]] lideram este ''[[ranking]]''. A falta de fiscalização, aliada à cultura da desinformação, do compadrio e da impunidade, explicam o volume de recursos dissipados.<ref>[http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0903201001.htm O custo da corrupção] - ''[[Folha de S.Paulo]]'', 9 de março de 2009 (visitado em 9-3-2010)</ref>

==== Superfaturamento ====
A [[Lei de Diretrizes Orçamentárias]] estabelece limites de custos unitários, a partir dos quais é possível avaliar se os contratos relativos a determinada obra estão superfaturados ou não.<ref>{{citar web|url=https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2010/11/30/como-se-sabe-que-uma-obra-e-superfaturada|titulo=Como se sabe que uma obra é superfaturada? Fonte: Agência Senado|data=2010-10-30|acessodata=2019-12-04|publicado=Agência Senado}}</ref>

A verificação quanto ao superfaturamento de obras públicas constitui-se em um dos principais objetivos nas auditorias governamentais, superfaturamento é quando ocorre a emissão de uma nota discriminada de um produto ou serviço cujo preço é superior ao praticado no mercado, o preço de mercado deve ser o resultado de uma análise técnico-científica e não uma opinião subjetiva.<ref>{{citar web|url=http://www.ibraeng.org/public/uploads/publicacoes/HMdEijGGiqhmIpublica.pdf|titulo=VI Simpósio nacional de auditoria de obras públicas - VI SINAOP - Superfaturamento de obras públicas|publicado=Instituto Brasileiro de Auditoria de Engenharia|ultimo=Soares da Rocha|primeiro=Márcio|ano=2011}}</ref> Até o momento (2019), não há uma tipificação para o crime de superfaturamento, em março de 2018 o Ministério Público propôs que este crime seja especificado em uma nova lei de licitações; a proposta do Ministério Público é que o crime de superfaturamento em obras públicas preveja pena de reclusão de 4 a 12 anos, e multa, e em aquisições de bens e serviços, pena de reclusão de 4 a 8 anos, e multa. Segundo o procurador, o superfaturamento de obras é um dos principais mecanismos para desvio de recursos públicos.<ref>{{citar web|url=https://www.camara.leg.br/noticias/534719-ministerio-publico-propoe-que-crime-de-superfaturamento-seja-especificado-em-nova-lei-de-licitacoes/|titulo=Ministério Público propõe que crime de superfaturamento seja especificado em nova lei de licitações|data=2018-03-27|acessodata=2019-12-04|publicado=Câmara dos deputados|ultimo=Júnior|primeiro=Janary}}</ref>

====Fraudes em concursos públicos, processos seletivos, exames====
A Lei 12.550 de 2011 acrescentou o Capitulo 5º ao Título 10º do Código Penal, que trata de crimes contra a fé pública o artigo 311-A (Fraudes em certames de interesse público)<ref>{{citar web|url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12550.htm#art19|titulo=Capítulo V - Das fraudes em certames de interesse público|data=2011-12-15|acessodata=2019-12-03|publicado=Presidência da República, Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos}}</ref>

As fraudes em concursos públicos consistem em obter de forma fraudulenta a pontuação necessária na prova aplicada para assim conseguir a classificação, as vagas para emprego no serviço público são limitadas e portanto bastante concorridas. Entre os métodos usados para obter a pontuação necessária o comprador da vaga obtém as respostas de antemão, tem o cartão das respostas preenchido pelo examinador da banca examinadora, uso de ponto eletrônico e rádio pra transmissão das respostas,<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/delegado-da-operacao-gabarito-detalha-fraudes-de-grupo-que-lucrou-r-29-milhoes-em-concursos.ghtml|titulo=Delegado da 'Operação Gabarito' detalha fraudes de grupo que lucrou R$ 29 milhões em concursos|data=2017-11-07|acessodata=2019-12-04|publicado=G1|ultimo=Costa|primeiro=Gabriel}}</ref> a recriação e preenchimento do gabarito pelo examinador, o uso de uma caneta que apaga com o calor permitindo ao examinador preencher novamente o gabarito,<ref>{{citar web|url=https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2018/03/29/interna_cidadesdf,669725/leia-depoimentos-de-professores-que-compraram-vaga-em-concurso-publico.shtml|titulo=Leia depoimentos de professores que compraram vaga em concurso público|data=2018-03-29|acessodata=2019-12-04|publicado=Correio Braziliense|ultimo=Campos|primeiro=Ana Maria|ultimo2=Viriato|primeiro2=Ana}}</ref> celulares escondidos em banheiros e com os fraudadores pessoalmente usando documentos falsos para se passar pelo verdadeiro candidato.<ref name=ortiz>{{citar web|url=https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2018/07/01/interna_cidadesdf,692106/justica-condena-a-mafia-dos-concursos-a-pagar-r-1-milhao-por-danos-mo.shtml|titulo=Justiça condena a Máfia dos Concursos a pagar R$ 1 milhão por danos morais|data=2018-07-01|acessodata=2019-12-04|publicado=Correio Braziliense|ultimo=Mader|primeiro=Helena|ultimo2=Otávio Augusto|primeiro2=Otávio}}</ref>

=== Lavagem de dinheiro ===
{{Artigo principal|Lavagem de dinheiro|Doleiro}}
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;Exemplos de lavagem de dinheiro
* O ex-presidente [[Luiz Inácio Lula da Silva|Lula]] foi condenado a 12 anos e 11 meses pelos crimes de corrupção e [[lavagem de dinheiro]].<ref>{{citar web|url=https://congressoemfoco.uol.com.br/judiciario/lula-e-condenado-por-corrupcao-e-lavagem-de-dinheiro-no-caso-do-sitio-de-atibaia/|titulo=Lula é condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia|data=2019-02-02|acessodata=2019-11-08|publicado=Congresso em foco}}</ref> Em 2021, suas condenações foram anuladas pelo STF, pelo entendimento de que o juiz [[Sérgio Moro]] havia sido parcial em seus julgamentos, e que os casos tramitaram fora da jurisdição correta.<ref>{{citar web|url=https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2022/10/28/lula-e-inocente-o-que-significa-ter-as-condenacoes-anuladas-pelo-stf.htm|titulo=Lula é inocente? O que significa ter as condenações anuladas pelo STF?|data=2022-10-16|acessodata=2024-04-18|ultimo=Azevedo|primeiro=Rayanne|publicado=UOL}}</ref>
* O operador financeiro e delator [[Adir Assad]] teria lavado dinheiro para o [[Grupo Silvio Santos]].<ref>{{citar web|url=https://www.correiodobrasil.com.br/delacao-mostra-esquema-lavagem-dinheiro-inclui-silvio-santos/|titulo=Delação mostra esquema de lavagem de dinheiro que inclui Silvio Santos|data=2019-08-29|acessodata=2019-11-08|publicado=Correio do Brasil}}</ref>
* Em 2019, a Polícia Federal prendeu doleiros acusados de lavagem de dinheiro no Rio Grande do Sul.<ref>{{citar web|url=http://www.pf.gov.br/imprensa/noticias/2019/09/policia-federal-prende-doleiros-acusados-de-lavagem-de-dinheiro-no-rio-grande-do-sul|titulo=Polícia Federal prende doleiros acusados de lavagem de dinheiro no Rio Grande do Sul|data=2019-09-03|acessodata=2019-11-08|publicado=Polícia Federal 0 - Portal do Ministério da Justiça e Segurança Pública|obra=Comunicação Social da Polícia Federal no Rio Grande do Sul}}</ref>
* O banqueiro Eduardo Plass foi preso por lavar dinheiro, as empresas de Plass lavaram um total de 90 milhões de reais para joalherias como a [[H. Stern]], o dinheiro era de vários clientes, incluindo [[Sérgio Cabral Filho]] e outros membros da organização criminosa.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/08/03/pf-deflagra-nova-fase-da-lava-jato-no-rio.ghtml|titulo=Lava Jato prende banqueiro suspeito de lavar dinheiro da compra de joias de Cabral|data=2018-08-03|acessodata=2019-11-08|publicado=G1|ultimo=Guimarães|primeiro=Arthur}}</ref>
}}

A lavagem de dinheiro consiste em encobrir a origem de dinheiro obtido por meio de corrupção, roubos, tráfico de drogas, extorsão etc e assim possa ser utilizado, quando alguém consegue dinheiro através de atividades ilícitas, esse dinheiro não pode ser usado pois a [[Receita Federal]] perceberia irregularidades, então a lavagem de dinheiro é usada para “limpar” o dinheiro, ou seja, criar uma falsa origem para ele.<ref>{{citar web|url=https://www.politize.com.br/lavagem-de-dinheiro-crime/|titulo=Lavagem de dinheiro: o que é e como funciona|data=2017-10-18|acessodata=2019-11-08|publicado=Politize|ultimo=Salles|primeiro=Marcos}}</ref> De acordo com o diretor de relacionamento institucional e cidadania do Banco Central (BC), Isaac Sidney Ferreira, a lavagem de dinheiro movimenta algo como 6 bilhões de reais por ano no Brasil, no mundo a cifra sobe a 2% a 5% do PIB global ou algo como um trilhão de dólares por ano.<ref>{{citar web|url=https://valor.globo.com/financas/noticia/2016/11/17/lavagem-de-dinheiro-movimenta-r-6-bilhoes-por-ano-no-brasil-diz-bc.ghtml|titulo=Lavagem de dinheiro movimenta R$ 6 bilhões por ano no Brasil, diz BC|data=2016-11-17|acessodata=2019-11-08|publicado=Valor|ultimo=Campos|primeiro=Eduardo|local=Brasília}}</ref>

Em 2019, o Brasil foi considerado líder global em lavagem de dinheiro, segundo a 11ª edição do Relatório Global de Fraude & Risco da Kroll (20109), empresa de gestão de riscos e investigações corporativas, a prática foi testemunhada em 23 por cento das companhias brasileiras, número superior à média global de 16 por cento.<ref>{{citar web|url=https://veja.abril.com.br/economia/brasil-e-o-maior-do-mundo-em-lavagem-de-dinheiro/|titulo=Brasil é o líder mundial em lavagem de dinheiro|data=2019-10-03|acessodata=2019-11-08|publicado=Revista Veja|ultimo=Cunha|primeiro=Lucas}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.kroll.com/en/insights/publications/global-fraud-and-risk-report-2019|titulo=Global Fraud and Risk Report 2019/20 Mapping the New Risk Landscape|data=2019-10-03|acessodata=2019-11-08|obra=Kroll, Duff & Phelps}}</ref>

A Transparência Internacional elaborou um relatório sobre o uso do mercado imobiliário na cidade de São Paulo para fins de lavagem de dinheiro, a investigação descobriu que na cidade, 3.452 propriedades estão registradas em nome de 236 empresas ligadas a paraísos fiscais e jurisdições que oferecem sigilo; essas propriedades estão avaliadas em pelo menos 2,7 bilhões de dólares, o equivalente a cerca de 8,6 bilhões de reais.<ref>{{citar web|url=https://www.quemmoraaolado.org/|titulo=A corrupção mora ao lado - Os riscos da lavagem de dinheiro no setor imobiliários da cidade de São Paulo|acessodata=2019-11-08|publicado=Transparência Internacional}}</ref>

O crime da lavagem de dinheiro é regulamentado pela Lei 12.683 de 2012,<ref>{{citar web|url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12683.htm|titulo=Lei nº 12.683, de 9 de julho de 2012|data=2012-07-09|acessodata=2019-11-08|publicado=Casa Civil|local=Brasília}}</ref> que ampliou a abrangência da legislação penal e configurou o crime como sendo a "dissimulação e ocultação da origem de recursos provenientes de qualquer crime ou contravenção penal" como [[jogo do bicho]] e exploração de máquinas de caça níqueis.<ref name="onu">{{citar web|url=https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/crime/combate-a-lavagem-de-dinheiro-no-brasil.html|titulo=Combate à lavagem de dinheiro no Brasil|acessodata=2019-11-08|publicado=Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime}}</ref>

Criada em 2003 pelo [[Ministério da Justiça e Segurança Pública (Brasil)|Ministério da Justiça]], a [[Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro]] (ENCCLA) contribui para a sistematização das várias iniciativas para a articulação dos órgãos dos três poderes da República, Ministérios Públicos, sociedade civil e iniciativa privada que atuam direta ou indiretamente na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro e outros crimes.<ref>{{citar web|url=http://enccla.camara.leg.br/quem-somos|titulo=Quem somos}}</ref> O Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), vinculado ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça, é a realização da meta 16 da ENCCLA 2006, que previa a necessidade de "implantar laboratório modelo para a aplicação de soluções de análise tecnológica em grandes volumes de informações e para a difusão de estudos sobre as melhores práticas em hardware, software e a adequação de perfis profissionais".<ref name="onu"/>

=== Evasão de divisas ===
{{Artigo principal|Evasão de divisas}}
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;Exemplos de evasão de divisas
* O empresário [[Luiz Estevão]] foi condenado pelo [[Superior Tribunal de Justiça|STJ]] a 8 anos de reclusão pelo crime de [[evasão de divisas]].<ref>{{citar web|url=https://expresso-noticia.jusbrasil.com.br/noticias/140009/luiz-estevao-e-condenado-por-evasao-de-divisas|publicado=JusBrasil|título=Luiz Estevão é condenado por evasão de divisas}}</ref>
* A jornalista [[Cláudia Cruz]] foi condenada pelo [[Tribunal Regional Federal da 4ª Região|TRF4]] a 2 anos e seis meses pelo crime de evasão de divisas ao manter a conta no exterior e não ter declarado o saldo às autoridades brasileiras.<ref name="EBC_divisas">{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2018-07/tribunal-condena-esposa-de-cunha-por-evasao-de-divisas|publicado=EBC|obra=Agência Brasil|título=Tribunal condena Cláudia Cruz por evasão de divisas}}</ref>
}}
Evasão de divisas, é a conduta de efetuar operação de câmbio não autorizada com o fim de promover a fuga de recursos do País. O termo "evasão" significa fugir, isto é, promover a remessa de divisas para o exterior em desconformidade com as normas cambiais nacionais.<ref>{{citar web|url=https://www.gazetadigital.com.br/colunas-e-opiniao/colunas-e-artigos/evaso-de-divisas-e-a-interpretao-do-stj/582587|publicado=Gazeta Digital|título=Evasão de divisas e a interpretação do STJ|autor=Vinicius Segatto}}</ref>

=== Peculato ===
{{Artigo principal|Peculato}}
{{Box lateral||#f5f5f5|
;Exemplos de peculato
* O governador do Amapá, [[Waldez Góes]] foi condenado por peculato ao reter valores descontados dos salários dos servidores.<ref>{{citar web|url=https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/11/06/stj-condena-governador-do-amapa-a-quase-7-anos-de-prisao-por-peculato.htm|titulo=Governador do AP é condenado a prisão após atrasar pagamento a bancos... - Veja mais em noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/11/06/stj-condena-governador-do-amapa-a-quase-7-anos-de-prisao-por-peculato.htm?cmpid=copiaecola|data=2019-11-06|acessodata=2019-11-14|publicado=UOL Notícias|ultimo=Oliveira|primeiro=Marcelo}}</ref>
* Em 2019, a Polícia Federal prendeu um funcionário dos Correios, no Ceará, por crime de peculato, ele subtraía as encomendas das pessoas e as vendia em uma feira.<ref>{{citar web|url=http://www.pf.gov.br/imprensa/noticias/2019/09/pf-prende-homem-por-peculato|titulo=PF prende homem por peculato|data=2019-09-10|acessodata=2019-11-14|publicado=Comunicação Social da Polícia Federal no Ceará}}</ref>
* O ex-presidente [[Michel Temer]] foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro.<ref>{{citar web|url=http://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-brasil/2019/04/acusado-de-peculato-e-lavagem-de-dinheiro-temer-vira-reu-pela-2a-vez|titulo=Acusado de peculato e lavagem de dinheiro, Temer vira réu pela 2ª vez|data=2019-04-02|acessodata=2019-11-14|publicado=EBC}}</ref>
}}
O peculato ocorre quando um funcionário público em razão de seu cargo, tem a posse de um bem público e então se apropria ou desvia o bem, em benefício próprio ou de terceiro, é um crime descrito no artigo 312 do Código Penal,<ref>{{citar web|url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm|titulo=Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940|data=1949-12-07|acessodata=2019-11-14|publicado=Presidência da República, Casa Civil , Subchefia para Assuntos Jurídicos}}</ref> que prevê pena de prisão de 2 a 12 anos e multa; a lei prevê pena mais branda para os casos culposos, quando o servidor público não teve intenção de cometer o crime, bem como para os casos onde o servidor incorrer em erro de outra pessoa, conforme artigo 313 do mesmo Código.<ref>{{citar web|url=https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/peculato|titulo=Peculato|acessodata=2019-11-14|publicado=Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios|local=Brasília}}</ref>

