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Rosalind Franklin: diferenças entre revisões

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'''Rosalind Elsie Franklin''' ([[Londres]], [[25 de julho]] de [[1920 na ciência|1920]] — Londres, [[16 de abril]] de [[1958 na ciência|1958]])<ref>{{citar web|url=https://profiles.nlm.nih.gov/ps/retrieve/Narrative/KR/p-nid/183|titulo=The Rosalind Franklin Papers - Biographical Information|data=|acessodata=|publicado=profiles.nlm.nih.gov|ultimo=|primeiro=}}</ref> foi uma [[Químico|química]] [[britânico|britânica]] que contribuiu para a entendimento das estruturas moleculares do [[Ácido desoxirribonucleico|DNA]], [[Ácido ribonucleico|RNA]], [[vírus]], [[carvão mineral]] e [[grafite]].<ref>{{citar web|url=https://profiles.nlm.nih.gov/ps/retrieve/Narrative/KR/p-nid/186|titulo=The Rosalind Franklin Papers - The Holes in Coal: Research at BCURA and in Paris, 1942-1951|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Embora seus trabalhos sobre o carvão e o vírus tenham sido apreciadas em sua vida, suas contribuições para a descoberta da estrutura do DNA tiveram amplo reconhecimento póstumo.
'''Rosalind Elsie Franklin''' ([[Londres]], [[25 de julho]] de [[1920 na ciência|1920]] — Londres, [[16 de abril]] de [[1958 na ciência|1958]])<ref>{{citar web|url=https://profiles.nlm.nih.gov/ps/retrieve/Narrative/KR/p-nid/183|titulo=The Rosalind Franklin Papers - Biographical Information|data=|acessodata=|publicado=profiles.nlm.nih.gov|ultimo=|primeiro=}}</ref> foi uma [[Químico|química]] [[britânico|britânica]] que contribuiu para a entendimento das estruturas moleculares do [[Ácido desoxirribonucleico|DNA]], [[Ácido ribonucleico|RNA]], [[vírus]], [[carvão mineral]] e [[grafite]].<ref>{{citar web|url=https://profiles.nlm.nih.gov/ps/retrieve/Narrative/KR/p-nid/186|titulo=The Rosalind Franklin Papers - The Holes in Coal: Research at BCURA and in Paris, 1942-1951|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Embora seus trabalhos sobre o carvão e o vírus tenham sido apreciadas em sua vida, suas contribuições para a descoberta da estrutura do DNA tiveram amplo reconhecimento póstumo.


