Jean Wyllys
Jean Wyllys | |
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Jean Wyllys em 2015 | |
Deputado Federal pelo Rio de Janeiro | |
Período | 1º de fevereiro de 2011 até 31 de janeiro de 2019 |
Dados pessoais | |
Nome completo | Jean Wyllys de Matos Santos |
Nascimento | 10 de março de 1974 (50 anos) Alagoinhas, Bahia |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Universidade Federal da Bahia |
Partido | PSOL (2009–2021) PT (2021–presente) |
Profissão | professor jornalista |
Jean Wyllys de Matos Santos (Alagoinhas, 10 de março de 1974) é um jornalista, professor universitário e político brasileiro.[1][2] Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), é ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro.[3]
Wyllys se tornou conhecido inicialmente por ter sido participante[4] e ganhador[5] da quinta edição do programa Big Brother Brasil, da Rede Globo.[6]
Foi eleito pela primeira vez para a Câmara dos Deputados em 2010.[7] Nas eleições de 2014, foi reeleito como o sétimo mais votado entre os candidatos a deputado federal do estado do Rio de Janeiro, com quase 145 mil votos válidos.[8] Ele foi comparado a Harvey Milk por seu trabalho como parlamentar.[9]
Em 2015, a revista britânica The Economist classificou Wyllys como uma das 50 personalidades que mais lutam pela diversidade no mundo.[10] Em 2012 e 2015, Jean foi eleito pelos internautas o melhor deputado federal do Brasil pelo Prêmio Congresso em Foco.[11] Foi reeleito para o terceiro mandato em 2018, graças ao quociente eleitoral, com 24 295 votos,[12] tendo decidido, após receber ameaças de morte, não tomar posse e se autoexilar no estrangeiro.[13][14] Sua vaga foi assumida por David Miranda.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Jean nasceu no município de Alagoinhas, no interior do estado da Bahia, no ano de 1974.[15][16]
Wyllys é jornalista com mestrado em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor de Cultura Brasileira e de Teoria da Comunicação na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e na Universidade Veiga de Almeida - ambas no Rio de Janeiro, além de ser escritor. Inicialmente, ele tornou-se conhecido após ganhar a edição de 2005 do reality show Big Brother Brasil, exibido pela Rede Globo.[17][18]
Em 2004, Wyllys participou da criação do curso de pós-graduação em Jornalismo e Direitos Humanos da Universidade Jorge Amado, em Salvador, na Bahia.[19] Abertamente homossexual, Wyllys era um dos mais atuantes parlamentares brasileiros na defesa dos direitos humanos, especialmente em relação aos direitos LGBT.[20]
Atualmente, em 2024, é doutorando em Ciência Política na Universidade de Barcelona, pesquisador no Instituto de Pesquisa Afro-Latino-Americana da Universidade de Harvard e atua como jornalista na ONG inglesa openDemocracy.[21]
Atuação política
[editar | editar código-fonte]Após filiar-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2009, o ex-BBB foi eleito Deputado federal pela primeira vez nas eleições de 2010 com a menor quantidade de votos pelo Rio de Janeiro, 13.018 (0,16%) votos válidos.[22] Ele conseguiu a vaga graças ao desempenho de outro candidato a deputado federal do seu partido, Chico Alencar, que conquistou 240.724 (3%) dos votos na eleição.[23][24] Nas eleições de 2014, em uma situação inversa, Wyllys foi reeleito como o sétimo mais votado entre os deputados federais eleitos do Rio de Janeiro, com 144.770 (1,90%) dos votos válidos, resultado onze vezes maior do que em 2014.[25][26]
Jean foi um dos autores dos Projetos de Leis, que dentre outros objetivos, visavam a revogação de determinados artigos do Código Civil que regulamentavam o casamento, para que houvesse o reconhecimento do casamento civil e da união estável entre pessoas do mesmo sexo (PL 5120/2013) e a regulação da atividade dos profissionais do sexo (PL 4211/2012).[27] Na sua atuação como parlamentar sempre foi um dos mais combatentes contra a família Bolsonaro e outros grupos conservadores presentes na Câmara.[28][29][30][31]
Em novembro de 2018, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) exigiu providências e proteção à Jean Wyllys por parte do Governo Federal do Brasil, frente as constantes ameaças de morte ao parlamentar.[32][33]