A corrupção passiva também é cometida apenas por funcionários públicos mas, ao contrário do peculato, não tem nada a ver com apropriar ou desviar bens. É possível que um servidor público cometa tanto a [[corrupção passiva]], quanto o peculato; por exemplo: o funcionário recebe propina (corrupção passiva) para favorecer uma empresa em uma licitação (peculato). Alguns estudiosos, de acordo com Lilian Matsuura, consideram que ambos podem ser considerados um mesmo crime continuado.<ref>{{citar web|url=https://www.politize.com.br/peculato-o-que-e/|titulo=Peculato: entenda o crime|data=2017-03-15|acessodata=2019-11-14|publicado=Politize|ultimo=Blume|primeiro=Bruno André|ultimo2=Figueiredo|primeiro2=Danniel}}</ref>
{{limpar}}

=== Suborno ou propina ===
{{Artigo principal|Suborno}}
O relatório ''Barômetro global da corrupção América Latina e Caribe 2019'' feita pela ONG [[Transparência Internacional]] constatou que as experiências das pessoas na América Latina e Caribe variam e que alguns serviços controlam a corrupção de forma diferente e entre todos os países, o Brasil é um dos que menos pagam suborno (11%) no serviço público; dos serviços públicos que mais requisitam suborno estão a Polícia (24%), serviços de utilidade pública (19%), documentos de identidade (15%), escolas públicas (12%), tribunais (11%) e hospitais ou clínicas públicas (10%)<ref name="bar">Coralie Pring, Jon Vrushi, [https://comunidade.transparenciainternacional.org.br/asset/54:bgc---barometro-global-da-corrupcao-2019?stream=1 ''Barômetro global da corrupção América Latina e Caribe 2019''], Transparência Internacional 2019, ISBN 978-3-96076-126-6</ref>

Na área da educação existem relatos da ocorrência de várias práticas corruptivas, como a exigência de pagamento por parte dos pais para a garantia de vagas em creches ou escolas públicas, bem como para obterem
privilégio de alguns professores, como algum atendimento diferenciado em relação aos outros alunos.<ref>{{Citar periódico|titulo=Práticas corruptivas na educação pública e seus efeitos no direito fundamental à educação|jornal=XII Seminário nacional demandas sociais e políticas públicas na sociedade contemporânea|ultimo=Ahlert|primeiro=Mara|publicado=Universidade de Santa Cruz do Sul|ano=2016|local-publicacao=Rio Grande do Sul|pagina=10}}</ref>

== Causas ==
=== Excesso de burocracia ===
Segundo Abdenur, diretor do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), o excesso de [[burocracia]] pode fazer parte do círculo vicioso da corrupção. "A ineficiência alimenta a corrupção e a corrupção alimenta a ineficiência", afirmou Abdenur.<ref name="exame_danos_da_corrupcao"/>

Em 2017, duas pesquisas divulgadas em outubro, mostram que para os brasileiros, o excesso de burocracia facilita a corrupção. Além disso, a papelada atrapalha tanto a rotina das empresas quanto a do cidadão comum. As duas pesquisas foram feitas em fevereiro, a pedido da [[Fiesp]] e [[Ciesp]]. O objetivo das pesquisas era saber como o brasileiro percebe a burocracia no dia a dia.<ref name="JH_burocracia">{{citar web|url=http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2017/10/brasileiros-acham-que-excesso-de-burocracia-estimula-corrupcao.html|publicado=Globo.com|obra=Jornal Hoje|título=Brasileiros acham que o excesso de burocracia estimula a corrupção|acessodata=19 de maio de 2018|autor=Renato Biazi}}</ref> Para mais de 90 por cento, o excesso de burocracia abre espaço para corrupção e dificulta o desenvolvimento econômico e o ambiente de negócios do Brasil.<ref name="JH_burocracia"/>

=== Instituições frágeis ===
Em um artigo na [[Gazeta do Povo]], os jornalistas Antônio Geraldo da Silva e Fernando Portela Câmara apontam que "se a corrupção é endêmica em nosso país, a causa não está no caráter, mas no afrouxamento de todas as instituições na observância da lei, moralidade e ética". Ainda de acordo com o artigo, em uma cultura institucionalizada do "molhar a mão do guarda" somos levados ao que denominamos de cegueira ética, uma doença crônica social que altera a percepção e o julgamento da maioria das pessoas.<ref>{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-cultura-da-corrupcao-na-sociedade-brasileira-c8cpl7f9yc6g01yap4bozya4s|publicado=Gazeta do Povo|título=A cultura da corrupção na sociedade brasileira|data=20 de junho de 2016|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref>

O [[Transparência Internacional]], que mede o [[Índice de Percepção de Corrupção]], concluiu que nas últimas colocações do índice são caracterizados pela ampla impunidade da corrupção, governança fraca e instituições frágeis.<ref>{{citar web|url=https://exame.abril.com.br/mundo/os-20-paises-mais-corruptos-do-mundo-e-os-menos-desonestos/|publicado=Abril|obra=Exame|título=Os países mais corruptos (e os menos desonestos) em 2016|acessodata=19 de maio de 2018|autor=Vanessa Barbosa}}</ref>

=== Dirigismo estatal ===
O economista [[Paulo Roberto Nunes Guedes|Paulo Guedes]] afirmou que a causa principal da corrupção é a manutenção do dirigismo [[estatal]]. O economista [[Rodrigo Constantino]] afirmou que a estrutura administrativa centralizada permanece, e que o dirigismo econômico estatal seria a causa maior da corrupção, indo de acordo com Paulo Guedes.<ref>{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/dirigismo-estatal-grande-causa-da-corrupcao-e-maior-obstaculo-sociedade-aberta/|publicado=Gazeta do Povo|título=DIRIGISMO ESTATAL: A GRANDE CAUSA DA CORRUPÇÃO E MAIOR OBSTÁCULO À SOCIEDADE ABERTA|data=15 de maio de 2017|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref>

O jornal [[O Globo]], em editorial, afirmou que "é necessário, porém, atacar pilares estruturais do roubo do dinheiro do contribuinte e da sociedade em geral, como a quantidade absurda de estatais. É a existência delas que facilita a corrupção, pois fica mais fácil desviar dinheiro graúdo onde há operações vultosas de compra e venda. Não é por coincidência que, nos Estados Unidos, existe pouca ou nenhuma corrupção do tipo praticado no Brasil."<ref>{{citar web|url=https://oglobo.globo.com/opiniao/existencia-de-estatais-causa-basica-da-corrupcao-19579515|publicado=Globo.com|obra=O Globo|título=Existência de estatais é causa básica da corrupção|acessodata=20 de maio de 2018}}</ref>

Segundo Ari Cunha, do [[Correio Braziliense]] " é preciso destacar a forte herança patrimonialista, herdada da colonização e que, ainda hoje, permeia alguns setores do Estado. É justamente esse modelo que acabou gerando ao longo do tempo uma centena e meia de estatais, onde estão fincadas as origens da corrupção, sua retroalimentação e perpetuação." De acordo com o colunista, "apenas os [[governo Lula|governos Lula]] e [[Governo Dilma Rousseff|Dilma]] foram responsáveis pela criação de mais de 40 estatais, fundadas sob o falso verniz ideológico do Estado forte, mas cujo objetivo era angariar recursos para o partido".<ref>{{citar web|url=http://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/estatal-e-alimento-preferido-da-corrupcao/|publicado=Correio Braziliense|título=Estatal é alimento preferido da corrupção|data=3 de abril de 2018|acessodata=20 de maio de 2018|autor=Ari Cunha}}</ref>

=== Morosidade das investigações ===
Segunda a [[Revista Veja]], um outro problema é a morosidade para se investigar. As investigações sobre corrupção concluídas pela Polícia Federal no país duram, em média, um ano e dez dias. Segundo a PF a falta de disponibilidade de recursos é apontada como causa da demora das apurações.<ref>{{citar web|url=https://veja.abril.com.br/politica/investigacao-sobre-corrupcao-feita-pela-pf-dura-em-media-um-ano/|publicado=Abril|obra=Veja|título=Investigação sobre corrupção feita pela PF dura, em média, um ano|data=23 de abril de 2018|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref>

=== Morosidade da Justiça ===
{{Artigo principal|Morosidade da justiça}}
Para o historiador [[Marco Antonio Villa]] a "[[morosidade da justiça|morosidade da Justiça]] fortalece a impunidade e estimula a [[corrupção]]". Marco Antonio Villa lembrou ainda a existência de acusações gravíssimas no caso do poder judiciário que envolvem vendas de sentenças. "Quando não se pune ninguém, esses fatos vão crescendo em progressão geométrica. E há uma absoluta desvalorização da estrutura democrática brasileira e do Estado brasileiro. A punição deve ser rápida e exemplar. A morosidade da Justiça fortalece a impunidade e estimula a corrupção", afirmou Villa.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2012/03/morosidade-da-justica-fortalece-impunidade-e-estimula-corrupcao-diz-historiador.html|publicado=Globo.com|obra=G1|título=“Morosidade da Justiça fortalece a impunidade e estimula a corrupção”, diz historiador|data=19 de março de 2012|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref>

=== Foro privilegiado ===
{{Artigo principal|Foro especial por prerrogativa de função}}
Para o ministro do [[Supremo Tribunal Federal]] [[Luís Roberto Barroso]], o [[foro privilegiado]] é uma das causas da corrupção na política. Segundo o ministro, o "foro privilegiado cria impunidade" e precisa ser extinto em todas as instâncias públicas. "O foro privilegiado é uma jabuticaba que já apodreceu no Brasil", afirmou Barroso.<ref>{{citar web|url=http://www.oabrj.org.br/noticia/110867-o-brasil-nao-suporta-mais-a-corrupcao-diz-presidente-da-oab|publicado=OAB|título=‘O Brasil não suporta mais a corrupção’, diz presidente da OAB|data=29 de novembro de 2017|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/05/31/Qual-%C3%A9-a-tese-de-Barroso-sobre-foro-privilegiado-em-discuss%C3%A3o-no-Supremo|publicado=Nexo Jornal|título=Qual é a tese de Barroso sobre foro privilegiado em discussão no Supremo|data=3 de maio de 2017|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref>

O juízes federais [[Marcelo Bretas]] e [[Sergio Moro]], considerados pilares no combate à corrupção,.<ref>{{citar web | obra = Agência Brasil |título=Sérgio Moro recebe condecoração da Justiça Militar, em Brasília|url= http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-03/sergio-moro-recebe-condecoracao-da-justica-militar-em-brasilia|publicado= EBC|acessodata= 19 de maio de 2018 |data= 30 de março de 2017 | nome = Felipe | sobrenome = Pontes}}</ref><ref>{{Citation |publicado= Diários associados | url = http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/08/25/internas_polbraeco,545845/sergio-moro-recebe-medalha-de-condecoracao-do-exercito.shtml |título= Sérgio Moro recebe medalha de condecoração do Exército |jornal= Correio Braziliense |data= 25 de agosto de 2016|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref><ref>{{Citation | url = http://istoe.com.br/istoe-homenageia-os-brasileiros-do-ano-de-2016/ |título= '''Isto É''' homenageia os Brasileiros do ano de 2016 |jornal= Isto É |data= 6 de dezembro de 2006 |acessodata=19 de maio de 2018|publicado= Três}}</ref><ref>{{citar web | obra = G1 |url= http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/09/moro-e-10-em-lista-da-bloomberg-com-os-50-mais-influentes-do-mundo.html |titulo=Moro é 10.º em lista da Bloomberg com os 50 mais influentes do mundo|data=2016-9-22|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref><ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/moro-ganha-premio-que-teresa-de-calcuta-tambem-recebeu/|publicado=Estadão|título=Moro ganha prêmio que Teresa de Calcutá também recebeu|acessodata=19 de maio de 2018|autor=Julia Affonso, Luiz Vassallo e Fausto Macedo|data=2 de outubro de 2017}}</ref> também defendem a restrição ao foro privilegiado. Em outubro de 2017, Bretas defendeu que o foro privilegiado é a principal barreira no combate à corrupção.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2017-10/juiz-bretas-diz-que-foro-privilegiado-e-barreira-combate-corrupcao|publicado=EBC|obra=Agência Brasil|título=Juiz Bretas diz que foro privilegiado é barreira no combate à corrupção|data=24 de outubro de 2017|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref> Na visão do Sérgio Moro, o princípio do foro "fere a ideia básica da democracia de que todos devem ser tratados como iguais."<ref>{{citar web |url= http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/08/sergio-moro-participa-de-audiencia-na-camara-sobre-combate-corrupcao.html |título= Em audiência na Câmara, Sérgio Moro defende fim do foro privilegiado |publicado= Globo | obra = G1 | nome =Fernanda | sobrenome = Calgaro |data=4 de agosto de 2016 |acessodata= 19 de maio de 2018}}</ref><ref>{{citar web |url= http://exame.abril.com.br/brasil/todos-devem-ser-tratados-como-iguais-diz-moro-pelo-fim-de-foro-privilegiado/ |título= Moro defende fim do foro privilegiado na Câmara |publicado= Abril | obra = Exame | nome1 = Julia | sobrenome1 = Lindner | nome2 = Igor | sobrenome2 = Gadelha |data=4 de agosto de 2016 |acessodata=19 de maio de 2018}}</ref>

Em maio de 2017, o procurador da República e coordenador da força-tarefa da [[Operação Lava Jato]] [[Deltan Dallagnol]] em um evento do ''Brazil Conference'' realizado pelas Universidades de [[Universidade Harvard|Harvard]] e [[Instituto de Tecnologia de Massachusetts|MIT]] criticou o foro privilegiado, que segundo ele "quebra o direito de igualdade perante a lei".<ref>{{citar web|url=http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/6475112/deltan-dallagnol-critica-foro-privilegiado-diz-que-preciso-alem-lava|publicado=InfoMoney|título=Deltan Dallagnol critica foro privilegiado e diz que é preciso ir além da Lava Jato para mudar o País|acessodata=19 de maio de 2018|data=18 de maio de 2017|autor=Rodrigo Tolotti Umpieres}}</ref> Em abril de 2018, o procurador e membro da força-tarefa da operação Lava Jato [[Carlos Fernando dos Santos Lima|Carlos Fernando dos Santos]], escreveu em suas redes sociais que as pessoas deveriam lutar pelo fim do foro privilegiado. "Lute pelo fim do foro privilegiado, de mudanças nas leis penais e no fortalecimento da democracia", escreveu o procurador.<ref>{{citar web|url=http://horadopovo.org.br/procurador-da-lava-jato-lute-pelo-fim-do-foro-privilegiado/|publicado=Hora do Povo|título=Procurador da Lava Jato: “lute pelo fim do foro privilegiado”|data=9 de abril de 2018|acessodata=20 de maio de 2018}}</ref>