Nascida em uma notável [[família judaica]] britânica, Franklin foi educada em uma escola particular em Norland Place, no oeste de Londres, na ''Lindores School for Young Ladies'' em [[Sussex]], e na ''St Paul's Girls' School'', em Londres. Depois, ela estudou [[Ciências naturais|Ciências Naturais]] no ''Newnham College'', [[Cambridge]], na qual se formou em 1941. Com uma bolsa de estudos de pesquisa, começou a trabalhar no laboratório de fisico-química da Universidade de Cambridge sob a orientação de [[Ronald Norrish|Ronald George Wreyford Norrish]], que a desapontou por sua falta de entusiasmo<ref>Glynn, p. 60</ref>. Felizmente, a ''British Coal Utilisation Research Association'' (BCURA) ofereceu-lhe o cargo de pesquisadora em 1942 e então ela começou seu trabalho com o carvão, o que a levou à conquista de um Ph.D. em 1945<ref>{{citar web|url=http://idiscover.lib.cam.ac.uk/primo-explore/search?vid=44CAM_PROD&lang=en_US&tab=default_tab&query=any,contains,(UkCU)29488-manuscrpdb&search_scope=default_scope&sortby=rank|titulo=The physical chemistry of solid organic colloids, with special reference to the structure of coal and related materials|data=|acessodata=|publicado=lib.cam.ac.uk|ultimo=Franklin|primeiro=Rosalind}}</ref>. Ela foi a Paris em 1947 como ''chercheur'' (pesquisadora pós-doutoral) sob orientação de [[Jacques Mering]], no ''Laboratoire Central des Services Chimiques de l'Etat'', onde se realizou como cristalógrafa de raios-X. Ela se tornou pesquisadora associada no ''King's College London'' em 1951 e trabalhou em estudos de [[difração de raios X]], que mais tarde contribuiria amplamente à síntese da teoria da dupla hélice do DNA<ref>{{citar web|url=http://www.biomath.nyu.edu/index/course/hw_articles/nature4.pdf|titulo=The double helix and the ‘wronged heroine'|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>. Em 1953, depois de dois anos, devido ao desacordo com o diretor [[John Randall]] e com o colega [[Maurice Wilkins]], ela foi obrigada a se mudar para o ''Birkbeck College''. [5] Em Birkbeck, [[John Desmond Bernal]], presidente do departamento de física, ofereceu-lhe uma equipe de pesquisa separada. Ela morreu em 1958 com 37 anos, devido a um [[Câncer ovariano|câncer de ovário]].
Nascida em uma notável [[família judaica]] britânica, Franklin foi educada em uma escola particular em Norland Place, no oeste de Londres, na ''Lindores School for Young Ladies'' em [[Sussex]], e na ''St Paul's Girls' School'', em Londres. Depois, ela estudou [[Ciências naturais|Ciências Naturais]] no ''Newnham College'', [[Cambridge]], na qual se formou em 1941. Com uma bolsa de estudos de pesquisa, começou a trabalhar no laboratório de fisico-química da Universidade de Cambridge sob a orientação de [[Ronald Norrish|Ronald George Wreyford Norrish]], que a desapontou por sua falta de entusiasmo<ref>Glynn, p. 60</ref>. Felizmente, a ''British Coal Utilisation Research Association'' (BCURA) ofereceu-lhe o cargo de pesquisadora em 1942 e então ela começou seu trabalho com o carvão, o que a levou à conquista de um Ph.D. em 1945<ref>{{citar web|url=http://idiscover.lib.cam.ac.uk/primo-explore/search?vid=44CAM_PROD&lang=en_US&tab=default_tab&query=any,contains,(UkCU)29488-manuscrpdb&search_scope=default_scope&sortby=rank|titulo=The physical chemistry of solid organic colloids, with special reference to the structure of coal and related materials|data=|acessodata=|publicado=lib.cam.ac.uk|ultimo=Franklin|primeiro=Rosalind}}</ref>. Ela foi a Paris em 1947 como ''chercheur'' (pesquisadora pós-doutoral) sob orientação de [[Jacques Mering]], no ''Laboratoire Central des Services Chimiques de l'Etat'', onde se realizou como cristalógrafa de raios-X. Ela se tornou pesquisadora associada no ''King's College London'' em 1951 e trabalhou em estudos de [[difração de raios X]], que mais tarde contribuiria amplamente à síntese da teoria da dupla hélice do DNA<ref>{{citar web|url=http://www.biomath.nyu.edu/index/course/hw_articles/nature4.pdf|titulo=The double helix and the ‘wronged heroine'|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>. Em 1953, depois de dois anos, devido ao desacordo com o diretor [[John Randall]] e com o colega [[Maurice Wilkins]], ela foi obrigada a se mudar para o ''Birkbeck College''. [5] Em Birkbeck, [[John Desmond Bernal]], presidente do departamento de física, ofereceu-lhe uma equipe de pesquisa separada.