Em 24 janeiro de 2019, Jean anunciou que desistiu de assumir o terceiro mandato como deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro, garantido nas eleições de 2018, e deixará de viver no Brasil, dedicando-se a carreira acadêmica.[34] Desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, Jean vive sob escolta policial.[35][36] De acordo com suas declarações à Folha de S.Paulo, "as intensificações de ameaças de mortes, recorrentes antes mesmo da execução de Marielle, e a atuação da milícia no estado, o levaram a tomar a decisão".[37][38] O Ministério da Justiça declarou em nota que foram instaurados diversos inquéritos pela Polícia Federal para apurar as ameaças ao ex-deputado federal Jean Wyllys e que já identificou um dos autores, Marcelo Valle Silveira Mello, preso desde maio de 2018 na Operação Bravata da Polícia Federal.[39]
Em 15 de fevereiro de 2019, fez sua primeira aparição pública desde a desistência do mandato, participando da sessão de gala do filme "Marighella", dirigido pelo ator Wagner Moura, no Festival de Berlim.[40] Em março de 2019, estreou um blog no portal UOL.[41]
Em maio de 2021, anunciou sua filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT).[3] Ao sair do PSOL, Jean afirmou que o partido sofre de Complexo de Édipo - teoria psicanalista elaborada por Sigmund Freud - com o PT, porém a saída foi sem rusgas de bom diálogo de ambas a partes.[42][43][44] Sua filiação ocorreu com uma cerimônia por meio de uma Live streaming que contou com a participação de notórios petistas como Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann e a participação do historiador estadunidense James Naylor Green.[45][46][47]
Votações relevantes
[editar | editar código-fonte]No ano de 2015, apoiou a sanção da Lei do Feminicídio defendido pelo governo Dilma.[48][49] Posicionou-se de maneira contrária a Lei Antiterrorismo, alegando que “Nós, do PSOL, somos contra esse PL. Era um horror e foi criado um pior ainda: é um projeto problemático em todos os sentidos”.[50]
Em 2016, votou a favor da cassação do mandato do Deputado federal, Eduardo Cunha (PMDB).[51] Foi um dos votos que mais repercutiu durante o impeachment de Dilma Rousseff, que votou de maneira contrária.[52] O então deputado, recebeu xingamentos homofóbicos antes de seu voto e se envolveu numa discussão com os deputados Jair Bolsonaro (PSC) e Eduardo Bolsonaro (PSC).[53][54] Após ser ofendido por Jair Bolsonaro, Wyllys cuspiu nele, o que foi revidado com um cuspe pelo filho de Jair, o Deputado Eduardo Bolsonaro.[55]
No ano de 2017, votou de maneira contrária à Reforma trabalhista proposta pelo governo Temer (MDB).[56] Ainda no governo de Michel Temer, votou de maneira contrária a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos e Lei da Terceirização.[57][58]
Projeto de lei para legalizar o aborto
[editar | editar código-fonte]O PL 882/15 prevê a legalização do aborto até 12 semanas de gestação no Sistema Único de Saúde (SUS) se a mulher assim o quiser. "Precisamos tornar essa pauta uma política pública, independente de ser contra ou a favor da interrupção voluntária da gravidez indesejada", "O aborto é, hoje, um assunto proibido em quase todos os espaços, e não importa o motivo para a interrupção da gravidez. O assunto é tratado como tabu, evitado em quase todas as campanhas eleitorais e a prática é criminalizada segundo o Código Penal", argumentou o deputado no Twitter.[59]
Legalização de drogas
[editar | editar código-fonte]Jean Wyllys propôs também, em 2014, o Projeto de lei 7270, que tem como objetivo regular a produção, comércio e consumo da maconha, como um passo inicial para a regulação futura de todas as drogas. Para o deputado, a proibição mata muito mais do que o uso de qualquer droga, e, portanto, é necessário romper com a lógica do tráfico, transferindo o controle das drogas para as mãos do Estado.[60]
Controvérsias
[editar | editar código-fonte]Separar controvérsias numa se(c)ção específica pode não ser a melhor maneira de se estruturar um artigo, pois pode gerar peso indevido para pontos de vista negativos. |