O fato de os políticos gozarem de direitos como o foro privilegiado e serem julgados de maneira diferente da do cidadão comum também contribui para a impunidade.<ref>{{citar web|url=http://www.conjur.com.br/2007-mar-19/foro_privilegiado_sinonimo_impunidade_afirma_oab|título=Foro privilegiado é sinônimo de impunidade, afirma OAB|editor=Revista Consultor Jurídico|data=19 de março de 2007|acessodata=24 de setembro de 2014}}</ref> Segundo o advogado e político brasileiro [[Tarso Genro]], "a demora no processo está vinculada à natureza contenciosa, que assegura direitos para as partes de moverem até o último recurso."<ref>{{citar web|url=http://congressoemfoco.ig.com.br/Ultimas.aspx?id=17768|título=STF não condena agentes públicos há 18 anos, diz AM|autor=Soraia Costa|editor=Congresso em Foco|acessodata=20 de julho de 2007}}</ref> Da mesma forma manifestou-se o então [[Supremo Tribunal Federal|presidente do STF]] [[Joaquim Barbosa]], em discurso feito na [[Costa Rica]] em maio de 2013. Segundo Barbosa, uma das causas da impunidade no Brasil seria o foro privilegiado para autoridades.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/05/joaquim-barbosa-volta-criticar-o-foro-privilegiado-para-autoridades.html|título=Joaquim Barbosa volta a criticar o foro privilegiado para as autoridades|publicado=Globo.com|obra=[[Jornal da Globo]]|data=03-05-2013|acessodata=27 de setembro de 2014}}</ref>

Defensores do foro privilegiado, todavia, alegam que sua extinção poderia tornar ainda mais morosa a tramitação de processos judiciais contra autoridades, e influências políticas de todo tipo sobre juízes de [[primeira instância]]. Segundo Cláudio Weber Abramo, da [[Organização Não Governamental|ONG]] [[Transparência Brasil]], que classifica o [[judiciário]] brasileiro como o "pior do mundo", a [[Escândalo do Mensalão|Ação Penal 470]] (mais conhecida como "Mensalão") poderia levar até 60 anos para chegar à decisão final, se os réus interpusessem todos os recursos possíveis previstos pela legislação.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/sem-foro-privilegiado-impunidade-cresce-avaliam-especialistas-9022096|título=Sem foro privilegiado, impunidade cresce, avaliam especialistas|publicado=Globo.com|obra=[[O Globo]]|autor=Sílvia Amorim|data=12-07-2013|acessodata=27 de setembro de 2014}}</ref> O raciocínio também pode ser aplicado na análise da ação penal denominada "[[mensalão tucano]]" (e que precedeu o "mensalão petista"),<ref name="FSP1">{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/184570-e-o-mensalao-10-onde-fica.shtml|título=E o mensalão 1.0, onde fica?|autor=Ricardo Melo|editor=[[Folha de S. Paulo]]|data=08-09-2014|acessodata=24 de setembro de 2014}}</ref> onde os implicados foram beneficiados pelo desmembramento do processo e seu retorno para a primeira instância. Segundo a subprocuradora Deborah Duprat, "nunca sabemos se esse julgamento um dia chegará ao fim".<ref>{{citar web|url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/stf-envia-para-1a-instancia-processo-do-mensalao-tucano|título=STF envia para 1.ª instância processo do mensalão tucano|autor=Beatriz Bulla|publicado=Abril|obra=Exame|data=12-08-2014|acessodata=24-09-2014}}</ref>

O ministro [[Marco Aurélio Mello]], do Supremo Tribunal Federal (STF) defende que o foro há desvantagens, já que a pessoa julgada não pode recorrer a instâncias superiores. No entanto, o apego de políticos investigados à prerrogativa de foro mostra que, na prática, a situação é vista como um privilégio. Há dados que explicam essa percepção. Um levantamento do projeto Supremo em Números, da FGV Direito Rio, mostrou que, de janeiro de 2011 a março de 2016, apenas 5,8 por cento das decisões em inquéritos no STF foram desfavoráveis aos investigados, com a abertura da [[ação penal]]. Ainda segundo a pesquisa, o índice de condenação de réus na Corte é inferior a um por cento.<ref>{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/por-que-os-politicos-preferem-ser-julgados-pelo-stf-morosidade-e-prescricao-explicam-cvuamv39xw1dm9u3eiztwqklp|publicado=Gazeta do Povo|título=Por que os políticos preferem ser julgados pelo STF? Morosidade e prescrição explicam|data=6 de março de 2017|acessodata=20 de maio de 2018}}</ref>

=== Impunidade ===
Um dos principais problemas que dificultam o combate à [[corrupção]] é a [[cultura]] de [[impunidade]] ainda vigente no país, apontada inclusive pelo Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da [[ONU]] em maio de 2009.<ref>{{citar web|url=http://www.fase.org.br/projetos/clientes/noar/noar/UserFiles/18/File/Posicionamento%20REDES%20Recomenda%E7%F5es%20COMITE%20DESC%20ao%20Estado%20Brasiliero%20FINAL%202.pdf|título=Documento de posicionamento sobre as recomendações do Comitê DESC/ONU ao Estado Brasileiro|autor=DESC/ONU|data=maio de 2009|acessodata=27 de setembro de 2014}}</ref> A justiça é morosa, e aqueles que podem pagar bons [[advogado]]s dificilmente passam muito tempo na cadeia ou mesmo são punidos.<ref>{{citar web|url=http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-11-04/combate-corrupcao-e-impunidade-passa-por-reformas-na-politica-e-nos-processos-civil-e-penal-diz-hage|título=Combate à corrupção e à impunidade passa por reformas na política e nos processos civil e penal, diz Hage|editor=[[Empresa Brasil de Comunicação]]|data=4 de novembro de 2013|acessodata=27 de setembro de 2014}}</ref>

Em estudo divulgado pela [[Associação dos Magistrados Brasileiros]] (AMB), foi revelado que entre 1988 e 2007, isto é, um período de dezoito anos, nenhum agente político foi condenado pelo [[Supremo Tribunal Federal]] (STF). Durante este tempo, o [[Superior Tribunal de Justiça]] (STJ) condenou apenas cinco autoridades.<ref>{{citar web|url=http://congressoemfoco.ig.com.br/UserFiles/Image/estudo_corrupcao.pdf|título=AMB-Estudo sobre a Corrupção no Brasil|editor=Congresso em Foco|acessodata=20 de julho de 2007}}</ref> Esta situação começaria a mudar em 2013, quando 12 condenados na [[Escândalo do Mensalão|Ação Penal 470]] foram levados à prisão sob variadas acusações de suborno, corrupção e [[lavagem de dinheiro]].<ref>{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/prisao-de-condenados-do-mensalao-e-golpe-real-contra-impunidade-diz-advogada,55c1d51002952410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html|título=Prisão de condenados do Mensalão é golpe real contra impunidade, diz advogada|publicado=Terra|editor=[[EFE]]|data=16-11-2013|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref> Na opinião de analistas, decisões futuras do [[Supremo Tribunal Federal|STF]] estabelecerão se este foi um julgamento de exceção,<ref>{{citar web|url=http://www.cartacapital.com.br/politica/juizo-de-excecao-na-democracia/|título=Juízo de exceção na democracia|autor=Pedro Estevam Serrano|editor=''[[CartaCapital]]''|data=19 de setembro de 2012|acessodata=6 de janeiro de 2017}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/05/03/interna_politica,381480/defesa-ve-erros-juridicos-e-pede-anulacao-do-acordao-do-julgamento-do-mensalao.shtml|título=Defesa vê erros jurídicos e pede anulação do acórdão do julgamento do mensalão|autor=Baptista Chagas de Almeida,Isabella Souto|publicado=[[Estado de Minas]]|data=3 de maio de 2013|acessodata=6 de janeiro de 2017}}</ref> ou se representou um avanço contra a impunidade.<ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2012/11/28/para-analistas-decisoes-futuras-do-stf-dirao-se-julgamento-do-mensalao-foi-marco-ou-excecao.htm|título=Para analistas, decisões futuras do STF dirão se julgamento do mensalão foi marco ou exceção|autor=Guilherme Balza|publicado=Uol|obra=Uol Noticias|data=28-11-2012|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref>

Segundo Abdenur, a impunidade seria uma causa da corrupção. O principal problema do Brasil, na opinião do especialista, é a falta de punição correta para esse tipo de crime. "No Brasil existe um problema sério de impunidade. Nos Estados Unidos, a média para que uma sentença em casos de corrupção saia é de um ano. Já no Brasil, esse tempo é de dez". Ainda segundo Abdenur, a quantidade de recursos permitidos pelo sistema judiciário brasileiro contribui para que casos sejam arrastados até sua [[prescrição]], fazendo com que culpados saiam impunes de suas acusações. "Isso cria uma cultura de leniência com as transgressões. O cidadão pode pensar: se o político rouba e não acontece nada, então também vou deixar de pagar meus impostos", diz.

== Medidas anticorrupção==
[[Imagem:Protesto contra corrupção - masp.jpg|miniatura|300px|right|Protesto contra a corrupção na [[Avenida Paulista]], em 2011.|alt=Manifestação contra a corrupção na [[Avenida Paulista]] com pessoas vestindo camisetas brancas]]
[[File:Manifestação (16218469613).jpg|miniatura|300px|right|Protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra a então presidente Dilma Rousseff e para pedir o fim da corrupção no país (2015)]]
[[File:Lançamento da campanha Todos juntos contra a corrupção (36999479146).jpg| miniatura|300px|O procurador-geral da República, [[Rodrigo Janot]], durante lançamento da campanha "Todos juntos contra a corrupção", no [[Conselho Nacional do Ministério Público]], 2017]]

===Medidas governamentais===
;Lei anticorrupção
Instituída em 2013, a [[Lei anticorrupção (Brasil)|Lei anticorrupção]] (Lei nº 12.846/2013) é uma lei ordinária de autoria do poder executivo que trata da responsabilização objetiva administrativa e civil de empresas pela prática de atos contra a Administração Pública, nacional ou estrangeira, a lei prevê punições como multa administrativa - de até 20% do faturamento bruto da empresa ou até 60 milhões de reais.<ref>[https://www.cgu.gov.br/assuntos/responsabilizacao-de-empresas/lei-anticorrupcao ''Lei Anticorrupção''], Governo Federal, [[Controladoria-Geral da União]]</ref>

;Programa de Integridade
Em novembro de 2018 o então presidente Michel Temer assinou o decreto nº 9.203/2017<ref>[https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9203.htm ''DECRETO Nº 9.203, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2017'']</ref> que estabelece procedimentos para estruturação, execução e monitoramento de programas de integridade ( ou ''[[compliance]]'') em órgãos e entidades do Governo Federal (ministérios, autarquias e fundações públicas).<ref>[https://www.cgu.gov.br/noticias/2017/11/cgu-coordenara-programas-de-integridade-do-governo-federal ''CGU coordenará programas de integridade do Governo Federal''], 23/11/2017</ref>
A regulamentação definiu diretrizes, etapas e prazos para que os órgãos federais criassem os próprios programas para prevenir, detectar, remediar e punir fraudes e atos de corrupção; inicialmente facultativa, os Planos de Integridade passaram a ser obrigatórios e deveriam ser aprovadados até o dia 29 de março de 2019.<ref>[http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade/programa-de-integridade/programa-de-integridade ''Programa de Integridade ''], Controladoria-Geral da União</ref> É possível verificar se o órgão/entidade está submetido ao monitoramento obrigatório e se já enviou à CGU as informações sobre a implantação do programa através do [http://paineis.cgu.gov.br/integridadepublica/index.htm Painel de Integridade Pública].

;Pró-Ética
A iniciativa [[Pró-Ética]]<ref>[http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade/empresa-pro-etica ''Empresa Pró-Ética''], Governo Federal, [[Controladoria-Geral da União]]</ref> foi instituída em 9 de dezembro de 2010, por meio da parceria da [[Controladoria-Geral da União]] e o [[Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social]], a iniciativa foi criada para fomentar junto ao setor empresarial a adoção voluntária de medidas de integridade e de prevenção da corrupção.<ref>[http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade/empresa-pro-etica/saiba-mais ''Empresa Pró-Ética - Perguntas e Respostas''], Governo Federal, [[Controladoria-Geral da União]]</ref>

;Brasil Transparente
Com a aprovação da [[Lei de Acesso à Informação|Lei de Acesso à Informação - LAI (Lei nº 12.527/11)]], o Brasil passou a garantir ao cidadão o direito amplo a qualquer documento ou informação produzidos ou custodiados pelo Estado que não tenham caráter pessoal e não estejam protegidos por sigilo", posteriormente instituindo em 7 de fevereiro de 2013 através da Portaria n° 277, o programa [[Brasil Transparente]].<ref>[https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica/brasil-transparente/o-programa ''Programa Brasil Transparente''], Governo Federal, Controladoria-Geral da União</ref> Até outubro de 2018, 1.819 municípios aderiram ao programa, 33% na região Nordeste, 20% no Sul, 24% no Sudeste, 11% no Norte, 12% no Centro-Oeste, além de dez adesões em âmbito nacional.<ref>[https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica/brasil-transparente/adesao ''Programa Brasil Transparente - Mapa de Adesões''], Governo Federal, Controladoria-Geral da União</ref>

;Programa Empresa Íntegra
Criado pela Controladoria-Geral da União e pelo [[Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas]] (Sebrae), o Programa Empresa Íntegra promove a ética e a integridade em empresas de todo o Brasil.<ref>[https://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade/empresa-integra ''Programa Empresa Íntegra''], Governo Federal, Controladoria-Geral da União</ref>

;Campanha Pequenas Corrupções – Diga Não
Em junho de 2013, a Controladoria-Geral da União lançou a Campanha “Pequenas Corrupções – Diga Não”.<ref>{{citar web |url=http://cidadeverde.com/blogdobira/74657/diga-nao-a-pequena-corrupcao |titulo=Diga não a "pequena corrupção" |autor=Ubiracy Sabóia |publicado=Blog do Bira / CidadeVerde |data=29-01-2016 |acessodata=18 de junho de 2016 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20160130085743/http://cidadeverde.com/blogdobira/74657/diga-nao-a-pequena-corrupcao |arquivodata=2016-01-30 |urlmorta=no }}</ref> De acordo com a CGU, as "peças buscam chamar a atenção e promover a reflexão sobre práticas comuns no dia-a-dia dos brasileiros, como falsificar carteirinha de estudante; roubar TV a cabo; comprar produtos piratas; furar fila; tentar subornar o guarda de trânsito para evitar multas; entre outras". Outro exemplo são as frequentes fraudes ao seguro-desemprego.<ref>{{citar livro|nome = Eduardo Almeida|sobrenome = Jeronimo|título = Corrupção velada: pequenas (grandes) fraudes ao programa do seguro-desemprego|ano = 2015|isbn = 9788568227961}}</ref>

;Dez medidas contra a corrupção
''[[Dez medidas contra a corrupção]]'' é um projeto criado em 2015 pelo [[Ministério Público Federal]] (MPF) que tem por objetivo a apresentação de um [[projeto de lei]] de [[iniciativa popular]] ao [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]], destinado ao aperfeiçoamento do sistema jurídico, de modo a reprimir a corrupção e a impunidade no Brasil; as propostas de alterações legislativas buscam por exemplo criminalizar o enriquecimento ilícito, aumentar penas da corrupção, agilizar o processo penal etc.<ref name= "10m">[http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/apresentacao/objetivo-geral-das-propostas''Dez medidas contra a corrupção''], Ministério Público Federal</ref>