Franklin é mais conhecida por seu trabalho com imagens da difração de raios-X do DNA, particularmente pela foto 51, enquanto trabalhava no ''King's College'', em Londres, que levou à descoberta da dupla hélice do DNA<ref>{{Citar web|url=https://www.nobelprize.org/educational/medicine/dna_double_helix/readmore.html|titulo=The Discovery of the Molecular Structure of DNA - The Double Helix|acessodata=2018-03-10|obra=www.nobelprize.org}}</ref>, da qual [[James Watson]], [[Francis Crick]] e [[Maurice Wilkins]] compartilharam a [[Nobel de Fisiologia ou Medicina|Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina]] em 1962. Watson sugeriu que seria ideal que Franklin fosse premiada com um [[Nobel de Química|Prêmio Nobel de Química]], juntamente com Wilkins, mas o Comitê Nobel não faz indicações póstumas<ref>{{Citar web|url=https://www.nobelprize.org/nobel_prizes/facts/|titulo=Nobel Prize Facts|acessodata=2018-03-10|obra=www.nobelprize.org}}</ref>.
Franklin é mais conhecida por seu trabalho com imagens da difração de raios-X do DNA, particularmente pela foto 51, enquanto trabalhava no ''King's College'', em Londres, que levou à descoberta da dupla hélice do DNA<ref>{{Citar web|url=https://www.nobelprize.org/educational/medicine/dna_double_helix/readmore.html|titulo=The Discovery of the Molecular Structure of DNA - The Double Helix|acessodata=2018-03-10|obra=www.nobelprize.org}}</ref>, da qual [[James Watson]], [[Francis Crick]] e [[Maurice Wilkins]] compartilharam a [[Nobel de Fisiologia ou Medicina|Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina]] em 1962. Watson sugeriu que seria ideal que Franklin fosse premiada com um [[Nobel de Química|Prêmio Nobel de Química]], juntamente com Wilkins, mas o Comitê Nobel não faz indicações póstumas<ref>{{Citar web|url=https://www.nobelprize.org/nobel_prizes/facts/|titulo=Nobel Prize Facts|acessodata=2018-03-10|obra=www.nobelprize.org}}</ref>. Franklin nunca soube que suas fotos foram as principais provas para a teoria da dupla hélice<ref>{{Citar web|url=http://www.dnaftb.org/19/bio-3.html|titulo=Rosalind Franklin :: DNA from the Beginning|acessodata=2018-03-11|obra=www.dnaftb.org}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www20.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2012/02/04/noticiasjornalcienciaesaude,2777785/rosalind-franklin-a-dama-negra-do-dna.shtml|titulo=Rosalind Franklin, a "Dama negra do DNA" {{!}} O POVO|acessodata=2018-03-11|obra=www20.opovo.com.br|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Dugard|primeiro=Jane|titulo=A grave injustice|url=https://mg.co.za/article/2003-03-18-a-grave-injustice|jornal=The M&G Online|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=2013-05-19|titulo=6 Women Scientists Who Were Snubbed Due to Sexism|url=https://news.nationalgeographic.com/news/2013/13/130519-women-scientists-overlooked-dna-history-science/}}</ref>. Morreu em 1958 aos 37 anos, devido a um [[Câncer ovariano|câncer de ovário]].


Depois de terminar seu trabalho com DNA, Franklin liderou o trabalho pioneiro em Birkbeck sobre as estruturas moleculares dos vírus<ref>{{Citar periódico|data=2016-06-01|titulo=James Watson, Francis Crick, Maurice Wilkins, and Rosalind Franklin|url=https://www.chemheritage.org/historical-profile/james-watson-francis-crick-maurice-wilkins-and-rosalind-franklin|jornal=Science History Institute|lingua=en}}</ref>. [[Aaron Klug|Aaron Klug,]] membro da sua equipe, continuou sua pesquisa, ganhando o Prêmio Nobel de Química em 1982.
Depois de terminar seu trabalho com DNA, Franklin liderou o trabalho pioneiro em Birkbeck sobre as estruturas moleculares dos vírus<ref>{{Citar periódico|data=2016-06-01|titulo=James Watson, Francis Crick, Maurice Wilkins, and Rosalind Franklin|url=https://www.chemheritage.org/historical-profile/james-watson-francis-crick-maurice-wilkins-and-rosalind-franklin|jornal=Science History Institute|lingua=en}}</ref>. [[Aaron Klug|Aaron Klug,]] membro da sua equipe, continuou sua pesquisa, ganhando o Prêmio Nobel de Química em 1982.