Suposta homofobia contra gays da direita política
[editar | editar código-fonte]O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), informou em 20 de julho de 2023 que decidiu processar Jean Wyllys por falas "preconceituosas e discriminatórias". Os 2 discutiram no dia 14 de julho de 2023 por causa do [[Pecim (Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares), encerrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e defendido por Leite que manteria escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul. Na Ocasião, Leite foi respondido por Jean Wyllys, que disse: ".. esperava essa atitude de “governadores héteros de direita e extrema-direita, e não de um gay". Se referindo a orientação sexual do governador. Jean Wyllys ainda completou dizendo: "Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico, então… Tá feio, bee [sic]!". Em resposta, o governador chamou a fala de Jean Wyllys de "deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções... E que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância" "A exemplo do que fiz quando fui atacado com declarações homofóbicas por Roberto Jefferson e Jair Bolsonaro, decidi ingressar com representação contra Jean Wyllys pelas falas preconceituosas e discriminatórias...". Jean Wyllys foi obrigado por lei a apagar sua postagem com multa diária pelo descumprimento da ordem em torno de R$100.000,00 por dia segundo a decisão da juíza Rosália Huyer, da 2ª Vara Criminal de Porto Alegre, foi determinado também a quebra do sigilo de dados e cadastrais de Wyllys na plataforma. Para o julgamento, a remoção se justifica por que Jean Wyllys extrapolou o limite da crítica. Segundo ela, “a forma criminosa de agir está caracterizada nas ofensas homofóbicas à pessoa do Governador do Estado”. As condutas citadas pela juíza são dos crimes de injúria e homofobia.[61][62]
Hoax
[editar | editar código-fonte]Em 2013 Jean foi apontado em um hoax como autor de frases de intolerância religiosa e em defesa da pedofilia, que foram disseminadas na Internet. Ele afirmou não ter escrito as frases.[63][64] Em sua defesa, o deputado afirmou em seu site oficial ser alvo de uma campanha caluniosa e, juntamente com os deputados Erika Kokay (PT-DF) e Domingos Dutra (PT-MA), protocolou uma representação criminal por calúnia, difamação, falsificação de documento público, injúria, falsidade ideológica, formação de quadrilha e improbidade administrativa por atos cometidos pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), por alguns de seus assessores políticos, pelo pastor Silas Malafaia e por algumas pessoas ainda não identificadas.[65][66]
Tas ao vivo
[editar | editar código-fonte]Em julho de 2013, no programa Tas ao vivo, ao ser questionado sobre a remuneração dos parlamentares brasileiros, Wyllys declarou que não acha a remuneração excessiva e comparou seus ganhos com o salário de um professor de universidade particular: "Quando desconta tudo, a contribuição partidária, o imposto de renda, eu ganho aquilo que eu ganhava como professor (estando em universidade privada) 40 horas praticamente, que dá mais ou menos 15 mil reais. Para o tanto que eu trabalho, eu não acho que esse seja um salário alto."[67] A declaração repercutiu na Internet gerando controvérsias e discussões acaloradas. Em sua defesa, Wyllys afirmou que "não disse que os deputados 'ganham pouco', nem que o salário de um deputado seja igual ao de um professor" e apenas disse que "feitos os descontos da seguridade social, imposto de renda, plano de saúde, contribuição partidária, etc., o que entra no meu bolso cada mês é menos do que eu receberia hoje, com a minha qualificação, se trabalhasse no setor privado."[68]
Eleitores do PSDB
[editar | editar código-fonte]Em outubro de 2014, durante a eleição presidencial brasileira mais disputada da história do país, o deputado classificou, através de uma rede social, a maioria dos eleitores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) como "classistas, racistas e violentos".[69][70] Logo após o episódio, Wyllys se retratou dizendo que na verdade quis dizer que boa parte e não a maioria dos referidos eleitores se enquadram em sua classificação desqualificativa.[71]