===Sociedade civil===
Por parte da [[sociedade civil]], instituições como a [[Transparência Brasil]] e movimentos como [[Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral]] fazem o seu papel de denunciar e combater as manifestações de corrupção.<ref name="Epoca">{{citar web|url=http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG78084-6009,00.html|título="O Brasil está mais corrupto?|autor=NUNES, Wálter|autor2=LEITÃO, Matheus|editor=[[Revista Época]]|data=17-07-2007|acessodata=27 de setembro de 2014}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.mcce.org.br/notapublica/lei-ficha-limpa-e-uma-conquista-da-sociedade/|publicado=MCCE|acessodata=14 de dezembro de 2016|título=Lei Ficha Limpa é uma conquista da sociedade}}</ref> Em 2014, novos movimentos surgiram no embate à corrupção como [[Movimento Brasil Livre]] e [[Movimento Vem pra Rua]].<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-10/movimentos-lancam-campanha-nas-redes-em-apoio-ao-combate-corrupcao|publicado=EBC|obra=Agencia Brasil|data=10 de outubro de 2016|acessodata=10 de maio de 2017|título=Movimentos lançam campanha nas redes em apoio ao combate à corrupção}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ADMINISTRACAO-PUBLICA/514800-MOVIMENTO-VEM-PRA-RUA-DEFENDE-MEDIDAS-DE-COMBATE-A-CORRUPCAO-EM-AUDIENCIA.html|publicado=Câmara dos Deputados|acessodata=10 de maio de 2017|título=Movimento Vem Pra Rua defende medidas de combate à corrupção em audiência}}</ref><ref>{{citar web|url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2017/03/mbl-e-vem-pra-rua-convocam-manifestacoes-em-apoio-a-lava-jato-para-este-domingo-9755196.html|publicado=Zero Hora|acessodata=10 de maio de 2017|título=MBL e Vem Pra Rua convocam manifestações em apoio à Lava-Jato para este domingo}}</ref><ref>{{citar web|url=http://exame.abril.com.br/brasil/ao-vivo-as-manifestacoes-de-2603-em-apoio-a-lava-jato/|publicado=Abril|obra=Exame|data=26 de março de 2017|acessodata=10 de maio de 2017|título=Como foram as manifestações de 26/03 em apoio à Lava Jato|autor=Claudia Gasparini, Talita Abrantes}}</ref>

Um outro instrumento eficaz no combate à corrupção é a transparência (prestação pública de contas dos atos administrativos). Conforme indica o [[economista]] Marcos Fernandes da [[Fundação Getúlio Vargas]] de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], "para combater a corrupção, é preciso ter políticas de longo prazo, preventivas, é preciso fazer uma reforma administrativa(...). Disseminar a bolsa eletrônica de compras, [[informatização|informatizar]] os processos de gestão, permitir que o cidadão fiscalize a execução orçamentária [[on-line]]".<ref name="Epoca"/>

Segundo o relatório anual ''Assuntos de Governança'', publicado desde 1996 pelo [[Banco Mundial]], há uma curva ascendente no índice que mede a eficiência no [[combate]] à corrupção no Brasil. O índice, que avalia 212 países e territórios, registra subida descontínua da situação brasileira desde 2003, tendo atingido seu pior nível em 2006, quando atingiu a marca de 47,1 numa escala de 0 a 100 (sendo 100 a avaliação mais positiva). Mesmo se comparado a outros países da [[América Latina]], o Brasil ficou numa posição desconfortável: [[Chile]], [[Costa Rica]] e [[Uruguai]] obtiveram nota 89,8.<ref>{{citar web|url=http://siteresources.worldbank.org/INTWBIGOVANTCOR/Resources/1740479-1150402582357/2661829-1158008871017/gov_matters_5_tables.pdf|título=Tabelas Básicas|editor=[[Banco Mundial]]|acessodata=20 de julho de 2007}}</ref> O índice do Banco Mundial mede a percepção dominante entre [[organização não governamental|ONG]]s e agências internacionais de análise de risco, sobre a corrupção vigente num determinado país.<ref>{{citar web|url=http://www.diretoaoassunto.com.br/noticias.php?subaction=showfull&id=1184631594&archive=&start_from=&ucat=18&|título=Ex-ministro da CGU qualifica de 'ridículo' estudo do Banco Mundial sobre corrupção|editor=[[O Dia]]|data=16 de julho de 2007}}</ref> Por isso alguns questionam a influência no índice de uma maior atuação fiscalizadora da imprensa e dos órgãos policiais, em especial a [[Polícia Federal]], que desde 2003 realizou mais de 300 operações.<ref>{{citar web |url=http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG82402-9306,00.html |título= Por que o Brasil pode vencer a corrupção| autor= Wálter Nunes |editor= [[Revista Época]] | data= 18 de março de 2008 | acessodata= 26 de outubro de 2008}}</ref>

De fato, conforme asseverou em 2014 o cientista político Antônio Lassance, apenas em 2003, a partir da definição das competências da [[Controladoria-Geral da União (Brasil)|Controladoria Geral da União]] (criada em 2001), pode-se falar em efetivo combate à corrupção no Brasil.<ref>{{citar web|url=http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Nao-existia-combate-a-corrupcao-politica-antes-do-governo-Lula/30955|título=Não existia combate à corrupção política antes do governo Lula|autor=Antônio Lassance|editor=Carta Maior|data=18 de maio de 2014|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref> O número de servidores públicos demitidos por corrupção entre 2003 e 2013 subiu de 268 em 2003, para 528 em 2013,<ref>{{citar web|url=http://www.cgu.gov.br/Correicao/RelatoriosExpulsoes/Punicoes_2003-2013.pdf|título=Punições 2003-2013|editor=[[Controladoria-Geral da União (Brasil)]]|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref> e somente em 2013 foram realizadas 296 operações pela [[Polícia Federal do Brasil|Polícia Federal]],<ref>{{citar web|url=http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas/2013|título=Operações 2013|editor=[[Polícia Federal do Brasil|Polícia Federal]]|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref> contra 18 em 2003.<ref>{{citar web|url=http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas/2004-e-2003|título=Resumo de Operações - DPF 2003/2004|editor=[[Polícia Federal]]|acessodata=12 de julho de 2014}}</ref> Em 2014, de acordo com a CGU 363 servidores públicos foram expulsos por corrupção. Desde 2003, informou a Controladoria-Geral da União, já foram expulsos do serviço público 5.390 funcionários da administração pública federal, dos quais 3.599 por corrupção representando 66,7%.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/07/governo-expulsou-157-servidores-no-1-semestre-por-corrupcao-diz-cgu.html|publicado=Globo.com|obra=G1|data=22 de julho de 2015|acessodata=5 de janeiro de 2017|título=Governo expulsou 157 servidores no 1.º semestre por corrupção, diz CGU|autor=Filipe Matoso}}</ref>

[[Imagem:Manifestação em São Paulo contra corrupção e o governo Dilma em 13 de março de 2016 (3).jpg|miniatura|Manifestantes de verde e amarelo se manifestando em defesa da [[Operação Lava Jato]], segurando cartazes que dizem "Lula na cadeia!" e "Fora PT!"|alt=Manifestantes de verde e amarelo se manifestando em defesa da Operação Lava Jato, segurando cartazes que dizem "Lula na cadeia!" e "Fora PT!"]]
A [[Operação Lava Jato]], comandada pelo coordenador da força-tarefa [[Deltan Dallagnol]] e julgada em primeira instância pelo juiz federal [[Sergio Moro]] ficou amplamente conhecida por combater a corrupção no Brasil com mais de 150 prisões de [[empresário]]s, [[político]]s, [[lobista]]s e [[doleiro]]s.<ref>{{citar web|url=http://www.politize.com.br/lava-jato-combate-corrupcao/|publicado=Politize|acessodata=14 de dezembro de 2016|título=COMBATE À CORRUPÇÃO: A OPERAÇÃO LAVA JATO}}</ref> Além das prisões, houve mais de 100 condenações, com uma pena total superior a 1.200 anos de prisão.<ref>{{citar web|url=http://lavajato.mpf.mp.br/atuacao-na-1a-instancia/resultados/a-lava-jato-em-numeros-1|publicado=MPF|acessodata=14 de dezembro de 2016|título=A Lava Jato em números|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160509222341/http://lavajato.mpf.mp.br/atuacao-na-1a-instancia/resultados/a-lava-jato-em-numeros-1|arquivodata=2016-05-09|urlmorta=yes}}</ref> A operação ganhou diversas premiações pelo combate à corrupção.<ref>{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/lava-jato-curitiba-ganha-premio-nos-eua-por-combate-a-corrupcao-4ni9rd5nd6ktxfif6nn7gshly|publicado=Gazeta do Povo|acessodata=14 de dezembro de 2016|título=Lava Jato Curitiba ganha prêmio nos EUA por combate à corrupção}}</ref><ref>{{citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2016/12/03/politica/1480785202_649293.html|publicado=El Pais|data=3 de dezembro de 2016|acessodata=14 de dezembro de 2016|título=Força-tarefa da Lava Jato ganha prêmio da Transparência Internacional|autor=Talita Bedinelli}}</ref> O juiz federal americano [[Peter Messitte]], disse que o julgamento do [[mensalão]] e a Operação Lava Jato deixaram para trás os tempos em que escândalos de corrupção política terminavam em ''pizza'' no Brasil.<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37030120|publicado=BBC|data=11 de agosto de 2016|acessodata=14 de dezembro de 2016|título=Lava Jato é exemplo mundial de combate à corrupção, diz juiz americano}}</ref> A Lava Jato fez com que milhões de pessoas tomassem as ruas em diversos [[Protestos contra o governo Dilma Rousseff|protestos contra a presidente Dilma]] e pela defesa das investigações.

Em agosto de 2016, o juiz federal Sérgio Moro, depois de defender a proposta das "[[Dez medidas contra a corrupção]]" em audiência no Congresso, afirmou que o quadro de corrupção no país é "desalentador". Em palestra na Escola da Magistratura Federal do Paraná (Esmafe-PR), o juiz defendeu mudanças na legislação.<ref name="oglobo_medidas">{{citar web|url=https://oglobo.globo.com/brasil/moro-afirma-que-quadro-de-corrupcao-sistemica-desalentador-19856300|publicado=Globo.com|obra=O Globo|título=Moro afirma que quadro de corrupção sistêmica é ‘desalentador’|data=4 de agosto de 2016|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref> O juiz detalhou de forma técnica alguns dos pontos das "Dez Medidas Contra a Corrupção", projeto de autoria do Ministério Público Federal e que está em trâmite no [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]]. Uma das medidas que ele considerou de maior relevância é a criminalização do [[caixa dois]] das campanhas eleitorais. — "As eleições tem que ser limpas. Dinheiro não contabilizado significa burlar as regras da eleição" — afirmou Moro.<ref name="oglobo_medidas"/>

Segundo o [[Transparência Internacional]], processos judiciais decorrentes da operação Lava Jato, poderão ajudar o Brasil a frear a corrupção. A organização afirma que apenas reformas institucionais "sérias" permitirão acabar com a corrupção no Brasil.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/01/os-motivos-que-levaram-o-brasil-a-ser-o-pais-que-mais-caiu-em-indice-de-corrupcao.html|publicado=Globo.com|obra=G1|título=Os motivos que levaram o Brasil a ser o país que mais caiu em índice de corrupção}}</ref>

Em 2018, a Transparência Internacional em parceria com a [[Fundação Getúlio Vargas]] (FGV) publicaram um pacote de combate à corrupção com mais de 80 sugestões de proposições legislativas, como emendas constitucionais e projetos de lei.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-04/pacote-com-medidas-contra-corrupcao-pode-ser-consultado-ate-o-dia-30|publicado=EBC|obra=Agência Brasil|título=Pacote com medidas contra corrupção pode ser consultado até o dia 30|acessodata=19 de maio de 2018|autor=Kleber Sampaio}}</ref>

Escrevendo para o [[Congresso em Foco]], Marcus Vinicius de Azevedo Braga, doutor em Políticas Públicas pela [[UFRJ]] declarou:<ref>{{citar web |url= https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/forum/diante-da-corrupcao-uma-accountability-de-reconstrucao/ |título= Diante da corrupção, uma accountability de reconstrução |acessodata=2021-01-01 |autor= Marcus Vinicius de Azevedo Braga |data= 2020-12-30 |website= Congresso em Foco |publicado= UOL|arquivodata= 2020-12-31 |arquivourl= https://web.archive.org/web/20201231012700/https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/forum/diante-da-corrupcao-uma-accountability-de-reconstrucao/ |urlmorta=no}}</ref> {{Quote|Não adianta [a população] vociferar em relação ao gestor ou à classe política diante dos escândalos [de corrupção], e sim entender que é preciso ajustes nos controles políticos e administrativos, fortalecendo a ideia de ''[[accountability]]'', de gestores responsáveis e que podem ser responsabilizados. A agenda de uma ''accountability'' de reconstrução traz para a pauta essa visão sistêmica desses problemas, norteando reformas estruturais que mitiguem, de alguma forma, as questões subjacentes ao fenômeno da corrupção.
<br>O ânimo investigativo e punitivo faz parte das modernas democracias, em especial face à complexidade do fenômeno da corrupção, dado que é um negócio de vultosos ganhos e que precisa ter respostas que imponham a este um grau de alto risco. Mas é preciso lembrar o ânimo restaurativo, pouco debatido na imprensa, mas que tem uma ciência própria e específica de retomar as rédeas daquele órgão capturado, e que permite avanços nas salvaguardas que revertem em melhores políticas públicas, devolvendo aquele que foi o maior prejuízo causado pela corrupção.|Marcus Vinicius de Azevedo Braga, Congresso em Foco}}

== Mídias==
Em março de 2018, a [[Netflix]] lançou a primeira temporada da série "''[[O Mecanismo]]''", dirigida por [[José Padilha]], que retrata o mecanismo da corrupção sistêmica [[brasil]]eira, retratando o [[escândalo do Banestado]] e o escândalo da [[Petrobras]],<ref name="brasil.elpais"/> conhecido como [[Operação Lava Jato|Petrolão]],<ref>{{citar web|url=http://www.infomoney.com.br/blogs/economia-e-politica/economia-e-politica-direto-ao-ponto/post/4677218/especial-resumao-completo-sobre-operacao-lava-jato-petrolao|publicado=InfoMoney|título=Especial: Resumão completo sobre a Operação "Lava Jato" e o "Petrolão"|data=3 de março de 2016|acessodata=19 de maio de 2018}}</ref> investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato, composta por procuradores da República do [[Ministério Público Federal]] e agentes da [[Polícia Federal do Brasil]].<ref name="brasil.elpais"/>

{{Notas}}
{{Referências}}

== Ligações externas ==
* {{link|en|2=http://www.transparency.org/|3=Transparência Internacional}}
** [https://www.transparenciainternacional.org.br/ Transparência Internacional Brasil]
* [http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade Controladoria-Geral da União - Integridade]
* [https://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/relatorio-corrupcao-custos-economicos-e-propostas-de-combate/ ''Relatório corrupção: custos econômicos e propostas de combate''], [[FIESP]]
* [https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2020/Novembro/aplicativo-pardal-auxilia-cidadao-em-denuncias-de-irregularidades-nas-eleicoes Aplicativo Pardal auxilia cidadão em denúncias de irregularidades nas eleições] (tse.jus.br)

{{Corrupção}}
{{Portal3|Brasil|Sociedade}}
{{Controle de autoridade}}

[[Categoria:Corrupção no Brasil| ]]
[[Categoria:Problemas sociais do Brasil]]