== Educação e juventude ==
Franklin nasceu em 25 de julho de 1920 em 50 Chepstow Villas<ref>https://www.thegazette.co.uk/London/issue/32622/supplement/1702/data.pdf ''The Gazette''. 22 February 1922. Retrieved 21 November 2014.</ref>, Notting Hill, Londres, em uma [[família judaica]] britânica afluente e influente<ref>{{Citar web|url=http://www.londonremembers.com/subjects/rosalind-franklin|titulo=Rosalind Franklin|acessodata=2018-03-11|obra=London Remembers|lingua=en}}</ref><ref>GRO Register of Births: SEP 1920 1a 250 KENSINGTON – Rosalind E. Franklin, mmn = Waley</ref>. Seu pai era Ellis Arthur Franklin (1894-1964), um banqueiro mercantil politicamente liberal que ensinava no ''Working Men's College'' da cidade, e sua mãe, Muriel Frances Waley (1894-1976). Rosalind era a filha mais velha e o segundo filho da família de cinco filhos. David (nascido em 1919) era o irmão mais velho; Colin (nascido em 1923), Roland (nascido em 1926) e Jenifer (nascido em 1929) foram seus irmãos mais novos<ref>Glynn, p.1</ref>. O tio de seu pai foi [[Herbert Louis Samuel|Herbert Samuel]] (mais tarde, o Visconde de Samuel), que era o [[Secretário de Estado para os Assuntos Internos|Ministro do Interior do Reino Unido]] em 1916 e o ​​primeiro judeu praticante a servir no gabinete britânico<ref>Maddox p. 7</ref>. Sua tia, Helen Caroline Franklin, conhecida na família como Mamie, era casada com Norman de Mattos Bentwich, procurador-geral no mandato britânico da Palestina. Helen Caroline Franklin atuou na organização sindical e no movimento de [[sufrágio feminino]] e foi mais tarde membro do [[Conselho do Condado de Londres]]<ref>Maddox p. 40</ref><ref>Sayre, A. (1975). ''Rosalind Franklin and DNA''. New York: Norton. p. 31. [[International Standard Book Number|ISBN]] [[:en:Special:BookSources/0-393-07493-5|0-393-07493-5]].</ref>. Seu tio, Hugh Franklin, era outra figura proeminente no movimento de sufrágio, embora suas ações envergonhassem a família Franklin. O segundo nome de Rosalind, "Elsie", era uma memória à primeira esposa de Hugh, que morreu na pandemia de gripe de 1918<ref>Glynn, p.1</ref>. Sua família estava ativamente envolvida com o ''Working Men's College'', onde seu pai ensinava disciplinas sobre eletricidade, magnetismo e a história da [[Primeira Guerra Mundial|Grande Guerra]] à noite, tornando-se mais tarde o vice-diretor<ref>Maddox, p. 20</ref><ref>Sayre, p. 35</ref>.

Os pais de Franklin ajudaram a estabelecer os refugiados judeus da Europa que haviam escapado dos [[nazistas]], particularmente os do [[Kindertransport]]<ref>Polcovar, p. 20</ref>. Eles levaram dois filhos judeus para casa, e um deles, um austríaco de nove anos de idade, Evi Eisenstädter, compartilhou o quarto de Jenifer<ref>{{Citar periódico|titulo=Rosalind Franklin|url=http://spartacus-educational.com/SCfranklinR.htm|jornal=Spartacus Educational}}</ref>. (O pai de Evi, Hans Mathias Eisenstädter, foi preso em [[Buchenwald]] e, após a libertação, a família adotou o sobrenome "Ellis"<ref>{{Citar web|url=http://familytreemaker.genealogy.com/users/s/c/h/Ella-Elisabeth-Schiller-Victoria/WEBSITE-0001/UHP-0252.html|titulo=Ella-Elisabeth-Schiller-Victoria - User Trees - Genealogy.com|acessodata=2018-03-11|obra=familytreemaker.genealogy.com}}</ref>).