Defesa de Falabella
[editar | editar código-fonte]Em novembro de 2014, Wyllys foi criticado por lideranças de seu próprio partido e por grupos de defesa dos direitos dos afro-brasileiros por defender o programa Sexo e as Negas, exibido pela Rede Globo.[72] Wyllys, disse que, ao contrário daqueles que acusavam o seriado de ser sexista e racista, a produção na verdade "denuncia o racismo" e afirmou que “Miguel Falabella [o idealizador do seriado] é um cara que está longe, muito longe mesmo, de ser um racista”. Entretanto, o programa foi alvo de denúncias à Secretaria de Políticas para Mulher da Presidência da República e ainda é alvo de críticas por movimentos de mulheres e negros.[73]
Desempenho em eleições
[editar | editar código-fonte]Ano | Eleição | Coligação | Partido | Candidato a | Votos | Resultado |
---|---|---|---|---|---|---|
2010 | Estadual do Rio de Janeiro | sem coligação | PSOL | Deputado federal | 13.018 | Eleito |
2014 | Estadual do Rio de Janeiro | sem coligação | PSOL | Deputado federal | 144.770 | Eleito |
2018 | Estadual do Rio de Janeiro | sem coligação | PSOL | Deputado federal | 24.295 | Eleito[74] |
Livros
[editar | editar código-fonte]- Aflitos - crônicas e contos, editado pela Casa de Palavras da Fundação Casa de Jorge Amado.[75] Vencedor do Prêmio Copene de Literatura (atual Prêmio Braskem).[76]
- Ainda Lembro - crônicas e experiências vividas no BBB5, editado pela Editora Globo.[77]
- Tudo ao mesmo tempo agora - contos e crônicas, lançado pela Giostro Editora.[78]
- Tempo bom tempo ruim - identidades, políticas, afeto - lançado pela Cia das Letras.[79]
Filmografia
[editar | editar código-fonte]Televisão
[editar | editar código-fonte]Ano | Título | Personagem | Nota |
---|---|---|---|
2005 | Big Brother Brasil | Participante (Vencedor)[80][81][82] | Temporada 5 |
Mais Você | Repórter[83] | ||
2014 | Cinema em Outras Cores | Apresentador[84] |
Prêmios e honrarias
[editar | editar código-fonte]O deputado federal Jean Wyllys foi uma das 50 personalidades incluídas na "Lista Global da Diversidade", divulgada pela revista britânica The Economist em outubro de 2015. O critério usado para a composição da lista é o comprometimento dos nomes indicados pelos leitores da publicação com as causas da diversidade de gênero e raça. Além de Jean Wyllys, também faz parte da lista a brasileira Maria Aparecida da Silva Bento, pesquisadora de temas de raça e gênero e fundadora do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e das Desigualdades, além do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a ex-secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, o Dalai Lama, o co-fundador da Microsoft Bill Gates, a atriz Angelina Jolie e a ativista paquistanesa pela educação feminina Malala Yousafzai. Willys foi descrito como um acadêmico de origem pobre que venceu um reality show e se tornou "o primeiro deputado federal a fazer campanha pelo movimento LBGT".[10]
Prêmio | Categoria | Resultado |
---|---|---|
Congresso em Foco 2012 | Melhor Deputado Federal | Vencedor |
Congresso em Foco 2013[85] | Melhor Deputado Federal | Segundo lugar*[86] |
Congresso em Foco 2015 | Melhor Deputado Federal | Vencedor[87] |
* Em 2013 pelos votos dos internautas ficou em primeiro lugar.
Visões políticas
[editar | editar código-fonte]Cotas Raciais[88] | União de pessoas do mesmo sexo[89] | Imigrantes[90] |
Privatização[91] | Pena de Morte[92] | Descriminalização e regulamentação do Aborto[93] |
Ditadura Militar[94] | Liberação da Maconha[95] | Redução da maioridade penal[96] |
Referências
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- ↑ Edson Sardinha (6 de novembro de 2012). «Os perfis dos melhores deputados». Congresso em Foco. Consultado em 3 de outubro de 2013
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- ↑ Câmara dos Deputados do Brasil, ed. (13 de setembro de 2015). «Contra redução da maioridade, Jean Wyllys confessa roubo na infância»
Ligações externas
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