Edição atual tal como às 22h29min de 29 de setembro de 2024

Imagem mostra Eduardo Cunha, à época presidente da Câmara dos Deputados, recebendo banho de dólares falsos contendo o seu rosto em forma de protesto contra a corrupção.
Eduardo Cunha, à época presidente da Câmara dos Deputados, recebendo banho de dólares falsos contendo o seu rosto em forma de protesto contra a corrupção

A corrupção no Brasil afeta diretamente o bem-estar dos cidadãos ao diminuir os investimentos públicos na saúde, na educação, em infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à vida, e fere a Constituição ao ampliar a exclusão social e a desigualdade econômica.[1] Geralmente, a corrupção ocorre por meio de recursos dos orçamentos públicos da União, dos Estados e dos Municípios destinados à saúde, à educação, à previdência e à programas sociais e de infraestrutura, que são desviados para financiar campanhas eleitorais, corromper funcionários públicos, ou mesmo para contas bancárias pessoais no exterior. Em 13 de outubro de 2020, a Transparência Internacional apontou uma “progressiva deterioração do arcabouço institucional anticorrupção no país” e sérios retrocessos no combate a corrupção no Brasil.[2][3]

Uma forma de corrupção comum no Brasil é o desvio de fundos públicos por meio de superfaturamento. Essa técnica permite que o indivíduo se enriqueça e também financie campanhas políticas e está intimamente ligada aos contratos públicos com empresas privadas.[4] Além disso, também é comum a propina e suborno na polícia.[5]

Estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2009 estimam que economia brasileira perde com a corrupção, todos os anos, de um a quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a um valor superior a 30 bilhões de reais.[6] No ano seguinte, um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontou que o custo anual da corrupção no país é de 1,38 por cento a 2,3 por cento do PIB.[7] Em 2013, um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que cada um real desviado pela corrupção representa um dano para a economia e para a sociedade de três reais.[8]

A Polícia Federal considera a Operação Lava Jato a maior investigação de corrupção da história do país,[9] e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos considera o esquema de corrupção do Grupo Odebrecht (atual Novonor), investigado pela Lava Jato, como o maior pagamento de propina da história mundial.[10] A Lava Jato revelou um quadro de corrupção sistêmica no Brasil, mostrando que a corrupção passou a fazer parte do próprio sistema.[11] Em 2015, uma pesquisa de opinião realizada pelo instituto Datafolha, indicou que a corrupção é o maior problema no Brasil.[12] Em junho de 2017, a Diretoria de Combate ao Crime Organizado (DICOR/PF) totalizou que, a partir de 2013, as perdas com diversos desvios atingiram perto de 123 bilhões de reais.[13][14]

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, estimou em 2015 as perdas da empresa com escândalos de corrupção em R$ 6,2 bilhões.[15] As ações da empresa caíram, embora depois tenham começado a se recuperar lentamente.[16]

O "jeitinho brasileiro" é tido como forma de prática das "pequenas corrupções", como por exemplo sonegar imposto, furtar sinal de TV a cabo, furar a fila, simular ou dissimular negócios, entre outros.[17][18][19]

Quadro que mostra Pero Vaz de Caminha lendo para o comandante Pedro Álvares Cabral a carta que será enviada ao rei D. Manuel I.
Pero Vaz de Caminha lê para o comandante Pedro Álvares Cabral a carta que será enviada ao rei D. Manuel I.

Conforme ensina Fernando Filgueiras: a tolerância à corrupção não é um desvio de caráter do brasileiro, uma propensão e culto à imoralidade, nem mesmo uma situação de cordialidade, mas uma disposição prática nascida de uma cultura em que as preferências estão circunscritas a um contexto de necessidades, representando uma estratégia de sobrevivência que ocorre pela questão material.[20] O nepotismo já teria desembarcado no Brasil a bordo da primeira caravela, sendo apontado como exemplo a Carta a El-Rei D. Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha, na qual solicita ao rei que mandasse "vir buscar da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro".[21] Para ocupar e administrar o novo território, tarefa bastante complicada pela distância geográfica e precariedade das comunicações, a coroa portuguesa teve de oferecer incentivos e relaxou na vigilância de seus prepostos. Isso gerou um ambiente de tal modo favorável à prática da corrupção,[22] que já no século XVII, o padre Antônio Vieira denunciou-o através do Sermão do Bom Ladrão, onde expõe corajosamente os desmandos praticados por colonos e administradores no Brasil:[23]

Há relatos também de corrupção nas mais altas esferas de poder desde o início do século XIX. Naquela época, os seguintes versos corriam as ruas da capital nacional[nota 1]:

Segundo Raymundo Faoro, a corrupção é um "vício" herdado do mundo ibérico, resultado de uma relação patrimonialista entre Estado e Sociedade.[27]

Ditadura militar

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Castelo Branco: o udenismo fardado chega ao poder.[28]

O combate à corrupção foi uma das grandes bandeiras do golpe militar de 1964. Este alvo específico, assim como a denúncia da "infiltração comunista" na vida brasileira e o discurso moralista, pode ser encarado como fruto da vinculação entre os militares, as classes médias urbanas, e partidos políticos de cunho conservador, como a União Democrática Nacional (UDN, da qual originou-se o termo "udenismo"), fundada em 1945, pouco antes do fim da ditadura do Estado Novo. A UDN, que após três derrotas consecutivas em eleições presidenciais (1945, 1950 e 1955), havia vencido com Jânio Quadros em 1960, viu seus planos de poder serem abortados quando o presidente renunciou poucos meses depois, em 1961. Portanto, não é de estranhar o apoio dado pela UDN ao golpe de 1964: isto apenas ressalta que, embora o movimento tenha sido militar, teve amplo apoio dos setores conservadores da sociedade civil.[29][30]

Imbuído deste espírito moralizante, logo no início de sua administração o marechal Castelo Branco prometeu que faria ampla investigação e divulgação sobre a corrupção vigente no governo deposto de João Goulart.[31] Um dos principais instrumentos criados com este fim foi a Comissão Geral de Investigações (CGI), órgão encarregado de conduzir os Inquéritos Policiais Militares.[32] Os malfeitos averiguados seriam reunidos num "livro branco da corrupção", ao qual seria dado grande divulgação. Tal livro, contudo, jamais chegou a ser produzido, muito menos publicado. É presumível que os militares tenham concluído que não poderiam dar publicidade à corrupção alheia sem revelar àquela que existia em suas próprias fileiras. Em 1978, a CGI foi extinta pelo general-presidente Geisel.[33]

Rapidamente, não só os militares tiveram que reconhecer que o combate à corrupção era atividade estranha à corporação, como aprenderam a conviver e até a beneficiar-se dela.[34] Os generais-presidentes buscavam isolar-se do comportamento delituoso de alguns de seus subordinados através de demonstrações públicas de austeridade em suas vidas pessoais. O que seus comandados faziam em causa própria, desde que não representasse um risco à imagem das forças armadas, raramente era investigado.[33]

Apesar do empenho moralizante da ditadura militar, não somente a corrupção era "muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar" do que a subversão (como reconheceu o próprio marechal Castelo Branco), como a CGI tão somente não era o instrumento capaz de impedi-la pela mera intimidação.[33] Por sua própria natureza autoritária, o regime inviabilizava a fiscalização de seus atos por parte da sociedade civil, da imprensa e do Congresso Nacional. Não havia transparência, muito menos órgãos fiscalizatórios. Conforme diz o juiz Márlon Reis, um dos autores da Lei da Ficha Limpa, "obras faraônicas como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço, por exemplo, foram realizadas sem qualquer possibilidade de controle. Nunca saberemos o montante desviado. Durante a ditadura, a corrupção não foi uma política de governo, mas de Estado, uma vez que seu principal escopo foi a defesa de interesses econômicos de grupos particulares."[35]

Governo Sarney

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Ver artigo principal: Governo Sarney

Notabilizaram-se as acusações de corrupção endêmica em todas as esferas do governo, sendo o próprio presidente José Sarney denunciado, embora as acusações não tenham sido levadas à frente pelo Congresso Nacional. Foi no período entre 1987 e 1989, que eclodia a crise política, aliada à crise econômica. Foram citadas suspeitas de superfaturamento e irregularidades em concorrências públicas, como a da licitação da Ferrovia Norte-Sul.[36] As denúncias ainda afirmavam que José Sarney praticava o nepotismo, ou seja, favorecia amigos e conhecidos com concessões em rádios e TVs. A insatisfação numa ala do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), atual MDB, fez com que fosse fundado o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). O auge da crise ocorreu durante a Assembleia Nacional Constituinte, onde os membros do partido votaram pelos quatro anos de mandato para Sarney, apesar de a tese dos cinco anos ter prevalecido, capitaneada pela maioria da bancada do PMDB e de políticos conservadores.

A CPI da corrupção apontou o ex-presidente como um dos responsáveis do esquema, por ter liberado dinheiro de fundos controlados pela Presidência a municípios, sem critérios. Assim que a verba acabava, Sarney utilizava a chamada reserva de contingência e contava com a ajuda do ministro do Planejamento, Aníbal Teixeira.[37]

Governo Collor

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Fernando Collor saindo do Palácio do Planalto após sofrer impeachment como consequência de escândalos de corrupção

Nas últimas duas décadas do século XX, particularmente após o fim do regime militar, casos de corrupção notórios obtiveram grande destaque na mídia, tendo inclusive resultado no afastamento do presidente Fernando Collor de Mello — primeiro presidente da América Latina a sofrer impeachment.[38]

A partir de 1993, a extensão das denúncias abalou a crença nas instituições e no futuro do país e provocou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que ficou conhecida como a CPI do Orçamento, presidida pelo então senador Jarbas Passarinho e tendo como relator o governador de Pernambuco à época, Roberto Magalhães. Em 2014, o ex-presidente Collor foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal das denúncias de corrupção que lhe foram imputadas e que resultaram no seu "impeachment",[39] mas tornou a ser novamente condenado por corrupção pelo mesmo STF, por outras acusações, em 2023.[40]

Governo Itamar Franco

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O novo governo assumido pelo vice-presidente Itamar Franco foi, no início, apoiado por todas as forças políticas do Congresso, exceto o Partido da Frente Liberal (PFL), que também começou a sofrer denúncias de envolvimento de ministros em corrupção. Vários dos seus ministros, entre eles Henrique Hargreaves e Alexandre Costa.

Mas a maior acusação do governo foi da compra de votos para a aprovação de uma emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos do poder executivo. Em maio de 1997, grampos telefônicos publicados pela Folha de S.Paulo revelaram conversas entre o então deputado Ronivon Santiago e outra voz identificada no jornal como Senhor X. Nas conversas, Ronivon Santiago afirma que ele e mais quatro deputados receberam 200 mil reais para votar a favor da reeleição, pagos pelo então governador do Acre, Orleir Cameli.[41]

O governo FHC é tambem conhecido pelo maiores esquemas de corrupção do Brasil e do mundo, o caso do Banestado [1] . Segundo jornalista Henrique Beirangê, o Banestado alcançou o volume desviado de 60 bilhoes de reais em valores atuais, superando outras investigações mais recentes, valor bem maior que os 18 bilhoes de reais da LavaJato. Devido a grande diferença de valores, percebe-se que a atenção dada para denuncia e investigação do caso Banestado foi bem inferior em relação a LavaJato, tanto pelo poder judiciário, quanto jornais e midias conhecidas, causando uma falsa percepção que o volume movimentado pela Lavajato fosse maior, o que afetou a opinião pública que ainda não tem muito conhecimento dos valores desviados em esquemas denunciados em governos anteriores, alem de desconhecer que partidos envolvidos continuam em atividade em Brasília, como por exemplo o PSDB entre outros.

O mais notório escândalo de corrupção no governo Lula foi o Mensalão, tendo sido denunciado em 2005. Se tratou de um esquema compra de votos por parte do Partido dos Trabalhadores (PT), denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, que posteriormente fez delação premiada.[42] O escândalo levou a cassação de Roberto Jefferson[43] e José Dirceu, que era ministro da Casa Civil no governo Lula e que foi considerado pelo Supremo Tribunal Federal como um dos comandantes do esquema.[44] O PT comprava votos de parlamentares do Congresso, dando a eles uma mesada, em troca de apoio para aprovar reformas que o partido desejava passar. Descobriu-se, por exemplo, que em 2003, a reforma da previdência proposta por Lula passou no Congresso devido a votos que foram comprados.[45]

Antes do mensalão, em 2004, o governo Lula enfrentou crises políticas, no que foi denominado Escândalo dos Bingos. Nele Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu aparece na divulgação de uma fita gravada pelo empresário e bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, extorquindo o bicheiro para arrecadar fundos para a campanha eleitoral do PT e do PSB no Rio de Janeiro. Em troca Waldomiro prometia ajudar Augusto Ramos numa concorrência pública. O Ministério Público Federal apresentou a denúncia acolhida pela Justiça Federal por conduta criminosa em negociações para renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal em 2003. Sendo inicialmente exigido por uma "consultoria" 15 milhões de reais, que foram fechados em 6 milhões de reais.[46][47]

Em 2006, veio a tona o Escândalo do Dossiê ou Escândalo dos Aloprados, como também ficou conhecido, a repercussão da prisão em flagrante, a 15 de setembro de 2006, de alguns integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) acusados de comprar um falso dossiê, de Luiz Antônio Trevisan Vedoin, com fundos de origem desconhecida. O dossiê acusaria o candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PSDB, José Serra, de ter relação com o escândalo das sanguessugas. O suposto plano seria prejudicar Serra na disputa ao governo de São Paulo, no qual seu principal adversário na disputa era o senador Aloizio Mercadante. Supostamente, não só Serra era alvo, pois também haveria acusações contra o candidato à presidência Geraldo Alckmin. As investigações e depoimentos dos suspeitos demonstraram que o conteúdo do dossiê contra políticos do PSDB era falso. A expressão "aloprados" foi utilizado por Luiz Inácio Lula da Silva para designar os acusados de comprar o dossiê.[48]

Em 2016, o ex-presidente Lula (PT) se tornou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, culminando em sua condenação e prisão por 12 anos e 1 mês em abril de 2018.[49] Uma reviravolta ocorreu no ano seguinte: em 8 de novembro, a 12a. Vara Federal de Curitiba determinou a soltura do ex-presidente, um dia depois de o STF considerar que medidas de privação de liberdade sem Trânsito em julgado[50] seriam inconstitucionais. A condenação de Lula foi anulada em março de 2021 pelo plenário do Supremo, num contexto em que a Vaza Jato revelou que o juiz Sérgio Moro cedia informações privilegiadas à acusação, dando margem ao entendimento de que a ação penal estaria sendo objeto de politização.[51][52] Pelo placar de 7 a 4, dois meses depois, a Corte declarou a suspeição do juiz.[53] Foi proclamada também a nulidade de todas as decisões tomadas na Vara do Paraná por incompetência de foro, depois que o Ministro Edson Fachin foi seguido pela maioria no entendimento de que as investigações sobre o ex-presidente não teriam relação com a Petrobras.[54] Em seguida, o processo foi enviado à 12ª Vara Federal Criminal em Brasília, onde acabaria arquivado a pedido do Ministério Público, em 28/01/2022.[51]

Governo Dilma Rousseff

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Dilma e Lula vestidos de vermelho. Lula está com um microfone em uma mão e erguendo o braço da Dilma com a outra.
O presidente Lula na convenção nacional do PT, que confirmou a candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff à Presidência da República

A Operação Lava Jato, é uma operação que foi iniciada em março de 2014, durante o governo Dilma Rousseff, pela Polícia Federal, que desvendou um esquema de corrupção dentro da Petrobras, e em outras estatais,[55] para favorecer grandes empreiteiras que praticavam cartel, que por sua vez realizava pagamentos de propina a políticos que defendiam os interesses destas construtoras envolvidas no esquema. Foi considerado pela PF o maior esquema de corrupção da história do País.[56] O pagamento de propina ultrapassa dez bilhões de reais, e é considerado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos o maior caso de suborno internacional.[10] Ao longo da operação, mais de mil mandados judiciais foram autorizados,[57] mais de cem pessoas foram presas,[58] e políticos, como André Vargas e Eduardo Cunha foram cassados na Câmara dos Deputados do Brasil, e presos.[59][60] A operação foi deflagrada durante o governo Dilma, mas os crimes iniciaram em 2004, no governo Lula, e perduraram até 2015, durante o governo Dilma. Os principais partidos envolvidos são PP, PT e PMDB,[61][62][63] no entanto, envolve outros políticos de diferentes partidos.[64][65]

Em 2014, membros do governo Dilma e a própria presidente, foram investigados pela compra da Refinaria Pasadena Refinery System Inc, que rendeu um prejuízo de 790 milhões de dólares à Petrobras.[66] Em dezembro de 2014, a Controladoria Geral da União (CGU), através do ministro Jorge Hage, apontou 22 responsáveis pelo negócio, entre eles, José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada, e isentou a presidente Dilma Rousseff, que presidiu o conselho de administração da Petrobras, e Graça Foster, de qualquer responsabilidade.[67] Em 2016, após o STF liberar os depoimentos de delação premiada de Nestor Cerveró, tornou-se público que o delator acusava a presidente afastada, Dilma Rousseff, de ter conhecimento dos pagamentos de propinas a políticos do PT, na compra da refinaria.[68]

Em 2017, Dilma Rousseff teve seus bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por prejuízos à Petrobras, e outros cinco ex-membros do Conselho de Administração da estatal também foram atingidos. No entanto, em 2021, o TCU considerou a ex-presidenta inocente da acusação de que teria agido de má-fé ao concordar com a compra da refinaria[69]

Governo Michel Temer

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Michel Temer sorrindo. O fundo é azul e contém o símbolo de seu governo.
Michel Temer em 2017.