Desde a infância, Franklin mostrou habilidades escolares excepcionais. Aos seis anos, ela se juntou ao seu irmão Roland na ''Norland Place School'', uma escola particular no oeste de Londres. Naquela época, sua tia Mamie (Helen Bentwich) descreveu-a para seu marido: "Rosalind é alarmantemente inteligente - ela passa todo o tempo fazendo aritmética por prazer e invariavelmente obtém suas somas corretas"<ref>Maddox, p. 15</ref>. Ela também desenvolveu um interesse em cricket e hóquei. Aos nove anos, entrou em um internato, ''Lindores School for Young Ladies'' em Sussex<ref name=":0">{{Citar web|url=http://www.theus.org.uk/article/biography-dark-lady-notting-hill|titulo=A Biography of The Dark Lady Of Notting Hill {{!}} United Synagogue|acessodata=2018-03-11|obra=www.theus.org.uk|lingua=en}}</ref>. A escola ficava perto da beira-mar, e a família queria um bom lugar para morar, por conta de sua delicada saúde. Aos onze anos, foi para a ''St Paul's Girls' School'', West London, uma das poucas escolas de meninas em Londres que ensinava física e química<ref name=":0" /><ref>Glynn, p. 25</ref><ref>Sayre p. 41</ref>. No St. Paul, ela se destacou em ciência, no Latim<ref>Maddox p. 30</ref> e no esporte<ref>Maddox, p. 26</ref>. Ela também aprendeu alemão e tornou-se fluente em francês, idioma que mais tarde seria útil. Ela foi a melhor em suas aulas e ganhou prêmios anuais. Sua única fraqueza educacional foi na música, para a qual o diretor de música da escola, o compositor [[Gustav Holst]], uma vez contatou sua mãe para saber se ela sofria problemas de audição ou amidalite. Com seis excelências, terminou seus estudos em 1938, ganhando uma bolsa de estudos para a universidade, a ''School Leaving Exhibition'', de £30 por ano por três anos e £5 de seu avô<ref>Glynn, p. 30</ref>. Seu pai pediu-lhe que desse a bolsa de estudo para um estudante refugiado que merecesse<ref>{{Citar web|url=https://www.theus.org.uk/article/biography-dark-lady-notting-hill|titulo=A Biography of The Dark Lady Of Notting Hill {{!}} United Synagogue|acessodata=2018-03-11|obra=www.theus.org.uk|lingua=en}}</ref>.


== Biografia ==
== Biografia ==

Revisão das 02h10min de 11 de março de 2018


Rosalind Franklin
Rosalind Franklin
Conhecido(a) por
Nascimento 25 de julho de 1920
Notting Hill, Londres
Reino Unido Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
Morte 16 de abril de 1958 (37 anos)
Chelsea, Londres
Causa da morte Câncer ovariano
Nacionalidade britânica
Alma mater University of Cambridge (PhD)
Prêmios Prêmio Louisa Gross Horwitz (2008)
Instituições British Coal Utilisation Research Association,

Laboratoire Central des Services Chimiques de l'État, Birkbeck College, University of London, King's College London

Campo(s) Físico-química, química, física, Cristalografia de raios X

Rosalind Elsie Franklin (Londres, 25 de julho de 1920 — Londres, 16 de abril de 1958)[1] foi uma química britânica que contribuiu para a entendimento das estruturas moleculares do DNA, RNA, vírus, carvão mineral e grafite.[2] Embora seus trabalhos sobre o carvão e o vírus tenham sido apreciadas em sua vida, suas contribuições para a descoberta da estrutura do DNA tiveram amplo reconhecimento póstumo.

Nascida em uma notável família judaica britânica, Franklin foi educada em uma escola particular em Norland Place, no oeste de Londres, na Lindores School for Young Ladies em Sussex, e na St Paul's Girls' School, em Londres. Depois, ela estudou Ciências Naturais no Newnham College, Cambridge, na qual se formou em 1941. Com uma bolsa de estudos de pesquisa, começou a trabalhar no laboratório de fisico-química da Universidade de Cambridge sob a orientação de Ronald George Wreyford Norrish, que a desapontou por sua falta de entusiasmo[3]. Felizmente, a British Coal Utilisation Research Association (BCURA) ofereceu-lhe o cargo de pesquisadora em 1942 e então ela começou seu trabalho com o carvão, o que a levou à conquista de um Ph.D. em 1945[4]. Ela foi a Paris em 1947 como chercheur (pesquisadora pós-doutoral) sob orientação de Jacques Mering, no Laboratoire Central des Services Chimiques de l'Etat, onde se realizou como cristalógrafa de raios-X. Ela se tornou pesquisadora associada no King's College London em 1951 e trabalhou em estudos de difração de raios X, que mais tarde contribuiria amplamente à síntese da teoria da dupla hélice do DNA[5]. Em 1953, depois de dois anos, devido ao desacordo com o diretor John Randall e com o colega Maurice Wilkins, ela foi obrigada a se mudar para o Birkbeck College. [5] Em Birkbeck, John Desmond Bernal, presidente do departamento de física, ofereceu-lhe uma equipe de pesquisa separada.

Franklin é mais conhecida por seu trabalho com imagens da difração de raios-X do DNA, particularmente pela foto 51, enquanto trabalhava no King's College, em Londres, que levou à descoberta da dupla hélice do DNA[6], da qual James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins compartilharam a Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1962. Watson sugeriu que seria ideal que Franklin fosse premiada com um Prêmio Nobel de Química, juntamente com Wilkins, mas o Comitê Nobel não faz indicações póstumas[7]. Franklin nunca soube que suas fotos foram as principais provas para a teoria da dupla hélice[8][9][10][11]. Morreu em 1958 aos 37 anos, devido a um câncer de ovário.

Depois de terminar seu trabalho com DNA, Franklin liderou o trabalho pioneiro em Birkbeck sobre as estruturas moleculares dos vírus[12]. Aaron Klug, membro da sua equipe, continuou sua pesquisa, ganhando o Prêmio Nobel de Química em 1982.

Educação e juventude

Franklin nasceu em 25 de julho de 1920 em 50 Chepstow Villas[13], Notting Hill, Londres, em uma família judaica britânica afluente e influente[14][15]. Seu pai era Ellis Arthur Franklin (1894-1964), um banqueiro mercantil politicamente liberal que ensinava no Working Men's College da cidade, e sua mãe, Muriel Frances Waley (1894-1976). Rosalind era a filha mais velha e o segundo filho da família de cinco filhos. David (nascido em 1919) era o irmão mais velho; Colin (nascido em 1923), Roland (nascido em 1926) e Jenifer (nascido em 1929) foram seus irmãos mais novos[16]. O tio de seu pai foi Herbert Samuel (mais tarde, o Visconde de Samuel), que era o Ministro do Interior do Reino Unido em 1916 e o ​​primeiro judeu praticante a servir no gabinete britânico[17]. Sua tia, Helen Caroline Franklin, conhecida na família como Mamie, era casada com Norman de Mattos Bentwich, procurador-geral no mandato britânico da Palestina. Helen Caroline Franklin atuou na organização sindical e no movimento de sufrágio feminino e foi mais tarde membro do Conselho do Condado de Londres[18][19]. Seu tio, Hugh Franklin, era outra figura proeminente no movimento de sufrágio, embora suas ações envergonhassem a família Franklin. O segundo nome de Rosalind, "Elsie", era uma memória à primeira esposa de Hugh, que morreu na pandemia de gripe de 1918[20]. Sua família estava ativamente envolvida com o Working Men's College, onde seu pai ensinava disciplinas sobre eletricidade, magnetismo e a história da Grande Guerra à noite, tornando-se mais tarde o vice-diretor[21][22].