Os escândalos de corrupção apurados pela Operação Lava Jato continuaram sendo apurados após o impeachment de Dilma Rousseff. Em pouco dias de existência, o governo Michel Temer enfrentou o seu primeiro caso de escândalo e a primeira saída de um ministro, após o jornal Folha de S.Paulo divulgar gravações do ministro do planejamento, Romero Jucá, numa conversa telefônica de março de 2016 com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Na conversa, quando ainda era senador pelo PMDB, Jucá sugeriu que uma mudança de governo Dilma Rousseff poderia paralisar a operação, que investigava ambos os interlocutores.[70]

Em 17 de maio, os proprietários do frigorífico JBS disseram, em delação, que gravaram o presidente Michel Temer autorizando a compra do silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, quando ele já estava preso pela Lava Jato. O empresário Joesley Batista, dono da JBS, teria entregue uma gravação feita em março de 2017 em que Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Loures para resolver assuntos da J&F, uma holding que controla o frigorífico JBS. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com quinhentos mil reais, enviados por Joesley. Em outra gravação, também de março, o empresário teria dito a Temer que estava pagando uma "mesada" a Cunha e ao operador Lúcio Funaro, a fim de que permanecessem calados na prisão.[71] Esse escândalo gerou vários protestos populares e fez com que se fosse questionado se Temer poderia continuar no cargo de presidente.[carece de fontes?]

Governo Jair Bolsonaro

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No governo de Jair Bolsonaro iniciado em 2019, o Decreto n. 9.690/2019 assinado em janeiro causou a discussão e a preocupação dos órgãos que monitoram a corrupção brasileira,[72] o decreto assinado pelo presidente em exercício, Hamilton Mourão e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, autorizaria servidores comissionados a decretarem sigilo ultrassecreto a dados públicos; esse poder é restrito, até então, ao presidente da República, seu vice, ministros de Estado, comandantes das Forças Armadas e chefes de missões diplomáticas no exterior;[73] no mês seguinte, em votação simbólica, os deputados derrubaram o decreto que seguiu para o Senado para nova deliberação,[74] sendo então arquivado.[75] Na Câmara e no Senado foram apresentados projetos propondo a anulação do decreto por inconstitucionalidade: O PDL 3/2019, aprovado pela Câmara, onde recebeu pedido de urgência com 367 votos favoráveis e 57 contrários, e encaminhado ao Senado, na Casa já tramitavam duas propostas semelhantes (PDL 22/2019 e PDL 27/2019).[75] A decretação por parte do governo Bolsonaro de sigilos de 100 anos para diversos documentos tem sido alvo de grande controvérsia. Entre esses documentos colocados sob sigilo, estão: o cartão de vacinação do Presidente Bolsonaro; as informações dos crachás de acessos dos filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro ao Palácio do Planalto; o processo interno do Exército contra o general Pazuello,[76] por infração do regimento disciplinar do Exército.[77] Alguns sigilos terminaram sendo derrubados, como os contratos referentes à aquisição da vacina indiana Covaxin. Advogados constitucionalistas já criticaram o uso da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para decretação de sigilos, pelo prejuízo à transparência pública.[78]

Em junho de 2021, o jornal Estado de São Paulo revelou que o Ministério da Saúde, comandado então pelo general Pazuello, havia concordado em pagar U$15,00 por unidade da dose da vacina indiana Covaxin, embora telegrama enviado pela embaixada brasileira na India ao Itamaraty informasse que o preço praticado pela empresa Bharat Biotech fosse de apenas U$1,34.[79] O sobrepreço praticado era de mais de 1.000%. No mesmo mês de junho, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda revelou que teria sido pressionado a assinar o contrato para compra de 20 milhões de doses da Covaxin, que seria representada no Brasil pela empresa Precisa.[80] O irmão de Luís Miranda, o deputado federal Luís Cláudio Miranda (DEM-DF), alegou que informara o próprio Presidente Bolsonaro a respeito dessas pressões em uma reunião no dia 20 de março de 2021,[81] o que gerou suspeitas de prevaricação. O escândalo foi investigado na CPI da pandemia, que no seu relatório final, apresentado pelo relator Renan Calheiros em 26 de outubro de 2021, constatou que o trâmite para aquisição da Covaxin foi mais ágil e diferenciado em relação a outros imunizantes, e que a empresa responsável, Precisa, já tivera problemas com o Ministério da Saúde.[82] Em janeiro de 2022, a Polícia Federal pediu o arquivamento da acusação de prevaricação contra o Presidente Bolsonaro no caso da vacina Covaxin, por entender que não seria seu dever comunicar os órgãos de controle sobre as suspeitas que lhe foram repassadas[83] Ainda assim, o relatório da PF não nega que o Presidente tivesse conhecimento das suspeitas.

Foi preso pela Polícia Federal, em 22 de junho de 2022, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Segundo a operação "Acesso Pago", Ribeiro estava sendo investigado por corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.[84] A PF encontrara indícios de que recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) tinham sido liberados mediante o pagamento de propina.[84] Num dos áudios captados pela operação, o então ministro comprometia diretamente o presidente Jair Bolsonaro. Na gravação, Ribeiro declarava que o chefe do poder executivo havia definido os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura como intermediários dessas verbas, ainda que não tivessem cargos oficias.[85] Segundo a PF, os lobistas atuavam a partir de um "gabinete paralelo" e também foram presos.[86][87] Três dos aspectos mais ruidosos do caso foram os pedidos de propina em barras de ouro,[86] o uso de dinheiro público para imprimir bíblias estampadas com o rosto do ministro da Educação e dos lobistas[88] e a fala de Bolsonaro sobre colocar "a cara no fogo[89]" pelo então ministro, que acabaria exonerado ainda em maço de 2022 em reação à pressão da opinião pública. Em outubro de 2022, a ministra Cármen Lúcia (STF) determinou que a Polícia Federal deve se manifestar sobre o modo como irá investigar a participação do presidente Jair Bolsonaro no caso.[90] Na imprensa, o caso também ficou conhecido como o Bolsolão do MEC.

As intervenções de Bolsonaro na Polícia Federal,[91] no COAF (depois que Flávio Bolsonaro teve as suas movimentações investigadas pelo órgão)[91] e a escolha de um Procurador Geral da República por fora da lista tríplice[92] definida pelos membros do Ministério Público[93] são tidas como práticas que diminuem a independência dos órgãos que combatem a corrupção no Brasil. Em outubro de 2020, Bolsonaro declarou ter dado fim à Operação Lava-Jato.[94][95] A reorganização do grupo político "centrão" durante o período permitiu que o Congresso Nacional inflasse o orçamento secreto e abrandasse a lei de improbidade administrativa.[96]

Índices e estatísticas

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Índice de Percepção da Corrupção

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Visão geral do Índice de Percepção da Corrupção de 2018, o Brasil obteve a nota 35 de 100
Brasil no Índice de Percepção da Corrupção de 2008 a 2018

O Índice de Percepção da Corrupção, criado pela ONG Transparência Internacional, é uma ferramenta de medição da corrupção no mundo que existe desde 1995 e reúne resultados de 180 países e territórios. A pontuação indica o nível percebido de corrupção no setor público numa escala de 0 a 100, em que 0 significa que o país é considerado altamente corrupto e 100 significa que o país é considerado bastante íntegro.

Em 2014, o Brasil foi classificado na 69.ª posição entre 175 países e territórios, empatando com Bulgária, Grécia, Itália e Romênia mas ficando atrás de Cuba (63.°), Chile (22.°), Uruguai (19.°) e da maioria dos países da Europa e América do Norte. Este resultado classifica o Brasil como tendo a corrupção percebida pela sua população em um nível menor do que outras economias emergentes tais como Índia (83.°), República Popular da China (100.°) e Rússia (136.°) e que a maioria das nações sul-americanas, por exemplo, Peru (83.°), Colômbia (94.°) e Argentina (106.°).[97]

Em 2015, o Brasil ficou na 76.º e o índice brasileiro foi de 38, cinco pontos a menos que em 2014, quando o país ficou em 69.º lugar. Naquele ano, 175 países foram analisados –, ou seja, o Brasil piorou tanto sua posição quanto sua nota. Foi o pior resultado de uma nação no relatório 2015 comparando com o ano anterior.[98]

Em 2017, o Brasil ficou em 96.º lugar no ranking de países menos corruptos de 2017. O estudo avaliou a percepção da corrupção no setor público de 180 países.[99]

Em 2018, o Brasil ocupou o 105.º lugar entre 180 posições, com nota de 35 pontos de 100 pontos.[100] Atrás de países como Arábia Saudita, Burkina Faso, Sri Lanka, Ruanda e Timor-Leste empatando com Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Armênia, Timor-Leste, Argélia e Zâmbia.[100] Este é o pior patamar de classificação, de 2012 até 2018 o país perdeu 8 pontos (um decréscimo de 18,6%) e caiu 36 posições, o que representa 52,17% se consider o lugar que ocupava em 2012; é abaixo da média global (43 pontos) e da média dos BRICS (37 pontos); dos 32 países da América, está em 20º lugar, enquanto em 2012 estava em 12º tendo sido ultrapassado por Jamaica, Suriname, Trinidad e Tobago, Argentina, Guiana, Colômbia e Panamá.[101]

Em 2019, o Brasil passou a ocupar o 106.º lugar, pontuando 35 pontos de 100,[102] o valor mais baixo desde 2012 — ano em que o índice passou por alteração metodológica e passou a permitir a leitura em série histórica; segundo a organização, o declínio se deve à falta de aprovação de reformas que atacassem as raízes da corrupção e retrocessos em série, por exemplo, uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli que praticamente paralisou, durante metade do ano, o sistema de combate à lavagem de dinheiro do Brasil.[103]

Em 2023, o Brasil caiu duas posições e ficou em 104º lugar entre 180 países no Índice de Percepção da Corrupção, na média, a pontuação brasileira caiu de 38 para 36 pontos em 2023, a pior queda desde 2017, quando o país perdeu 17 posições no ranking em relação a 2016 (foi de 79º para 96º lugar). De acordo com a Transparência Internacional, o declínio está associado à tentativa de neutralizar o sistema de freios e contrapesos da democracia durante os anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao mesmo tempo, a organização observa a falta de empenho da administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em restaurar esse sistema e os mecanismos de controle da corrupção durante seu primeiro ano de mandato.[104] A BBC News brasil elencou sete motivos que fizeram o Brasil cair no ranking, entre os motivos estão a ingerência e autonomia das instituições como o "desmanche do pilar de controle jurídico" de organismos como a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal (PF), a Controladoria-Geral da União (CGU), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), a Advocacia-Geral da União (AGU), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Receita Federal, entre outros; a manutenção do Orçamento secreto e mecanismos de barganha como a reintrodução do loteamento das estatais; redução da transparência na forma de um "apagão de dados governamentais, "emprego de sigilos abusivos e restrições de acesso e "extinção dos espaços institucionalizados de participação social"; fake news e discurso de ódio "por meio de canais oficiais e de manifestações de autoridades públicas, da articulação e do financiamento oculto de milícias digitais e da alocação de verbas de publicidade oficial para veículos de desinformação e mídia oficialista"; lobby advocatício; exacerbação dos poderes do STF e TSE e aumento do [[Fundo Especial de Financiamento de Campanha |fundão]] e flexibilização de mecanismos de transparência.[104][105]

Corrupção e Judiciário

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No Brasil, a fim de se averiguar se os servidores públicos corruptos são ou não punidos judicialmente, elaborou-se um estudo[106] que se valeu do sistema de responsabilidade tríplice (Administrativo, Penal e Cível) e buscou averiguar o desempenho do Judiciário frente à corrupção.

Do ponto de vista teórico, a partir do modelo que aplica a Teoria Econômica do Crime aos casos de corrupção, limitando-se aos servidores públicos, concluiu-se que: (i) O nível de corrupção é contínuo e não discreto; (ii) um incremento na sanção judicial para o servidor tende a reduzir o nível de corrupção, uma vez que aumenta os custos do indivíduo caso seja pego; (iii) o incremento na probabilidade de punição também tende a reduzir a corrupção; (iv) um aumento na probabilidade de punição é a variável mais importante no estabelecimento do nível de equilíbrio atual de corrupção, já que o efeito de um aumento na probabilidade de punição é um aumento maior da renda necessária para que a corrupção seja realmente interessante para o agente corruptor.

Já do ponto de vista empírico, buscou-se mensurar a probabilidade de punição em casos de corrupção. Analisou-se o sistema de responsabilidade redundante nos casos de corrupção cometidos por servidores públicos, no qual o agente corrupto pode enfrentar cumulativa e independentemente sanções criminais, cíveis e administrativas por suas ações. Utilizando a suposição de que os servidores públicos punidos administrativamente são realmente corruptos como proxy - ou aproximação - para todos os casos de corrupção, verificou-se que o sistema judicial brasileiro - entendido de forma ampla - é altamente ineficaz no combate à corrupção.

Numericamente falando, apenas 4,5% dos servidores demitidos foram judicialmente reintegrados, inferindo-se que é um mito a afirmativa de que a maioria dos servidores públicos demitidos retornam à Administração Pública. Por outro lado, os resultados também demonstram que a chance de um servidor público corrupto ser criminalmente processado é muito menor que 34,01%. Além disso, a chance de ser efetivamente condenado criminalmente é de cerca de 3,17%.

Em 2010, um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontou que o custo anual da corrupção no país é de 1,38 por cento a 2,3 por cento do Produto interno bruto (PIB).[7]

Levantamento divulgado pela Advocacia-Geral da União (AGU), com dados do trabalho desenvolvido pela instituição até agora durante este ano em defesa do patrimônio público, mostra que as execuções de condenações do Tribunal de Contas da União (TCU) e de ações judiciais de improbidade administrativa, em 2.763 processos, resultaram na cobrança de um total de R$ 1,68 bilhão a políticos, agentes públicos e empresários. Dados da Controladoria-Geral da União (CGU), por sua vez, apontam que o setor da saúde é o recordista em desvios no País - foram 613 milhões de reais detectados de 2003 a 2007. A área da educação vem em seguida, com desvios de cerca de 470 milhões de reais no mesmo período.

Em 2013, um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostrou que dos 3.742 processos por improbidade administrativa que ingressaram na Justiça em 2012, apenas 1.074 foram julgados. Além disto, em dois anos — 2011 a 2012 —, 2,9 mil ações por corrupção e lavagem de dinheiro prescreveram.[107]

Em 2018, um projeto da Universidade de São Paulo (USP) mapeou as redes de relacionamento entre os escândalos de desvio de dinheiro público que assolaram o Brasil após a redemocratização. Foram mapeados 404 nomes – entre políticos, empresários, funcionários públicos, doleiros e laranjas –, de pessoas envolvidas em 65 escândalos de corrupção entre 1987 e 2014. "Essas redes criminosas operam de forma similar ao tráfico de drogas e às redes terroristas", explica Luiz Alves, pós-doutorando no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, e um dos cinco pesquisadores do projeto.[108]

Práticas de corrupção

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A extorsão é semelhante ao roubo porém a diferença é que no roubo, não importa a cooperação da vítima o criminoso pode conseguir seu objetivo sem que a vítima coopere, enquanto na extorsão, o criminoso apenas consegue subtrair a coisa alheia se a vítima coopera.[109] Exemplos de extorsão que ocorrem no Brasil são a prática de fiscais corruptos exigir propinas de fiscalizados,[110] guardadores não-solicitados de veículos ou "flanelinhas"[111] e sequestros.[112]

Extorsão sexual

A extorsão sexual é uma das formas mais significativas de corrupção baseada em gênero; as mulheres são mais propensas a pagar propina por assistência médica e educação em escolas públicas, enquanto os homens são mais propensos a pagar propina para a polícia, serviços de utilidade pública e documentos de identidade 33 algumas mulheres são forçadas a oferecer favores sexuais para receber serviços públicos, no Brasil, o percentual de cidadãos que sofrem extorsão sexual ou conhecem alguém que sofreu é de 20 por cento.[113]

Fraudes a licitações

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Ver artigos principais: superfaturamento e cartel
Exemplos de fraudes
  • De 2013 a 2019 , cinco cidades na região de Ribeirão Preto (SP) registraram esquemas de fraudes em licitações que, juntos, desviaram ao menos R$ 531 milhões dos cofres públicos.[114]
  • O ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho e mais 21 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal por fraudes nas licitações, desvios e superfaturamento de recursos destinados à obra do Museu do Trabalho e do Trabalhador[115]
  • A Máfia dos concursos liderada pela família Ortiz, além de fraudar concursos, atuava na falsificação de diplomas, certificados de pós-graduação e fraudes em vestibulares de medicina.[116]

Em junho de 2019, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto da nova Lei de Licitações (PL 1292/95, do Senado), até então a atual Lei de Licitações é de 1993 (8666/93), o projeto aprovado sucedeu a diversos outros que trataram, desde 2013, de propostas de revisão da Lei de Licitações; o projeto inicial, PLS 559/2013, teve sua redação final aprovada pelo Senado em dezembro de 16, seguindo para a Câmara dos Deputados (onde recebeu o número 6814/2017).[117]

Para o procurador da República Leonardo Andrade Macedo, que integra um grupo de trabalho sobre licitações do MPF, o superfaturamento de obras é um dos principais mecanismos para desvio de recursos públicos no Brasil. Esse mesmo procurador propôs, em 2018, que fosse criada uma lei específica para esse tipo de crime.[118]

No Brasil, a Polícia Federal do Brasil apontou, em relatório emitido em 2010, que foi constatado superfaturamento de cerca de 700 milhões de reais em 303 obras públicas inspecionadas. A cada 100 reais desembolsados, 29 reais, em média, são superfaturados. Em valores absolutos, Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo lideram este ranking. A falta de fiscalização, aliada à cultura da desinformação, do compadrio e da impunidade, explicam o volume de recursos dissipados.[119]

Superfaturamento

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A Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelece limites de custos unitários, a partir dos quais é possível avaliar se os contratos relativos a determinada obra estão superfaturados ou não.[120]

A verificação quanto ao superfaturamento de obras públicas constitui-se em um dos principais objetivos nas auditorias governamentais, superfaturamento é quando ocorre a emissão de uma nota discriminada de um produto ou serviço cujo preço é superior ao praticado no mercado, o preço de mercado deve ser o resultado de uma análise técnico-científica e não uma opinião subjetiva.[121] Até o momento (2019), não há uma tipificação para o crime de superfaturamento, em março de 2018 o Ministério Público propôs que este crime seja especificado em uma nova lei de licitações; a proposta do Ministério Público é que o crime de superfaturamento em obras públicas preveja pena de reclusão de 4 a 12 anos, e multa, e em aquisições de bens e serviços, pena de reclusão de 4 a 8 anos, e multa. Segundo o procurador, o superfaturamento de obras é um dos principais mecanismos para desvio de recursos públicos.[122]

Fraudes em concursos públicos, processos seletivos, exames

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A Lei 12.550 de 2011 acrescentou o Capitulo 5º ao Título 10º do Código Penal, que trata de crimes contra a fé pública o artigo 311-A (Fraudes em certames de interesse público)[123]

As fraudes em concursos públicos consistem em obter de forma fraudulenta a pontuação necessária na prova aplicada para assim conseguir a classificação, as vagas para emprego no serviço público são limitadas e portanto bastante concorridas. Entre os métodos usados para obter a pontuação necessária o comprador da vaga obtém as respostas de antemão, tem o cartão das respostas preenchido pelo examinador da banca examinadora, uso de ponto eletrônico e rádio pra transmissão das respostas,[124] a recriação e preenchimento do gabarito pelo examinador, o uso de uma caneta que apaga com o calor permitindo ao examinador preencher novamente o gabarito,[125] celulares escondidos em banheiros e com os fraudadores pessoalmente usando documentos falsos para se passar pelo verdadeiro candidato.[116]

Lavagem de dinheiro

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Ver artigos principais: Lavagem de dinheiro e Doleiro
Exemplos de lavagem de dinheiro
  • O ex-presidente Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.[126] Em 2021, suas condenações foram anuladas pelo STF, pelo entendimento de que o juiz Sérgio Moro havia sido parcial em seus julgamentos, e que os casos tramitaram fora da jurisdição correta.[127]
  • O operador financeiro e delator Adir Assad teria lavado dinheiro para o Grupo Silvio Santos.[128]
  • Em 2019, a Polícia Federal prendeu doleiros acusados de lavagem de dinheiro no Rio Grande do Sul.[129]
  • O banqueiro Eduardo Plass foi preso por lavar dinheiro, as empresas de Plass lavaram um total de 90 milhões de reais para joalherias como a H. Stern, o dinheiro era de vários clientes, incluindo Sérgio Cabral Filho e outros membros da organização criminosa.[130]

A lavagem de dinheiro consiste em encobrir a origem de dinheiro obtido por meio de corrupção, roubos, tráfico de drogas, extorsão etc e assim possa ser utilizado, quando alguém consegue dinheiro através de atividades ilícitas, esse dinheiro não pode ser usado pois a Receita Federal perceberia irregularidades, então a lavagem de dinheiro é usada para “limpar” o dinheiro, ou seja, criar uma falsa origem para ele.[131] De acordo com o diretor de relacionamento institucional e cidadania do Banco Central (BC), Isaac Sidney Ferreira, a lavagem de dinheiro movimenta algo como 6 bilhões de reais por ano no Brasil, no mundo a cifra sobe a 2% a 5% do PIB global ou algo como um trilhão de dólares por ano.[132]

Em 2019, o Brasil foi considerado líder global em lavagem de dinheiro, segundo a 11ª edição do Relatório Global de Fraude & Risco da Kroll (20109), empresa de gestão de riscos e investigações corporativas, a prática foi testemunhada em 23 por cento das companhias brasileiras, número superior à média global de 16 por cento.[133][134]

A Transparência Internacional elaborou um relatório sobre o uso do mercado imobiliário na cidade de São Paulo para fins de lavagem de dinheiro, a investigação descobriu que na cidade, 3.452 propriedades estão registradas em nome de 236 empresas ligadas a paraísos fiscais e jurisdições que oferecem sigilo; essas propriedades estão avaliadas em pelo menos 2,7 bilhões de dólares, o equivalente a cerca de 8,6 bilhões de reais.[135]

O crime da lavagem de dinheiro é regulamentado pela Lei 12.683 de 2012,[136] que ampliou a abrangência da legislação penal e configurou o crime como sendo a "dissimulação e ocultação da origem de recursos provenientes de qualquer crime ou contravenção penal" como jogo do bicho e exploração de máquinas de caça níqueis.[137]

Criada em 2003 pelo Ministério da Justiça, a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) contribui para a sistematização das várias iniciativas para a articulação dos órgãos dos três poderes da República, Ministérios Públicos, sociedade civil e iniciativa privada que atuam direta ou indiretamente na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro e outros crimes.[138] O Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), vinculado ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça, é a realização da meta 16 da ENCCLA 2006, que previa a necessidade de "implantar laboratório modelo para a aplicação de soluções de análise tecnológica em grandes volumes de informações e para a difusão de estudos sobre as melhores práticas em hardware, software e a adequação de perfis profissionais".[137]

Evasão de divisas

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Ver artigo principal: Evasão de divisas
Exemplos de evasão de divisas
  • O empresário Luiz Estevão foi condenado pelo STJ a 8 anos de reclusão pelo crime de evasão de divisas.[139]
  • A jornalista Cláudia Cruz foi condenada pelo TRF4 a 2 anos e seis meses pelo crime de evasão de divisas ao manter a conta no exterior e não ter declarado o saldo às autoridades brasileiras.[140]

Evasão de divisas, é a conduta de efetuar operação de câmbio não autorizada com o fim de promover a fuga de recursos do País. O termo "evasão" significa fugir, isto é, promover a remessa de divisas para o exterior em desconformidade com as normas cambiais nacionais.[141]

Ver artigo principal: Peculato
Exemplos de peculato
  • O governador do Amapá, Waldez Góes foi condenado por peculato ao reter valores descontados dos salários dos servidores.[142]
  • Em 2019, a Polícia Federal prendeu um funcionário dos Correios, no Ceará, por crime de peculato, ele subtraía as encomendas das pessoas e as vendia em uma feira.[143]
  • O ex-presidente Michel Temer foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro.[144]

O peculato ocorre quando um funcionário público em razão de seu cargo, tem a posse de um bem público e então se apropria ou desvia o bem, em benefício próprio ou de terceiro, é um crime descrito no artigo 312 do Código Penal,[145] que prevê pena de prisão de 2 a 12 anos e multa; a lei prevê pena mais branda para os casos culposos, quando o servidor público não teve intenção de cometer o crime, bem como para os casos onde o servidor incorrer em erro de outra pessoa, conforme artigo 313 do mesmo Código.[146]

A corrupção passiva também é cometida apenas por funcionários públicos mas, ao contrário do peculato, não tem nada a ver com apropriar ou desviar bens. É possível que um servidor público cometa tanto a corrupção passiva, quanto o peculato; por exemplo: o funcionário recebe propina (corrupção passiva) para favorecer uma empresa em uma licitação (peculato). Alguns estudiosos, de acordo com Lilian Matsuura, consideram que ambos podem ser considerados um mesmo crime continuado.[147]

Suborno ou propina

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Ver artigo principal: Suborno

O relatório Barômetro global da corrupção América Latina e Caribe 2019 feita pela ONG Transparência Internacional constatou que as experiências das pessoas na América Latina e Caribe variam e que alguns serviços controlam a corrupção de forma diferente e entre todos os países, o Brasil é um dos que menos pagam suborno (11%) no serviço público; dos serviços públicos que mais requisitam suborno estão a Polícia (24%), serviços de utilidade pública (19%), documentos de identidade (15%), escolas públicas (12%), tribunais (11%) e hospitais ou clínicas públicas (10%)[113]

Na área da educação existem relatos da ocorrência de várias práticas corruptivas, como a exigência de pagamento por parte dos pais para a garantia de vagas em creches ou escolas públicas, bem como para obterem privilégio de alguns professores, como algum atendimento diferenciado em relação aos outros alunos.[148]

Excesso de burocracia

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Segundo Abdenur, diretor do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), o excesso de burocracia pode fazer parte do círculo vicioso da corrupção. "A ineficiência alimenta a corrupção e a corrupção alimenta a ineficiência", afirmou Abdenur.[8]

Em 2017, duas pesquisas divulgadas em outubro, mostram que para os brasileiros, o excesso de burocracia facilita a corrupção. Além disso, a papelada atrapalha tanto a rotina das empresas quanto a do cidadão comum. As duas pesquisas foram feitas em fevereiro, a pedido da Fiesp e Ciesp. O objetivo das pesquisas era saber como o brasileiro percebe a burocracia no dia a dia.[149] Para mais de 90 por cento, o excesso de burocracia abre espaço para corrupção e dificulta o desenvolvimento econômico e o ambiente de negócios do Brasil.[149]

Instituições frágeis

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Em um artigo na Gazeta do Povo, os jornalistas Antônio Geraldo da Silva e Fernando Portela Câmara apontam que "se a corrupção é endêmica em nosso país, a causa não está no caráter, mas no afrouxamento de todas as instituições na observância da lei, moralidade e ética". Ainda de acordo com o artigo, em uma cultura institucionalizada do "molhar a mão do guarda" somos levados ao que denominamos de cegueira ética, uma doença crônica social que altera a percepção e o julgamento da maioria das pessoas.[150]

O Transparência Internacional, que mede o Índice de Percepção de Corrupção, concluiu que nas últimas colocações do índice são caracterizados pela ampla impunidade da corrupção, governança fraca e instituições frágeis.[151]

Dirigismo estatal

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O economista Paulo Guedes afirmou que a causa principal da corrupção é a manutenção do dirigismo estatal. O economista Rodrigo Constantino afirmou que a estrutura administrativa centralizada permanece, e que o dirigismo econômico estatal seria a causa maior da corrupção, indo de acordo com Paulo Guedes.[152]

O jornal O Globo, em editorial, afirmou que "é necessário, porém, atacar pilares estruturais do roubo do dinheiro do contribuinte e da sociedade em geral, como a quantidade absurda de estatais. É a existência delas que facilita a corrupção, pois fica mais fácil desviar dinheiro graúdo onde há operações vultosas de compra e venda. Não é por coincidência que, nos Estados Unidos, existe pouca ou nenhuma corrupção do tipo praticado no Brasil."[153]

Segundo Ari Cunha, do Correio Braziliense " é preciso destacar a forte herança patrimonialista, herdada da colonização e que, ainda hoje, permeia alguns setores do Estado. É justamente esse modelo que acabou gerando ao longo do tempo uma centena e meia de estatais, onde estão fincadas as origens da corrupção, sua retroalimentação e perpetuação." De acordo com o colunista, "apenas os governos Lula e Dilma foram responsáveis pela criação de mais de 40 estatais, fundadas sob o falso verniz ideológico do Estado forte, mas cujo objetivo era angariar recursos para o partido".[154]

Morosidade das investigações

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Segunda a Revista Veja, um outro problema é a morosidade para se investigar. As investigações sobre corrupção concluídas pela Polícia Federal no país duram, em média, um ano e dez dias. Segundo a PF a falta de disponibilidade de recursos é apontada como causa da demora das apurações.[155]

Morosidade da Justiça

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Ver artigo principal: Morosidade da justiça