Os pais de Franklin ajudaram a estabelecer os refugiados judeus da Europa que haviam escapado dos nazistas, particularmente os do Kindertransport[23]. Eles levaram dois filhos judeus para casa, e um deles, um austríaco de nove anos de idade, Evi Eisenstädter, compartilhou o quarto de Jenifer[24]. (O pai de Evi, Hans Mathias Eisenstädter, foi preso em Buchenwald e, após a libertação, a família adotou o sobrenome "Ellis"[25]).

Desde a infância, Franklin mostrou habilidades escolares excepcionais. Aos seis anos, ela se juntou ao seu irmão Roland na Norland Place School, uma escola particular no oeste de Londres. Naquela época, sua tia Mamie (Helen Bentwich) descreveu-a para seu marido: "Rosalind é alarmantemente inteligente - ela passa todo o tempo fazendo aritmética por prazer e invariavelmente obtém suas somas corretas"[26]. Ela também desenvolveu um interesse em cricket e hóquei. Aos nove anos, entrou em um internato, Lindores School for Young Ladies em Sussex[27]. A escola ficava perto da beira-mar, e a família queria um bom lugar para morar, por conta de sua delicada saúde. Aos onze anos, foi para a St Paul's Girls' School, West London, uma das poucas escolas de meninas em Londres que ensinava física e química[27][28][29]. No St. Paul, ela se destacou em ciência, no Latim[30] e no esporte[31]. Ela também aprendeu alemão e tornou-se fluente em francês, idioma que mais tarde seria útil. Ela foi a melhor em suas aulas e ganhou prêmios anuais. Sua única fraqueza educacional foi na música, para a qual o diretor de música da escola, o compositor Gustav Holst, uma vez contatou sua mãe para saber se ela sofria problemas de audição ou amidalite. Com seis excelências, terminou seus estudos em 1938, ganhando uma bolsa de estudos para a universidade, a School Leaving Exhibition, de £30 por ano por três anos e £5 de seu avô[32]. Seu pai pediu-lhe que desse a bolsa de estudo para um estudante refugiado que merecesse[33].

Biografia

Aos 15 anos, contrariando o desejo dos pais, Dra. Franklin decidiu que queria ser cientista. Entrou em 1938 no Newnham College, em Cambridge, onde se graduou em físico-química no ano de 1941. Iniciou seu trabalho como pesquisadora no ano de 1942 analisando a estrutura física de materiais carbonizados utilizando raios-X.[34]

Foi trabalhando no British Coal Utilization Research Association que desenvolveu estudos fundamentais sobre as microestruturas do carbono e do grafite, base do seu doutorado em físico-química pela Universidade de Cambridge no ano de 1945. Entre os anos de 1946 e 1950, Rosalind Franklin trabalhou em Paris, no Laboratoire Central des Services Chimiques de L'Etat, usando a técnica da difração dos raios-X para análise de materiais cristalinos.[34]

Voltando para a Inglaterra, juntou-se a equipe de biofísicos do King's College Medical Research Council (1951) e com Raymond Gosling no laboratório de biofísica do britânico Maurice Wilkins, e iniciou a aplicação de estudos com difração dos raios-X para determinação da estrutura da molécula do DNA. Depois de fotografar o padrão de difração de raios-x criado pelas colisões com átomos dentro do cristal, foi possível determinar a estrutura da molécula. O trabalho da Dra. Franklin, particularmente, a "Foto 51", foi utilizado para determinar corretamente a estrutura e função do DNA. As fotografias foram material de análise para o bioquímico norte-americano James Dewey Watson e britânicos Maurice Wilkins e Francis Crick  confirmarem a dupla estrutura helicoidal da molécula do DNA, dando-lhes o Nobel de Fisiologia e Medicina no ano de 1962. Rosalind morreu de câncer aos 37 anos, em 1958.[34]