Para o historiador Marco Antonio Villa a "morosidade da Justiça fortalece a impunidade e estimula a corrupção". Marco Antonio Villa lembrou ainda a existência de acusações gravíssimas no caso do poder judiciário que envolvem vendas de sentenças. "Quando não se pune ninguém, esses fatos vão crescendo em progressão geométrica. E há uma absoluta desvalorização da estrutura democrática brasileira e do Estado brasileiro. A punição deve ser rápida e exemplar. A morosidade da Justiça fortalece a impunidade e estimula a corrupção", afirmou Villa.[156]

Foro privilegiado

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Para o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, o foro privilegiado é uma das causas da corrupção na política. Segundo o ministro, o "foro privilegiado cria impunidade" e precisa ser extinto em todas as instâncias públicas. "O foro privilegiado é uma jabuticaba que já apodreceu no Brasil", afirmou Barroso.[157][158]

O juízes federais Marcelo Bretas e Sergio Moro, considerados pilares no combate à corrupção,.[159][160][161][162][163] também defendem a restrição ao foro privilegiado. Em outubro de 2017, Bretas defendeu que o foro privilegiado é a principal barreira no combate à corrupção.[164] Na visão do Sérgio Moro, o princípio do foro "fere a ideia básica da democracia de que todos devem ser tratados como iguais."[165][166]

Em maio de 2017, o procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol em um evento do Brazil Conference realizado pelas Universidades de Harvard e MIT criticou o foro privilegiado, que segundo ele "quebra o direito de igualdade perante a lei".[167] Em abril de 2018, o procurador e membro da força-tarefa da operação Lava Jato Carlos Fernando dos Santos, escreveu em suas redes sociais que as pessoas deveriam lutar pelo fim do foro privilegiado. "Lute pelo fim do foro privilegiado, de mudanças nas leis penais e no fortalecimento da democracia", escreveu o procurador.[168]

O fato de os políticos gozarem de direitos como o foro privilegiado e serem julgados de maneira diferente da do cidadão comum também contribui para a impunidade.[169] Segundo o advogado e político brasileiro Tarso Genro, "a demora no processo está vinculada à natureza contenciosa, que assegura direitos para as partes de moverem até o último recurso."[170] Da mesma forma manifestou-se o então presidente do STF Joaquim Barbosa, em discurso feito na Costa Rica em maio de 2013. Segundo Barbosa, uma das causas da impunidade no Brasil seria o foro privilegiado para autoridades.[171]

Defensores do foro privilegiado, todavia, alegam que sua extinção poderia tornar ainda mais morosa a tramitação de processos judiciais contra autoridades, e influências políticas de todo tipo sobre juízes de primeira instância. Segundo Cláudio Weber Abramo, da ONG Transparência Brasil, que classifica o judiciário brasileiro como o "pior do mundo", a Ação Penal 470 (mais conhecida como "Mensalão") poderia levar até 60 anos para chegar à decisão final, se os réus interpusessem todos os recursos possíveis previstos pela legislação.[172] O raciocínio também pode ser aplicado na análise da ação penal denominada "mensalão tucano" (e que precedeu o "mensalão petista"),[173] onde os implicados foram beneficiados pelo desmembramento do processo e seu retorno para a primeira instância. Segundo a subprocuradora Deborah Duprat, "nunca sabemos se esse julgamento um dia chegará ao fim".[174]

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) defende que o foro há desvantagens, já que a pessoa julgada não pode recorrer a instâncias superiores. No entanto, o apego de políticos investigados à prerrogativa de foro mostra que, na prática, a situação é vista como um privilégio. Há dados que explicam essa percepção. Um levantamento do projeto Supremo em Números, da FGV Direito Rio, mostrou que, de janeiro de 2011 a março de 2016, apenas 5,8 por cento das decisões em inquéritos no STF foram desfavoráveis aos investigados, com a abertura da ação penal. Ainda segundo a pesquisa, o índice de condenação de réus na Corte é inferior a um por cento.[175]

Um dos principais problemas que dificultam o combate à corrupção é a cultura de impunidade ainda vigente no país, apontada inclusive pelo Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU em maio de 2009.[176] A justiça é morosa, e aqueles que podem pagar bons advogados dificilmente passam muito tempo na cadeia ou mesmo são punidos.[177]

Em estudo divulgado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), foi revelado que entre 1988 e 2007, isto é, um período de dezoito anos, nenhum agente político foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Durante este tempo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou apenas cinco autoridades.[178] Esta situação começaria a mudar em 2013, quando 12 condenados na Ação Penal 470 foram levados à prisão sob variadas acusações de suborno, corrupção e lavagem de dinheiro.[179] Na opinião de analistas, decisões futuras do STF estabelecerão se este foi um julgamento de exceção,[180][181] ou se representou um avanço contra a impunidade.[182]

Segundo Abdenur, a impunidade seria uma causa da corrupção. O principal problema do Brasil, na opinião do especialista, é a falta de punição correta para esse tipo de crime. "No Brasil existe um problema sério de impunidade. Nos Estados Unidos, a média para que uma sentença em casos de corrupção saia é de um ano. Já no Brasil, esse tempo é de dez". Ainda segundo Abdenur, a quantidade de recursos permitidos pelo sistema judiciário brasileiro contribui para que casos sejam arrastados até sua prescrição, fazendo com que culpados saiam impunes de suas acusações. "Isso cria uma cultura de leniência com as transgressões. O cidadão pode pensar: se o político rouba e não acontece nada, então também vou deixar de pagar meus impostos", diz.

Medidas anticorrupção

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Manifestação contra a corrupção na Avenida Paulista com pessoas vestindo camisetas brancas
Protesto contra a corrupção na Avenida Paulista, em 2011.
Protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra a então presidente Dilma Rousseff e para pedir o fim da corrupção no país (2015)
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante lançamento da campanha "Todos juntos contra a corrupção", no Conselho Nacional do Ministério Público, 2017

Medidas governamentais

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Lei anticorrupção

Instituída em 2013, a Lei anticorrupção (Lei nº 12.846/2013) é uma lei ordinária de autoria do poder executivo que trata da responsabilização objetiva administrativa e civil de empresas pela prática de atos contra a Administração Pública, nacional ou estrangeira, a lei prevê punições como multa administrativa - de até 20% do faturamento bruto da empresa ou até 60 milhões de reais.[183]

Programa de Integridade

Em novembro de 2018 o então presidente Michel Temer assinou o decreto nº 9.203/2017[184] que estabelece procedimentos para estruturação, execução e monitoramento de programas de integridade ( ou compliance) em órgãos e entidades do Governo Federal (ministérios, autarquias e fundações públicas).[185] A regulamentação definiu diretrizes, etapas e prazos para que os órgãos federais criassem os próprios programas para prevenir, detectar, remediar e punir fraudes e atos de corrupção; inicialmente facultativa, os Planos de Integridade passaram a ser obrigatórios e deveriam ser aprovadados até o dia 29 de março de 2019.[186] É possível verificar se o órgão/entidade está submetido ao monitoramento obrigatório e se já enviou à CGU as informações sobre a implantação do programa através do Painel de Integridade Pública.

Pró-Ética

A iniciativa Pró-Ética[187] foi instituída em 9 de dezembro de 2010, por meio da parceria da Controladoria-Geral da União e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a iniciativa foi criada para fomentar junto ao setor empresarial a adoção voluntária de medidas de integridade e de prevenção da corrupção.[188]

Brasil Transparente

Com a aprovação da Lei de Acesso à Informação - LAI (Lei nº 12.527/11), o Brasil passou a garantir ao cidadão o direito amplo a qualquer documento ou informação produzidos ou custodiados pelo Estado que não tenham caráter pessoal e não estejam protegidos por sigilo", posteriormente instituindo em 7 de fevereiro de 2013 através da Portaria n° 277, o programa Brasil Transparente.[189] Até outubro de 2018, 1.819 municípios aderiram ao programa, 33% na região Nordeste, 20% no Sul, 24% no Sudeste, 11% no Norte, 12% no Centro-Oeste, além de dez adesões em âmbito nacional.[190]

Programa Empresa Íntegra

Criado pela Controladoria-Geral da União e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Programa Empresa Íntegra promove a ética e a integridade em empresas de todo o Brasil.[191]

Campanha Pequenas Corrupções – Diga Não

Em junho de 2013, a Controladoria-Geral da União lançou a Campanha “Pequenas Corrupções – Diga Não”.[192] De acordo com a CGU, as "peças buscam chamar a atenção e promover a reflexão sobre práticas comuns no dia-a-dia dos brasileiros, como falsificar carteirinha de estudante; roubar TV a cabo; comprar produtos piratas; furar fila; tentar subornar o guarda de trânsito para evitar multas; entre outras". Outro exemplo são as frequentes fraudes ao seguro-desemprego.[193]

Dez medidas contra a corrupção

Dez medidas contra a corrupção é um projeto criado em 2015 pelo Ministério Público Federal (MPF) que tem por objetivo a apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular ao Congresso Nacional, destinado ao aperfeiçoamento do sistema jurídico, de modo a reprimir a corrupção e a impunidade no Brasil; as propostas de alterações legislativas buscam por exemplo criminalizar o enriquecimento ilícito, aumentar penas da corrupção, agilizar o processo penal etc.[194]

Sociedade civil

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Por parte da sociedade civil, instituições como a Transparência Brasil e movimentos como Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral fazem o seu papel de denunciar e combater as manifestações de corrupção.[195][196] Em 2014, novos movimentos surgiram no embate à corrupção como Movimento Brasil Livre e Movimento Vem pra Rua.[197][198][199][200]

Um outro instrumento eficaz no combate à corrupção é a transparência (prestação pública de contas dos atos administrativos). Conforme indica o economista Marcos Fernandes da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, "para combater a corrupção, é preciso ter políticas de longo prazo, preventivas, é preciso fazer uma reforma administrativa(...). Disseminar a bolsa eletrônica de compras, informatizar os processos de gestão, permitir que o cidadão fiscalize a execução orçamentária on-line".[195]

Segundo o relatório anual Assuntos de Governança, publicado desde 1996 pelo Banco Mundial, há uma curva ascendente no índice que mede a eficiência no combate à corrupção no Brasil. O índice, que avalia 212 países e territórios, registra subida descontínua da situação brasileira desde 2003, tendo atingido seu pior nível em 2006, quando atingiu a marca de 47,1 numa escala de 0 a 100 (sendo 100 a avaliação mais positiva). Mesmo se comparado a outros países da América Latina, o Brasil ficou numa posição desconfortável: Chile, Costa Rica e Uruguai obtiveram nota 89,8.[201] O índice do Banco Mundial mede a percepção dominante entre ONGs e agências internacionais de análise de risco, sobre a corrupção vigente num determinado país.[202] Por isso alguns questionam a influência no índice de uma maior atuação fiscalizadora da imprensa e dos órgãos policiais, em especial a Polícia Federal, que desde 2003 realizou mais de 300 operações.[203]

De fato, conforme asseverou em 2014 o cientista político Antônio Lassance, apenas em 2003, a partir da definição das competências da Controladoria Geral da União (criada em 2001), pode-se falar em efetivo combate à corrupção no Brasil.[204] O número de servidores públicos demitidos por corrupção entre 2003 e 2013 subiu de 268 em 2003, para 528 em 2013,[205] e somente em 2013 foram realizadas 296 operações pela Polícia Federal,[206] contra 18 em 2003.[207] Em 2014, de acordo com a CGU 363 servidores públicos foram expulsos por corrupção. Desde 2003, informou a Controladoria-Geral da União, já foram expulsos do serviço público 5.390 funcionários da administração pública federal, dos quais 3.599 por corrupção representando 66,7%.[208]

Manifestantes de verde e amarelo se manifestando em defesa da Operação Lava Jato, segurando cartazes que dizem "Lula na cadeia!" e "Fora PT!"
Manifestantes de verde e amarelo se manifestando em defesa da Operação Lava Jato, segurando cartazes que dizem "Lula na cadeia!" e "Fora PT!"

A Operação Lava Jato, comandada pelo coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol e julgada em primeira instância pelo juiz federal Sergio Moro ficou amplamente conhecida por combater a corrupção no Brasil com mais de 150 prisões de empresários, políticos, lobistas e doleiros.[209] Além das prisões, houve mais de 100 condenações, com uma pena total superior a 1.200 anos de prisão.[210] A operação ganhou diversas premiações pelo combate à corrupção.[211][212] O juiz federal americano Peter Messitte, disse que o julgamento do mensalão e a Operação Lava Jato deixaram para trás os tempos em que escândalos de corrupção política terminavam em pizza no Brasil.[213] A Lava Jato fez com que milhões de pessoas tomassem as ruas em diversos protestos contra a presidente Dilma e pela defesa das investigações.

Em agosto de 2016, o juiz federal Sérgio Moro, depois de defender a proposta das "Dez medidas contra a corrupção" em audiência no Congresso, afirmou que o quadro de corrupção no país é "desalentador". Em palestra na Escola da Magistratura Federal do Paraná (Esmafe-PR), o juiz defendeu mudanças na legislação.[214] O juiz detalhou de forma técnica alguns dos pontos das "Dez Medidas Contra a Corrupção", projeto de autoria do Ministério Público Federal e que está em trâmite no Congresso Nacional. Uma das medidas que ele considerou de maior relevância é a criminalização do caixa dois das campanhas eleitorais. — "As eleições tem que ser limpas. Dinheiro não contabilizado significa burlar as regras da eleição" — afirmou Moro.[214]

Segundo o Transparência Internacional, processos judiciais decorrentes da operação Lava Jato, poderão ajudar o Brasil a frear a corrupção. A organização afirma que apenas reformas institucionais "sérias" permitirão acabar com a corrupção no Brasil.[215]

Em 2018, a Transparência Internacional em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicaram um pacote de combate à corrupção com mais de 80 sugestões de proposições legislativas, como emendas constitucionais e projetos de lei.[216]

Escrevendo para o Congresso em Foco, Marcus Vinicius de Azevedo Braga, doutor em Políticas Públicas pela UFRJ declarou:[217]

Não adianta [a população] vociferar em relação ao gestor ou à classe política diante dos escândalos [de corrupção], e sim entender que é preciso ajustes nos controles políticos e administrativos, fortalecendo a ideia de accountability, de gestores responsáveis e que podem ser responsabilizados. A agenda de uma accountability de reconstrução traz para a pauta essa visão sistêmica desses problemas, norteando reformas estruturais que mitiguem, de alguma forma, as questões subjacentes ao fenômeno da corrupção.
O ânimo investigativo e punitivo faz parte das modernas democracias, em especial face à complexidade do fenômeno da corrupção, dado que é um negócio de vultosos ganhos e que precisa ter respostas que imponham a este um grau de alto risco. Mas é preciso lembrar o ânimo restaurativo, pouco debatido na imprensa, mas que tem uma ciência própria e específica de retomar as rédeas daquele órgão capturado, e que permite avanços nas salvaguardas que revertem em melhores políticas públicas, devolvendo aquele que foi o maior prejuízo causado pela corrupção.
— Marcus Vinicius de Azevedo Braga, Congresso em Foco

Em março de 2018, a Netflix lançou a primeira temporada da série "O Mecanismo", dirigida por José Padilha, que retrata o mecanismo da corrupção sistêmica brasileira, retratando o escândalo do Banestado e o escândalo da Petrobras,[108] conhecido como Petrolão,[218] investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato, composta por procuradores da República do Ministério Público Federal e agentes da Polícia Federal do Brasil.[108]

Notas

  1. As fontes divergem sobre o período exato destes versos, se no período joanino - nos anos da permanência da família real portuguesa no Brasil[24][25] -, ou se no período imperial.[26]

Referências

  1. Luiz Flávio Gomes. «O custo da corrupção no Brasil». JusBrasil. Consultado em 29 de Junho de 2017 
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Ligações externas

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