Em 1930 foram realizadas pesquisas onde pesquisadores descobriram que o TMV (Tobacco mosaic vírus) tratava-se de um vírus, que por sua vez é estável e estruturalmente simples, e, assim, ela forma cristais facilmente, tornando-o um candidato excelente para estudos de cristalografia de raios-x. TMV também é fácil de trabalhar no laboratório, sendo uma praga agrícola altamente infeccioso que ataca uma ampla variedade de espécies de plantas. Em plantas susceptíveis, causa sintomas óbvios, mas não mata suas plantas hospedeiras, que também tornou atraente para o estudo científico. Devido a essas condições, em 1953, a Dra. Franklin deixou King’s College para estudar o mosaico do vírus do tabaco (TMV) em Birkbeck College, Londres, onde ela passou os últimos cinco anos de sua vida, realizando um trabalho pioneiro na estrutura do vírus.[34]

Encontrou em Birkbeck College um ambiente muito mais suscetível para evolução do seu trabalho do que King’s College, Dra. Franklin conseguiu reunir uma equipe de cientistas talentosos cujas pesquisas complementavam a dela. Com base nas descobertas de sua equipe, a Dra. Franklin criou a hipótese de que TMV era um tubo oco feito de proteínas que continham um único fio de RNA em espiral no interior do comprimento do tubo, como um fio em espiral dentro de um buraco de rosca.

Resolvendo a estrutura de um vírus de planta significava que também seria possível para resolver a estrutura de outros vírus - vírus animais. O vírus da poliomielite foi a primeira escolha, óbvia para este projeto, uma vez que já tinha sido cristalizado em 1955. Por essa razão, o Dra. Franklin procurou o financiamento necessário para resolver a estrutura do vírus.[34]

Durante uma visita aos Estados Unidos em 1956, a Dra. Franklin começou a sofrer problemas de saúde que logo foram diagnosticados como câncer de ovário. Depois de duas cirurgias abdominais em um mês, ela voltou para o laboratório e redobrou seus esforços. Embora ela tenha se sentido bem por algum tempo, o câncer voltou logo.[35]

Apesar de sua doença e morte iminente, a Dra. Franklin ainda conseguiu obter financiamento para manter sua equipe por mais três anos, pesquisando o vírus da poliomielite. Pouco depois de sua morte prematura, com apenas 37 anos de idade, dois membros de sua equipe, John Finch e Aaron Klug, publicaram um artigo de investigação na revista Nature que eles dedicaram a sua memória.[34]

Após sua morte, John Bernal, que era presidente do departamento de física na Birkbeck College, escreveu obituários que foram publicados no New York Times e na revista Nature.[34]

Está sepultada no Cemitério judaico de Willesden.[36]

Referências

  1. «The Rosalind Franklin Papers - Biographical Information». profiles.nlm.nih.gov 
  2. «The Rosalind Franklin Papers - The Holes in Coal: Research at BCURA and in Paris, 1942-1951» 
  3. Glynn, p. 60
  4. Franklin, Rosalind. «The physical chemistry of solid organic colloids, with special reference to the structure of coal and related materials». lib.cam.ac.uk 
  5. «The double helix and the 'wronged heroine'» (PDF) 
  6. «The Discovery of the Molecular Structure of DNA - The Double Helix». www.nobelprize.org. Consultado em 10 de março de 2018 
  7. «Nobel Prize Facts». www.nobelprize.org. Consultado em 10 de março de 2018 
  8. «Rosalind Franklin :: DNA from the Beginning». www.dnaftb.org. Consultado em 11 de março de 2018 
  9. «Rosalind Franklin, a "Dama negra do DNA" | O POVO». www20.opovo.com.br. Consultado em 11 de março de 2018 
  10. Dugard, Jane. «A grave injustice». The M&G Online (em inglês) 
  11. «6 Women Scientists Who Were Snubbed Due to Sexism». 19 de maio de 2013 
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